Departamento de Engenharia Química e Biológica Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Mestre em Processos Químicos e Biológicos Autor Andreia Susana Gomes da Silva Orientador Maria Nazaré Coelho Marques Pinheiro Instituto Superior de Engenharia de Coimbra Coimbra, Novembro, 2011 Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto AGRADECIMENTOS AGRADECIMENTOS É chegada a altura de agradecer a todas as pessoas que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste trabalho. Assim, fica um agradecimento especial: À Doutora Nazaré Pinheiro, por ter aceite a orientação deste projecto, pelo empenho, atenção dispensada, disponibilidade, apoio, compreensão e por ser um exemplo de profissional ao longo dos anos que me acompanhou no bacharelato, na licenciatura e agora no mestrado. Mais de que um exemplo de profissionalismo foi para mim uma grande referência na Engenharia Química. À Doutora Paula Ferreira, à Doutora Helena Gil e à Engenheira Ana Carreira pela disponibilidade e informação facultada no início deste trabalho. À Engenheira Martine Costa por mostrar sempre disponibilidade para resolver os obstáculos que foram surgindo com os equipamentos ao longo da actividade laboratorial. Ao Doutor Luís Castro, que gentilmente cedeu o espaço laboratorial para o desenvolvimento de todo este trabalho e, por sempre desempenhar as suas funções profissionais com elevada qualidade neste anos em que tive oportunidade de o ter como professor. Gostaria ainda de manifestar o meu agradecimento à minha colega Elsa Ribeiro, pelo apoio e ajuda prestados ao longo do trabalho experimental e pelos momentos que passamos juntas em laboratório. À minha família, mãe, pai e irmão, que sempre me apoiaram e que tanto se orgulham de tudo o que tenho alcançado com toda a minha dedicação ao longo da minha vida académica. Uma palavra especial com muito carinho ao José Fidalgo, por me ter apoiado e confortado nos últimos meses, e por me ter feito acreditar que o impossível é sempre atingível… A todos, Muito Obrigada! Andreia Susana Gomes da Silva i Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto RESUMO RESUMO Com este trabalho pretendeu-se avaliar a influência da composição da membrana polimérica e do método de impregnação do fármaco no coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto com o metacrilato 2-hidroxietilo (HEMA) como principal componente. Os hidrogéis foram preparados dissolvendo HEMA em dimetacrilato de etileno glicol (EGDMA), o reticulante, com ácido metacrílico (MAA), ou com metacrilato de metilo (MMA), na proporção de 97|3 % (em massa). Os métodos de impregnação do fármaco nas lentes de contacto obtidas a partir das membranas preparadas foram a oclusão e a imersão (soaking). Supondo comportamento Fickiano para o processo de difusão do fármaco, o coeficiente de difusão médio obtido para o maleato de timolol, quando este é impregnado por oclusão, é de (2,67 0,17) 10-12 , para as lentes HEMA|MAA, e de (2,11 0,33) 10-12 , para as lentes HEMA|MMA. No que respeita aos coeficientes de difusão obtidos para as lentes em que o fármaco foi adicionado por soaking, estes apresentaram valores de (1,52 0,30) 10-12 , para as lentes HEMA|MAA, e de (1,37 0,48) 10-12 , para as lentes HEMA|MMA. A implementação do modelo cinético desenvolvido por Korsmeyer e Peppas (1981) mostrou que o comportamento da libertação do fármaco a partir das lentes de contacto pode ser considerado Fickiano para todas as lentes HEMA|MAA e, para as lentes HEMA|MMA, só quando o fármaco é impregnado por oclusão. A difusão do fármaco nas lentes HEMA|MMA, quando este é incorporado por soaking, apresenta um desvio ao comportamento Fickiano. A previsão teórica da libertação do fármaco, obtida a partir da aplicação da segunda lei de Fick para traduzir a difusão da substância activa na lente, permitiu também concluir que o processo difusional é essencialmente Fickiano. Ligeiros desvios foram observados ao comportamento Fickiano para as lentes impregnadas com o fármaco por oclusão, durante o período de libertação entre as 2 e as 15 horas. Palavras-chave: maleato de timolol, hidrogéis, HEMA, MAA, MMA, difusão Fickiana, difusão não-Fickiana, coeficiente de difusão Andreia Susana Gomes da Silva iii Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto ABSTRACT ABSTRACT The purpose of the present work was to evaluate the influence of polymeric membrane composition and method of drug impregnation on timolol maleate diffusivity in contact lenses with 2-hydroxyethyl methacrylate (HEMA) as main component. The hydrogels were prepared dissolving HEMA in ethylene glycol dimethacrylate (EGDMA), the crosslinking, with methacrylic acid (MAA), or methyl methacrylate (MMA), being the monomer proportion of 97|3% (wt %). The contact lenses obtained from the polymeric membranes prepared were impregnated with drug using two different methods, occlusion and immersion (soaking). Considering Fickian behavior for drug diffusion process, the mean value obtained for timolol maleate diffusivity when it is impregnated by occlusion, was (2.67±0.17)×10-12 m2/s, for lenses HEMA|MAA, and (2.11±0.33)×10-12 m2/s, for lenses HEMA|MMA. When the drug was added to the lenses by soaking, the mean value of diffusivity obtained was (1.52±0.30) ×10-12 m2/s, for lenses HEMA|MAA, and (1.37±0.48)×10-12 m2/s, for lenses HEMA|MMA. Applying the kinetic model developed by Korsmeyer and Peppas (1981) it was possible to conclude that the behavior of drug release from contact lenses can be considered Fickian for all lenses (HEMA|MAA and HEMA|MMA) when the drug is impregnated by occlusion. According to the same model, drug diffusion in lenses HEMA|MMA when timolol maleate was incorporated by soaking presents a deviation from Fickian behavior. The theoretical prediction of drug release was obtained from Fick's second law for diffusion of the active substance in the lenses. Comparing the predictions with data we concluded also that the process is essentially Fickian. Slight deviations to Fickian behavior were observed for lenses impregnated with the drug by occlusion, during the period of the release between 2 and 15 hours. Keywords: timolol maleate, hydrogels, HEMA, MAA, MMA, Fickian diffusion, non-Fickian diffusion, diffusion coefficient Andreia Susana Gomes da Silva v ÍNDICE ÍNDICE C APÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1.1 Anatomia e Fisiologia do Olho Humano ..................................................................... 3 1.2 Pressão intra-ocular | Glaucoma .................................................................................. 4 1.3 Tratamento do Glaucoma ............................................................................................. 4 1.4 Biodisponibilidade de fármaco no olho humano ......................................................... 6 1.5 Sistemas de Libertação Modificada ............................................................................. 7 1.6 Biomateriais ................................................................................................................. 8 1.7 Polímeros sob a forma de Hidrogéis ............................................................................ 8 1.8 Estudo da libertação controlada de fármaco .............................................................. 10 1.8.1 Libertação controlada por difusão do fármaco ................................................... 10 1.8.2 Libertação controlada por penetração de água ................................................... 11 1.8.3 Libertação controlada por agentes químicos ...................................................... 12 1.9 Difusão de um fármaco no interior de uma matriz polimérica .................................. 12 1.9.1 Difusão Não-Fickiana ......................................................................................... 19 1.10 Modelo cinético para a libertação de um fármaco ..................................................... 20 1.11 Enquadramento da investigação em estudo ............................................................... 22 C APÍTULO 2 – M ATERIAIS E M ÉTODOS 2.1 Reagentes utilizados .................................................................................................. 25 2.2 Substância Activa ...................................................................................................... 26 2.3 Equipamento .............................................................................................................. 27 2.4 Preparação do meio de libertação .............................................................................. 28 2.5 Processo de libertação controlada|Instalação Experimental ...................................... 28 2.6 Método de quantificação do fármaco ......................................................................... 30 2.7 Preparação das membranas poliméricas .................................................................... 31 2.8 Método de impregnação do fármaco ......................................................................... 33 2.9 Método de determinação do coeficiente de difusão e do parâmetro n ....................... 34 2.10 Método da previsão teórica do processo de libertação .............................................. 35 Andreia Susana Gomes da Silva vii Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto C APÍTULO 3 – TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Características da solução de soro fisiológico ........................................................... 39 3.2 Determinação do Comprimento de onda máximo ..................................................... 39 3.3 Estudo da degradação do fármaco ............................................................................. 41 3.4 Recta de calibração para a quantificação do fármaco ............................................... 41 3.5 Características das Membranas poliméricas de HEMA|MAA e de HEMA|MMA ... 42 3.6 Libertação controlada de fármaco ............................................................................. 46 3.7 Determinação do Coeficiente de Difusão .................................................................. 49 3.7.1 3.7.1.1 Lentes de contacto de composição HEMA|MAA....................................... 49 3.7.1.2 Lentes de contacto de composição HEMA|MMA ...................................... 54 3.7.2 3.8 Lentes de contacto impregnadas com fármaco por oclusão ............................... 49 Lentes de contacto impregnadas com fármaco por soaking .............................. 57 3.7.2.1 Lentes de contacto de composição HEMA|MAA....................................... 57 3.7.2.2 Lente de contacto de composição HEMA|MMA ....................................... 60 Determinação do tipo de Difusão .............................................................................. 63 3.8.1 Lentes de contacto de composição HEMA|MAA .............................................. 63 3.8.2 Lentes de contacto de composição HEMA|MMA ............................................. 64 3.9 Previsão teórica do processo de libertação do fármaco ............................................. 66 3.9.1 Lentes de contacto de composição HEMA|MAA .............................................. 66 3.9.2 Lentes de contacto de composição HEMA|MMA ............................................. 67 C APÍTULO 4 – CONCLUSÃO.............................................................................................73 C APÍTULO 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................79 ANEXOS A. Tratamento Estatístico e Erros associados aos resultados experimentais ......................... 85 A1. Tratamento Estatístico ............................................................................................... 85 A2. Erros associados ao cálculo de concentrações .......................................................... 85 A3. Erros associados ao ajuste de uma recta pelo método dos mínimos quadrados ........ 87 A4. Diagrama de extremos e quartis ................................................................................ 88 viii ÍNDICE B. Apresentação de alguns resultados experimentais ............................................................ 90 B1. Registo das concentrações e absorvâncias para o cálculo da recta de calibração ...... 90 B2. Registo da massa, do diâmetro e da espessura das lentes de contacto....................... 90 B3. Determinação dos Coeficientes de Difusão ............................................................... 96 B3.1. Lentes de Oclusão – HEMA|MAA e HEMA|MMA .......................................... 97 B3.2. Lentes de Soaking – HEMA|MAA e HEMA|MMA........................................... 99 B4. Determinação do Parâmetro n.................................................................................. 100 B4.1. Lentes de composição HEMA|MAA ................................................................ 101 B.4.2. Lentes de composição HEMA|MMA ............................................................... 103 Andreia Susana Gomes da Silva ix Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1-1 - Esquema representativo dos componentes do olho humano.................................. 3 Figura 1-2 – Representação esquemática da difusão de um fármaco num sistema monolítico (a) e num sistema com uma membrana polimérica (b). ........................................................... 11 Figura 1-3 - Representação esquemática de um sistema onde a libertação é controlada por penetração de água. .................................................................................................................. 12 Figura 1-4 - Esquema representativo da libertação do fármaco a partir de uma lente de contacto. ................................................................................................................................... 14 Figura 2-1 – Estrutura química do maleato de timolol. ........................................................... 27 Figura 2-2 - Representação esquemática da instalação usada no estudo da libertação controlada do maleato de timolol em lentes de contacto. ........................................................ 28 Figura 2-3 - Representação esquemática do molde utilizado durante o processo de polimerização. .......................................................................................................................... 32 Figura 3-1 - Espectro de absorvância de duas soluções de maleato de timolol (MT) com concentrações diferentes (utilizado nas membranas HEMA|MAA) e de uma solução aquosa de NaCl com concentração de 9 mg/mL. ................................................................................. 40 Figura 3-2 - Espectro de absorvância de uma solução de maleato de timolol (MT) com concentrações diferentes (utilizado nas membranas HEMA|MMA) e de uma solução aquosa de NaCl com concentração de 9 mg/mL. ................................................................................. 40 Figura 3-3 - Espectros de absorvância da solução de maleato de timolol (0,07 mg/mL) à temperatura de 60 °C, para diferentes períodos de tempo. ...................................................... 41 Figura 3-4 - Recta de calibração para o maleato de timolol usado nas membranas HEMA|MAA (λmáx = 292 nm). ................................................................................................ 42 Figura 3-5 - Recta de calibração para o maleato de timolol usado nas membranas HEMA|MMA (λmáx = 293 nm)................................................................................................. 42 Figura 3-6 - Perfil de libertação do maleato de timolol para as lentes 1 e 2 com a composição HEMA|MAA impregnadas com o fármaco por oclusão. ......................................................... 46 Figura 3-7 - Fracção de fármaco libertado em função do tempo para duas lentes HEMA|MAA, onde o maleato de timolol foi incorporado por oclusão........................................................... 47 Figura 3-8 - Evolução da absorvância do meio de libertação com o tempo (para λmáx = 292 nm) para ensaios com lentes brancas e lentes com fármaco incorporado por oclusão e soaking (composição das lentes HEMA|MAA). ................................................................................... 48 x ÍNDICE DE FIGURAS Figura 3-9 - M/M∞ versus t1/2 para 5 lentes HEMA|MAA diferentes onde o fármaco foi incorporado por oclusão (M∞ igual à massa libertada ao fim de 24 horas). ............................. 50 Figura 3-10 - Diagrama de extremos e quartis incluindo as barreiras de outliers para os coeficientes de difusão obtidos com as lentes HEMA|MAA impregnadas com o fármaco por oclusão. ..................................................................................................................................... 52 Figura 3-11 - Representação gráfica dos valores do coeficiente de difusão do maleato de timolol em 4 lentes de composição HEMA|MAA, com fármaco incorporado por oclusão, e do valor médio correspondente com os respectivos erros associados. .......................................... 53 Figura 3-12 - M/M∞ versus t1/2 para 5 lentes HEMA|MMA diferentes onde o fármaco foi incorporado por oclusão ........................................................................................................... 54 Figura 3-13 - Diagrama de extremos e quartis incluindo as barreiras de outliers para os coeficientes de difusão com as lentes HEMA|MMA impregnadas com o fármaco por oclusão. .................................................................................................................................................. 56 Figura 3-14 - Representação gráfica dos valores do coeficiente de difusão do maleato de timolol em 4 lentes de contacto com composição HEMA|MMA, com fármaco incorporado por oclusão, e do valor médio correspondente com os respectivos erros associados. .............. 56 Figura 3-15 - M/M∞ versus t1/2 para 5 lentes HEMA|MAA diferentes onde o fármaco foi incorporado por soaking. .......................................................................................................... 58 Figura 3-16 - Representação gráfica dos valores do coeficiente de difusão do maleato de timolol em 5 lentes de contacto com composição HEMA|MAA, com fármaco incorporado por soaking, e do valor médio correspondente com os respectivos erros associados. .................... 59 Figura 3-17 - M/M∞ versus t1/2 para 5 lentes HEMA|MMA diferentes onde o fármaco foi incorporado por soaking. .......................................................................................................... 60 Figura 3-18 - Representação gráfica dos valores do coeficiente de difusão do maleato de timolol em 5 lentes de contacto com composição HEMA|MMA, com fármaco incorporado por soaking, e do valor médio correspondente com os respectivos erros associados. ............. 61 Figura 3-19 - Diagrama de extremos e quartis com as barreiras de outliers para os coeficientes de difusão obtidos com os dois tipos de lentes (HEMA|MAA e HEMA|MMA) e para os dois tipos de impregnação de fármaco (oclusão e soaking). ............................................................ 62 Figura 3-20 - Log M/M∞ versus log t para as 5 lentes de contacto de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. ............................................................ 63 Figura 3-21 - Log M/M∞ versus log t para as 5 lentes de contacto de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. ............................................................ 63 Andreia Susana Gomes da Silva xi Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto Figura 3-22 - Log M/M∞ versus Log t para as 5 lentes de contacto de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. ........................................................... 65 Figura 3-23 - Log M/M∞ versus Log t para as 5 lentes de contacto de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. ........................................................... 65 Figura 3-24 - M/M∞ versus t previsto teoricamente e obtido experimentalmente, para a lente 1 de composição HEMA|MAA impregnada com fármaco por oclusão. .................................... 67 Figura 3-25 - M/M∞ versus t previsto teoricamente e obtido experimentalmente, para a lente 1 de composição HEMA|MAA impregnada com fármaco por soaking. .................................... 67 Figura 3-26 - M/M∞ versus t previsto teoricamente e obtido experimentalmente, para a lente 1 de composição HEMA|MMA impregnada com fármaco por oclusão. .................................... 68 Figura 3-27 - M/M∞ versus t previsto teoricamente e obtido experimentalmente, para a lente 1 de composição HEMA|MMA impregnada com fármaco por soaking. ................................... 68 Figura A-1 - Esquema representativo de um diagrama de extremos e quartis. ....................... 