Curso básico de turbina a vapor. SUMÁRIO 1. OBJETIVO ....................................................................................................... 4 2. INTRODUÇÃO................................................................................................. 4 3. HISTÓRICO ..................................................................................................... 5 4. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ................................................................ 7 5. CLASSIFICAÇÃO DAS TURBINAS A VAPOR .............................................. 9 6. ELEMENTOS CONSTRUTIVOS ....................................................................18 6.1. Fabricação em Módulos .......................................................................... 21 6.2.1. Válvulas de Admissão de Vapor ...................................................... 24 7. SISTEMAS AUXILIARES DA TURBINA ........................................................25 7.1. Sistema de óleo lubrificante ........................................................................25 7.2. Sistema de giro Lento........................................................................... 27 7.3. Sistema de Selagem ............................................................................. 27 8. CICLOS DE POTÊNCIA A VAPOR ................................................................28 8.1. Ciclo Rankine ........................................................................................ 28 8.1.1. Rendimento do Ciclo Rankine ...................................................... 33 Balanço Total de Energia ............................................................................ 34 8.2. Superaquecimento e Reaquecimento ................................................. 36 8.3. Regeneração ......................................................................................... 37 9. OPERAÇÃO DE TURBINAS A VAPOR ........................................................40 9. 1. Partida e parada da turbina a vapor em instalações de Ciclo Combinado ........................................................................................................................... 41 9.1.1. Preparação para partida .................................................................... 41 9.1.2. Partida da Turbina a Vapor ................................................................ 42 9.1.3. Particularidades da partida desde o Estado Não-resfriado ............ 45 9.1.4. Parada da turbina a vapor ................................................................. 46 10. CONTROLE DE TURBINAS A VAPOR .........................................................48 10.1. Funções de Controle ......................................................................... 49 10.1.1. Controlador Base ........................................................................... 50 10.1.1.1. Controlador de velocidade ........................................................ 51 10.1.1.2. Controle de Partida .................................................................... 52 10.1.1.3. Controle de Sincronização ........................................................ 53 10.1.1.4. Operação em Carga ................................................................... 54 10.1.1.5. Limitador de Pressão de Vapor e Gradiente de carga ............ 55 10.1.1.6. Gerador de Valor de Referência de Temperatura do Vapor.... 55 10.1.1.7. Controle das Válvulas de Admissão de Vapor ........................ 56 Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 1 Curso básico de turbina a vapor. 10.1.1.8. Controle de Extração ................................................................. 57 10.1.2. Controlador Automático ............................................................ 58 10.1.2.1. Características do Programa de partida .................................. 59 10.1.2.2. Características do Programa de Carregamento ...................... 59 10.1.2.3. Limitação por Tensão Térmica (na partida) ............................. 61 10.1.2.4. Limitação Por Tensão Térmica (carregamento) ...................... 61 10.1.2.5. Zonas Críticas de Velocidade.................................................... 62 10.1.2.6. Descarregamento Térmico Forçado ......................................... 62 10.1.2.7. Descarregamento Rápido .......................................................... 62 10.1.3. Avaliador de Tensão Térmica.................................................... 63 10.1.4. Princípio do Cálculo de Tensão Térmica ................................. 64 10.1.4.1. Limitação por Tensão Térmica (Limitação de tensão térmica durante partida, carregamento e descarregamento). ............................... 64 10.1.4.2. Tensão Térmica Durante a Partida ........................................... 65 10.1.4.3. Tensão Térmica Durante o Carregamento ............................... 65 10.1.4.4. Tensão Térmica Durante o Descarregamento ......................... 65 10.1.5. Parada de Proteção por Tensão Térmica ................................. 65 10.2. Sistemas de Controle ........................................................................ 67 APENDICE A - TERMODINÂMICA BÁSICA ........................................................70 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS .....................................................................70 1.1. Sistema Termodinâmico....................................................................... 70 1.2. Estado e Propriedades de uma Substância ........................................ 71 1.2.1. Os estados da matéria ................................................................... 71 1.2.2. Diagramas de fases ....................................................................... 77 1.2.2.1. Transição de fase em processos isobáricos e isotérmicos ... 78 1.2.3. Estudo macroscópico dos gases Estado .................................... 79 1.2.3.1. Equação de estado dos gases ideais. ...................................... 80 1.3. Propriedades Termodinâmicas ............................................................ 82 1.3.1. Propriedade Extensiva .................................................................. 82 1.3.2. Propriedade Intensiva ................................................................... 82 1.3.3. Propriedade Específica ................................................................. 82 1.4. Mudanças de Estado de um Sistema Termodinâmico....................... 83 1.4.1. Ciclo Termodinâmico .................................................................... 83 1.5. Lei Zero da Termodinâmica ................................................................. 84 1.5.1. Equilíbrio térmico .......................................................................... 84 1.5.2. Enunciado da Lei Zero da Termodinâmica .................................. 84 1.6. Escalas de Temperatura ....................................................................... 85 2. Primeira lei da Termodinâmica .......................................................................86 2.1. Balanço de energia ................................................................................... 86 2.2. Enunciado da Primeira lei da Termodinâmica ....................................... 89 3. Segunda lei da Termodinâmica .....................................................................90 3.1. Tendência ao equilíbrio ............................................................................ 90 3.1.1. Entropia ............................................................................................... 91 Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 2 Curso básico de turbina a vapor. 3.1.2. Enunciado da Segunda lei da Termodinâmica (Princípio do aumento da entropia) ........................................................................................................ 92 APENDICE B – DIAGRAMA DE PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DA ÁGUA 93 REFERÊNCIAS .....................................................................................................94 Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 3 Curso básico de turbina a vapor. CURSO BÁSICO DE TURBINA A VAPOR 1. OBJETIVO O objetivo deste material é apresentar os conceitos básicos de funcionamento de uma turbina a vapor, principais características e aplicações, destacando-se entre outras a aplicação em plantas de ciclo combinado. Também serão abordadas as técnicas de operação desta máquina térmica em instalações que utilizem a tecnologia de ciclo combinado 2. INTRODUÇÃO A turbina a vapor é um motor térmico rotativo de combustão externa altamente difundida na indústria. Tal fato se deve a possibilidade de se obter unidades de grande potência unitária, alta confiabilidade, vida útil e eficiência (Teixeira, 2001). Uma vantagem importante das turbinas a vapor é o fato de serem máquinas de combustão externa, desta forma os gases resultantes da queima do combustível não entram em contato com o fluido de trabalho que escoa no interior da máquina e realiza processos de conversão da energia do combustível em potência do eixo. Sendo assim, podem ser utilizados desde combustíveis gasosos (gás natural, gases residuais, etc.), como também líquidos (diesel, óleo combustível leve ou pesado, etc.), além dos sólidos (carvão, resíduos sólidos urbanos, resíduos agrícolas – bagaço de cana, palha, cascas, serragem, etc.). Também as centrais térmicas nucleares utilizam turbinas a vapor para a geração de eletricidade. Outra vantagem importante das turbinas a vapor constitui no fato de que, mediante a organização das extrações reguláveis, pode-se fornecer calor com parâmetros requeridos para consumidores externos. Neste caso, o custo deste calor não é alto, já que nos sistemas de co-geração (produção simultânea de eletricidade e calor) o vapor, antes de ser fornecido a um consumidor de calor, aproveita o seu alto potencial na turbina durante o processo de produção de eletricidade. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 4 Curso básico de turbina a vapor. Podemos enumerar ainda que, devido às características das turbinas a gás e das turbinas a vapor, as condições de acoplamento térmico entre os dois ciclos são muito boas. Este conjunto (ciclo combinado: turbina a gás / turbina a vapor) resulta na termeletricidade mais eficiente na conversão da energia do combustível em potência elétrica. Isto se deve ao fato de que o delta de temperatura absoluta no ciclo é elevado, pois temos uma temperatura alta no início da conversão de calor em trabalho (na da turbina a gás) e uma temperatura de rejeição de calor muito baixa (vapor de exausto da turbina a vapor de condensação). 3. HISTÓRICO A primeira máquina a vapor da qual se tem notícia foi proposta por Hero, da Alexandria, por volta do ano 150 a.C. (fig 1). Tratava-se de uma esfera oca na qual o vapor era introduzido sob pressão através de dois tubos curvos diametricamente opostos e com direções também opostas. Então a reação do vapor escapando causava a rotação da esfera. Porém nenhum trabalho útil foi realizado com este dispositivo. Figura 1 - A aelipyle desenvolvida por Hero (150 a.C.) Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 5 Curso básico de turbina a vapor. A primeira máquina capaz de converter energia térmica de um combustível em trabalho mecânico foi construída na de década de 1780 por Watt (figura 2). Tal evento teve importância capital para revolução industrial que aconteceria no século seguinte. Figura 2 – Máquina a vapor de James Watt (1780) O aparecimento da primeira turbina a vapor de aplicação é associado, em primeiro lugar aos engenheiros Carl Gustaf de Laval (1845-1913), da Suécia, e Charles Parsons (1854-1931), da Grã-Bretanha. A primeira turbina a vapor comercial com capacidade de 400 kW foi desenvolvida e implementada pelo americano George Westinghouse (1846-1914), quem adquiriu os direitos americanos sobre as turbinas Parsons em 1895. Aurel Stodola (1895-1942), nascido na Eslováquia, praticamente estabeleceu os fundamentos da teoria de turbomáquinas e seu controle automático. Outro nome que merece destaque é o do russo Andrey Vladimirovich Shcheglyaev (1902-1970), quem estabeleceu uma grande escola de idéias e projeto em turbinas a gás e vapor, iniciou a edição de numerosas monografias e livros valiosos neste campo e, também, contribuiu significativamente para teoria de turbomáquinas e seu controle. Nos últimos 85 anos, desenvolvimentos técnicos contínuos de turbinas a vapor fizeram deste acionador primário o principal equipamento em centrais de geração. Muitos dos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 6 Curso básico de turbina a vapor. avanços tecnológicos alcançados com desenvolvimento das turbinas a vapor foram incorporados à tecnologia de turbinas a gás, principalmente no que se refere à tecnologia das palhetas rotativas. 4. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO Antes de avançar no estudo das turbinas a vapor, é preciso entender como esta máquina converte a energia térmica do vapor em trabalho útil. Os fenômenos envolvidos nesta conversão de energia obedecem às Leis da Termodinâmica, entretanto, abordaremos agora os aspectos práticos do funcionamento das turbinas a vapor. Há dois tipos fundamentais de turbina a vapor: a de ação (impulso) e a de reação. TURBINAS DE AÇÃO – As turbinas de ação (figura 3) funcionam, unicamente, devido queda de pressão do vapor nos bocais. Esta queda de pressão resulta em queda de entalpia e temperatura, enquanto aumenta-se o volume específico e, conseqüentemente a velocidade do vapor. O bocal (ou expansor) é projetado de forma a permitir a completa expansão do vapor e assim, a energia potencial é convertida em energia cinética. Um jato de vapor com alta velocidade atinge então as palhetas móveis, que por sua vez convertem a energia cinética do vapor em energia mecânica de rotação do eixo (figura 4). É importante ressaltar que o vapor atravessa a roda móvel à pressão constante, agindo sobre as palhetas unicamente em virtude da velocidade. Devido a esta característica de projeto, os espaços internos entre as partes fixas e as partes móveis podem ser maiores e, também não há a necessidade de se utilizar pistão de balanceamento. Isto faz com que as turbinas de ação sejam mais robustas e duráveis. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 7 Curso básico de turbina a vapor. Figura 3 – Foto turbina de ação Figura 4 – Diagramas de pressão e velocidade e esquema de disposição das pás 4.1. TURBINAS DE REAÇÃO – as turbinas de reação (figura 5) utilizam ao mesmo tempo, a pressão do vapor e a sua expansão nas rodas móveis. O vapor não expande completamente nos bocais, mais continua a sofrer, na roda móvel, uma redução de pressão, à medida que sua velocidade também diminui, devido à alta velocidade com que as palhetas móveis estão se movimentando. A queda de pressão através das palhetas móveis produz força de reação que complementa a força do jato de vapor das palhetas fixas. As duas forças combinadas causam a rotação do eixo. Desta forma, o bocal (ou distribuidor) converte apenas parte da energia potencial em energia cinética, ficando a outra parte para ser transformada na própria roda móvel (figura 6). Estas turbinas são caracterizadas pelo fato de que a roda móvel não trabalha com vapor à pressão constante, mas gradativamente variável, diminuindo de montante para jusante, em relação ao percurso nas palhetas. As turbinas de reação devem ser projetadas de forma que seja minimizado o vazamento de vapor ao redor das palhetas móveis. Este objetivo é atingido fazendo com que as folgas internas sejam relativamente pequenas. As turbinas de reação precisam de pistão de balanceamento para compensar as grandes cargas de empuxo axial gerado no eixo. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 8 Curso básico de turbina a vapor. Figura 5 – Foto turbina de reação Figura 6 – Diagramas pressão e velocidade e esquema de disposição das pás 5. CLASSIFICAÇÃO DAS TURBINAS A VAPOR As turbinas a vapor, devido sua ampla gama de utilização e estado da arte, podem ser classificadas segundo os critérios elencados a seguir: a) Quanto ao arranjo dos estágios: Dentro do grupo das turbinas de ação e das turbinas de reação, pode ser feita uma nova classificação baseada no ponto de vista do arranjo dos estágios. Definese estágio de ação como um grupo de distribuidores e a sucessiva ordem de palhetas móveis e fixas. Por lado, o estágio de reação é definido como o conjunto de uma ordem de palhetas móveis e da ordem precedente de palhetas fixas. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 9 Curso básico de turbina a vapor. Sendo assim, as turbinas de ação podem ser classificadas, de acordo com o arranjo dos estágios, pelos nomes pelas quais são conhecidas comercialmente, conforme descrito a seguir: Turbina de ação simples ou Laval – Consiste de um ou mais bocais, descarregando o vapor sobre uma fileira de palhetas montadas na circunferência periférica de um disco acoplado a um eixo, constituindo o componente denominado de rotor (fig. 7). A despeito do baixo rendimento próprio da turbina de ação simples, sua simplicidade de projeto e construção torna-a recomendada para pequenas potências. Figura 7 – Turbina de ação. Diagramas pressão e velocidade e esquema de disposição das pás Turbina Curtis – A fim de evitar a perda de energia, decorrente da velocidade residual relativamente alta nas turbinas de ação simples, montam-se duas ou mais palhetas móveis. Na carcaça são fixadas, entre as filas de palhetas móveis, palhetas fixas com o único propósito de redirecionar o jato de vapor. A este arranjo (figura 8) denomina-se estágio Curtis ou de velocidade escalonada. Somente nos bocais há queda pressão, enquanto em cada fila de palhetas móveis ocorre uma queda de velocidade, mantendo-se a pressão constante nas palhetas fixas. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 10 Curso básico de turbina a vapor. Figura 8 – Turbina de reação. Diagramas pressão e velocidade e esquema de disposição das pás Turbina Rateau – Em vez da queda de pressão ocorrer em um único estágio de bocais, essa queda pode ser dividida em duas ou mais fileiras de bocais, de maneira a se obter um efeito semelhante ao que se teria a um arranjo de duas ou mais turbinas de Laval em série (figura 9). A vantagem e que se pode obter uma velocidade mais adequada de palhetas em termos de resistência dos materiais. Porém, estas turbinas podem apresentar maiores dimensões, dependendo do número de estágios Rateau. Figura 9 – Turbina Rateau. Diagramas pressão e velocidade e esquema de disposição das pás Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 11 Curso básico de turbina a vapor. Turbina Curtis-Rateau – O desenvolvimento desta turbina (figura 10) partiu do princípio de também se conseguir velocidades de palhetas ideais, portanto, maiores rendimentos, utilizando-se a combinação de estágios Curtis (escalonamento de velocidade) e Rateau (escalonamento de pressão). O emprego do estágio Curtis proporciona grande queda de pressão e de temperatura do vapor, o que permite tanto o uso de materiais mais leves e baratos nos estágios Rateau posteriores, como turbinas mais curtas. Figura 10 – Turbina Curtis-Rateau. Diagramas pressão e velocidade e esquema de disposição das pás Turbina Parsons – O estágio de uma turbina de reação é denominado estágio Parsons (figura 11). Estas turbinas são de múltiplos estágios, isto é, construídas de modo que a queda de pressão, da admissão ao escape, seja dividida em quedas parciais por meio de sucessivas fileiras de palhetas fixas e móveis. Assim, a queda de pressão em cada fileira de palhetas é pequena, resultando em baixas velocidades do vapor em cada estágio. Na medida em que o vapor expande, seu volume específico aumenta razão pela qual as fileiras sucessivas de palhetas têm suas dimensões aumentadas progressivamente. Porém, como o volume específico do vapor nos estágios de alta pressão é pequeno, as palhetas devem ser mais curtas, resultando em folgas apreciáveis nos topos, o que causa excessiva fuga de vapor de alta pressão nestas folgas, induzindo a uma queda sensível no rendimento total da turbina. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 12 Curso básico de turbina a vapor. Para contornar este problema técnico, costuma-se adicionar um estágio Curtis na admissão, reduzindo-se a pressão e a temperatura do vapor para serem utilizados nos estágios de reação que se seguem. Esta turbina e denominada Curtis-Parsons (figura 12) e utiliza princípios da ação Figura 11 – Turbina Parsons. Diagramas pressão e velocidade e esquema de disposição das pás Figura 12 – Turbina Curtis-Parsons. Diagramas pressão e velocidade e esquema de disposição das pás Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 13 Curso básico de turbina a vapor. b) Quanto à direção do movimento do vapor em relação ao rotor: Turbinas a vapor axiais - são aquelas que o vapor se move dentro do rotor em direção aproximadamente paralela ao eixo são as mais comuns. As turbinas axiais podem ser de três tipos: Fluxo simples – quando o fluxo principal escoa na mesma direção desde a entrada até a saída, no último estágio; Fluxo duplo – quando o fluxo principal é admitido no centro do cilindro e dividido em duas direções axiais opostas com relação ao rotor. Este arranjo é utilizado levando-se em consideração dois principais aspectos: evitar o tamanho excessivo das palhetas dos últimos estágios e reduzir a zero os esforços axiais causados pelas forças do fluxo de vapor nas palhetas móveis. Fluxo reverso – apresentam duas carcaças, sendo uma interna e outra externa, onde o fluxo de vapor flui em uma direção, através de um grupo de estágios, sendo então conduzido externamente para um segundo grupo de estágios, na direção oposta axialmente. Esta configuração é realizada considerando reduzir os esforços axiais causado pelas forças do fluxo de vapor nas palhetas móveis, promovendo o balanceamento, bem como permitir o resfriamento da carcaça interna para um vapor já expandido e, assim mais frio melhorando, desta forma, o seu estado térmico. Outra vantagem adicional desta configuração e possibilidade de se obter partidas mais rápidas, uma vez que devido ao gradiente de pressão dividido pela inversão do fluxo de vapor, a espessura das paredes da carcaça e dos flanges pode se reduzida, melhorando a condição de aquecimento destes equipamentos. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 14 Curso básico de turbina a vapor. Turbinas a vapor radiais – São aquelas em que o vapor se desloca aproximadamente em sentido perpendicular ao eixo da turbina; Turbinas tangenciais – São aquelas em que o vapor se desloca tangencialmente ao eixo da turbina; 2) Quanto à condição de vapor de escape: Turbinas de condensação – este tipo de turbina descarrega o vapor a uma pressão menor que a atmosférica (normalmente alto vácuo), a fim de aumentar a eficiência térmica do ciclo mediante aumenta máximo da queda de entalpia. As turbinas de condensação tendem a ser fisicamente maiores, bem como mais potentes do que as de contrapressão. Turbinas de contrapressão – o termo contrapressão é usado para indicar que o vapor na saída da turbina está a uma pressão igual, ou superior à atmosférica, condição necessária para atender a demandas de calor em níveis de temperatura superiores a 100 °C. São instaladas nas indústrias onde há necessidade de vapor para os processos de fabricação, cujo abastecimento é garantido com o vapor de exaustão da turbina que, normalmente, opera com uma pressão constante de vapor de escape. 3) Quanto à configuração dos cilindros: Fluxo simples Corpo de um Cilindro – Numa turbina a vapor de fluxo simples (figura 13), toda a expansão do vapor que produz trabalho acontece num único cilindro. O limite de potência para o corpo de simples cilindro é da ordem de 100MW, dependendo dos conceitos do projeto. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 15 Curso básico de turbina a vapor. Figura 13 – Simbologia de turbina de fluxo simples corpo de um cilindro Fluxo escalonado multi-cilindros – Turbinas de alta potência (500 a 1000MW), geralmente são compostas por um estágio de alta pressão (cilindro), outro com pressão intermediária, seguindo de um ou mais de baixa pressão, sendo este provavelmente de duplo fluxo (figura 14). Figura 14 – Simbologia de turbina de fluxo escalonado corpo de multi-cilindros Tandem-compound – É a terminologia utilizada para identificar a configuração onde os cilindros estão dispostos numa mesma linha do eixo (colineares), conforme figura 15. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 16 Curso básico de turbina a vapor. Figura 15 – Simbologia de turbina de fluxo escalonado configuração tandem-compound Cross-compound – nesta configuração os cilindros são montados em paralelo, acionando dois geradores elétricos separados ou acoplados por meio de engrenagem para acionar uma única carga (figura 16). Esta configuração é muito comum em plantas de propulsão de navios, pois reduz o espaço necessário para alocar os cilindros, comparada à configuração tandem-compound. Figura 16 – Simbologia de turbina de fluxo escalonado configuração cross- compound Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 17 Curso básico de turbina a vapor. 6 ELEMENTOS CONSTRUTIVOS Uma turbina a vapor é constituída basicamente pelos seguintes elementos listados abaixo (figura 17): Carcaça da Turbina – geralmente dividida em 2 partes separadas longitudinalmente para facilitar o acesso às partes internas, remoção do rotor e mancais durante a manutenção e também facilidades durante a montagem; Diafragma da Turbina – Sua principal função é separar dois rotores e a fixação das palhetas fixas do estágio (bocais). Os principais componentes do diafragma são: anel, palhetas fixas, corpo do diafragma (figura 18); Rotor – com pás em sua periferia, sobre o qual incide o vapor e onde é feita a transformação na direção e magnitude da velocidade do vapor; Sistema de comando e válvulas – têm a função de regular a velocidade e potência da turbina, modificando a descarga do vapor; Acoplamento – tem a função de promover a conexão mecânica entre a turbina e o gerador a ser acionado; Dispositivo de expansão – sempre constituído de um bocal fixo ou móvel (diretrizes), no qual a energia de pressão do vapor se transforma em energia cinética; Junta de labirinto – necessária para reduzir as fugas de vapor entre o rotor e as partes fixas do diafragma. Em condições normais não pode haver contato mecânico nos selos (figura 19). Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 18 Curso básico de turbina a vapor. Figura 17 – Turbina de condensação com extração / vista em corte Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 19 Curso básico de turbina a vapor. Figura 18 – Disco de diafragma e seus principais componentes Figura 19 – selos labirintos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 20 Curso básico de turbina a vapor. 6.1. Fabricação em Módulos Devido à grande quantidade de aplicações para uma turbina a vapor, seus principais parâmetros de projeto, tais como condições de entrada do vapor, extração, condições do vapor de exausto e, velocidade, podem variar dentro de uma faixa bastante extensa. Estes fatores tornam a elaboração de cada novo projeto uma tarefa complicada, pois envolve muitas interações entre mecânica, termodinâmica e fatores específicos da aplicação que poderá exigir novas soluções de engenharia. Toda vez que um novo componente novo (tecnologia não testada) é incorporado, aumentam o custo de fabricação e o risco do negócio. Visando padronizar o processo de fabricação, de forma a reduzir custos e prazos de entrega e, ao mesmo tempo oferecer alto nível de flexibilidade aos seus clientes, os principais fabricantes de turbinas passaram a adotar o princípio de fabricação em módulos. Assim, os principais componentes de uma turbina a vapor são projetados em uma estrutura bem planejada, o que além de garantir um excelente desempenho do processo fabril, assegura um elevado padrão de qualidade. A figura 20 mostra a divisão da turbina em seus blocos principais. O módulo frontal, por exemplo, consiste na família de componentes modulados que tem tido suas dimensões aumentadas progressivamente, paralelamente ao aumento da carga nos mancais. Outra família de componentes importantes inclui as válvulas de admissão e extração de vapor, carcaças de alta pressão, e mancais. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 21 Curso básico de turbina a vapor. Figura 20 – Módulos principais da Turbina a vapor Cada um destes componentes tem sua faixa de aplicação bem estabelecida e a indústria já acumula milhares de horas de operação, o que garante a confiabilidade conquistada após larga experiência na tecnologia de fabricação. Desta forma, a partir de cada módulo, o engenheiro pode selecionar o melhor componente para atender as especificações de projeto de sua aplicação. Os fabricantes de turbina por sua vez, devido à vasta experiência acumulada na fabricação destes componentes principais, aliada aos desenvolvimentos recentes dos sistemas computacionais, expandiram as fronteiras dos métodos de projeto e fabricação de equipamentos para indústria pesada. Tal empreitada teve como objetivo, conceber uma estrutura sólida para fabricação das turbinas e, ao mesmo tempo, flexível o bastante para atender às necessidades da indústria, enquanto mantém a base forte de uma bem sucedida experiência operacional. A base para o concepção desta estrutura foi desenvolver uma família de componentes com pontos de interface comum, de forma que turbinas de qualquer combinação de condições de vapor, capacidade e configuração, pudesse ser personalizada para atender as exigências de cada usuário. Os vários componentes contidos dentro desta estrutura são: Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 22 Curso básico de turbina a vapor. A família de peças frontais que suportam a carcaça de alta pressão e a carcaça dos mancais axial e radial; Um conjunto de válvulas de admissão, cada uma projetada para cobrir uma faixa de pressão, temperatura e ajuste de fluxo; Uma família de carcaças de alta pressão; Uma família de válvulas de extração/ admissão e modelos associados; Uma linha completa de carcaça de baixa pressão de fluxo simples e fluxo duplo para ambas as aplicações (de condensação e contrapressão); Sistema de controle micro-processado para controladores simples ou com redundância e, sistema de monitoramento totalmente integrado com funções de controle multi-variáveis; Sistema estruturado de tubulações de óleo lubrificante e vapor para conexão com o ponto de interface do cliente; Caminho do vapor personalizado atendendo todas as condições termodinâmicas aplicáveis. Um exemplo de turbina modular é apresentado na figura 21. Desde que a variação dentro do mercado industrial tornou possível estruturar grupos de estágios para cobrir qualquer aplicação concebível, o principal desafio foi criar uma matriz de bocais, palhetas, tambor rotativo e etc, com pontos de interface predefinidos. Desta forma, é possível para os principais fabricantes oferecer a experiência comprovado nos módulos de componentes, aliada à flexibilidade exigida pela vasta faixa de aplicações industriais. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 23 Curso básico de turbina a vapor. Figura 21 – Concepção Modular para Turbinas de aplicação em ciclo combinado 6.2.1. Válvulas de Admissão de Vapor Na concepção modular, as válvulas de admissão de vapor compreendem um conjunto formado por uma válvula de parada e uma válvula de controle de fluxo de vapor, montado em um mesmo invólucro (figura 22). De maneira geral este conjunto é fornecido com flanges para conexão à carcaça da turbina. Neste caso, são padronizadas as conexões para possibilitar montagem em turbinas de tamanhos diferente. Assim, um único padrão de encaixe de válvula, pode ser utilizado para vários tipos de turbina. Tal característica favorece a otimização do arranjo escolhido com relação às velocidades de fluxo, de forma a obter-se sempre a melhor eficiência. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 24 Curso básico de turbina a vapor. Figura 22 – Válvula de Controle e de parada 7 SISTEMAS AUXILIARES DA TURBINA Entre os principais sistemas auxiliares de uma turbina a vapor, podemos distinguir entre outros, o sistema de óleo lubrificante, sistema de giro lento e válvulas reguladoras e de para da turbina e, finalmente, sistema de selagem. a. Sistema de óleo lubrificante O principal propósito de um sistema de lubrificação é prevenir o contato direto entre duas superfícies deslizantes, tal como em mancais. Quando uma superfície lubrificada desliza ou rola sobre a outra, o lubrificante adere a cada superfície e se movimentado dentro do lubrificante, as duas superfícies metálicas não entram em contato direto, reduzindo o desgaste. A fricção do fluído ocorre como um filme de lubrificante movendo-se um sobre o outro. Sendo assim a finalidade de um sistema de Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 25 Curso básico de turbina a vapor. lubrificação é reduzir o atrito e o calor gerado a valores mínimos, a fim de garantir a temperatura das peças dentro de limites aceitáveis. Além desta função primária, os lubrificantes têm a função de dissipar o calor gerado nos mancais; auxiliar na vedação contra vazamentos; ou para operar cilindros ou dispositivos hidráulicos como nos reguladores de velocidade das turbinas. Para realizar estas funções, o óleo deve resistir à mistura com água (emulsificação), diluição e carbonização, além da ação de altas temperaturas e eventuais contaminantes (oxidação e acidez). Por isso, quanto á seleção do lubrificante, estes aspectos devem ser considerados. O tanque de óleo lubrificante deve ser dimensionado e construído, de modo que o óleo permanente em circulação possa repousar e decantar as partículas de impurezas e lama no fundo do mesmo. Na entrada do tanque, deve ser montada uma peneira onde flua o óleo e fiquem retidas as grandes partículas de impureza. No interior do tanque, devem ser construídas paredes intermediárias que servem para manter o óleo em repouso, bem como para separação do ar captado durante o processo de lubrificação. Também devem ser previstos respiros para a exaustão dos vapores de óleo formados dentro do tanque. Em unidades onde é exigido alto nível de confiabilidade, são instaladas três bombas independentes, para assegurar que os mancais da turbina receberão óleo lubrificante suficiente em qualquer condição de operação. Bomba de óleo lubrificante principal – é uma bomba de engrenagens, acionada pelo eixo da turbina a vapor, que recalca óleo para os mancais quando a máquina está em serviço; Bomba de óleo lubrificante auxiliar – Projetada para atender 100% da capacidade de suprimento de óleo lubrificante aos mancais durante a rolagem ou parada da turbina. Geralmente também é uma bomba de engre- Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 26 Curso básico de turbina a vapor. nagens (como a bomba principal), acionada por um motor de corrente alternada; Bomba de emergência – usualmente é uma bomba centrífuga acionada por motor de corrente contínua, geralmente projetada para atender 40% do volume de óleo lubrificante requerido pelos mancais. Em caso de falha da bomba auxiliar, garante a parada segura da turbina a vapor. Nas turbinas de grande porte, também são utilizadas bombas de alta pressão com a finalidade de promover cunha hidráulica, de forma que seja possível a formação de filme de óleo lubrificante no eixo nos períodos de operação em baixa rotação da turbina. Os resfriadores e os filtros de óleo lubrificante são redundantes, desta forma é possível proceder à manutenção nos mesmo sem que haja necessidade de desligamento da turbina a vapor. b. Sistema de giro Lento Turbinas de grande capacidade normalmente são equipadas com dispositivo girador hidráulico do eixo. Tais unidades, geralmente são postas em operação antes da partida da turbina a vapor e depois da parada. Manter o eixo em rotação de aproximadamente 20 RPM previne o empeno quando o mesmo está em repouso e ainda quente (procedimento de parada), ou quando está sendo aquecido (durante a rolagem da turbina na partida). O girador hidráulico (geralmente um motor hidráulico), é acoplado e desacoplado do eixo automaticamente, por meio de embreagens. No caso de falha no suprimento de energia para o acionador, o sistema pode ser operado manualmente. c. Sistema de Selagem As turbinas a vapor utilizam selos labirintos para promover a vedação entre a parte estática e as partes móveis de máquina. Por não haver contato entre as partes, podem ocorrer vazamentos do fluido de processo. No caso de turbinas de condensação, por exemplo, nos estágios de alta pressão, pode haver vazamento de Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 27 Curso básico de turbina a vapor. vapor para meio externo, enquanto que nas seções de baixa pressão, próxima ao condensador, poderá ocorrer entrada de ar no sistema de vácuo. O sistema de selagem garante a vedação nos selos labirintos por meio de injeção de vapor no lado de alta pressão. 8 CICLOS DE POTÊNCIA A VAPOR Ciclo Rankine Do ponto de vista termodinâmico, o ciclo de potência de geração a vapor é conhecido como ciclo “Rankine”. Este ciclo possui algumas modificações que visam aumentar a eficiência de operação da instalação, algumas delas também são discutidas na seqüência. A modelagem termodinâmica do ciclo Rankine, é apresentada a partir da suposição de que os processos que os compõem são reversíveis. A modelagem envolve as seguintes equações. Conservação da massa; Primeira lei termodinâmica (princípio da conservação de energia); Segunda lei da termodinâmica (princípio do aumento da entropia); Propriedades do fluido. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 28 Curso básico de turbina a vapor. As principais transferências de calor e trabalho são ilustradas na figura 21. Para modelagem termodinâmica estabelecem-se as seguintes condições de contorno: Perda de energia por calor entre os componentes e o meio ambiente é desprezada; Os efeitos da energia cinética e potencial são ignorados; Cada componente opera em regime permanente; Cada componente é um volume de controle; Todos os processos são internamente reversíveis; Não existe perda de pressão (condensador, caldeira, tubulações, etc). A equação da primeira lei da termodinâmica, considerando as condições acima, é dada por: . Qvc Wvc m..[hs he ] (3.1) Nesta equação, os índices „vc‟, „e‟ e „s‟ significam volume de controle, entrada e saída, respectivamente. Aplicando a equação (3.1), para cada componente, resulta nas seguintes equações: Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 29 Curso básico de turbina a vapor. . Wt . h1 h2 m Para a turbina a vapor: (3.2) . Q Re j . h3 h2 m Para o condensador: (3.3) . WB h3 h4 . m Para a bomba: (3.4) . Q Ad . Para a caldeira: h1 h4 m (3.5) O trabalho do ciclo calcula-se como: . . Wciclo Wt . m . . m WB . m (3.6) Para o ciclo a eficiência é determinada a partir de: . . Q Ad . m . Q Re j . m . Q Ad Q Re j . (h h3 ) 1 .m 1 2 (h1 h4 ) Q Ad . . m m Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. (3.7) 30 Curso básico de turbina a vapor. É importante salientar que as equações (3.1) até (3.7) se aplicam igualmente onde as irreversibilidades estão presentes, que são os que estão implementados nas instalações reais. No entanto, o ciclo composto por processos reversíveis tem sua importância, uma vez que ele estabelece o limite máximo da eficiência térmica do ciclo Rankine. Para este ciclo, a representação de cada processo é mostrada no dia grama T-s da figura 21. Figura 21 – Diagrama T-s ciclo Rankine ideal Seguindo esta figura, observa-se que os processos envolvidos no ciclo são: Processo 1-2. Expansão isentrópica do fluido de trabalho na turbina; Processo 2-3. Transferência de calor do fluido de trabalho para vizinhança no condensador à pressão constante (estado 3: líiquido saturado); Processo 3-4. Compressão isentrópica do fluido de trabalho na bomba (estado 4: líquido comprimido); Processo 4-1. Transferência de calor do gás da combustão para o fluido de trabalho à pressão constante na caldeira. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 31 Curso básico de turbina a vapor. Em linhas gerais se pode afirmar que, a eficiência do ciclo aumenta, se a temperatura média de fornecimento de calor ao ciclo aumenta e/ ou, a temperatura de rejeição de calor diminui. Na prática, o aumento da temperatura média de admissão de calor consegue-se com o aumento da pressão de operação da caldeira (no caso de geração de vapor saturado). Por outro lado, a diminuição da temperatura de rejeição de calor é conseguida mediante a diminuição da pressão do condensador. As irreversibilidades internas encontradas pelo fluido de trabalho no ciclo Rankine real são: Processo de expansão e compressão; Transferência de energia por calor ao meio ambiente; Perda de pressão (perda de carga): condensador, caldeira, tubulações e conexões; Temperatura de saída do condensador inferior à temperatura de saturação. As irreversibilidades externas encontradas pelo fluido de trabalho no ciclo Rankine real são: Processo de combustão e processo de transferência de calor dos produtos da combustão para o fluido de trabalho; Processo de resfriamento do fluido de trabalho e transferência de energia como o meio ambiente pela água de resfriamento. A seguir, apresentam-se outras formas práticas de aumentar a eficiência do ciclo Rankine. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 32 Curso básico de turbina a vapor. 