O(s) berço(s) da arquitectura branca em Portugal. O surgimento dos

Propaganda
O(s) berço(s) da arquitectura branca em Portugal. O surgimento dos primeiros Sanatórios de
Tuberculose.
AVELÃS NUNES, José Carlos D. R.*
*Doutorando em Teoria e História da Arquitectura - FCTUC; CEIS20. Bolseiro FCT
[email protected]
“Sarar? Da cor dos alvos linhos | Parecem fusos seus dedinhos, | Seu corpo é roca de fiar... | E, ao
ouvir-lhe a tosse seca e fina | Eu julgo ouvir numa oficina | Tábuas do seu caixão pregar!“
(Pobre Tísica. António Nobre)
A Tuberculose, sabe-se hoje, foi cliente assídua de casinos e outras casas de sorte e azar,
cubículos podres e sujos, de ar irrespirável, frequentemente cheias de pessoas de todas os estirpes
sociais. Esta senhora, de renome internacional, esteve proficuamente na boca do povo – de forma muito
literal, e ter-se-á entranhado até às suas vísceras. O seu jogo, de charme desencantado, foi candeia de
velório sepulcral no Portugal do século XIX, serviu de leito em catarse no século XX quando, no seu
ultimo quartel, lentamente, se elipsa.
A necessidade de encontrar soluções nacionais a plataformas de profilaxia de reconhecido valor
internacional, por um lado, e o conhecimento científico assaz desenvolvido e pioneiro de médicos e
climatologistas portugueses, a par do interesse pela vigência, fez com que Portugal se redescobrisse
para o cumprimento de tais objectivos, particularmente na Madeira, num primeiro instante, e na Serra
da Estrela (a par de outras zonas montanhosas), num segundo momento. A tuberculose pulmonar é
claramente a doença que emancipa o “berço” da peste branca epidémica e, entre estes dois referidos
momentos, os sanatórios marítimos, para tuberculoses ósseas, ganham o seu merecido espaço, nos
Sanatórios do Outão e de Carcavelos.
Interessa, a par do estudo dos primeiros sanatórios, ilustrar o pioneirismo do país no
tratamento da tuberculose, e assim foram seleccionados, para melhor detalhe, os sanatórios edificados
(tanto materialmente como em projecto) na Madeira, e os desenvolvimentos no “velho continente”,
dissertando sobre a estância climática (com a devida variação de prisma entre o lugar e o edificado) na
Serra da Estrela.
Os primeiros sanatórios ao nível internacional: de Brehmer a Dettweiler
1
No decorrer do ano de 1859, Hermann Brehmer inaugura o primeiro sanatório na Silésia , com
terapêuticas médicas essencialmente baseadas na cura pelo ar, altitude, repouso, alimentação e por
métodos helioterapêuticos.
O seu sanatório (Brehmer Sanatorium), projectado pelo arquitecto Edwin Oppler, tem como
princípio o Kurhause, ou seja, o hotel com base metodológica e morfológica do sistema arquitectónico
sanatorial. O médico, também ele tuberculoso, elege como local para o seu edifício na região
montanhosa de Goerbersdorf, num pequeno edifício para comodar apenas alguns doentes. Três anos
depois é construído um novo edifício, e a capacidade aumentou para 250 doentes sendo, na charneira
do século, o maior sanatório da sua categoria, em conjunto com os restantes edifícios (como exemplo,
“Das Neue Kurhaus”, “the White House”, “Villa Rosa”, com capacidade próxima de 12 doentes). Este
grande parque arborizado, com luxuosos jardins, espaços de descanso, percursos, “challets” suíços e
noruegueses, e até um pavilhão russos no jardim (o chamado “Katharium”).
O grande edifício é um imenso “castelo” ou fortaleza gótica, de construção em tijolo, que em
nada de parece a uma “residência dirigida para inválidos pulmonares”. Existem salas de música, zonas
de recepção, uma grande biblioteca, e um grande número de instalações sanitárias e de banhos. O
Sanatório está equipado com o jardim de inverno, para o caso das condições climáticas não permitirem
a exposição solar directa dos doentes; a ventilação é assegurada de forma constante, e a desinfecção é
regularmente procedida com recurso a formaldeído. É funcional a completa segregação entre as classes,
e os doentes pobres tinham o seu espaço num anexo ao sanatório principal. Nas paredes do sanatório
foram inscritas frases como “O melhor remédio para o doente é o trabalho” e “deseja apenas uma coisa
2
e deseja isso com todo o teu coração” .
Estes princípios foram seguidos, a uma diferente escala, pelo seu discípulo e antigo paciente,
3
Peter Dettweiler, no conhecido sanatório Falkenstein , na Alemanha, que abre as suas portas em 1874,
considerado a “Mecca” dos tisiologistas (ou tisio-terapêuticos), e suportado por filantropos da cidade.
O sanatório está situado a cerca de 100 metros de altitude, mas montanhas de Taunus,
devidamente protegido dos ventos e com um clima isento de poeiras. A instituição é constituída por um
edifício com alas laterais oblíquas que circundam um grande terraço e por dois anexos, a este ligados
por um sistema de galerias, voltadas a Sul. Existe uma grande e elegante sala de jantar para 200
pessoas, bem ventilada e aquecida, no Inverno, por caldeiras a vapor.
No edifício central, surge a sala de música, a biblioteca com 2000 volumes em diversas línguas,
posto de telégrafo, entre outras facilidades. O terraço é protegido por varandas com sistema de
cortinas, para permitir aos mais debilitados a helioterapia necessária. Existem pavilhões anexos para
este mesmo método, e nas varandas encontram-se equipamentos como chaise-longue e cadeiras
reclináveis. Tal como o sanatório anterior, mantém-se um edifício isolado para médicos residentes. Na
ala sudoeste podem encontrar-se os equipamentos de hidroterapia, com água especiais, em conjunto
com laboratórios e salas de consulta. Os serviços de desinfecção e pocilgas encontram-se em locais
independentes. Mais uma vez, os sumptuosos jardins com percursos e diversas diversões são
recorrentes.