88 Figura B-1 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 1 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 97 Figura B-2 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 2 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 97 Figura B-3 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 3 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 97 Figura B-4 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 4 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 97 Figura B-5 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 5 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 97 Figura B-6 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 1 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 98 Figura B-7 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 2 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 98 Figura B-8 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 3 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 98 Figura B-9 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 4 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 98 Figura B-10 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 5 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. .......................................................................................................... 98 xii ÍNDICE DE FIGURAS Figura B-11 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 1 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. .......................................................................................................... 99 Figura B-12 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 2 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. .......................................................................................................... 99 Figura B-13 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 3 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. .......................................................................................................... 99 Figura B-14 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 4 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. .......................................................................................................... 99 Figura B-15 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 5 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. .......................................................................................................... 99 Figura B-16 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 1 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. ........................................................................................................ 100 Figura B-17 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 2 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. ........................................................................................................ 100 Figura B-18 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 3 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. ........................................................................................................ 100 Figura B-19 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 4 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. ........................................................................................................ 100 Figura B-20 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 5 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. ........................................................................................................ 100 Figura B-21 - Log M/M∞ versus log t para a lente 1 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 101 Figura B-22 - Log M/M∞ versus log t para a lente 2 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 101 Figura B-23 - Log M/M∞ versus log t para a lente 3 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 101 Figura B-24 - Log M/M∞ versus log t para a lente 4 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 101 Figura B-25 - Log M/M∞ versus log t para a lente 5 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 101 Figura B-26 - Log M/M∞ versus log t para a lente 1 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................. 102 Figura B-27 - Log M/M∞ versus log t para a lente 2 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................. 102 Andreia Susana Gomes da Silva xiii Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto Figura B-28 - Log M/M∞ versus log t para a lente 3 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................ 102 Figura B-29 - Log M/M∞ versus log t para a lente 4 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................ 102 Figura B-30 - Log M/M∞ versus log t para a lente 5 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................ 102 Figura B-31 - Log M/M∞ versus log t para a lente 1 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 103 Figura B-32 - Log M/M∞ versus log t para a lente 2 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 103 Figura B-33 - Log M/M∞ versus log t para a lente 3 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 103 Figura B-34 - Log M/M∞ versus log t para a lente 4 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 103 Figura B-35 - Log M/M∞ versus log t para a lente 5 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. ................................................................................. 103 Figura B-36 - Log M/M∞ versus log t para a lente 1 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................ 104 Figura B-37 - Log M/M∞ versus log t para a lente 2 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................ 104 Figura B-38 - Log M/M∞ versus log t para a lente 3 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................ 104 Figura B-39 - Log M/M∞ versus log t para a lente 4 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................ 104 Figura B-40 - Log M/M∞ versus log t para a lente 5 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. ................................................................................ 104 xiv ÍNDICE DE TABELAS ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1-1 - Medicamentos usados no tratamento do glaucoma. (Fonte: (Infarmeda, 2010))... 5 Tabela 1-2 - Alguns biomaterias utilizados e suas aplicações em oftalmologia, (Brent, 2008). 8 Tabela 1-3 - Valores do parâmetro n para os mecanismos de libertação e para diferentes geometrias (Coelho, 2007). ...................................................................................................... 22 Tabela 2-1 - Reagentes orgânicos utilizados na preparação das membranas poliméricas e respectivas informações de rotulagem. ..................................................................................... 25 Tabela 2-2 - Características de rotulagem do cloreto de sódio................................................. 26 Tabela 2-3 - Informações de rotulagem do maleato de timolol usado. .................................... 27 Tabela 2-4 - Equipamento utilizado no decorrer da actividade experimental. ......................... 27 Tabela 2-5 - Quantidade de cada composto orgânico a pesar para a obtenção das membranas poliméricas, tendo como base 10 g de solução. ........................................................................ 33 Tabela 3-1 - Quantidades pesadas de cloreto de sódio, concentração e pH das soluções de soro fisiológico preparadas no decorrer da actividade experimental. .............................................. 39 Tabela 3-2 - Valores dos declives e ordenadas na origem das rectas de calibração e seus erros associados. ................................................................................................................................ 42 Tabela 3-3 - Massa dos compostos orgânicos usados na preparação das membranas poliméricas de HEMA|MAA e HEMA|MMA. ........................................................................ 43 Tabela 3-4 - Massa das membranas poliméricas e das respectivas lentes de contacto cortadas. .................................................................................................................................................. 43 Tabela 3-5 - Massa, diâmetro e espessura médias das lentes de contacto com as composições HEMA|MAA e HEMA|MMA. ................................................................................................. 44 Tabela 3-6 - Massa de fármaco inserido nas membranas poliméricas por oclusão e respectiva massa de fármaco por lente e por massa de lente. .................................................................... 44 Tabela 3-7 - Variação da massa de maleato de timolol durante a impregnação do fármaco nas lentes de contacto HEMA|MAA e HEMA|MMA e respectivas massas absorvidas pelas lentes. .................................................................................................................................................. 45 Tabela 3-8 – Declive da recta ajustada à curva Mt/M∞ versus t1/2, para três períodos de tempo diferentes, para as 5 lentes de contacto HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. .................................................................................................................................................. 51 Tabela 3-9 - Coeficientes de difusão do maleato de timolol paras as 5 lentes de contacto HEMA|MAA incorporadas com fármaco por oclusão e respectivos erros associados. ........... 52 Andreia Susana Gomes da Silva xv Tabela 3-10 - Declive da recta obtida pela representação gráfica Mt/M∞ versus t1/2, coeficientes de difusão do fármaco e respectivos erros associados para as lentes de contacto HEMA|MMA impregnadas com maleato de timolol por oclusão. .......................................... 55 Tabela 3-11 - Declive da recta ajustada à curva Mt/M∞ versus t1/2, coeficiente de difusão do fármaco e respectivos erros associados para as lentes de contacto HEMA|MAA impregnadas com maleato de timolol por soaking. ....................................................................................... 58 Tabela 3-12 - Declive da recta ajustada à curva Mt/M∞ versus t1/2, coeficientes de difusão do fármaco obtidos e respectivos erros associados para as lentes de contacto HEMA|MMA impregnadas com maleato de timolol por soaking................................................................... 60 Tabela 3-13 - Parâmetro n para as lentes de contacto com a composição HEMA|MAA e respectivos erros associados..................................................................................................... 64 Tabela 3-14 - Parâmetro n para as lentes de contacto com a composição HEMA|MMA e respectivos erros associados..................................................................................................... 65 Tabela A-1 - Variáveis fulcrais para a média, quando o desvio padrão da amostra é desconhecido. ........................................................................................................................... 85 Tabela B-1 - Concentrações, erros associados e respectivas absorvâncias, para o comprimento de onda indicado, das soluções padrão de maleato de timolol................................................. 90 Tabela B-2 - Massa, diâmetro e espessura das lentes de contacto com a composição HEMA|MAA. ........................................................................................................................... 91 Tabela B-3 - Massa, diâmetro e espessura das lentes de contacto com a composição HEMA|MMA. .......................................................................................................................... 93 xvi Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto SIMBOLOGIA E ABREVIATURAS SIMBOLOGIA Absorvância Espessura da célula Concentração do soluto (o fármaco) Concentração inicial de fármaco na lente Concentração de fármaco na superfície da lente Variável adimensional para a concentração do soluto Coeficiente de difusão Absortividade Semi-espessura da lente Espessura da lenta ou Massa de fármaco libertado até ao instante Massa de fármaco libertado para um tempo infinito Parâmetro que caracteriza o processo de difusão do fármaco Quantidade da substância área difundida por unidade de tempo e por unidade de Tempo Variável adimensional para o tempo Direcção da transferência de massa Variável adimensional para a distância ABREVIATURAS AIBN α,α’ – Azoisobutironitrilo EGDMA Dimetacrilato de etileno glicol HEMA Metacrilato 2-hidroxietilo INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I. P. MAA Ácido metacrílico MEHQ Monometil éter da hidroquinona MMA Metacrilato de metilo UV/VIS Ultravioleta/Vísivel Andreia Susana Gomes da Silva xvii Capítulo 1 Introdução Capítulo 1 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento de novos medicamentos envolve mais do que a síntese de substâncias que apresentam um efeito específico no organismo. A indústria farmacêutica deve também considerar como é que as substâncias activas podem ser transportadas para os locais apropriados do organismo, onde devem ser libertadas de modo a exercerem o respectivo efeito terapêutico. 1.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO OLHO HUMANO A capacidade de detectar e interpretar luz e imagens forma um sistema de alta complexidade denominado visão. A visão representa um dos cinco sentidos que conferem a inúmeros seres vivos, nomeadamente ao Homem, a capacidade de percepcionarem e se relacionarem com o que acontece no Mundo que os rodeia. Responsável por proporcionar o sentido da visão, o olho humano representa um complexo sistema óptico, sendo o nervo óptico capaz de detectar luz e transformar essa percepção em impulsos eléctricos, a serem processados e interpretados a nível cerebral. Este órgão (Figura 1-1), na idade adulta possui um diâmetro anteroposterior de aproximadamente 24 12 e de largura, sendo uma esfera ligeiramente assimétrica (Batista, 2007; Rouxinol, 2009). O olho humano é constituído, fundamentalmente, por dois segmentos, um anterior e um posterior. O segmento anterior é formado pela córnea, íris, corpo ciliar, humor aquoso e cristalino. Por outro lado, o segmento posterior é composto por uma cavidade preenchida pelo humor vítreo rodeada pela Figura 1-1 - Esquema representativo dos componentes do olho humano. (Adaptado de (Batista, 2007)) esclerótica, coróide e retina. O humor aquoso é um fluido ocular transparente produzido e reabsorvido continuamente pelo corpo ciliar e localizado entre a córnea e o cristalino onde flui livremente, enquanto o humor vítreo é uma massa gelatinosa mantida unida graças a uma fina rede fibrilar constituída por grandes moléculas de proteoglicanos. Do Andreia Susana Gomes da Silva 3 INTRODUÇÃO equilíbrio entre a formação do humor aquoso e a sua reabsorção resulta o volume total e a pressão intra-ocular (Cordeiro, 2007; Fonseca, 2003). 1.2 PRESSÃO INTRA-OCULAR | GLAUCOMA O nível da pressão intra-ocular é determinado em função da resistência do fluxo do humor aquoso na câmara anterior. O desequilíbrio entre a produção e a drenagem do humor aquoso no olho leva ao aumento da pressão intra-ocular, provocando a compressão do nervo óptico. A hipertensão ocular é um conceito utilizado para descrever a situação em que a pressão intra-ocular atinge um valor acima do normal, que é de 21 . A pressão intra-ocular permite diagnosticar e controlar muitas patologias oculares, incluindo os diversos tipos de glaucoma. Actualmente, o glaucoma é considerado como uma neuropatia óptica em que a pressão intra-ocular é o seu maior factor de risco e não a sua única e exclusiva causa (Sakata, et al., 2000). A forma mais comum de glaucoma é designada por glaucoma primário de ângulo aberto. O glaucoma primário de ângulo aberto é caracterizado por não apresentar sintomas perceptíveis ao Homem até que a doença esteja em estado avançado. A pressão danifica lentamente o nervo óptico com o passar do tempo. Este tipo de glaucoma afecta os dois olhos, mas os sinais podem ser observados primeiro em apenas um dos olhos. Outra variante de glaucoma que ocorre com alguma frequência é o glaucoma de ângulo fechado. Neste tipo de glaucoma, a pressão intra-ocular aumenta de forma muito rápida e os sinais aparecem repentinamente. Pode ocorrer perda permanente da visão em apenas um dia, sendo portanto, de todo o interesse encontrar um tratamento médico de forma imediata (Fonseca, 2003; Mount Carmel Health, 2007). 1.3 TRATAMENTO DO GLAUCOMA Os medicamentos oftalmológicos têm um papel importante no tratamento do glaucoma. A via medicamentosa é frequentemente considerada como primeira linha no tratamento do glaucoma, e na maioria dos pacientes a medicação pode controlar a doença (Law, et al., 2008). 4 Capítulo 1 Os fármacos utilizados no tratamento clínico do glaucoma têm como objectivo a diminuição da produção de humor aquoso ou o aumento da drenagem do mesmo, de modo a diminuir a pressão intra-ocular. Frequentemente, é utilizada uma combinação de vários medicamentos para reduzir adequadamente a pressão intra-ocular. Uma das vias de administração do medicamento de grande interesse no tratamento do glaucoma é a via tópica, onde o fármaco é aplicado directamente no local afectado, usando colírios. Os colírios são a primeira escolha para a diminuição da pressão intra-ocular. Outras duas vias de tratamento da doença de glaucoma são usadas: a utilização de laser para certos tipos de glaucoma e a cirurgia para casos avançados em que o uso de colírios não torna reversível a pressão intra-ocular. Segundo o Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P.) para o tratamento farmacológico do glaucoma recorre-se a fármacos mióticos, simpaticomiméticos, bloqueadores beta, análogos de prostaglandinas, inibidores da anidrase carbónica e diuréticos osmóticos (Infarmed, 2010). As classes dos fármacos enunciadas anteriormente são caracterizadas por aumentar a drenagem ou inibirem a produção do humor aquoso, diminuindo desta forma a pressão intra-ocular. Na Tabela 1-1 apresenta-se o princípio activo utilizado para cada uma das classes de fármacos no tratamento do glaucoma. Tabela 1-1 - Medicamentos usados no tratamento do glaucoma. (Fonte: (Infarmed, 2010)) Classe de fármacos Mióticos Simpaticomiméticos Bloqueadores beta Análogos das prostaglandinas Andreia Susana Gomes da Silva Princípio activo Aceclidina Pilocarpina Adrenalina Apraclonidina Brimonidina Clonidina Dipiverfina Betaxolol Carteolol Levobunolol Metipranolol Timolol Latanoprost Travoprost Bimatoprost 5 INTRODUÇÃO Classe de fármacos Inibidores de anidrase carbónica Diuréticos osmóticos Princípio activo Acetazolamida Brinzolamida Dorzolamida Manitol Glicerol De acordo com a estatística do medicamento apresentado pelo Infarmed em 2009, os medicamentos utilizados no Serviço Nacional de Saúde em Portugal para o tratamento do glaucoma, com maior quota de mercado, são a latanoprost, o timolol e a dorzolamida (Infarmed, 2009). 1.4 BIODISPONIBILIDADE DE FÁRMACO NO OLHO HUMANO Os medicamentos usados em afecções oculares podem ser administrados por via sistémica (não local) ou por via tópica. Por via sistémica, o acesso dos fármacos ao olho é dificultado por várias barreiras biológicas, requerendo doses mais elevadas. Esta via de administração inclui a aplicação do fármaco por nebulização, injecção e comprimidos. Outras formas de administração, como a injecção subconjuntival, a injecção retrobulbar ou os sistemas oculares de cedência prolongada, são recursos disponíveis quando se pretendem níveis intra-oculares superiores aos obtidos pela via tópica. Tal como foi referido anteriormente, os fármacos usados por via tópica são administrados sob a forma de colírios (preparações líquidas), géis ou pomadas oftálmicas que são aplicadas no fundo dos sacos conjuntivais. A administração de medicamentos por via tópica é considerada a via mais popular e bem aceite no tratamento de várias afecções oculares. A biodisponibilidade dos fármacos é, contudo, reduzida devido à eficiência dos mecanismos do olho; grande parte do fármaco é perdida devido à drenagem lacrimal e à absorção sistémica. A deficiente biodisponibilidade dos fármacos por via tópica exige que o número de aplicações diárias aumente de modo a manter o nível terapêutico desejado (Ludwid, 2005). Ao longo dos anos a tecnologia farmacêutica tem vindo a transformar as substâncias activas em medicamentos facilmente administrados e que proporcionam uma resposta terapêutica adequada. 