8.1.1 Rendimento do Ciclo Rankine Conhecendo-se os fluxos de energia e as perdas de calor de cada equipamento principal do ciclo vapor, é possível escrever a equação de balanço térmico do ciclo. Para fins de análise, o turbogerador é definido como o conjunto formado pela turbina a vapor e o gerador elétrico. O termo grupo turbogerador vai definir o turbogerador com os equipamentos auxiliares, ou seja, condensador, aquecedores regenerativos e bombas. Na figura 22 define-se com linhas descontínuas o volume de controle do grupo turbogerador. Assim, uma central termelétrica com ciclo a vapor fica composta por três elementos principais: a caldeira de vapor; as tubulações para o transporte de vapor, para o grupo turbogerador. O balanço de energia que representa os fluxos de energia numa central termelétrica é apresentado a seguir: Figura 22 – volume de controle para cálculo de rendimento do ciclo Rankine Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 33 Curso básico de turbina a vapor. Balanço Total de Energia Considerando os fluxos de energia que entram e saem do volume de controle de uma central termelétrica tem-se: QCTE Welet Qg Qturb Qcond Qtub Qcald (7.1) Onde: QCTE =consumo total de calor na central termelétrica, que corresponde à energia liberada durante a queima na fornalha da caldeira; Welet = potência elétrica produzida pelo gerador elétrico; Qg = perda de potência no gerador elétrico; Qturb = perda internas e mecânicas na turbina; Qcond = perda de calor com a água de refrigeração no condensador da turbina (perdas na fonte fria); Qtub = perdas de calor no meio ambiente através das tubulações, entre o gerador e a turbina; Qcald = perdas de calor na caldeira Ou então, QCTE Welet Qg .turb Qturb Qtub Qcald (7.2) Onde: Qg .turb = perdas no grupo turbogerador ( Qturb + Qg + Qcond ). Considerando que a potência interna da turbina (em kW) é calculada pela equação: Wi Welet . Qg Qmec (7.3) Tem-se que QCTE pode ser escrito como: QCTE = Wi Qcond Qtub Qcald Qint (7.4) O rendimento bruto da central termelétrica (sem considerar o consumo próprio de eletricidade), pode ser calculado como: Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 34 Curso básico de turbina a vapor. CTE Ea a QCTE Ou CTE Welet QCTE a Sendo Ea a produção anual de energia elétrica e QCTE o consumo anual de energia do combustível, calculado como o produto da vazão de combustível pelo seu poder calorífico PCIt. A seguir será apresentado o rendimento típico dos principais componentes de uma central termelétrica, bem como o rendimento total, a partir de cada componente. Rendimento da Caldeira: calcula-se como a relação entre a energia fornecida à água de alimentação para sua conversão em vapor superaquecido e, a energia liberada durante a combustão do combustível. Seu valor de rendimento típico se situa na faixa entre 87 a 95%. Rendimento do transporte de calor: calcula-se como a relação entre a energia do vapor que chega ao grupo turbogerador e, a energia do vapor que sai da caldeira. Valores típicos encontrados em centrais termelétricas variam entre 98 e 99%. Rendimento do grupo turbogerador: é a relação entre a potência elétrica nos bornes do gerador elétrico e, a energia do vapor que chega ao grupo turbogerador. Os valores típicos de rendimento estão entre 42 e 45%. Rendimento total da central termelétrica: compõe-se pelos três rendimentos acima mencionados. Das perdas que afetam diretamente o rendimento de uma central elétrica de condensação, as de maior peso são as perdas no grupo turbogerador. Nesse caso, está incluída a perda fundamental de calor no ciclo de produção de energia elétrica, ou seja, na fonte fria (condensador), que alcança aproximadamente a metade (42 a 50%) do calor gasto. As perdas de calor restantes são consideravelmente menores. Assim, Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 35 Curso básico de turbina a vapor. para um gerador de vapor moderno, é de 6 a 10% e as perdas nas tubulações são de aproximadamente 1%. Portanto, pode-se concluir que o rendimento de uma central elétrica de condensação moderna, varia na faixa de 35,8 a 42,3%. Os diagramas de Sankey apresentam graficamente o balanço energético e exergético de uma central a vapor, como por exemplo, de que forma o fluxo de energia ou exergia química, inicialmente disponível no combustível, sofre a conversão de uma forma de energia em outra nos diferentes equipamentos que compõe o ciclo. Essa conversão inclui também as perdas associadas até a sua conversão final em energia elétrica. O diagrama correspondente ao balanço energético mostra que as maiores perdas no ciclo correspondem à rejeição de calor ao meio ambiente pelo condensador. Já o diagrama de balanço exergético, associa as maiores perdas ao processo de combustão e de transferência de calor entre os gases quentes e o fluido de trabalho, nas superfícies da caldeira. Isto é conseqüência da alta irreversibilidade destes processos. Rendimento Líquido: é o rendimento que considera o consumo próprio de energia dentro de uma central termelétrica (para atendimento de insumos próprios). a. Superaquecimento e Reaquecimento O superaquecimento e o reaquecimento do vapor são alternativas, que visam aumentar o desempenho térmico do ciclo Rankine reais. Um efeito secundário que se tem com o resultado destes, é o aumento do título do vapor1 na saída da turbina, o qual não deve ser inferior a 0,85. O superaquecimento envolve o aquecimento do vapor saturado para vapor superaquecido, recebendo calor no superaquecedor da caldeira. Por outro lado, no reaque1 A propriedade título do vapor „x‟ expressa a relação entre a massa do gás (vapor) e a massa total da mistura, ou seja: x mg m g mL Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 36 Curso básico de turbina a vapor. cimento, o vapor que sai do estágio de alta pressão da turbina retorna à caldeira para ser novamente aquecido. A figura 23 mostra o esquema térmico simplificado de um ciclo Rankine ideal onde estão colocadas as alternativas de superaquecimento (processo 6-1) e reaquecimento (processo 2-3). Ao lado apresenta-se o diagrama T-s para esta instalação, destaca-se neste caso, o aumento de trabalho obtido no ciclo devido ao uso de reaquecimento. Compara-se também a posição do ponto 4‟ com relação ao ponto 4, observando-se o aumento do título do vapor na saída da turbina. Figura 23 – Ciclo Rankine com reaquecimento Os limites práticos da temperatura de reaquecimento do vapor estão determinados pela resistência dos materiais empregados na construção dos superaquecedores e re-aquecedores. No caso do superaquecimento, este limite também é imposto pela resistência dos materiais empregados na construção da turbina a vapor. b. Regeneração Com a regeneração visa-se o aumento da eficiência térmica do ciclo Rankine a partir do preaquecimento da água de alimentação de caldeira. Os equipamentos utilizados para este propósito são os aquecedores de água de alimentação de caldeira, conhecidos também como aquecedores regenerativos. Os aquecedores regenerativos podem ser do tipo aberto ou fechado. A figura 24 mostra o esquema de uma instalação a vapor com um aquecedor regenerativo do tipo fechado. Ao lado apresenta-se o diagrama T-s para esta instalação. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 37 Curso básico de turbina a vapor. Figura 24 – Aquecedor regenerativo do tipo fechado Para o ciclo com regeneração apresentado podem-se destacar as seguintes características: Extração entre os dois estágios da turbina a uma pressão p2; Mistura do vapor da extração com líquido sub-resfriado da bomba; O líquido em 6 líquido saturado; A extração reduz o consumo de combustível. É importante saber que a vazão de vapor na extração da turbina deve ser controlada de maneira que reduza a quantidade de combustível consumida na caldeira pelo efeito do preaquecimento da água, sem que afete significativamente o trabalho produzido na turbina, o que resultaria numa queda de eficiência térmica do ciclo. Nas instalações reais, também existem dois tipos de aquecedores regenerativos de água de alimentação, como mostra a figura 25. As características principais de aquecedor do tipo fechado são: Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 38 Curso básico de turbina a vapor. Não há mistura do vapor com a água de alimentação de caldeira; Água aquece e o vapor condensa; Figura 25 – exemplo de disposição de aquecedores regenerativos em instalações reais A remoção do condensado do aquecedor regenerativo de água alimentação pode ser realizada de duas maneiras: Usando uma bomba que envia o condensado para um ponto de alta pressão no ciclo; Usando um purgador que envia o condensado para um ponto de baixa pressão no ciclo (condensador). O efeito principal do aquecimento regenerativo, pode ser explicado tanto com base na redução da vazão de vapor que chega ao condensador e, a redução das correspondentes perdas na fonte fria, como pelo aumento da temperatura média termodinâmica de fornecimento de calor ao ciclo. Assim, o aquecimento regenerativo aumenta consideravelmente o rendimento do ciclo vapor, razão pela qual é utilizado nos esquemas de todas as centrais termelétricas. A decisão sobre a temperatura final de aquecimento da água baseia-se numa análise técnico-econômica, tomando em consideração o aumento da eficiência do ciclo e o custo dos aquecedores. Para uma central termelétrica com parâmetros médios do vapor, a temperatura final da água de alimentação, geralmente, é estabelecida na faixa de 150 a 170 ºC. Para uma central termelétrica de altos parâmetros, esta temperatura fica na faixa de 225 a 275ºC. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 39 Curso básico de turbina a vapor. 9 OPERAÇÃO DE TURBINAS A VAPOR Neste tópico abordaremos a operação da turbina a vapor, considerando utilização da mesma em aplicações de ciclo combinado. Desta forma será possível apresentar em detalhes algumas especificidades desta aplicação. Em uma central termelétrica de ciclo combinado que opere com gás natural ou óleo diesel é construtivamente e operativamente mais simples que uma central a vapor que utiliza carvão mineral como combustível. Na central de ciclo combinado a gás ou a óleo não existem ventiladores de tiragem induzida e forçada, moinhos pulverizadores, sistemas de remoção de cinzas ou sistemas externos para controle de emissão de poluentes, etc. No entanto, numa unidade de geração termelétrica de ciclo combinado, podem existir outros equipamentos que nem sempre são utilizados nas centrais termelétricas a vapor convencionais. Estes componentes são: sistemas de bypass da turbina a vapor e do gás da caldeira de recuperação (CR), sendo que o último não é implementado em todos os casos pelo custo que tem associado. Os demais equipamentos de central de ciclo combinado são os mesmos para uma central térmica convencional. Estes equipamentos são: condensador, sistema de água de circulação, tratamento de água, equipamentos elétricos auxiliares, etc. O sistema de bypass da turbina a vapor consiste numa tubulação com uma válvula que permite desviar diretamente o vapor da CR de recuperação para o condensador. Este sistema facilita a partida da central, permitindo o aquecimento gradual da turbina a vapor, bem como seu acomodamento à carga de operação. O sistema de bypass do gás da CR consiste num damper que desvia os gases de escape da turbina a gás para uma chaminé adicional, evitando sua passagem parcial ou total através da mesma. Este sistema permite isolar a operação da turbina a gás do resto central e operá-la por separado. Além disso, facilita o aquecimento da CR e sua entrada em operação, junto à sua operação em cargas parciais, uma vez que permite diminuir a vazão de gás que passa através das superfícies de troca de calor. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 40 Curso básico de turbina a vapor. O sistema de controle de uma central de ciclo combinado comanda a operação da turbina a gás, da CR, e da turbina a vapor, assim como as bombas, válvula e motores. O sistema de controle de central termelétrica de ciclo combinado opera calculando a contribuição de potência da turbina a gás e da turbina a vapor, fazendo com que a soma das duas seja igual á carga demanda da unidade. Isto é conhecido como bloco de controle de carga. A ação sobre o bloco de controle de carga pode ser feita pelo operador, ou a partir de um controle remoto pelos operadores do sistema elétrico (se a usina participar do Controle Automático de Geração). O sinal de carga recebido é enviado aos grupos turbogeradores para entrarem na nova condição de carga. 9.1 Partida e parada da turbina a vapor em instalações de Ciclo Combinado O procedimento de partida e parada das centrais termelétricas de ciclo combinado é definido pelo projeto e configuração das mesmas, isto é, de acordo como o número de unidades geradoras e sua configuração em mono ou múltiplos eixos. Vejamos a seqüência de uma central de ciclo combinado de potência e arranjo de múltiplos eixos (2 turbinas a gás, 2 caldeiras de recuperação de calor e uma turbina a vapor): 9.1.1. Preparação para partida Realiza-se uma inspeção de todos os equipamentos principais e auxiliares. Durante a inspeção é necessário conferir se todos os trabalhos de manutenção ou montagem foram realizados. Verifica-se também o fechamento hermético das janelas de inspeção e registros de inspeção da caldeira. Verifica-se e preenche-se a documentação necessária com antecedência. Conexão e teste de todos os aparelhos de medição, controle e comando, alarmes, sinalização e meios de comunicação. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 41 Curso básico de turbina a vapor. Conferem-se a condição técnica e a posição de todas as válvulas de vapor e água (caldeiras de recuperação e ciclo água-vapor). Preparação para partida e teste do sistema de lubrificação (fornecimento de óleo às turbinas a gás e turbina a vapor), com atenção especial ao sistema de segurança e ao sistema auxiliar de óleo de lubrificação. Inicia-se a operação em giro lento das turbinas a gás e turbinas a vapor. Esta operação se faz necessária para corrigir uma eventual flecha no eixo do conjunto turbogerador, e desta forma previne-se níveis de vibração inadmissíveis durante a partida. Verifica-se a preparação do gerador elétrico e todos os seus sistemas. Completa-se com água o tanque de água de alimentação de caldeira, bem como o poço quente do condensador. Completa-se o nível do tambor de separação das caldeiras de recuperação até o nível de acendimento. 