Esses mesmos filantropos conseguem angariar capital para construir o primeiro sanatório para
pobres na Alemanha, com a designação de “Sanatório de Ruppertshain”, gerido por colaboradores do
mesmo médico. O edifício apresenta orientação a Sul e é formado por um edifício central com três
pisos, dois pavilhões e duas grandes galerias de cura. Ao nível térreo, surgem os duches, as instalações
sanitárias, maquinaria, etc. O segundo piso é constituído por recepção, salas de música e outros
entretenimentos. Os restantes pisos são espacializados em quartos com vários leitos, com forte
iluminação e materiais de fácil limpeza, devidamente segregados por sexo. A decoração não é tão
4
cuidada e elegante com o sanatório original. Este comporta cerca de 100 doentes e, na época, existem
projectos para a sua ampliação.
O conceito de Kurhouse, alemão, irá ser um conceito caro à Madeira, envolta em novelo
político e servindo de púlpito para os interesses de Portugal.
Os sanatórios na Madeira – o palco climatérico sanatorial internacional na segunda metade do século
XIX
A Madeira, na segunda metade do século XIX, era já considerada – nacional e
internacionalmente – pelas suas singularidades climáticas e como possível estância sanatorial para
tratamento da tuberculose. Comportava-se como uma plataforma europeia de profilaxia tuberculosa,
altamente estudada e reconhecida, e até comparada às estâncias mais conhecidas no Mundo.
As condições políticas de Portugal, especialmente no âmbito do seu posicionamento perante a
Europa, foram estratégicas na preponderância da ilha perante a medicina europeia, afirmando a
possibilidade de aliciar tísicos com um certificado profilático aparentemente certo. Inclusivamente,
estudiosos portugueses podem até ser considerados pioneiros no posicionamento do reconhecimento
médico de determinados climas (preponderando, até, a manifesta intenção e metodologia de
tratamento), como se apresenta o caso de Francisco António Barral, médico reconhecido alémfronteiras, licenciado pela Faculdade de Paris, Lente da Secção Médica da Escola Médico-Cirúrgica de
Lisboa, tendo sido também Presidente da Sociedade das Ciências Médicas.
Francisco Barral publica, em 1854, o estudo “sobre o clima do Funchal e a sua influência no
tratamento da tuberculose”, e a sua posição fulcral nas relações médicas internacionais faz ecoar a
Madeira entre a comunidade. Já antes outros médicos, sobretudo a partir da década de 30 do século
XIX, tinham referido a ilha em co-relação com a tuberculose pulmonar. Como ilustração da afluência à
ilha, entre 1834 e 1852, a média anual de doentes enquadrava-se no intervalo de 300 e 400, e grande
5
parte destes eram ingleses . O médico refere, em 1852, "dando-se aqui as circunstancias de que não é
tanto aos nacionaes como aos estrangeiros que ella (a Ilha da Madeira) deve o credito que obedece e
6
vae sustentando ".
Mas todos estes casos apenas se baseiam na concepção exploratória do lugar, e não à
construção de edifícios específicos – como os sanatórios ou as casa de saúde, por muito generalistas que
estes últimos possam configurar-se – com programa clínico e arquitectónico dirigido à epidemia vigente.
O início da construção específica de edifícios como estruturas arquitectónicas destinadas à
tuberculose em Portugal inicia-se com D. Amélia de Leuchtenberg, imperatriz viúva de D. Pedro IV que,
com o falecimento deste em 1834 vitimado pela peste branca, que depois de uma longa viagem pela
Europa e regressada a Lisboa, lhe é lido o diagnostico de tuberculose de sua filha, a princesa, por
possível contágio paterno.
Neste intuito, parte para a ilha à procura de um possível tratamento, devidamente aconselhada
pelos seus médicos. A filha acaba por padecer face à doença, no ano de 1853. Sabe-se que o médico que
7
assinou a certidão de óbito da princesa fora precisamente Francisco Barral .
Nesse mesmo ano, a imperatriz manda erigir um hospício (o termo sanatorial ainda não se
8
aplica), que irá funcionar a suas dispensas, e “a que presidiu Dr. Francisco Antório Barral” , que irá
concluir o processo de obra no ano de 1859. “Este estabelecimento que, pelas suas condições
hygienicas, caridade, tratamento dos enfermos e educação das creanças, pode revalisar com o melhor
do seu genero, é um vasto e magnifico edificio de bello gosto architectonico, rodeado de terrenos
extensos. O seu custo foi de cerca de 200 contos, e pertence hoje ao rei da Suécia a cargo de quem está
9
a sua administração” . No seu interior, existe uma lápide que ilustra o conceito do hospício: “Hospício da
Princesa D. Maria Amélia, filha de D. Pedro, 1º Imperador do Brasil e Rei de Portugal, (...) Em memória
de tão amada e chorada Filha, sua saudosa Mãe levantou este edifício para tratamento dos pobres
doentes de moléstia do peito.
Foi lançada a 1ª pedra a 4 de Fevereiro de 1856 e acabada a obra no ano de 1859. Entraram os
10
primeiros doentes dia 4 de Fevereiro de 1862”. Foi seu primeiro médico, o Dr. António da Luz Pita .
Para a capella enviou a, imperatriz, de Lisboa, os ornatos; uma imagem da Senhora das Dores foi oferta
11
do imperador do Mexico ; e o altar foi feito em Munich .
O edifício comportava 12 doentes de cada sexo, e estaria equipado por morgue, rouparia e
instalações sanitárias. A decoração seria de índole bíblica (inscrições várias nas paredes), mobiliário de
materiais laváveis (de ferro), camas equipadas, “cadeiras de encosto com diferentes inclinações para os
12
doentes mais debilitados”, mobiliário de exterior para repouso, e divisões ventiladas e água quente .
A aparente inocência, mascarada em jeitos de beneficiência e assistência pública levantada
pelo manifesto interesse em construir sanatórios na ilha da Madeira, servirá de pretexto para uma
posição dominante da Alemanha em território nacional e, particularmente, “para permitir aos Alemães
13
tentar lograr o domínio do Atlântico, decisivo para a corrida naval germano-britânica” , medida
integrada num plano ainda maior de domínio do Atlântico. Claramente, esta “intromissão” era
corroborada pelo país para impedir a possível “influência” espanhola e para quebrar a corrente com a
tutela inglesa, e aproveitando o Bloqueio Continental destes a outras estâncias mundiais de reconhecido
nome.