6 Capítulo 1 1.5 SISTEMAS DE LIBERTAÇÃO MODIFICADA O desenvolvimento de sistemas de libertação controlada revolucionou o uso de administração de fármacos, na medida em que tornou possível prolongar a acção do fármaco, diminuindo a frequência das doses. A libertação controlada de fármacos tem como objectivo principal o controlo temporal e espacial, in vivo, da concentração de fármacos, para que o benefício clínico da administração destes seja maximizado e os efeitos adversos minimizados. Este tipo de libertação implica a associação, química ou física, dos fármacos com materiais biocompatíveis em sistemas que, quando administrados in vivo, tenham a capacidade de: controlar, de forma pré-determinada, a taxa de libertação do fármaco a partir desse mesmo sistema; conduzir o fármaco até ao sítio específico em que este deve actuar. Materiais de natureza lipídica, inorgânica e polimérica têm sido utilizados como suportes para os sistemas de libertação modificada. Dos materiais enumerados, os materiais poliméricos são os mais investigados nos últimos anos (Coimbra, 2010; Amaral, 2003). Um dos principais objectivos da utilização de sistemas de libertação de fármacos para aplicações oftalmológicas é, precisamente, manter os níveis de fármaco na gama terapêutica, reduzir efeitos secundários, diminuir a quantidade de fármaco utilizado para valores que correspondam ao estritamente necessário e diminuir o número de administrações. Por outro lado, pretende-se que estes sistemas apenas actuem numa área restrita, não reagindo com os tecidos e/ou órgãos adjacentes, contrariamente à terapia ocular convencional, que se baseia na aplicação de fármacos, sob a forma de gotas, sobre o olho para uma acção superficial ou mais interior. Dadas todas as dificuldades apresentadas, tem sido feita muita investigação no sentido de desenvolver sistemas de administração de fármacos para aplicações oftalmológicas, de forma a possibilitarem uma libertação controlada, num período de tempo adequado para cada patologia. A libertação controlada de fármacos representa uma das áreas mais estudadas na ciência dos biomateriais. Andreia Susana Gomes da Silva 7 INTRODUÇÃO 1.6 BIOMATERIAIS Um biomaterial é definido como sendo um produto farmacologicamente inerte que irá interagir com os sistemas e fluidos biológicos. De acordo com a definição clássica de biomaterial, este é parte de um sistema que trate, aumente ou substitua qualquer tecido, órgão ou função do corpo (Brent, 2008). O critério de selecção de um biomaterial baseia-se, principalmente, na aplicação a que se destina. As propriedades físicas, químicas e mecânicas devem ser avaliadas na escolha dos materiais, tais como a fadiga, resistência, taxa de permeação, rugosidade, bioactividade, (bio)estabilidade, entre outras. Uma das propriedades mais importantes dos biomateriais é a sua habilidade de desempenhar uma função com uma resposta tecidual e biológica apropriada dentro da aplicação específica a que se destina. A esta interacção do material com o organismo biológico chama-se biocompatibilidade (Brent, 2008; Cunha, 2008). No que respeita aos diferentes tipos de materiais usados como biomateriais encontram-se os metais, polímeros, cerâmicos, compósitos, entre outros. Os materiais poliméricos são os mais utilizados na área da medicina, em particular em oftalmologia. A Tabela 1-2 descreve alguns biomateriais aplicados em oftalmologia. Tabela 1-2 - Alguns biomaterias utilizados e suas aplicações em oftalmologia, (Brent, 2008). Dispositivo Prótese da córnea Lentes intra-oculares 1.7 Função Prover um caminho óptico para a retina Correcção de problemas causados por cataratas Composição Poli(metacrilato de metilo); Hidrogel Lentes de Poli(metacrilato de metilo), nylon, polipropileno POLÍMEROS SOB A FORMA DE HIDROGÉIS Em química orgânica, os hidrogéis são considerados polímeros, pois são moléculas de elevado peso molecular formadas por unidades moleculares que se repetem, moléculas essas que se denominam por monómeros. Da polimerização de um só tipo de monómero resulta a formação de um homopolímero. No entanto, se a polimerização for efectuada com dois ou mais monómeros, o polímero resultante é denominado por copolímero. 8 Capítulo 1 Quanto ao método de preparação dos polímeros, pode ter-se uma polimerização por condensação ou uma polimerização por adição. A polimerização por condensação consiste na formação de uma macromolécula a partir de monómeros difuncionais que reagem entre si, com eliminação de água ou de outras moléculas que não participam em reacções posteriores. As proteínas, os polissacarídeos e os ácidos nucléicos são exemplos de polímeros de condensação. Os polímeros de adição são obtidos a partir de compostos insaturados, os quais contêm principalmente ligações . A polimerização envolve a ruptura da ligação dupla, não havendo libertação de nenhuma molécula. Este tipo de polimerização necessita de agentes iniciadores para desencadear a reacção de polimerização. Por vezes, também são usados agentes reticulantes, de modo a que o grau de reticulação do polímero aumente. A polimerização de cloreto de vinilo e dos acrilatos são exemplos de polímeros de adição (Lapa, 2008). A síntese do poli(metacrilato de hidroxietilo) realizada por Withterle e Lim em 1960, é considerada o começo da pesquisa moderna do hidrogel. Desde então, o progresso nas sínteses e nas aplicações dos hidrogéis tem sido considerável. Uma das áreas em que os hidrogéis são mais utilizados é a oftalmologia, onde são usados como matriz polimérica para libertação controlada de fármacos (Ghanem, et al., 2008). Os hidrogéis podem ser descritos como sendo polímeros hidrofílicos, com cadeias mais ou menos reticuladas, e com a capacidade de absorver e reter uma grande quantidade de água sem perder, no entanto, a sua estrutura tridimensional, ou seja, sem se dissolverem (Malmonge, et al., 1997). Devido à grande percentagem de água retida por estes materiais, os hidrogéis em equilíbrio num sistema aquoso apresentam algumas propriedades semelhantes aos tecidos vivos, como sejam uma consistência macia e elástica e uma baixa tensão superficial com água e fluidos biológicos. Segundo Almeida (2010), o método de absorção de água num hidrogel pode ser facilmente descrito do seguinte modo: quando um hidrogel seco inicia o seu processo de absorção de água, as primeiras moléculas por ele absorvidas irão hidratar as moléculas mais polares da estrutura polimérica, levando a um primeiro tipo de ligação da água com as moléculas do polímero. À medida que estes grupos vão sendo hidratados, ocorre o aumento físico da Andreia Susana Gomes da Silva 9 INTRODUÇÃO estrutura polimérica, levando à exposição das moléculas mais hidrofóbicas, até então mais resguardadas no interior da matriz polimérica. Estas interagem com as moléculas de água, levando ao aparecimento de um segundo tipo de ligação das moléculas de água com os componentes mais hidrofóbicos do polímero. Para além destes dois métodos de retenção de água no interior do hidrogel, ocorre ainda um terceiro método, resultando da difusão osmótica das moléculas de água entre as cadeias do polímero. A todo este processo, opõem-se as forças covalentes e as reticulações físicas que mantêm a estrutura do hidrogel e lhe conferem a sua capacidade elástica. Deste modo, o equilíbrio entre as forças de absorção e retenção de água, e as de estrutura do hidrogel permitem que este atinja o equilíbrio relativamente à quantidade máxima de água que pode absorver (Almeida, 2010). 1.8 ESTUDO DA LIBERTAÇÃO CONTROLADA DE FÁRMACO As características do meio de libertação, as propriedades físico-químicas do fármaco e do polímero e as interacções entre estes são factores que influenciam o perfil de libertação do fármaco. Outros factores como a forma de incorporação do fármaco no hidrogel, o grau de reticulação, a morfologia do hidrogel (existência de poros, seu tamanho e distribuição) e capacidade de absorção de água são de elevada importância aquando da análise do perfil de libertação. A libertação do fármaco pode ocorrer segundo mecanismos distintos, controlada: 1.8.1 pela difusão do fármaco, pela penetração de água, e por agentes químicos. LIBERTAÇÃO CONTROLADA POR DIFUSÃO DO FÁRMACO Na libertação controlada pela difusão, o fármaco está disperso numa matriz polimérica (sistema monolítico) ou está contido num compartimento envolvido por uma membrana polimérica porosa ou não (ver Figura 1-2). 10 Capítulo 1 a) b) Figura 1-2 – Representação esquemática da difusão de um fármaco num sistema monolítico (a) e num sistema com uma membrana polimérica (b). (Adaptado de: (Sigma-Aldrich, 2011)) Em sistemas monolíticos o fenómeno responsável pela libertação do fármaco é a solubilidade do fármaco no polímero. Por outro lado, nos sistemas em que possuem uma membrana polimérica o factor preponderante é a morfologia da mesma (Almeida, 2010). Num sistema de libertação controlada pela difusão, tanto nos sistemas monolíticos como nos de membrana, os fenómenos associados incluem: a difusão do solvente para a matriz ou para a membrana polimérica; a dissolução do fármaco e consequente difusão para o exterior do polímero. O conhecimento dos fenómenos enumerados permite prever adequadamente o comportamento dos sistemas farmacêuticos caracterizados por este tipo de difusão (Coelho, 2007, Liu, et al., 2006). 1.8.2 LIBERTAÇÃO CONTROLADA POR PENETRAÇÃO DE ÁGUA A libertação controlada por penetração de água é descrita pela capacidade de intumescimento/relaxamento do polímero. Como está apresentado na Figura 1-3, o hidrogel sofre uma transição do estado vítreo para um estado maleável, conhecido como estado borracha, quando absorve água. No estado vítreo, o fármaco está imóvel no interior do polímero e quando o polímero incha as moléculas da substância activa difundem-se rapidamente para o exterior da membrana. Andreia Susana Gomes da Silva 11 INTRODUÇÃO Figura 1-3 - Representação esquemática de um sistema onde a libertação é controlada por penetração de água. (Adaptado de (Liu, et al., 2006)) Nestes sistemas, o tempo de difusão da água e a capacidade de absorção do polímero determinam a libertação do fármaco (Coelho, 2007, Liu, et al., 2006). 1.8.3 LIBERTAÇÃO CONTROLADA POR AGENTES QUÍMICOS A libertação do fármaco é, por vezes, controlada por agentes químicos que leva à degradação do polímero. Esta degradação pode ocorrer por acção enzimática, por reacção química ou devido à absorção de água. A libertação de fármacos a partir de polímeros biodegradáveis pode ocorrer segundo três mecanismos diferentes: 1º Mecanismo: A difusão do fármaco é controlada pela difusão deste através de uma membrana biodegradável, sendo que esta só é degradada após a completa libertação do fármaco; 2º Mecanismo: A existência de um agente activo que está ligado covalentemente à cadeia do polímero e que provoca a quebra das ligações entre o polímero e o fármaco; 3º Mecanismo: O fármaco é disperso homogeneamente num polímero biodegradável e a sua libertação ocorre por difusão, degradação ou por ambas. Assim, o fármaco é libertado ao mesmo tempo que a matriz polimérica é degradada (Coelho, 2007, Liu, et al., 2006). 1.9 DIFUSÃO DE UM FÁRMACO NO INTERIOR DE UMA MATRIZ POLIMÉRICA A transferência de massa traduz a transferência de um componente numa mistura de uma região onde a sua concentração é alta para uma região onde a concentração é mais baixa. 12 Capítulo 1 O processo de transferência de massa pode ocorrer num sólido, num gás ou num líquido, e pode resultar das velocidades aleatórias das moléculas (difusão molecular) e/ou de correntes de circulação quando se trata de um fluido (difusão turbilhonar) (Coulson, 2004). Segundo a primeira lei de Fick para a difusão em estado estacionário, a massa da substância que passa através de uma secção, por unidade de tempo, é proporcional ao gradiente de concentração na mesma direcção. Esta lei descreve o fluxo de um soluto em condições de estado estacionário, como mostra a Equação (1-1) para fluxo unidimensional (direcção ): (1-1) onde é o coeficiente de difusão do componente na mistura e é a concentração da espécie na mistura à distância . A análise dos processos de difusão em estado estacionário é útil para determinar a taxa de difusão em condições em que o perfil de concentração não depende do tempo. Por vezes, é necessário estudar a difusão de componentes num determinado intervalo de tempo e a uma determinada distância entre o local onde a substância se encontra acumulada e a superfície de libertação. Neste caso, a difusão molecular tem como base uma análise em estado transiente, também designado por estado não estacionário (Çengel, 2003). A difusão de um fármaco em sistemas de libertação modificada ocorre em estado não estacionário, uma vez que a sua concentração no meio se vai alterando à medida que o fármaco é libertado, pelo que a primeira lei de Fick deixa de ser válida. A lei que governa a transferência de massa em estado transiente é conhecida pela segunda lei de Fick, e está representada na Equação (1-2) para difusão unidimensional (direcção ): (1-2) No presente trabalho, que visa o estudo da difusão de um fármaco através de uma lente de contacto, como a superfície lateral da lente (que não é mais do que um pequeno disco, ver Figura 1-4) é muito pequena face às superfícies inferior e superior, a difusão do fármaco Andreia Susana Gomes da Silva 13 INTRODUÇÃO segundo a direcção radial não é significativa e pode ser desprezada. Assim, se a direcção representar a direcção segundo o eixo da lente, a Equação (1-2) traduz o processo de difusão para a situação em estudo. Figura 1-4 - Esquema representativo da libertação do fármaco a partir de uma lente de contacto. Para a resolução da equação diferencial é necessário assumir uma condição inicial e duas condições fronteira que traduzam a situação em causa. Para a resolução da equação diferencial quando aplicada à libertação de um fármaco a partir de uma lente de contacto a condição inicial pode ser traduzida pela Equação (1-3). (1-3) em que é a concentração inicial de fármaco na lente, que se supõe ser uniforme. As duas condições fronteira adoptadas para a resolução da equação diferencial foram: (1-4) (1-5) onde é a semi-espessura da lente de contacto e é a concentração de fármaco na superfície da lente para um qualquer instante de tempo. A segunda condição fronteira traduz o 14 Capítulo 1 facto de o perfil de concentração desenvolvido no interior da lente ser simétrico relativamente ao plano que passa por . De modo a simplificar a resolução da equação diferencial é de todo o interesse introduzir variáveis adimensionais. Assim, a variável adimensional para a concentração será: (1-6) No que respeita, às variáveis adimensionais para a distância e para o tempo serão dadas por: (1-7) (1-8) A utilização de variáveis adimensionais tem como objectivo simplificar a equação diferencial, bem como as condições inicial e fronteira. A segunda lei de Fick (Equação (1-2)) pode ser representada em termos das variáveis adimensionais pela Equação (1-9). (1-9) A condição inicial, representada pela Equação(1-3), pode ser, agora, escrita da seguinte forma: (1-10) Com a introdução das variáveis adimensionais, as condições fronteira tomam a forma: Andreia Susana Gomes da Silva 15 INTRODUÇÃO (1-11) (1-12) A solução da equação diferencial modificada (Equação (1-9)) pode ser obtida pelo método da separação das variáveis (Bird, 1960). Uma possível solução pode ser representada pelo seguinte produto: (1-13) em que é uma função da variável e é uma função da variável . Tendo em conta o produto apresentado na Equação (1-13), diferenciando e substituindo na Equação (1-9) vem: (1-14) A igualdade obtida na Equação (1-14) só pode ser considerada verdadeira se cada um dos membros for igual a uma constante, que será considerada como sendo – . Então, o problema passa a ser traduzido por duas equações diferenciais ordinárias: (1-15) (1-16) 16 Capítulo 1 Por integração das duas equações diferenciais ordinárias obtém-se: (1-17) (1-18) onde , e são constantes. Então, a Equação (1-19) traduz a solução geral do problema: (1-19) em que, e são constantes. Aplicando a segunda condição fronteira (Equação(1-12)) na solução geral conclui-se que . A aplicação da primeira condição fronteira (Equação (1-11)) permite obter o valor de , como sendo: (1-20) Conhecendo o valor das constantes e fica a conhecer-se a expressão que traduz . (1-21) A aplicação da condição inicial (Equação(1-10)) na Equação (1-21) resulta em: Andreia Susana Gomes da Silva 17 INTRODUÇÃO (1-22) Da Equação (1-22) determina-se o valor de , que pode ser representado pela equação seguinte: (1-23) Substituindo a expressão obtida para na Equação (1-21) e reescrevendo o resultado final em termos das variáveis originais obtém-se a Equação (1-24). (1-24) Fazendo um rearranjo à Equação (1-24) resulta em: (1-25) que traduz o perfil de concentração do fármaco no interior da lente para o instante de tempo . Se indicar a quantidade de fármaco libertado no tempo e corresponder a uma quantidade de fármaco libertado para um tempo infinito, então: (1-26) Por outro lado, a Equação (1-26) pode ser expressa em termos da função erro, como: 18 Capítulo 1 (1-27) Considerando pequenos períodos de tempo, a expressão anterior pode ser simplificada, obtendo-se: (1-28) onde é o coeficiente de difusão e é a semi-espessura do polímero, tal como foi referido anteriormente. 1.9.1 DIFUSÃO NÃO-FICKIANA A difusão em muitos polímeros não é descrita de forma adequada pelas leis de Fick para condições de contorno constantes, pois a absorção do solvente provoca o aumento da espessura do polímero. O comportamento não-Fickiano (também designado por anómalo) resulta de mudanças configuracionais no próprio polímero. Quando o solvente penetra no polímero, a matriz polimérica passa de um estado configuracional emaranhado para um estado em que as cadeias se dispõem ao acaso. Este é um processo de relaxamento e, por vezes, o relaxamento das cadeias poliméricas pode ser mais lento que a própria difusão, pelo que o processo de difusão é controlado pela cinética de relaxamento e não pela lei de Fick. Os desvios ao comportamento Fickiano podem estar directamente relacionados com a influência da estrutura do polímero, com a mudança na solubilidade e na mobilidade de difusão, ou podem resultar de tensões internas exercidas por uma parte do sistema sobre outras zonas, à medida que a difusão progride. Tendo como base o comportamento dos polímeros e, de acordo com as taxas de difusão e relaxamento polimérico, Alfrey, Gurnee e Lloyd em 1966 propuseram a seguinte classificação para os diversos tipos de difusão (Cranck, 1975): Andreia Susana Gomes da Silva 19 INTRODUÇÃO Caso I (ou difusão Fickiana) – a taxa de difusão é muito mais baixa que a de relaxamento; Caso II – o processo de difusão é mais rápido quando comparado com o processo de relaxamento; Não-Fickiana (ou difusão anómala) – as taxas de difusão e de relaxamento são semelhantes. 1.10 MODELO CINÉTICO PARA A LIBERTAÇÃO DE UM FÁRMACO Embora a libertação de fármacos a partir de matrizes poliméricas hidrofílicas possua uma elevada complexidade nos mecanismos de dissolução, ao longo dos anos têm surgido alguns modelos matemáticos que são utilizados para prever a libertação das substâncias activas. O primeiro modelo matemático para a libertação de fármacos em sistemas de libertação controlada, designado por modelo da cinética de ordem zero, baseia-se na libertação lenta do princípio activo a partir de formas farmacêuticas que não se degradam. Outro modelo proposto baseou-se na equação de Higuchi apresentada em 1961. Este modelo descreve o mecanismo de libertação de fármacos como um processo de difusão baseado na lei de Fick, pelo que a razão depende da raiz quadrada do tempo. O modelo de Higuchi apresenta fortes limitações na interpretação dos mecanismos de libertação, pois não tem em consideração o possível relaxamento da cadeia polimérica. Os modelos de cinética de ordem zero e de Higuchi representam dois casos limite nos fenómenos de libertação de fármacos a partir de sistemas matriciais. Um dos modelos com maior aplicabilidade nos dias de hoje é o modelo que se baseia na equação semi-empírica proposta por Korsmeyer e Peppas em 1981. A equação deste modelo é comummente utilizada para descrever a libertação do fármaco quando o mecanismo primordial é uma combinação da difusão do princípio activo (transporte Fickiano) e do transporte do Caso II. Neste modelo, a relação entre o parâmetro , que traduz a velocidade de difusão do fármaco, e o tempo é dada pela Equação (1-29): (1-29) 20 Capítulo 1 em que, tal como já foi referido, tempo e representa a quantidade absoluta de fármaco libertada no a quantidade total de fármaco libertado num tempo infinito, a qual deverá corresponder à quantidade total de fármaco incorporado na matriz polimérica; constante cinética, que inclui características estruturais e geométricas do mecanismo, é uma éo expoente de libertação que, de acordo com o valor numérico que assumir, caracteriza o mecanismo de libertação do fármaco e b é a quantidade inicial de fármaco no solvente (Coelho, 2007; Lopes, et al., 2005). A nível laboratorial a quantidade inicial de fármaco no solvente é usualmente nula, logo a Equação (1-29) reduz-se à Equação (1-30). (1-30) A determinação matemática do expoente de libertação é de fácil obtenção, bastando, para isso, linearizar a Equação (1-30), obtendo-se a Equação (1-31): (1-31) Assim, representando graficamente o logaritmo de obter-se-á uma recta com declive e ordenada na origem versus o logaritmo do tempo , para valores de até 0,60 (Natu, et al., 2008; Shoiab, et al., 2006; Korsmeyer, et al., 1983). O valor de é usado para interpretar e caracterizar o mecanismos de libertação. Este parâmetro pode variar entre 0,43 e 1, de acordo com a geometria do sistema matricial e com os mecanismos de libertação implicados (ver Tabela 1-3). Andreia Susana Gomes da Silva 21 INTRODUÇÃO Tabela 1-3 - Valores do parâmetro n para os mecanismos de libertação e para diferentes geometrias (Coelho, 2007). Geometria Caso I/Difusão Fickiana Caso II Difusão anómala Plana 0,5 1 Cilíndrica 0,45 0,89 0,45 0,89 Esférica 0,43 0,85 0,43 0,85 Segundo os valores que 0,5 1 pode assumir em função da geometria, pode-se dizer que quando é próximo de 0,5, o fármaco difunde-se através da matriz polimérica por um mecanismo essencialmente Fickiano. Já para valores entre 0,5 a 1 (aproximadamente) a difusão é anómala, isto é não-Fickiana. O mecanismo de difusão do Caso II é caracterizado por apresentar valores de próximos da unidade. 