UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇAO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL LÂMPADAS TUBULARES LED X FLUORESCENTES – ESTUDOS DE VIABILIDADE, NA PERSPECTIVA DA QUALIDADE DA ENERGIA E EFICIÊNCIA ELÉTRICA RAUL VITOR ARANTES MONTEIRO PROF. DR. BISMARCK CASTILLO CARVALHO Orientador CUIABÁ-MT Fevereiro, 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇAO EM ENGENHARIA DE EDIFICAÇÕES E AMBIENTAL LÂMPADAS TUBULARES LED X FLUORESCENTES – ESTUDOS DE VIABILIDADE, NA PERSPECTIVA DA QUALIDADE DA ENERGIA E EFICIÊNCIA ELÉTRICA RAUL VITOR ARANTES MONTEIRO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Edificações e Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito para a obtenção do título de mestre. PROF. DR. BISMARCK CASTILLO CARVALHO Orientador CUIABÁ-MT Fevereiro, 2015 Dedico este trabalho aos meus pais em igual escala. Por serem fontes inspiradoras, exemplos de dedicação e trabalho e, pela paciência, amor e carinho que sempre teve comigo e minhas irmãs. Agradecimentos Em primeiro lugar agradeço o meu orientador, Professor Doutor Bismarck Castillo Carvalho, pela humildade, destreza e sabedoria de enxergar potencial onde a maioria não enxerga e me deu a oportunidade de realizar este trabalho e a chance de obter este título. Agradeço ao meu grande amigo, Professor Mestre (ainda) André Luis Amorim da Fonseca, que sempre me defendeu, acreditou em mim e teve a ideia do primeiro artigo que desencadeou este trabalho. A Paula Dornelles Martins Monteiro, que teve paciência comigo nos momentos mais difíceis e sempre me faz olhar os aspectos positivos mesmo quando as dificuldades são grandes. Ao professor Doutor Arnulfo Barroso de Vasconcellos, grande pesquisador, corumbaense e incentivador que sempre quando estava disponível não mediu esforços a me ajudar a confeccionar este trabalho. Ao professor Doutor Fabrício Parra Santilho, que foi de GRANDE ajuda nos procedimentos voltados às simulações computacionais e medições em laboratório. Ao professor Doutor Roberto Apolônio, que gentilmente cedeu o laboratório e os instrumentos de pesquisas que utiliza para a confecção deste trabalho. Ao professor Doutor Laerte Pinhedo, pela amizade e exemplo de profissional tanto para mim quanto para o meu falecido pai. Ao professor Doutor Fernando Nogueira de Lima e ao professor Doutor Adeon Cecílio Pinto, que gentilmente aceitaram o convite para participar da avaliação deste trabalho e desprenderam seus respectivos tempos para essa tarefa. Ao meu amigo Edumar Campelo que me deu todo o suporte para que eu tivesse tempo para realizar esta pesquisa. A todos aqueles que torceram por mim. Resumo LÂMPADAS TUBULARES LED X FLUORESCENTES – ESTUDOS DE VIABILIDADE, NA PERSPECTIVA DA QUALIDADE DA ENERGIA E EFICIÊNCIA ELÉTRICA. Cuiabá, 2015. Dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação MONTEIRO, R. V. A. em Engenharia de Edificações e Ambiental. FAET - Faculdade de Arquitetura Engenharia e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso. Este trabalho apresenta um estudo realizado sobre a substituição de lâmpadas fluorescentes tubulares para iluminação de interiores por lâmpadas LED (light emitting diode) tubulares. O trabalho aborda a eficiência elétrica alcançada com a substituição, tomando por base o sistema de tarifação no Brasil denominado de “Bandeiras Tarifárias”, cuja implantação está prevista para 2015. Também é abordada a qualidade da energia elétrica, focando as distorções das formas de onda de tensão e corrente. Para tanto, é avaliado o desempenho da lâmpada tubular do tipo T8: lâmpada fluorescente tubular de 20 W e lâmpadas LED tubulares de 10 W. Estas lâmpadas, apesar das potências nominais diferentes, apresentam as mesmas dimensões físicas, motivo pelo qual podem ser substituídas indistintamente sem a necessidade de mudança ou adequações das luminárias. Após a montagem de um arranjo laboratorial com as lâmpadas selecionadas foram efetuadas medições e realizadas análises. Os estudos permitiram constatar que o alto investimento que seria necessário para a substituição em grande escala de lâmpadas fluorescentes tubulares por suas equivalentes de LED não se mostrou atrativo do ponto de vista financeiro. Para chegar a esta constatação foram efetuados cálculos seguindo as orientações constantes do manual denominado “Procedimentos do Programa de Eficiência Energética – PROPEE – Módulo 7 – Viabilidade Econômica”, proposto pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. De outro lado quando analisada a qualidade da energia elétrica, foi alcançado um resultado satisfatório, uma vez que os níveis de distorções de tensão e corrente elétrica das lâmpadas tubulares LED se mostraram inferiores àquelas provocadas pelo reator eletrônico utilizado no acionamento da lâmpada tubular fluorescente. Sob o aspecto ambiental, devido a não serem empregados elementos sabidamente poluentes do meio ambiente tais como mercúrio e sódio na fabricação das lâmpadas LED, este tipo de fonte de luz artificial é menos prejudicial ao meio ambiente do que as fluorescentes quando do descarte das mesmas. Complementarmente aos estudos experimentais, são apresentados estudos computacionais realizados com um modelo computacional desenvolvido para a lâmpada LED estudada. O modelo encontra-se devidamente validado com os resultados experimentais realizados com a lâmpada. Desta forma disponibiliza-se uma ferramenta que poderá ser utilizada futuramente para previsões dos efeitos dessas lâmpadas na rede elétrica. Na parte final do trabalho é apresentado o resultado de estudos luminotécnicos conduzidos de acordo com a NBR 5382 Verificação de iluminância de interiores, que apontam para um desempenho pouco superior das lâmpadas tubulares fluorescentes comparativamente aos modelos LED utilizados nesta pesquisa. Palavras – chave: Lâmpada tubular LED, lâmpada tubular fluorescente, eficiência elétrica, qualidade da energia elétrica, viabilidade econômica, simulação computacional. Abstract MONTEIRO, R. V. A. LED TUBE LAMPS X FLUORESCENT LAMPS - FEASIBILITY STUDIES, IN THE PERSPECTIVE OF POWER QUALITY AND ELECTRICAL EFFICIENCY. Cuiabá, 2014. Dissertation from Master's Program Graduate Engineering and Environmental Building. FAET Faculty of Engineering Architecture and Technology, Federal University of Mato Grosso. This work presents a study carried out on the replacement of fluorescent tubes for interior lighting LED (light emitting diode) tubular lamps. The work addresses the electrical efficiency achieved by replacing, based on the charging system in Brazil called "Tariff Flags", which it is scheduled for 2015. Also the power quality is discussed, focusing on the distortion of voltage and current waveforms. Therefore, is evaluated the performance of tubular lamp T8 type: tubular fluorescent lamp 20 W and LED tube of 10 W. These lamps, despite the different power ratings, have the same physical dimensions, why can be replaced without distinction without the need to change or adaptations of the luminaires. After mounting a laboratory arrangement with selected lamps measurements were taken and analyzed. The studies showed evidence that the high investment that would be required for large-scale replacement of fluorescent tubes for its LED equivalent was not attractive from a financial point of view. In reaching this finding were made calculations following the manual guidelines set called "Energy Efficiency Program Procedures - PROPEE - Module 7 - Economic Viability", proposed by the National Electric Energy Agency - ANEEL. On the other hand when analyzing the power quality, a satisfactory result was achieved, since the levels of voltage and electric current distortions of tubular LED lamps are inferior to those caused by electronic ballast used in the drive for tubular fluorescent lamp. From an environmental aspect, because they are not known elements employed environmental pollutants such as mercury and sodium in manufacturing LED lamps, this type of artificial light source is less harmful to the environment than fluorescent on disposal of the same. In addition to experimental studies are presented computational studies of a computational model developed for the study LED lamp. The model is validated with experimental results obtained with the lamp. Thus there is provided a tool that can be used in the future to forecast the effects of these lamps in the power grid. In the final part the work presents the results of luminotechnical studies conducted according to NBR 5382 - Illuminance Interior Verification, pointing to a little superior performance of tubular fluorescent lamps compared to the LED models used in this research. Keywords: LED tube lamps, fluorescent tube lamps, electrical efficiency, power quality, economic viability, computational simulation. Lista de Figuras Figura 1- Ciclo trigonométrico das frequências fundamentais das fases A, B e C e seu sentido de rotação ........................................................................................................... 27 Figura 2 - Ciclo trigonométrico de sequência zero das tensões harmônicas das fases A, B e C ............................................................................................................................... 27 Figura 3 - Ciclo trigonométrico de sequência negativa das tensões harmônicas das fases A, B e C .......................................................................................................................... 28 Figura 4 - Ciclo trigonométrico de sequência positiva das tensões harmônicas das fases A, B e C .......................................................................................................................... 29 Figura 5 - Distúrbios na forma de onda de tensão relacionados à qualidade da energia elétrica ............................................................................................................................ 37 Figura 6 - Classificação dos LEDs quanto à suas características e potência ................. 38 Figura 7 - Processo de emissão de luz de um LED ....................................................... 40 Figura 8 - Formação da cor branca através de várias cores dos LEDs .......................... 40 Figura 9 - Faixa de espectro de radiação e as cores correspondentes a cada comprimento de onda ..................................................................................................... 41 Figura 10 - Comprimentos de ondas realtivos às cores emitidas pelos LEDs ............... 41 Figura 11 - Cor branca sendo formada através da aplicação de fósforo no corpo do LED e da emissão de um curto comprimento de onda na cor azul ......................................... 42 Figura 12 - Protótipo de LED de luz branca de alto brilho ........................................... 42 Figura 13 - Relação entre temperatura de junção e eficiência luminosa de LEDs ........ 43 Figura 14 - Relação entre a temperatura de junção do LED e a relação de luz emitida por cores ......................................................................................................................... 44 Figura 15 - Variação nas curvas características de um diodo com a mudança de temperatura ..................................................................................................................... 44 Figura 16 - Conversor linear de acionamento para dimerização ................................... 45 Figura 17 - Sinais PWM para controle de intensidade luminosa e cor ......................... 46 Figura 18 - Curva característica do um diodo em condução ......................................... 47 Figura 19 - Circuito equivalente de um LED ................................................................ 47 Figura 20 - Protótipo de lâmpada de LED utilizando componentes passivos ............... 50 Figura 21 - Proposta feita para a utilização de um reator eletrônico em paralelo com um driver de uma lâmpada LED .......................................................................................... 51 Figura 22 - Conversor Buck .......................................................................................... 52 Figura 23 – Topologia do Conversor Boost................................................................... 53 Figura 24 – Topologia do conversor Buck – Boost ....................................................... 53 Figura 25 - Conversor Buck Quadrático ....................................................................... 54 Figura 26 - Conversor Cùk ............................................................................................ 55 Figura 27 - Conversor SÉPIC ........................................................................................ 55 Figura 28 - Conversor Zeta ............................................................................................ 55 Figura 29 - Conversor Flyback ...................................................................................... 56 Figura 30 - Conversor flyback com circuito corretor de fator de potência ................... 57 Figura 31 - Flyback com modulação PWM e controle de temperatura ......................... 58 Figura 32 - Composição da estrutura tarifária aplicada no Brasil até 2014 .................. 60 Figura 33 - Bandeiras tarifárias ..................................................................................... 62 Figura 34 - Subsistemas energéticos do Brasil .............................................................. 62 Figura 35 – Foto do analisador de energia elétrica MARH -21 e acessórios ................ 66 Figura 36 - Painel e conexões do analisador de energia elétrica MARH – 21 .............. 66 Figura 37 – Foto do Analisador Trifásico de Energia Fluke 434 e acessórios .............. 67 Figura 38 - Microcomputador para realização da leitura do MARH -21 através do software ANAWIN ......................................................................................................... 68 Figura 39 - Amostra da biblioteca do ATPDraw ............................................................ 70 Figura 40 - Osciloscópio mostrando a forma de onda dos pulsos do circuito integrado do driver da lâmpada LED ............................................................................................. 71 Figura 41 - Luxímetro digital MINIPA, modelo MLM – 1010..................................... 71 Figura 42 - Esquema de ligação para as medições em laboratório ................................ 73 Figura 43 - Esquema real de medição: a) vista geral e b) detalhe das luminárias ......... 74 Figura 44 - Analisador de energia FLUKE coletando dados......................................... 75 Figura 45 - Topologia do conversor CC/CC encontrado na L2 .................................... 75 Figura 46 - Método para medição de iluminância média de um ambiente.................... 76 Figura 47 - Distorção na forma de onda de tensão e corrente do sistema onde se encontrava a lâmpada fluorescente acionada por reator eletrônico - Experimental. ...... 78 Figura 48 - Espectro harmônico de corrente da lâmpada “F” acionada por reator eletrônico, correspondente à Figura 47........................................................................... 79 Figura 49 - Formas de onda de tensão e corrente de F através do analisador de energia FLUKE. .......................................................................................................................... 80 Figura 50 - Distorção na forma de onda de tensão do sistema com a lâmpada L1 e corrente de L1 - Experimental. ....................................................................................... 80 Figura 51 - Espectro harmônico de corrente de L1, correspondente à Figura 52.......... 81 Figura 52 - Forma de onda de tensão e corrente de L1 através do analisador de energia FLUKE. .......................................................................................................................... 82 Figura 53 - Forma de onda de tensão e corrente de L2 - Experimental. ....................... 82 Figura 54 - Espectro harmônico de corrente de L2, correspondente à Figura 55.......... 83 Figura 55 - Formas de onda de tensão do sistema com a lâmpada L2 e corrente de L2 através do analisador de energia FLUKE ....................................................................... 84 Figura 56 - Formas de onda de tensão do sistema elétrico com o acionamento de F, L1 e L2 ................................................................................................................................. 84 Figura 57 - Formas de onda de corrente de F, L1 e L2 ................................................ 85 Figura 58 - Formas de onda de tensão do sistema elétrico e corrente elétrica do acionamento conjunto de L1, L2 e F .............................................................................. 85 Figura 59 - Espectro harmônico de corrente do acionamento de F, L1 e L2 , correspondente à Figura 58............................................................................................. 86 Figura 60 - Formas de onda de tensão e corrente do acionamento de F, L1 e L2 juntas, através do analisador de energia FLUKE ....................................................................... 87 Figura 61 – Circuito interno da lâmpada L2. ................................................................ 91 Figura 62 - Arranjo dos LEDs no circuito ..................................................................... 93 Figura 63 - Diagrama simplificado do driver da lâmpada L2 ....................................... 94 Figura 64 - Pulsos para acionamento da lâmpada LED em 127 volts ........................... 95 Figura 65 - Pulsos para acionamento da lâmpada LED em 220 volts ........................... 95 Figura 66 - Componente desenvolvido para funcionar como um Circuito Integrado ... 97 Figura 67 - Filtros de entrada e saída do Buck e resistores limitadores de corrente nos LEDs ............................................................................................................................... 97 Figura 68 – Diagrama de blocos do circuito simulado separado em módulos ............ 101 Figura 69 - Estágio retificador do driver ..................................................................... 103 Figura 70 - Conversor Buck modelado no ATP .......................................................... 104 Figura 71 - Forma de onda de tensão de entrada simulada ......................................... 105 Figura 72 - Forma de onda da tensão de entrada com "ZOOM" ................................. 105 Figura 73 - Tensão RMS de entrada para 180 V ......................................................... 105 Figura 74 - Resultado dos pulsos devido a elevada frequência de chaveamento ........ 106 Figura 75 - "ZOOM" dos sinais pulsantes para o controle de chaveamento do transistor do Buck ......................................................................................................................... 106 Figura 76 - Tensão de saída do conversor Buck .......................................................... 107 Figura 77 - Ondulação de tensão de saída do Buck ..................................................... 107 Figura 78 - Corrente de saída do conversor Buck........................................................ 108 Figura 79 - Ondulação da corrente de saída do conversor Buck ................................. 108 Figura 80 - Forma de onda de corrente elétrica da entrada do circuito109 Figura 81 - "ZOOM" do gráfico da Figura 82 ............................................................. 109 Figura 82 - Tensão e corrente elétrica - simulado ....................................................... 109 Figura 83 - Espectro harmônico de corrente elétrica de entrada resultante da simulação ...................................................................................................................................... 110 Figura 84 - a) Sala utilizada. b) Lâmpada ligada para medição. c) Luxímetro coletando dados ............................................................................................................................. 112 Figura 85 – Planta baixa do ambiente onde foram feitas as análises luminotécnicas . 113 Lista de Tabelas Tabela 1- Características das lâmpadas L1, L2 e F. ....................................................... 64 Tabela 2- Custo individual da lâmpada ........................................................................ 115 Tabela 3 - Valores de C utilizados conforme a Tabela para bandeira verde ................ 119 Tabela 4 - Valores de C utilizados conforme a Tabela para bandeira amarela ............ 119 Tabela 5 - Valores de c utilizados conforme a Tabela para bandeira vermelha ........... 119 Tabela 6 - Valores do consumo de energia e demanda coincidente e fator de carga ... 119 Tabela 7 - Valores de LP, LEs para k = 0,15 ............................................................... 120 Tabela 8 - Continuação Tabela 7 .................................................................................. 120 Tabela 9 - Valores dos “L’s” baseado na Tabela de fator de carga e k = 0,15 ............. 120 Lista de Quadros Quadro 1 – Terminologia utilizada para identificar grandezas associadas à distorções de tensão .............................................................................................................................. 25 Quadro 2 - Ordem, sequência e frequência de harmônicos ............................................ 26 Quadro 3 - Terminologia utilizada para desequilíbrios de tensão .................................. 30 Quadro 4 - Terminologia utilizada para identificar os indicadores de flutuação de tensão ........................................................................................................................................ 32 Quadro 5 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração ........................... 33 Quadro 6 - Tipos de interrupções de curta duração ........................................................ 33 Quadro 7 - Tipos de afundamentos de tensão................................................................. 