146 E A SAÚDE DO HOMEM, COMO VAI? Camila S. T. da Cunha1 Pedro H. de C. Schluga1 Priscila Granemann1 Thayzi A. C. de Souza1 Ursula Virginia Coelho2 Leide da Conceição Sanches3 RESUMO Os altos índices de mortalidade da população masculina relacionada com câncer de esôfago, estômago e pulmão, refletem a falta de cuidado dos homens com sua saúde. O objetivo do artigo é buscar elementos que alertem a população para a desatenção tanto dos homens quanto do Sistema Único de Saúde – SUS. Foram analisadas taxas de mortalidade decorrentes do câncer de pulmão, esôfago e estômago divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer – INCA no período de 1990 a 2008, em que demonstra a alta divergência nos índices de óbito do homem comparando-o com o da mulher no Paraná. Os homens são mais suscetíveis em adquirirem doenças do que as mulheres. Devido ao número de mortes causadas pelo câncer na população masculina nos últimos anos, ficou clara a necessidade de continuar investindo em ações de combate e controle das neoplasias malignas. Porém, o sistema de saúde culpa a própria população masculina pelo fracasso no tratamento, ignorando que o problema é histórico. Apenas em agosto de 2009, o Ministério da Saúde institui no âmbito do SUS, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Palavras-chave: Saúde do Homem. Câncer. Mortalidade. INTRODUÇÃO Este estudo apresenta o tema ‘E a saúde do homem, como vai?’, com o intuito de buscar elementos que alertem a população para a desatenção dos homens aos sintomas do câncer de estômago, esôfago, traquéia, brônquios e pulmão, que reflete de maneira significante nos índices de mortalidade. De acordo com a Constituição de 1948 da OMS – Organização Mundial da Saúde, saúde não é apenas a ausência de doença ou enfermidade, mas um estado de completo bem estar físico, mental e social. 1 Acadêmicos do 5º período de Biomedicina das Faculdades Pequeno Príncipe. Mestranda em Biotecnologias em Saúde da Criança e do Adolescente, Biomédica pela FPP. 3 Doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Sociologia pela UFPR. Docente de Sociologia e Antropologia das Faculdades Pequeno Príncipe, Curitiba. E-mail: [email protected]. 2 147 O câncer é o crescimento exacerbado de células mutadas que invadem tecidos e órgãos e podem se espalhar para outras regiões do corpo, metástase (INCA, 2011). Conjunto de mais de 100 doenças, as neoplasias malignas são a segunda causa de morte na população brasileira, desde 2003. A prevenção e controle é um dos principais desafios científicos e das políticas em saúde (INCA, 2009). Os cânceres dividem-se em quatro estágios: I) alteração maligna na célula-alvo, chamada de transformação; II) crescimento das células transformadas; III) invasão local e IV) metástase a distância (KUMAR; ABASS; FAUSTO, 2005). No geral, as taxas de mortalidade por todos os tipos de câncer são mais altas nas regiões Sul e Sudeste, com exceção do câncer do colo de útero (BRITTO, 1997). Em dados obtidos do Instituto Nacional de Câncer - INCA (2011), notamos altas divergências entre os índices de mortalidade por câncer no Paraná entre a população masculina e a feminina. Nos cânceres de pulmões e estômago a taxa de mortalidade masculina é maior que o dobro da feminina e no caso do câncer de esôfago chega a ser três vezes maior. MÉTODOS A pesquisa é de cunho descritivo exploratório com pesquisa em artigos e livros técnico-científicos e análise documental das taxas de mortalidade decorrente do câncer de pulmão, esôfago e estômago divulgados pelo INCA no período de 1990 a 2008, que demonstram as altas divergências nos índices de óbitos do homem comparando-os com o da mulher no Paraná. O CÂNCER O câncer de estômago é a segunda mais importante causa de morte por câncer na população masculina, logo após as mortes decorrentes de câncer de pulmão (BRITTO, 1997). Os homens são mais suscetíveis em adquirirem doenças - sobretudo