1.11 ENQUADRAMENTO DA INVESTIGAÇÃO EM ESTUDO O trabalho de investigação desenvolvido, e que será apresentado nos próximos capítulos, teve como principais objectivos caracterizar o processo de difusão do maleato de timolol incorporado em lentes de contacto, com duas composições diferentes e usando dois métodos de impregnação do fármaco, para determinar os coeficientes de difusão. Na determinação dos coeficientes de difusão do maleato de timolol optou-se por considerar um comportamento Fickiano para a difusão. A aplicação do modelo desenvolvido por Korsmeyer e Peppas permitiu avaliar a aplicabilidade do mecanismo de libertação adoptado aos resultados experimentais obtidos. Finalmente, procedeu-se à previsão teórica da evolução da fracção (em massa) de maleato de timolol libertado a partir das lentes de contacto com o tempo e comparou-se com os resultados obtidos experimentalmente através da monitorização da concentração de fármaco no meio de libertação. 22 Capítulo 2 Materiais e Métodos Capítulo 2 2 MATERIAIS E MÉTODOS Os materiais e métodos utilizados no decorrer da actividade experimental, assim como alguns princípios teóricos no que respeita à quantificação do fármaco, encontram-se descritos seguidamente. 2.1 REAGENTES UTILIZADOS A preparação das membranas poliméricas, a partir das quais se obtiveram as lentes de contacto, careceu de alguns reagentes orgânicos. Um dos factores que se variou no decorrer do estudo da libertação controlada de um fármaco a partir de lentes de contacto foi a composição das membranas poliméricas. Assim, foram preparadas lentes de contacto com composições diferentes: metacrilato 2-hidroxietilo (HEMA) + ácido metacrílico (MAA) e metacrilato 2-hidroxietilo (HEMA) + metacrilato de metilo (MMA). Os reagentes utilizados para os dois tipos de membranas tiveram proveniências diferentes. Assim, na Tabela 2-1 apresentam-se os reagentes utilizados para as membranas de HEMA|MAA sombreados a verde e para as membranas HEMA|MMA sombreados a cinza. No processo de polimerização foi usado o dimetacrilato de etileno glicol (EGDMA) como agente reticulante e o , ’-Azoisobutironitrilo (AIBN) como iniciador da reacção de polimerização. Tabela 2-1 - Reagentes orgânicos utilizados na preparação das membranas poliméricas e respectivas informações de rotulagem. Sigla Nome MAA Ácido metacrílico a 99% HEMA Fórmula química Estado físico Laboratório Lote Líquido Merck - Líquido Acros Organics A0292512 Metacrilato 2hidroxietil a 97% Líquido MMA 1 Metacrilato de metilo a 99% Líquido Sigma Aldrich Chemistry 544679-028 Acros Organics A0305442 Observações Estabilizado com 200 ppm MEHQ1 Estabilizado com 200-400 ppm MEHQ Estabilizado MEHQ - monometil éter da hidroquinona Andreia Susana Gomes da Silva 25 MATERIAIS E MÉTODOS Sigla EGDMA AIBN Fórmula química Nome Estado físico Líquido Dimetacrilato de etileno glicol a 98% Líquido , ’Azoisobutironitrilo Sólido Laboratório Lote Observações Estabilizado Acros Organics com 90-110 ppm A0298632 de MEHQ Sigma Aldrich Chemistry Fluka - Os reagentes que se encontram estabilizados com MEHQ (monometil éter da hidroquinona) devem ser purificados de modo a remover este inibidor. O método de purificação de compostos orgânicos estabilizados consiste em fazer passar os mesmos por uma coluna constituída por algodão, alumina e lã de vidro, recolhendo no final da coluna a substância purificada. Para além dos compostos orgânicos mencionados anteriormente, também se usou o sal cloreto de sódio, que será utilizado para a preparação do meio de libertação, como será abordado posteriormente. Assim, na Tabela 2-2 encontra-se a informação de rotulagem do sal cloreto de sódio. Tabela 2-2 - Características de rotulagem do cloreto de sódio. 2.2 Sigla Nome Fórmula química Lote Laboratório NaCl Cloreto de sódio a 99,5% NaCl 0000285578 Panreac SUBSTÂNCIA ACTIVA A substância activa em foco no estudo da libertação controlada de fármacos em lentes de contacto foi o maleato de timolol. Este fármaco é utilizado na medicina, na especialidade de oftalmologia, para o tratamento da doença do glaucoma, como já foi referido anteriormente. O maleato de timolol é um bloqueador beta-adrenérgico não selectivo que actua reduzindo a produção de humor aquoso. Na sua forma pura é um pó cristalino branco, inodoro, solúvel em água, metanol e etanol. É um produto químico estável à temperatura ambiente, com a fórmula molecular na Figura 2-1. 26 , peso molecular de 432,50 e estrutura química apresentada Capítulo 2 Figura 2-1 – Estrutura química do maleato de timolol. (Adaptado de (Sharp, 2004)) Este medicamento está disponível sob a forma de solução oftálmica ou em gel oftálmico com as composições de 0,25 e 0,50% (Infarmeda, 2010). A substância activa em questão teve proveniências diferentes aquando da preparação das membranas poliméricas. Na Tabela 2-3 encontram-se as características de rotulagem do maleato de timolol utilizado em cada uma das membranas poliméricas. Tabela 2-3 - Informações de rotulagem do maleato de timolol usado. Nome Maleato de Timolol 2.3 Lote Validade Laboratório Membrana polímerica 90191189 Abril 2006 Cambrex HEMA|MAA 061K1290 - Sigma Aldrich HEMA|MMA Fórmula química EQUIPAMENTO O equipamento necessário para toda a actividade experimental apresenta-se na Tabela 2-4. Tabela 2-4 - Equipamento utilizado no decorrer da actividade experimental. Equipamento Marca Modelo Aparelho de pH Metrohm 691 pH meter Balança Mettler Toledo AG204 0,1 Banho termostatizado ISCO GTR 190 0,1 Bomba peristáltica Ismatec SA ISM054A - Craveira digital Helios 21001043 Espectrofotómetro Spectronic Unicam Helios Gamma Estufa Pselecta - 0,01 0,001 (Absorvância) - Placa de agitação IKA Labortechnik RH - Andreia Susana Gomes da Silva Precisão 0,01 27 MATERIAIS E MÉTODOS 2.4 PREPARAÇÃO DO MEIO DE LIBERTAÇÃO O meio de libertação utilizado foi uma solução aquosa de cloreto de sódio com uma concentração aproximada de 9 , conhecida vulgarmente como soro fisiológico. A escolha do meio de libertação recaiu pelo soro fisiológico, pelo facto de as lágrimas e o ambiente ocular possuírem uma composição semelhante. A solução de cloreto de sódio foi sempre preparada em quantidades de 2 uma concentração aproximada de 9 de solução, com . Assim, pesava-se cerca de 18,0905 de sódio e dissolvia-se em água destilada, perfazendo um volume de 2 posteriormente medido o de cloreto , sendo da solução. Para além de ter sido utilizada como meio de libertação, a solução aquosa de cloreto de sódio com uma concentração de 9 , também foi utilizada como solvente na preparação das soluções padrão para a obtenção da recta de calibração usada na quantificação do fármaco. 2.5 PROCESSO DE LIBERTAÇÃO CONTROLADA|INSTALAÇÃO EXPERIMENTAL O estudo da libertação controlada do maleato de timolol em lentes de contacto foi efectuado com monitorização contínua num sistema fechado. Uma amostra do meio onde ocorria a libertação do fármaco (sistema com o volume da solução constante) era recolhida e forçada a passar através de um espectrofotómetro, onde a absorvância da mesma era medida continuamente, como mostra a Figura 2-2. Figura 2-2 - Representação esquemática da instalação usada no estudo da libertação controlada do maleato de timolol em lentes de contacto. 28 Capítulo 2 A necessidade de simular o ambiente ocular levou a que o meio onde está a ser libertado o fármaco esteja à temperatura média do corpo humano de 37 37 . A temperatura de cerca de foi conseguida, usando um banho termostatizado que alimenta a camisa de aquecimento do frasco (com capacidade de 250 ) onde está a ocorrer a libertação. A água de aquecimento circula em sistema fechado entre a camisa de aquecimento e o banho termostatizado. A temperatura do meio de libertação foi medida com um termómetro de mercúrio. Para isso, a tampa roscada do frasco onde estava o meio de libertação era removida de forma a que as extremidades dos tubos de aspiração e descarga das amostras ficassem sempre submersas no meio, e era colocado o termómetro para efectuar a medição da temperatura. Durante o período de libertação do fármaco a leitura da temperatura foi feita 2 a 3 vezes. A placa de agitação tem como objectivo a agitação do meio, com auxílio de um magneto no interior do frasco onde ocorre a libertação, por forma a manter a homogeneidade da solução. A bomba peristáltica permite fazer a recirculação de uma amostra do meio de libertação através do espectrofotómetro. A amostra do meio de libertação entra pela extremidade inferior de uma célula de quartzo que está posicionada no interior do espectrofotómetro e sai pela sua extremidade superior, permitindo que a absorvância seja medida continuamente. O meio de libertação na Figura 2-2 está representado a azul claro e o sentido do deslocamento do fluido pelas setas a preto. Como o espectrofotómetro possui uma porta RS-232C optou-se por recolher o registo da absorvância através de um computador. Para isso, ligou-se o espectrofotómetro a um computador por via RS-232C e, com o auxílio do software do Windows Hyper Terminal, efectuou-se o registo da absorvância em intervalos de 15 minutos. No decorrer dos ensaios preliminares realizados verificou-se, por vezes, a existência de oscilações anormais da absorvância da amostra recolhida do meio de libertação que atravessava o percurso óptico da radiação no espectrofotómetro. No sentido de solucionar esta situação, houve a necessidade de acoplar ao espectrofotómetro um estabilizador de corrente, o que se revelou ser eficiente. Nos ensaios preliminares, a libertação controlada do maleato de timolol impregnado em lentes de contacto ocorreu em 100 Andreia Susana Gomes da Silva de soro fisiológico, ou seja, de solução aquosa de cloreto de 29 MATERIAIS E MÉTODOS sódio com concentração aproximada de 9 . Nestes ensaios, os valores máximos de absorvância registados situaram-se entre 0,030 e 0,040. Segundo Gonçalves (2001), a gama de valores de absorvância, na qual se obtêm medições com maior fiabilidade e menor probabilidade de erros de leitura é entre 0,20 e 0,85, pelo que os valores de absorvância obtidos nos ensaios preliminares encontravam-se muito abaixo do recomendado. Assim, optou-se por reduzir o volume do meio de libertação para 30 , com o objectivo de concentrar o meio de libertação em fármaco levando consequentemente ao aumento da absorvância lida. Com esta modificação, os valores máximos de absorvância passaram a estar compreendidos entre 0,250 e 0,300, que se encontram dentro da gama recomendada por Gonçalves (2001), pelo que a libertação controlada do fármaco passou a ser realizada em 30 de soro fisiológico. No decorrer dos ensaios preliminares estabeleceu-se que o tempo de libertação do fármaco impregnado em lentes de contacto fosse de 48 horas. Avaliando o comportamento da libertação do fármaco e sabendo que para a determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol só eram necessários os resultados experimentais recolhidos no início das experiências, optou-se por reduzir o tempo total de libertação para 24 horas. Assim, a libertação controlada do maleato de timolol incorporado em lentes de contacto foi monitorizada em 30 2.6 de soro fisiológico, durante um período total de 24 horas. MÉTODO DE QUANTIFICAÇÃO DO FÁRMACO A quantidade de fármaco efectivamente libertada pela matriz polimérica pode ser avaliada através da análise espectrofotométrica UV/VIS da solução de soro fisiológico onde as lentes de contacto (incorporadas com fármaco) estavam imersas. A quantificação do maleato de timolol na solução de soro fisiológico foi obtida usando a lei de Beer. Esta lei mostra que, para uma dada substância, e para um dado comprimento de onda, a absorvância é directamente proporcional à concentração da espécie absorvente, para a mesma espessura do percurso óptico, e proporcional à espessura do percurso óptico quando se fixa a concentração (Willard, 1979). Assim a lei de Beer pode ser traduzida pela Equação (2-1). 30 Capítulo 2 (2-1) onde é a absorvância ou densidade óptica, é a absortividade, é a espessura da célula e é a concentração da espécie absorvente no meio de libertação. O produto mantém-se constante para uma determinada espécie absorvente. Assim, para determinar este produto efectuou-se uma recta de calibração para o maleato de timolol, para posteriormente ser possível quantificar a concentração de fármaco no meio de libertação. Como a absorvância depende fortemente do comprimento de onda, o mesmo é escolhido de tal forma que a solução absorva a correspondente radiação e que essa absorção seja o mínimo possível afectada pela presença de substâncias interferentes ou variações na técnica. De forma a determinar o comprimento de onda ao qual se iria efectuar as leituras de absorvância, efectuou-se o espectro de absorvância de uma solução de maleato de timolol numa gama de comprimentos de onda entre 190 e 600 . O comprimento de onda escolhido foi o comprimento de onda no qual a solução absorveu mais energia radiante, designado vulgarmente por comprimento de onda máximo 2.7 . PREPARAÇÃO DAS MEMBRANAS POLIMÉRICAS As placas poliméricas foram obtidas por polimerização dos monómeros HEMA|MAA e HEMA|MMA, na proporção 97|3 , para ambas as composições (Carreira, 2008). As membranas poliméricas são consideradas copolímeros por apresentarem dois monómeros na sua constituição. Como iniciador do processo de polimerização foi utilizado o AIBN com uma massa correspondente a 0,25 % molar, em relação aos monómeros. No que respeita ao reticulante, foi usado o EGDMA com uma massa correspondente a 0,5 % molar, relativamente aos monómeros (Carreira, 2008). O método de preparação das soluções poliméricas consistiu em pesar todos os compostos num vial e em seguida promover a agitação da solução polimérica de forma a obter uma solução homogénea. Alcançada a solução homogénea injectaram-se as soluções nos moldes que permitiram obter as membranas poliméricas. O molde utilizado resultou da junção de dois vidros separados por uma membrana de silicone de 0,5 de espessura, tal como se apresenta no esquema da Figura 2-3. Andreia Susana Gomes da Silva 31 MATERIAIS E MÉTODOS Figura 2-3 - Representação esquemática do molde utilizado durante o processo de polimerização. Concluída a injecção da solução polimérica nos moldes descritos, estes foram colocados numa estufa a 60 durante 24 horas, de modo a ocorrer a reacção de polimerização. Ao fim das 24 horas de polimerização retiraram-se os moldes da estufa e procedeu-se à remoção das membranas poliméricas. Em seguida, colocaram-se as membranas em atmosfera húmida de modo a que estas ficassem maleáveis para serem cortadas em forma de discos, com cerca de 18 de diâmetro, por meio de um basador2. Os discos (lentes de contacto) foram colocados novamente na estufa a 60 por 24 horas e posteriormente foram guardados, em caixas de Petri, num exsicador contendo sílica-gel. De salientar que, tanto para as membranas HEMA|MAA como para as membranas HEMA|MMA, tomou-se como base 10 permitia introduzir cerca de 5 de solução polimérica. Como cada um dos moldes de solução polimérica, então os 10 de solução foram distribuídos por dois moldes. Na Tabela 2-5 são apresentadas as quantidades a pesar de todos os componentes para a obtenção das soluções poliméricas de HEMA|MAA e HEMA|MMA. 2 A atmosfera húmida foi obtida com o auxílio de água em ebulição dentro de um gobelé. Na extremidade superior do gobelé colocou-se uma rede que suportava as membranas poliméricas. 32 Capítulo 2 Tabela 2-5 - Quantidade de cada composto orgânico a pesar para a obtenção das membranas poliméricas, tendo como base 10 g de solução. Composto orgânico HEMA|MAA HEMA|MMA HEMA 9,7 9,7 MAA 0,3 - MMA - 0,3 AIBN 0,0320 0,0318 EGDMA 0,0773 0,0768 No caso de se ter como base 5 de solução, as quantidades de cada composto orgânico a utilizar na preparação das membranas poliméricas reduzem-se a metade, relativamente às quantidades apresentadas na Tabela 2-5. 2.8 MÉTODO DE IMPREGNAÇÃO DO FÁRMACO Os métodos para impregnar o maleato de timolol nas lentes de contacto podem ser variados. No decorrer da actividade experimental foram utilizados dois métodos diferentes de impregnação, considerados de execução simples. Os métodos utilizados foram: oclusão e soaking (Carreira, 2008). A impregnação de fármaco por oclusão consiste em colocar o fármaco na solução polimérica antes da reacção de polimerização. Assim, o fármaco fica retido no interior da matriz polimérica (Gulsen, et al., 2004). O outro método de impregnação surge da imersão de lentes de contacto numa solução concentrada de fármaco em soro fisiológico. As lentes secas ao estarem em contacto com a solução absorvem a solução que contém o fármaco. Este método de impregnação é conhecido como soaking. A quantidade de fármaco utilizada nas membranas impregnadas com fármaco por oclusão, tanto nas de HEMA|MAA como nas de HEMA|MMA, teve em consideração a base escolhida para a preparação das mesmas. Assim, para uma base de 10 misturou-se uma quantidade conhecida (cerca de 20 de solução polimérica ) de maleato de timolol. As lentes de contacto impregnadas com fármaco por soaking foram obtidas a partir da imersão das lentes secas, individualmente, numa solução de maleato de timolol em soro Andreia Susana Gomes da Silva 33 MATERIAIS E MÉTODOS fisiológico com uma concentração conhecida (cerca de 1 ), durante uma semana. Terminada a semana de imersão das lentes, as mesmas foram secas a 60 por 24 horas. A concentração inicial da solução de maleato de timolol onde foram imersas as lentes secas foi determinada espectrofotometricamente. Ao fim de um período de 48 horas de imersão das lentes era retirada uma amostra da solução para a determinação da concentração do maleato de timolol por via espectrofotométrica. Terminado o período de imersão das lentes para absorção da solução de maleato de timolol, foi determinada a concentração da solução final. Conhecendo o volume da solução de maleato de timolol e as concentrações no início e no final da experiência, determina-se a massa de maleato de timolol presente nos dois instantes da experiência, e, por diferença, obtém-se a massa de fármaco que a lente absorveu. 2.9 MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DIFUSÃO E DO PARÂMETRO N O coeficiente de difusão do fármaco na matriz polimérica foi determinado admitindo um comportamento Fickiano para a libertação do maleato de timolol a partir das lentes de contacto. Assim, este coeficiente foi obtido por aplicação da Equação (1-28). Para obter o coeficiente de difusão do maleato de timolol representou-se, então, graficamente versus . A aplicação da Equação (1-28) apenas é válida para valores de tempo reduzidos, pois só nesta gama é que a representação gráfica apresenta comportamento linear. Usando o método dos mínimos quadrados determina-se o declive da recta ( ) que melhor se ajusta aos resultados experimentais e posteriormente calcula-se o coeficiente de difusão ( ) pela Equação (2-2). (2-2) em que é a espessura total da matriz polimérica. De modo a verificar a aplicabilidade do comportamento Fickiano durante a libertação do maleato de timolol, procedeu-se à determinação do parâmetro Korsmeyer e Peppas em 1981 (Equação (1-31)). 34 do modelo proposto por Capítulo 2 O valor do parâmetro gráfica de foi obtido pelo ajuste dos resultados experimentais na representação versus , a uma recta, segundo o método dos mínimos quadrados. 2.10 MÉTODO DA PREVISÃO TEÓRICA DO PROCESSO DE LIBERTAÇÃO A relação que permite determinar a fracção de fármaco (em massa) que teoricamente é libertada é obtida pela Equação (1-26), apresentada no Capítulo 1. Esta relação surge da resolução da equação que traduz a segunda lei de Fick com as condições inicial e fronteira consideradas na subsecção 1.9. Com o objectivo de obter a evolução da fracção de fármaco libertado de libertação com o tempo , a Equação (1-26) foi resolvida para diferentes instantes de tempo, com o valor do coeficiente de difusão obtido pelo método descrito em 2.9. É de realçar que, como o coeficiente de difusão é obtido através da Equação (1-28), válida para tempos de libertação pequenos, e que não é mais do que o limite da Equação (1-26) quando os valores obtidos teórica e experimentalmente para , é de esperar que sejam muito próximos, pelo menos, no início das experiências. Pela análise da Equação (1-26) denota-se que, o somatório nesta equação é constituído por um número infinito de termos, pelo que, terá de ser truncado para um determinado valor de suficientemente grande. Em cálculos preliminares de igual a 100 e igual a 1000 e, constatou-se que o valor daquela fracção não variava. Assim, para a determinação do valor teórico de para , truncou-se o somatório para truncou-se o somatório da Equação (1-26) igual a 100. Andreia Susana Gomes da Silva 35 Capítulo 3 Tratamento de Resultados e Discussão Capítulo 3 3 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 CARACTERÍSTICAS DA SOLUÇÃO DE SORO FISIOLÓGICO Durante o trabalho experimental foi necessário preparar várias soluções de soro fisiológico que constituíram o meio de libertação do fármaco. Na Tabela 3-1 encontram-se as quantidades pesadas de cloreto de sódio para preparar 2 de solução, a respectiva concentração, assim como os erros associados e o valor de pH. Tabela 3-1 - Quantidades pesadas de cloreto de sódio, concentração e pH das soluções de soro fisiológico preparadas no decorrer da actividade experimental. Massa de NaCl ( ) 18,0911 Concentração Concentraçãomédia 9,046 0,525 6,43 18,0917 9,046 0,525 6,04 18,0919 9,046 0,525 6,87 18,0803 9,040 0,525 18,0927 9,046 0,525 6,57 18,0913 9,046 0,525 6,77 18,0906 9,045 0,525 6,07 9,045 0,002 pH 6,99 pHmédio 6,53 0,35 Associado ao valor médio da concentração das soluções de cloreto de sódio preparadas, apresentado também na Tabela 3-1, encontra-se a amplitude para estabelecer o intervalo que contém, com 95 % de confiança, o valor esperado para a concentração. O mesmo tipo de informação encontra-se associado ao valor médio do pH das soluções de cloreto de sódio preparadas. Os intervalos de confiança para a concentração da solução aquosa de cloreto de sódio e para o seu pH foram obtidos segundo o tratamento estatístico explicado no Anexo A1. No que respeita à concentração de cada uma das soluções de cloreto de sódio, os erros padrão foram obtidos segundo o método de cálculo apresentado no Anexo A2. 