34 Quadro 8 - Tipos de elevação de tensão ......................................................................... 35 Quadro 9 - Variação de tensão de longa duração – Sobretensão.................................... 36 Quadro 10 - Variação de tensão de longa duração – Subtensão..................................... 36 Quadro 11 - Variação de tensão de longa duração – Interrupção sustentada ................. 36 Quadro 12- Quantidade de mercúrio existente por lâmpadas utilizadas em iluminação pública ............................................................................................................................ 49 Quadro 13 - Equipamentos utilizados para montagem da pesquisa ............................... 64 Quadro 14 - Harmônicas ímpares de tensão elétrica resultante das medições ............... 88 Quadro 15 - Harmônicas ímpares de corrente elétrica resultante das medições ............ 88 Quadro 16 - Distorção total de corrente elétrica das lâmpadas em estudo ..................... 88 Quadro 17 - Valores de referência globais das distorções harmônicas totais (%) ......... 89 Quadro 18 - Comparação dos valores de referência com os valores encontrados de DTT(%) .......................................................................................................................... 89 Quadro 19 - Comparação entre os DITT(%) encontrados nas medições e valores de referência indicados pelo PRODIST - Módulo 8 ........................................................... 90 Quadro 20 - Resultados obtidos para o circuito Buck .................................................. 100 Quadro 21 - Quadro de iluminâncias medidas ............................................................. 113 Quadro 22 - Iluminância média calculada .................................................................... 114 Quadro 23 - Características elétricas e lumínicas das Lâmpadas analisadas ............... 114 Quadro 24 - Resultados ................................................................................................ 122 Sumário 1 Introdução .................................................................................................................. 18 1.1 Justificativa ........................................................................................................... 19 1.2 Objetivo geral ....................................................................................................... 21 1.2.1 Objetivos específicos...................................................................................... 21 2 Revisão bibliográfica ................................................................................................. 23 2.1 Qualidade da Energia Elétrica .............................................................................. 23 2.1.1 O que é Qualidade da Energia Elétrica?......................................................... 23 2.1.2 Principais perturbações encontradas nos sistemas elétricos ........................... 24 2.1.2.1 Harmônicos ................................................................................................. 25 2.1.2.2 Desequilíbrio de tensão ............................................................................... 30 2.1.2.3 Flutuação de tensão ..................................................................................... 31 2.1.2.4 Variações de tensão de curta duração ......................................................... 33 2.1.2.4.1 Interrupções de curta duração .................................................................. 33 2.1.2.4.2 Afundamentos de tensão ou Voltage Sags ............................................... 34 2.1.2.4.3 Elevação de tensão ou voltage Swells ...................................................... 35 2.1.2.5 Variação de tensão de longa duração .......................................................... 35 2.1.2.5.1 Sobretensões ............................................................................................. 35 2.1.2.5.2 Subtensões ................................................................................................ 36 2.1.2.5.3 Interrupções sustentadas ........................................................................... 36 2.1.2.6 Variações de frequência .............................................................................. 37 2.2 Características construtivas dos LEDs .................................................................. 38 2.2.1 Cores dos LEDs .............................................................................................. 40 2.2.2 Características elétricas dos LEDs ................................................................. 43 2.2.2.1 Circuito Equivalente de um diodo ............................................................... 46 2.2.3 O LED e o meio ambiente .............................................................................. 48 2.2.4 Circuitos de acionamentos LED - Drivers ..................................................... 51 2.2.4.1 Conversores CC-CC .................................................................................... 51 2.2.4.2 Conversor Buck ........................................................................................... 51 2.2.4.3 Conversor Boost .......................................................................................... 52 2.2.4.4 Conversor Buck–Boost ................................................................................ 53 2.2.4.5 Conversor Buck Quadrático ........................................................................ 54 2.2.4.6 Conversores Cùk, Zeta e SÉPIC .................................................................. 54 2.2.4.7 Conversor Flyback ...................................................................................... 56 2.3 Sistema Tarifário Brasileiro Atual e as Novas Bandeiras Tarifárias .................... 58 3 Materiais e Métodos .................................................................................................. 63 3.1 Materiais ............................................................................................................... 63 3.1.1. Equipamentos enfocados ............................................................................... 63 3.1.2 Instrumental utilizado ..................................................................................... 65 A1) Analisador de energia MAHR – 21.................................................................. 65 A2) FLUKE 434 ...................................................................................................... 67 A3) Microcomputador ............................................................................................. 68 A4) ATPDraw (ALTERNATIVE TRANSIENT PROGRAM) ................................... 68 A5) Osciloscópio Tektronix TDS 2004B ................................................................ 70 A6) Luxímetro digital.............................................................................................. 71 3.2 Metodologia .......................................................................................................... 72 a) Estudos experimentais ..................................................................................... 72 b) Simulações computacionais ................................................................................ 75 c) Estudos luminotécnicos....................................................................................... 76 d) Estudos de Relação Custo Benefício – RCB ...................................................... 77 4 Estudos laboratoriais – resultados e análises .......................................................... 78 4.1 Ensaios realizados com as lâmpadas F, L1 e L2................................................... 78 4.1.1 Lâmpada Fluorescente - F .............................................................................. 78 4.1.2 Lâmpada LED – L1 ........................................................................................ 80 4.1.3 Lâmpada LED – L2 ........................................................................................ 82 4.2 Análises dos resultados alcançados ...................................................................... 87 5 Simulação computacional ......................................................................................... 91 5.1 Análise do circuito de driver da lâmpada tubular LED para a modelagem matemática e validação computacional ...................................................................... 91 5.2 Modelagem matemática do conversor Buck ......................................................... 96 5.3 Implementação e validação computacional ........................................................ 101 5.4 Resultados parciais ............................................................................................. 110 6 Estudos luminotécnicos e viabilidade econômica ................................................. 112 6.1 Verificação de iluminância média ...................................................................... 112 6.1.2 Resultados obtidos sob a ótica lumínica ...................................................... 114 6.2 Eficiência elétrica considerando as novas bandeiras tarifárias a serem aplicadas no Brasil em 2015 .......................................................................................................... 115 6.2.1 Estudo de relação da viabilidade econômica financeira da substituição de lâmpadas fluorescentes tubulares por lâmpadas tubulares LED ........................... 115 6.2.2 Resultados parciais ....................................................................................... 121 7 Considerações finais ................................................................................................ 123 7.1 Sugestões para trabalhos futuros......................................................................... 125 Referências .................................................................................................................. 126 APÊNDICE A – PUBLICAÇÕES RELATIVAS AO TEMA DA DISSERTAÇÃO ...................................................................................................................................... 131 ANEXOS ..................................................................................................................... 133 18 1 Introdução O avanço e massificação da tecnologia inserida em equipamentos eletroeletrônicos, associado ao desenvolvimento da eletrônica de potência, fez com que equipamentos de tecnologia mais recente, antes de acesso restrito, estejam cada vez mais acessíveis à população. Dentre os avanços, merece destaque o surgimento dos transistores eletrônicos e de potência, empregados nas substituições das válvulas, passo decisivo na fabricação desses equipamentos eletroeletrônicos, possibilitando que fossem adquiridos por uma parcela cada vez maior da população doméstica. Esses componentes – transistores, que comumente funcionam como chaves em circuitos de dispositivos eletrônicos, de outro lado, podem causar efeitos indesejáveis nos sistemas elétricos de distribuição, quando do seu uso massivo. Como exemplo pode-se citar as distorções na forma de onda de tensão e corrente da rede elétrica. Desde a invenção da lâmpada incandescente desenvolvida por Thomas Edison (1879), o objetivo era disponibilizar uma fonte de luz artificial, que possibilitasse “ampliar” a luz do dia, para atividades laborais ou de lazer. Para esse objetivo, esse tipo de lâmpada, por mais de um século foi a principal fonte luminosa utilizada em todas os segmentos da sociedade. Na última década, além das preocupações com a preservação do meio ambiente, o aumento da eficiência de todo tipo de equipamento foi estabelecido como meta de governos, de pesquisadores e de fabricantes. Dessa forma, a lâmpada incandescente, apesar de seu passado brilhante, passou a ter contagem regressiva para sua substituição por outras mais eficientes energeticamente. Evidentemente, a busca de alternativas só foi possível com os grandes e rápidos avanços tecnológicos, que possibilitaram o desenvolvimento e a produção em larga escala de equipamentos mais eficientes, protelando ou até mesmo eliminando a necessidade de construção de novas fontes de geração e transmissão, preservando assim a natureza. Nesse contexto, nos anos 60 é que surgem as primeiras lâmpadas LED (lighting emitting diode), que passaram por inúmeras melhorias até que, nos anos 2000, se apresentam como uma promessa de substituição às lâmpadas fluorescentes, compactas e/ou tubulares, com menor consumo de energia elétrica e maior vida útil. Além desta 19 característica, as lâmpadas de LED atendem o apelo de preservação do meio ambiente, por não precisar, em sua fabricação, de substâncias prejudiciais ao meio ambiente, como por exemplo, o mercúrio utilizado em lâmpadas fluorescentes e vapor de mercúrio, tornando-se por isso atrativa do ponto de vista da preservação do meio ambiente, quando do descarte das mesmas. Além de possuir maior vida útil do que as demais lâmpadas convencionais (fluorescentes compactas e tubulares e, incandescentes) as lâmpadas de LED comparadas às fluorescentes compactas ou tubulares, não necessitam de reator adicional para o seu acionamento, no entanto, necessitam de um circuito de acionamento denominado driver. O driver é um dos estágios no circuito de operação das lâmpadas LED, que tem o papel de interface entre a rede elétrica e o LED propriamente dito. Dessa forma, depreende-se que existem diversas topologias de drivers de lâmpadas de LED, em suma dotados de transistores funcionando como chave o que ocasiona distorções nas formas de onda de tensão e corrente. O uso da tecnologia LED vem crescendo significativamente em muitos países, inclusive no Brasil, e a sua crescente inserção no mercado de iluminação traz possíveis impactos indesejáveis ao sistema elétrico, principalmente devido à importação de lâmpadas nem sempre com a devida preocupação técnica. Pretende-se com este estudo avaliar a viabilidade econômica na substituição de lâmpadas fluorescentes tubulares acionadas com reatores eletrônicos por lâmpadas tubulares de LED, assim como a contribuição dessas lâmpadas nas distorções harmônicas. 1.1 Justificativa Em 1984 foi criado o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE), inicialmente de caráter voluntário, que consiste na realização de testes em equipamentos, classificando-os em uma escala de nível de desempenho, incentivando o aperfeiçoamento constante dos mesmos. Em 1985 criou-se o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica PROCEL, cujas ações iniciais consistiram na publicação e distribuição de manuais destinados à orientação para propiciar a conservação de energia elétrica em todos os setores da sociedade (MME, 2011). 20 Contudo, somente em 24 de julho de 2000 foi promulgada a lei nº 9.991 que torna obrigatório os investimentos, por parte das concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica, em projetos de eficiência energética no uso final. Foi estabelecido um percentual de 0,5% da receita operacional líquida (ROL) das concessionárias, fato que alavancou o processo de renovação de equipamentos com a substituição de lâmpadas, geladeiras, e mais recentemente, motores elétricos. Essa lei, portanto, contribuiu para a consolidação da destinação de recursos financeiros significativos ao chamado Programa de Eficiência Energética das Concessionárias de Distribuição de Energia Elétrica (PEE), que aplicou, até os dias atuais, um montante de R$ 2 bilhões em investimentos realizados e em execução (MME, 2011). Apesar de todas as medidas adotadas, a obrigatoriedade do cumprimento da lei nº 9.991 foi estabelecida apenas em 2008, por meio da resolução normativa nº 300 da ANEEL que, além, de tornar a lei obrigatória, estabelece critérios para a aplicação dos programas de eficiência energética no Brasil. No ano de 2001, o Brasil experimentou a sua maior crise energética que ficou nacionalmente conhecida como o apagão, denominação dada devido às diversas faltas de energia que ocorreram no sistema elétrico nacional e que deixaram sem suprimento de energia elétrica cidades ou até regiões inteiras, como por exemplo, a cidade São Paulo. O aumento do poder aquisitivo da população brasileira, que possibilitou um maior acesso a eletrodomésticos e o aquecimento do setor industrial no país, aliado à falta de planejamento e investimentos no setor elétrico, além da redução dos Quadros das empresas do setor objetivando reduzir gastos, fora alguns dos principais motivos que culminaram na crise do setor elétrico brasileiro. Naquela ocasião de forma emergencial, o governo brasileiro adotou medidas para contenção do consumo, estabelecendo que consumidores residenciais que consumissem energia superior a 100 kWh de energia por mês seriam penalizados com o acréscimo de sua fatura de energia, ou podendo até mesmo ter o fornecimento suspenso. Consumidores com consumo acima de 200 kWh de energia elétrica receberiam uma sobretaxa de 50% no valor do consumo excedente a este valor e os que consumissem acima de 500 kWh receberiam uma segunda sobretaxa de 200% no excedente deste último valor. Outras medidas adotadas por parte da população, para amenizar a crise, foram relacionadas à eficiência energética por meio da troca de equipamentos antigos, comumente menos eficientes, por outros mais eficientes, tais como a substituição de 21 lâmpadas incandescentes por lâmpadas fluorescentes e desligamentos de aparelhos eletrodomésticos em determinadas horas do dia. Nesse contexto, as lâmpadas tubulares de LED surgem com a promessa de contribuir para a diminuição do consumo e demanda de energia elétrica, justificando a análise dos efeitos que essas lâmpadas tubulares de LED causam no sistema elétrico de distribuição e da viabilidade econômica da substituição de lâmpadas tubulares fluorescentes por lâmpadas tubulares de LED, uma vez que estão disponíveis no mercado para uso. 1.2 Objetivo geral Esta pesquisa tem como objetivo geral avaliar a viabilidade econômica da substituição de lâmpadas fluorescentes tubulares acionadas com reator eletrônico por uma lâmpada tubular LED de mesmas dimensões físicas, porém de menor potência. A pesquisa tem também como foco avaliar o impacto sobre a qualidade da energia elétrica provocado por estes dois tipos de fonte luminosa: tubular de LED e lâmpada tubular fluorescente, considerando as distorções de tensão e corrente. 1.2.1 Objetivos específicos Para que esta pesquisa seja realizada são necessários: 1) Levantar as principais características construtivas das lâmpadas de LED, particularmente no que se refere aos circuitos de acionamento ou drivers como são comumente conhecidos; 2) Identificar os tipos de drivers de maior utilização por parte de fabricantes de lâmpadas tubulares LED, disponíveis no mercado para iluminação de interiores; 3) Analisar e comparar o nível de distorções harmônicas das lâmpadas tubulares fluorescentes acionadas por reatores eletrônicos e lâmpadas tubulares LED, no que tange às distorções nas formas de onda de tensão e corrente elétricas; 4) Calcular a viabilidade econômica da substituição de lâmpadas fluorescentes tubulares com reatores eletrônicos por lâmpadas tubulares de LED em função da eficiência elétrica dessa substituição; 22 5) Modelar computacionalmente uma lâmpada tubular de LED e seu circuito do driver, identificado qual o driver mais utilizado por fabricantes desse tipo de lâmpada; 6) Comparar as principais grandezas luminotécnicas entre os dois tipos de lâmpadas, como: Iluminância, temperatura de cor, fluxo luminoso e rendimento luminoso. 23 2 Revisão bibliográfica Este capítulo aborda aspectos necessários para a realização do objeto principal da dissertação. Nesse sentido, destacam-se três partes distintas. A primeira parte resgata os principais conceitos e indicadores utilizados na área da qualidade da energia elétrica, com ênfase maior nas distorções das formas de onda de tensão e corrente, tomando por base os limites estabelecidos pelos órgãos reguladores. A segunda parte versa sobre os semicondutores denominados de diodos emissores de luz ou LEDs, como são mais conhecidos. São explanados os aspectos científicos e tecnológicos deste tipo de dispositivo, de forma a esclarecer o princípio de funcionamento e operação dos mesmos. Na parte final do capítulo, discorre-se sobre os drives ou controles dos LEDs, ilustrando as topologias encontradas no mercado e indicando aquela que se constitui no foco desta pesquisa. 2.1 Qualidade da Energia Elétrica Neste item é feita uma contextualização dos conceitos da qualidade da energia elétrica bem como a apresentação dos fenômenos associados à este conceito, objetivando uma maior compreensão por parte dos leitores das causas e efeitos envolvidos nesta temática. 2.1.1 O que é Qualidade da Energia Elétrica? Dugan et al. (2004) afirma que podem existir várias definições para qualidade da energia elétrica. O autor define qualidade da energia elétrica como “qualquer problema que manifestado em tensão, corrente ou desvio de frequência que resultem em falhas ou má operação dos equipamentos dos consumidores”. A ANEEL por meio do PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional), em seu módulo 8, qualifica a qualidade da 24 energia elétrica em duas partes: Qualidade do produto e Qualidade do serviço e Qualidade no Atendimento (ANEEL, 2015). Para a ANEEL, a qualidade do produto está relacionada com as perturbações na forma de onda de tensão do sistema em regime permanente, tais como os harmônicos de tensão e corrente, fator de potência, desequilíbrio de tensão, flutuação de tensão, variações de tensão de curta duração e variação de frequência. Já a qualidade do serviço, para a ANEEL, está relacionada com indicadores de continuidade de fornecimento de energia elétrica e dos tempos de atendimento a ocorrências emergenciais (ANEEL, 2015). Também se deve ressaltar, que do lado do suprimento de energia somente controla-se a qualidade da tensão, não se tendo controle sobre as correntes que dependem das cargas conectadas à rede. Portanto, os padrões de área de qualidade de energia são dedicados a manter a tensão de alimentação dentro de certos limites. A corrente elétrica, entretanto, está intimamente ligada à tensão elétrica em qualquer sistema de energia elétrica e mesmo que os geradores elétricos possam fornecer uma tensão senoidal perfeita ou próxima disso, a corrente passando pela impedância pode causar distúrbios na tensão. Por exemplo: 1) A corrente resultante de um curto circuito terá como efeito direto um afundamento de tensão; 2) Correntes decorrentes de descargas atmosféricas podem causar um elevado pulso de tensão que podem danificar isoladores e levar a um curto circuito; 3) Distorções harmônicas de corrente, provenientes de uma determinada carga também distorcem a forma de onda de tensão. Dessa maneira, uma forma de onda de tensão distorcida pode estar presente nos equipamentos de outros consumidores finais. Neste trabalho, tendo em vista os objetivos estabelecidos, são abordados apenas os fenômenos que a ANEEL qualifica como sendo qualidade do produto. 