terrário: construção, observação e estudo de um

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TERRÁRIO: CONSTRUÇÃO, OBSERVAÇÃO E ESTUDO DE UM PEQUENO
ECOSSISTEMA
Patrícia Bispo de Jesus (UFS)
Aline Mendonça Santana (UFS)
Introdução
O ensino de Ciências requer a utilização de práticas, de aulas cada vez
mais criativas e principalmente aulas que relacionem o conteúdo com a realidade
cotidiana do educando (Veronez, 2009, p. 33).
As atividades práticas permitem aprendizagens que a aula teórica,
apenas, não permite, sendo compromisso do professor, e também da escola, dar esta
oportunidade para a formação do aluno (Andrade, 2011).
Ainda segundo Andrade (2011), a prática permite explorar outros
conceitos envolvidos na teoria do que se aborda em aula, bem como relacionar áreas do
conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade. Além disso, atividades práticas
possivelmente incentivam o gosto pela área, sendo comum a satisfação dos alunos em
participar delas.
Stolf (Sem data) afirma que o processo de ensino e aprendizagem passa a
ter significado para o aluno, quando o educador propicia condições para que o estudante
possa participar da construção de sua aprendizagem através da descoberta, curiosidade,
paixão e a partilha. Para isso, o educador precisa estar disposto a desenvolver atividades
simples, porém, indispensáveis como, por exemplo, incentivar a prática da observação,
os registros, experimentos, saídas de campo, formulação de conceitos, socialização entre
outros, contribuindo significativamente para o processo de construção do conhecimento
cientifico.
Os materiais didáticos trazem como característica, a abertura de espaços
de aprendizado que buscam o diálogo entre os participantes. As práticas pedagógicas
adotadas favorecem o intermédio do aluno no processo de aprendizagem, privilegiando
situações ativo-participativas, visando à socialização do saber, à construção e
reconstrução coletiva de conhecimentos, de análise, de avaliação e resolução de
problemas, bem como ao desenvolvimento de habilidades, valores e atitudes (SIVA;
FERRARI, 2012).
Neste aspecto, através da confecção de um terrário é possível estudar e
observar as alterações que ocorrem em um ecossistema. Segundo Rosa, 2009 os
terrários são apresentados como modelos de ecossistemas terrestres e constituem-se de
mini laboratórios práticos, através dos quais se procura reproduzir as condições do meio
ambiente. São montados em potes (caixas de vidro tipo aquário), onde são depositados
cascalhos, areia, terra preta, pequenas plantas e animais.
Os organismos vivos e o seu ambiente não vivo estão inseparavelmente
inter-relacionados e interagem entre si. Chamamos de ecossistema qualquer unidade que
abranja todos os organismos que funcionam em conjunto numa dada área, interagindo
com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de energia produza estruturas bióticas
claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não vivas
(ODUM, 1983). Atualmente esse sistema natural em escala reduzida é chamado de
terrário.
Ecossistema trata-se de uma concepção com implicações
interdisciplinares pela própria natureza do termo, que se projetou nas últimas décadas
por quase todos os países do mundo (AB’SÁBER, 2006).
Assim a oficina constitui-se numa oportunidade de construir um pequeno
ecossistema, sendo considerada como excelente meio de construção de conhecimentos a
partir da ação, sem perder de vista a base teórica. Desta forma, o objetivo deste trabalho
foi avaliar a potencialidade da oficina pedagógica, como uma estratégia de ensinoaprendizagem, para simular um microambiente em equilíbrio que funciona de forma
autossustentável.
Metodologia
Existem vários instrumentos de coleta de dados para grupos sociais e que
talvez o mais comum seja o questionário. O questionário é uma entrevista estruturada e
possuem a função de descrever as características e medir variáveis de um grupo social.
(Richardson, 2008)
Marconi, 1996 afirma que o questionário é um instrumento de coleta de
dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por
escrito e sem a presença do entrevistador. Entre as vantagens de se utilizar o método do
questionário está: a economia de tempo, viagens e maior quantidade de dados; atinge
um maior numero de pessoas simultaneamente; maior liberdade nas respostas devida o
anonimato.
A oficina foi realizada durante a VII OCMEA (Oficinas de Ciências,
Matemática e Educação Ambiental) na Universidade Federal de Sergipe, campus
Alberto Carvalho.
Participaram da oficina pedagógica onze (11) alunos do 7º ano do Ensino
Fundamental da Escola Estadual Murilo Braga.
A coleta dos componentes abióticos para a confecção dos terrários foi
realizada pelos alunos. Os demais materiais utilizados foram: garrafa PET; fita adesiva;
tesoura sem ponta.