3.2 DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO DE ONDA MÁXIMO Sendo o fármaco usado neste estudo, o maleato de timolol, um composto susceptível de ser quantificado espectrofotometricamente, efectuaram-se espectros de absorção de duas soluções de maleato de timolol com concentrações diferentes e do solvente utilizado (solução aquosa Andreia Susana Gomes da Silva 39 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO com cloreto de sódio a 9 ), com vista a identificar o comprimento de onda para o qual a absorvância apresenta um valor máximo . Como o fármaco usado teve origens diferentes (ver Tabela 2-3) a determinação do comprimento de onda máximo foi realizada duas vezes. Na Figura 3-1 e na Figura 3-2, estão representados os espectros de absorvância obtidos. 3,0 292 nm λmáx 2,0 293 nm λmáx sol. de MT+ concentrada sol. de MT concentrada 1,0 Aborvância Aborvância 3,0 sol. de MT + concentrada 2,0 sol. de MT concentrada 1,0 NaCl 9 mg/mL 0,0 NaCl 9 mg/mL 0,0 200 250 300 350 400 λ (nm) Figura 3-1 - Espectro de absorvância de duas soluções de maleato de timolol (MT) com concentrações diferentes (utilizado nas membranas HEMA|MAA) e de uma solução aquosa de NaCl com concentração de 9 mg/mL. 200 250 300 350 400 λ (nm) Figura 3-2 - Espectro de absorvância de uma solução de maleato de timolol (MT) com concentrações diferentes (utilizado nas membranas HEMA|MMA) e de uma solução aquosa de NaCl com concentração de 9 mg/mL. Pela análise dos espectros de absorvância verificou-se que o comprimento de onda máximo para o maleato de timolol utilizado nas membranas HEMA|MAA era de 292 usado nas membranas HEMA|MMA era de 293 e para que o . Também se constata pela observação dos espectros, que o solvente usado não afecta a quantificação do fármaco aos comprimentos de onda mencionados, pois o valor da sua absorvância para o comprimento de onda máximo é desprezável (sempre inferior a 0,026). De notar que, para fármacos provenientes de fornecedores diferentes, obteve-se um comprimento de onda máximo diferente, embora a diferença entre os dois valores não seja muito significativa (inferior a 0,34 %). 40 Capítulo 3 3.3 ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DO FÁRMACO As membranas poliméricas incorporadas com maleato de timolol por oclusão sofrem o seu processo de polimerização a 60 durante 24 horas. Com vista a verificar se o tratamento térmico durante a preparação das membranas seria responsável pela degradação do fármaco, foi realizado um pequeno estudo adicional. Assim, preparou-se uma solução de maleato de timolol em soro fisiológico, com cerca de 0,07 24 horas a 60 , e colocou-se numa estufa durante . Durante as 24 horas foram retiradas amostras para obter espectros de absorvância e verificar se estes eram alterados durante o tratamento térmico e, assim, constatar se o fármaco se degrada, ou não, com a temperatura. Na Figura 3-3 apresenta-se o registo dos espectros de absorvância obtidos. Absorvância 2,0 1,0 0,0 220 0h 3h 270 8h 24h 320 370 λ (nm) Figura 3-3 - Espectros de absorvância da solução de maleato de timolol (0,07 mg/mL) à temperatura de 60 °C, para diferentes períodos de tempo. Pela observação do gráfico da Figura 3-3, verifica-se que os espectros de absorvância do fármaco são semelhantes com o decorrer do tempo, o que indica que o fármaco não se degrada durante o processo de polimerização das membranas, pelo que o maleato de timolol é passível de ser impregnado por oclusão nas membranas poliméricas com as condições utilizadas na polimerização. 3.4 RECTA DE CALIBRAÇÃO PARA A QUANTIFICAÇÃO DO FÁRMACO A utilização de fármacos provenientes de fornecedores diferentes, levou, também, à execução de duas rectas de calibração. Para isso, prepararam-se várias soluções de maleato de timolol Andreia Susana Gomes da Silva 41 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO com concentrações diferentes conhecidas (soluções padrão) e procedeu-se à leitura das suas absorvâncias ao comprimento de onda máximo de 292 e 293 , para o maleato de timolol usado nas lentes de HEMA|MAA e HEMA|MMA, respectivamente (ver Figura 3-4 e Figura 3-5). O valor das concentrações das soluções padrão preparadas, assim como a incerteza associada, e as correspondentes absorvâncias encontram-se no Anexo B1. 1,2 y = 19,124x - 0,001 R² = 1 Absorvância Absorvância 1,2 0,8 0,4 0,0 y = 21,655x + 0,008 R² = 0,9999 0,8 0,4 0,0 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0 Concentração maleato de timolol (mg/mL) 0,02 0,04 0,06 Concentração maleato de timolol (mg/mL) Figura 3-4 - Recta de calibração para o maleato de timolol usado nas membranas HEMA|MAA (λmáx = 292 nm). Figura 3-5 - Recta de calibração para o maleato de timolol usado nas membranas HEMA|MMA (λmáx = 293 nm). É de grande importância avaliar os erros de que vêm afectados o declive e a ordenada na origem das rectas de calibração obtidas pelo método dos mínimos quadrados. Por este motivo, foram determinados os respectivos erros de acordo com o procedimento apresentado no Anexo A3. Os valores obtidos dessa análise estão indicados na Tabela 3-2. Tabela 3-2 - Valores dos declives e ordenadas na origem das rectas de calibração e seus erros associados. Declive ( ) Ordenada na origem 3.5 CARACTERÍSTICAS DAS HEMA|MAA HEMA|MAA 19,124 0,073 21,655 0,145 -0,001 0,002 0,008 0,003 MEMBRANAS POLIMÉRICAS DE HEMA|MAA E DE HEMA|MMA As quantidades utilizadas de todos os compostos orgânicos na preparação das membranas poliméricas de HEMA|MAA e HEMA|MMA encontram-se na Tabela 3-3. Tendo em 42 Capítulo 3 consideração os métodos de impregnação explicados anteriormente (ver subsecção 2.8) foi necessário preparar membranas sem fármaco (designadas por brancas) e com fármaco (oclusão). Tabela 3-3 - Massa dos compostos orgânicos usados na preparação das membranas poliméricas de HEMA|MAA e HEMA|MMA. Composto Membranas HEMA|MAA Membranas HEMA|MMA Brancas Brancas Oclusão Oclusão Base 10 10 10 5 HEMA 9,7133 9,7036 9,7002 4,8578 MAA 0,3021 0,3002 MMA - 0,3044 0,1512 AIBN 0,0321 0,0319 0,0318 0,0163 EGDMA 0,0776 0,0787 0,0785 0,0405 Quando as membranas poliméricas foram retiradas dos respectivos moldes, procedeu-se à sua pesagem antes de serem cortadas para constituírem as lentes a usar nas experiências. Após o corte das membranas em discos e secagem dos mesmos, o conjunto das lentes de contacto obtidas foi pesado. Os valores das pesagens efectuadas encontram-se na Tabela 3-4. Tabela 3-4 - Massa das membranas poliméricas e das respectivas lentes de contacto cortadas. Brancas Oclusão HEMA|MAA Membrana Lentes de polimérica ( ) contacto ( ) 8369,0 4542,1 7192,5 3929,8 HEMA|MMA Membrana Lentes de polimérica ( ) contacto ( ) 8269,9 4927,6 4070,9 2424,5 Com o objectivo de caracterizar as lentes de contacto obtidas, estas foram pesadas individualmente e mediu-se o diâmetro e a espessura de cada lente. É de referir que, para cada lente, foram realizadas quatro medidas do diâmetro e da espessura, de forma a minimizar os erros associados a estas medidas. Para ter uma noção da reprodutibilidade das medições efectuadas procedeu-se a um tratamento estatístico (ver Anexo A1) das medidas realizadas, cujos valores se encontram no Andreia Susana Gomes da Silva 43 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO Anexo B2. Na Tabela 3-5 encontram-se os valores médios das medidas efectuadas com os limites de confiança associados (grau de confiança de 95 %). Tabela 3-5 - Massa, diâmetro e espessura médias das lentes de contacto com as composições HEMA|MAA e HEMA|MMA. Lentes de contacto HEMA|MAA Brancas Oclusão Massa Diâmetro Espessura Massa Diâmetro Espessura ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) 137,0 3,0 16,83 0,10 0,52 0,01 151,1 2,5 17,28 0,11 0,53 0,02 HEMA|MMA 134,3 3,2 16,96 0,13 0,49 0,01 127,8 5,1 17,08 0,20 0,47 0,01 As membranas poliméricas com fármaco por oclusão foram impregnadas com uma quantidade conhecida de maleato de timolol que se apresenta na Tabela 3-6. Sabendo a quantidade de fármaco retido nas membranas por oclusão e, admitindo que este está distribuído uniformemente em toda a membrana, é possível obter uma estimativa da quantidade de fármaco impregnada em cada uma das lentes obtidas da membrana polimérica. A estimativa efectuada está patente na Tabela 3-6 para os dois tipos de lentes (HEMA|MAA e HEMA|MMA). Tabela 3-6 - Massa de fármaco inserido nas membranas poliméricas por oclusão e respectiva massa de fármaco por lente e por massa de lente. Massa de fármaco na membrana polimérica ( Massa de fármaco por lente ( HEMA|MAA HEMA|MMA 20,7 10,0 0,435 0,314 2,878 2,456 ) ) Massa de fármaco por massa de lente Para a obtenção das lentes com fármaco incorporado por soaking, tal como foi explicado na subsecção 2.8, foram mergulhadas, individualmente, lentes brancas (10 unidades) com as duas composições (HEMA|MAA e HEMA|MMA) em 5 em cloreto de sódio com cerca de 1 de uma solução de maleato de timolol , durante 7 dias. Carreira (2008) estudou a influência do tempo de soaking na impregnação de fármacos em lentes de contacto, tendo chegado à conclusão que para um período de tempo de 4 dias, as lentes de contacto absorviam maior quantidade de fármaco quando comparando com os 44 Capítulo 3 resultados obtidos para 2 dias de soaking. Como no decorrer desta investigação o tempo de soaking não foi uma variável a estudar, optou-se por escolher um tempo suficientemente longo de modo a que as lentes de contacto absorvessem o máximo possível de maleato de timolol. Periodicamente era recolhida uma amostra (0,5 ) da solução para determinar a sua concentração em maleato de timolol por espectrofotometria. Como a absorvância da amostra retirada não se encontrava dentro dos limites para os quais a recta de calibração é válida, teve de proceder-se a uma diluição da amostra de 1:50. Por se efectuar a diluição à amostra retirada, a mesma não era devolvida à solução. A redução do volume da solução foi tida em conta para efeitos de cálculo da massa de maleato de timolol que cada lente absorveu. A variação da massa de maleato de timolol na solução ao longo do tempo e a massa absorvida, por cada lente de contacto, com as composições HEMA|MAA e HEMA|MMA, é apresentada na Tabela 3-7. Tabela 3-7 - Variação da massa de maleato de timolol durante a impregnação do fármaco nas lentes de contacto HEMA|MAA e HEMA|MMA e respectivas massas absorvidas pelas lentes. HEMA|MAA Massa de Maleato de Massa Timolol na solução ( ) absorvida ( ) 0 48 168 HEMA|MMA Massa de Maleato de Massa Timolol na solução ( ) absorvida ( ) 0 48 168 1 5,690 5,333 4,709 0,981 4,721 4,494 3,989 0,732 2 5,572 5,154 4,725 0,847 4,717 4,463 4,023 0,693 3 5,764 5,315 4,749 1,016 4,736 4,420 4,013 0,723 4 5,782 5,254 4,729 1,053 4,732 4,444 3,989 0,743 5 5,721 5,416 4,690 1,031 4,732 4,313 3,992 0,740 Lente De acordo com a informação apresentada na Tabela 3-7 e efectuando um tratamento estatístico aos resultados obtidos para a massa de maleato de timolol que cada lente de contacto absorveu, constata-se que as lentes de contacto com a composição HEMA|MAA possuem 7,194 0,553 e, por sua vez, as lentes de contacto com a composição HEMA|MMA contêm 5,409 0,186 de maleato de timolol Andreia Susana Gomes da Silva de lente. 45 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO A principal diferença existente entre as lentes de contacto de composição HEMA|MAA e HEMA|MMA tem a ver com a capacidade de repelir água. Sabe-se que o composto MMA é considerado uma substância hidrofóbica e, por outro lado, o composto MAA é hidrofílico, pelo que as lentes de contacto com composição HEMA|MAA terão maior afinidade com o solvente (a água) e, portanto, mais facilmente absorverão o fármaco em solução (Lorenzo, et al., 2002). 3.6 LIBERTAÇÃO CONTROLADA DE FÁRMACO Como foi referido anteriormente, em ensaios preliminares o estudo da libertação do fármaco a partir de lentes de contacto foi realizado durante um período de 48 horas. No decorrer das 48 horas de libertação do fármaco a absorvância de amostras do meio de libertação, que percorriam a célula de quartzo no interior do espectrofotómetro, foi registada em períodos de 15 minutos. A recta de calibração, que relaciona a absorvância com a concentração do maleato de timolol em solução, foi usada para determinar as respectivas concentrações e representou-se a evolução da concentração do fármaco no meio de libertação com o tempo na Figura 3-6, para duas lentes de contacto com composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. Concentração (mg/mL) 0,016 0,012 0,008 0,004 Lente 1 Lente 2 0,000 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 Tempo (h) Figura 3-6 - Perfil de libertação do maleato de timolol para as lentes 1 e 2 com a composição HEMA|MAA impregnadas com o fármaco por oclusão. O perfil de libertação do maleato de timolol apresentado na Figura 3-6 mostra que a concentração do fármaco no meio de libertação tende a aumentar de forma acentuada até às 5 horas de libertação, sendo a partir deste instante de tempo, o aumento da concentração menos significativo, até se atingir um valor de concentração máximo que permanece constante. 46 Capítulo 3 O conhecimento da fracção de fármaco que é libertado, relativamente à quantidade de fármaco incorporada inicialmente nas lentes de contacto, ao longo do tempo também é de grande importância, pois a partir da sua representação gráfica é perceptível se as lentes libertaram todo o fármaco que continham inicialmente. A massa de fármaco libertado a partir das lentes de contacto é de fácil determinação, pois conhece-se a concentração do maleato de timolol em solução a cada 15 minutos e também o volume do meio de libertação que é constante (30 ). Como já é conhecida a massa de fármaco que cada lente possui pelos dois métodos de impregnação (ver Tabela 3-6 e Tabela 3-7), facilmente se obtém a fracção de fármaco libertado relativamente à quantidade inicial existente em cada lente. Na Figura 3-7 encontra-se representada a fracção do maleato de timolol libertado para um período de 48 horas e para duas lentes de contacto com composição HEMA|MAA incorporadas com fármaco por oclusão. Fracção de fármaco libertado 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 24 horas 48 horas 0,0 0,0 10,0 20,0 30,0 Tempo (h) 40,0 Lente 1 Lente 2 Figura 3-7 - Fracção de fármaco libertado em função do tempo para duas lentes HEMA|MAA, onde o maleato de timolol foi incorporado por oclusão. Pela análise do gráfico da Figura 3-7 denota-se que a percentagem de fármaco libertado ao fim de 48 horas a partir da lente 1 é de 95,7% e da lente 2 é de 97,1%. Estes valores permitem concluir que, ao fim de 48 horas de operação, se libertou grande parte do fármaco existente no interior da lente de contacto. Por outro lado, pela análise ainda da Figura 3-7, constata-se que, após 24 horas de libertação, a percentagem de fármaco libertado foi de 92,8% e de 95,3% a partir da lente 1 e da lente 2, respectivamente. Comparando estes valores com os obtidos ao fim de 48 horas de libertação, Andreia Susana Gomes da Silva 47 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO conclui-se que as variações são pouco significativas (diferença de 2,9% para a lente 1 e 1,8% para a lente 2), o que indica que nas últimas 24 horas de experiência a quantidade de fármaco libertada é muito pequena. Por esta razão, optou-se por reduzir o tempo de libertação nas experiências para 24 horas. A redução do tempo de libertação não afectará a determinação dos coeficientes de difusão do maleato de timolol na membrana polimérica, pois estes serão determinados a partir da informação recolhida no início da libertação. Para além das experiências de libertação do maleato de timolol a partir de lentes de contacto impregnadas com o fármaco pelas duas vias de impregnação (oclusão e soaking), também se efectuaram experiências com a duração de 24 horas com lentes brancas (lentes sem fármaco). Este tipo de ensaio foi realizado com o intuito de verificar se com lentes brancas e, portanto, na ausência de fármaco, a absorvância do meio onde ocorre a libertação se mantinha constante, para garantir que este não interfere na absorvância lida durante a libertação do fármaco a partir das lentes. Na Figura 3-8 apresenta-se a absorvância lida no meio de libertação ao longo do tempo em ensaios realizados com lentes brancas (sem fármaco) e com lentes com fármaco adicionado por oclusão e soaking. Absorvância 0,30 0,20 Lente | Branca Lente | Oclusão 0,10 Lente | Soaking 0,00 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 Tempo (h) Figura 3-8 - Evolução da absorvância do meio de libertação com o tempo (para λmáx = 292 nm) para ensaios com lentes brancas e lentes com fármaco incorporado por oclusão e soaking (composição das lentes HEMA|MAA). Observando o gráfico da Figura 3-8 verifica-se que a absorvância da solução onde a lente branca está imersa tende aumentar até cerca de 0,017 ao fim de 16,5 horas, mantendo-se depois o valor aproximadamente constante. Um dos possíveis factores que pode explicar este 48 Capítulo 3 pequeno aumento da absorvância do meio, quando se usam lentes brancas, será a dissolução de pequenas quantidades de monómero que não reagiram durante a polimerização. A absorvância da solução onde as lentes com fármaco estão imersas atinge um valor máximo de 0,256, quando o maleato de timolol foi adicionado por oclusão e de 0,284 quando aquele foi incorporado por soaking. De salientar que, no início do processo de libertação era sempre efectuado o autozero no espectrofotómetro, de modo a que a absorvância do meio de libertação não interfira na quantificação do fármaco. Embora, como foi referido anteriormente, se detecte um pequeno aumento da absorvância da solução onde as lentes brancas estão imersas considerou-se que este aumento não interferia na leitura da absorvância das soluções onde as lentes com fármaco, obtidas por oclusão e soaking do maleato de timolol, estão imersas. 3.7 DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DIFUSÃO O modelo usado para o cálculo do coeficiente de difusão centrou-se na suposição de comportamento Fickiano para a difusão do fármaco do interior das lentes de contacto para o meio de libertação, tal como foi apresentado na subsecção 2.9. Em seguida ir-se-á apresentar os coeficientes de difusão obtidos para os dois tipos de impregnação do fármaco nas lentes de contacto e para os dois tipos de lentes preparadas (HEMA|MAA e HEMA|MMA). De salientar que, todas as representações gráficas que evidenciam o ajuste linear, para os períodos iniciais de libertação do fármaco, à curva versus para cada lente se encontra no Anexo B3. É de referir que, as experiências realizadas para a determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol foram feitas com 5 lentes semelhantes, nas mesmas condições de libertação, para verificar a reprodutibilidade dos resultados obtidos. 3.7.1 3.7.1.1 LENTES DE CONTACTO IMPREGNADAS COM FÁRMACO POR OCLUSÃO LENTES DE CONTACTO DE COMPOSIÇÃO HEMA|MAA Com o objectivo de determinar o coeficiente de difusão, e tal como foi descrito em 2.9, representa-se na Figura 3-9 a fracção de fármaco libertado em função da raiz quadrada do tempo, para as 24 horas de duração das experiências de libertação efectuadas com as lentes Andreia Susana Gomes da Silva 49 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO com composição HEMA|MAA, onde o fármaco foi incorporado por oclusão. É de salientar que, nesta representação corresponde à quantidade de fármaco libertado ao fim de um período de tempo suficientemente grande, a tender para infinito, e que, no presente estudo, foi considerado como sendo a quantidade de fármaco libertado ao fim de 24 horas. 