2.1.2 Principais perturbações encontradas nos sistemas elétricos Neste item são abordados os aspectos principais das perturbações e indicadores para tensões e correntes comumente encontrados nos sistemas elétricos de distribuição. 25 2.1.2.1 Harmônicos Cargas do tipo não lineares têm como característica de seu funcionamento a introdução de sinais de corrente com múltiplas frequências, além da fundamental, que no sistema elétrico brasileiro é de 60 Hz. Estes sinais são denominados harmônicos e interharmônicos de corrente e, se for o caso de tensão. Segundo ANEEL (2015) “os harmônicos são fenômenos associados com a deformação da forma de onda de tensão e corrente, comparativamente a um sinal puramente senoidal de frequência fundamental”. As grandezas associadas às distorções harmônicas de tensão são apresentadas com suas respectivas terminologias no Quadro 1. Quadro 1 – Terminologia utilizada para identificar grandezas associadas à distorções de tensão Identificação da grandeza Símbolo Distorção harmônica individual de tensão de ordem h DITh % Distorção harmônica total de tensão DTT% Tensão harmônica de ordem h Vh Ordem harmônica h Ordem harmônica máxima Hmáx Ordem harmônica mínima H𝑚𝑖𝑛 Tensão fundamental medida (Fonte: ANEEL, 2015) Vf As distorções harmônicas de tensão, individual e total DITh% e DTT%, podem ser calculadas utilizando as equações (1) e (2), respectivamente. Muito embora esta norma aborde tão somente as distorções da forma de onda de tensão, análise semelhante pode ser realizada para a corrente. Neste caso, tratando-se da Distorção Total de Corrente (%) – DTI% e Distorção Individual de Corrente – DIIh%. DITh % = DTT = Vh × 100 V1 2 √∑hmáx h=2 Vh V1 (1) (2) × 100 As componentes harmônicas são classificadas em: sequência positiva - (+), sequência negativa – (-) e homopolares ou de sequencia zero (0). O Quadro 2 mostra 26 algumas ordens harmônicas e a sua correspondente sequência, com fins puramente ilustrativos. Quadro 2 - Ordem, sequência e frequência de harmônicos Ordem Frequência (Hz) Sequência 1 60 + 3 180 0 5 300 - 7 420 + Segundo Vasconcellos et al. (2014), observa-se que a sequência de fase dos harmônicos diretamente depende, analisando as equações (3), (4), (5), da seguinte ordem: Sendo: “h” a 𝑣ℎ𝑎 (𝑡) = 𝑉ℎ𝑎𝑚 sen 𝑛(𝜔t) (3) 𝑣ℎ𝑏 (𝑡) = 𝑉ℎ𝑏𝑚 sen 𝑛(𝜔t - 120°) (4) 𝑣ℎ𝑐 (𝑡) = 𝑉ℎ𝑐𝑚 sen 𝑛(𝜔t + 120°) (5) ordem harmônica, 𝑣ℎ𝑎 , 𝑣ℎ𝑏 , 𝑣ℎ𝑐 , 𝑉ℎ𝑎𝑚 , 𝑉ℎ𝑏𝑚 , 𝑉ℎ𝑐𝑚 , respectivamente, os valores instantâneos e máximos das tensões e harmônicos fundamentais das fases A, B e C. As equações de (6) a (8) descrevem o modelo matemático das frequências fundamentais para as tensões, enquanto a Figura 1 ilustra os fasores correspondentes bem como a sequencia de fases considerada. 𝑣1𝑎 (𝑡) = 𝑉1𝑎𝑚 sen 1(𝜔t) (6) 𝑣1𝑏 (𝑡) = 𝑉1𝑏𝑚 sen 1(𝜔t - 120°) (7) 𝑣1𝑐 (𝑡) = 𝑉1𝑐𝑚 sen 1(𝜔t + 120°) (8) 27 Figura 1- Ciclo trigonométrico das frequências fundamentais das fases A, B e C e seu sentido de rotação 90° 120° Vc Va 180° 0° 360° Vb -120° 270° (Fonte: VASCONCELLOS et al., 2014) As equações (9) a (11) mostram as expressões para as tensões harmônicas de 3ª ordem das fases A, B e C. Complementarmente, a Figura 2 ilustra graficamente estas componentes. 𝑣3𝑎 (𝑡) = 𝑉3𝑎𝑚 sen 3(𝜔t) (09) 𝑣3𝑏 (𝑡) = 𝑉3𝑏𝑚 sen(3𝜔t - 360°) (10) v3𝑐 (𝑡) = 𝑉3𝑐𝑚 sen 3(𝜔t + 120°) (11) Figura 2 - Ciclo trigonométrico de sequência zero das tensões harmônicas das fases A, B e C 90° 180° V3a // V3b // V3c 0° 360° 270° (Fonte: VASCONCELLOS et al., 2014) As equações apresentadas permitem constatar que as componentes harmônicas de terceira ordem, para as três fases, estão em fase, motivo pelo qual denominam-se como harmônicos de tensão de sequência zero ou homopolares. 28 Assim como as equações anteriores as equações de (12) a (14) mostram o modelo matemático para a componente harmônica de 5ª ordem. 𝑣5𝑎 (𝑡) = 𝑉5𝑎𝑚 sen5(𝜔t) (12) 𝑣5𝑏 (𝑡) = 𝑉5𝑏𝑚 sen5(𝜔t + 120°) (13) v5𝑐 (𝑡) = 𝑉5𝑐𝑚 sen (5𝜔t - 120°) (14) No caso da 5ª harmônica, como ilustrado na Figura 3, o sentido de rotação dos fasores é contrário ao sentido da fundamental, desse modo sendo referida como harmônicos de tensão de sequência negativa. Figura 3 - Ciclo trigonométrico de sequência negativa das tensões harmônicas das fases A, B e C 270° -120° V5c V5a 180° 120° 0° 360° V5b 90° (Fonte: VASCONCELLOS et al., 2014) Finalmente, as equações (15) a (17) mostram as expressões matemáticas para os harmônicos de 7ª ordem - sequência positiva. E a Figura 4 ilustra o seu comportamento no ciclo trigonométrico. 𝑣7𝑎 (𝑡) = 𝑉7𝑎𝑚 sen7(𝜔t) (15) 𝑣7𝑏 (𝑡) = 𝑉7𝑏𝑚 sen7(𝜔t - 120°) (16) 𝑣7𝑐 (𝑡) = 𝑉7𝑐𝑚 sen (7𝜔t + 120°) (17) 29 Figura 4 - Ciclo trigonométrico de sequência positiva das tensões harmônicas das fases A, B e C 90° 120° V7c V7a 180° 0° 360° V7b -120° 270° (Fonte: VASCONCELLOS et al., 2014) Como se observa, os fasores das tensões das fases dessa ordem harmônica estão defasados de 120° e o seu sentido de rotação no ciclo trigonométrico é o mesmo sentido de rotação dos fasores da sequência fundamental, sentido anti–horário, motivo pelo qual as harmônicas dessa ordem são conhecidas como harmônicos de sequência positiva. Ordens harmônicas superiores às mostradas anteriormente podem se analisadas seguindo a mesma metodologia descrita neste item. Para que se tenha uma melhor visão da magnitude das distorções e facilidade em calcular os níveis de distorções para cada ordem já citada, usa–se como ferramenta matemática a série trigonométrica de Fourier, possibilitando assim a decomposição nas múltiplas frequências que compõem uma forma distorcida bem como o correspondente espectro de frequência, também conhecido como histograma. Alexander e Sadiku (2003), explicam a série trigonométrica de Fourier como sendo “qualquer função periódica prática de frequência ω𝑜 pode ser expressa como uma soma infinita de funções seno ou cosseno como múltiplos inteiros de ω𝑜 ”. Portanto a função periódica f(t) pode ser expressa de acordo com a equação (18): f(t) = 𝑎0 + 𝑎1 cos 𝜔0 𝑡 + 𝑏1 sen 𝜔0 𝑡 + 𝑎2 cos2 𝜔0 𝑡 + 𝑏2 sen2 𝜔0 𝑡 + 𝑎3 cos3 𝜔0 𝑡 + 𝑏3 sen3 𝜔0 𝑡 + ⋯ (18) 30 2.1.2.2 Desequilíbrio de tensão Na literatura mundial e nas normas que norteiam as questões elétricas, há várias maneiras de definir e determinar o desequilíbrio das tensões elétricas ou correntes de um circuito ou sistema. Nesse sentido, inicialmente apresenta-se a definição adotada em um dos livros de maior aceitação pela comunidade científica mundial, em seguida, o que está estabelecido na norma IEC, e por último, a forma como é definido e determinado o desequilíbrio de tensão no Brasil. Segundo Dugan et al. (2004) “o desequilíbrio de tensão é por vezes definida como o desvio máximo da média das tensões trifásicas ou correntes, dividido pela média das tensões trifásicas ou correntes, expressa em percentagem”. A IEC 61000-2-1 define desequilíbrio de tensão como (IEC, 1990): “É uma condição na qual as três tensões de fase diferem em amplitude ou são deslocados da sua relação normal de 120° fase, ou ambos. O grau de desequilíbrio é geralmente definido usando o método de componentes simétricos, pela relação entre a componente de sequência negativa (ou sequência nula) e a componente de sequência positiva”. A ANEEL (2015) define desequilíbrio de tensão como “o fenômeno associado a alterações dos padrões trifásicos do sistema de distribuição”, e estabelece métodos matemáticos para os cálculos dos níveis de desequilíbrio de tensão bem como as terminologias de cada grandeza envolvida, conforme ilustra o Quadro 3. Quadro 3 - Terminologia utilizada para desequilíbrios de tensão IDENTIFICAÇÃO DA GRANDEZA SÍMBOLO Fator de desequilíbrio FD Magnitude da tensão de sequência negativa (RMS) V- Magnitude da tensão de sequência positiva (RMS) V+ Magnitude das tensões trifásicas de linha (RMS) (Fonte: ANEEL, 2015) Vab , Vbc , Vca O cálculo do desequilíbrio de tensão ou fator de desequilíbrio – FD%, de acordo com a ANEEL (Quadro), pode ser determinado com auxílio da equação (19): 31 𝐹𝐷% = V− 100 V+ (19) Alternativamente, pode-se usar as equações (20) e (21) uma vez que também é um método estabelecido pela ANEEL (2015): FD% = 100√ 1 − √3 − 6β (20) 1 + √3 − 6β Sendo: β= 4 4 4 Vab + Vbc +Vca (21) 2 2 2 )² (Vab + Vbc +Vca 2.1.2.3 Flutuação de tensão De acordo com a ANEEL (2015) a flutuação de tensão é uma variação de tensão aleatória, repetitiva ou esporádica do valor eficaz da tensão. As flutuações de tensão podem ser perceptíveis ao olho humano através do efeito chamado flicker que nada mais é do que o resultado de uma flutuação de tensão em um sistema de baixa tensão onde se encontram lâmpadas conectadas e que através das flutuações de tensão, começam a cintilar. Esta cintilação recebe a denominação de Flicker. Enquanto que a flutuação de tensão é um fenômeno eletromagnético, o flicker é a consequência desse fenômeno, perceptível pelo olho humano. Segundo a ANEEL (2015): “A determinação da qualidade da tensão de um barramento do sistema de distribuição quanto à flutuação de tensão tem por objetivo avaliar o incômodo provocado pelo efeito da cintilação luminosa no consumidor, que tenha em sua unidade consumidora pontos de iluminação alimentados em baixa tensão”. 32 Os indicadores para a sensação de cintilação com severidade de curta duração e para a cintilação com severidade de longa duração são denominados Pst e Plt, respectivamente. A fim de resumir os indicadores envolvidos nas expressões apresentadas anteriormente, de acordo com o PRODIST, as terminologias referentes a estes indicadores estão contidas no Quadro 4. Quadro 4 - Terminologia utilizada para identificar os indicadores de flutuação de tensão Identificação da Grandeza Símbolo Severidade de Curta Duração Pst Severidade de Longa Duração Valor diário do indicador Pst que foi superado em apenas 5% dos registros obtidos no período de 24hs Valor semanal do indicador Plt que foi superado em apenas 5% dos registros obtidos no período de sete dias completos e consecutivos Plt Fator de Transferência (Fonte: ANEEL, 2015) PstD95% P𝑙𝑡𝑆95% FT Para calcular o indicador Pst é utilizada a expressão (22). 𝑃𝑠𝑡 = √0,0314𝑃0,1 + 0,0525𝑃1 + 0,0657𝑃3 + 0,28𝑃10 + 0,08𝑃50 (22) Sendo: Pi (i = 0,1; 1; 3; 10; 50) corresponde ao nível de sensação de cintilação que foi ultrapassado durante i % do tempo, obtido a partir da função de distribuição acumulada complementar, de acordo com o procedimento estabelecido nas Normas IEC (International Electrotechnical Commission): IEC 61000-4-15. Flickermeter – Functional and Design Specifications (ANEEL, 2015). Segunda a ANEEL (2015), o indicador Plt corresponde a um valor representativo de doze amostras consecutivas de Pst , como estabelecido pela expressão 23: 12 1 𝑃𝑙𝑡 = √ ∑(𝑃𝑠𝑡𝑖 )3 12 3 𝑖=1 (23) 33 2.1.2.4 Variações de tensão de curta duração Variações de tensão de curta duração são variações significativas no valor eficaz da tensão em curtos intervalos de tempo. A ANEEL (2015) classifica essas variações conforme mostrado no Quadro 5. Quadro 5 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração Classificação Variação Momentânea de Tensão Variação Temporária de Tensão Denominação Duração da Variação Interrupção Inferior ou igual a três Momentânea de segundos Tensão Afundamento Superior ou igual a um Momentâneo de ciclo e inferior ou igual Tensão a três segundos Elevação Superior ou igual a um Momentânea de ciclo e inferior ou igual Tensão a três segundos Interrupção Superior a três Temporária de segundos e inferior a Tensão três minutos Afundamento Superior a três Temporário de segundos e inferior a Tensão três minutos Elevação Superior a três Temporária de segundos e inferior a Tensão três minutos (Fonte: ANEEL, 2015) Amplitude da tensão (valor eficaz) em relação à Tensão de referência Inferior a 0,1 pu Superior ou igual a 0,1 e inferior a 0,9 pu Superior a 1,1 pu Inferior a 0,1 pu Superior ou igual a 0,1 e inferior a 0,9 pu Superior a 1,1 pu 2.1.2.4.1 Interrupções de curta duração Interrupções de curta duração são aquelas em que a tensão de suprimento cai para valores inferiores a 0,1 pu, por um período que não exceda 1 minuto (Dugan et al., 2004). As interrupções de curta duração podem ser divididas em 3 grupos, de acordo com a duração da interrupção e da magnitude da tensão, conforme Quadro 6. Quadro 6 - Tipos de interrupções de curta duração Categoria Duração Típica Magnitude de Tensão Instantâneas Interrupção 0,5 – 30 ciclos < 0,1 pu 34 Momentâneas Interrupção 0,1 – 0,9 pu 30 ciclos - 3s Temporárias 3s – 1 min Interrupção < 0,1 pu 2.1.2.4.2 Afundamentos de tensão ou Voltage Sags Afundamento de tensão refere-se a um decremento, entre 0,1 e 0,9 pu, do valor eficaz (RMS) da tensão ou corrente, com duração entre 0,5 ciclos a 1 minuto (Dugan et al., 2004). Este tipo de fenômeno, normalmente está associado à faltas ou chaveamentos que ocorram nos sistemas elétricos. A comunidade da qualidade da energia elétrica tem utilizado o termo sag durante muitos anos para descrever afundamentos de tensão de curta duração. A IEC 61000-2-1 utiliza o termo dip para se referir a afundamentos de tensão temporários que não excedam 1 minuto de duração. Pode-se classificar os afundamentos de tensão em 3 categorias, de acordo com a duração da interrupção e da magnitude da tensão, conforme Quadro 7. Quadro 7 - Tipos de afundamentos de tensão Categoria Duração Típica Magnitude de Tensão Instantâneos Afundamentos de 0,5 – 30 ciclos 0,1 – 0,9 pu tensão (voltage sag) Momentâneos Afundamentos de 30 ciclos – 3s 0,1 – 0,9 pu tensão (voltage sag) Temporários Afundamentos de tensão (voltage sag) 3s – 1 min 0,1 – 0,9 pu 35 2.1.2.4.3 Elevação de tensão ou voltage Swells Elevações de tensão são definidas como incrementos entre 1.1 e 1.8 p.u. do valor eficaz (rms) da tensão ou corrente com duração entre 0,5 ciclos a 1 minuto (Dugan et al., 2004). Assim como os afundamentos, as elevações de tensão também são associadas à manobras ou faltas no sistema, mas são menos comuns do que aqueles. As elevações classificam-se em 3 tipos, também de acordo com a duração da interrupção e da magnitude da tensão, conforme Quadro 8. Quadro 8 - Tipos de elevação de tensão Categoria Duração Típica Magnitude de Tensão Instantâneas Elevação de tensão 0,5 – 30 ciclos 1,1 – 1,8 pu (voltage swell) Momentâneas Elevação de tensão 30 ciclos – 3s 1,1 – 1,4 pu (voltage swell) Temporárias Elevação de tensão 3s – 1 min 1,1 – 1,2 pu (voltage swell) 2.1.2.5 Variação de tensão de longa duração Variações de tensão de longa duração são assim denominados quando esta variação excede 1 minuto de duração originando subtensões, sobretensões ou interrupções sutentadas. 2.1.2.5.1 Sobretensões Sobretensão é um aumento no valor RMS de tensão AC superior a 10% do valor nominal da tensão do barramento com duração superior a 1 minuto (Quadro 9). Essas 36 sobretensões são ocasionadas geralmente devido, por exemplo, a retirada de uma grande carga na rede de distribuição. Escolhas de taps de transformadores feitas incorretamente também podem originar sobretensões (Dugan et al., 2004). Quadro 9 - Variação de tensão de longa duração – Sobretensão Categoria Duração Típica Magnitude de Tensão Variação de tensão de longa duração Sobretensão > 1 min > 10% 2.1.2.5.2 Subtensões Subtensão é uma diminuição no valor RMS de tensão AC inferior a 10% do valor nominal da tensão do barramento com duração superior a 1 minuto (Quadro 10). Essas subtensões são ocasionadas devido à retirada de bancos de capacitores, por exemplo, ou a introdução de grandes cargas do sistema elétrico (Dugan et al., 2004). Quadro 10 - Variação de tensão de longa duração – Subtensão Categoria Duração Típica Magnitude de Tensão Variação de tensão de longa duração Subtensão > 1 min < 10% 2.1.2.5.3 Interrupções sustentadas Interrupções sustentadas acontecem quando a tensão de suprimento vai a zero por um período de tempo maior do que 1 minuto (Quadro 11). Interrupções sustentadas geralmente necessitam da intervenção humana para serem solucionadas (Dugan et al., 2004). Quadro 11 - Variação de tensão de longa duração – Interrupção sustentada Categoria Duração Típica Variação de tensão de longa duração Magnitude de Tensão 37 Interrupção sustentada > 1 min 0 Para que se visualize de uma forma resumida os distúrbios citados até aqui, pode-se observar a Figura 5 que ilustra as características nas formas de onda de tensão dos distúrbios relacionados à qualidade da energia elétrica. Figura 5 - Distúrbios na forma de onda de tensão relacionados à qualidade da energia elétrica (Fonte: RODRIGUES, 2009) 2.1.2.6 Variações de frequência Variações de frequência são definidas como o desvio da frequência fundamental do sistema de potência de seu valor nominal, no caso do Brasil, 60 Hz. A frequência do sistema depende da velocidade de rotação dos geradores de energia elétrica nas usinas geradoras. A equação (24) permite o calculo da frequência da máquina (gerador) síncrona. 𝑓= P rpm PN = = 2 60 120 Sendo: f = Frequência de geração; P = Número de polos do gerador síncrono; rpm = Rotação por minuto; N = Velocidade da máquina em rpm; (24) 38 A ANEEL, por meio do PRODIST, em seu módulo 8, estabelece que havendo necessidade de corte de geração ou de carga para permitir a recuperação do equilíbrio carga-geração, durante os distúrbios no sistema de distribuição, a frequência: a) Não pode exceder 66 Hz ou ser inferior a 56,5 Hz em condições extremas; b) Pode permanecer acima de 62 Hz por no máximo 30 (trinta) segundos e acima de 63,5 Hz por no máximo 10 (dez) segundos; c) Pode permanecer abaixo de 58,5 Hz por no máximo 10 (dez) segundos e abaixo de 57,5 Hz por no máximo 05 (cinco) segundos. 2.2 Características construtivas dos LEDs LED (lighting emitting diode) ou diodos emissores de luz, vem sendo utilizados e aprimorados desde a década de 60. Apesar disto, somente nos últimos 10 anos é que este dispositivo atraiu maior interesse devido ao fato de suas características luminosas terem sido considerávelmente aumentadas (BULLOUGH, 2003), como por exemplo o aumento do fluxo luminoso emitido pelos LEDs. Para além do seu uso em displays de aparelhos eletrônicos, semáforos de trânsito e calculadoras, nos últimos anos, com o aumento de suas propriedades lumínicas estão sendo desenvolvidos e aprimorados para servirem como objeto de iluminação de interiores e iluminação pública. Outro atrativo, particularmente para arquitetos, é o reduzido tamanho das lâmpadas de iluminação de LED, pois facilitam o alinhamento da forma à estética de ambientes construídos, proporcionando conforto ambiental, qualidade e eficiência. Segundo Pinto (2008), os LEDs podem ser classificados em três categorias: indicativos, de alto brilho e de potência. A Figura 6 ilustra os tipos de LED mencionados. Figura 6 - Classificação dos LEDs quanto à suas características e potência (Fonte: PINTO, 2008) 39 Os LEDs, são semicondutores de junçao P-N, quando polarizados diretamente, desprendem energia emitida em forma de luz e a esse processo se dá o nome de eletroluminiscência (BOYLESTAD, NASHELSKY, 1999). Materiais semicondutores, como o próprio nome já diz, são materiais que podem ou não conduzir corrente elétrica de acordo com o tipo de polarização que é aplicada em seus terminais, podendo estas serem direta ou reversa. “O termo condutor é aplicado a qualquer material que sustenta um fluxo de uso de carga, quando uma fonte de tensão de amplitude limitada é aplicada através de seus terminais. Um isolante é o material que oferece um nível muito baixo de condutividade sob pressão de uma fonte de tensão aplicada. Um semicondutor é, portanto, o material que possui um nível de condutividade entre os extremos de um isolante e condutor” (BOYLESTAD, NASHELSKY, 1999). Os semicondutores mais utilizados atualmente são aqueles conhecidos como de Germânio (Ge) e de Silício (Si), por apresentarem as melhores características semicondutoras. Através de dopagens, processo o qual são adicionadas “impurezas” nos semicondutores são criadas os cristais do tipo P e N, encontrados nos diodos semicondutores. No caso do semicondutor de Silício, algumas dos elementos utilizados para a dopagem são o antimônio, o arsênico e o fósforo, formando assim os materiais semicondutores do tipo N. Já para o Germânio, “impurezas” como o boro, o gálio e o índio, são as indicadas, formando assim os materiais semicondutores do tipo P. Os semicondutores são formados pela junção desses materiais N e P. Esta região onde os íons negativos e positvos dos materiais do tipo n e do tipo p (buracos) se juntam (região de junção) é chamada de zona de depleção, devido a depleção de portadores de carga nesta região (BOYLESTAD, NASHELSKY, 1999). Sendo os LEDs semicondutores, quando polarizados diretamente os elétrons da região N se movem para a regiao P e os buracos se movem para a região N. Perto da junção os elétrons e buracos se combinam desprendendo uma energia que é liberada em forma de luz (BULLOUGH, 2003). A Figura 7 ilustra esse processo. 