Em Junho de 1903, D. Carlos, Rei de Portugal e dos Algarves, refere que o Príncipe Frédéric
Charles de Hohenlohe pretende construir sanatórios marítimos e altitude na Ilha da Madeira. As
condições serão propostas por sábios portugueses e estrangeiros, a referir o Dr. Koch. Uns serão para
pobres (o Estado terá, à sua disposição, 20% do total de alojamentos) e outros para ricos, com
"sumptuosidade" – e indica como grandes exemplos os Sanatórios de Hohenhonnef (Reno) e Davos
(Suíça).
Estes sanatórios seriam equipados por anexos, jardins, parques e hotéis de 1ª. classe (tal como
o hotel Carlton de Londres e Ritz, de Paris), "em bairros isolados e inteiramente saneados e providos de
toda a commodidade e recreio licitos", podendo até suplantar as Canárias, Nice ou Egipto, na época
grandes concorrentes.
Como condições de contrapartida, o príncipe requer o poder de expropriação, a isensão de taxa
14
de alfândega (que foi autorizado apenas quando o equipamento e o material não possa ser fabricado
em Portugal) e também a inteira e exclusiva concessão. É expressa a maior brevidade na aprovação,
para ter no prazo 2 a 3 anos, pelo menos 3 sanatórios construídos, em conjunto com a garantia de
depósito até dois sanatórios construídos estarem construídos.
ANT reconhece, pela mão de D. António de Lencastre, em parecer requerido por Hintze Ribeiro,
o "subido valor para o desenvolvimento material e prosperidade da Ilha da Madeira, mas ainda
15
elemento de notável importância para a luta contra a tuberculose" , e o Conselho Central da mesma
instituição aprova o projecto, pois acha razoável o número de doentes tuberculosos pobres que o
16
Príncipe, em noma da empresa, se obrigava a tratar gratuitamente a troco da concessão . Em 18 de
Setembro de 1903, o Ministro do Reino encomenda a D. António Maria de Lencastre a missão de
17
acompanhar comissão para estudos de locais e implantação sanatórios privativos na madeira .
Depois da visita do médico à Madeira, e depois de estabelecidos os propósitos da comissão
técnica para a escolha dos terrenos para a edificação dos sanatórios, presidida pelo professor Fränkel
(Faculdade Medicina de Berlim) e pelo Dr. Pannwitz (Sec. Geral do Bureau Internacional da Tuberculose
18
e director de várias obras de luta contra a TB e organização de inúmeros sanatórios ), foi conseguido
um sanatório para 60 doentes, depois de longa negociação, reservado ao Governo Português,
“construido expressamente com todos os aperfeiçoamentos que a higiene hoje exige, em local que foi
designado, (...) que seriam alimentados pela empresa.”, edifício este construído nas mais modernas
19
exigências técnicas e higiénicas, e seccionado em quartos para pequeno número de leitos .
O local escolhido fora uma área de 500 metros, contados da beira-mar para o interior, entre a
denominada Quinta Lambert e a fábrica de Álcool, no sítio do Salto do Cavalo. Era assim a Madeira
oficialmente reconhecida como "(...) clima altamente propício para a fundação de sanatórios e
20
kurhoteis, que dela deverão fazer no futuro uma estação cosmopolita de primeira ordem”. No
entanto, dividiu a área em 3 zonas, a saber: a primeira (desde a praia até 300 metros) para sanatórios
marítimos e kurhoteis para os predispostos; a segunda, uma zona média: (de 300 metros à região de
nevoeiros), porque tem clima seco, para sanatórios; e uma última: zona superior de grande altitude ou
região de nevoeiro: absoluta pureza de ares e intensidade elevada de raios solares. Em Janeiro de 1904,
Hintze aprova o projecto geral para construção de sanatórios na Madeira, ficando o concessionário
autorizado a proceder aos projectos definitivos, para aprovação e para se proceder às correspondentes
expropriações.
São encontradas referências programáticas, tanto para o sanatório para “ricos” como para
“pobres”, indicando a construção de um sanatório para indigentes, conforme os desenhos
apresentados. A análise das plantas indica que este “constará de um rés-do-chão e dois andares
superiores. Nestes ficam os quartos para os doentes; naquelle as salas para os medicas, cozinha e outras
dependencias. Uma vasta escadaria conduz a um hall no 1.º andar, ficando á direita as mulheres e á
esquerda, os homens, perfeitamente separados, e entre estas duas divisões a sala de refeição para
ambos os sexos, a horas differentes, tendo ao lado uma copa com um ascensor vindo da cozinha. Em
cada parte dos andares ficam os quartos para 10 a 12 doentes, e ao lado um outro para os que precisem
ser isolados. (...) A norte do 1.º andar encontram-se a lavandaria e quartos para o pessoal, e no corpo
central os quartos de banhos e a salas para instrumentos médicos. Os tectos sao terraçados para os
doentes apanharem sol e fazerem a cura d’ar. O material de construcção, decorações, W. C., etc.,
21
obedecem aos mesmos princípios hygienicos que os sanatorios para ricos.” Pelos desenhos anexos,
poder-se-á verificar que o projecto inicial sofre alterações, por parte da ANT e da concessionária, para
22
edificar o Sanatório dos Marmeleiros (início da construção em 1905 ).