9.1.2. Partida da Turbina a Vapor Partida do compressor de gás natural (se houver); Ventilação (purga) da caldeira de recuperação (CR) mediante a operação do gerador da turbina a gás em regime motor (a CR não possui sopradores e exaustores); Partida da turbina a gás; Sincronização do gerador da turbina a gás (com uma potência mínima definida pelo fabricante); Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 42 Curso básico de turbina a vapor. Realização de vácuo no condensador, na turbina a vapor e no sistema de tubulações; Aquecimento da CR até que a temperatura dos gases atinja entre 285-305°C; Envio do vapor gerado na CR através de um bypass para o condensador. Este bypass geralmente tem capacidade para permitir a passagem da vazão nominal do vapor. Assim é possível operar a turbina a gás com a turbina a vapor desligada; Quando forem atingidos os parâmetros mínimos do vapor definidos nas instruções de operação, procede-se à rolagem da turbina a vapor; o A rolagem da turbina é uma das operações de maior responsabilidade durante a operação do bloco energético. Precisamente, é o estado da turbina que condiciona a velocidade de partida da mesma. O fornecimento inicial de vapor para turbina é feito mediante a abertura das válvulas de regulação, de forma que seja atingida uma baixa rotação. Como em baixas rotações não há formação efetiva de um filme de lubrificação de óleo nos mancais que garanta a lubrificação dos mesmos, para evitar atrito seco e conseqüente desgaste da superfície do metal patente, deverá ser criada uma cunha estável de óleo nos mancais através de uma bomba auxiliar de alta pressão. Os parâmetros iniciais de fornecimento de vapor deverão ser suficientes para aumentar a rotação até o primeiro patamar de estabilização, onde será mantida durante um tempo de 10 a 50 minutos, para aquecimento e monitoramento e, após, para o aumento rápido da rotação até o valor nominal. O posterior aumento da rotação até seu valor nominal ocorre de forma contínua com uma passagem rápida pelas velocidades críticas, onde acontece a ressonância do rotor, uma vez que a grande maioria das turbinas modernas tem rotor flexível, ou seja, com velocidades menores que a velocidade de operação. Durante a partida é indispensável monitorar a evolução dos valores do deslocamento axial e excentricidade do rotor, do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 43 Curso básico de turbina a vapor. deslocamento axial da turbina, da dilatação diferencial rotor/carcaça. O diferencial de temperatura entre a parte superior e inferior das turbinas de alta é média pressão não deve superar 50 °C. Ao atingir rotação nominal, as válvulas de regulação passam a ser comandas pelo regulador de velocidade da turbina para manter a freqüência da turbina no valor ajustado para operação. O sistema de lubrificação, neste momento, passa a operar utilizando a bomba principal, ou seja, passa ao regime normal de operação. É necessário fechar todas as drenagens das seções da turbina e das tubulações de vapor, verificar o nível de vibrações dos mancais e verificar a operação dos equipamentos auxiliares. Ligam-se os sistemas de resfriamento e de excitação do gerador. Sincronização do gerador da turbina a vapor; o No momento de fechamento do disjunto de sincronismo da unidade à rede é necessário que o gerador esteja em fase com o sistema elétrico, ou seja, com mesma tensão, mesma freqüência e mesma fase. A partir deste momento, a unidade está entregue ao operador do sistema. No entanto, o carregamento da unidade para o aumento ou redução de carga é realizado pelo pessoal de operação da central, obedecendo às curvas de partida constantes das instruções de operação, até o momento em que se estabelecerem as condições de operação nominais da unidade. Carregamento da turbina a vapor até potência nominal; o O carregamento da turbina será função da temperatura do rotor depois do sincronismo do gerador. Geralmente o carregamento é controlado automaticamente pelo regulador de potência da máquina. O gradiente de carga poderá ser limitado por baixa pressão de vapor na admissão e tensão térmica elevada. Durante o carregamento da unidade também podemos destacar os seguintes parâmetros principais que devem estar submetidos a uma monitoração constante: Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 44 Curso básico de turbina a vapor. Dilatação diferencial rotor/carcaça, que não deve ultrapassar os valores estabelecidos pelo fabricante. Os rotores, tendo menos massa que a carcaça e uma superfície maior, aquecem mais rápido e, por isso, sua dilatação pode superar a da carcaça, o que pode levar ao engripamento na seção de fluxo das selagens; A dilatação absoluta das carcaças das diferentes seções da turbina; A temperatura do metal das tubulações; A vibração dos mancais da turbina, pelos quais é possível avaliar a vibração dos rotores; As expansões térmicas dos painéis, tubos da caldeira e tubulações, pelas marcas de referência; A temperatura do metal do superaquecedor de vapor; Os níveis de água do condensador e desaerador, e para as caldeiras de circulação natural, o nível do tambor; A pressão de óleo no sistema de lubrificação, temperatura do óleo e dos casquilhos dos mancais. 9.1.3. Particularidades da partida desde o Estado Não-resfriado O principal cuidado durante a partida de unidades e grupos turbogeradores quentes é garantir que o fluido de trabalho fornecido à turbina não tenha temperaturas inferiores à do metal da mesma, o que pode levar a rápidas contrações na turbina, gerando grandes tensões térmicas, resultando no engripamento da seção de fluxo e deformação dos flanges. Na turbina a vapor esta limitação é mais sensível, por isso, antes de ser iniciada a rolagem da turbina, a temperatura do vapor deve ultrapassar a temperatura do metal na seção de entrada de vapor em 50-70ºC. A partida começa com a criação de vácuo no condensador, para o qual é injetado vapor ao ejetor e aos selos da turbina. A fim de evitar o resfriamento abrupto do rotor, o vapor é injetado nos selos dianteiros da turbinas de alta e média pressão a uma temperatura em torno de 400 ºC. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 45 Curso básico de turbina a vapor. A rolagem da turbina não é permitida com uma diferença de temperatura entre a parte superior e inferior da carcaça maior do que 50ºC. Nas plantas de ciclo combinado modernas, geralmente existe um módulo de controle específico para monitoramente de tensão térmica da turbina. A saída deste módulo de controle poderá limitar o gradiente de aceleração durante a rolagem da turbina e, de carga, durante o carregamento da mesma. Em casos extremos, onde ocorra de violação dos limites máximos admissíveis de tensão térmica, poderá ocorrer desligamento intempestivo da turbina para manutenção da integridade da máquina. Após o sincronismo da turbina, o carregamento é feito em degraus de potência, por exemplo, 10%/min para o controle de vibração dos rotores e o alongamento relativo. Nas turbinas a gás, geralmente são limitadas as tentativas de partida a quente. Isto é feito para mitigar o efeito da tensão térmica causada pela operação de purga da caldeira de recuperação (quando o gerador elétrico opera em modo motor acionado o compressor da turbina a gás, e desta forma fornecendo o volume de ar suficiente para remoção de gases de combustão residuais na seção de fluxo da CR). A Alstom Power, por exemplo, limita a 2 o número de tentativas de partida a quente, caso ocorram duas falhas consecutivas são necessárias 12 horas de operação em giro lento até que seja liberada nova seqüência de partida. A duração da partida de uma central de ciclo combinado dependerá de vários fatores, entre os quais os mais importantes são: Horas de parada (estado térmico); Tipo de caldeira de recuperação (fluxo vertical, horizontal, circulação natural, circulação forçada); Tipo de combustível e potência da unidade. 9.1.4. Parada da turbina a vapor Em função das causas, temos os seguintes tipos de paradas; Parada em reserva. Realiza-se sem resfriamento da turbina a vapor e da CR; Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 46 Curso básico de turbina a vapor. Parada da unidade para realização de serviços de manutenção na caldeira e tubulações principais. O resfriamento realiza-se na caldeira e tubulações; Parada de unidade para realização da manutenção total programada ou manutenção corrente da unidade. Realiza-se o resfriamento de todos os equipamentos, principalmente da turbina a vapor, já que disto depende o prazo para início dos trabalhos de manutenção; Parada de emergência. Realiza-se sem uma preparação preliminar. Analisando-se especificamente a turbina a vapor, para qualquer tipo de parada, com exceção da parada de emergência, é necessário desligar a unidade das tubulações e linhas de transmissão gerais da central, verificar a disponibilidade operativa das bombas de óleo de partida, reserva e emergência. A diminuição de carga é realizada com a redução de produção de vapor na CR junto à diminuição gradual de potência da turbina a gás associada. A velocidade de redução de carga é determinada principalmente pela velocidade de diminuição da temperatura do tambor da CR (até 2,5 °C/min), no entanto, é necessário também controlar a velocidade de resfriamento da tubulação de vapor e da turbina e o encurtamento relativo do rotor. Fechando as válvulas de regulagem, a carga da turbina é levada até zero e, em seguida, aciona-se a válvula de parada da turbina. Logo após o fechamento de todas as válvulas, e na ausência de carga elétrica, desconecta-se o gerador da rede. Com isto a operação em regime de motorização deverá ultrapassar 4-5 minutos. Quando a rotação diminui em torno de 10%, liga-se a bomba de óleo de partida e, após a diminuição do vácuo a zero, interrompe-se a injeção de vapor aos selos. Durante a diminuição da rotação, na parada da turbina, é muito importante levantar a curva de rotação residual do rotor, ou seja, relação entre a velocidade de rotação e o tempo até acontecer a parada total da máquina. Esta curva é muito informativa. Uma parada acelerada do rotor nos permite dizer que o trabalhos dos Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 47 Curso básico de turbina a vapor. mancais não é satisfatórios. Um aumento no tempo de parada em comparação com o normal, diz sobre possíveis fugas nas válvulas de fornecimento de vapor. A fim de garantir o resfriamento homogêneo da turbina, esta é mantida em rotação com o mecanismo de giro lento, que só poderá ser desligado quando a turbina for considerada fria (temperatura informada pelo fabricante). Uma vez que durante o resfriamento os rotores menos macios se resfriam mais rápido do que a carcaça, especialmente os flanges da turbina, é necessário um controle constante do encurtamento relativo dos rotores para evitar engripamento na seção de fluxo e nas seções de selagem. Nas centrais termelétricas de ciclo combinado, toda a seqüência de partida e parada das unidades geradoras e sistemas auxiliares, é realizada em modo automático via sistema de controle da planta. Entretanto, o pessoal de operação deve estar familiarizado com as seqüências de operação e os fenômenos específicos de cada processo, de forma a garantir uma rápida intervenção em caso de falha no sistema de controle. 10 CONTROLE DE TURBINAS A VAPOR Neste curso iremos abordar os sistemas de monitoramento e controle básicos encontrados tipicamente em turbinas a vapor de aplicação em instalações de ciclo combinado de médio e grande porte. De maneira geral, principal diferença com respeito ao monitoramento e controle das instalações de ciclo combinado quando comparadas aquelas de térmicas convencionas, se concentra nos sistemas associados aos sistemas de combustível e seus acessórios, já que para a caldeira, a turbina a vapor, o condensador e os sistemas de resfriamento, os sistemas de controle guardam uma correspondência muito grande entre si. As unidades em ciclo combinado são as mais eficientes centrais termelétricas existentes na atualidade. A eficiência destas configurações tem atingido valores da ordem de 60%, em função principalmente do grande desenvolvimento tecnológico das turbinas a Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 48 Curso básico de turbina a vapor. gás, que tem proporcionado elevados rendimentos destes elementos e das temperaturas de trabalho alcançadas. De uma maneira geral e usual, as centrais termelétricas em ciclo combinado são compostas por uma ou mais turbinas a gás e uma turbina a vapor, sendo que cada turbina aciona um gerador próprio (no arranjo de múltiplos eixos – na configuração em eixo simples, as duas máquinas térmicas acionam o mesmo gerador). Os gases de exaustão das turbinas a gás são direcionados para uma ou mais caldeiras de recuperação, de onde se obtém vapor, que pode ser gerado em diversos níveis de pressão e temperatura, dependendo da configuração considerada. Este vapor é utilizado, finalmente, para alimentar a turbina a vapor. a. Funções de Controle As funções de controle das turbinas a vapor modernas, geralmente estão divididas em módulos de software logicamente independentes, conforme listado abaixo: Controlador base Controlador automático Posicionadores de válvulas Interfaces padronizadas O controlador da turbina é conectado a um barramento local comum e integrado em um gabinete. A fim de aumentar a confiabilidade das instalações, o controlador geralmente consiste de dois controladores redundantes (principal e retaguarda). Os dois controladores têm a estrutura idêntica. Para operação da turbina, no entanto, geralmente é necessário somente um dos controladores, enquanto o outro fica em modo retaguarda. Se o controlador principal falha, o retaguarda assume automaticamente e a unidade com defeito pode ser reparada sem a necessidade de desligar a máquina. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 49 Curso básico de turbina a vapor. A estrutura do controlador da turbina a vapor consiste essencialmente dos controladores base e automático. O primeiro é utilizado principalmente para operação manual (ex. durante o comissionamento), enquanto o último tem um alto grau de automação. i. Controlador Base É designado para operação manual. Contempla todas as funções requeridas para operação segura da turbina a vapor em modo manual. Os principais valores de referência tais como velocidade e posição das válvulas de controle de admissão de vapor podem ser ajustados manualmente, no entanto em operação normal estes valores de referência são dados pelo controlador automático. Um controlador base consiste essencialmente de controle de velocidade, controle da posição das válvulas de admissão de vapor e extração (quando aplicável) cujos valores de referência podem ser ajustados manualmente. O sinal de posicionamento para as válvulas de controle de admissão de vapor (valor de referência de fluxo de vapor) é o somatório da saída do controlador de velocidade e o valor de referência das válvulas de controle de admissão de vapor. As principais medidas requeridas pelo controlador base são: Velocidade da turbina; Pressão do vapor; Pressão do vapor de extração; Pressão de exausto da turbina de baixa pressão; Temperaturas para proteção de ventilação da turbina; Temperatura de exausto da turbina de alta pressão. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 50 Curso básico de turbina a vapor. A medição de velocidade da turbina; a medição de pressão do vapor de extração e a medição de pressão de exausto da turbina de baixa pressão geralmente são redundantes com três canais de medição. Isto se deve ao fato de que o sistema de proteção das turbinas a vapor modernas geralmente trabalha com filosofia de votação 2 de 3; as demais medições principais supracitadas são normalmente redundantes com dois canais. Para reduzir o número de paradas espúrias da turbina, um sistema de supervisão detecta e desabilita canais em distúrbio e dispara um alarme na sala de operação. Por segurança, a turbina a vapor é desligada se dois canais de uma medição vital estão em distúrbio. As funções principais de um controlador base estão elencadas abaixo: Partida manual Sincronização Operação em carga Linearização das características das válvulas Limitação da redução de pressão do vapor de alta pressão Limitação da aceleração Controle das válvulas de extração (se houver) Supervisão da ventilação das turbinas de alta e baixa pressão 1. Controlador de velocidade O controle de velocidade das turbinas a vapor geralmente é feito por meio de um controlador Proporcional /Integral quando opera em modo sem carga e como controlador proporcional quando em carga. O droop do controlador pode ser ajustado via ferramenta de engenharia, alterando o parâmetro no software numa faixa entre 3% a 8%. O valor de referência da velocidade pode ser ajustado manualmente pelo operador ou automaticamente com o programa de partida, que e parte de um controlador automático. O valor corrente do sinal de feedback é selecionado a partir de três circuitos de medição de velocidade independentes. Desta forma um sinal em distúrbio pode ser descoCentro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 51 Curso básico de turbina a vapor. nectado automaticamente. Uma banda morta de freqüência torna-se automaticamente ativa no nodo de operação em carga. O valor da banda morta é geralmente ajustado entre +-1%do valor nominal de freqüência de acordo com a especificação do cliente. Está banda morta de freqüência só é desligada temporariamente quando é detectado distúrbio na rede, a fim de prevenir sobrevelocidade. Um limitador de aceleração ajuda o controlador de velocidade em caso de aumento de velocidade. 2. Controle de Partida O processo de partida das turbinas modernas é realizado de maneira totalmente automatizada. A fim de garantir uma seqüência de partida rápida e que ao mesmo tempo assegure a integridade da turbina, existe um controlador parametrizado como toda a rotina de rolagem da máquina passo a passo. De maneira geral, o valor de referência da velocidade pode ser alterado pelo operador, ou automaticamente pelo programa de partida, que é parte do controlador automático. A descrição feita a seguir é valida para uma operação manual. O valor de referência da velocidade é ajustado manualmente. A faixa máxima de incremento do valor de referência é geralmente de 50%/min para operação manual. Contudo o operador deve ajustar o valor de referência cuidadosamente. O valor de referência da velocidade está tipicamente sujeito a um limite de 102% durante operação normal. A taxa de incremento de velocidade é limitada por um limitador de aceleração em 100%/min. O sinal de saída negativo do limitador de aceleração é então amplificado e adicionado ao sinal de saída do controlador de velocidade, reduzindo a abertura das válvulas de controle de admissão de vapor. Medidas são tomadas para garantir que o limitar de aceleração atue somente na direção de fechamento das válvulas de admissão de vapor. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 52 Curso básico de turbina a vapor. Quando ocorre desarme da turbina e a mesma é rearmada imediatamente, um integrador de valor de referência de velocidade registra o valor corrente por alguns instantes. Então o integrador mantém este valor como valor de referência e o controlador mantêm a velocidade constante. 3. Controle de Sincronização Depois de atingir a velocidade nominal, a turbina a vapor deve ser sincronizada com a rede. Isto pode ser realizado automaticamente por meio de um sincronizador automático, que não é parte integrante do controle da turbina. Para que o sincronismo aconteça é necessário que as seguintes condições ocorram simultaneamente; mesma tensão, mesma freqüência e ângulo de fase. O ajuste da tensão é feito por meio de um equipamento chamado Regulador Automático de Tensão. Este equipamento toma como valor de referência a tensão da rede e, por meio de variação da corrente de excitação do gerador, ajusta a tensão nos terminais do gerador para coincidir com o valor da rede. Para fazer o ajuste de freqüência, o regulador de velocidade da turbina toma como referência o valor de freqüência da rede e, ajusta o fluxo de vapor para ajustar a velocidade de rotação do eixo. Geralmente, os dispositivos de sincronização automática estão incorporados ao sistema de controle da planta, de forma que a manobra de sincronismo ocorre de forma totalmente automatizada, entretanto tais sistemas também contam com painéis de controle local, de onde o comando para aumentar ou reduzir a velocidade ou a tensão da máquina pode ser enviado manualmente pelo operador. O fechamento do disjuntor de sincronismo só ocorre quando as três condições citadas anteriormente estão presentes, pois só desta forma o relé de verificação de sincronismo (função ANSI nº 25) libera a energização da bobina de fechamento do disjuntor. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 53 Curso básico de turbina a vapor. Antes da sincronização, o valor de referência de carga é mantido em 0%. Desta forma o controlador de carga não responde às ordens de “carregar” e “descarregar” a turbina. Entretanto, assim que ocorre o sincronismo, o fluxo de vapor é incrementado automaticamente em 2% e, conseqüentemente eleva-se para 2% o valor de referência de carga. Ao mesmo tempo o limite superior do integrador do valor de referência de carga é chaveado para a faixa entre 0% e 105% e, saída controlador de velocidade é derrubada a 0%. Como resultado a posição das válvulas e, portanto o fluxo de vapor é 2% maior do que antes da sincronização. Estes 2% adicionais são a carga mínima requerida para a turbina após o sincronismo a fim de evitar a abertura do disjuntor do gerador por atuação do relé direcional de potência (função ANSI nº 32). Depois do carregamento automático da turbina para a carga mínima, o processo de elevação de carga pode prosseguir de duas formas; através de ajuste manual do valor de referência de carga, feito pelo operador ou, automaticamente por meio do programa de carga do controlador automático. 10.1.1.4 Operação em Carga Na maioria das turbinas modernas, o valor de referência da posição das válvulas de controle de admissão de vapor pode ser ajustado manualmente pelo operador, ou automaticamente ligando o programa de carga, que é parte do controlador automático. A descrição feita a seguir é válida apenas para operação manual. A carga da turbina é controlada por meio de um integrador de valor de referência para a posição das válvulas de controle de admissão de vapor. A saída deste integrador é multiplicada com o sinal de saída de pressão de vapor com retardo, produzindo valor de referência do fluxo de vapor para o programa de carga. Este produto é adicionado à saída do controlador de velocidade e dividido outra vez pelo sinal de pressão do vapor Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 54 Curso básico de turbina a vapor. vivo (Este processamento do sinal garante que o droop do controlador de velocidade seja independente da Pressão de vapor o que resulta em alta estabilidade do controlador). O resultado é o valor de referência para área de abertura da válvula de controle de admissão de vapor. De posse da curva característica da válvula é possível transformar este valor de referência no valor de ajuste para posição de abertura da válvula (Linearização: sinal de posição x fluxo de vapor). 4. Limitador de Pressão de Vapor e Gradiente de carga Um limitador de pressão de vapor e gradiente de carga é utilizado para prevenir uma queda brusca da pressão da caldeira, o que pode causar picos de queda de temperatura do vapor, acarretando o aumento da tensão térmica da turbina. Geralmente o limitador permite no máximo -10% de variação na pressão do vapor (sob condições normais) e limita o gradiente de carga a -3%/minuto. Desta forma, quando a pressão de vapor atinge o valor mínimo, o limitador evita que a pressão de vapor fique abaixo do valor de referência ajustado. Isto é feito por meio de redução do gradiente de carga, quando do carregamento da turbina ou, redução de potência quando na operação em carga base. O limitador atua no limite superior do integrador do valor de referência de carga. 5. Gerador de Valor de Referência de Temperatura do Vapor Num procedimento de partida a frio de turbinas a vapor, sempre haverá inércia térmica para o aquecimento do envelope metálico, e o tempo de partida, dependerá do estado térmico da turbina. A fim de assegurar procedimentos de partida e carregamento otimizados, um controlador automático pode gerar valores de referência para temperatura do vapor. Esta temperatura é controlada por meio de injeção de água na saída do superaquecedor das caldeiras de recuperação, tal dispositivo é conhecido como desu- Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 55 Curso básico de turbina a vapor. peraquecedor ou atemperador. O valor de referência é gerado dependendo do valor de temperatura média do rotor. Durante a partida o valor de referência de temperatura é constante, enquanto muda em direção à temperatura nominal durante o carregamento, com gradiente definido pela temperatura inicial do rotor. 6. Controle das Válvulas de Admissão de Vapor Um conjunto de válvulas de admissão de vapor tipicamente é composto por dois conjuntos, contendo cada um uma válvula de parada rápida e uma válvula de controle de admissão de vapor. A válvula de parada rápida possui apenas duas posições, aberta ou fechada, quando em operação tais válvulas operam totalmente abertas. Por outro lado, a válvula de controle pode assumir valores discretos de 0% a 100%. Em instalações de ciclo combinado, as turbinas a vapor tipicamente trabalham com pressão fixa durante a partida e pressão deslizante, quando em regime. No modo pressão deslizante, as válvulas de parada rápida e de controle de fluxo de vapor, trabalham totalmente abertas. Tais válvulas podem trabalhar muito tempo sem fazer modulação, para certificar seu correto funcionamento, o sinal de posicionamento para cada válvula de controle é transmitido por um seletor de mínimo nos quais atuam dois integradores. Tais integradoras têm a finalidade de assegurar que um teste de movimentação completa de um conjunto de válvulas de admissão de vapor possa ser realizado sem prejuízos para operação da unidade. A saída dos integradores normalmente assume o valor de 105%. Em caso de teste das válvulas, a saída e reduzida suavemente até zero. O sinal de posicionamento transmitido para a malha de controle das válvulas correspondentes é então reduzido e as válvulas de controle fecham. Após o teste, a saída do integrador retorna a 105% e as válvulas de controle principais abrem novamente. Os controladores de posição das válvulas de admissão de vapor servem ao propósito de ajuste da abertura das válvulas de controle da turbina de acordo com o valor de referência do controlador da turbina a vapor. Um conversor eletro-hidráulico converte Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 56 Curso básico de turbina a vapor. o sinal de saída dos controladores de posição das válvulas em pressão hidráulica para o posicionador da válvula. Os valores correntes de posição das válvulas de controle são enviados como fedback para os controladores de posição das válvulas para fechar a malha de controle. 7. Controle de Extração Dependendo da aplicação, um controle de extração poderá assumir diversas configurações. Neste curso iremos tratar de controle de extração para turbinas de condensação com extração para aplicações de co-geração. Em tais aplicações, de maneira geral, a variável de controle é a pressão na linha de vapor de processo. Desta, forma, deverá sempre ocorrer um balanço entre a demanda de vapor para o processo e a demanda de energia elétrica despachada pela turbina. Na prática, pode ser estabelecida uma prioridade para o sistema de controle, desta forma, por exemplo, quando a prioridade for exportação de vapor, a pressão na linha de vapor de processo poderá ser mantida em detrimento da potência gerada pela turbina. As válvulas de controle de pressão de vapor para o processo externo, geralmente estão totalmente abertas durante as operações de partida e carregamento da turbina a vapor. A pressão de vapor de extração poderá ser controlada por meio de ajuste manual do valor de referência para as válvulas de controle de extração. Em modo automático as válvulas de controle de extração são controladas através de um controlador de pressão de extração que gera automaticamente o valor de referência para as válvulas de controle. Na ocorrência de temperatura de ventilação das turbinas de alta /baixa pressão muito elevadas, um limitador de ventilação abrirá totalmente as válvulas de controle de extração. Com isso, o fluxo de vapor no interior da turbina aumenta, limitando a temperatura de ventilação. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 57 Curso básico de turbina a vapor. ii. Controlador Automático Um controlador automático consiste essencialmente de um programa de partida e programa de carga. O valor de referência de velocidade do programa de partida é alimentado diretamente para o controlador base, no entanto o valor de referência de do programa de carga passa antes pelos limitadores. O menor valor de saída dos limitadores é que irá ser alimentado ao controlador base. O controle sobreposto atua da mesma forma e sobrepõe o programa de carga quando é ligado. Resumidamente, é possível afirmar que o controlador automático destina-se a prover ao operador mais conforte e alívio de certas funções de controle. Basicamente este controlador destina-se a gerar os valores de referência para os principais controles da turbina, substituindo a função do operador. Suas principais funções são: Programa de partida automática da turbina a vapor o Rolagem automática da turbina; o Carregamento e descarregamento automático. Controle sobreposto o Controle de pressão de extração o Controle de pressão inicial; Limitadores o Descarregamento forçado devido à tensão térmica; o Descarregamento rápido; o Limitador de pressão da câmara de admissão de vapor da turbina; o Limitador de pressão de vapor; Avaliação de tensão térmica Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 58 Curso básico de turbina a vapor. Todos os valores de saída do controlador automático devem ser supervisionados quanto a sinais de distúrbio, de forma que se possa garantir a operação segura da turbina em caso de distúrbio do controlador automático. 