40 Figura 7 - Processo de emissão de luz de um LED (Fonte: PINTO, 2008) 2.2.1 Cores dos LEDs A definição das cores dos LEDs dá-se através dos materiais semicondutores que são empregados em sua fabricação. Por exemplo, a combinação dos materiais alumínio, gálio, índio e fósforo (AlGaInP) resultam nas cores vermelha, laranja e amarela. Já a combinação dos materiais índio, gálio e nitreto (InGaN) proporcionam as cores verde, azul e branca (BOLLOUGH, 2003). Para a produção da luz branca por LEDs existem duas formas. A primeira, consiste em misturar várias colorações de luz emitidas pelo LED criando uma distribuição de força espectral que dará a impressão de luz branca. Colocados de forma adjacentes um dos outros os LEDs do tipo RGB (red, green and blue) são capazes de emitir luz com uma aparência de cor branca (BULLOUGH, 2003). A título de ilustração, a Figura 8 mostra o LED RGB. Figura 8 - Formação da cor branca através de várias cores dos LEDs (Fonte: Adaptado. CREE, 2014) 41 As Figuras 9 e 10 ilustram o espectro de luz e a distribuição espectral das diversas cores de luz de LED, respectivamente. Figura 9 - Faixa de espectro de radiação e as cores correspondentes a cada comprimento de onda (Fonte: PINTO, 2008) Figura 10 - Comprimentos de ondas realtivos às cores emitidas pelos LEDs (Fonte: PINTO, 2008) A segunda maneira de se conseguir luz branca com LEDs é utilizando fósforo em seu invólucro com a emissão de um curto comprimento de onda de luz de LED que se consegue através do comprimento de onda da luz azul. 42 “(...) Quando o fósforo utilizado em LEDs é iluminado por uma luz azul, este emite luz amarela tendo uma ampla distribuição espectral. Incorporando fósforo no corpo de um LED azul, com um comprimento de onda de pico de 450 a 470 nanômetros, parte da luz azul será convertida em luz amarela. A luz azul remanescente misturada com a luz amarela irá resultar em luz branca” (BOLLOUGH, 2003). Para melhor entender a teoria explanada anteriormente, utiliza-se a Figura 11, que exemplifica a formação da luz branca do LED por meio do método citado. Figura 11 - Cor branca sendo formada através da aplicação de fósforo no corpo do LED e da emissão de um curto comprimento de onda na cor azul (Fonte: Adaptado. CREE, 2014) Lee et al. (2006) desenvolveram um protótipo de LED luz branca de alto brilho utilizando a técnica de cobrir o LED com uma camada de um material denominado Yttrium-Aluminum-Garnet:Cerium (YAG:Ce) Esta substância é responsável por absorver parte da energia emitida pela luz azul emitindo luz amarela de baixa energia. Uma camada de fósforo é introduzida na superfície do YAG:Ce para que assim seja produzida a sensação de luz branca. A Figura 12 ilustra o processo onde se observa as cores azul, amarela e a luz branca formada no final do processo. Figura 12 - Protótipo de LED de luz branca de alto brilho (Fonte: LEE et al. 2006) 43 2.2.2 Características elétricas dos LEDs Os LEDs funcionam em baixa tensão e corrente elétrica. Um único LED necessita apenas de correntes com magnitudes entre 1 a 50 miliampéres para o seu funcionamento e deve ser polarizado diretamente, podendo ocorrer a sua destruíção caso sejam polarizados inversamente (BOLLOUGH, 2003). Também é importante destacar, que o nível de tensão de alimentação do LED deve ser controlado de maneira a evitar que a corrente que circulará no arranjo feito para lâmpadas de LED não venha a interferir nas características de iluminação dos LEDs, uma vez que o nível de brilho da luz emitida é proporcional à corrente que circula entre seus terminais. Correntes acima dos limites recomendados pelos fabricantes podem diminuir a vida útil dos LEDs inseridos nos arranjos que constituem a lâmpada LED (BOLLOUGH, 2003), comprometendo, desta forma, o que torna os LEDs tão atrativos do ponto de vista econômico: a sua elevada vida útil. O controle de tensão também é importante devido à influência da corrente que circula no circuito na temperatura de junção do LED. Um aumento desta temperatura provoca a perda de eficiência de iluminação do LED (Lúmens/Watts) (QIN, LIN, HUI, 2009) e também pode provocar a mudança na coloração da luz emitida (BOLLOUGH, 2003). Uddin et al. (2011) afirma que a resistência térmica de junção é um dos fatores limitantes na tecnologia LED. As Figuras 13 e 14 ilustram essas situações. Figura 13 - Relação entre temperatura de junção e eficiência luminosa de LEDs Eficiencia (Lumen/Watt) E0 T0 TJ Temperatura da Junção (0C) (Fonte: adaptado: QIN, LIN, HUI, 2009) 44 Figura 14 - Relação entre a temperatura de junção do LED e a relação de luz emitida por cores 160 Luz emitida Relativa(%) Vermelha Azul Branca 120 100 80 40 0 -20 0 20 25 40 60 80 100 120 Temperatura da Junção (0C) (Fonte: Adptado. BOLLOUGH, 2003) O aumento da temperatura de junção também resulta num decréscimo da resistência do material do LED, uma vez que este semicondutor apresenta uma resistência com coeficiente de temperatura negativo (PINTO, 2008). Esta condição pode levar a uma potencialização do aumento de temperatura e ocasionar a sua queima. A Figura 15 ilustra o comportamento de um semicondutor de acordo com a variação de temperatura. Figura 15 - Variação nas curvas características de um diodo com a mudança de temperatura (Fonte: BOYLESTAD, NASHELSKY, 1999) 45 Para que se tenha controle dessas correntes as lâmpadas de LED necessitam de um circuito chamado driver. Estes circuitos funcionam como os reatores eletrônicos das lâmpadas fluorescentes. Lâmpadas de LED são constituídas de arranjos contendo vários LEDs individuais, não podendo ser conectadas diretamente à rede de energia elétrica, pois requerem tensão e correntes nominais diferentes desta. Desta forma, é necessária a conexão dos drivers para fornecer tensão e correntes dentro dos limites especificados pelo fabricante para o adequado funcionamento das lâmpadas. Os drivers podem vir separados ou embutidos nas lâmpadas dependendo dos fabricantes. Lâmpadas de LED podem ser também dimerizadas. A dimerização é o processo pelo qual se controla a intensidade da luz emitida por um dispositivo emissor de luz artificial através do controle de tensão aplicada a este dispositivo. Isto pode ser feito através de modulação por largura de pulso (PWM – Pulse Width Modulation) ou por amplitude modulada (AM). Porém, esta modulação PWM deve ser feita com frequências muito elevadas para que não se perceba o efeito flicker, uma vez que nesta modulação são ajustadas as durações dos pulsos e o tempo entre os pulsos emitidos (BOULLOUGH, 2003). A dimerização em nada afeta a temperatura de junção dos LEDs e, portanto, não compromete sua vida útil e eficiência luminosa. Essas dimerizações, Figura 17, podem ser feitas através de conversores lineares ou circuitos integrados – Cis, conforme mostrado ilustrativamente na Figura 16. Figura 16 - Conversor linear de acionamento para dimerização (Fonte: PINTO, 2008) 46 Figura 17 - Sinais PWM para controle de intensidade luminosa e cor (Fonte: JÚNIOR, 2008) 2.2.2.1 Circuito Equivalente de um diodo O LED, sendo um diodo emissor de luz, comporta-se exatamente igual a um diodo simples de junção, desta maneira os circuitos equivalentes de um diodo e de um LED se equivalem. Para entender o circuito equivalente de um LED deve-se analisar a curva característica de um diodo. Esta curva relaciona a tensão mínima (𝑉𝑇 ), 0,7 Volts, para que o diodo comece a conduzir corrente elétrica, a corrente de condução direta (𝐼𝐹 ) e uma resistência ac característica do diodo (𝑟𝑎𝑣 ). A Figura 18 ilustra a curva característica de um diodo para uma corrente de condução direta de 10 mA e 0,8 Volts de tensão aplicada ao diodo (BOYLESTAD, NASHELSKY, 1999). 47 Figura 18 - Curva característica do um diodo em condução (Fonte: BOYLESTAD, NASHELSKY 1999) Nota-se que um diodo para entrar em condução necessita de uma tensão mínima de 0,7 volts, ou seja, existe uma barreira de potencial que deve ser superada para que o diodo inicie a condução de corrente elétrica. Esta barreira é representada por uma bateria 𝑉𝑡 que se opõe ao sentido de condução. A resistência característica de um diodo é representada por uma resistor e para indicar que só existe uma direção de condução e que uma condição de polarização reversa indica um estado de circuito aberto, um diodo ideal é colocado no circuito (BOYLESTAD, NASHELSKY, 1999). A partir daí fica fácil representar o circuito equivalente de um diodo. A Figura 19 ilustra um circuito equivalente de um LED. Figura 19 - Circuito equivalente de um LED (Fonte: Adaptado. JÚNIOR, 2008) 48 2.2.3 O LED e o meio ambiente A busca da preservação do meio ambiente é um dos principais temas dos últimos dois séculos. Países emergentes e os ditos de primeiro mundo, se reúnem periodicamente para discutir planos e ações voltados para a conservação do meio ambiente. Um dos encontros mais relevantes foi o encontro em que esses países, incluindo o Brasil, assinaram o chamado “protocolo de Kyoto”, no qual havia o compromisso de adotar medidas para diminuir a emissão de dióxido de carbono o CO2 . De outro lado, como resultado do desenvolvimento tecnológico, principalmente da eletrônica de potência, novos e mais baratos equipamentos eletrodomésticos como televisores e geladeiras são disponibilizados para o consumo. Aliado a este fato, o aumento do poder aquisitivo da população nas últimas décadas, têm criado as condições de viver mais confortavelmente, resultando na incorporação destes bens de consumo em larga escala pela população brasileira, assim como de outros países. Com o aumento de equipamentos eletrodomésticos, que necessitam de energia elétrica para seu funcionamento, aumenta-se a demanda de eletricidade. Para atender esta demanda é necessária a construção de novas usinas geradoras de energia elétricas que independentemente de sua tecnologia - hidroelétricas, termoelétricas, eólicas, solares, causam algum tipo de impacto ambiental. Diante disso, buscando o uso mais racional da energia elétrica, o Governo brasileiro, por meio do Ministério de Minas e Energia, na década de 80, criou o PROCEL – Programa de Conservação de Energia Elétrica e, lançou vários manuais educativos e explicativos que visam conscientizar e informar a população sobre os benefícios da conservação de energia elétrica e como isto pode ser feito. Manuais sobre eficiência energética em iluminação, equipamentos e instalações, sistemas de refrigeração e descarte de lâmpadas de descarga são alguns deles. Diante desse contexto, as lâmpadas de LED ganham ampla atenção em projetos de pesquisa uma vez que o LED por se tratar de um material semicondutor que não possui nenhum tipo de gás ou metal que possa vir a ser prejudicial ao meio ambiente quando do seu descarte, possui elevada vida útil e maior eficiência luminosa comparada às lâmpadas de descargas, sejam elas fluorescentes, vapor de sódio ou vapor de mercúrio. 49 Sinnadurai et al. (2012) classificam os LEDs como seguros, confiáveis, fisicamente robustos, eficientes energeticamente, rentáveis e ambientavelmente amigáveis. A vida das lâmpadas LED é bastante elevada, atingem 50.000 horas de operação, o que corresponde a aproximadamente uma vida útil de 11 anos, com 12 horas de iluminação diárias, tempo significativamente maior se comparado a de outras tecnologias, tais como a lâmpada incandescente (2.000 horas), lâmpada de sódio (18.000 horas), lâmpada de mercúrio (18.000 horas) ou a lâmpada fluorescente (20.000 horas). Isso implica em uma grande redução no custo de manutenção dessas lâmpadas, assim como na quantidade de resíduos gerados quando de sua substituição. A Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (ABILUX), informa que anualmente são retiradas de uso, no mundo, um total de 49 milhões de lâmpadas. Adotando-se como base uma média de 21 mg de mercúrio por lâmpada, significa um potencial poluidor de aproximadamente 1.000 kg de mercúrio. Segundo dados obtidos da concessionária AES Eletropaulo, a mesma descartou no decorrer do ano de 2008 um total de 34.185 lâmpadas empregadas na iluminação pública, representando assim um descarte de aproximadamente 0,715 kg de mercúrio, apenas na área de sua concessão. Chen e Hui (2010) classificam as lâmpadas de LED como sendo livres de mercúrio, o que torna o LED seguro quando do seu descarte no fim de sua vida útil. O Quadro 12 ilustra a quantidade de mercúrio existente por lâmpada: Quadro 12- Quantidade de mercúrio existente por lâmpadas utilizadas em iluminação pública Lâmpadas contendo mercúrio Mista Vapor de Mercúrio Vapor de Sódio Vapor Metálico LÂMPADAS USADAS NA ILUMINAÇÃO PÚBLICA Quantidade média de Variação das médias de Variação de potências mercúrio mercúrio por potência 160 W a 500 W 0,017 g 0,011 g a 0,045 g 80 W a 1.000 W 0,032 g 0,013 g a 0,080 g 70 W a 1.000 W 0,019 g 0,015 g a 0,030 g 35 W a 2.000 W 0,045 g 0,010 g a 0,170 g (Fonte: SALES, 2011) Hui, Li e Chen (2010) apontam que para que se tenha uma tecnologia de iluminação sustentável, esta deve respeitar 3 critérios: 1) alta eficiência elétrica ou economia de energia; 2) longa vida útil; 3) seus componentes construtivos permitirem ao máximo serem reciclados. 50 Nessa perspectiva, os autores desenvolveram um circuito de driver de lâmpadas de LED consistindo apenas de diodos e indutores, sem a adição de chaves eletrônicas de potência, fontes auxiliares de energia e placas de controle. Este protótipo feito para alimentar uma lâmpada de LED de 50 W mostrou-se viável no final dos testes. Como o driver constitui-se apenas de poucos componentes, não existem perdas por chaveamento e eficiência elétrica de 93,6% foi alcançada. Os autores ainda complementam que poucos e robustos componentes foram utilizados na composição do driver, este ofereceu ainda outras vantagens como baixo custo, baixo custo de manutenção e boa resistência contra adversidades climáticas como tempestades e fortes ventos. A Figura 20 ilustra este protótipo. Figura 20 - Protótipo de lâmpada de LED utilizando componentes passivos (Fonte: HUI, LI e CHEN, 2010) Chen e Chung (2011) apresentam uma proposta para a inserção de uma lâmpada tubular LED em paralelo com uma lâmpada tubular fluorescente aproveitando–se do seu reator eletrônico, já existente, e colocando um circuito de driver do LED para ser acionado pelo reator eletrônico, alimentando assim tanto uma lâmpada fluorescente quanto uma lâmpada de LED. Através de cálculos matemáticos os autores viabilizam este esquema e concluem como sendo uma solução viável do ponto de vista também ambiental, uma vez que não se joga fora o reator eletrônico. Este esquema proposto é ilustrado na Figura 21. 51 Figura 21 - Proposta feita para a utilização de um reator eletrônico em paralelo com um driver de uma lâmpada LED (Fonte: CHEN, CHUNG, 2011) 2.2.4 Circuitos de acionamentos LED - Drivers Como mencionado, as lâmpadas de LED necessitam de circuitos acionadores para controle de tensão e corrente denominados drivers. Das diversas topologias existentes para esses circuitos acionadores, neste item apresentam-se as características de funcionamento que se desejam para o correto funcionamento de lâmpadas LED. As topologias mais comuns são Buck, Boost, Buck – Boost, Buck Quadrático, SEPIC, Cùk, Zeta, Flyback e os Conversores Lineares e, são divididas em duas partes: Isolados e não isolados. Existem ainda as topologias resistor série e capacito série. Porém não são utilizados devido a sua baixa eficiência (YU, YANG, 2009). 2.2.4.1 Conversores CC-CC Conversores CC-CC são utilizados para converter uma tensão de entrada CC não controlada em uma tensão de saída CC controlada. Este controle é conseguido através da modulação por largura de pulsos a uma frequência fixa e geralmente são empregados para o chaveamento BJTs, MOSFETs ou IGBT de potência (RASHID, 1999). 2.2.4.2 Conversor Buck Neste tipo de conversor – Buck, Figura 22, a tensão média de saída VLED é menor do que a tensão média de entrada Vin . O conversor Buck pode operar em dois modos. O 52 primeiro modo ocorre no instante t = 0. O transistor T está em condução e a corrente que circula em L, C e LED cresce. No segundo instante t = t1 o transistor T é desligado e para de conduzir. Dessa maneira a corrente acumulada em L circula através do diodo D, C e do LED. A corrente continua a circular até começar a diminuir e o transistor T é ligado novamente (RASHID, 1999). Segundo Pinto (2008), “o conjunto L – C é utilizado como um filtro passa–baixa. O indutor limita a ondulação de corrente e o capacitor limita a ondulação de tensão”. Este conversor não proporciona isolação entre a fonte e a carga. O conversor Buck pode ser projetado para operar em modo de condução contínua (MCC) ou descontínua (MCD) (PINTO, 2008). Figura 22 - Conversor Buck L T Vin D C LED (Fonte: Adaptado. PINTO, 2008) 2.2.4.3 Conversor Boost O conversor Boost opera de modo contrário ao conversor Buck. Neste conversor, Figura 23, a tensão de saída VLED é maior do que a tensão de entrada Vin . Sua operação também pode ser dividida em dois modos. No primeiro modo de operação, o transistor T entra em condução no instante t = 0. A corrente de entrada cresce e flui entre o filtro indutor L e o transistor. O segundo modo se inicia quando o transistor entra em bloqueio no instante t = t1 . A corrente que estava fluindo através do transistor flui agora entre o indutor L, o diodo D, o capacitor e o LED (RASHID, 1999). Este conversor pode funcionar no modo de condução contínua (MCC) ou descontínua (MCD). Segundo Pinto (2008), o princípio de funcionamento desse conversor baseia-se em armazenar energia no indutor enquanto o transistor está conduzindo e transferir essa energia para a carga quando o transistor entrar em bloqueio. Esta topologia é muito empregada para alimentar LEDs através de baterias. 53 Figura 23 – Topologia do Conversor Boost D L T Vin LED C (Fonte: Adaptado. PINTO, 2008) 2.2.4.4 Conversor Buck–Boost O conversor Buck–Boost é a junção dos dois conversores apresentados anteriormente e apresenta uma característica de tensão de saída menor ou maior que a tensão de entrada, porém, com polaridades invertidas à da entrada (RASHID, 1999). Este tipo de conversor, Figura 24, pode operar de dois modos. No primeiro modo o transistor T está em condução e a corrente que cresce, devido ao indutor, circula entre o transistor e o indutor L. Neste modo o diodo D está polarizado inversamente. No segundo instante o transistor entra em bloqueio e a corrente circula através do diodo D, do indutor L, do capacitor C e do LED. A energia armazenada no indutor L é transferida para carga e a corrente no indutor cai até que o transistor conduza novamente (RASHID, 1999). Figura 24 – Topologia do conversor Buck – Boost Vin L C LED (Fonte: Adaptado. PINTO, 2008) Segundo Pinto (2008) “este conversor é bastante utilizado para alimentar LEDs por meio de baterias, regulando a tensão de saída em função da variação da tensão de entrada”. 54 Alonso et al. (2012) apresenta uma alternativa para a substituição de lâmpadas halógenas incandescentes por lâmpadas de LED. A alimentação das lâmpadas de LED num primeiro momento é efetuada com auxílio de um circuito passivo (retificador simples de onda completa) e num segundo momento com um conversor Buck – Boost em operação descontínua, analisados experimentalmente, comparando harmônico de corrente, aspectos luminotécnicos, e o fator de potência entre as duas alternativas. O conversor Buck–Boost apresentou uma eficiência superior a 7% comparado à solução passiva (retificador simples de onda completa), melhor fator de potência, baixa distorção harmônica de corrente e ainda apresentou a possibilidade de se dimerizar a lâmpada. 2.2.4.5 Conversor Buck Quadrático Através das topologias básicas apresentadas acima, outras topologias podem ser criadas através da junção de algumas delas. É o caso do conversor Buck – Quadrático que nada mais é do que dois conversores Buck conectados em série. Nesta topologia, Figura 25, o valor da tensão de saída ainda será menor do que o valor de entrada, porém numa relação exponencial (PINTO, 2008). Figura 25 - Conversor Buck Quadrático L1 D1 L2 T C1 D3 Vin C2 LED D2 (Fonte: Adaptado. PINTO, 2008) 2.2.4.6 Conversores Cùk, Zeta e SÉPIC O conversor Cùk, Figura 26, é formado por um conversor Boost em série com um conversor Buck. Similar ao conversor Buck–Boost, este conversor apresenta tensão de saída menor ou maior do que a tensão de entrada dependendo dos instantes de condução do transistor. 55 Figura 26 - Conversor Cùk C1 L1 L2 T Vin D C LED (Fonte: Adaptado. PINTO, 2008) O conversor SÉPIC, Figura 27, é constituído de um conversor Boost e um Buck – Boost conectados em série. Segundo Pinto (2008) , “a vantagem desse circuito em relação ao Buck-Boost é que a corrente de entrada pode ser contínua e a tensão de saída não possui polaridade invertida”. Figura 27 - Conversor SÉPIC C1 L1 D T Vin Co L2 LED (Fonte: Adaptado. PINTO, 2008) O Conversor Zeta, Figura 28, é formado por um Buck–Boost e um Buck conectados em série. Funciona como um conversor Buck–Boost, ou seja, a tensão de saída pode ser superior ou inferior a de entrada, porém sem ter a polaridade invertida. Figura 28 - Conversor Zeta C1 L2 T L1 Vin D Co LED (Fonte: Adaptado. PINTO, 2008) 56 Estudo realizado por Alonso et al. (2011), referente à substituição de lâmpadas de vapor de sódio por lâmpadas de LED, concluiu que a topologia de conversor Zeta apresenta um elevado fator de potência na entrada e uma tensão de saída menor do que na entrada que alimenta a matriz de rede de LEDs. Essa diminuição do nível de tensão na saída tem como consequência uma redução no ripple de tensão e corrente, dessa forma aumentando a vida útil dos capacitores a filme e, em consequência, a vida útil dos LEDs. O estudo acaba evidenciando que devido ao segundo estágio (conversor Buck) que reduz ripples de baixa frequência, este tipo de conversor tem bom desempenho quando alimentado com tensão contínua. Como benefícios desta situação, menciona-se: elevado fator de potência, baixa distorção harmônica de corrente e eficiência aceitável, podendo desta forma, ser utilizado capacitores de baixas capacitâncias nas saídas dos estágios do circuito, aumentado a vida útil do conversor. 