Por outro lado, os sanatórios para ricos (que pela descrição será o Kurhotel do Littoral, descrito
adiante, não construído), apresentam a seguinte descrição analítica dos desenhos pela concessionária
apresentados: “as plantas de dois annexos indispensaveis: um para os diversos recreios e outro para o
pessoal da administração, direcção, escritorios, etc., tudo distribuído por uma vasta superfície, onde
possam estabelecer-se plantações de pinhaes, jardins espaçosos, Jogares para a cura de ar, etc. De todas
estas disposições será opportunamente levantada a competente planta topographica. As edificações
destinadas aos doentes constam de tres corpos separados communicando entre si por galerias,
passagens cobertas e escadas, e por tal modo angularmente dispostas que os doentes possam todos
gozar da exposição-sul e do mesmo panorama, havendo tambem terraços cobrindo os edificios para as
curas de ar e luz, e elevadores para os differentes andares e terraços. O edifício central tem rés-do-chão
e quatro andares, sendo em todos estes a parte voltada ao sul para quartos de cama, os quaes são
sufficientemente espaçosos e o lado sul envidraçado para formar, juntamente com a varanda, uma
divisão onde os doentes possam apanhar luz e sol. Na fachada norte haverá ventiladores para
arejamento dos quartos e corredores. No 2º. e 3º. andares haverá entre cada dois quartos uma casa de
banhos com todos os pertences e condições hygienicas. No 1º e 4º andares haverá casas de banho
communs. Do lado norte construir-se-hão quartos separados para doentes, ficando tambem d'este lado
os quartos para enfermeiros, casas de banhos, w. c. e lavandarias. Os corredores d 'este lado abrem
para halls cheios de ar e luz, podendo alguns ser aproveitados para serviços religiosos. Os edifícios
lateraes teem tres andares com a mesma disposição de quartos, systema de ventilação, e havendo ao
lado pequenas e grandes habitações para os ricos. O numero de quartos de cama em todos os tres
edifícios é de 196, variando a capacidade entre 40 e 60 metros cubicos. O material de construcção das
paredes, garantido quanto á qualidade pelo concessionaria, é a pedra, o ferro e o cimento combinados
de modo a permittirem todas as desinfecções, ao que tambem serão apropriadas as decorações e
mobilia do interior dos quartos. Todos os quartos teem canalisação de agua quente e fria, duches nos
quartos de banho, e apparelhos automaticos de lavagem nos w.cs. (...) Os quartos para serviço medico,
salas de consulta, laboratorios, etc., são distribuidos pelo rés-do-chão e 1º. andar do edifício central.
Completam esta edificação casa de jantar, restaurantes, salas para bilhares e para fumar, salões para
concertos, biblioteca, uma lavandaria, uma casa de desinfecção, estabulo para vitellas, gallinheiros, etc.,
quasi tudo distribuido convenientemente pelo rés-do-chºao, 1º. andar e subterraneos, encontrando-se
23
nestes as cozinhas e suas dependências.“
Essas expropriações referem-se apenas à Quinta Pavão, que entrou em litígio, já que as outras
duas, pertencentes ao mesmo eixo e justapostas, Quinta Bianchi e Quinta Vigia, já pertencem à
24
Companhia dos Sanatórios . A Quinta Pavão é propriedade de um inglês, que não chegou a um
entendimento do valor para expropriação. Assim, recorre ao Foreign Office. A empresa concessionária
"agarrou-se" ao governo alemão, abrindo Portugal um conflito aberto entre as duas nações. O
Presidente do Conselho, por motivos de doença (ao que parece, alegados) não recebeu o representante
da Alemanha quando este o procurou. O Governo alemão entrega nota para insistir na resposta do
Ministro dos Negócios Estrangeiros. Só assim se abriram as negociações entre "as duas chancellarias".
A empresa concessionária desiste de parte do terreno - o mesmo ao qual o governo não "se
25
arreceou" a aplicar a expropriação, "mediante uma soma que se diz ser de 50 contos" . No entanto,
esta quinta será, em Março de 1905, adquirida por M. Faber e, ainda no mesmo mês, vendida a William
e Alfred Reid.
A comissão da ANT verifica que foram aplicadas as alterações nos edifícios que o Príncipe
pretende construir (referentes ao Sanatório Palace-Hotel e Sanatório Popular da Madeira
(Marmeleiros). Este pretende que se autorize a construção de um sanatório com o nome de "Hotel
Quinta Sant'Anna, aproveitando as casas que ocupam a parte mais alta da Quinta de Sant'Anna, que
estão em bom estado de conservação. É aprovado o parecer em 01.09.1904, "pois dão todas as
garantias de higiene moderna e servidão para desde já se fazerem estudos de climoterapia na
26
Madeira . Entre o Conselho Superior de Higiéne Pública e Hintze Ribeiro, é fixado um prazo de 3 anos
para o término da construção.
No ano de 1905, O príncipe anuncia que estão já concluídos os trabalhos do Kurhotel Madeira,
no qual estão reservados 10 lugares para pobres. Em projecto, existe o Kurhotel do Littoral, com quatros
pisos, a construir nas quintas Vigia, Pavão e Bianchi, que acreditamos não ter sido construído (nos
moldes do projecto arquitectónico analisado). Este último edifício obteve aprovação do ANT, que refere
que "foram cumpridas (…) todas as exigências, não só da melhor arte, estabelecendo-se assim o
princípio como foi indicado pelo digníssimo Conselho Superior de Saúde e por esta comissão com
27
respeito à separação dos serviços terapêuticos pelos agentes físicos em pavilhões separados”.
A estância climática da “Serra da Estrella” – A tuberculose pelos tuberculosos: do “esquimó” a Sousa
Martins
28
Ocorreu aos médicos Dr. Sousa Martins e Dr. Serrano , “distinctos” professores da Escola
Médico-Cirúrgica de Lisboa encontrar uma solução que evitasse as dispendiosas e fatigantes
deslocações a estações climáticas em outros países, para prejuízo dos doentes, o estudo da Serra da
Estrela para indicação de recuperação de tuberculosos respiratórios, por lhes parecer “como a mais
29
adequada, attenta a sua altitude, a serra da Estrella, e para ella voltaram as suas attenções” , depois de
Sousa Martins a ter visitado, e onde terá encontrado o seu amigo César Rodrigues, tuberculoso, que aí
30
terá levado “uma vida de esquimó” e se terá curado da doença .
Tendo sido escolhido o “terreno” para a implantação da estância, teriam que ser prosseguidos
estudos climatéricos e observações meteorológicas, para se avaliar a conveniência do local para os fins
propostos. Assim, organizou, em conjunto com a Sociedade de Geographia de Lisboa, e ainda em
31
colaboração com o colega , uma expedição científica a toda a Serra da Estrela, em agosto de 1881.