quando as enfermidades são crônicas e graves - do que as mulheres e apresentam menor expectativa de vida (BRASIL, 2009). Mesmo assim, eles não recebem devida atenção dos serviços de atenção primária, o que leva a uma busca tardia ao atendimento, favorecendo a morbidade (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009). Devido ao número de mortes causadas pelo câncer nos últimos anos, ficou clara a necessidade de continuar investindo em ações de combate e controle das neoplasias malignas. As providências que podem ser tomadas na gestão do SUS - Sistema Único de Saúde são: 148 melhora na promoção a saúde, diagnósticos precoces, assistência aos pacientes, comunicação e mobilização social e pesquisas científicas (INCA, 2009). Câncer de Esôfago O esôfago faz parte do sistema digestivo e transporta o bolo alimentar para o estômago (GRABOWSKI; TORTORA, 2006). O câncer de esôfago é uma neoplasia extremamente letal, que atinge majoritariamente homens com mais de 50 anos e de baixo nível socioeconômico, sendo que existem poucos casos de pessoas com essa neoplasia antes dos 30 anos de idade (QUEIROGA; PERNAMUCO, 2006). A predisposição genética é pouco definida e a maioria dos casos deste câncer é associado ao consumo de fumo e álcool, já que algumas bebidas possuem quantidades elevadas de compostos carcinógenos além de outros compostos mutagênicos (CENTENO et al, 2002). Existem dois tipos de câncer de esôfago, carcinoma epidermóide e o adenocarcinoma, o primeiro abrange geralmente o terço médio e inferior que atinge usuários de bebidas alcoólicas e fumo. E o segundo afeta a parte distal do esôfago, tendo como sintomas o refluxo gástrico crônico e metaplasia gástrica do epitélio, atinge geralmente pessoas acima do peso (QUEIROGA; PERNAMUCO, 2006). O câncer de esôfago gera disfagia - dificuldade na deglutição e obstrução progressiva no órgão - os afetados pela neoplasia alteram sua alimentação com o tempo para compensar a deficiência na sua deglutição, trocando alimentos sólidos por alimentos líquidos progressivamente. O paciente também pode apresentar uma pequena odinofagia - deglutição dolorosa - desconforto retroesternal, na área proximal e emagrecimento sem causa aparente (QUEIROGA; PERNAMUCO, 2006). O exame radiológico pode diagnosticar mais de 90% dos casos de câncer de esôfago, porém os métodos mais seguros e precisos para este diagnóstico são a esofagoscopia, biópsia e citologia esfoliativa - coleta de material feita durante a esofagoscopia (QUEIROGA; PERNAMUCO, 2006). O tratamento é cirúrgico, porém na maioria dos casos a cirurgia não pode ser feita porque o tumor já esta no estagio de metástase em outros órgãos. Os pacientes com indicação cirúrgica podem ser divididos em dois grupos, ressecável e irressecável. O primeiro é a ressecção do tumor, dos linfonodos regionais e o segundo é constituído de uma dilatação endoscópica seriada (QUEIROGA; PERNAMUCO, 2006). 149 A relação de incidência entre os sexos no Brasil é de 3,3 homens para cada mulher e a relação de morte no Paraná é de 9,26 homens pra cada 2,5 mulheres, ou seja, aproximadamente quatro homens para uma mulher morta (INCA, 2011). Câncer de Estômago Mundialmente, o câncer de estômago é a quarta causa de mortalidade (INCA, 2009). O câncer de estômago ou câncer gástrico é a doença em que células malignas são encontradas nos tecidos do estômago. Os tumores do câncer de estômago se apresentam, predominantemente, sob a forma de três tipos histológicos: o adenocarcinoma, responsável por 95% dos tumores gástricos, o linfoma, diagnosticado em cerca de 3% dos casos, e o leiomiossarcoma (KUMAR; ABASS; FAUSTO, 2005). O tumor invade a mucosa penetrando na parede do estomago e nas estruturas adjacentes. Freqüentemente o fígado, pâncreas, esôfago e duodeno já estão afetados no momento do diagnostico (SMELTZER; BARE, 2005). Os sintomas podem ser ausentes nos estágios iniciais. Com a doença