Pós-coleta dos componentes abióticos, colocou-se o carvão, em seguida
as pedras, dentro da garrafa PET. Adicionou-se a terra, junto com minhocas, tendo-se o
cuidado para não sujar as paredes da garrafa. Em seguida, colocou-se a planta, e fechouse a garrafa com o auxílio da fita adesiva.
Resultados
Através do questionário foi possível notar que o perfil os alunos é
masculino, 63,6%, a idade deles variou de 11 a 15 sendo que a maioria, 36,7% tem
13anos. Todos são alunos do Colégio Estadual Murilo Braga e estão no 5º ano do ensino
fundamental e são moradores da cidade onde a escola está situada, Itabaiana, a maioria
reside na área urbana da cidade 54,5%.
Durante a aplicação da oficina os alunos demonstraram bastante interesse
pelo assunto. A aula foi iniciada com uma apresentação de slides com o conteúdo. E
seguida apresentamos aos alunos o que era o terrário e como podíamos fazer um com
garrafas pet. Levamos para eles verem um terrário já pronto. Em seguida saímos com
eles para procurar materiais para a confecção pelos arredores de onde estávamos.
Os alunos coletaram os materiais e construíram em grupo seu próprio
terrário. Nas questões que aplicamos tinha uma que perguntava o que é um ecossistema.
Esperávamos que os alunos dissessem que ecossistema era um ambiente com seres
vivos e não vivos em conjunto. Grande parte deles deram respostas coerentes, porém
um dos alunos respondeu que ecossistema é uma planta num vaso fechado. É provável
que nossa fala tenha causado alguma confusão, pois dissemos a eles que o terrário é um
ecossistema. Logo este aluno associou que se o terrário é um ecossistema a recíproca
seria verdadeira, seria bom ter esclarecido este ponto em nossa fala.
Pedimos aos alunos que listassem exemplos de ecossistema, em geral as
respostas foram muito satisfatórias, não havendo nenhum tipo de equivoco. Em outra
questão procuramos saber a diferença entre a parte biótica e abiótica do ecossistema,
todos eles deram respostas satisfatórias, dando até exemplos ilustrados no terrário
construído.
Perguntamos ainda se eles gostaram de construir o terrário, todos
afirmaram que sim, e pedimos para eles dizem por que gostaram e a maioria disse que
gostou pois aprenderam através dele conhecimentos novos.
[...] Sim. Por que aprendemos um pouco mais sobre o
ecossistema [aluno A, 15 anos].
[...] Sim. Porque foi divertido e interessante [aluna B, 13 anos].
[...] Sim. Porque eu aprendi a montar um ecossistema [aluno C,
13 anos].
Por fim, perguntamos a eles a ligação entre o terrário e o assunto de
ecossistema. A maioria não conseguiu deixar claro suas respostas, porém alguns ligaram
bem um ao outro.
[...] Porque o terrário é um exemplo de ecossistema [aluno A, 15
anos].
Conclusões
A oficina teve grande receptividade pelos alunos, demonstrada através da
motivação durante o desenvolver das atividades propostas. As práticas didático
pedagógicas utilizadas na oficina promoveram discussões sobre o tema ecossistema de
maneira dinâmica.
Através da atividade prática o aluno é capaz de desenvolver seu
conhecimento e fazer ele mesmo seu aprendizado. A prática harmonizam a melhoria do
processo ensino-aprendizagem, facilitando a compreensão e o respeito dos fenômenos
educacionais.
Referências
ANDRADE, M. L. F de; MASSABNI, V. G. O desenvolvimento de atividades práticas
na escola: um desafio para os professores de ciências. Ciência & Educação, v. 17, n. 4,
p. 835-854, 2011.
ODUM, E. P; Ecologia, editora Guanabara, Rio de janeiro RJ, 1983.
ROSA, R. T. N; Terrários no ensino de ecossistemas terrestres e teoria ecológica. R.
B. E. C. T., Vol 2, Núm 1, p. 87-104, Jan./Abr. 2009.
SIVA, A. G. F.; FERRARI, J. L. A oficina pedagógica no ensino fundamental como
estratégia de ensino-aprendizagem para conservação do solo e da água. Revista
Verde (Mossoró – RN), v. 7, n. 5, p. 107 - 113, dezembro de 2012 (Edição Especial)
STOLF, J., & DALLABONA, K. G. Meio ambiente em Ciências: Relato de uma
sequencia didática.
VERONEZ, W. M; SCHIBICHESKI, B. C. E; SUTIL, E; BRINATTI, A. M; SILVA, J.
da B; SILVA, S. L da R; COLMAN, J; A utilização do terrário para conscientização
ambiental de estudantes do ensino básico. R. B. E. C. T., Vol 2, Núm 3, p. 31-40,
Set./Dez. 2009.
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