1,0 5 horas M/M∞ 0,8 0,6 Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 0,4 0,2 0,0 0 100 200 t1/2 (s1/2) Figura 3-9 - M/M∞ versus t1/2 para 5 lentes HEMA|MAA diferentes onde o fármaco foi incorporado por oclusão (M ∞ igual à massa libertada ao fim de 24 horas). Por observação da representação gráfica da Figura 3-9, obtida para as experiências realizadas com as 5 lentes semelhantes nas mesmas condições de libertação do fármaco, pode-se notar que existe reprodutibilidade entre as experiências, pois as curvas versus apresentam-se praticamente sobrepostas. Como seria de esperar, para tempos relativamente pequenos, a evolução de com apresenta um comportamento linear, tal como se pode constatar no gráfico da Figura 3-9. Segundo alguns autores (Ali (2007), Almeida et al. (2007), García et al. (2004)), a Equação (1-28) só pode ser aplicada até valores de igual a 0,65 ou 0,50. No presente estudo, e de acordo com os resultados experimentais apresentados no gráfico anterior, 0,65 corresponde a aproximadamente 5 horas de libertação (21 % do tempo total) e as curvas não apresentam um comportamento linear durante esse período de tempo (ver Figura 3-9). Como o coeficiente de difusão é obtido pelo declive da recta tangente à curva versus , para tempos de libertação curtos, optou-se por efectuar uma análise de sensibilidade ao declive. Assim, fez-se um ajuste aos resultados experimentais onde visualmente a evolução versus 50 é linear e, também, foram ajustados os resultados correspondentes a 4 e Capítulo 3 9 % do tempo total decorrido durante a libertação do fármaco, para verificar qual a interferência do período de tempo considerado no declive obtido. Na Tabela 3-8 encontra-se o declive da recta que melhor se ajusta à curva versus nos três períodos de tempo considerados para as 5 lentes de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. Nesta tabela também se encontram os erros associados ao declive. As respectivas rectas que originaram os declives onde visualmente a evolução versus é linear apresentam-se no Anexo B3.1. Tabela 3-8 – Declive da recta ajustada à curva M t/M∞ versus t1/2, para três períodos de tempo diferentes, para as 5 lentes de contacto HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. Período Declive e versus ( ) de Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 tempo Visual 0,0070 0,0006 0,0072 0,0005 0,0069 0,0008 0,0069 0,0005 0,0053 0,0002 4 % do 0,0069 0,0021 0,0072 0,0014 0,0079 0,0008 0,0072 0,0015 0,0058 0,0016 total 9 % do 0,0070 0,0006 0,0071 0,0005 0,0067 0,0008 0,0069 0,0005 0,0054 0,0004 total Analisando a Tabela 3-8 constata-se que os declives das rectas ajustadas à curva versus que foram obtidos com os diferentes períodos de tempo considerados, para as 5 lentes HEMA|MAA com fármaco impregnado por oclusão, não diferem significativamente uns dos outros. É de realçar que, os períodos de tempo assumidos por inspecção visual do comportamento linear das curvas se encontram no intervalo de 8 a 15 % do tempo total da experiência, o que correspondeu em média a um valor de de aproximadamente 0,59. Pela observação da Tabela 3-8 verifica-se que embora os declives obtidos sejam próximos para os diferentes períodos de tempo considerados, os erros associados ao declive calculado com menor número de pontos experimentais aumentam consideravelmente para todas as lentes, excepto para a lente 3. Tendo em conta esta análise apresentada de sensibilidade do declive, optou-se por usar o declive da recta que melhor se ajusta à curva versus para o período de tempo onde visualmente esta apresenta um comportamento linear, para determinar os coeficientes de difusão. Na Tabela 3-9 apresentam-se os coeficientes de difusão do maleato de timolol para as 5 lentes HEMA|MAA, incorporadas com fármaco por oclusão, com os respectivos erros associados. Andreia Susana Gomes da Silva 51 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 3-9 - Coeficientes de difusão do maleato de timolol paras as 5 lentes de contacto HEMA|MAA incorporadas com fármaco por oclusão e respectivos erros associados. Coeficiente de difusão 1012 Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 2,68 0,22 2,82 0,18 2,61 0,27 2,58 0,18 1,55 0,08 Da Tabela 3-9 verifica-se que os coeficientes de difusão se aproximam nas primeiras quatro lentes e a lente 5 apresenta um coeficiente de difusão mais baixo, pelo que se deve decidir quanto à sua rejeição. Para isso aplicou-se um método para identificar outliers baseado na distância interquartis, que se encontra explicado no Anexo A4. Na Figura 3-10 está representado o diagrama de extremos e quartis, que inclui a mediana, o 1º e 3º quartil e as barreiras de outliers, e ilustra de forma clara a dispersão dos resultados obtidos; 50 % dos valores são inferiores a 2,61 10-12 e 75 % são inferiores a 2,68 10-12 , 25 % são inferiores a 2,58 10-12 . O valor do coeficiente obtido para a lente 5 encontra-se fora do intervalo definido pelas barreiras de outliers, pelo que se trata de um valor Coeficiente de difusão x 1012 (m2/s) discordante e será rejeitado. 3,2 2,8 2,4 2,0 1,6 1,2 0,8 HEMA|MAA oclusão Figura 3-10 - Diagrama de extremos e quartis incluindo as barreiras de outliers para os coeficientes de difusão obtidos com as lentes HEMA|MAA impregnadas com o fármaco por oclusão. Os valores dos coeficientes de difusão do maleato de timolol considerados válidos estão, agora, representados sob uma forma gráfica na Figura 3-11. Nesta representação gráfica também se encontram os erros associados ao cálculo do coeficiente de difusão do fármaco, bem como, o seu valor médio e erro padrão. 52 Coeficiente de difusão (D) x 1012 (m2/s) Capítulo 3 3,0 2,0 1,0 Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Média 2,67x10-12 0,0 Figura 3-11 - Representação gráfica dos valores do coeficiente de difusão do maleato de timolol em 4 lentes de composição HEMA|MAA, com fármaco incorporado por oclusão, e do valor médio correspondente com os respectivos erros associados. O valor médio obtido para o coeficiente de difusão é de 2,67 10-12 0,17 10-12 e o erro padrão é de , pelo que o valor médio tem 95 % de probabilidade de se encontrar no intervalo com limites 2,50 10-12 e 2,84 10-12 . A diferença máxima entre os valores é de 9,0 %, relativamente ao valor médio. Quando se compara os coeficientes de difusão correspondentes às lentes com o fármaco adicionado por oclusão, intrinsecamente admite-se que, quando as membranas poliméricas foram preparadas, o fármaco ficou distribuído uniformemente por toda a placa, o que na prática pode não ter acontecido. Este poderá ser um factor que explique a diferença entre os valores dos coeficientes de difusão obtidos para as 5 lentes. No estudo apresentado por Fonseca (2003) foram determinados coeficientes de difusão para o maleato de timolol incorporado por oclusão em hidrogéis de gelatina com diversos reticulantes. Este estudo refere coeficientes de difusão na ordem de 0,56 10-12 1,11 10-12 a . Embora não se possa comparar directamente o coeficiente de difusão obtido experimentalmente neste estudo com o determinado por Fonseca (2003), pois a membrana onde ocorre a difusão é diferente, pode-se afirmar que os coeficientes apresentam a mesma ordem de grandeza. García et al. (2004) no seu estudo determinou o coeficiente de difusão para o maleato de timolol impregnado por soaking numa membrana polimérica composta por HEMA, tendo Andreia Susana Gomes da Silva 53 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO chegado ao valor de (5,30 0,02) 10-12 . Mais uma vez não se pode comparar directamente os coeficientes de difusão obtidos com os indicados por García et al. (2004) devido às diferentes composições da membrana polimérica, condições usadas durante a polimerização e impregnação do fármaco, mas pode-se afirmar também, que estão dentro da mesma ordem de grandeza. 3.7.1.2 LENTES DE CONTACTO DE COMPOSIÇÃO HEMA|MMA Sendo um dos objectivos deste estudo avaliar o coeficiente de difusão do maleato de timolol, adicionado pelo mesmo método de impregnação, em lentes de contacto com diferentes composições, na Figura 3-12 apresenta-se, agora, a fracção de maleato de timolol libertado em função da raiz quadrada do tempo de libertação para as lentes de contacto com composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. 1,0 M/M∞ 0,8 0,6 Lente 1 Lente 2 0,4 Lente 3 Lente 4 0,2 Lente 5 0,0 0 50 100 150 200 250 300 t1/2 (s1/2) Figura 3-12 - M/M∞ versus t1/2 para 5 lentes HEMA|MMA diferentes onde o fármaco foi incorporado por oclusão No gráfico da Figura 3-12, tal como se verificou na Figura 3-9, a evolução da curva versus apresenta comportamento linear para períodos de tempo reduzidos. Assim, para cada uma das 5 lentes foi efectuado um ajuste aos resultados experimentais onde visualmente a evolução versus é linear. Na Tabela 3-10 encontra-se o declive obtido pelo método dos mínimos quadrados, bem como os coeficientes de difusão do fármaco para as 5 lentes de contacto HEMA|MMA impregnadas com maleato de timolol por oclusão e respectivos erros associados. 54 Capítulo 3 Tabela 3-10 - Declive da recta obtida pela representação gráfica M t/M∞ versus t1/2, coeficientes de difusão do fármaco e respectivos erros associados para as lentes de contacto HEMA|MMA impregnadas com maleato de timolol por oclusão. Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 Declive 0,0072 0,0007 0,0069 0,0006 0,0084 0,0009 0,0066 0,0006 0,0074 0,0007 ( ) D 1012 2,18 0,19 2,05 0,16 3,00 0,26 1,85 0,16 2,35 0,19 O período de tempo que permitiu obter o ajuste da recta que melhor se adequou aos resultados experimentais ficou compreendido entre os 7 e 10 % das 24 horas totais de libertação, o que correspondeu, em média, a um valor de Os períodos de tempo para o qual a curva de aproximadamente 0,62. versus apresenta comportamento linear para as lentes de contacto impregnadas com fármaco por oclusão com a composição HEMA|MMA são semelhantes aos obtidos para lentes de contacto com mesmo tipo impregnação e composição HEMA|MAA. Relativamente aos valores de quais as curvas versus , para os apresentam comportamento linear estão de acordo com os dados bibliográficos indicados por Ali (2007), Almeida et al. (2007) e García et al. (2004), tanto para as lentes de contacto de composição HEMA|MAA e HEMA|MMA, ambas incorporadas com fármaco por oclusão. Os valores dos coeficientes de difusão obtidos para as 5 lentes HEMA|MMA com fármaco por oclusão (ver Tabela 3-10) são próximos, exceptuando o valor encontrado para a lente 3. Aplicando o método já utilizado na secção anterior para identificação de outliers verifica-se que o valor do coeficiente de difusão obtido para a lente 3 deve ser rejeitado. No diagrama de extremos e quartis da Figura 3-13 está patente que este resultado ultrapassa a barreira superior de outliers, pelo que será ignorado no tratamento seguinte. Andreia Susana Gomes da Silva 55 Coeficiente de difusão x 1012 (m2/s) TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO 3,2 2,8 2,4 2,0 1,6 1,2 0,8 HEMA|MMA oclusão Figura 3-13 - Diagrama de extremos e quartis incluindo as barreiras de outliers para os coeficientes de difusão com as lentes HEMA|MMA impregnadas com o fármaco por oclusão. Os valores dos coeficientes de difusão obtidos para as 4 lentes de contacto de composição HEMA|MMA impregnadas com maleato de timolol por oclusão encontram-se apresentados sob uma forma gráfica na Figura 3-14. Nesta representação gráfica também se encontra o valor médio obtido para o coeficiente de difusão do fármaco, tal como todos os erros Coeficiente de difusão (D) x 1012 (m2/s) associados a cada uma das lentes e ao valor médio. 3,0 2,0 1,0 Lente 1 Lente 2 Lente 4 Lente 5 Média 2,11x10-12 0,0 Figura 3-14 - Representação gráfica dos valores do coeficiente de difusão do maleato de timolol em 4 lentes de contacto com composição HEMA|MMA, com fármaco incorporado por oclusão, e do valor médio correspondente com os respectivos erros associados. 56 Capítulo 3 O valor médio calculado para o coeficiente de difusão do maleato de timolol é de (2,11 0,33) 10-12 e a diferença máxima entre os valores é de 23,7 %, relativamente à média. Comparando os coeficientes de difusão obtidos para os dois tipos de lentes de contacto com maleato de timolol incorporado por oclusão (ver Figura 3-11 e Figura 3-14), conclui-se que as lentes de composição HEMA|MAA apresentam coeficientes de difusão superiores. A razão para tal acontecer poderá estar relacionada com a composição das membranas. As lentes HEMA|MMA são mais hidrofóbicas quando comparadas com as lentes HEMA|MAA, pelo que estas últimas possuem uma maior afinidade com o meio de libertação, fazendo com que se liberte mais rapidamente o fármaco. A diferença entre os valores médios do coeficiente de difusão obtido para os dois tipos de lente é de 26,5 %, relativamente ao valor correspondente às lentes mais hidrofóbicas (HEMA|MMA). O aumento não muito significativo do valor médio do coeficiente de difusão do maleato de timolol verificado nas lentes mais hidrofílicas deverá estar relacionado com a percentagem reduzida (apenas 3 %, em massa) de MAA na composição da membrana polimérica a partir da qual as lentes foram obtidas. 3.7.2 LENTES DE CONTACTO IMPREGNADAS COM FÁRMACO POR SOAKING O tratamento efectuado aos resultados experimentais obtidos para as lentes de contacto incorporadas com fármaco por soaking foi o mesmo aplicado aos resultados obtidos com o outro método de impregnação (oclusão), e que foi apresentado anteriormente. 3.7.2.1 LENTES DE CONTACTO DE COMPOSIÇÃO HEMA|MAA A fracção de fármaco libertado por 5 lentes de contacto de composição HEMA|MAA incorporadas com fármaco por soaking em função da raiz quadrada do tempo, está representada na Figura 3-15. Andreia Susana Gomes da Silva 57 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO 1,0 M/M∞ 0,8 0,6 Lente 1 Lente 2 0,4 Lente 3 Lente 4 0,2 Lente 5 0,0 0 50 100 150 200 250 300 t1/2 (s1/2) Figura 3-15 - M/M∞ versus t1/2 para 5 lentes HEMA|MAA diferentes onde o fármaco foi incorporado por soaking. Tal como se verificou para as lentes de contacto HEMA|MAA impregnadas com maleato de timolol por oclusão apenas para tempos de libertação reduzidos é que o comportamento da curva versus se apresentou linear. Os declives do ajuste aos resultados experimentais onde visualmente a curva e versus apresenta um comportamento linear, os coeficientes de difusão obtidos e os respectivos erros associados a cada um deles, encontram-se na Tabela 3-11. Tabela 3-11 - Declive da recta ajustada à curva Mt/M∞ versus t1/2, coeficiente de difusão do fármaco e respectivos erros associados para as lentes de contacto HEMA|MAA impregnadas com maleato de timolol por soaking. Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 Declive 0,0056 0,0002 0,0058 0,0003 0,0047 0,0001 0,0055 0,0002 0,0051 0,0001 ( ) D 1012 1,68 0,06 1,79 0,08 1,17 0,03 1,59 0,06 1,40 0,03 O comportamento da curva versus (ver Figura 3-15) apresentou-se linear durante períodos de tempo correspondentes a 14-18 % das 24 horas totais de libertação, o que equivale, em média, a um valor aproximado de de 0,60. De acordo com os declives apresentados na Tabela 3-11 constata-se que, os valores encontrados para as 5 lentes são razoavelmente próximos (diferença máxima de 23,4 %). 58 Capítulo 3 Na Figura 3-16 apresentam-se os coeficientes de difusão para o maleato de timolol obtidos para as 5 lentes de contacto HEMA|MAA, com o fármaco incorporado por soaking, e o valor médio correspondente (1,52 10-12 ), bem como o erro associado. A diferença máxima entre os valores do coeficiente de difusão obtidos para as 5 lentes semelhantes é de 40,8 %, relativamente ao valor médio, pelo que se conclui que a dispersão dos resultados é agora Coeficiente de difusão (D) x 1012 (m2/s) maior, quando o fármaco é adicionado por soaking. 3,0 2,0 1,0 Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Média Lente 5 1,52x10-12 0,0 Figura 3-16 - Representação gráfica dos valores do coeficiente de difusão do maleato de timolol em 5 lentes de contacto com composição HEMA|MAA, com fármaco incorporado por soaking, e do valor médio correspondente com os respectivos erros associados. Pela análise da Figura 3-16 verifica-se que os coeficientes de difusão do maleato de timolol obtidos paras as lentes de contacto HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking, apesar de apresentarem uma maior dispersão, são sempre inferiores aos coeficientes obtidos para o mesmo tipo de lentes, mas onde o fármaco foi incorporado por um método diferente (ver Figura 3-11), pelo que o processo de difusão do fármaco será mais rápido para as lentes com o fármaco adicionado por oclusão. No entanto, a comparação directa entre os valores obtidos para o coeficiente de difusão do fármaco deverá ser feita com precaução, pois como se pode constatar da Tabela 3-6 e da Tabela 3-7 a quantidade de maleato de timolol adicionado às lentes quando se usa o método da oclusão é consideravelmente inferior (cerca de metade) ao verificado no caso de se adicionar o fármaco por soaking. Andreia Susana Gomes da Silva 59 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.7.2.2 LENTE DE CONTACTO DE COMPOSIÇÃO HEMA|MMA A representação gráfica da fracção de fármaco libertado em função da raiz quadrada do tempo de libertação para 5 lentes de contacto HEMA|MMA impregnadas com maleato de timolol por soaking apresenta-se na Figura 3-17. 1,0 M/M∞ 0,8 0,6 Lente 1 Lente 2 0,4 Lente 3 Lente 4 0,2 Lente 5 0,0 0 50 100 150 200 250 300 t1/2 (s1/2) Figura 3-17 - M/M∞ versus t1/2 para 5 lentes HEMA|MMA diferentes onde o fármaco foi incorporado por soaking. Mais uma vez, se verifica que, para períodos de tempo pequenos, a evolução da curva versus é linear. O declive da recta que melhor se ajusta aos resultados experimentais para cada uma das 5 lentes de contacto de HEMA|MMA com fármaco impregnado por soaking, bem como os coeficientes de difusão obtidos e os respectivos erros de que vêm associados encontra-se na Tabela 3-12. Tabela 3-12 - Declive da recta ajustada à curva Mt/M∞ versus t1/2, coeficientes de difusão do fármaco obtidos e respectivos erros associados para as lentes de contacto HEMA|MMA impregnadas com maleato de timolol por soaking. Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 Declive 0,0064 0,0004 0,0065 0,0004 0,0069 0,0007 0,0061 0,0005 0,0062 0,0004 ( ) D 1012 1,92 0,12 1,54 0,06 1,35 0,11 0,91 0,06 1,15 0,05 A linearidade de com , visível na Figura 3-17, foi observada até um instante de tempo correspondente a cerca de 14-16 % das 24 horas de libertação, obtendo-se um valor para 60 de aproximadamente 0,66. Assim, pode dizer-se que os valores de Capítulo 3 sugeridos por Ali (2007), Almeida et al. (2007) e García et al. (2004), para ser possível usar a Equação (1-28), foram garantidos em todas as experiências realizadas neste estudo. Na Figura 3-18 encontram-se os coeficientes de difusão obtidos para as 5 lentes de contacto HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking, o seu valor médio (1,37 10-12 )e os respectivos erros associados. A dispersão dos resultados obtidos está patente na Figura Coeficiente de difusão (D) x 1012 (m2/s) 3-18, sendo a diferença máxima entre os valores de 73,7 % relativamente à média. 3,0 2,0 1,0 Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Média Lente 5 1,37x10-12 0,0 Figura 3-18 - Representação gráfica dos valores do coeficiente de difusão do maleato de timolol em 5 lentes de contacto com composição HEMA|MMA, com fármaco incorporado por soaking, e do valor médio correspondente com os respectivos erros associados. Tal como se verificou para as lentes de contacto com composição HEMA|MAA, também para as lentes HEMA|MMA incorporadas com fármaco por soaking, os coeficientes de difusão calculados são sempre inferiores aos coeficientes obtidos para lentes de contacto incorporadas com fármaco por oclusão (ver Figura 3-14 e Figura 3-18). No entanto, é de referir que, tal como aconteceu com as lentes HEMA|MAA, a quantidade de fármaco adicionada quando se usa o método de incorporação por soaking é cerca do dobro da que é adicionada por oclusão. Andreia Susana Gomes da Silva 61 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO Com o objectivo de facilitar a comparação final entre os coeficientes de difusão obtidos para os dois tipos de lentes e para os dois modos de incorporação do fármaco nas lentes, apresenta- Coeficiente de difusão x 1012 (m2/s) -se na Figura 3-19 o diagrama de extremos e quartis paras as diferentes situações estudadas. 3,2 2,8 2,4 2,0 1,6 1,2 0,8 HEMA|MAA HEMA|MAA HEMA|MMA HEMA|MMA oclusão soaking oclusão soaking Figura 3-19 - Diagrama de extremos e quartis com as barreiras de outliers para os coeficientes de difusão obtidos com os dois tipos de lentes (HEMA|MAA e HEMA|MMA) e para os dois tipos de impregnação de fármaco (oclusão e soaking). Os pontos (a cinza) indicados (outliers) no diagrama da Figura 3-19, correspondem aos valores do coeficiente de difusão que foram rejeitados. Da Figura 3-19 é evidente o efeito da composição das lentes no valor do coeficiente de difusão para o maleato de timolol. As lentes de composição HEMA|MAA, mais hidrofílicas, apresentam coeficientes de difusão do fármaco mais elevados do que as lentes de composição HEMA|MMA, mais hidrofóbicas, independentemente do método usado para incorporar o maleato de timolol. Este resultado era de esperar, pois uma maior afinidade do polímero que constitui as lentes com o meio de libertação facilita a difusão do fármaco no interior das lentes. Outra constatação da Figura 3-19 diz respeito à influência do modo como o fármaco é incorporado na matriz polimérica no valor do coeficiente de difusão obtido. Verifica-se que, quando o fármaco é adicionado por soaking, a sua posterior libertação está mais dificultada, pelo que os coeficientes de difusão são inferiores aos obtidos para o caso em que o maleato é adicionado por oclusão. Este resultado também já foi referido por Fonseca (2003) e explicou que, como o fármaco adicionado às membranas poliméricas por oclusão se encontra muitas vezes à superfície do polímero a sua posterior libertação é mais facilitada dando origem a 62 Capítulo 3 coeficientes de difusão superiores, enquanto que quando o fármaco é adicionado às lentes de contacto por soaking este se liga intimamente ao polímero o que dificulta a sua libertação. Da Figura 3-19 também é patente a dispersão de resultados obtidos para algumas das situações estudadas, pelo que teria sido vantajoso realizar um maior número de experiências com o mesmo tipo de lente e simultaneamente tentar diminuir a variabilidade da massa de fármaco adicionado por massa de lente. 