Durante essa viagem, ultrapassando as dificuldades de acesso e locomoção, a falta de apoio
local e a georreferenciação do local, foi decidido implantar, no Poio Negro, um observatório
32
meterológico, proposto em conjunto com Brito Capelo em 1882 , que inicia as suas funções em
33.
Setembro do mesmo ano
A presença inicial, icónica e funcional do Observatório, “uma casa bastante grande, estando a
dominar-lhe a cobertura sólida de lousas uma pequena torre onde se encontram muitos instrumentos
34
de observações desde o catavento ao thermometro” irá servir de referência para a substanciação da
estação climatérica, a par da já consolidada Guarda, da Serra da Estrela – O Sanatório da Serra da
Estrella, do Observatório, de Manteigas ou, simplesmente, da Serra35, considerado um núcleo
36
embrionário sanatorial tuberculoterápico . Este lugar irá preencher os mais importantes requisitos para
um sanatório para tuberculose pulmonar, muito embora a condição dos ventos fortes vá suscitar, na
comunidade médica, reservas quando à localização específica, que poderá ser resolvida com a
construção de muros, de linhas de arborização ou outros suportes físicos para amenizar as fortes
37
correntes. É assegurada a sua direcção clínica por Sousa Martins .
Este núcleo fora constituído por diversas habitações e pequenas barracas, de matriz primordial,
que preocupavam os higienistas da época, pelas parcas condições de higiene e, em particular, de
ventilação, que maioritariamente não existia nas acomodações: na época, seria recomendável a
abertura total das janelas, ou o recurso a sistemas de ventilação natural, com dispositivos de abertura
38
directa para o exterior.
As construções tendem a ser erigidas em crescente altitude. Devido à inexistência de protecção
aos ventos fortes de oeste, nesta zona, as habitações foram sendo construídas em direcção do Valle do
39
Conde ou do Valle das Éguas . “Construído o observatório, as barracas que até alli davam guarida aos
operários passaram a abrigar os doentes, tal era a anciosa esperança n'este meio therapeutico, novo
entre nós. Começou também a edificação de algumas casas e barracas de madeira, estendendo-se de
nord'este a sudeste do Observatório, e indo a sua construcção aperfeiçoando-se cada vez mais sob o
ponto de vista hygienico, de modo a serem já toleráveis as ultimamente construídas”. Na totalidade,
comportariam cerca de 24 famílias.
As primeiras barracas eram de construção simples, compostas por paredes de “uma única
camada de costaneiras de pinho, mal sobrepostas e seguras ao solo, inferiormente por uns gatos de
40
ferro e superiormente prezas por uns arames, que eram affinados depois de cada tempestade” ,
contrapostas às barracas mais recentes, de construção mais evoluída, utilizando madeira devidamente
impermeabilizada, com paredes duplas com caixa de ar devidamente protegidas por ondulado férreo, e
com ventilação devidamente estudada: circulação livre de ar entre o tecto e as paredes, pelo forro, e
equipadas com um número de divisões e mobiliário estritamente necessárias para uma família, como
uma chaise-longue para repouso e uma braseira.
O número de casas disponíveis não supera a procura, e alguns doentes têm que se deslocar
para outras estâncias climatéricas. Por outro lado, a ausência de infraestruturas de suporte fazem com
que os medicamentos sejam pedidos à Guarda, e o serviço médico é prestado por Sousa Martins e por
Basílio Freire. Desta forma se verifica que a cura por altitude, ainda empírica, é o método profilático por
excelência.
“É aqui que está a Davos-Platz portugueza, como declarou Sousa Martins, o mestre inolvidável,
e foi segundo as suas indicações que alguém [refere-se a César Rodrigues], a quem a desesperança de
cura invadiu, aqui mandou construir a primeira casa. Seguiram-lhe posteriormente a exemplo tantos e
tantos a quem o mesmo mal affligia; o governo porém nem quiz ouvir o mestre, nem tem attendido às
curas que aqui se teem operado, o que na verdade deveria ser incentivo bastante para obras de
41
resultado mais practico.”
É também neste local que o “Club Hermínio”, de carácter benemérito, está a construir – em
1890, um hospital para doentes tuberculosos, que será a primeira construção sanatorial de médio porte,
com assistência clínica, construído na região. Este sanatório teria como missão “soccorrer os doentes de
ambos os sexos, que pelas suas precárias circumstancias não possam seguir o tratamento
recommendado pelo medico assistente, fornecendo-lhe transporte, casa, medico, remédios, alimentos e
42
emfim tudo quanto seja indispensável para a sua melhora e cura ”, além de servir de “polícia higiénica
43
em todos os pontos da Serra e nas habitações” dos doentes.
Esta estrutura irá, assim, tentar colmatar a falta de suporte clínico, e atender à necessidade de
presença médica constante. Este hotel foi construído, equipado com telégrafo e posto de correio, e
terminou a edificação em 1899, composto por 54 quartos, diversas salas e por uma galeria envidraçada,
como que galeria de cura para exposição helioterapêutica.
Mais uma vez, Sousa Martins está ligado a esta instituição, sendo considerado sócio honorário
e perpétuo pelos fundadores, embora o sanatório apenas tenha sido construído após a sua morte. Este
sanatório era servido pelos acessos da estação de comboio de Gouveia, pertencente à linha férrea da
Beira-alta, com paragem anterior à da Guarda, onde uma diligência conduzirá o doente até à vila, e daí
44
por uma estrada em conclusão que o levará ao seu destino, a 1441 metros de altitude.
O desaparecimento deste hotel deve-se a um incêndio grave, que o destruiu por completo, e
45
sobre o qual foi erguido o Hotel da Serra da Estrela .