2.2.4.7 Conversor Flyback Os conversores do tipo flyback, Figura 29, têm as mesmas características de fornecimento de tensão dos conversores Buck e Boost e podem fornecer tensão de saída superior ou inferior a de entrada, porém, diferentemente dos conversores citados o flyback possui isolação entre a fonte de tensão e o circuito conversor. Figura 29 - Conversor Flyback D T Vin N1 N2 Co LED (Fonte: Pinto, 2008) Tian Fu et al. (2007), propõem um circuito de drive como alternativa para drivers do tipo conversor de estágio único flyback com um CI corretor de fator de potência, ilustrado na Figura 30, com a adição de um capacitor de carga para melhorar a correção de fator de potência denominado conversor carga–bomba, composto por um indutor Lr, capacitores Cr e Cb, diodo de roda livre Di e o diodo Dr. Através desta 57 topologia demonstra ter alcançado um alto fator de potência, porém, o CI causa ripple de corrente duas vezes maior do que a frequência de linha, sendo necessário colocar um regulador linear com perdas em série com os LEDs eliminando, assim, o ripple de corrente e controlando o brilho dos LEDs. Figura 30 - Conversor flyback com circuito corretor de fator de potência Df ILed Lr Di LEDs Iin Co Cr Dr Cb Vin Cbus Sinal de porta Controlador de Corrente Corrente de retorno (Fonte: TIANFU et al., 2007) Chen et al. (2010) propõem um circuito de driver para diversos tipos de lâmpadas de LED que combina um circuito Flyback e um circuito Boost. O circuito flyback é o mais amplamente utilizado pois, além de ser um circuito barato, também é muito simples, além de oferecer isolação elétrica entre a entrada e saída do circuito, aumentando assim a proteção ao driver. O circuito boost, como já citado, entrega uma tensão de saída mais elevada do que a tensão de entrada. Os experimentos demonstram que essa topologia resultou em alta eficiência e baixa perda em qualidade da luz emitida pelos LEDs ao longo do tempo, ou seja, a topologia apresentou uma boa estabilidade de corrente. Cheng e Cheng (2006) propõem um circuito de driver do tipo flyback em modo descontínuo com modulação PWM para controle de corrente. É inserido um circuito de proteção por temperatura juntamente ao modulador PWM para proteger o circuito do LED. Dessa maneira o circuito de proteção por temperatura controlará a frequência do modulador PWM garantindo que quando a temperatura de junção do LED estiver muito 58 elevada, este modulador diminuirá o nível da corrente do LED, dessa maneira, aumentando a vida útil da lâmpada e garantindo uma boa qualidade de iluminação, que não seria garantida caso a temperatura de junção do LED ficasse muito elevada. A Figura 31 ilustra o esquema proposto. Figura 31 - Flyback com modulação PWM e controle de temperatura + Temp ref Sinal PWM + Iref + Vref (Fonte: CHENG, CHENG, 2006) 2.3 Sistema Tarifário Brasileiro Atual e as Novas Bandeiras Tarifárias O sistema tarifário brasileiro é dividido em grupos, subgrupos e modalidades tarifárias (ANEEL, 2005). A classificação envolve dois grupos: tarifários: grupos A e B, e diversos subgrupos, conforme mostrado a seguir: Grupo A: Tensão de fornecimento ≥ 2.300 V: - Subgrupo A1: Atendimento em tensão igual ou superior a 230 kV; - Subgrupo A2: Atendimento em tensão de 88 kV a 138 kV; - Subgrupo A3: Atendimento em tensão de 69 kV; - Subgrupo A3a: Atendimento em tensão de 30 a 44 kV; - Subgrupo A4: Atendimento em tensão de 2,3 kV a 25 kV: . B4 – a: Atendimento para iluminação pública (Rede de Distribuição); . B4 – b: Atendimento para iluminação pública (bulbo da lâmpada).; 59 - Subgrupo AS: Atendimento em tensão inferior a 2,3 kV (sistema subterrâneo). Grupo B: Tensão de fornecimento < 2.300 V: - Subgrupo B1: Atendimento Residencial: . B1 – Baixa Renda: Atendimento residencial baixa renda – TSEE (Tarifa Social de Energia Elétrica); - Subgrupo B2: Atendimento rural: . B2 – Cooperativa: Atendimento para cooperativa de eletrificação rural; . B2 – Serviço Público de Irrigação: Atendimento para Serviço Público de Irrigação.; - Subgrupo B3: Atendimento às demais classes; - Subgrupo B4: Atendimento da Iluminação Pública: . B4 – a: Atendimento para Iluminação Pública (Rede de Distribuição); . B4 – b: Atendimento para Iluminação Pública (bulbo da lâmpada). Inseridos nos grupos e subgrupos estão as estruturas tarifárias: convencional, horo–sazonal azul, horo–sazonal verde e os postos horários de ponta e fora de ponta, que são caracterizadas, de acordo com a resolução 456 da ANEEL, da seguinte maneira: - Tarifa convencional: Estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas de consumo de energia elétrica e/ou demanda de potências independentemente das horas de utilização do dia e dos períodos do ano; - Tarifa horo–sazonal azul: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de tarifas diferenciadas de demanda de potência de acordo com as horas de utilização do dia; - Tarifa horo – sazonal verde: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de uma única tarifa de demanda de potência; - Horário de ponta (P): período definido pela concessionária e composto por 3 (três) horas diárias consecutivas, exceção feita aos sábados, domingos, terça-feira de carnaval, sexta-feira da Paixão, “Corpus Christi”, dia de finados e os demais feriados definidos por lei federal, considerando as características do seu sistema elétrico.” ; 60 - Horário fora de ponta (F): período composto pelo conjunto das horas diárias consecutivas e complementares àquelas definidas no horário de ponta; - Período úmido (U): período de 5 (cinco) meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do ano seguinte; - Período seco (S): período de 7 (sete) meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras de maio a novembro. A Figura 32 ilustra, na forma de fluxograma, a composição da estrutura tarifária vigente no Brasil. Figura 32 - Composição da estrutura tarifária aplicada no Brasil até 2014 (Fonte: ACERVO PESSOAL) É importante registrar, que está prevista para o ano de 2015 a implantação de um novo sistema tarifário, pautado em bandeiras tarifárias (ANEEL, 2014). Este novo sistema, estava previsto para vigorar já em 2014, mas foi adiado, em principio para o próximo ano, como forma de compensar o custo de geração através de usinas termoelétricas utilizadas quando os níveis dos reservatórios de água do país estiverem baixos, uma vez que e energia elétrica gerada com termoelétricas é mais cara do que a gerada com hidroelétricas. As tarifas deverão ser divididas em três categorias ou bandeiras, sendo elas: bandeira vermelha, bandeira amarela e bandeira verde. 61 Segundo a ANEEL (2014) os critérios para a adoção de determinada bandeira num dado período, será realizado de acordo com as seguintes situações: Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo; Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos; Bandeira vermelha: condições mais onerosas de geração. A tarifa sobre acréscimo de R$ 3,00 para cada 100 kWh consumidos. A composição das tarifas é feita conforme o Custo Marginal de Operação (CMO) que equivale ao preço de unidade de energia produzida para atender a um acréscimo de demanda de carga no sistema e dos Encargos de Serviço do Sistema (ESS) que são decorrentes da manutenção da confiabilidade e estabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN). Dessa forma a escolha da bandeira é feita segundo a seguinte composição: - Bandeira verde: CMO + ESS_SE menor que R$ 200,00/MWh (duzentos reais por megawatt-hora); - Bandeira amarela: CMO + ESS_SE igual ou superior a R$ 200,00/MWh e inferior a R$ 350,00/MWh; - Bandeira vermelha: CMO + ESS_SE igual ou superior a R$ 350,00/MWh. A Figura 33 ilustra a projeção da ANEEL para a aplicação das bandeiras tarifárias de acordo com os subsistemas de energia elétrica e a Figura 34 ilustra como são divididos estes subsistemas. 62 Figura 33 - Bandeiras tarifárias (Fonte: ANEEL, 2014) Figura 34 - Subsistemas energéticos do Brasil (Fonte: ANEEL, 2014) Subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO): Regiões Sudeste e Centro-Oeste, Acre e Rondônia; Subsistema Sul (S): Região Sul; Subsistema Nordeste (NE): Região Nordeste, exceto o Maranhão; Subsistema Norte (N): Pará, Tocantins e Maranhão. 63 3 Materiais e Métodos Neste capítulo são estabelecidos os procedimentos metodológicos e materiais necessários para a consecução dos objetivos propostos. 3.1 Materiais Nesta seção se discriminam os materiais utilizados e necessários para o desenvolvimento da pesquisa, bem como os equipamentos de análises elétricas utilizados. 3.1.1. Equipamentos enfocados Para tanto, foram adquiridas duas lâmpadas tubulares LED e uma lâmpada tubular fluorescente dotada de reator eletrônico. Neste trabalho, para facilitar a identificação das mesmas e preservar a identidade dos respectivos fabricantes foi adotada a seguinte convenção para cada uma das lâmpadas contempladas: L1 – Lâmpada tubular LED bivolt; L2 – lâmpada tubular LED bivolt; F – lâmpada fluorescente tubular. As lâmpadas de LED adquiridas são de 10 W de potência nominal, e a lâmpada fluorescente, combinada ao reator eletrônico, é de 20 W de potência. Apesar da diferença na potência nominal as três lâmpadas possuem dimensões físicas compatíveis, fato que possibilita a substituição, ou seja, substituir lâmpadas tubulares fluorescentes por lâmpadas tubulares LED podendo-se aproveitar as mesmas luminárias existentes nos sistemas de iluminação residenciais. O trabalho experimental será realizado utilizando luminárias metálicas, comumente utilizadas para lâmpadas tubulares fluorescentes, com conexões disponíveis para apenas uma lâmpada tubular. Dessa maneira foram adquiridas três luminárias de alumínio e correspondentes soquetes e demais conexões de forma a aproximar-se o máximo possível de situações encontradas na prática. 64 A Tabela 1 e o Quadro 13 apresentam as principais características construtivas, de operação e desempenho dos componentes mencionados. Tabela 1- Características das lâmpadas L1, L2 e F. Características das lâmpadas Lâmpada tubular LED SMD T8 – L1 Lâmpada tubular LED SMD T8 – L2 Tensão nominal Potência máxima Corrente Frequência Vida útil Fluxo luminoso Eficiência luminosa Temperatura de cor Dimensões (mm) Dimerizável 100 - 240 V 10 W 120 mA 50/60 Hz 40.000 horas 825 lúmens 82,5 lm/W 4000 K 588,5(C) x 28(D) NÃO 100 - 240 V 10 W 120 mA 60 Hz 50.000 horas 820 lúmens 82 lm/W 4000 K 580(C) x 27(D) NÃO Lâmpada tubular fluorescente T10 (lâmpada + reator) - F 127 V 20 W (lâmpada + reator) 157 mA 60 Hz 10.000 horas 1350 lúmens 67,5 lm/W 3000 K 590(C) x 32 (D) SIM Quadro 13 - Equipamentos utilizados para montagem da pesquisa Equipamento Especificação Quantidade Soquete 2 pinos para fixação nas luminárias e energização das lâmpadas tubulares de LED e 6 fluorescentes. Tipo de encaixe a) G3. Luminária metálica branca para fixação de soquetes e respectivas 3 lâmpadas tubulares LED e fluorescentes b) Reator eletrônico destinado ao acionamento de uma única c) lâmpada tubular fluorescente 1 65 Lâmpada tubular LED 10 W / T8 SMD 2 Lâmpada tubular fluorescente 20 W / T8 1 d) e) 3.1.2 Instrumental utilizado Nesta seção são apresentados os instrumentos de medições utilizados para a realização deste trabalho bem como suas características e especificações de funcionamento. A1) Analisador de energia MAHR – 21 Analisador de energia elétrica MARH-21, registrador digital portátil, trifásico, programável, destinado ao registro das tensões, correntes, potências, energia, harmônicas e oscilografia de perturbações em sistemas elétricos de geração, consumo e distribuição assim como circuitos de alimentação de máquinas elétricas em geral. A Figura 35 apresenta uma fotografia do analisador em questão. 66 Figura 35 – Foto do analisador de energia elétrica MARH -21 e acessórios Este analisador possibilita duas formas de leituras dos dados armazenados em sua memória de massa. Além da opção de coleta de dados através de display, possibilita também a leitura através do software denominado ANAWIN. Programa para coleta e análise de dados de registradores padrão RMS (ratio medium square) em ambiente Windows. A Figura 36 ilustra o painel e conexões do analisador em questão. Figura 36 - Painel e conexões do analisador de energia elétrica MARH – 21 O MARH – 21 possui 7 possibilidades de programação denominadas “Modo de Operação” que deverão ser escolhidas pelo usuário de acordo com a necessidade da medição, 3 ponteiras de tensão para sinais de tensão e 3 TCs para sinais de corrente. Todos estes modos podem ser programados facilmente através do software ANAWIN ou então pelas teclas disponíveis no painel do analisador. São eles os modos de operação: - Modo 0 - Medição e registro de grandezas integralizadas; - Modo 1 - Captação da forma de onda (acionamento manual); 67 - Modo 2 - Captação da forma de onda (acionamento automático a cada intervalo de tempo programado); - Modo 3 - Potências e valores médios de distorção harmônica por intervalo; - Modo 04 – Captação da forma de onda (acionamento de captação automático por variação da tensão RMS, variação da tensão instantânea e variação de freqüência); - Modo 14 – Captação da forma de onda (acionamento de captação automático por variação da tensão RMS, variação da DTT de tensão e variação de freqüência); - Modo 10 – Captação da Forma de Onda (acionamento de captação por variação do valor RMS de tensão e variação de frequência) e grandezas integralizadas simultaneamente. A2) FLUKE 434 Ilustrado na Figura 37, oferece um conjunto amplo de possibilidades de medição de grandezas em sistemas de elétricos. O aparelho pode ser utilizado para estudos voltados para o consumo de energia e análise de cargas elétricas, análise e registro da qualidade da energia e desempenho do sistema de potência. É uma ferramenta trifásica que mede praticamente todos os parâmetros do sistema de energia: tensão, corrente, frequência, energia, consumo de energia, cos φ ou fator de energia, desequilíbrio e harmônicos e inter-harmônicos. Figura 37 – Foto do Analisador Trifásico de Energia Fluke 434 e acessórios 68 A3) Microcomputador Para a transmissão de dados do analisador de energia MARH – 21 utilizou - se um microcomputador com suporte para o software ANAWIN utilizado em ambiente Windows, conforme ilustra a Figura 38. Figura 38 - Microcomputador para realização da leitura do MARH -21 através do software ANAWIN (Fonte: Acervo próprio) A4) ATPDraw (ALTERNATIVE TRANSIENT PROGRAM) Para as simulações com o modelo desenvolvido foi escolhido o software ATP (Alternative Transients Program), simulador de circuitos elétricos e eletrônicos, que possui uma ampla biblioteca com blocos de componentes elétricos já modelados. Também, a exemplo de outros simuladores, é possível criar novos componentes e acrescentá-los à esta biblioteca Dentre os blocos mais relevantes pode-se mencionar: - Probes & 3-phase – Medidores e Sppliters (Ex: Medidores de tensão e Corrente, TACS, etc); - Branch Linear – Ramos Lineares (Ex: Resistencia, Indutândia, Capacitância, etc); - Branch Nonlinear – Ramos Não Lineares (Ex: Resistencia Não Linear, Indutândia Não Linear, etc); 69 - Lines/Cables – Modelos de Linhas e Cabos (Linhas de Paramêtros Distribuidos e Agrupados); - Switches – Chaves (Ex: Chave temporizadas, Diodo, Válvula, Chave TACS, etc); - Sources – Fontes de Tensão e Corrente (Ex: Fonte de Tensão Contínua e Alternada, Rampas, etc); - Machines – Motores Elétricos (Ex: Motor de Indução, Motor de Corrente Contínua, etc); -Transformers – Transformadores (Ex: Transformadores Lineares, Não Lineares, De Dois ou Três Enrolamentos, etc); - MODELS; - TACS - (Ex: Fontes TACS, Acomplamento de Circuitos, Funções de Transferência, Portas Lógicas, etc.); - User Specified; - Frequency Comp. – Componentes no Domínio da Frequência (Ex: Fonte Harmonica de Tensão ou Corrente); - Standard Components; A Figura 39 mostra uma tela com os componentes que compõem a biblioteca do ATP. Como opções de análises dos circuitos construídos no ATP, o mesmo ainda disponibiliza ferramentas de medições de grandezas elétricas como corrente elétrica e tensão elétrica, plotando ainda as formas de ondas características dos circuitos construídos para essas grandezas. 70 Figura 39 - Amostra da biblioteca do ATPDraw (Fonte: REIS et. al, 2012) A escolha desse software se justifica devido ao fato de ser um software prático, que dá a possibilidade de simulação tanto de circuitos elétricos quanto de circuitos eletrônicos e, principalmente, é gratuito. Além de ser utilizado amplamente nas concessionárias de energia e comunidade científica. A5) Osciloscópio Tektronix TDS 2004B Para que a modelagem matemática e computacional fosse possível, foi necessária a leitura dos pulsos emitidos por um circuito integrado presente no driver da lâmpada LED, pulsos esses que controlam o disparo do transistor presente no conversor Buck. Assim lançou–se mão do osciloscópio digital da marca Tektronix TDS 2004B, de quatro canais, frequência de 60 MHz. A Figura 40 ilustra a tela do osciloscópio, por ocasião do registro da forma de onda dos pulsos do circuito integrado. 71 Figura 40 - Osciloscópio mostrando a forma de onda dos pulsos do circuito integrado do driver da lâmpada LED (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) A6) Luxímetro digital A análise luminotécnica foi feita pela comparação da iluminância produzida pelos distintos tipos de lâmpadas estudadas, valendo-se, para tanto, de um luxímetro. O luxímetro digital utilizado é da marca MINIPA MLM – 1010, conforme ilustra a Figura 41. Figura 41 - Luxímetro digital MINIPA, modelo MLM – 1010 (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 72 3.2 Metodologia A concretização deste trabalho passa, num primeiro momento, pela definição do estudo a ser desenvolvido e os objetivos a serem alcançados e, na sequência, a definição das estratégias para serem seguidas. Para tal finalidade, foram realizados estudos experimentais e de simulação correspondentes e estudos sob a ótica econômico–financeira para aferir a viabilidade ou não da substituição de lâmpadas. Por último, foi efetuada medição do iluminamento de um ambiente escolhido para tal finalidade, com o intuito de verificar o desempenho das três lâmpadas utilizadas, desta vez sob os aspectos luminotécnicos. Nesse contexto, a metodologia também compreendeu três focos distintos, que são descritos nos itens seguintes: a) Estudos experimentais; b) Simulações computacionais relacionadas com o item a); c) Estudos luminotécnicos; d) Estudos de Relação Custo Benefício – RCB. a) Estudos experimentais Esta parte do trabalho trata da montagem e registro das grandezas elétricas que possibilitaram os estudos necessários para a concretização da dissertação. Para a parte experimental e correspondente simulação, o trabalho foi conduzido de acordo com o arranjo apresentado na Figura 42, no laboratório de fontes alternativas do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMT. Para as conexões das ponteiras de tensão e TCs as lâmpadas foram conectadas em ligação estrela, cada lâmpada em uma fase e neutro em comum. 73 Figura 42 - Esquema de ligação para as medições em laboratório Fase A Fase B Fase C Neutro RN RA RB RC TC3 TC2 TC1 MARH – 21 L1 L2 F Legenda: TC Microcomputador Transformador de Corrente F Lâmpada tubular fluorescente RA, RB, RC, RN L1 Lâmpada tubular LED 1 L2 Lâmpada tubular LED 2 Referências das fases A, B, C e Neutro, respectivamente MARH – 21 Analisador de Energia MARH - 21 Nesta tarefa foi selecionado o modo de operação 3 do analisador de energia MARH – 21, que, com auxílio do software ANAWIN foram obtidas as seguintes informações: - Transformada de Fourier (composição harmônica média) das tensões e correntes para cada período de integração. - Percentuais das harmônicas em relação a fundamental. 74 - DTT de tensão. Fases A, B e C; - DTI de corrente. Fases A, B e C; - Potências Ativas. Fases A, B e C; - Potências Reativas Indutivas. Fases A, B e C; - Potências Reativas Capacitivas. Fases A, B e C; - Componentes harmônicos médios no intervalo de tensão e corrente. Fases A, B e C. O arranjo utilizado para os trabalhos experimentais está ilustrado na Figura 43. Figura 43 - Esquema real de medição: a) vista geral e b) detalhe das luminárias a) b) (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) De posse dos dados das medições, são feitas as análises desses dados e confeccionados os gráficos pertinentes a este estudo, tais como gráficos de tensão, corrente, distorções harmônicas em tensão e correntes e espectro harmônico. De forma a verificar a correção das medições conduzidas, complementarmente, foram feitas as mesmas coletas de dados através do analisador de energia FLUKE. Assim puderam ser capturadas as formas de onda instantâneas para compará-las com as registradas com o analisador de energia MARH – 21. A Figura 44 ilustra o analisador de energia FLUKE durante o processo de registro das grandezas. 