progressiva podem apresentar dispneia, perda de peso, anorexia, dor abdominais, constipação, anemia, náuseas e vomito (SMELTZER; BARE, 2005). O câncer de estômago tem como colaboradores tanto fatores de predisposição herdada, quanto fatores de risco ambientais, que sob sua ação surgem as alterações da mucosa gástrica. Alguns compostos que podem funcionar como agentes do câncer gástrico são: butilato de hidroxianisole, ácido propiônico - usados como aditivos de alimentos industrializados - e, principalmente, cloreto de sódio em excesso (CARNEIRO; PAUMGARTTEN; PINTO, 1997). As dietas parecem ser um fator significativo. Uma dieta rica em alimentos defumados e pobre em frutas e vegetais pode aumentar o risco de câncer gástrico. Outros fatores relacionados com a incidência de câncer gástrico compreendem a inflamação crônica do estômago, anemia perniciosa e ulcera gástrica (CARNEIRO; PAUMGARTTEN; PINTO, 1997). O diagnóstico pode ser realizado através de exame radiográfico completo do trato gastrointestinal, endoscopia, tomografia computadorizada, cintilografias ósseas e hepáticas. O tratamento médico é a remoção do tumor, se possível, e quando o tratamento cirúrgico não proporciona a cura, o tratamento com a quimioterapia e radioterapia, podem proporcionar o controle adicional da doença ou alivio (SMELTZER; BARE, 2005). 150 O combate contra o câncer de estômago pode ser feito através de estratégias básicas como a melhoria do saneamento básico, mudanças no estilo de vida, dieta da população e em atitudes individuais como parar de fumar e manter um peso adequado (INCA, 2009). No Brasil, o câncer de estômago é importante causa de falecimento em regiões mais desenvolvidas como o Sul e Sudeste. Os coeficientes padronizados de mortalidade, no sexo masculino, variam, por cem mil habitantes, com média de 17,37 entre o ano de 1990 a 2008. Tendo assim uma significância muito superior os números apresentados nos casos das mulheres, que é em média 7,1, taxas estas que representam a mortalidade do câncer de estômago no estado do Paraná (INCA, 2011). Câncer de Traqueia, Brônquios e Pulmões Em termos mundiais, o câncer de traquéia, brônquios e pulmões são altamente letais, devido à falta de sintomas nos estágios iniciais da doença. Este é o único que a mortalidade tem aumentando cada vez mais (INCA, 2009; JAMINK; SANTORO; UEHARA, 1998). Os quatro tipos principais de câncer de pulmão que abrangem 95% da população são: carcinoma espinocelular, adenocarcinoma, carcinoma indiferenciado de pequenas células e carcinoma indiferenciado de grandes células (JAMINK; SANTORO; UEHARA, 1998). Na maioria dos casos o fumo é a principal causa do câncer, chegando a 85%, que é justificado pela fumaça de cigarro conter mais de 40 agentes carcinogênicos. As pessoas estão fumando com mais freqüência, em maior quantidade e com início mais precoce. O risco de câncer de pulmões é 17 vezes maior nos homens fumantes e 11 vezes maior nas mulheres fumantes, quando comparados com não fumantes. O método eficaz para a redução dessa neoplasia é influenciar os fumantes a pararem de fumar, pois mesmo depois de 15 anos após parar de fumar ainda correm o risco de adquirirem câncer, e os não fumantes a continuarem não fumando (JAMINK; SANTORO; UEHARA, 1998). Quanto à pré-disposição genética, o risco para câncer de pulmão em pessoas que, pelo menos, um dos pais já morreu deste câncer é aumentado cinco vezes (JAMINK; SANTORO; UEHARA, 1998). Os sintomas locais do câncer de pulmão são: as tosses, com grandes volumes de secreção mucóide, a dor torácica, os sibilos ou estridor, onde os sibilos sugerem obstrução dos brônquios, e a dispnéia (JAMINK; SANTORO; UEHARA, 1998). A metástase do câncer de pulmão ocorre freqüentemente para o fígado, ossos e cérebro. A rouquidão é o principal efeito metastático, com a paralisia da corda vocal esquerda e também do diafragma. Ocorre o aumento do fígado, aparecimento