Mais tarde, com construção iniciada em cerca de 1890, e com presumível data de término o
ano seguinte, apresenta-se um outro sanatório, “conhecido pelos nomes de sanatório da Covilhã, da
46
Nave da Areia, ou das Cortes”. A confiar na veracidade dos documentos encontrados, esta localização
nada tem a ver com Sousa Martins e com os seus colegas, mas sim pelos Drs. Costa e Mouzaco, médicos
da Covilhã, que pelos “bons resultados obtidos pelos doentes na Serra, a immensa procura e carência de
casas n'aquelle local, e emfim o desejo de dotarem a sua terra, onde a phtisica tende a alastrar-se, d'uni
melhoramento que fosse também d'intéressé para a humanidade” e pelo facto de bem conhecerem a
região, onde a estrada para a Covilhã cruza a ribeira de Cortes, sugeriram a construção de um hotel para
47
doentes tuberculosos, 1530 metros de altitude, que em 1890 já tinha as paredes erigidas.
O edifício seria bem protegido dos ventos fortes por uma série de penedos já existentes, num
48
local completamente desabitado , e relativamente perto da Covilhã (planalto de Nave de Areia). A
proximidade da ribeira poderia permitir a prática de hidroterapia. O edifício é composto por três corpos.
No corpo central encontra-se o salão de visitas, a sala de jantar, banhos, arrecadações, retretes, ets.,
enquanto os corpos laterais comportam 12 quartos (metade com orientação nascente e os restantes a
poente, com pé-direito de 3.5m e dimensões de 6x4m, o que lhes determina grande cubagem para a
época). O edifício é completamente isolado do exterior, por paredes de granito e juntas de cal, com
caixa-de-ar, e faces protegidas a ferro zincado, os corredores com grandes aberturas, paredes-mestras e
cozinha adjunta ao edifício, mas individualizada.
“E é de esperar em fim que, no acabamento d'esta casa, se attendant a todas as exigências
49
scientificas modernas.” A análise destes dados prossegue, na tentativa de compreender o nascimento
e o destino do edifício.
Portugal mostra assim o pioneirismo perante o Mundo, ao explorar a Madeira perante as
adversidades do bacilo da tuberculose, na tentativa de disseminar a peste branca que assolava a Europa
e, em particular (e com níveis muito altos), o país. Os Kurhouse e os Kurhotel, utilizando as designações
da época, são conceitos baseados em casas ou hotéis que serviriam de abrigo de cura a tuberculosos. A
arquitectura é manifestamente pronunciada em carácter de abrigo primordial, de reserva, e nem tanto
de cariz ou programa hospitalar e, numa outra vertente, de isolamento, de barreira, que se irá verificar
mais tardiamente, com a construção de sanatórios em toda a sua força sistemática. Existe ainda um
outro exemplo ilustrador de tal situação: o sanatório do Seixoso, unidade hoteleira no norte do país,
que serviria também para abrigo de tuberculosos pulmonares. É também por esta altura que se inicia a
classificação mais pronunciada entre os sanatórios de montanha e de altitude, acompanhando os
estudos clínicos que se vão disseminando. Portugal está receptivo ao desenvolvimento científico
nacional, participando em todas as conferências internacionais mais importantes, e mais tardiamente,
recebendo uma das Conferências Internacionais de Tuberculose, na cidade de Lisboa.
O recurso à estatística e ao movimento dos médicos entre os sanatórios, a experimentação de
edifícios tecnicamente desenvolvidos (como é o caso dos edifícios da Madeira, em termos engenharia),
tais como métodos de tratamento e profilaxia que se estavam a desenvolver na época – apenas mais
tarde, principalmente com o recurso ao B. C. G., tal condição não se vai verificar. Os princípios higiénicos
e os modelos higienistas, tanto ao nível urbano como à escala urbana, estavam já a ser desenvolvidos e
integrados em projectos legislativos.
O sanatório-abrigo, como se verifica, é patente em todos estes exemplos, quer seja por
autoconstrução quer por projecto, mas não ficará em voga mais tempo: a construção de unidades
sanatoriais desenvolvidas irá mudar os paradigmas arquitectónicos, reformulando-nos, e dispô-los ao
uso dos recursos médicos.
Estão em estudo, pelo autor, as plantas dos edifícios referidos, além de outros dados textuais e
gráficos.
Os sanatórios deixaram de fazer qualquer tipo de sentido quando, aparentemente, a epidemia
estava erradicada, e a quimioterapia (em conjunto com os meios disponíveis nos dispensários e nos
hospitais generalistas) assegurou o tratamento em ambulatório. O sanatório assume assim um papel
macrófago relativamente a si próprio, porque na década de 70 assistimos ao seu fim hospitalar, em
grande parte devido à sua eficácia. Como exemplo, o sanatório da Figueira da Foz, que nunca o chegou a
ser, mostra o paradigma moderno em toda a sua força, ao nível de Alvar Aalto e o seu sanatório de
Paimio, obra que mostra, como poucos, a partir da praia, uma modernidade ainda estranha. Um púlpito
moderno que, em questão de dias, se transformou puramente num hospital, sem necessidade de
alterações. No entanto, tantos outros, assistiram calmos ao declínio da sua importância, permanecendo
hoje em ruína, aguardado o seu devido reconhecimento.
A Arquitectura passa a ruína, vestigial de investigações pioneiras em Portugal e no Mundo,
vítima de estudos internacionais e funcionando como modelo que, hoje em dia, cai no esquecimento,
qual ferida exposta nos edifícios que, já não brancos, mas sujos, revoltam ao seu passado.
50
Imagem 1 – Quinta Sant’Anna (Inst. provisória). Funchal. Alçado e vista dos jardins .
51
Imagem 2 – Kurhotel Amelia (Inst. provisória). Funchal. Vista de Conjunto .
52
Imagem 3 – Sanatório Popular dos Marmeleiros .
Imagem 4 – Sanatório da Madeira – Pavilhão para os pobres.
Imagem 5 – Torre e Casa do Observatório, Serra da Estrela.
1
53
54
KNOPF, S. A. 1899. Pulmonary Tuberculosis – it’s modern prophylaxis and the treatment in special
institutions and at home. Filadélfia. P. Blakiston’s Son & Co., pp. 97-98.
2
Id., Ibid., p. 100.
3
Id., Ibid., pp. 93-94.
4
Id., Ibid., pp. 94-96
5
Cfr. ESTUDANTE, Conceição, O Turismo na RAM (II), Jornal da Madeira: 02.06.2011.