75 Figura 44 - Analisador de energia FLUKE coletando dados. (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) b) Simulações computacionais A partir desse ponto, partiu-se para as simulações computacionais para a validação computacional do modelo da lâmpada tubular de LED através do software ATPDraw, simulando e comparando os gráficos obtidos através das medições com os gráficos obtidos através das simulações. Conforme abordado anteriormente, existem diversos tipos de drivers para acionamento de lâmpadas de LED. Neste trabalho, para fins de modelagem computacional, foram considerados aspectos relacionados com a qualidade da energia, de forma que a escolha recaiu no driver utilizado pela lâmpada L2, cuja topologia está reproduzida na Figura 45. Figura 45 - Topologia do conversor CC/CC encontrado na L2 Lo Le r1 C1 CA C2 Ce 1 2 3 4 1 2 3 4 555 5 6 7 8 5 6 7 8 r2 Ds Co LEDs C3 Q2 BC547 r3 76 Sendo: CA= Fonte de tensão alternada; C1 = Filtro de ondulação de onda de tensão de alta frequência; C2 = Filtro de ondulação de onda de baixa frequência; Le = Indutor do filtro de entrada do Buck; Ce = Capacitor do filtro de entrada do Buck; r1, r2, C3= Resistores e capacitor do CI 555; r3 = Resistor de controle do sinal de saída do CI 555 (rsense); Q1 = MOSFET; Q2 = Transistor TJB; Ds = Diodo Schottky; Lo = Indutor do filtro de saída do Buck; Co = Capacitor do filtro de saída do Buck. c) Estudos luminotécnicos Após os estudos comparativos sobre qualidade da energia elétrica entre as 3 lâmpadas consideradas, o passo seguinte consiste nas comparações luminotécnicas, tomando por base para isto, o método dos pontos de medição, conforme mostra a Figura 46, (ABNT, 1985). Figura 46 - Método para medição de iluminância média de um ambiente p-1 p-2 b p-3 (Fonte: ABNT, 1985) p-4 77 Segundo a norma quando se trata de uma iluminação com apenas um ponto central deve-se “Fazer leituras nos lugares p-1, p-2, p-3 e p-4. Calcular a média aritmética dos quatro lugares, que é a iluminância média da área”. d) Estudos de Relação Custo Benefício – RCB Como última etapa desta dissertação, tem-se o estudo da viabilidade econômica da substituição. O método de cálculo utilizado, prevê o cálculo da relação custo– benefício, de maneira a obter dados que permitam concluir sobre a viabilidade ou não da substituição das lâmpadas tubulares fluorescentes por lâmpadas tubulares LED. Para o estudo de viabilidade econômica foi utilizado o método de cálculo proposto pela ANEEL em seu Manual para a Elaboração do Programa de Eficiência Energética e, no Procedimentos do Programa de Eficiência Energética – PROPEE. Módulo 7 – Viabilidade econômica, considerando o novo sistema tarifário a ser implementado no Brasil em 2015, denominado bandeiras tarifárias. Segundo este manual, o principal critério para avaliação da viabilidade econômica de um projeto do PEE é a relação custo benefício (RCB) que o mesmo proporciona. O benefício considerado é a valoração da energia economizada e da redução da demanda na ponta durante a vida útil do projeto para o sistema elétrico. O custo são os aportes feitos para a sua realização (do PEE, do consumidor ou de terceiros). Ainda neste manual está estabelecido que o critério chave para avaliação consiste em alcançar um RCB não superior a 0,8, uma vez que o benefício apurado com valoração da energia e da demanda reduzidas ao custo unitário marginal de expansão do sistema deve ser de no mínimo 25% maior que o custo do projeto. Para esta avaliação a energia economizada, medida em MWh, e a redução de demanda no horário de ponta (posto tarifário ponta), medida em kW, são os principais indicadores quantitativos para projetos de eficiência energética. Os principais índices de valoração dos benefícios são os Custos Evitados de Demanda (CED) e o Custo Evitado de Energia (CEE). 78 4 Estudos laboratoriais – resultados e análises Neste capítulo são apresentados os dados coletados, bem como feitas as análises no que concerne à qualidade da energia elétrica do acionamento das lâmpadas F, L1 e L2. Mais precisamente são analisadas as distorções nas formas de onda de tensão e corrente elétrica, fenômeno conhecido como harmônicos causados, nos casos aqui apresentados, essencialmente por dispositivos de controle atuando como chaves, comumente empregados em reatores eletrônicos e drivers de lâmpadas de LED. 4.1 Ensaios realizados com as lâmpadas F, L1 e L2 4.1.1 Lâmpada Fluorescente - F A primeira lâmpada ensaiada é a fluorescente, acionada por meio de um reator eletrônico. As Figuras 47 e 48 ilustram os as formas de onda de corrente e tensão elétrica e o espectro harmônico de corrente e tensão do sistema elétrico onde foi acionada a lâmpada mencionada, respectivamente. Figura 47 - Distorção na forma de onda de tensão e corrente do sistema onde se encontrava a lâmpada fluorescente acionada por reator eletrônico - Experimental. (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 79 Figura 48 - Espectro harmônico de corrente da lâmpada “F” acionada por reator eletrônico, correspondente à Figura 47 (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) As ilustrações anteriores permitem observar que a forma de onda da tensão elétrica não apresenta alterações significativas, resultando em uma DTT% de do sistema elétrico com a lâmpada F de 1,94%. Isto se deve ao fato do barramento de energia elétrica onde foi conectada à lâmpada ser “forte” e sobre tudo, ao fato de tratar-se de uma carga de pequena potência. Já para a forma de onda da corrente elétrica, nota-se uma forte distorção, resultando em um DTI% de 139,40%. Complementarmente à forma de onda da corrente elétrica mostra-se também, o espectro harmônico da corrente elétrica, que nada mais é do que a decomposição dessa forma de onda em série de Fourier. Este espectro ilustra a significativa parcela dos harmônicos de ordem ímpar (3, 5, 7, 9..., 21) e, principalmente o harmônico de 3ª ordem com 80,54% de distorção. Para corroborar com os gráficos plotados, através dos dados coletados ilustra-se com a Figura 49, também, as formas de onda captadas através do analisador de energia FLUKE. 80 Figura 49 - Formas de onda de tensão e corrente de F através do analisador de energia FLUKE. (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 4.1.2 Lâmpada LED – L1 A Figura 50 ilustra as formas de onda de tensão do sistema elétrico com a lâmpada L1 e corrente elétrica da lâmpada L1 e a Figura 51 ilustra o seu espectro harmônico. Figura 50 - Distorção na forma de onda de tensão do sistema com a lâmpada L1 e corrente de L1 Experimental. (Fonte: Acervo Próprio) 81 Figura 51 - Espectro harmônico de corrente de L1, correspondente à Figura 52. (Fonte: Acervo Próprio) Para esta lâmpada, observa-se, assim como no caso anterior, que onda da tensão não apresenta pequena distorção, fato ratificado pelo valor da DTT% do sistema elétrico com a lâmpada L1 de 2,89%. O valor obtido encontra-se um pouco um pouco acima da lâmpada F analisada anteriormente. Já para a distorção na forma de onda de corrente, resultou em um DTI% de 51,23%, bem abaixo do valor apresentado pela lâmpada fluorescente - F. O espectro harmônico evidencia a grande influência dos harmônicos de ordem impar e, principalmente o harmônico de 3ª ordem com 33,25%, porém, ainda menor do que o apresentado pela lâmpada F. A Figura 52 mostra a tensão e corrente da lâmpada L1, desta vez obtida com auxílio do analisador de energia FLUKE. É importante registrar, que devido ao fato da magnitude da corrente elétrica da lâmpada LED L1 ser muito baixa e o visor do instrumento ser pequeno, para que fosse possível a visualização com clareza das formas de onda mostradas na Figura 52, foi necessário utilizar o comando ZOOM do analisador. Desta forma, a forma de onda de corrente apresentada na Figura 52, encontra-se com uma pequena distorção comparativamente à forma real ou original. De toda maneira, é possível perceber que ambas possuem o mesmo comportamento. 82 Figura 52 - Forma de onda de tensão e corrente de L1 através do analisador de energia FLUKE. (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 4.1.3 Lâmpada LED – L2 A Figura 53 ilustra as formas de onda de tensão do sistema elétrico com a lâmpada L2 e corrente elétrica da lâmpada L2 e, a Figura 54 ilustra seu espectro harmônico. Figura 53 - Forma de onda de tensão e corrente de L2 - Experimental. (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 83 Figura 54 - Espectro harmônico de corrente de L2, correspondente à Figura 55. (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) De maneira similar às lâmpadas anteriores, constata-se uma baixa distorção na forma de onda de tensão resultando em um DTT% do sistema elétrico com a lâmpada L2 de 2,08%, um pouco acima do que apresentou a lâmpada F, porém abaixo do que apresentou a lâmpada L2. Para a distorção harmônica de corrente obteve-se um DTI% do sistema com a lâmpada L2 de 24,57%, bem inferior ao apresentado pelas lâmpadas F e L1. Pode-se ver na Figura que ilustra espectro harmônico, novamente, a influência dos harmônicos ímpares, principalmente do harmônico de 3ª ordem de 12%. A Figura 55 ilustra as formas de onda de tensão do sistema elétrico com a lâmpada L2 e corrente elétrica da lâmpada L2 obtidas com o analisador de energia FLUKE. A distorção que se observa na Figura é decorrente do motivo anteriormente explanado. 84 Figura 55 - Formas de onda de tensão do sistema com a lâmpada L2 e corrente de L2 através do analisador de energia FLUKE (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) Para fins de comparação, as Figuras 56 e 57 ilustram os oscilogramas de tensão e corrente elétrica dos ensaios experimentais realizados com as 3 lâmpadas. Observa-se, como esperado, a semelhança e a pequena distorção harmônica das formas de onda de tensão elétrica. Para as correspondentes ondas de corrente, o comportamento é diferente. Observa-se uma forte discrepância, com distorções distintas para cada uma das lâmpadas utilizadas. Destas, aquela vinculada à lâmpada fluorescente, além de encontrar-se fortemente distorcida, também apresenta um valor de pico bem mais elevado do que as lâmpadas L1 e L2. Figura 56 - Formas de onda de tensão do sistema elétrico com o acionamento de F, L1 e L2 (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 85 Figura 57 - Formas de onda de corrente de F, L1 e L2 (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) Tendo em vista que, numa unidade consumidora qualquer, pode ocorrer a utilização simultânea de duas ou mais lâmpadas, na sequencia, mostra-se as formas de onda de corrente e tensão correspondente às três lâmpadas objeto deste trabalho. Desta maneira, poder-se-ia analisar a influência das 3 lâmpadas no sistema elétrico. As Figuras 58 e 59 ilustram as formas de onda de tensão e corrente elétrica total das três lâmpadas estudadas e o espectro harmônico correspondente. Figura 58 - Formas de onda de tensão do sistema elétrico e corrente elétrica do acionamento conjunto de L1, L2 e F (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 86 Figura 59 - Espectro harmônico de corrente do acionamento de F, L1 e L2 , correspondente à Figura 58. (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) Nesta condição operativa – as três lâmpadas funcionando, resultou em uma baixa DTT%, da ordem de 2,29% e em uma DTI% de 76,04%. Observa-se também, que a forma de onda da corrente total assemelha-se mais com aquela individual que apresentou maior DTI% nas análises feitas anteriormente, ou seja, a lâmpada F. Seguindo a mesma metodologia anterior, a seguir estão mostrados os resultados obtidos com o analisador FLUKE. A Figura 60 ilustra as formas de onda de tensão e corrente elétrica para o caso anteriormente apresentado. Considerando a maior magnitude do sinal de corrente neste caso, a onda de corrente pode ser obtido com menor distorção, uma vez que não foi preciso aplicar o zoom ao aparelho. Desta forma, a onda de corrente encontra forte semelhança com aquela obtida pelo analisador MARH – 21. 87 Figura 60 - Formas de onda de tensão e corrente do acionamento de F, L1 e L2 juntas, através do analisador de energia FLUKE (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 4.2 Análises dos resultados alcançados Como o objetivo desse estudo é comparar a substituição de lâmpadas fluorescentes tubulares por lâmpadas LED tubulares, a lâmpada fluorescente tubular estudada (F), servirá de base para fins de comparação que devam ser realizadas. Coletados os dados através das medições feitas com o analisador de energia elétrica MARH – 21 foi possível plotar os gráficos das formas de onda de tensão e corrente elétrica das 3 lâmpadas bem como os respectivos espectros harmônicos de corrente elétrica. Como forma de se ilustrar melhor as influências harmônicas nos acionamentos relatados até aqui, lança-se mão dos Quadros 14 e 15, que sintetizam os valores alcançados pelos principais harmônicos encontrados, que são de ordem ímpar, para o DTT% e o DTI%, respectivamente. O Quadro 16 mostra os DTI% das 3 lâmpadas analisadas. 88 Quadro 14 - Harmônicas ímpares de tensão elétrica resultante das medições Lâmpadas Harmônicas ímpares de tensão (%) 7º 9º 11º 13º 3º 5º 15º 17º F 1,05 1,06 0,62 0,76 0,29 0,15 0,43 0,07 L1 0,74 1,67 0,79 0,83 0,35 0,46 0,49 0,37 L2 1,23 1,17 0,66 0,70 0,27 0,09 0,34 0,16 F, L1 e L3 1,36 1,18 0,60 0,53 0,45 0,39 0,16 0,31 15º 17º Quadro 15 - Harmônicas ímpares de corrente elétrica resultante das medições Lâmpadas Harmônicas ímpares de corrente (%) 7º 9º 11º 13º 3º 5º F 80,54 53,87 37,16 36,61 37,59 34,07 30,90 27,03 L1 33,25 3,34 3,49 0,73 5,79 7,29 3,33 7,09 L2 12,00 7,56 6,18 3,33 5,03 3,82 4,86 1,56 F, L1 e L3 52,36 33,66 19,20 17,01 13,42 13,33 14,45 13,84 Quadro 16 - Distorção total de corrente elétrica das lâmpadas em estudo Lâmpada DTI% F 139,40 L1 51,23 L2 24,57 As análises feitas resultaram em valores bastante positivos para as lâmpadas de LED L1 e L2 comparativamente à lâmpada F. O sistema com a lâmpada L1 resultou uma DTT% um pouco maior do que a lâmpada F, cerca de 0,95% , porém, resultou em um DTI% cerca de 88,17% menor do que a lâmpada F. Já para o sistema com a lâmpada L2 o resultado é ainda melhor comparativamente à lâmpada F e também a lâmpada L1. O sistema com a lâmpada L1 apresentou um DTT% cerca de 0,14% menor do que o resultante da lâmpada F e, um DTI% cerca de 114,83% menor do que o DTI% resultante da lâmpada F. Comparando o sistema com as lâmpadas de LED, L2 obteve um DTT% cerca de 0,81% menor do que o DTT% de L1 e um DTI% cerca de 26,66% menor do que o DTI% de L1. 89 Já no acionamento das 3 lâmpadas simultaneamente, obteve-se um DTT% do sistema elétrico de 2,29% e um DTI% de 76,04%, ou seja, alterou-se o perfil da contribuição harmônica, resultando em um DTT% e DTI% menores do que os do sistema elétrico com a lâmpada F. Isto indica que não houve contribuição para o aumento das distorções harmônicas e sim para sua diminuição. Ainda assim os valores encontrados para os DTT% da rede, de acordo com o PRODIST em seu módulo 8, se encontram abaixo dos valores de referência globais estabelecidos. Para a tensão nominal do barramento abaixo de 1 kV, situação encontrada em instalações elétricas em baixa tensão, o valor não deve ultrapassar 10% de DTT(%), como mostra o Quadro 17. Quadro 17 - Valores de referência globais das distorções harmônicas totais (%) Tensão nominal do Barramento Distorção Harmônica Total de Tensão (%) Vn ≤ 1 kV 10 1 kV < Vn ≤ 13,8 kV 8 13,8 kV < Vn ≤ 69 kv 6 69 kV < Vn ≤ 230 kV 3 (Fonte: ANEEL, 2015) O Quadro 18 compara o DTT(%) de referência segundo o PRODIST – módulo 8 e as distorções totais de tensão - DTT(%) encontrados nas medições. Quadro 18 - Comparação dos valores de referência com os valores encontrados de DTT(%) DTT(%) do sistema com a Lâmpada F 1,94 DTT(%)do sistema com a Lâmpada L1 Tensão nominal do barramento 2,89(%) 1kV Valor de referência DTT(%) 10 DTT(%)do sistema com a Lâmpada L2 2,08 DTT(%)do sistema com as 3 lâmpadas 2,29 Em relação às harmônicas individuais de tensão - DITT(%) ímpares das 3 lâmpadas acionadas individualmente e simultaneamente, também se encontram dentro 90 dos valores de referência indicados pelo PRODIST – módulo 8. O Quadro 19 mostra essas referências e compara com os valores encontrados neste estudo. Quadro 19 - Comparação entre os DITT(%) encontrados nas medições e valores de referência indicados pelo PRODIST - Módulo 8 Ordem Distorção harmônica individual de tensão (%) harmônica Vn ≤ 1 kV Valores de Sistema com a Sistema com a Sistema com a Sistema com as referência Lâmpada F Lâmpada L1 Lâmpada L2 3 lâmpadas 3 6,5 1,05 0,74 1,23 1,36 5 7,5 1,06 1,67 1,17 1,18 7 6,5 0,62 0,79 0,66 0,6 9 2 0,76 0,83 0,7 0,53 11 4,5 0,29 0,35 0,27 0,45 13 4 0,15 0,46 0,09 0,39 15 1 0,43 0,49 0,34 0,16 17 2,5 0,07 0,37 0,16 0,31 91 5 Simulação computacional Como parte dos objetivos propostos, este capítulo se destina a apresentar a modelagem matemática e computacional da lâmpada denominada L2, de maneira a possibilitar a implementação e validação de um modelo computacional para este dispositivo. A escolha pela lâmpada L2 deveu-se, além do melhor desempenho sob o ponto de vista da qualidade da energia elétrica, por tratar-se de um modelo facilmente encontrado no mercado e maior vida útil, comparativamente as demais lâmpadas consideradas neste estudo. A parte principal da modelagem recaiu sobre o módulo do driver, uma vez que esta parte do circuito é quem determina o desempenho da lâmpada em questão. Por comparação com os dados experimentais, procede-se com a validação do modelo desenvolvido, desta forma disponibilizando uma ferramenta de grande valia para o desenvolvimento de estudos com a lâmpada enfocada. 5.1 Análise do circuito de driver da lâmpada tubular LED para a modelagem matemática e validação computacional Para a realização desta etapa dos trabalhos, devido a não terem sido encontradas as fichas técnicas da lâmpada e correspondente driver, a opção adotada foi abrir a lâmpada L2 e analisar a topologia do circuito utilizado para o acionamento da mesma. A Figura 61 ilustra a parte interna da lâmpada, onde se observam os diversos componentes constituintes. Figura 61 – Circuito interno da lâmpada L2. (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 92 Visualmente constatou-se que o circuito de driver utilizado é do tipo Buck, uma vez que este circuito deve alimentar um conjunto de LEDs e os mesmos tem tensão nominal baixa, entre 1 V a 3,05 V. De maneira a evitar erros, foi medida a tensão de saída do Buck e encontrada uma tensão de 60,3 V. Dessa maneira pode-se afirmar que para lâmpadas tubulares de LED o circuito de driver utilizado é o do tipo Buck. Este circuito apresenta um circuito retificador de onda completa, um estágio de filtragem de ondulação da forma de onda de tensão de entrada, um estágio de filtro de entrada para o conversor Buck, um circuito de controle através de circuito integrado para o MOSFET do Buck, um estágio de filtro de saída do Buck e resistores para limitar a corrente nos LEDs. Os circuitos retificadores podem ser de 2 tipos dependendo do tamanho do driver que se deseja. Podem ser feitos através da composição de 4 diodos em ponte ou pode-se adquirir essa ponte feita através de uma ponte em miniatura (ver anexo). O driver encontrado tem seu chaveamento controlado através de modulação por largura de pulso, ou seja, aplicando–se um pulso positivo na base do MOSFET (Q1), Figura 45, este entra em condução. Como já explicado anteriormente este tipo de circuito conversor trabalha com um transistor e um diodo, ambos operando como chaves. A frequência de chaveamento aplicada no MOSFET é geralmente acima de 100 kHz, isso reduz os ruídos audíveis provindos desse chaveamento. Devido a esta alta frequência é utilizado um diodo denominado Schottky (Ds) neste conversor. Este diodo tem a propriedade de entrar em condução e em bloqueio muito mais rapidamente que os diodos normais, sendo assim ideal para circuitos que operam com frequências de chaveamento acima de 20 kHz (AHMED, 2000). Em anexo tem – se uma folha de especificação de um diodo Schotkky comumente utilizado neste tipo de driver. As lâmpadas encontradas no mercado são, em sua maioria, bivolts, ou seja, operam com tensões de 100 V a 240 V. Dessa maneira é necessário que se controle o tempo ligado (Ton ) do pulso do circuito integrado para que assim se estabilize a tensão de saída do Buck. Essa análise é feita através da Figura 45. Isso pode ser feito através de um transistor TJB (Q2). Quando o nível de tensão aplicado nos LEDs cai, através de r3 é enviado um sinal de corrente ao transistor Q2 que começa a conduzir e, essa condução reduz a largura do pulso do CI 555 (BABU, 2011). Essa alteração em Ton do CI altera o ciclo de trabalho “d” do Buck, o que garante uma tensão de saída constante em aproximadamente 60 V. Outros circuitos integrados podem ser utilizados neste caso. 93 O ciclo de trabalho, equação (25) de um conversor CC/CC Buck nada mais é do que a razão entre o tempo ligado do CI e a largura do pulso do mesmo: d= Ton T (25) Sendo, Ton = Tempo ligado do pulso aplicado no MOSFET do Buck; T = Período ou largura do pulso aplicada no MOSFET do Buck. Como o objetivo é disponibilizar uma tensão contínua, porém, menor do que a tensão de entrada para os LEDs, devido às ondulações provocadas pela operação do conversor Buck, se faz necessária a introdução de filtros de entradas (Le e Ce) e saída (Lo e Co) para diminuir as ondulações de tensão e corrente aplicadas nos LEDs. O arranjo de LEDs é feito através de 132 LEDs conectados em 3 grupos de 44 LEDs em série e cada grupo em paralelo entre si e com a saída do Buck, garantindo assim uma tensão aproximadamente 1,36 V por LED. Para que se assegura a corrente necessária em cada grupo de LED, são utilizados resistores em série com cada grupo de 44 LEDs. A Figura 62 ilustra esse arranjo. Figura 62 - Arranjo dos LEDs no circuito r1 CC Buck r3 r2 L1 L45 L89 L2 L46 L90 L3 L47 L91 L43 L44 L87 L131 L88 132 (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 94 Como os conversores CC/CC funcionam como transformadores em corrente contínua, para obter-se a corrente de entrada para um conversor Buck basta multiplicar a corrente de saída pelo ciclo de trabalho do Buck (AHMED, 2000). Assim tem-se por meio da equação (26): ILo = ILe × d (26) Sendo, ILo = Corrente na entrada do driver; ILe = Corrente na saída do driver. Um diagrama simplificado desse sistema é mostrado na Figura 63. Figura 63 - Diagrama simplificado do driver da lâmpada L2 Fonte Retificador de onda completa CA Buck Carga CC CA LEDs CC Circuito integrado CC Controlador de Pulsos Observa–se então, que para a parametrização do conversor Buck se faz necessário saber o ciclo de trabalho (25) do conversor. Para isso foram feitas análises em laboratório com auxílio do osciloscópio mencionado no tópico “materiais” deste trabalho. Através dessa análise laboratorial, conseguiu–se determinar a frequência de chaveamento para a lâmpada tubular LED sendo acionada em 127 V e em 220 V, bem como ambos os ciclos de trabalho para cada nível de tensão. As Figuras 64 e 65, respectivamente, ilustram os pulsos do circuito integrado em 127 V e em 220 V. 95 Figura 64 - Pulsos para acionamento da lâmpada LED em 127 volts (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) Figura 65 - Pulsos para acionamento da lâmpada LED em 220 volts (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) Tem–se então 2 ciclos diferentes de trabalho, como esperado, para cada nível de tensão aplicado a lâmpada. Vale lembrar que automaticamente o circuito integrado que gera esses pulsos se adapta ao nível de tensão de alimentação. Conforme ilustram as Figuras anteriores, a frequência de chaveamento para o 127 V foi de 150 kHz com Ton de 13,33 µs e, para 220 V foi de 250 kHz com Ton de 96 14,81 µ𝑠. Assim foram obtidos ambos os ciclos de trabalho através da equação 27, resultando em um ciclo de trabalho de 0,5 para o acionamento em 127 V e 0,27 para o acionamento em 220 V. Esses dados obtidos se tornam compatíveis com o nível de tensão medido anteriormente em 60 V na saída do Buck. Assim como aplicada a equação para encontrar o ciclo de trabalho para se determinar o valor da corrente de saída no Buck, a mesma relação pode ser utilizada para se determinar a tensão aplicada na saída do Buck (AHMED, 2000). Assim através da equação 27 pode-se chegar ao resultado desejado para a tensão: 𝑉𝑜𝑢𝑡 = 𝑉𝑖𝑛 × 𝑑 (27) Sendo, 𝑉𝑜𝑢𝑡 = Tensão de saída desejada no Buck; 𝑉𝑖𝑛 = Tensão aplicada na entrada do Buck. A partir desse ponto tem-se os dados necessários para a modelagem matemática e computacional. 