3.8 DETERMINAÇÃO DO TIPO DE DIFUSÃO Tendo em conta que, para a determinação dos coeficientes de difusão se assumiu um comportamento Fickiano para a difusão do maleato de timolol nas lentes de contacto é de todo o interesse verificar a legitimidade desta suposição. Para verificar qual o tipo de difusão usou-se a metodologia explicada na subsecção 2.9. É de realçar que, todas as representações gráficas que permitiram obter o parâmetro para cada uma das lentes se encontra no Anexo B4. 3.8.1 LENTES DE CONTACTO DE COMPOSIÇÃO HEMA|MAA Na Figura 3-20 e na Figura 3-21 apresenta-se a representação, numa escala logarítmica, da fracção de fármaco libertada em função do tempo para as lentes de contacto HEMA|MAA com o fármaco adicionado por oclusão e soaking, respectivamente. 3,0 3,5 4,0 5,0 Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 -0,6 -1,0 -1,4 4,5 log t Figura 3-20 - Log M/M∞ versus log t para as 5 lentes de contacto de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. Andreia Susana Gomes da Silva -0,2 2,5 log M/M∞ log M/M∞ -0,2 2,5 3,0 3,5 4,0 5,0 Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 -0,6 -1,0 -1,4 4,5 log t Figura 3-21 - Log M/M∞ versus log t para as 5 lentes de contacto de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. 63 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO As representações logarítmicas da fracção de fármaco libertado em função do tempo de libertação para as lentes de contacto de composição HEMA|MAA, impregnadas com fármaco por oclusão e por soaking, mostram um comportamento linear para valores de compreendidos entre 3 e 4 (aproximadamente), como seria de esperar, pois só se pode aplicar a Equação (1-31) até um valor de igual a 0,60, como foi referido anteriormente. O declive obtido do ajuste linear aos resultados experimentais naquele período de tempo é igual ao parâmetro que permite caracterizar o tipo de difusão. Assim, determinou-se a recta que melhor se ajustava aos resultados experimentais apresentados na Figura 3-20 e na Figura 3-21, onde visualmente estes possuem um comportamento linear e determinaram-se também os erros associados aos parâmetros ajustados. Os valores mencionados estão indicados na Tabela 3-13. Tabela 3-13 - Parâmetro n para as lentes de contacto com a composição HEMA|MAA e respectivos erros associados. Parâmetro Tipo de impregnação Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 Oclusão 0,60 0,08 0,54 0,05 0,39 0,04 0,53 0,06 0,42 0,02 Soaking 0,58 0,01 0,61 0,02 0,50 0,01 0,58 0,03 0,54 0,01 Pela análise da Tabela 3-13, pode concluir-se que, a difusão do maleato de timolol nas lentes de contacto HEMA|MAA incorporadas com fármaco tanto por oclusão como por soaking, pode ser traduzida por um mecanismo de difusão Fickiana, pois o parâmetro calculado apresenta um valor próximo de 0,5 (diferenças inferiores a 22 %), tido como referência para ser aplicável a segunda lei de Fick. 3.8.2 LENTES DE CONTACTO DE COMPOSIÇÃO HEMA|MMA Foi efectuado o mesmo estudo para determinar o tipo de difusão do maleato de timolol nas lentes de composição HEMA|MMA. Na Figura 3-22 e na Figura 3-23 encontram-se as representações gráficas do logaritmo da fracção de maleato de timolol libertada em função do logaritmo do tempo de libertação para as lentes com o fármaco incorporado por oclusão e soaking, respectivamente. 64 Capítulo 3 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 -0,2 2,5 log M/M∞ log M/M∞ -0,2 2,5 Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 -0,6 -1,0 -1,4 Figura 3-22 - Log M/M∞ versus Log t para as 5 lentes de contacto de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. 3,5 4,0 4,5 5,0 Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 -0,6 -1,0 -1,4 log t 3,0 log t Figura 3-23 - Log M/M∞ versus Log t para as 5 lentes de contacto de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. As representações gráficas anteriores apresentam comportamento linear para valores de compreendidos entre 3 e 4 (aproximadamente), tal como se verificou anteriormente para as lentes de composição HEMA|MAA. Assim, o declive da recta que melhor se ajusta aos resultados experimentais permite obter os valores de , que estão apresentados na Tabela 3-14 com os respectivos erros associados. Tabela 3-14 - Parâmetro n para as lentes de contacto com a composição HEMA|MMA e respectivos erros associados. Parâmetro Tipo de impregnação Lente 1 Lente 2 Lente 3 Lente 4 Lente 5 Oclusão 0,58 0,09 0,61 0,08 0,50 0,07 0,55 0,08 0,53 0,07 Soaking 0,82 0,07 0,73 0,06 0,86 0,13 0,80 0,04 0,79 0,06 De acordo com os valores obtidos do parâmetro para as lentes HEMA|MMA incorporadas com fármaco por oclusão, pode constatar-se que a diferença máxima encontrada, relativamente ao valor de referência, para se considerar comportamento Fickiano para a difusão, é de 22 %. Os valores do parâmetro indiciam que a difusão do maleato de timolol nas lentes de contacto HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking possa não ser Fickiana, pois os valores do parâmetro afastam-se do valor de referência 0,5 (diferenças superiores a 46 %). Andreia Susana Gomes da Silva 65 TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO Comparando os valores do parâmetro para a difusão do fármaco nas lentes de contacto com as duas composições diferentes verifica-se que, para as lentes HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking, estes são superiores afastando-se de 0,5 (diferença máxima observada de 72 %), o que aponta para um desvio à segunda lei de Fick. Como as lentes que possuem MMA na sua composição apresentam características mais hidrofóbicas, pode acontecer que, como a penetração do meio de libertação é mais difícil, o processo de relaxamento das cadeias poliméricas seja mais lento condicionando a libertação do fármaco, pelo que se verifica um maior desvio à segunda lei de Fick, e, portanto, ao comportamento Fickiano. 3.9 PREVISÃO TEÓRICA DO PROCESSO DE LIBERTAÇÃO DO FÁRMACO Para prever teoricamente a libertação do maleato de timolol incorporado em lentes de contacto foi usado o método apresentado na subsecção 2.10. A previsão teórica da quantidade de fármaco libertada ao longo do tempo foi realizada para as duas composições das lentes de contacto, bem como para os dois métodos de impregnação do fármaco utilizados neste estudo. Durante a apresentação dos resultados obtidos da previsão teórica, também se apresentará os resultados obtidos experimentalmente neste estudo (por análise da evolução da concentração de fármaco no meio de libertação) com o objectivo de facilitar a comparação. 3.9.1 LENTES DE CONTACTO DE COMPOSIÇÃO HEMA|MAA A evolução da fracção de fármaco libertado prevista e obtida experimentalmente encontramse representadas na Figura 3-24 e na Figura 3-25 para a lente 1 de composição HEMA|MAA, impregnadas com fármaco por oclusão e por soaking, respectivamente. 66 1,0 1,0 0,8 0,8 0,6 0,6 M/M∞ M/M∞ Capítulo 3 0,4 Experimental Previsão teórica 0,2 0,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 0,4 Experimental Previsão teórica 0,2 0,0 25,0 0,0 5,0 Tempo (h) Figura 3-24 - M/M∞ versus t previsto teoricamente e obtido experimentalmente, para a lente 1 de composição HEMA|MAA impregnada com fármaco por oclusão. 10,0 15,0 20,0 25,0 Tempo (h) Figura 3-25 - M/M∞ versus t previsto teoricamente e obtido experimentalmente, para a lente 1 de composição HEMA|MAA impregnada com fármaco por soaking. Tal como foi referido e seria de esperar, pela análise dos gráficos da Figura 3-24 e da Figura 3-25 constata-se que, para o início do processo de libertação do fármaco, a previsão teórica se sobrepõe ao perfil obtido da fracção de maleato de timolol libertado. A evolução de com o tempo de libertação do fármaco, obtida experimentalmente com a lente de contacto de composição HEMA|MAA e impregnada com fármaco por soaking, sobrepõe-se ao teoricamente esperado em todo o intervalo de tempo considerado para a libertação do maleato de timolol. Este facto reforça a conclusão referida na subsecção anterior de que o processo de difusão do maleato de timolol para este tipo de lentes de contacto é Fickiano, durante todo o tempo de libertação do fármaco. Quando o fármaco é adicionado à membrana polimérica por oclusão, verifica-se que após o período inicial de cerca de 2 horas a taxa de fármaco libertado é inferior ao teoricamente esperado. Talvez este comportamento se deva ao facto do fármaco se encontrar ligado quimicamente em regiões mais internas da matriz polimérica, tornando assim o processo de difusão mais lento. 3.9.2 LENTES DE CONTACTO DE COMPOSIÇÃO HEMA|MMA Para uma lente de contacto de composição HEMA|MMA, impregnada com fármaco por oclusão e soaking, apresenta-se na Figura 3-26 e na Figura 3-27, a evolução de com prevista teoricamente e obtida do trabalho experimental realizado. Andreia Susana Gomes da Silva 67 1,0 1,0 0,8 0,8 0,6 0,6 M/M∞ M/M∞ TRATAMENTO DE RESULTADOS E DISCUSSÃO 0,4 Experimental Previsão teórica 0,2 0,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 0,4 Experimental 0,2 Previsão teórica 0,0 0,0 Tempo (h) Figura 3-26 - M/M∞ versus t previsto teoricamente e obtido experimentalmente, para a lente 1 de composição HEMA|MMA impregnada com fármaco por oclusão. 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 Tempo (h) Figura 3-27 - M/M∞ versus t previsto teoricamente e obtido experimentalmente, para a lente 1 de composição HEMA|MMA impregnada com fármaco por soaking. Mais uma vez se verifica que, para as lentes HEMA|MMA (ver Figura 3-26 e Figura 3-27) durante o período de tempo inicial para a libertação do fármaco adicionado, quer por oclusão, quer por soaking, a evolução do processo de libertação determinado experimentalmente iguala o esperado teoricamente. Após este período inicial, de aproximadamente 2 horas, verifica-se que a taxa de libertação do fármaco é inferior ao que seria esperado, sendo esta diferença mais notória para o caso em que o maleato de timolol é impregnado nas lentes por oclusão. O facto de as lentes HEMA|MMA serem mais hidrofóbicas pode justificar o ligeiro afastamento do comportamento Fickiano para a difusão do fármaco quando este é adicionado por soaking. O maior afastamento do comportamento Fickiano verificado para o caso da incorporação do fármaco por oclusão, após um período inicial, pode ser o resultado da difusão do maleato de timolol ligado a cadeias poliméricas mais internas, como foi referido anteriormente para as lentes HEMA|MAA. A principal conclusão que se poderá tirar da previsão teórica da libertação do maleato de timolol, que teve como base o processo de difusão do fármaco nas lentes de contacto admitindo válida a segunda lei de Fick, é que o processo difusional pode ser caracterizado como sendo essencialmente Fickiano durante as 24 horas de libertação. No entanto, para as lentes mais hidrofóbicas observa-se um pequeno desvio àquele comportamento e que é notório para o caso em que o fármaco é adicionado por oclusão. Os resultados agora obtidos parecem estar de acordo com os valores do parâmetro (ver subsecção 3.8) que caracteriza o processo de difusão, pois também para estes casos o valor de 68 Capítulo 3 se afastava mais do valor típico de 0,5 para comportamento Fickiano. O modelo utilizado para a determinação do parâmetro é um modelo empírico desenvolvido por Korsmeyer e Peppas e é normalmente usado para caracterizar o processo de difusão do fármaco, mas pensa-se que, uma previsão teórica do tipo da efectuada neste estudo poderá ser uma alternativa. Andreia Susana Gomes da Silva 69 Capítulo 4 Conclusão Capítulo 4 4 CONCLUSÃO Para determinar o coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto foi implementado um procedimento experimental que permitiu a monitorização da concentração de fármaco no meio de libertação durante um período de 24 horas. As lentes de contacto foram obtidas de membranas poliméricas com composição HEMA|MAA e HEMA|MMA e o fármaco foi adicionado por dois métodos diferentes (oclusão e soaking). Quando o método de impregnação usado para adicionar o fármaco foi a oclusão, o coeficiente de difusão médio determinado experimentalmente foi de (2,67 0,17) 10-12 -12 lentes HEMA|MAA, e de (2,11 0,33) 10 , para as , para as lentes HEMA|MMA. Assim, o coeficiente de difusão do fármaco obtido para as lentes com composição HEMA|MAA é superior (diferença de 26,5 %) ao encontrado para as lentes HEMA/MMA. No que respeita ao coeficiente de difusão (médio) obtido das experiências realizadas com as lentes em que o fármaco foi adicionado por soaking, este foi de (1,52 0,30) 10-12 , para as lentes HEMA|MAA, e, para as lentes HEMA|MMA, o valor encontrado foi de (1,37 0,48) 10-12 . Tal como aconteceu no caso em que o maleato de timolol era impregnado por oclusão, o valor médio do coeficiente de difusão do fármaco quando é adicionado nas lentes por soaking é superior para as lentes HEMA|MAA, sendo a diferença de 10,9 %, relativamente ao valor obtido para as lentes de composição HEMA|MMA. Dos valores obtidos experimentalmente para os coeficientes de difusão é possível concluir que estes são sempre superiores para as lentes de composição HEMA|MAA, independentemente do tipo de impregnação utilizado para o maleato de timolol. Este resultado seria de esperar, pois o composto MMA é hidrofóbico e MAA é hidrofílico, pelo que quando o polímero apresenta maior afinidade com o meio de libertação a difusão do maleato de timolol incorporado em lentes de contacto é facilitada, obtendo-se coeficientes de difusão superiores. Porém as diferenças obtidas do coeficiente de difusão do fármaco nos dois polímeros não são muitos grandes, pois a percentagem (em massa) dos monómeros MAA e MMA nas membranas poliméricas preparadas é de apenas 3%. Outra conclusão que é possível retirar da análise dos valores dos coeficientes de difusão obtidos é que o método de impregnação do fármaco condiciona o processo de difusão. Quando o fármaco é adicionado ao polímero por oclusão os coeficientes de difusão obtidos foram superiores aos determinados para as situações em que o método de impregnação usado Andreia Susana Gomes da Silva 73 CONCLUSÃO foi o soaking, pois, de acordo com o que é referido na literatura, o fármaco incorporado por oclusão encontra-se essencialmente à superfície do polímero, contrariamente ao fármaco impregnado por soaking que se liga intimamente ao polímero. No tratamento dos resultados experimentais efectuado para determinar os coeficientes de difusão do maleato de timolol, o período de tempo para o qual a curva versus apresentou comportamento linear esteve sempre compreendido entre 8 % (que corresponde a 1,2 horas de libertação) e 18 % do tempo total da libertação (o que equivale a 4,3 horas de libertação). O valor de correspondente situou-se entre 0,59 e 0,66, o que está de acordo com os valores referidos na bibliografia para ser possível considerar comportamento linear. A aplicação do modelo cinético desenvolvido por Korsmeyer e Peppas (1981) mostrou que o comportamento da libertação do fármaco das lentes de composição HEMA|MAA, independentemente do método usado para a impregnação do fármaco, pode ser considerado Fickiano, pois os valores do parâmetro aproximam-se de 0,5, valor de referência para supor comportamento Fickiano (diferença máxima registada de 22 %). À mesma conclusão se chegou para as lentes HEMA|MMA impregnadas com o fármaco por oclusão. No que respeita às lentes HEMA|MMA, impregnadas com fármaco por soaking, obteve-se uma diferença significativa (entre 46 % e 72 %) para o parâmetro , relativamente ao valor de referência de 0,5, indiciando um possível desvio ao comportamento Fickiano para o processo de difusão. Este desvio ao comportamento Fickiano poderá estar relacionado com o facto do polímero HEMA|MMA ser mais hidrofóbico do que o polímero HEMA|MAA. A previsão teórica da libertação do fármaco, obtida a partir da aplicação da segunda lei de Fick para traduzir a difusão do fármaco na lente, quando comparada com os resultados experimentais, permitiu concluir que o processo difusional da substância activa pode ser considerado essencialmente Fickiano. Pequenos desvios ao comportamento Fickiano foram observados para as lentes impregnadas com fármaco por oclusão (independentemente da composição da membrana polimérica) no período de libertação entre as 2 e as 15 horas. Como sugestões de trabalho futuro sugere-se que, durante a realização das experiências de libertação do fármaco das lentes, o período para a leitura da absorvância de amostras do meio de libertação seja mais reduzido no início das experiências, pois é a partir desta informação inicial que os coeficientes de difusão do fármaco são determinados. 74 Capítulo 4 Seria vantajoso repetir este estudo usando as mesmas condições, mas tentando manter a massa de fármaco impregnado em cada lente aproximadamente igual quando se utiliza o método da oclusão e do soaking para adicionar a substância activa ao polímero. Assim, ao comparar os coeficientes de difusão obtidos para o mesmo tipo de lente, o único parâmetro alterado seria a forma de impregnar o fármaco na lente de contacto. Como se verificou uma grande dispersão dos resultados obtidos em algumas situações estudadas no decorrer deste trabalho, seria útil realizar um maior número de experiências (10 ou 15 experiências) com o mesmo tipo de lente, de forma a obter coeficientes de difusão médios com uma menor incerteza associada. Finalmente, o estudo da estrutura química dos copolímeros preparados para obter as lentes de contacto, bem como do tipo de ligação fármaco-polímero estabelecido após incorporação da substância activa, usando técnicas de espectroscopia electrónica de varrimento ou de calorimetria diferencial de varrimento seria importante, pois poderá esclarecer algumas suposições realizadas neste estudo. Andreia Susana Gomes da Silva 75 Capítulo 5 Referências Bibliográficas Capítulo 5 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ali, M. 2007. Therapeutic Contact Lenses for Comfort Molecules. Alabama : s.n., 2007. Tese de Mestrado. Almeida, J. 2010. Preparação e Caracterização de Hidrogéis para Aplicações Biomédicas. 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Departamento de Engenharia Química e Biológica, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra. Coimbra : s.n., 2008. Apontamentos da unidade curricular: Bioquímica e Macromoléculas. Law, S. e Lee, D. 2008. Ocular Pharmacology. [autor do livro] P. NETLAND. Glaucoma Medical Therapy - Principles and Management. New York : OXFORD University Press, 2008. Liu, C. e Metters, A. 2006. Hydrogels in controlled release formulations: Network design and mathematical modeling. Advanced Drug Delivery Reviews. 2006, Vol. 58, pp. 1379-1408. Lopes, C., Lobo, J. e Costa, P. 2005. Formas farmacêuticas de liberação modificada: polímeros hidrifílicos. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. 2005, Vol. 41, pp. 143154. Lorenzo, C., Hiratani, H., Amoza, J., Pacheco, R., Souto, C. e Concheiro, A. 2002. Soft Contact Lenses Capable of Sustained Delivery of Timolol. Journal of Pharmaceutical Sciences. 2002, Vol. 91, 10, pp. 2182-2192. Ludwid, A. 2005. The use of mucoadhesive polymers in ocular drug delivery. 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Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 1979. 82 Anexos Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto A. TRATAMENTO ESTATÍSTICO E ERROS ASSOCIADOS AOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS A explicação do tratamento estatístico efectuado aos resultados experimentais, bem como a metodologia para o cálculo dos erros associados encontram-se explicados em seguida. A1. TRATAMENTO ESTATÍSTICO Num processo de amostragem, a média é o valor mais provável que a amostra pode assumir. A medida da dispersão dos resultados em torno da média é outro parâmetro de extrema importância. Geralmente, em química analítica a um determinado número de medições é associado um intervalo, com 95% de probabilidade, de se encontrar entre os seus extremos a média. Em função da dimensão da amostra, o intervalo de confiança segue leis de distribuição diferentes como é apresentado na Tabela A-1. Tabela A-1 - Variáveis fulcrais para a média, quando o desvio padrão da amostra é desconhecido. Dimensão da amostra Intervalo Lei de distribuição Superior a 30 Igual ou inferior a 30 De referir que, é a media de amostragem, é o erro padrão da amostra e e representam as Leis de distribuição Normal e t-Student, respectivamente (Gonçalves, 2001). De notar que em todo o tratamento estatístico representa a dimensão da amostra. A2. ERROS ASSOCIADOS AO CÁLCULO DE CONCENTRAÇÕES A quantificação da incerteza padrão nos ensaios químicos realizados teve como base o procedimento apresentado pelo Instituto Português de Acreditação (Ipac, 2007), e que será explicado sucintamente de seguida. A incerteza padrão de uma medida pode ser determinada pela incerteza padrão expandida ( ) que é função da incerteza padrão combinada ( ) como mostra a Equação (A-1). Andreia Susana Gomes da Silva 85 ANEXOS (A-1) O valor de 2 está relacionado com o grau de confiança de 95% para a medida. Para o cálculo da incerteza padrão combinada é necessário especificar o resultado do ensaio (a mensuranda) e identificar as fontes de incerteza. Quando o cálculo da mensuranda envolve apenas a adição e/ou substracção das variáveis de entrada (por exemplo, )a incerteza padrão combinada é calculada utilizando a Equação (A-2). (A-2) Por outro lado, se o cálculo da mensuranda envolve a multiplicação e/ou divisão das variáveis de entrada (por exemplo, ), a incerteza padrão combinada é calculada pela Equação (A-3). (A-3) As fontes de incerteza associadas ao cálculo de concentrações centram-se, essencialmente, na incerteza da pesagem e do volume do balão de diluição ou da pipeta, quando se realiza uma diluição. A expressão que permite quantificar a incerteza associada à pesagem de um sólido é dada por: (A-4) onde 86 é o erro máximo admissível dado pela balança. Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto A incerteza associada à medição de um volume a partir de uma pipeta (graduada ou volumétrica) ou de um balão de diluição é determinada segundo a Equação (A-5). (A-5) A3. ERROS ASSOCIADOS AO AJUSTE DE UMA RECTA PELO MÉTODO DOS MÍNIMOS QUADRADOS A equação de uma recta pode-se escrever na forma: (A-6) onde, e são os intervalos de confiança dos parâmetros origem), e é o valor do de Student para (o declive) e (a ordenada na graus de liberdade a um determinado nível de confiança, normalmente 95% em análise química (Gonçalves, 2001). Os parâmetros e , o desvio padrão da estimativa do declive e da ordenada da origem, respectivamente, podem ser determinados pelas Equações (A-7) e (A-8): (A-7) (A-8) O desvio-padrão dos resíduos da linearização de y sobre x ( Andreia Susana Gomes da Silva ) é dado pela Equação (A-9): 87 ANEXOS (A-9) onde é o valor estimado de utilizando para esse efeito os coeficientes de e obtidos para a recta (Gonçalves, 2001). A4. DIAGRAMA DE EXTREMOS E QUARTIS O diagrama de extremos e quartis não é mais que um rectângulo (caixa) em que os seus lados inferior e superior correspondem aos 1º e 3º quartis e o segmento interior refere-se à mediana (ver Figura A-1). Figura A-1 - Esquema representativo de um diagrama de extremos e quartis. No diagrama apresentado na Figura A-1 as linhas que unem o mínimo da amostra (limite inferior) ao 1º quartil e o 3º quartil ao máximo da amostra (limite superior) são vulgarmente designadas por “bigodes”. Esta construção realça a informação contida num conjunto de dados no que diz respeita à simetria e variabilidade. Os valores das medidas amostrais: limite inferior, limite superior, mediana, 1º e 3º quartil, foram obtidos pelas funções disponibilizadas no Microsoft Office Excel 2007 e em seguida foi efectuado o respectivo diagrama de extremos e quartis. A diferença entre os extremos (amplitude entre o 1º e 3º quartil) reflecte, naturalmente, a dispersão. No entanto, é uma medida de dispersão paradigmática da falta de resistência à presença de valores que parecem muito grandes ou muito pequenos em relação às outras observações. Assim quando se pretende analisar a colecção de valores amostrais para 88 Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto identificar estes valores, normalmente designados por outliers, recorre-se a uma medida de dispersão resistente. Esta medida de dispersão consiste em determinar duas barreiras de outliers inferior ( ) e superior ( ) como mostra as seguintes expressões (Murteira, 2002): (A-10) (A-11) onde é o valor do 1º quartil, é o valor do 3º quartil e representa a amplitude interquartis. Assim, os valores da amostra que caem foram do intervalo são considerados outliers moderados. Por outro lado, pode definir-se outliers severos aos valores da amostra que se encontram foram do intervalo , onde é calculado pela Equação (A-12) e pela Equação (A-13). (A-12) (A-13) Andreia Susana Gomes da Silva 89 ANEXOS B. APRESENTAÇÃO DE ALGUNS RESULTADOS EXPERIMENTAIS Nas subsecções seguintes serão apresentados alguns resultados experimentais obtidos neste estudo. B1. REGISTO DAS CONCENTRAÇÕES E ABSORVÂNCIAS PARA O CÁLCULO DA RECTA DE CALIBRAÇÃO Na Tabela B-1 estão indicadas as concentrações, bem como o erro associado às mesmas e a absorvâncias das soluções padrão de maleato de timolol que permitiram traçar a recta de calibração. De referir que na recta de calibração foi incluído o ponto (0,0). Tabela B-1 - Concentrações, erros associados e respectivas absorvâncias, para o comprimento de onda indicado, das soluções padrão de maleato de timolol. HEMA|MAA Solução padrão HEMA|MMA ABS C( =293 ) 0 0 - ABS =292 0 1 0,007 0,0005 0,0001 0,018 0,0005 0,0001 2 0,018 0,0010 0,0001 0,031 0,0010 0,0001 3 0,040 0,0020 0,0001 0,053 0,0020 0,0001 4 0,077 0,0040 0,0001 0,098 0,0040 0,0001 5 0,112 0,0060 0,0001 0,138 0,0060 0,0001 6 0,151 0,0080 0,0001 0,181 0,0080 0,0001 7 0,185 0,0100 0,0002 0,227 0,0100 0,0002 8 0,574 0,0300 0,0005 0,446 0,0200 0,0002 9 0,957 0,0500 0,0007 0,655 0,0300 0,0003 10 1,336 0,0700 0,0007 0,877 0,0400 0,0004 11 - - 1,088 0,0500 0,0006 ( ) C( ) 0 ( ) B2. REGISTO DA MASSA, DO DIÂMETRO E DA ESPESSURA DAS LENTES DE CONTACTO Na Tabela B-2 apresenta-se a massa, o diâmetro e a espessura de cada lente de contacto obtida a partir das membranas poliméricas HEMA|MAA. O mesmo tipo de características para as lentes de contacto com composição HEMA|MMA encontram-se na Tabela B-3. 90 Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto Tabela B-2 - Massa, diâmetro e espessura das lentes de contacto com a composição HEMA|MAA. Lentes de contacto brancas Massa ( ) 118,0 143,3 145,7 147,9 133,6 135,2 144,0 138,8 131,5 138,8 143,0 Diâmetro ( ) 16,41 16,50 16,63 16,62 16,43 16,58 16,62 16,51 17,01 17,16 17,02 17,06 16,68 16,68 16,59 16,80 17,14 17,21 17,35 17,20 16,68 16,70 16,84 16,87 16,68 16,56 16,77 16,66 16,96 17,22 17,38 17,01 17,04 16,73 16,43 16,61 16,53 16,71 16,81 16,56 17,18 17,35 17,32 17,01 Andreia Susana Gomes da Silva Espessura ( ) 0,51 0,48 0,49 0,49 0,49 0,46 0,47 0,46 0,50 0,50 0,50 0,48 0,49 0,50 0,50 0,54 0,54 0,51 0,51 0,55 0,56 0,50 0,51 0,54 0,50 0,51 0,53 0,50 0,53 0,51 0,52 0,52 0,54 0,54 0,55 0,53 0,50 0,48 0,52 0,51 0,52 0,57 0,52 0,52 Lentes de contacto impregnadas com fármaco por oclusão Massa Diâmetro Espessura ( ) ( ) ( ) 16,96 0,58 16,65 0,58 136,9 17,00 0,58 16,30 0,61 17,46 0,55 17,64 0,55 154,5 17,52 0,54 17,32 0,54 17,32 0,56 17,13 0,59 152,7 17,14 0,55 16,59 0,55 17,15 0,62 17,38 0,63 141,4 17,23 0,61 17,09 0,61 17,63 0,56 17,61 0,58 148,7 17,45 0,62 17,50 0,58 17,49 0,66 17,34 0,55 146,9 17,28 0,57 17,48 0,56 17,51 0,58 17,43 0,58 153,8 17,59 0,53 17,86 0,52 17,37 0,51 17,42 0,52 149,8 17,33 0,55 17,40 0,53 17,22 0,49 17,34 0,51 152,7 17,28 0,51 17,10 0,53 17,57 0,48 16,86 0,47 144,4 17,29 0,50 17,36 0,48 17,29 0,50 17,56 0,51 158,7 17,29 0,51 17,54 0,51 91 ANEXOS Lentes de contacto brancas Massa ( ) 143,0 128,9 132,7 145,8 144,9 126,5 130,4 138,4 131,0 126,2 146,2 138,1 92 Diâmetro ( ) 16,64 16,73 16,75 16,64 17,09 16,85 16,67 16,76 16,90 16,53 16,64 16,74 16,88 16,79 16,74 16,87 16,48 16,61 16,69 16,51 16,85 16,81 16,46 16,54 16,73 16,70 16,57 16,62 16,99 17,01 17,08 16,90 17,11 17,31 17,48 17,53 16,68 16,61 16,72 16,71 17,14 16,85 16,63 16,85 16,86 16,72 Espessura ( ) 0,51 0,52 0,51 0,50 0,50 0,50 0,53 0,51 0,55 0,54 0,59 0,55 0,54 0,53 0,53 0,52 0,53 0,58 0,55 0,52 0,49 0,49 0,49 0,48 0,49 0,51 0,51 0,51 0,53 0,50 0,51 0,51 0,59 0,53 0,55 0,55 0,52 0,53 0,53 0,53 0,46 0,51 0,51 0,54 0,54 0,54 Lentes de contacto impregnadas com fármaco por oclusão Massa Diâmetro Espessura ( ) ( ) ( ) 16,97 0,42 17,22 0,49 156,1 17,07 0,52 17,16 0,50 17,19 0,53 17,20 0,49 154,8 17,16 0,50 17,34 0,49 17,35 0,52 17,33 0,51 149,1 17,73 0,52 17,48 0,51 17,04 0,51 17,14 0,50 151,2 17,35 0,51 17,18 0,54 17,11 0,51 17,26 0,51 157,8 17,31 0,50 17,39 0,51 17,27 0,51 17,39 0,51 156,5 17,39 0,51 17,29 0,50 16,84 0,52 17,00 0,52 151,2 17,00 0,53 16,83 0,46 17,29 0,51 17,31 0,54 153,6 17,62 0,52 17,26 0,50 17,44 0,51 17,44 0,51 153,4 17,38 0,47 17,29 0,50 17,7 0,51 17,67 0,49 148,6 17,76 0,47 17,77 0,50 16,95 0,55 17,05 0,51 146,2 16,87 0,47 16,78 0,5 Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto Lentes de contacto brancas Massa ( ) 139,8 139,4 138,6 129,0 Diâmetro ( ) 16,85 16,91 17,12 17,05 16,78 17,17 16,85 16,62 16,62 16,62 17,09 17,42 17,34 17,32 16,87 16,89 16,19 16,56 Espessura ( ) 0,52 0,53 0,59 0,59 0,55 0,57 0,51 0,51 0,51 0,51 0,50 0,52 0,54 0,66 0,53 0,53 0,53 0,54 Lentes de contacto impregnadas com fármaco por oclusão Massa Diâmetro Espessura ( ) ( ) ( ) Tabela B-3 - Massa, diâmetro e espessura das lentes de contacto com a composição HEMA|MMA. Lentes de contacto brancas Massa ( ) 132,4 132,6 142,0 112,6 131,7 Diâmetro ( ) 17,04 16,64 16,28 17,18 16,73 16,57 16,61 16,65 17,39 17,33 16,87 17,56 16,86 16,71 16,59 16,71 17,69 17,71 17,45 17,66 Andreia Susana Gomes da Silva Espessura ( ) 0,46 0,46 0,42 0,44 0,45 0,46 0,47 0,46 0,50 0,52 0,45 0,46 0,42 0,44 0,48 0,49 0,50 0,52 0,54 0,49 Lentes de contacto impregnadas com fármaco por oclusão Massa Diâmetro Espessura ( ) ( ) ( ) 17,47 0,44 17,21 0,50 124,2 17,12 0,46 17,22 0,45 16,64 0,43 16,55 0,43 137,5 16,75 0,48 16,24 0,47 17,44 0,49 17,48 0,49 120,2 17,04 0,47 17,53 0,51 16,54 0,42 16,40 0,43 119,9 16,50 0,45 16,06 0,45 17,32 0,51 16,57 0,46 120,1 17,34 0,47 16,42 0,44 93 ANEXOS Lentes de contacto brancas Massa ( ) 124,5 121,0 125,4 134,5 130,3 139,6 135,4 137,7 137,2 130,6 138,7 121,8 94 Diâmetro ( ) 16,43 16,99 17,01 16,84 17,03 17,01 17,02 17,34 17,19 17,37 17,23 16,85 17,82 17,84 17,38 17,87 16,28 16,10 16,32 16,42 17,52 16,81 17,44 17,19 17,33 17,09 16,68 16,63 16,38 16,62 16,42 16,51 16,73 16,65 16,63 16,76 15,98 15,89 16,13 16,43 17,41 17,39 17,31 17,41 17,33 17,21 Espessura ( ) 0,45 0,48 0,55 0,49 0,49 0,48 0,52 0,48 0,55 0,50 0,50 0,52 0,53 0,48 0,52 0,48 0,49 0,48 0,47 0,47 0,47 0,49 0,49 0,52 0,42 0,45 0,49 0,47 0,47 0,41 0,47 0,48 0,49 0,48 0,48 0,49 0,49 0,48 0,42 0,47 0,51 0,44 0,40 0,50 0,47 0,49 Lentes de contacto impregnadas com fármaco por oclusão Massa Diâmetro Espessura ( ) ( ) ( ) 17,43 0,44 17,25 0,46 134,9 17,20 0,44 17,08 0,44 17,01 0,47 17,04 0,49 126,9 16,77 0,45 17,04 0,45 17,12 0,46 16,37 0,47 109,1 17,26 0,46 16,72 0,45 17,65 0,49 17,31 0,48 129,5 17,64 0,48 17,51 0,46 17,08 0,48 17,18 0,50 143,5 17,27 0,48 17,35 0,52 17,44 0,50 17,34 0,49 125,7 17,20 0,45 17,27 0,45 16,72 0,47 16,74 0,44 120,4 15,32 0,44 15,74 0,46 17,45 0,49 17,54 0,47 135,7 17,42 0,49 17,25 0,46 17,16 0,44 16,96 0,43 144,4 16,97 0,42 17,17 0,45 17,21 0,46 16,63 0,47 109,0 17,15 0,49 16,66 0,49 17,81 0,53 17,71 0,49 132,6 17,82 0,48 17,47 0,47 17,16 0,46 120,6 17,34 0,49 Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto Lentes de contacto brancas Massa ( ) 135,0 149,2 117,8 138,0 148,2 139,7 150,5 121,6 138,0 136,3 148,1 Diâmetro ( ) 17,28 17,31 17,77 17,65 17,38 17,03 16,97 17,09 17,12 17,12 16,83 17,19 15,80 17,34 16,88 16,59 16,48 16,75 17,49 17,44 17,26 17,25 16,41 16,76 16,81 16,82 16,79 17,08 16,77 16,75 16,45 16,34 16,70 16,67 17,45 16,58 16,73 17,00 17,20 17,02 16,92 16,64 16,41 15,92 16,24 16,45 Andreia Susana Gomes da Silva Espessura ( ) 0,47 0,54 0,49 0,48 0,46 0,52 0,47 0,49 0,49 0,50 0,48 0,50 0,51 0,48 0,55 0,47 0,48 0,49 0,50 0,53 0,54 0,52 0,48 0,47 0,46 0,47 0,47 0,48 0,51 0,46 0,42 0,47 0,48 0,47 0,46 0,46 0,48 0,47 0,50 0,51 0,50 0,49 0,42 0,44 0,47 0,48 Lentes de contacto impregnadas com fármaco por oclusão Massa Diâmetro Espessura ( ) ( ) ( ) 17,28 0,51 17,05 0,48 16,98 0,42 16,11 0,42 142,7 17,31 0,42 17,10 0,44 17,50 0,48 17,58 0,47 132,1 17,79 0,47 17,57 0,46 95 ANEXOS Lentes de contacto brancas Massa ( ) 134,0 126,4 123,1 149,0 129,2 133,3 145,7 151,7 125,4 Diâmetro ( ) 16,41 17,18 16,29 16,26 17,29 17,37 17,21 17,13 16,83 16,89 16,78 16,43 16,88 16,89 16,73 16,74 17,76 17,69 17,71 17,55 17,41 17,48 17,39 17,45 16,93 17,22 17,01 16,95 17,18 17,17 17,09 16,75 16,88 17,14 17,08 17,14 Espessura ( ) 0,48 0,48 0,52 0,57 0,48 0,50 0,47 0,53 0,51 0,49 0,49 0,48 0,50 0,47 0,45 0,48 0,48 0,53 0,48 0,50 0,49 0,48 0,50 0,53 0,53 0,53 0,46 0,46 0,50 0,48 0,48 0,50 0,52 0,56 0,56 0,56 Lentes de contacto impregnadas com fármaco por oclusão Massa Diâmetro Espessura ( ) ( ) ( ) B3. DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES DE DIFUSÃO As rectas que permitiram obter os coeficientes de difusão do maleato de timolol nas lentes de contacto encontram-se nas subsecções seguintes. 96 Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto B3.1. LENTES DE OCLUSÃO – HEMA|MAA E HEMA|MMA 1,0 1,0 y = 0,007x - 0,0219 R² = 0,989 0,6 0,4 0,2 0,6 0,4 0,2 Lente 1 0,0 0 25 50 t1/2 75 100 Lente 2 0,0 125 0 25 (s1/2) 50 t1/2 Figura B-1 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 1 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. 75 100 125 (s1/2) Figura B-2 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 2 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. 1,0 1,0 y = 0,0069x + 0,0323 R² = 0,9833 0,8 0,6 0,4 0,2 y = 0,0069x - 0,0042 R² = 0,9925 0,8 M/M∞ M/M∞ y = 0,0072x - 0,0132 R² = 0,9945 0,8 M/M∞ M/M∞ 0,8 Lente 3 0,0 0,6 0,4 0,2 Lente 4 0,0 0 25 50 t1/2 75 100 125 (s1/2) 0 25 50 t1/2 Figura B-3 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 3 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. 75 100 125 (s1/2) Figura B-4 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 4 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. 1,0 M/M∞ 0,8 y = 0,0053x + 0,0296 R² = 0,9943 0,6 0,4 0,2 Lente 5 0,0 0 25 50 t1/2 75 100 125 (s1/2) Figura B-5 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 5 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por oclusão. Andreia Susana Gomes da Silva 97 ANEXOS 1,0 1,0 y = 0,0072x - 0,0126 R² = 0,9835 0,6 0,4 0,2 0 25 50 t1/2 75 100 Lente 2 0,0 125 0 25 50 t1/2 75 100 125 (s1/2) Figura B-7 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 2 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. 1,0 1,0 y = 0,0084x - 0,0111 R² = 0,9895 0,8 0,8 0,6 M/M∞ M/M∞ 0,4 (s1/2) Figura B-6 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 1 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. 0,4 0,2 Lente 3 0,0 y = 0,0066x - 0,005 R² = 0,9845 0,6 0,4 0,2 Lente 4 0,0 0 25 50 75 100 125 t1/2 (s1/2) 1,0 y = 0,0074x - 0,0092 R² = 0,9879 0,8 0,6 0,4 0,2 Lente 5 0,0 0 25 50 75 0 25 50 75 100 125 t1/2 (s1/2) Figura B-8 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 3 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. M/M∞ 0,6 0,2 Lente 1 0,0 100 125 t1/2 (s1/2) Figura B-10 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 5 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. 98 y = 0,0069x - 0,0241 R² = 0,9865 0,8 M/M∞ M/M∞ 0,8 Figura B-9 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 4 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por oclusão. Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto LENTES DE SOAKING – HEMA|MAA E HEMA|MMA B3.2. 1,0 1,0 y = 0,0056x - 0,0259 R² = 0,997 0,6 0,4 0,2 0,6 0,4 0,2 Lente 1 0,0 0 50 100 t1/2 150 0 100 0,8 0,8 M/M∞ y = 0,0047x + 0,0025 R² = 0,9991 0,2 Lente 3 0,0 150 (s1/2) Figura B-12 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 2 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. 1,0 0,4 50 t1/2 1,0 0,6 Lente 2 0,0 (s1/2) Figura B-11 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 1 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. M/M∞ y = 0,0058x - 0,033 R² = 0,9945 0,8 M/M∞ M/M∞ 0,8 y = 0,0055x - 0,0185 R² = 0,997 0,6 0,4 0,2 Lente 4 0,0 0 50 100 t1/2 150 (s1/2) 0 50 100 t1/2 Figura B-13 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 3 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. 150 (s1/2) Figura B-14 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 4 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. 1,0 M/M∞ 0,8 y = 0,0051x - 0,0107 R² = 0,9993 0,6 0,4 0,2 Lente 5 0,0 0 50 100 t1/2 150 (s1/2) Figura B-15 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 5 de composição HEMA|MAA com fármaco incorporado por soaking. Andreia Susana Gomes da Silva 99 ANEXOS 1,0 1,0 0,8 y = 0,0064x - 0,0489 R² = 0,9882 0,6 M/M∞ M/M∞ 0,8 0,4 0,2 0,6 0,4 0,2 Lente 1 0,0 0 25 50 t1/2 75 100 Lente 2 0,0 125 0 25 (s1/2) 50 t1/2 Figura B-16 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 1 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. 75 100 125 (s1/2) Figura B-17 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 2 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. 1,0 1,0 0,8 0,8 y = 0,0069x - 0,0845 R² = 0,9733 0,6 M/M∞ M/M∞ y = 0,0065x - 0,0432 R² = 0,9896 0,4 0,2 Lente 3 0,0 y = 0,0061x - 0,0734 R² = 0,9825 0,6 0,4 0,2 Lente 4 0,0 0 25 50 75 100 125 0 t1/2 (s1/2) 25 50 75 100 125 t1/2 (s1/2) Figura B-18 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 3 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. Figura B-19 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 4 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. 1,0 M/M∞ 0,8 y = 0,0062x - 0,0597 R² = 0,9881 0,6 0,4 0,2 Lente 5 0,0 0 25 50 75 100 125 t1/2 (s1/2) Figura B-20 - M/M∞ versus t1/2 para a lente 5 de composição HEMA|MMA com fármaco incorporado por soaking. B4. DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO N As rectas que permitiram obter o valor do parâmetro que caracteriza o tipo de difusão do maleato de timolol nas lentes de contacto encontram-se nas subsecções seguintes. 100 Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto LENTES DE COMPOSIÇÃO HEMA|MAA log M/M∞ -0,2 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 -0,6 -1,0 y = 0,5963x - 2,5418 R² = 0,9724 -1,4 Lente 1 log t 3,0 3,5 4,0 4,5 -0,6 y = 0,3936x - 1,7479 R² = 0,9819 -1,0 -0,2 2,5 Figura B-23 - Log M/M∞ versus log t para a lente 3 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. log M/M∞ -0,2 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 y = 0,5372x - 2,3043 R² = 0,9822 Lente 2 log t 3,0 3,5 4,0 4,5 -0,6 -1,0 -1,4 log t 4,0 -0,6 Lente 3 -1,4 3,5 Figura B-22 - Log M/M∞ versus log t para a lente 2 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. log M/M∞ log M/M∞ -0,2 2,5 3,0 -1,4 Figura B-21 - Log M/M∞ versus log t para a lente 1 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. -1,0 -0,2 2,5 log M/M∞ B4.1. y = 0,5305x - 2,287 R² = 0,9766 Lente 4 log t Figura B-24 - Log M/M∞ versus log t para a lente 4 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. 4,5 -0,6 -1,0 -1,4 y = 0,4172x - 1,9251 R² = 0,9925 Lente 5 log t Figura B-25 - Log M/M∞ versus log t para a lente 5 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por oclusão. Andreia Susana Gomes da Silva 101 ANEXOS -0,6 3,0 3,5 4,0 4,5 y = 0,582x - 2,5941 R² = 0,9985 log M/M∞ log M/M∞ -0,2 2,5 -1,0 Lente 1 -1,4 Figura B-26 - Log M/M∞ versus log t para a lente 1 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. 3,5 4,0 4,5 y = 0,4978x - 2,3186 R² = 0,9991 -1,0 Lente 2 log t -0,2 2,5 -0,6 3,0 3,5 Figura B-28 - Log M/M∞ versus log t para a lente 3 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. log M/M∞ -0,2 2,5 -0,6 3,0 3,5 4,0 4,5 y = 0,5369x - 2,4452 R² = 0,9996 -1,0 Lente 5 -1,4 log t Figura B-30 - Log M/M∞ versus log t para a lente 5 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. 102 4,5 -1,0 Lente 4 -1,4 log t 4,0 y = 0,5839x - 2,601 R² = 0,996 Lente 3 -1,4 4,5 Figura B-27 - Log M/M∞ versus log t para a lente 2 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. log M/M∞ log M/M∞ -0,6 3,0 4,0 -1,0 -1,4 log t -0,2 2,5 3,0 3,5 -0,2 2,5 y = 0,6104x - 2,6946 R² = 0,998 -0,6 log t Figura B-29 - Log M/M∞ versus log t para a lente 4 de composição HEMA|MAA impregnadas com fármaco por soaking. Determinação do coeficiente de difusão do maleato de timolol em lentes de contacto B.4.2. LENTES DE COMPOSIÇÃO HEMA|MMA 3,0 3,5 4,0 4,5 -0,6 -1,0 y = 0,5771x - 2,4542 R² = 0,9489 -1,4 Lente 1 log t 3,5 4,0 4,5 -0,6 -1,0 y = 0,5001x - 2,1077 R² = 0,9567 -1,4 log M/M∞ -0,2 2,5 3,0 3,5 -1,0 -0,2 2,5 4,0 4,5 y = 0,61x - 2,6015 R² = 0,9632 Lente 2 log t 3,0 3,5 4,0 4,5 -0,6 -1,0 -1,4 Figura B-33 - Log M/M∞ versus log t para a lente 3 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. 4,0 -0,6 Lente 3 log t 3,5 Figura B-32 - Log M/M∞ versus log t para a lente 2 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. log M/M∞ log M/M∞ 3,0 3,0 -1,4 Figura B-31 - Log M/M∞ versus log t para a lente 1 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. -0,2 2,5 -0,2 2,5 log M/M∞ log M/M∞ -0,2 2,5 y = 0,5512x - 2,385 R² = 0,9557 Lente 4 log t Figura B-34 - Log M/M∞ versus log t para a lente 4 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. 4,5 -0,6 -1,0 y = 0,5309x - 2,265 R² = 0,963 Lente 5 -1,4 log t Figura B-35 - Log M/M∞ versus log t para a lente 5 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por oclusão. Andreia Susana Gomes da Silva 103 ANEXOS -0,6 3,0 3,5 4,0 4,5 log M/M∞ log M/M∞ -0,2 2,5 y = 0,818x - 3,4037 R² = 0,995 -1,0 Lente 1 -1,4 log t 3,5 4,0 4,5 y = 0,856x - 3,5547 R² = 0,9881 -1,0 Lente 2 log t -0,2 2,5 -0,6 3,0 3,5 Figura B-38 - Log M/M∞ versus log t para a lente 3 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. log M/M∞ -0,2 2,5 -0,6 3,0 3,5 4,0 4,5 y = 0,7938x - 3,3663 R² = 0,9926 -1,0 Lente 5 -1,4 log t Figura B-40 - Log M/M∞ versus log t para a lente 5 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. 104 4,5 -1,0 Lente 4 -1,4 log t 4,0 y = 0,8036x - 3,4407 R² = 0,997 Lente 3 -1,4 4,5 Figura B-37 - Log M/M∞ versus log t para a lente 2 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. log M/M∞ log M/M∞ -0,6 3,0 4,0 -1,0 -1,4 Figura B-36 - Log M/M∞ versus log t para a lente 1 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking. -0,2 2,5 3,0 3,5 -0,2 2,5 y = 0,7298x - 3,0792 R² = 0,9908 -0,6 log t Figura B-39 - Log M/M∞ versus log t para a lente 4 de composição HEMA|MMA impregnadas com fármaco por soaking.