6
A. N. T.. Relatório e contas acerca da Gerência Social relativa ao anno economico de 1903-1904
apresentado à Assembleia Geral dos Sócios da A. N. T. 1905. Lisboa. Typ. Adolpho de Mendonça, pp. 93101.
7
«Sua Alteza Imperial A Princesa Dona Maria Amélia ( ... ) Deo a Alma ao Creador às 4 horas da manhã
do dia 4 de Fevereiro de 1853. Paço junto ao Funchal em 4 de Fevereiro de 1853 (Assignado) Doutor
Francisco António Barral» In A Quinta Vigía (Em linha. Consulta em 10.09.2011). Sítio:
http://www.pgram.org/modelo_001.asp?id_documento=269.
8
BARROSA, Hernano, A Lucta contra a tuberculose em Portugal e nalguns países do mundo civilizado –
leis profilácticas e de assistência. Tuberculose – Boletim da A. N. T., XIX: 4. pp. 1-24.
9
OLIVEIRA, José Bernardino de. Brasil Portugal - Hospício da Princeza D. Amelia. Revista Quinzenal
Illustrada, III: 62, pp. 219-220.
10
SANTOS, António Fernando Castanheira Pinto. 2001. O combate à tuberculose: uma abordagem
demográfico-epidemiológica, o Hospital de Repouso de Lisboa (1882-1975). Mestrado apresentado ao
Departamento de História da Faculdade de Letras de Lisboa. p. 26.
11
RIBEIRO, Victor. 1910. Tuberculose – Boletim da A. N. T., n. 19. pp. 41-49.
12
Cfr. VIEIRA, Ismael. sd. Combater a tuberculose à beira mar – talassoterapia e sanatórios marítimos
entre
os
séculos
XIX
e
XX”.
(Em
linha.
Consulta
em
10.09.2011).
Sítio:
http://www.citcem.org/encontro/pdf/20/s3/3-Ismael%20Vieira/Resumo%20-%20Ismael%20Vieira.pdf.
13
In GUEVARA, Gisela Medina. 1997. Edições Colibri. Lisboa. p. contracapa.
14
Discutiram em Câmaras modificação à lei da ANT de 17.08.1899, e introduziram como aditamento um
parágrafo no novo projecto, para que empresas particulares possam ter as vantagens que a lei concede
à ANT em beneficio dos tuberculosos. Cfr. A. N. T.. Relatório e contas acerca da Gerência Social relativa
ao anno economico de 1903-1904 apresentado à Assembleia Geral dos Sócios da A. N. T. 1905 . Lisboa.
Typ. Adolpho de Mendonça. p. 11-14.
15
No entanto, refere alguns pontos: a empresa terá que estar subordinada às disposições do
parlamento; Ponto 2: que os sanatórios para ricos e pobres estejam a funcionar simultaneamente; em
caso de liquidação da empresa, os sanatórios e o seu conteúdo ficará para a ANT. (D. António Maria de
Lencastre). In SN. 1909. Os Sanatórios da Madeira. Lisboa. Imprensa Libano da Silva, p. 23 a 29.
16
Aprovado em 30.05.1903. In A. N. T.. Relatório e contas acerca da Gerência Social relativa ao anno
economico de 1903-1904 apresentado à Assembleia Geral dos Sócios da A. N. T. 1905 . Lisboa. Typ.
Adolpho de Mendonça. pp. 11-14.
17
Cfr. A. N. T.. Relatório e contas acerca da Gerência Social relativa ao anno economico de 1903-1904
apresentado à Assembleia Geral dos Sócios da A. N. T. 1905 . Lisboa. Typ. Adolpho de Mendonça. p. 93.
18
Id., p. 93-101.
19
Id., p. 11 -14. Condição erigida em 22.12.1903.
20
Cfr. Parecer do Conselho Superior de Higiene Pública, in SN. 1909. Os Sanatórios da Madeira. Lisboa.
Imprensa Libano da Silva. pp. 23-49.
21
SN. 1909. Os Sanatórios da Madeira. Lisboa. Imprensa Libano da Silva. pp. 35 a 36.
22
VASCONCELOS, Teresa. 2008. O Plano Ventura Terra e a Modernização do Funchal (primeira metade
do Século XX. Funchal. Empresa Municipal “Funchal 500 anos”. p. 101.
23
SN. 1909. Os Sanatórios da Madeira. Lisboa. Imprensa Libano da Silva. pp. 34 a 35.
24
PEDROSO, Consiglieri. 1906. No Funchal – Os Lazaretos e os Sanatórios. Brasil Portugal - Revista
Quinzenal Illustrada, 172, pp. 60-61
25
Id., Ibid.
26
SN. 1909. Os Sanatórios da Madeira. Lisboa. Imprensa Libano da Silva. p. 27
27
Id., Ibid.
28
A. N. T.. 1929. Tuberculose – Boletim da A. N. T. IX: 1, passim.
29
GUIMARÃES, Rodrigo Antonio Teixeira. 1887. O tratamento Climatérico da Tuberculose Pulmonar e a
Serra da Estrella. Porto. Typ. Da A. J. Silva Teixeira. p. 63.
30
NEVES, Cassiano. 1937. Sanatórios de Planície. Lisboa. Tip. Da Empresa Nacional de Publicidade.
31
Também com Carlos Tavares (médico) e Emídio Navarro (publicista). Resulta a publicação "Quatro dias
na Serra da Estrella", com prefácio de Sousa Martins. In S. L. A. T. 1980. ANT, IANT, SLAT - História
Sumária da Instituição (1899-1979). Lisboa. SLAT. p. 8. Resulta a publicação "Quatro dias na Serra da
Estrella", com prefácio de Sousa Martins.
32
REPOLHO, Sara. 2008. Sousa Martins: Ciência e Espiritualismo. Coimbra. Imprensa da Universidade,
2008. passim.
33
GUIMARÃES, Rodrigo Antonio Teixeira. 1887. O tratamento Climatérico da Tuberculose Pulmonar e a
Serra da Estrella. Porto. Typ. Da A. J. Silva Teixeira. p. 64.
34
THADEU, João e PEREIRA DA COSTA. 1904. Uma carta da Serra da Estrella. Illustração portugueza Revista Quinzenal Illustrada, I: 62, pp. 821-822.