5.2 Modelagem matemática do conversor Buck Tendo em vista as elevadas frequências de chaveamento dos circuitos de controle da lâmpada LED, tanto para a tensão de 127 V quanto para 220 V, o simulador ATP utilizado necessita fazer o chaveamento do transistor (MOSFET) e os cálculos necessários para esse chaveamento. Esta operação resulta em um tempo de simulação extremamente elevado, cerca de 7500 segundos, o que deixaria os trabalhos de simulação exaustivos e pouco atrativos. Dessa maneira, como forma de contornar essa questão, sem, no entanto, comprometer os resultados, optou–se por diminuir em 1/3 as frequências de chaveamento na simulação, desta forma reduzindo o tempo de simulação para cerca de 1500 segundos, tornando a simulação menos cansativa e demorada. Ainda atendendo às limitações de tempo de execução do software utilizado para as simulações, o objetivo desse tópico deverá ser calcular somente os filtros de entrada, de saída e os resistores que limitam as correntes nos conjuntos de LED. Como o ATP 97 não possui em sua biblioteca componentes de circuitos integrados, foi desenvolvido o modelo de um componente que responde da mesma forma que um circuito integrado em relação às frequências de chaveamento. Este componente é melhor abordado no tópico relacionado com a validação computacional. A Figura 66 ilustra o componente desenvolvido. Figura 66 - Componente desenvolvido para funcionar como um Circuito Integrado (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) A Figura 67 ilustra o filtro de entrada, que é composto pelo indutor Le e pelo capacitor Ce e é empregado para corrigir os efeitos de harmônicos devido à corrente pulsada da fonte que alimenta o conversor e, se houver indutância em série com a chave, no momento de sua abertura pode ser produzida uma sobretensão e destruir essa chave (MARTINS E BARBI, 2006). Segundo este mesmo autor, “nas aplicações onde o conversor Buck deve produzir uma tensão contínua de baixa ondulação, é necessário adicionar um filtro de saída passa – baixa constituído de um indutor e um capacitor”. O filtro de saída é composto pelo indutor Lo e pelo capacitor Co. Figura 67 - Filtros de entrada e saída do Buck e resistores limitadores de corrente nos LEDs Q1 IRFZ44 Le r4 Vcc Ce 1 2 3 4 1 2 3 4 555 5 6 7 8 5 6 7 8 Lo r1 r6 Ds Co C1 Q2 BC547 r5 (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) r2 r3 98 Antes de calcular os filtros de entrada e saída deve–se, primeiramente, definir qual a variação de tensão e corrente (ondulação) permitida na saída do Buck. Uma vez que se deseja corrente e tensão de saída o mais próximo possível de sinais contínuos, atribui-se o limite de 1% de ondulação para essas grandezas elétricas. Para a execução dos cálculos aqui propostos é utilizada a metodologia proposta por Martins e Barbi (2006). O cálculo do capacitor de entrada é dado pela equação (28). CE = I0 4 × f × ∆VCEmáx (28) Sendo: CE = Capacitância do filtro de entrada; ∆VCEmáx = Variação máxima de tensão permitida no capacitor de entrada; f = frequência de chaveamento; I0 = Corrente na carga. Para o cálculo do indutor de entrada tem-se a equação (29). 𝐿𝐸 = 1 𝐼0 × 2 31 𝑓 × 𝐶𝐸 × ∆𝐼𝐿𝐸𝑚á𝑥 (29) Sendo: 𝐿𝐸 = Indutância do filtro de entrada; ∆ILEmáx = Variação máxima de tensão permitida no indutor de entrada; f = frequência de chaveamento; I0 = Corrente na carga. Como se deseja uma ondulação de tensão e corrente da ordem de 1% utilizam–se as equações (30) e (31): ∆VCEmáx = 1% × Vin (30) 99 ∆ILEmáx = 1% × ILE (31) Sendo: Vin = Tensão de entrada do Buck; ILE = Corrente de entrada do Buck. Da mesma maneira procede–se com o cálculo dos componentes do filtro de saída do conversor Buck. Através da equação (32) calcula–se o indutor de saída: L0 = Vin 4 × f × ΔILomáx (32) Sendo: L0 = Indutância do filtro de saída; Vin = Tensão de entrada; ΔILomáx = Variação máxima de tensão permitida no indutor de saída f = frequência de chaveamento. A capacitância de saída pode ser calculada pela equação (33): C0 = Vin 31 × L0 × f 2 × ΔVComáx (33) Sendo: C0 = Capacitância do filtro de saída; Vin = Tensão de entrada; L0 = Indutância do filtro de saída; ΔVComáx = Variação máxima de tensão permitida no capacitor de saída; f = frequência de chaveamento. Como se deseja uma ondulação de tensão e corrente na ordem de 1% utilizam–se as equações (34) e (35): ∆VComáx = 1% × Vout (34) 100 ∆ILomáx = 1% × I0 (35) Sendo: Vout = Tensão de saída do Buck; I0 = Corrente de saída do Buck (corrente de carga). Para os cálculos dos resistores que limitam corrente nos LEDs utiliza-se a Lei de ohm na equação (36): Vout = 𝑅 × I0 (36) Aplicando os valores nas equações apresentadas de acordo com uma tensão aplicada de 127 V, obtém–se os seguintes resultados apresentados no Quadro 20: Quadro 20 - Resultados obtidos para o circuito Buck Grandezas Valores obtidos Valores comerciais (utilizados) Vin 127 V 127 V Vout 60 V 60 V ILE 120 mA 120 mA D 0,5 0,5 I0 240 mA 240 mA CE 0,472 µF 1 µF ∆VCEmáx 1,27 V 1,27 V ∆ILEmáx 1,2 mA 1,2 mA F 50 kHz 50 kHz 𝐿𝐸 2,73 mH 3,0 mH ∆ILomáx 2,4 mA 2,4 mA ∆Vcomáx 0,6 V 0,6 V C0 10,5 pF 11 pF L0 260 mH 270 mH r1 750 Ω 750 Ω r2 750 Ω 750 Ω 101 750 Ω r3 750 Ω Através dos dados obtidos no Quadro 20 parte-se agora para a simulação e validação computacional. 5.3 Implementação e validação computacional Neste ponto é mostrada a implementação do modelo da lâmpada L2 e apresentados os resultados das simulações computacionais, utilizando o simulador ATP (Alternative Transients Program). Dado o número de componentes do modelo, o modelo completo apresenta dimensões que dificultam a sua ilustração completa. Por este motivo, a alternativa encontrada foi por dividir em 7 módulos, permitindo melhor visualização dos componentes conforme Figura 68. Figura 68 – Diagrama de blocos do circuito simulado separado em módulos Fonte CA Ponte Retificadora CA/CC Módulo 1 Módulo 2 Filtros de ripple de tensão Módulo 3 Filtro de entrada do conversor CC/ CC CI para controle do chaveamento do MOSFET do circuito Diodo Schotkky + filtro de saída do Conversor CC/CC Módulo 4 Módulo 5 Módulo 6 LEDs Módulo 7 (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) Módulo 1: O módulo 1, retrata a alimentação da lâmpada, juntamente com o acoplamento do sinal enviado ao circuito integrado presente no módulo 4. Grandezas monitoradas (Ponto 1): tensão ac, corrente ac e tensão RMS. Módulo 2: O módulo 2 é composto pela ponte retificadora. Módulo 3: O módulo 3 é composto pelos Filtros (C1 e C2) de ondulação de tensão (ripple) de alta e baixa frequência da fonte retificadora. 102 Módulo 4: O módulo 4 é composto pelo filtro (Le e Ce) de entrada do conversor CC/CC Buck. Módulo 5: O módulo 5 é composto pelo circuito integrado elaborado. Grandezas monitoradas (Ponto 2): Pulsos de saída do CI. Módulo 6: O módulo 6 é composto pelo diodo schotkky e do filtro de saída (Lo e Co) do conversor CC/CC Buck. Módulo 7: O módulo 7 representa as resistências que limitam a corrente elétrica no arranjo de LEDs da Lâmpada. Grandezas monitoradas (Ponto 3): Tensão e corrente de saída do Buck. No primeiro passo da validação foi utilizado um estágio retificador CA-CC de onda completa. Para fonte CA foi utilizado o componente Ac1ph.sup e uma fonte CA com aterramento próprio. Os diodos utilizados para a ponte retificadora foram os componentes Diode.sup. Para a filtragem de ondulação do sinal CC foram utilizados 2 capacitores componentes Cap_u0.sup. Ainda na fonte de tensão CA foi colocado um medidor de RMS (TACS: DEVICE66), para que fosse possível fazer com que o circuito funcionasse tanto para 127 V quanto para 220 V, dessa maneira se retratou o mais fiel possível a lâmpada LED L2. A funcionalidade desse medidor RMS será explicada melhor quando for mostrado o conversor Buck. Os componentes TACS (Transient Analisys of Control Systems) no ATP são todos os componentes de sistemas de controle. A Figura 69 ilustra o estágio retificador do driver. 103 Figura 69 - Estágio retificador do driver (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) Para o estágio conversor CC-CC os indutores empregados em ambos os filtros de entrada e saída foram do tipo Ind_Rp.sup. Já o capacitor de entrada foi do tipo Cap_Rs.sup e o de saída Cap_u0.sup. Essa diferença se deu devido ao fato do capacitor do filtro de saída obter uma maior estabilização da tensão de saída. Para o lugar do transistor foi utilizada uma chave (sw_tacs.sup) que tem a propriedade de fechar quando aplicado um sinal de tensão ou corrente ≥ 1 na sua base e quando não houver sinal ou esse for menor do que 1 a chave comuta para o estado aberto. Em sua programação é interessante que se coloque o valor 1 no parâmetro GIFU pois, dessa maneira a chave só comuta para o estado fechado quando outro diodo presente no circuito estiver aberto e vice–versa. O ATP não possui em sua biblioteca de componentes circuitos integrados, porém disponibiliza diversos componentes básicos que dependendo do modo como usados podem suprir as eventuais faltas de componentes deste software. Para o funcionamento do CI 555 foi utilizada uma fonte comparadora (TACS: DEVICE60) que compara 2 sinais em duas de suas entradas. Dependendo da relação entre um sinal e outro, ou seja, se o sinal 1 for maior ou menor que o sinal da entrada 2, essa TACS libera um terceiro sinal na sua porta de saída vindo das suas outras 3 entradas que possue. Nessas outras 3 entradas são colocadas 2 outras fontes (TACS: PULSE_03) que geram sinais retangulares com larguras de pulso Ton e amplitudes programadas de acordo com a necessidade do circuito. Essas fontes pulsantes foram ajustadas de acordo com a frequência analisada em laboratório de acordo com os níveis de tensão 127 V e 220 V. Dessa maneira foi possível modelar uma lâmpada bivolt. Em suas entradas 104 comparadoras conectou-se o medidor RMS através de duas TACS (FORTRAN1) que tem a propriedade de localizar na simulação qualquer sinal desde que seja feita a programação dentro das mesmas. Esse medidor faz a leitura RMS do sinal da fonte CA na entrada do circuito e as TACS: FORTRAN1 captam esse sinal e o insere nas portas comparadoras da TACS DEVICE60. A fonte comparadora foi ajustada de forma que se o sinal do medidor RMS, captado pelas TACS: FORTRAN1, for menor do que 140 V, o sinal de saída da chave comparadora corresponderá aos pulsos de acordo com a frequência de chaveamento da lâmpada em 127 V. Se o sinal for maior do que 140 V o sinal de saída da chave comparadora corresponderá aos pulsos de acordo com a frequência de chaveamento da lâmpada em 220 V. Assim basta alterar-se o nível de tensão de entrada que o circuito se ajusta automaticamente à frequência de chaveamento. A Figura 70 ilustra o conversor CC-CC. Figura 70 - Conversor Buck modelado no ATP (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) Como resultado dessa simulação, obtiveram–se então as formas de onda de tensão, tensão com ZOOM e tensão RMS, ilustradas pelas Figuras 71, 72 e 73, respectivamente. 105 Figura 71 - Forma de onda de tensão de entrada simulada 200 150 Tensão (V) 100 50 0 -50 -100 -150 -200 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Tempo (s) Figura 72 - Forma de onda da tensão de entrada com "ZOOM" 200 150 Tensão (V) 100 50 0 -50 -100 -150 -200 0,170 0,175 0,180 0,185 0,190 0,195 0,200 0,205 Tempo (s) Figura 73 - Tensão RMS de entrada para 180 V 150 Tensão RMS (V) 120 90 60 30 0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Tempo (s) Os pulsos referentes ao controle do chaveamento do conversor Buck também são ilustrados de forma a validar a simulação. A Figura 74 mostra como se deu a 106 resposta do programa à frequência estabelecida e a Figura 75 mostra através de um ZOOM os pulsos e seus respectivos Ton , Toff e largura de pulso. Figura 74 - Resultado dos pulsos devido a elevada frequência de chaveamento Amplitude do Pulso (Admmensional) Figura 75 - ZOOM dos sinais pulsantes para o controle de chaveamento do transistor do Buck 1,5 1,2 0,9 0,6 0,3 0,0 51,20 51,25 51,30 51,35 51,40 51,45 51,50 Tempo (ms) Como resultado do conversor Buck tem–se, assim como o modelado matematicamente, o sinal de tensão de saída em 60 V, como mostra a Figura 76. 107 Figura 76 - Tensão de saída do conversor Buck A Figura 77 ilustra o ZOOM dado ao sinal de tensão na saída do Buck, mostrando que, assim como o calculado, a ondulação de tensão correspondeu ao modelado, ou seja, um pouco menos do que 1%. Figura 77 - Ondulação de tensão de saída do Buck 59,9 59,8 Tensão (V) 59,7 59,6 59,5 59,4 59,3 59,2 0,1973 0,1974 0,1975 0,1977 0,1978 0,1979 0,1980 Tempo (s) A Figura 78 mostra o sinal de corrente na saída do Buck, que assim como o modelado matematicamente resultou em 240 mA e, a Figura 79 mostra o ZOOM dado na Figura 78 ilustrando que a simulação também correspondeu a modelagem matemática da limitação da ondulação de corrente em 1%. 108 Figura 78 - Corrente de saída do conversor Buck Figura 79 - Ondulação da corrente de saída do conversor Buck 0,2400 Corrente Elétrica (A) 0,2395 0,2390 0,2385 0,2380 0,2375 0,2370 0,182 0,182 0,182 0,182 0,182 0,182 0,182 Tempo (s) E finalmente, obtiveram–se os gráficos de corrente elétrica da entrada do circuito, antes da retificação, e também seu espectro harmônico, correspondendo às formas de onda plotadas de acordo com os dados obtidos nas medições de qualidade da energia elétrica em laboratório. A Figura 80 ilustra a forma de onda de corrente elétrica da entrada do circuito, resultante da simulação, a Figura 81 ilustra um ZOOM dado nesse gráfico, e a Figura 83 a sobreposição entre corrente e tensão elétrica de entrada da lâmpada L2 simulada, que mostra um comportamento muito semelhante ao gráfico da Figura 53. 109 Figura 80 - Forma de onda de corrente elétrica da entrada do circuito 0,3 Corrente Elétrica (A) 0,2 0,1 0,0 -0,1 -0,2 -0,3 -0,4 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Tempo (s) Figura 81 - ZOOM do gráfico da Figura 82 0,20 Corrente Elétrica (A) 0,15 0,10 0,05 0,00 -0,05 -0,10 -0,15 -0,20 0,100 0,105 0,110 0,115 0,120 0,125 0,130 0,135 Tempo (s) Figura 82 - Tensão e corrente elétrica - simulado 200 Corrente Elétrica Tensão 0,20 Heading 100 0,10 50 0,05 0 0,00 -50 -0,05 -100 -0,10 -150 -0,15 Tensão (V) 0,15 0,15 -200 0,170 0,175 0,180 0,185 0,190 Tempo (s) 0,195 0,200 -0,20 0,205 Corrente Elétrica (A) 150 110 A Figura 83 ilustra o espectro harmônico de corrente elétrica de entrada resultante da simulação que também se mostra similar ao encontrado de acordo com os dados obtidos em medição e ilustrados pela Figura 54. Figura 83 - Espectro harmônico de corrente elétrica de entrada resultante da simulação 100 Corrente Elétrica (%) 90 80 70 60 50 40 30 3 20 10 0,0 1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 Ordem harmônica 5.4 Resultados parciais Neste capítulo foi apresentada a modelagem matemática do conversor CC–CC Buck, assim como os diversos elementos componentes. Posteriormente, por comparação com os resultados experimentais, é realizada a validação computacional com os valores obtidos na modelagem matemática. Pelos resultados alcançados, tanto na modelagem matemática quanto computacional, que se mostraram bastante próximas, permitiram a validação do modelo implementado. Para a validação, foram comparadas as amplitudes e a forma de onda de corrente elétrica de entrada do circuito tanto na parte CA, como na CC, no caso, em partes distintas dos componentes inseridos no circuito de driver da lâmpada L2. No que tange a validação da parte matemática, a resposta do circuito simulado também se encontra dentro dos limites estabelecidos de ondulação de tensão e corrente conforme ilustraram as Figuras inseridas nesta dissertação. Complementando essa validação tem-se também o espectro harmônico decomposto em transformada de Fourier da corrente elétrica de entrada do circuito, que 111 se comporta de maneira muito semelhante com o espectro harmônico resultante da análise laboratorial feita através de analisador de energia. 112 6 Estudos luminotécnicos e de viabilidade econômica Nesta seção são analisados o desempenho lumínico das lâmpadas em estudo através de suas iluminâncias médias e a viabilidade financeira substituição de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de LED. 6.1 Verificação da iluminância média Como mais um aspecto levado em consideração para avaliar a atratividade da substituição das lâmpadas LED pelas lâmpadas fluorescentes tubulares, foram conduzidos estudos luminotécnicos com a finalidade de verificar o desempenho de cada lâmpada utilizada. Para a condução dos estudos luminotécnicos foi utilizada a norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR 5382 – Verificação de Iluminância de interiores. Foi utilizada uma sala relativamente pequena, de aproximadamente 8,9 m², identificada como “almoxarifado do laboratório de eletrotécnica”, do curso de engenharia elétrica da Universidade Federal de Mato Grosso. Nesta sala foram fixadas as 3 lâmpadas em estudo, uma por vez, em um mesmo ponto centralizado no ambiente. As Figuras 84 a), b) e c) mostram, respectivamente, a sala utilizada, uma das lâmpadas ligadas para medição e o luxímetro utilizado coletando os dados de iluminância em um dos pontos determinados conforme a norma. Figura 84 - a) Sala utilizada. b) Lâmpada ligada para medição. c) Luxímetro coletando dados a) b) c) (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) 113 Para uma melhor visualização do espaço e condições utilizadas nas medições luminoténicas, a Figura 85 ilustra a planta baixa do ambiente em questão. Nesta mesma Figura, o ponto central indica o local de fixação das lâmpadas, conforme dito, uma por vez. Figura 85 – Planta baixa do ambiente onde foram feitas as análises luminotécnicas P2 P4 2,27 metros P3 P1 3,90 metros (Fonte: ACERVO PRÓPRIO) Com o auxílio do luxímetro foram feitas as medições das iluminâncias nos 4 pontos sugeridos pela norma, P1, P2, P3 e P4. O Quadro 21 mostra consolida os valores medidos para as três lâmpadas consideradas. Quadro 21 - Quadro de iluminâncias medidas Iluminâncias (lux) Pontos L1 L2 F 50 50 61 P2 52 52 65 P3 51 50 59 P4 51 51 61 P1 114 Com o uso da equação (37), também de acordo com a norma mencionada, determinou-se o resultado da iluminância média de cada lâmpada, que se encontram apresentadas no Quadro 22. Iluminância média = P1 + P2 + P3 + P4 4 (37) Quadro 22 - Iluminância média calculada Iluminância média (lux) L1 L2 F 51 50,75 61,5 6.1.2 Resultados obtidos sob a ótica lumínica De maneira a oferecer dados que permitam efetuar a avaliação sobre o desempenho das lâmpadas estudadas, sob a ótica do desempenho lumínico, apresentase, no Quadro 23, os dados de cada uma das lâmpadas focadas neste estudo. Quadro 23 - Características elétricas e lumínicas das Lâmpadas analisadas Lâmpadas Tensão (V) Corrente (mA) Potência (W) Iluminância média (Lux) Temperatura de cor (Kelvin) Fluxo luminoso (Lúmens) Eficiência Luminosa (Lúmens/W) F 127 157 20 61,5 3000 1350 67,5 L1 127/220 120 10 51 4000 820 82 L2 127/220 120 10 50,75 4000 825 82,5 Os resultados alcançados evidenciam que a iluminância média resultante da lâmpada fluorescente tubular F foi maior, comparada às lâmpadas tubulares de LED L1 e L2. Através do Quadro 23 observa-se que apesar da eficiência luminosa da lâmpada F ser a menor, quando se trata da intensidade de iluminação, a lâmpada F apresentou um melhor desempenho, o que se traduz numa perda de iluminação quando da substituição da lâmpada F pelas lâmpadas L1 e L2. O iluminamento médio da lâmpada florescente apresenta-se superior em torno de 21%. Apesar disto, considerando outras características, como maior vida útil, 115 aspectos ambientais, dentre outros, quiçá, o menor desempenho não seja determinante para a definição da viabilidade da utilização ou não de uma ou outra lâmpada. . 6.2 Eficiência elétrica considerando as novas bandeiras tarifárias a serem aplicadas no Brasil em 2015 Neste capítulo são feitos os cálculos e considerações da viabilidade econômica e relação custo benefício da substituição de lâmpadas tubulares fluorescentes acionadas com reatores eletrônicos por lâmpadas tubulares de LED considerando a aplicação do novo sistema de cobrança da tarifa de energia elétrica no Brasil denominado bandeias tarifárias. 