de nódulos e alterações 151 bioquímicas. Frequentemente em casos de carcinoma de pequenas células, um dos sintomas é dor torácica e sensibilidade óssea. Pacientes com metástase cerebral podem ser assintomáticos ou sintomáticos com fortes dores de cabeça, náuseas e tontura (JAMINK; SANTORO; UEHARA, 1998). As técnicas de diagnóstico são a radiografia do tórax, a citologia do escarro e a broncofibroscopia. O tratamento para o câncer broncogênico é a cirurgia, já que a que oferece melhor chance de cura. A cirurgia é feita quando o estágio do câncer for I e II e em alguns casos III. Após cirurgia tem uma sobrevida alta, sem muitas complicações, as principais causas de morte são: insuficiência respiratória, pneumonia e ataque cardíaco. Quando o diagnóstico é feito tardiamente, utilizam-se outras formas de tratamento como a radioterapia e a quimioterapia (JAMINK; SANTORO; UEHARA, 1998). As neoplasias de câncer de traquéia, brônquios e pulmões foram as mais altas no Brasil nos anos de 1995, as taxas de câncer respiratório aumentaram tanto em homens como em mulheres, mas especificamente em homens na região Sudeste. As taxas de câncer de pulmão foram mais altas nas regiões Sul e Sudeste (FILHO; MONCAU, 2002). No Paraná, entre o ano de 2005 e 2006, a cada 100.000 homens aproximadamente 20 morreram por câncer de brônquios, traquéia e pulmão (INCA, 2011). Ao analisar as médias dos índices de mortalidade por câncer de pulmão no Paraná de 1990 a 2008, nota-se que a média masculina (18,44) é maior que a feminina (8,52), ou seja, mais que o dobro. No entanto, dos três tipos de cânceres comparados nesse artigo, somente no câncer de pulmão que os índices de mortalidade femininos estão aumentando. No Brasil a estimativa para 2010 e 2011 é que 27.630 pessoas seriam atingidas, 17.800 homens e 9.830 mulheres. Mesmo com o aumento nos índices de mortalidade feminino, mundialmente o câncer de pulmão ainda é o que mais mata os homens (INCA, 2009). Saúde do Homem Nos últimos anos vem sendo estudada a falta da freqüência do homem nos serviços de atenção primária a saúde, destacando-se o fato de que nesses serviços a presença do homem é menor que a da mulher (GOMES et al, 2011). É provável que o descontentamento da população masculina com os serviços de saúde prestados vão além de suas possíveis expectativas, mas reflita no modo que este expressa sua cultura dominante, influenciando assim os seus argumentos e valores a cerca do que é ou não um bom atendimento na área da saúde (GOMES et al, 2011). Além disso, o horário de 152 funcionamento das unidades básicas de atendimento primário é incompatível com a do homem empregado (GOMES et al, 2011). O sistema de saúde culpa a própria população masculina pelo fracasso no tratamento, ignorando que o problema é histórico, pois sempre se priorizou o atendimento da mulher e da criança. Em relatos os próprios profissionais da saúde assumem que não estão preparados para escutar de maneira adequada o segmento masculino e que o desânimo ao tratar os homens deriva da irresponsabilidade deles com a saúde ao compará-los com as mulheres, que são mais cuidadosas (GOMES et al, 2011). É importante ressaltar que somente 25 anos após a criação do PAISM – Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, que foi criado, em 2008, o Departamento de Ações Pragmáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde, a Área Técnica de Saúde do Homem. Tornando o Brasil o segundo país da América, após o Canadá, a possuir um setor para a saúde do homem (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009). Em agosto de 2009, o Ministério da Saúde institui no âmbito do SUS, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem com o intuito de que a saúde do homem torne-se uma das prioridades do governo, promovendo ações que reconheçam a singularidade masculina, que estimulem o autocuidado, principalmente, reconhecer que a saúde é um