35
PIMENTA, J. A. Santos. 1890. A Pthisica e a Serra da Estrella e o Específico do Dr. Kock. Porto. Typ. de
Arthur José de Sousa e Irmão. p. 27.
36
Id., p. 33
37
"O eminente Mestre não podia pois, n'uma seriação lógica de ideas, deixar de levar o seu
entendimento para o que Portugal possuia de mais orographicamente similar ás regiões alpinas— a
Serra da Estrella. A sua excursão ahi ficou memorável pela forma que lhe deu (...) , pela importância que
lhe imprimiu a opinião auctorisada do Mestre, e pela cura de alguns dos seus doentes, que para lá
enviou. Subsequentemente, dados colhidos por quem aproveitou a corrente das suas idêas legitimaram
a fama da Serra da Estrella como estancia de cura da tuberculose. E n'isso se resumia, até ha poucos
annos, o nosso recurso n'este ramo da therapeutica hygienica." in MONTERROSO, M. A. Da Costa. 1902.
A Tuberculose e o Sanatório. Porto. s/e. pp. 59-60.
38
PIMENTA, J. A. Santos. 1890. A Pthisica e a Serra da Estrella e o Específico do Dr. Kock. Porto. Typ. de
Arthur José de Sousa e Irmão. p. 55.
39
“A principiar aqui e n'um grande prolongamento até ao Vale das Éguas acham-se disseminadas muitas
casas de saúde, em que se encontram muitos individuos, uns minados pelo terrivel micróbio da
tuberculose, outros anémicos, e outros ainda predispostos.” GUIMARÃES, Rodrigo Antonio Teixeira.
1887. O tratamento Climatérico da Tuberculose Pulmonar e a Serra da Estrella. Porto. Typ. Da A. J. Silva
Teixeira. p. 821-822.
40
PIMENTA, J. A. Santos. 1890. A Pthisica e a Serra da Estrella e o Específico do Dr. Kock. Porto. Typ. de
Arthur José de Sousa e Irmão. pp. 100-102
41
GUIMARÃES, Rodrigo Antonio Teixeira. 1887. O tratamento Climatérico da Tuberculose Pulmonar e a
Serra da Estrella. Porto. Typ. Da A. J. Silva Teixeira. p. 821-822.
42
Estatutos do Club Herminio, art. 2.°, § 2.°. In PIMENTA, J. A. Santos. 1890. A Pthisica e a Serra da
Estrella e o Específico do Dr. Kock. Porto. Typ. de Arthur José de Sousa e Irmão. p. 100
43
PAIS, José Machado. 1994. Sousa Martins e suas Memórias Sociais. Sociologia de uma Crença Popular.
Lisboa. Gradiva e REPOLHO, Sara. 2008. Sousa Martins: Ciência e Espiritualismo. Coimbra. Imprensa da
Universidade, 2008.
44
PIMENTA, J. A. Santos. 1890. A Pthisica e a Serra da Estrella e o Específico do Dr. Kock. Porto. Typ. de
Arthur José de Sousa e Irmão. p. 27.
45
“À altitude de 1530 m, no planalto chamado Nave da Areia, onde o primeiro tuberculoso curado na
Serra, Alfredo César Henriques, ergueu o Sanatório-Hotel dos Hermínios, convida-nos hoje um Hotel
moderno com “appartements” luxuosos. A aristocracia da Covilhã e alguns afortunados forasteiros
construíram os seus chalés em volta, mais adiante existe um monumento erigido à memória do Dr.
Sousa Martins(...).” In WACHSMANN, Fred. 1949. Como eu vi a Serra da Estrela, Alcobaça. Tipografia
Alcobacense, Lda.
46
“Seria conveniente também n'esta vertente oriental da Serra estabelecer estações gradativas por
exemplo no Valle de Santo Antonio para o sanatório da Covilhã, na encosta superior á Villa de Manteigas
para o do observatório, e para a Guarda, servia a da Povoa de Mileu em que já fallei. Se o doente tem
tomado a Guarda para estação gradativa e pretende dirigir-se para a Serra, tem por ora um caminho só;
por Gaya, Aldeia de Matto, Manteigas e Serra; dentro em breve porem terá mais dois, um pelo caminho
de ferro da Beira Baixa até Bellomonte, e d'ahi em carro por Aldeia de Matto ao sanatório ; e o outro
por estrada directa da Guarda a Manteigas por Famalicão. D'estes três caminhos, o primeiro, por Gaya,
alem de ser longo tem o grande inconveniente de o doente passar de 1039 metros d'altitude a 500 e
tornar logo a subir a 1441.”. PIMENTA, J. A. Santos. 1890. A Pthisica e a Serra da Estrella e o Específico
do Dr. Kock. Porto. Typ. de Arthur José de Sousa e Irmão. p. 32.
47
PIMENTA, J. A. Santos. 1890. A Pthisica e a Serra da Estrella e o Específico do Dr. Kock. Porto. Typ. de
Arthur José de Sousa e Irmão. p. 105.
48
Apenas com a presença de uma pequena casa de habitação.
49
PIMENTA, J. A. Santos. 1890. A Pthisica e a Serra da Estrella e o Específico do Dr. Kock. Porto. Typ. de
Arthur José de Sousa e Irmão. pp. 109-110.
50
In SN. 1909. Os Sanatórios da Madeira. Lisboa. Imprensa Libano da Silva. p. 49
51
In SN. 1909. Os Sanatórios da Madeira. Lisboa. Imprensa Libano da Silva. p. 50
52
In SN. 1909. Os Sanatórios da Madeira. Lisboa. Imprensa Libano da Silva. p. 51
53
A. N. T.. 1905. Relatório e contas acerca da Gerência Social relativa ao anno economico de 1903-1904
apresentado à Assembleia Geral dos Sócios da A. N. T. Lisboa. Typ. Adolpho de Mendonça. p. 92
54
In THADEU, João e PEREIRA DA COSTA. 1904. Uma carta da Serra da Estrella. Illustração portugueza Revista Quinzenal Illustrada, I: 62, pp. 823 e 821.
Download