6.2.1 Estudo de relação da viabilidade econômica financeira da substituição de lâmpadas fluorescentes tubulares por lâmpadas tubulares LED Este estudo visa analisar a relação custo benefício na substituição de lâmpadas tubulares fluorescentes por lâmpadas tubulares LED. Desta forma, pretende-se buscar mais eficiência elétrica no sistema. Os métodos de cálculos utilizados aqui encontram – se no “Manual para a Elaboração do Programa de Eficiência Energética” e no “Procedimentos do Programa de Eficiência Energética – PROPEE, Módulo 7 – Viabilidade econômica”, ambos da ANEEL. Para que o exposto acima aconteça, foi feita uma simulação da substituição de 500 conjuntos de lâmpadas + reatores (eletrônicos) por 500 lâmpadas tubulares LED. A Tabela 2 mostra algumas informações necessárias para os cálculos: Tabela 2- Custo individual da lâmpada Lâmpada Tubular LED Custos indiretos de substituição de cada lâmpada Preço R$ 146,00 R$ 20,00 116 Apesar de se poderem utilizar as mesmas luminárias de lâmpadas tubulares fluorescentes para a troca por lâmpadas tubulares LED, vale ressaltar que as lâmpadas tubulares LED não possuem reatores para seu funcionamento e o arranjo feito para sua alimentação, diretamente com a rede elétrica, depende da especificação dos respectivos fabricantes. Dessa maneira os custos indiretos dessas substituições acabam se tornando um pouco mais onerosos, o que justifica os R$ 20,00 apresentados. Para a avaliação do custo benefício podem-se ser utilizados o “Plano de Monitoração e Verificação”. Todavia, neste trabalho, tratando-se de caráter exploratório, utiliza-se apenas o “Plano de Verificação". Para realizar os cálculos do plano de verificação, foram utilizados os valores de demanda das lâmpadas medidas de forma experimental em laboratório. Apesar de a ANEEL recomendar a medição no local em vários pontos de substituição. As lâmpadas LED têm vida útil de 50.000h. Será considerado um período de funcionamento diário de 10h por dia, ou seja, as lâmpadas permanecerão acessas durante este período. A partir de (38) é possível calcular a vida útil em anos destas lâmpadas. Vida útil em anos = Vida útil das lâmpadas (h) Tempo de utilizaçao da lãmpada (38) (h) (ano) Para obter os valores do custo benefício, é necessário efetuar os cálculos comparativos da redução de demanda de ponta e eficiência elétrica entre os conjuntos existentes na instalação (tubulares fluorescentes) e as lâmpadas a serem instaladas, no caso as tubulares LED. Os cálculos da “Redução de Demanda da Ponta - RDP” e “Eficiência Energética - EE” são realizados separadamente para cada tipo de lâmpada, através das equações (39) e (40). RDP = [(NL1 × PL1 ) − (NL2 × PL2 )] × FCP × 103 (39) EE = [(NL1 × PL1 + NR1 × PR1 ) − (NL2 × PL2 + NR 2 × PR 2 )] × 𝑡 × 106 (40) Sendo: NL1 – Quantidade de lâmpadas existentes no sistema; 117 NL2 – Quantidade de lâmpadas no sistema proposto; PL1 – Potência de lâmpadas existentes do sistema (W); PL2 – Potência de lâmpadas do sistema proposto (W); NR1 – Número dos reatores da lâmpada do sistema existente; PR1 – Potência dos reatores das lâmpadas existentes; NR1 – Número de reatores das lâmpadas existentes no sistema; PR2 – Potência dos reatores das lâmpadas do sistema proposto; NR2 – Número de reatores das lâmpadas do sistema proposto. t – Tempo de utilização em horas (no caso será de 3650h); FCP – Fator de coincidência na Ponta (no caso será de 1); Para o cálculo da relação do custo benefício - RCB utiliza-se a equação (41). RCB = Custo anualizado total Benefício anualizado (41) O próximo passo é calcular o fator de recuperação de capital do valor investido nas lâmpadas a serem colocadas no sistema, levando em consideração a vida útil dessas lâmpadas e a taxa de juros mensal que incide sobre estes valores. O fator de recuperação de capital é calculado por meio da equação (42). FRC = i × (1 + i)n (1 + i)n − 1 (42) Sendo: i = taxa de juros (no caso será de 8%) n = vida útil Com auxílio da equação (43) é possível determinar o custo dos equipamentos a serem instalados. CPE = CEequipam + Cindiretos (43) O Custo Anualizado, que corresponde ao valor investido com a troca das lâmpadas em cima da vida útil desta, é calculado utilizando a equação (44). 118 CA = CPE × FRC (44) O benefício é calculado a partir dos custos evitados, utilizando os valores de RDP e EE. Os custos evitados de demanda (RDP) e custos evitados de energia elétrica (CEE), podem ser determinados a partir das equações (45), (46), (47) e (48), considerando as tarifas de cada bandeira através das Tabelas 3, 4 e 5. CED = (12 × C1 ) + (12 × C2 × LP)(R$/kW. ano) (45) (Cp × LEp ) + (Cfp + LEp ) LEp + LEfp (46) LEp = (47) LEfp (7 × LE1 ) + (5 × LE2 ) 12 (7 × LE3 ) + (5 × LE4 ) = 12 (748) CEE = Sendo: C1 - custo unitário da demanda no horário de ponta [R$/kW.mês]; C2 - custo unitário da demanda fora do horário de ponta [R$/kW.mês]; Cp - custo unitário da energia no horário de ponta [R$/MWh]; Cfp- custo unitário da energia fora do horário de ponta [R$/MWh]; LEfp - Constante de perda de demanda no posto na ponta; LEp - Constante de perda de energia no posto de ponta considerando 1 kW de perda de demanda no horário de ponta; LE1 - Constante de perda de energia no posto de ponta de períodos secos considerando 1 kW de perda de demanda no horário de ponta; LE2 - Constante de perda de energia no posto de ponta de períodos úmidos considerando 1 kW de perda de demanda no horário de ponta; LE3 - Constante de perda de energia no posto fora de ponta de períodos secos considerando 1 kW de perda de demanda no horário fora de ponta; LE4 - Constante de perda de energia no posto fora de ponta de períodos úmidos considerando 1 kW de perda de demanda no horário fora de ponta. 119 Tabela 3 - Valores de C utilizados conforme a Tabela para bandeira verde Custo unitário C1 C2 Cp Cfp Preço por custo unitário 30,35 R$/kW.mês 9,83 R$/kW.mês 303,18 R$/MWh.mês 192,11 R$/MW.mês Tabela 4 - Valores de C utilizados conforme a Tabela para bandeira amarela Custo unitário C1 C2 Cp Cfp Preço por custo unitário 30,35 R$/kW.mês 9,83 R$/kW.mês 318,18 R$/MWh.mês 207,11 R$/MW.mês Tabela 5 - Valores de c utilizados conforme a Tabela para bandeira vermelha Custo unitário C1 C2 Cp Cfp Preço por custo unitário 30,35 R$/kW.mês 9,83 R$/kW.mês 333,18 R$/MWh.mês 222,11 R$/MW.mês Para determinar os valores dos L, deve-se calcular o fator de carga médio do ultimo ano, com os valores da Tabela 6 e a partir da equação (49) e aplicar na Tabela 7 e 8 para K=0,15. FC = Consumo Energético (kWh) 730h × Demanda coincidente (kW) Tabela 6 - Valores do consumo de energia e demanda coincidente e fator de carga Meses do ano Jan/12 Fev/12 Mar/12 Abr/12 Mai/12 Jun/12 Jul/12 Ago/12 Set/12 Out/12 Nov/12 Dez/12 Total Média Consumo Dem. Coincid. Energia (kW) (kWh) 510.888.171 1.100.949,80 508.174.925 1.089.849,73 515.522.470 1.120.470,24 520.672.891 1.148.192,11 523.344.576 1.150.286,30 509.606.528 1.089.412,77 507.276.400 1.070.935,99 530.647.862 1.200.789,06 535.366.345 1.250.836,26 545.173.758 1.400.255,35 543.363.758 1.350.855,55 540.521.608 1.320.089,75 6.290.559.382 13.003.932 (Fonte: CEMAT, 2012) FC 0,64 0,64 0,63 0,62 0,62 0,64 0,65 0,61 0,59 0,53 0,55 0,56 0,61 (49) 120 Tabela 7 - Valores de LP, LEs para k = 0,15 Fator de carga 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,75 0,8 0,85 0,9 LP LE1 0,1444 0,23139 0,1681 0,24102 0,1936 0,25119 0,2209 0,2619 0,25 0,27315 0,2809 0,28494 0,3136 0,29727 0,3481 0,31014 0,3844 0,32355 0,4225 0,3375 0,4624 0,35199 0,5041 0,3695 0,5476 0,38516 0,5929 0,40316 0,64 0,4181 0,6889 0,43538 0,7396 0,4532 (Fonte: ANEEL, 2008a) LE2 0,16197 0,16871 0,17583 0,18333 0,19121 0,19946 0,20809 0,2171 0,22649 0,23625 0,24639 0,25865 0,26961 0,28095 0,29267 0,30476 0,31724 Tabela 8 - Continuação Tabela 7 Fator de LE3 LE4 carga 0,1 -0,1099 -0,0776 0,15 -0,02643 -0,01867 0,2 0,07832 0,0553 0,25 0,20435 0,1443 0,3 0,35166 0,24832 0,35 0,52026 0,36738 0,4 0,71014 0,50146 0,45 0,9213 0,65057 0,5 1,15375 0,81472 0,55 1,40748 0,99389 0,6 1,68249 1,18808 0,65 1,97632 1,39557 0,7 2,29381 1,61977 0,75 2,63258 1,85899 0,8 2,99264 2,11324 0,85 3,37398 2,38252 0,9 3,7766 2,66683 (Fonte: ANEEL, 2008a) Como resultado tem-se a Tabela 9 que mostra os valores de L’s resultantes. Tabela 9 - Valores dos “L’s” baseado na Tabela de fator de carga e k = 0,15 Constantes de perda de Valores demanda e de energia LP 0,5041 LE1 0,3695 LE2 0,25865 LE3 1,97632 LE4 1,39557 (Fonte: ANEEL, 2008a) 121 O valor do benefício anualizado relaciona os valores de EE e RDP com os custos evitados. Para isso deve-se pautar na equação (50). 𝐵 = (𝐸𝐸 × 𝐶𝐸𝐸) + (𝑅𝐷𝑃 × 𝐶𝐸𝐷) (50) A relação custo benefício (RCB) indica quanto os custos correspondem em relação aos benefícios gerados pela eficientização de cada uso final (iluminação, motriz, ar-condicionado, ar comprimido, etc.). O cálculo da RCB global do projeto deverá ser efetuado por meio da média ponderada das RCBs individuais. Os pesos são definidos pela participação percentual de cada uso final na energia economizada. Na avaliação de projetos, quanto menor o valor do RCB – desde que inferior a 0,8 – mais atrativo será o investimento. Para a análise dos resultados somente os valores do custo evitado de energia elétrica, benefício anualizado e relação custo benefício é que vão se alterar, uma vez que somente nesses cálculos se inserem os valores das tarifas correspondentes às bandeiras. 6.2.2 Resultados parciais Neste estudo foram analisadas as características principais para avaliar a eficiência elétrica na substituição de um conjunto de lâmpadas fluorescentes tubulares e lâmpadas tubulares LED. Constatou-se, por meio dos valores de viabilidade econômica obtidos para um consumidor de grande porte, a não atratividade na perspectiva da relação custo benefício, resultando em valores de RCB maiores que 1 (2,14 para bandeira verde, 2,04 para bandeira amarela e 1,96 para bandeira vermelha) para a troca proposta. Existem então três valores diferentes para a RCB devidos aos preços diferenciados das tarifas de cada bandeira. Em nosso caso a menor RCB foi encontrada para a tarifa da bandeira vermelha, que seria a maior tarifa a ser cobrada do consumidor e, como o objetivo da aplicação das bandeiras diferenciadas é principalmente a redução do consumo de energia elétrica, uma tarifa mais cara nos cálculos apresentados resulta em uma RCB mais atrativa. Portanto para os estudos feitos em eficiência energética de acordo com o manual da ANEEL devem-se utilizar sempre os valores de tarifa da bandeira verde, que se traduz no pior caso para a RCB. O Quadro 24 resume os parâmetros calculados. 122 Quadro 24 - Resultados Parâmetros Calculados Vida útil da Lâmpada LED Resultados 12,32 anos Redução na demanda de ponta (RDP) Eficiência Energética (EE) 4 kW 14,6 MWh/ano Fator de Recuperação de Capital (FRC) 0,12 Custo dos Equipamentos (CPE) R$ 83.000,00 Custo Anualizado (CA) R$ 10.191,08 Custo Evitado de Demanda (CED) Bandeira Verde Custo Evitado de Energia Elétrica (CEE) Benefício Anualizado (B) 423,66 R$/kW.ano Resultados 209,56 R$/MWh.ano R$ 4.754.56 Relação Custo Benefício (RCB) Bandeira Amarela Custo Evitado de Energia Elétrica (CEE) Benefício Anualizado (B) 2,14 Resultados 224,56 R$/MWh.ano R$ 4.973,26 Relação Custo Benefício (RCB) Bandeira Vermelha Custo Evitado de Energia Elétrica (CEE) Benefício Anualizado (B) Relação Custo Benefício (RCB) 2,04 Resultados 239,56 R$/MWh.ano R$ 5.192,26 1,96 Ressalta-se que de acordo com as recomendações, estes valores, para serem atrativos, devem apresentar uma relação custo benefício inferior a 0,8. Com esses resultados, de acordo com o manual para a elaboração do programa de eficiência energética da ANEEL, conclui-se que o alto custo do investimento efetuado na aquisição das lâmpadas tubulares de LED não é interessante para substituição de lâmpadas fluorescentes com reator eletrônico. A diminuição do preço das lâmpadas tubulares LED e o avanço de pesquisas para o aumento de sua vida útil podem vir a tornar este investimento atrativo no futuro. Todavia, para uma análise mais conclusiva, deverão ser considerados outros aspectos, tais, como os custos ambientais, reprodução de cores, controlabilidade, dentre outros. 123 7 Considerações finais Este trabalho teve como objetivo fazer a avaliação entre dois tipos de lâmpadas tubulares que utilizam tecnologias diferentes para o seu funcionamento: A lâmpada tubular fluorescente T8, um exemplar, e a lâmpada tubular de LED T8, dois exemplares, de fabricantes distintos. Paralelamente aos estudos comparativos, foi desenvolvido um modelo para uma das lâmpadas LED estudadas, cuja escolha recaiu sobre aquela que apresentava melhor desempenho sob o ponto de vista da qualidade da energia. Quanto às conclusões finais obtidas com o estudo, tem-se: a) Avaliação sob os aspectos elétricos e de consumo Como primeiro aspecto, deve-se ressaltar a inter-cambiabilidade das lâmpadas, fato que além de reduzir custos com materiais, reduz tempo e recursos na substituição, pois pode-se utilizar as mesmas luminárias para os dois tipos de lâmpadas. As lâmpadas tubulares de LED como esperado apresentaram um consumo de energia elétrica inferior, uma vez que as potências nominais são menores do que a fluorescente. Do ponto de vista da qualidade da energia elétrica, ambas lâmpadas tubulares de LED, identificadas pelas siglas L1 e L2, apresentaram um melhor desempenho quando comparadas à lâmpada tubular fluorescente identificada no trabalho pela letra F. Os índices de distorção harmônica de tensão e corrente elétrica do sistema foram menores do que aqueles gerados pela lâmpada fluorescente. b) Avaliação luminotécnica Os resultados das medições do iluminamento do espaço escolhido para tal finalidade, em conformidade com a NBR 5483, evidenciaram um desempenho 21% menor das lâmpadas tubulares de LED, comparativamente à lâmpada fluorescente tubular. Apesar desta constatação, não se pode deixar de mencionar que a fluorescente avaliada tem o dobro da potência nominal das lâmpadas LED. Além disso uma expectativa de vida das LED é muitas vezes superior à fluorescente. 124 c) Avaliação do modelo matemático e computacional desenvolvido O modelo matemático e computacional da lâmpada LED denominada de L2, após sua implementação computacional no simulador ATP, foi validada pela comparação com dados obtidos experimentalmente. De acordo com a lâmpada física, que tem a característica de ser bivolt, o modelo desenvolvido também apresenta esta particularidade. Este fato exigiu que componentes internos também fossem modelados, sendo que os resultados alcançados foram satisfatórios. Outro ponto de destaque foi a identificação e modelagem do circuito de acionamento ou driver da lâmpada tubular de LED. Este componente, não existindo na biblioteca do ATP, foi necessária a sua modelagem. Utilizando-se, para tanto, componentes básicos do ATP foi possível construir o componente necessário e devidos ajustes. O desempenho do modelo completo, comparativamente aos dados experimentais, conforme evidenciado pelos sinais de tensão, corrente e espectro harmônico em pontos monitorados da lâmpada, tanto CA como CC, mostraram-se muito próximos, sendo, portanto, satisfatórios. O modelo, desta forma, se constitui em uma ferramenta muito útil para previsões sobre os efeitos desse tipo de carga não linear em sistemas elétricos através de simulação computacional. d) Avaliação da relação Custo - Benefício De acordo com o método proposto pela ANEEL foi feita a análise da relação custo benefício da substituição de uma considerável quantidade de lâmpadas tubulares fluorescente por tubulares de LED. Esta análise levou em consideração o consumo de energia elétrica, de uma maneira geral, de ambas as lâmpadas, os valores inseridos para esta substituição e levou em consideração o sistema tarifário, que deve entrar em vigor a partir de 2015 no Brasil. Como resultado, de acordo com o método utilizado, obteve-se observando somente a substituição proposta, que esta não se mostrou atrativa do ponto de vista financeiro, devido ao alto custo para a aquisição das lâmpadas tubulares de LED. Nos cálculos realizados, não foram levadas em consideração outras questões, ou externalidades, que podem vir a suplantar a questão meramente financeira. Este ponto de vista, no entanto, foge ao escopo deste trabalho e entende-se, poderá ser abordado em 125 outros trabalhos, principalmente se considerado a crescente preocupação com a sustentabilidade do planeta. Devido ao apelo ambiental, a iluminação a LED poderá ser a predominante no mundo, a exemplo do que já se observa em grandes cidades do Brasil e do mundo. 7.1 Sugestões para trabalhos futuros Um ponto importante e que não foi objeto deste estudo é o fator de potências com que o conjunto das lâmpadas estudadas operam. Sugere-se primeiramente a análise desses fatores de potências com que operam os conjuntos das lâmpadas de LED e a análise do fluxo de reativo desta operação. Para lâmpadas com altas distorções nas formas de onda de tensão e corrente elétricas sugere-se o estudo da implementação de filtros harmônicos para essas lâmpadas e a adaptação dos circuitos de drivers a estes filtros. Como opção, pode-se também implementar computacionalmente as lâmpadas tubulares de LED em softwares que respondam melhor com as altas frequências de chaveamento de chaves comutadoras. Estudar os efeitos das variações de tensão de curta duração no funcionamento e vida útil das lâmpadas de LED. Avaliar os efeitos luminotécnicos do uso contínuo de lâmpadas tubulares LED no que diz respeito à variação do fluxo luminoso das mesmas. Estudar, avaliar e propor circuitos de drivers mais simples que consequentemente possibilitem a redução no valor comercial de lâmpadas tubulares LED. 126 Referências ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Verificação de iluminância de interiores. NBR 5382. Rio de Janeiro, 4 pags, 1985. Ahmed, A.. Eletrônica de potência. 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Projeto e implementação de lâmpadas para iluminação de interiores empregando diodos emissores de luz (LEDs). 2008. 130 f. Dissertação (Mestrado em engenharia elétrica) - Universidade Federal de Santa Maria – RS. Qin, Y.; Lin, D.; Hui, S. Y. (Ron). A Simple Method for Comparative Study on the Thermal performance of LEDs and Fluorescent Lamps. IEEE Transactions on Power Electronics, vol. 24, no. 7. Jul. 2009. Rashid, M. H. Eletrônica de Potência – Circuitos, dispositivos e aplicações. MAKRON Books do Brasil Editora Ltda., São Paulo, trad., 817 pags. 1999. Reis, A; Rosentino, J. P. A; Caixeta, D.; Santilio, F. P.; Cunha, G. H. B.; Gondim, I. N.; Barbosa, J. A. F.; Rezende, P. H. O.; Silva, T. V.; Curso de ATPDraw. Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Engenharia Elétrica. Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica. Núcleo de Qualidade da Energia Elétrica e Dinâmica dos Sistemas. 230 págs. Mar. 2012. Rodrigues, C. R. B. S. Reator eletrônico ressonante orientado ao teste dimerizado de lâmpadas de vapor de mercúrio e vapor de sódio em alta pressão. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica)-Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009. 131 f. Sales, R. P. LED, o novo paradigma da Iluminação Pública. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia - PRODETEC), do Instituto de 130 Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC), e Instituto de Engenharia do Paraná (IEP). 2011. Curitiba. 117p. Sinnadurai, R.; Khan, M. K. A. A.; Azri, M.; Vikneswaran. Development of White LED Down Light for Indoor Lighting. IEEE Conference on Sustainable Utilization and Denvelopment in Engineering Technology. pp. 242 – 247. Out. 2012. TianFu, P.; HuangJen, C.; ShihJen, C.; ShihYen, C.. An improved single-stage flyback PFC converter for high-luminance lighting led lamps. IEEE The Eighth International Conference on Electronic Measurement and Instruments, pp. 212 – 215. 2007. Uddin, S.; Shareef, H.; Mohamed, A.; Hannan, M. A; Mohamed, K.. LEDs as Energy Efficient Lighting Systems: A Detail Review . IEEE Student Conference on Research and Development, 2011. Vasconcellos, A. B. de; Carvalho, M. S. C. de; Coimbra, A. M.; Carvalho, J. R. de; Monteiro, R. V. A.; Malheiro, T. I. R. C. Analysis of Tuned Filters for Mitigation of Harmonic Current Distortion of Air Conditioning Systems to Inverter. IEEE. ICHQP International Conference on Harmonics and Quality Power. Maio. 2014. YU, L.; YANG, J.. The Topologies of White LED Lamps' Power Drivers. IEEE. 3rd International Conference on Power Electronics Systems and Applications. 2009. 131 APÊNDICE A – PUBLICAÇÕES RELATIVAS AO TEMA DA DISSERTAÇÃO ARTIGOS PUBLICADOS EM PERIÓDICOS (1) MONTEIRO, R. V. A.; FONSECA, A. L. A.; CARVALHO, B. C.; VASCONCELLOS. A. B.; ASCURRA R. E.. Lâmpadas Tubulares LED e Tubulares Fluorescentes: Qualidade da Energia Elétrica. Revista Lumière (Impresso), v. 181, p. 88-93, 2013. (2) MONTEIRO, R. V. A.; CARVALHO, B. C.; FONSECA, A. L. A.; VASCONCELLOS. A. B.; MALHEIRO, T. I. R. C.. Estudo de Eficiência Elétrica em Lâmpadas Tubulares LED e Fluorescentes Tubulares. Revista Lumière (Impresso), v. 187, p. 100-107, 2013. (3) MONTEIRO, R. V. A.; CARVALHO, B. C.; VASCONCELLOS. A. B.; FONSECA, A. L. A.. Fluorescentes Versus LED: A relação Custo Benefício da Substituição de Lâmpadas Tubulares Fluorescentes Acionadas com Reatores Eletrônicos por Lâmpadas Tubulares LED, Considerando os Valores das Tarifas das Novas Bandeiras Tarifárias a Serem Aplicadas em 2015 no Brasil. O Setor Elétrico (Impresso), v. 9, p. 104-112, 2014. ARTIGOS PUBLICADOS EM EVENTOS INTERNACIONAIS (4) MONTEIRO, R. V. A.; FONSECA, A. L. A.; CARVALHO, B. C.; VASCONCELLOS. A. B.; MALHEIRO, T. I. R. C.. Led Tubular Lamps and Tubular Fluorescent: Power Quality. 2014 16th International Conference on Harmonics and Quality of Power (ICHQP), 2014, Bucareste. ARTIGOS PUBLICADOS EM EVENTOS NACIONAIS E REGIONAIS (5) MONTEIRO, R. V. A.; FONSECA, A. L. A.; CARVALHO, B. C.; VASCONCELLOS. A. B.; ASCURRA R. E.. Lâmpadas Tubulares LED e 132 Tubulares Fluorescentes: Qualidade da Energia Elétrica. X Conferência Brasileira de Qualidade da Energia Elétrica, 2013, Araxá - MG. (6) MONTEIRO, R. V. A.; FONSECA, A. L. A.; CARVALHO, B. C.; VASCONCELLOS. A. B.. Estudo de Eficiência Elétrica em Lâmpadas Tubulares LED e Fluorescentes Tubulares para Residências. 5º Seminário Mato - Grossense de Habitação de Interesse Social, 2013, Cuiabá. (7) MONTEIRO, R. V. A.; CARVALHO, B. C.. Lâmpadas Tubulares LED X Lâmpadas Tubulares Fluorescentes Utilizadas em Iluminação de Interiores: Estudo de Viabilidade de Substituição Considerando Qualidade da Energia e Eficiência Elétrica. V Mostra de Pós Graduação - Universidade Federal de Mato Grosso, 2013, Cuiabá. (8) MONTEIRO, R. V. A.; FONSECA, A. L. A. ; CARVALHO, B. C. . Drivers de Lâmpadas de LED: Topologias, Aplicações e Desempenho. 2º Encontro em Engenharia de Edificações e Ambiental - EEEA, 2014, Cuiabá. 133 ANEXOS 134 135