direito básico dos homens brasileiros. E assim, possibilitar o aumento da expectativa de vida masculina e diminuir os índices de mortalidade por causas preveníveis e evitáveis (BRASIL, 2009). Em depoimento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que, depende somente dos homens a mudança na menor expectativa de vida da população masculina brasileira, já que eles bebem e fumam mais, além de serem mais sedentários que as mulheres (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009). Outra marca cultural da população masculina está em como eles costumam se cuidar, pois este cuidado esta frequentemente acompanhado de uma figura feminina, seja mãe, companheira ou filha. Porém a ideia de ter que contar com o apoio dessa mulher junto ao medo de possuir uma doença, reflete na covardia dos homens de buscar assistência médica (GOMES et al, 2011). Os homens parecem buscar serviços mais rápidos, que necessitem menos disponibilidade de horário e que resolvam os seus problemas. Caso isso ocorra, eles não vão mais precisar voltar ao sistema de saúde. Explicando a dificuldade e evasão masculina nos tratamentos que exigem acompanhamento contínuo (GOMES et al, 2011). 153 Para mudar esse parâmetro, deve haver alterações no atendimento aos homens, tais como: assistência especializada e mais rápida; campanha e encontros para esclarecimentos; e principalmente o atendimento ocorrer em espaços separados das mulheres e crianças (GOMES et al, 2011). Além de conscientizar os homens de sua própria vulnerabilidade e não torná-los “vítimas de sua própria masculinidade” (CARRARA; RUSSO; FARO, 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS Em nossa hipótese inicial, consideramos a falta de cuidado da população masculina como principal causa para as divergências entre os índices de mortalidade dos gêneros. Porém, após as pesquisas, notamos que esses dados também têm relação com o descaso do governo em relação aos serviços de atenção primária do sistema único de saúde (SUS), junto a um paradigma sociocultural. Entre os anos de 1990 a 2006 as patologias estudadas apresentaram um pico nos índices de mortalidade por câncer - a cada 100.000 (cem mil) habitantes - de 20,58 em pulmão; 20,77 em estômago; e 11,75 em esôfago nos homens. Nas mulheres os índices foram outros, 9,78 de câncer de pulmão; 8,35 de estômago; e 3,73 de esôfago. Atualmente esses índices estão diminuindo, mas mesmo assim, a taxa de mortalidade masculina continua a ser maior que a feminina. No entanto, nota-se um aumento gradativo no número de mortes nas mulheres nos últimos anos, em relação aos homens por câncer de pulmão. As mulheres estão fumando com mais freqüência e se descuidando, justificando o aumento gradativo desse índice. Após análise dos dados da população masculina, observou-se maior risco de morte por cânceres nas regiões Sul e Sudeste. Contudo, questionamos se os índices são realmente menores no Norte e Nordeste ou se há subnotificação por negligência no registro desses dados e diagnósticos. A saúde da população masculina tornou-se uma das prioridades do governo apenas a poucos anos, através da criação, em 2008, e instituição da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem em 2009. Espera-se assim, que os índices de mortalidade diminuam e a expectativa de vida dos brasileiros aumente, porém são resultados que só obteremos em longo prazo. Analisando esses dados é evidente o contraste envolvendo os índices de mortalidade por câncer, masculinos e femininos, revelando o porquê da importância de perguntar-se: “E a saúde do homem, como vai?”. 154 REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2010: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2009. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem (Princípios e Diretrizes). Brasília, 2008. BRITTO, A. V. Câncer de estômago: fatores de risco. Cad. 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