Alta do petróleo não deve afetar Brasil Anba - SP - ECONOMIA

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Alta do petróleo não deve afetar Brasil
Anba - SP - ECONOMIA - 23/02/2011
Isaura Daniel
A auto-suficiência brasileira em petróleo e o trabalho do governo para segurar a inflação
devem fazer com que o mercado brasileiro não sofra grandes reflexos do aumento dos preços
da commodity.
São Paulo - A alta que ocorreu nos preços do petróleo nos últimos dias não deve trazer
grandes reflexos para a economia brasileira. Segundo especialistas, a auto-suficiência
brasileira em petróleo permite ao Brasil se proteger do movimento mundial. "Temos
capacidade, apesar de estarmos no limite, de atender o consumo", diz o professor de
Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Faculdade de Administração e
Economia (FAE-Centro Universitário) e técnico da Companhia Nacional de Abastecimento
(Conab), Eugênio Stefanelo.
Mesmo com a auto-suficiência, o Brasil importa petróleo. Mas também exporta. E o
presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, garantiu, nesta semana, que a companhia não
planeja reajustes nos derivados do petróleo. "Se o preço do barril chegou a US$ 25, US$ 30 e
a Petrobras não baixou o preço da gasolina, não há razão para um aumento agora", diz o
professor de Economia e Política das Faculdades Integradas Rio Branco , Carlos
Stempniewski. Pesa ainda o fato de o governo brasileiro estar trabalhando no combate à
inflação e a Petrobras ser uma empresa estatal.
Stempniewski acredita, inclusive, que essa alta dos preços do petróleo segue o mesmo
caminho trilhado, nos últimos meses, pelos produtos agrícolas e não tem motivo nos
protestos de países árabes como a Líbia e Egito. "Não há até este momento, indicativos de
que estes países pararam a produção de óleo ou vão parar de exportar. Eles vivem da
exportação. Não tivemos nenhum problema no Canal de Suez", diz Stempniewski, referindo-se
ao canal no Egito por onde o petróleo da região é exportado. A Líbia, por enquanto, apenas
reduziu em 8% a sua produção diária. O professor acredita que esta alta recente do petróleo é, assim como ocorreu com as
commodities agrícolas, reflexo de especulação. "O petróleo não sai de US$ 70 para US$ 105 o
barril sem um fato de interrupção de fornecimento. Não há expectativa de
desabastecimento", reforça. Stempniewski lembra que há, atualmente, muito capital
especulativo no mundo, que não tem para onde ir, já que investimentos como subprimes ou
bolsas de valores se tornaram pouco atrativos. "Essas coisas desapareceram e o capital
financeiro ficou ao acaso, migrou para a área de commodities". O petróleo, segundo ele, foi o
último da lista.
Diferente do professor das Faculdades Rio Branco , Stefaneli acredita que a elevação dos
preços do petróleo é reflexo da crise no mundo árabe. Mas crê que por isso mesmo, por ter
como base a crise política na região e não a oferta e a demanda, não se estenderá para as
demais commodities, como as agrícolas. No mercado futuro de petróleo norte-americano o
produto fechou com alta de 8% nesta terça-feira (22). O petróleo WTI para entrega em
março, contrato que venceu no fechamento, encerrou em US$ 93,57 o barril. 
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