1. Características do Programa de partida O programa de partida é usado para levar a turbina da condição de giro lento até velocidade nominal, automaticamente. Sua saída é o sinal de valor de referência de velocidade para o controlador de velocidade. A taxa de mudança de velocidade depende da média calculada da temperatura do rotor na hora da partida, a tensão térmica corrente e as faixas de velocidade crítica do turbogerador. O programa de partida pode ser iniciado pelo operador através da Interface HomemMáquina (IHM) em estações dedicadas para turbina a vapor, ou em salas de controle central. Apesar de o sistema de partida estar totalmente automatizado, o operador pela sua experiência, poderá introduzir uma pausa no processo de partida. Geralmente é possível desligar o programa de seqüência automática de partida, assim a aceleração é interrompida, e a máquina permanecerá na mesma velocidade. Entretanto, por questões de segurança, existem lógicas que assegurem que, se o programa for desligado dentro de uma faixa da velocidade crítica, a velocidade da turbina seja elevada automaticamente acima da faixa crítica para evitar vibrações excessivas. O programa de partida executa as seguintes tarefas: Ajuste de valor de referência para o controlador de velocidade; Seleção automática do gradiente de aceleração durante a rolagem da turbina; Supervisão das faixas de velocidade crítica; Limitação por tensão térmica. 2. Características do Programa de Carregamento Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 59 Curso básico de turbina a vapor. Um programa é utilizado para promover o carregamento automático da turbina. A parte principal do programa de carga é o integrador de valor de referência com duas entradas principais: Uma para valor de referência de carga, e outra, para o gradiente de carga. O gradiente de carga geralmente pode ser ajustado pelo operador. O sistema de controle de carga consiste de um programa de carga, um controle sobreposto e limitadores que reduzem a carga da turbina em caso de mau funcionamento de sistemas externos. O programa de carregamento executa as seguintes tarefas: Ajuste automático do valor de referência para carregamento da turbina; Seleção automática do gradiente de carregamento; Limitação por tensão térmica. A fim de garantir operação segura da turbina quando em operação via controlador automático, são implementados limitadores para assegurar os limites de operação segura das principais funções de controle. Abaixo, são apresentadas as funções de cada limitador disponível para controles de turbinas a vapor: Limitador de pressão da câmara de admissão de vapor da turbina – limita a potência de saída da turbina, a fim de prevenir sobrecarga do gerador elétrico; Descarregamento térmico forçado – reduz o fluxo de vapor em caso de tensão térmica elevada no rotor da turbina; Descarregamento rápido – reduz o fluxo de vapor em caso de nível muito alto no condensador; Limitador de pressão do vapor – reduz a carga da turbina em caso de queda da pressão do abaixo do valor mínimo de referência. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 60 Curso básico de turbina a vapor. 3. Limitação por Tensão Térmica (na partida) O sistema de controle das turbinas a vapor, dependendo do tamanho da máquina, pode ser configurado para quatro condições distintas de estado térmico. Para cada estado térmico, é associada uma curva de partida, que deverá obedecer a gradientes de rolagem e carregamentos pré-definidos, de forma que a turbina possa operar fora dos limites extremos. Os estados térmicos, geralmente nomeiam as curvas de partida. Desta forma, por exemplo, uma turbina a vapor de grande porte poderá ter uma curva de partida fria, outra para partida aquecida 1, partida aquecida 2 e partida quente. Os gradientes máximos estabelecidos para cada curva de partida são determinados pela média da temperatura do rotor da turbina que, geralmente é calculada por um programa avaliador de tensão. O gradiente do integrador de valor de referência para velocidade é ajustado para um valor mínimo em caso de partida fria, e no máximo para partida quente. 4. Limitação Por Tensão Térmica (carregamento) Como no caso do gradiente de partida, a avaliação do gradiente de carga é ba- seada na média de temperatura do metal do rotor. De acordo temperatura média do rotor, o sistema pré-seleciona o gradiente de carga entre um valor mínimo e um valor máximo. Quando gerador está sincronizado com a rede, o gradiente de carga é ajustado automaticamente para o valor pré-selecionado. Geralmente o operador tem a possibilidade de mudar o valor de referência do gradiente, caso deseje uma curva de partida mais lenta, basta desligar o controlador automático. O gradiente selecionado pode ser reduzido ainda pelos seguintes sinais: Taxa de margem de carregamento; Taxa de margem de descarregamento. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 61 Curso básico de turbina a vapor. Se os valores de margem tornam-se negativos, o valor de referência de carga é automaticamente reduzido e a turbina é descarregada com o gradiente calculado até que o valor de margem passe a positivo outra vez. Os detalhes do cálculo de tensão térmica para turbinas a vapor serão descritos adiante. 5. Zonas Críticas de Velocidade Tipicamente as faixas críticas de velocidade são carregadas dentro programa de partida. O valor de referência de velocidade não pode ser estabelecido dentro das zonas de velocidade crítica da turbina. O gradiente de aceleração nas zonas de velocidade crítica geralmente é elevado para um patamar seguro, acima do valor mínimo. Preventivamente, a rolagem da turbina pode ser interrompida em modo automático para evitar que a limitação de aceleração ocorra dentro de uma faixa de velocidade crítica. 6. Descarregamento Térmico Forçado O limitador de tensão térmica reduz a carga da turbina com o gradiente fixo préselecionado, de acordo com a margem de carregamento. Isto pode acontecer em função de um aumento rápido da temperatura enquanto o programa de carga é ligado ou enquanto a turbina é controlada com controle sobreposto. 7. Descarregamento Rápido Geralmente, o descarregamento rápido da turbina a vapor é ativado nas condições listadas abaixo: O nível muito alto no condensador de vapor; Alta temperatura dos enrolamentos do gerador; O primeiro visa proteger a turbina a gás, e o segundo o gerador elétrico. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 62 Curso básico de turbina a vapor. iii. Avaliador de Tensão Térmica O Avaliador de tensão térmica protege o rotor, que é a parte crítica da turbina, contra tensão inadmissível do material e transmite referência apropriada de sinal de entrada para o controlador da turbina a vapor. Ele atua diretamente no sistema de proteção e, avalia a tensão térmica da máquina a todo instante, o que permite a exploração total da flexibilidade térmica da turbina em todas as fases de operação. A margem de tensão térmica calculada pelo avaliador é a medida da faixa entre a tensão térmica instantânea e a tensão máxima permissível. O avaliador de tensão térmica executa as seguintes tarefas: Informa a tensão térmica do rotor da turbina a todo o momento por meio de sistema totalmente computadorizado; Permiti que a capacidade de tensão térmica da turbina possa ser utilizada tempo integral por intermédio de coordenação com o controlador da turbina; Em caso de proximidade dos valores limites permitidos, inicia alarme para pessoal de operação; Desarma automaticamente a turbina a vapor caso os limites permissíveis de tensão térmica sejam violados. Isto resulta nas seguintes vantagens: o Redução do tempo de partida da turbina a vapor; o Liberação da equipe de operação de algumas funções de supervisão: o Desligamento da turbina a vapor em caso de tensão térmica muito elevada: Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 63 Curso básico de turbina a vapor. iv. Princípio do Cálculo de Tensão Térmica Tomando como base a temperatura da superfície do rotor e a temperatura de distribuição no rotor, a tensão térmica resultante na superfície e calculada pela integração da equação diferencial para expansão do calor. Um modelo computacional é incluído no calculador de tensão térmica, que contém os dados específicos de projeto da turbina. A tensão plástica e a tensão elástica na superfície do rotor são proporcionais às diferenças de temperatura entre o vapor soprado na superfície do rotor e a média de temperatura do rotor. A fim de considerar que as tensões permissíveis são aproximadamente duas vezes maiores que as tensões elásticas, diferentes fatores são empregados para diferença de temperatura positiva e negativa. 1. Limitação por Tensão Térmica (Limitação de tensão térmica durante partida, carregamento e descarregamento). A partir das propriedades físicas do material do rotor e a temperatura da superfície do rotor, é calculado o limite de tensão que o rotor pode suportar nos casos mais extremos. As tensões adicionais, ex. forças centrífugas e pressão do vapor são incluídas no controle de limite. O controle de limite define continuamente para o controlador da turbina a vapor a máxima tensão permitida. Este valor máximo não poderá ser excedido. Para comparação da tensão relativa, descrita em 10.1.2.5., são calculados os limites de margem de carregamento e descarregamento. Sob condições fixas, a tensão térmica é pequena, ex.: a margem está acima de 100%. Quando a tensão térmica relativa está entre 60% e 100% a margem reduz de 100% para 0%. Com tensão relativa acima de 100% a margem começa a ficar negativa, ex.: a tensão térmica excedeu o valor de referência máximo e o controlador da turbina deve receber sinal dos limitadores Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 64 Curso básico de turbina a vapor. para retornar ao valor de tensão relativa menor ou igual a 100% (ver figura 26). A margem limita o fluxo de vapor para turbina dependendo do estágio de operação. A média de temperatura do rotor também é usada para a escolha do gradiente de partida. 2. Tensão Térmica Durante a Partida Durante a operação de partida, as taxas de aquecimento e resfriamento podem ser limitadas pela redução do fluxo de vapor. Em caso de partida a frio da turbina, a margem de carregamento é normalmente limitada, no entanto em caso de partida aquecida a margem de descarregamento impões limites. O gradiente de partida é limitado pela margem de carregamento, bem como pela margem de descarregamento. A velocidade da turbina pode ser elevada na faixa de margem positiva. A redução de velocidade não é permitida no caso de margem negativa, a velocidade apenas não varia. 3. Tensão Térmica Durante o Carregamento Durante o carregamento da turbina, a margem de carregamento pode limitar o gradiente. A carga pode ser elevada na faixa positiva, enquanto é reduzida automaticamente na faixa negativa. Na faixa negativa da margem de carga a turbina é descarregada de forma forçada. 4. Tensão Térmica Durante o Descarregamento Quando a turbina a vapor e descarregada (carga alvo = zero), a influência do Avaliador de tensão térmica é suprimida. Isto pode provocar tensão no rotor, mas como a turbina a vapor tem a necessidade de seguir o processo adjacente, a limitação de descarregamento ou carregamento forçado não ajuda muito. v. Parada de Proteção por Tensão Térmica Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 65 Curso básico de turbina a vapor. De maneira geral os limites de controle determinam o funcionamento da turbina a vapor. A possibilidade de violar tais limites por curto espaço de tempo é utilizado pelo controlador da turbina durante a passagem por faixas críticas de velocidade e operação em carga mínima. Em caso de distúrbio do controlador, podem ocorrer elevações de temperatura de vapor não usuais. Também durante a operação manual, a curva de valor de referência pode ser violada por um longo período. Por esta razão, um limite estendido de 105% é monitorado. Quando o valor de tensão atinge 100% da tensão máxima permitida, um alarme é ativado. Caso o valor limite continue a ser violado até o patamar de 105%, após tempo de retardo pré-determinado, a turbina é desarmada. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 66 Curso básico de turbina a vapor. Figura 26 – Esquema para cálculo de tensão térmica b. Sistemas de Controle As centrais termelétricas em ciclo combinado podem ter dois componentes que não são usualmente considerados nas térmicas convencionais, ou seja: um sistema de desvio de vapor (bypass de vapor) e um sistema de desvio de gás (bypass de Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 67 Curso básico de turbina a vapor. gás). O sistema de desvio de vapor consiste de válvulas de controle e dutos que permitem direcionar o vapor para o condensador, sem passar pela turbina. Já o sistema de desvio de gás (chaminé de bypass) bloqueia de forma parcial ou total a passagem do gás pela caldeira de recuperação, fazendo com que o excedente seja lançado na atmosfera. Através do sistema de desvio de gás, é possível isolar completamente a caldeira de recuperação da fonte de calor, o que permite a operação independente das turbinas a gás (ciclo simples). Como pode ser observado, estes dois sistemas de bypass trazem grande flexibilidade operativa à configuração de ciclo combinado. Fora as considerações anteriores, uma central termelétrica em ciclo combinado é semelhante a uma térmica a vapor convencional tendo condensador, água de alimentação, sistema de circulação de água, desmineralizador, sistemas auxiliares de resfriamento e sistemas elétricos auxiliares. Um sistema de controle distribuído (SCD) coordena a operação das turbinas a gás, das caldeiras de recuperação, das turbinas a vapor, dos geradores elétricos, das bombas, das válvulas e motores. O controle da caldeira de recuperação depende diretamente dos despachos considerados para o gerador que é alimentado pela turbina a gás. Assim, quanto maior for a potência gerada pelo referido gerador, maior será a disponibilidade de gases de exaustão para a caldeira de recuperação e, conseqüentemente, mais vapor poderá ser produzido. A filosofia de controle nas plantas de ciclo combinado se apóia geralmente no uso do controle da malha fechada, podendo-se dividir em dois grupos principais: A malha de controle principal da planta; As malhas secundárias, que são encarregadas de manter os principais parâmetros do processo, como níveis, pressões e temperaturas dentro dos limites permissíveis. Na figura 26 é apresentado um esquema típico de controle implementado em centrais de ciclo combinado de médio é pequeno porte. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 68 Curso básico de turbina a vapor. Figura 26 – estrutura de controle de uma central de ciclo combinado Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 69 Curso básico de turbina a vapor. APENDICE A - TERMODINÂMICA BÁSICA 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 1.1. Sistema Termodinâmico Sistema termodinâmico consiste em uma quantidade de matéria ou região para a qual nossa atenção está voltada. Demarcamos um sistema termodinâmico em função daquilo que desejamos calcular. Tudo que se situa fora do sistema termodinâmico é chamado meio ou vizinhança. O sistema termodinâmico a ser estudado é demarcado através de uma fronteira ou superfície de controle a qual pode ser móvel, fixa, real ou imaginária. Sistema Fechado – É o sistema termodinâmico no qual não há fluxo de massa através das fronteiras que definem o sistema. Volume de Controle – Ao contrário do sistema fechado, é o sistema termodinâmico no qual ocorre fluxo de massa através da superfície de controle que define o sistema. Assim, dependendo da interação entre o sistema termodinâmico definido para estudo, e a vizinhança, chamaremos a essa região de Sistema Fechado (demarcado pela fronteira) ou Volume de Controle (demarcado pela superfície de controle) conforme se verifique as definições acima citadas. Exemplos de Sistema Fechado e Volume de Controle A figura 1.1-1 é um sistema termodinâmico fechado, pois não há fluxo de massa através das fronteiras do sistema, embora haja fluxo de calor. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 70 Curso básico de turbina a vapor. Fig. 1 .1-2 - Volume de controle Fig. 1.1-1 - Sistema fechado A figura 1.1-2, por sua vez, constitui um volume de controle, pois temos fluxo de massa atravessando a superfície de controle do sistema. Sistema Isolado – Dizemos que um sistema termodinâmico é isolado quando não existe qualquer interação entre o sistema termodinâmico e a sua vizinhança. (ou seja, através das fronteiras não ocorre fluxo de calor, massa, trabalho etc.) 1.2. Estado e Propriedades de uma Substância 1.2.1. Os estados da matéria Qualquer amostra de matéria é essencialmente um sistema de partículas. Aliás, de muitas partículas. Uma amostra de poucos gramas de determinada substância já corresponde a cerca de 1023 partículas. Entre as partículas há força de coesão de origem elétrica, cuja intensidade determina os estados de agregação da matéria. Estamos acostumados a identificar as amostras de matéria nos estados sólido, líquido ou gasoso. No estado sólido, as forças de coesão entre as partículas são muito intensas, de modo que elas apenas vibram em torno de suas posições de equilíbrio (que são mais ou menos fixas), podendo formar uma rede cristalina. O volume e a forma do sólido não se alteram sem alguma ação externa. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 71 Curso básico de turbina a vapor. No estado líquido, as forças de coesão entre as partículas são menos intensas que no estado sólido. Elas formam cadeias bidimensionais que podem deslizar uma sobre as outras, de modo que os líquidos escoam. No estado gasoso, as forças de coesão entre as partículas são fracas, de modo que elas podem se movimentar quase como partículas livres. O chamado gás ideal é aquele no qual estas forças são nulas, somente havendo forças sobre as moléculas durante as colisões entre elas e as paredes do recipiente que as contém. Transições de fase A passagem do estado sólido para o líquido chama-se fusão e do líquido para vapor, vaporização. A ebulição é a vaporização que ocorre para valores fixos de pressão (a pressão de vapor) e de temperatura. Por exemplo, em condições normais, isto é, sob pressão de 1 atm, a ebulição da água ocorre a 100ºC. A evaporação é vaporização que ocorre para quaisquer valores de temperatura. Por exemplo, a água de um copo está evaporando continuamente, qualquer que seja a temperatura do ambiente. A passagem de vapor para líquido chamase condensação (ou liquefação); a de líquido para o sólido, solidificação. A passagem de sólido para vapor (sem passar pelo líquido!) é chamada de sublimação. Podese observar a sublimação sob pressão normal com pedras de gelo seco (dióxido de carbono: CO2), naftalina (naftaleno: C10H8) e cânfora (C10H16O). Alguns autores chamam a passagem de vapor para sólido de ressublimação. Porém, normalmente, essa transição também é chamada de sublimação. O esquema a seguir mostra os principais nomes das mudanças de fase. sublimação fusão vaporização Líquido Sólido solidificação Gasoso condensação (res)sublimação Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 72 Curso básico de turbina a vapor. O estado de agregação de uma amostra de matéria depende da temperatura e da pressão às quais ela está submetida. A compreensão deste fato depende de se ter uma interpretação do significado destas grandezas. Se considerarmos uma massa de água, reconhecemos que ela pode existir sob várias formas. Se for inicialmente líquida pode-se tornar vapor depois de aquecida ou sólida quando resfriada. Assim nos referimos às diferentes fases de uma substância: uma fase é definida como uma quantidade de matéria totalmente homogênea; quando mais de uma fase está presente, as fases se acham separadas entre si por meio dos contornos das fases. Em cada fase a substância pode existir a várias pressões e temperaturas ou, usando a terminologia da termodinâmica, em vários estados. O estado pode ser identificado ou descrito por certas propriedades macroscópicas observáveis; algumas das mais familiares são: temperatura, pressão, volume, etc. Cada uma das propriedades de uma substância num dado estado tem somente um valor definido e essa propriedade tem sempre o mesmo valor para um dado estado, independente da forma pela qual a substância chegou a ele. De fato, uma propriedade pode ser definida como uma quantidade que depende do estado do sistema e é independente do caminho (isto é, da história) pelo qual o sistema chegou ao estado considerado. Inversamente, o estado é especificado ou descrito pelas propriedades. Temperatura As partículas que constituem a matéria (átomos e moléculas) possuem energia cinética e energia potencial. O sistema pode ter energia cinética associada ao movimento do sistema como um todo, detectado no nosso referencial (referencial do laboratório). Por exemplo, ao movimento de uma bola de futebol, ao ser chutado ao gol. Porém, mesmo que um dado corpo esteja em repouso no nosso referencial, as partículas que o compõe têm energia cinética devido ao movimento dos átomos (em relação a um referencial ligado ao corpo, como o referencial do centro de massa, por exemplo). Esta energia cinética é chamada de energia cinética interna. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 73 Curso básico de turbina a vapor. A temperatura do corpo está associada ao valor médio da energia cinética interna. Às vezes se diz que a temperatura é uma medida da “agitação” atômica (ou molecular) da matéria. Sob uma pressão fixa, o estado em que determinada substância se encontra depende da sua temperatura. É fácil perceber que a elevação da temperatura de uma substância no estado sólido pode levá-la ao estado liquido e daí ao vapor, pois a maior agitação das partículas que constituem a substância faz com que elas tendam a se afastar e, assim, reduzir a coesão entre elas. A unidade legal de temperatura no Brasil e na maioria dos países é o grau Celsius (°C). A escala Celsius é uma escala centígrada, porque tem 100 divisões entre a temperatura de fusão do gelo a 1 atm: 0°C (chamada de temperatura de gelo) e a temperatura de ebulição da água a 1 atm: 100°C (chamada de temperatura de vapor). A unidade de temperatura no SI é o Kelvin (K), introduzida com 100 divisões entre as temperaturas de gelo e de vapor, mas de modo a que a menor temperatura possível (273,15°C) coincida com 0 K. Assim, a temperatura expressa em kelvins (TK) é obtida adicionando 273,15 à temperatura expressa em graus Celsius (T C): TK TC 273,15. Observação: Não é rigorosamente correta a leitura usual “grau centígrado” em vez de “grau Celsius”, posto que qualquer escala que tenha 100 divisões entre as temperaturas de gelo e vapor, como a escala Kelvin, por exemplo, também é centígrada. Energia interna Sempre que a força entre duas partículas é conservativa, dizemos que as partículas têm energia potencial associada a essa força. A força de ligação que atua entre as partículas que constituem a matéria é de origem elétrica, que é uma força conservativa. Assim, há energia potencial associada a todos os pares de partículas que constituem a matéria. A energia potencial total (soma das energias de todos os pares) é chamada de energia potencial interna. A energia de ligação das partículas é negativa. Deve-se fornecer energia para afastar as partículas e reduzir a ligação entre elas. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 74 Curso básico de turbina a vapor. A energia interna (U) de um sistema de partículas é a soma das energias cinética interna (ECI) e potencial interna (EPI): U = ECI EPI Se o sistema for isolado, a energia interna permanece constante. Mas, se algum agente externo realizar trabalho sobre o sistema (W ext), a energia interna pode aumentar (se o trabalho for positivo) ou diminuir (se for negativo). Assim, a conservação da energia impõe: U = W ext Pressão Há diversas situações em que uma mesma força normal de compressão pode ser distribuída em superfícies de áreas diferentes, causando efeitos distintos. Quanto menor for a área, diz-se que maior é a pressão aplicada. Há outras situações nas quais se pode exercer forças distintas em uma superfície de área fixa. Quanto maior a força normal distribuída em determinada superfície, maior é a pressão. A pressão é, portanto, uma medida da densidade superficial de uma força normal de compressão atuando sobre uma dada superfície. A pressão p num dado ponto de uma superfície é a razão entre o módulo dF da força normal que atua sobre um elemento de superfície contendo o ponto e a área dA do elemento de superfície sobre a qual ela se distribui uniformemente: p dF dA A pressão de um gás em equilíbrio é a pressão que o gás exerce sobre as paredes do recipiente que o contém e está associada ao número de colisões das partículas do gás com estas paredes. A pressão atmosférica em um dado ponto é a pressão exercida pela atmosfera terrestre nesse ponto. O estado em que determinada substância se encontra, além de depender da sua temperatura, depende da pressão a que ela está submetida. O aumento da pressão, em geral, atua no sentido de aumentar a coesão da amostra. Se a pressão sobre uma aCentro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 75 Curso básico de turbina a vapor. mostra de vapor crescer, ele pode condensar-se e, posteriormente, até solidificar-se. Uma boa analogia é pensar em um conjunto de bolas de gude empilhadas regularmente e ligadas por alguma cola (simulando a rede cristalina de um metal no estado sólido). Se a cola não for muito boa, pela ação da gravidade, o conjunto pode "escoar". Porém, se forças agirem na superfície externa do conjunto, no sentido de comprimi-lo, o conjunto não irá "escoar". As principais unidades de pressão são: Pascal (Pa): Um pascal é igual à pressão de uma força normal de um newton distribuída uniformemente sobre uma superfície plana de área igual a um metro quadrado. O pascal é a unidade de pressão do SI: 1 Pa = 1 N/m 2. Atenção: O plural de pascal é pascals! Lê-se “2 Pa” como “dois pascals”. Centímetro de mercúrio (cm-Hg): Um centímetro de mercúrio é a unidade de medida de pressão igual à pressão exercida apenas por uma coluna de mercúrio de um centímetro de altura, em condições normais. Milímetro de mercúrio (mm-Hg): Um milímetro de mercúrio é a unidade de medida de pressão igual à pressão exercida apenas por uma coluna de mercúrio de um milímetro de altura, em condições normais. O milímetro de mercúrio chama-se torr, em homenagem a Evangelista Torricelli (1608-1647), físico e matemático italiano, inventor do barômetro, aparelho usado para medir a pressão atmosférica. Atmosfera (atm): Uma atmosfera é a unidade de medida de pressão igual à pressão exercida pela atmosfera terrestre normal (ao nível do mar). De acordo com a experiência realizada por Torricelli, em condições normais, uma atmosfera é equivalente à pressão exercida por uma coluna de mercúrio 760 mm de altura. Valem as relações: 1 atm = 76,0 cm-Hg = 760 mm-Hg = 1,01325 x 105 Pa Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 76 de Curso básico de turbina a vapor. 1.2.2 Diagramas de fases É comum que as palavras fase e estado serem usadas como sinônimas, embora não sejam. Fase é qualquer amostra homogênea de matéria. Assim, por exemplo, o carbono no estado sólido pode apresentar-se em mais de uma fase: grafite ou diamante. A água no estado sólido (ou melhor, o gelo) também apresenta fases distintas. O diagrama de fases de uma substância mostra em que fase a substância se encontra para cada par de valores de pressão e temperatura. Em geral, a temperatura é anotada no eixo das abscissas e a pressão, no das ordenadas. Um diagrama de fases típico é visto na figura 1. Nos pontos da região S, a substância está na fase sólida; na região L, a fase é líquida; na V, é vapor. A figura 2 mostra o diagrama de substâncias que se contraem durante a fusão (por exemplo: água, bismuto e antimônio). Sobre os pontos da curva AT, chamada curva de sublimação, a substância pode ser encontrada nas fases sólida e/ou vapor; dizemos que sobre AT estas fases coexistem em equilíbrio. Sobre TB, chamada curva de fusão, coexistem em equilíbrio a fase sólida e líquida. Sobre TC, chamada Figura 1 Figura 2 Figura 2 curva de pressão de vapor, coexistem a fase líquida e vapor. No ponto T, chama- do de ponto triplo (ou tríplice), a substância pode ser encontrada em equilíbrio nas três fases. Figura 3 Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 77 Curso básico de turbina a vapor. A figura 3 mostra o diagrama de fases do dióxido de carbono (CO 2), vulgarmente conhecido como gás carbônico. Note que o CO2 está na fase gasosa sob condições normais. Sob pressão normal e temperaturas inferiores a 78°C, o CO2 encontrase no estado sólido (é o chamado gelo seco). Portanto, uma pedra de gelo seco, sob pressão normal e exposta à temperatura ambiente, estará se sublimando. A figura 4 mostra, em detalhes, o diagrama de fases da água. P (atm) 217,5 H2 O B C Ponto crítico L 1,0 S V 0,006 A T Ponto tri0 0,01plo 100 374 T (ºC) Figura 4 1.2.1.1. Transição de fase em processos isobáricos e isotérmicos Mantida a pressão constante, a elevação contínua da temperatura pode implicar em transições de fase. Por exemplo, sob pressão constante de 1 atm, ao aquecermos uma amostra de gelo, inicialmente a -50°C, sua temperatura vai elevar-se até 0ºC, quando começa a ocorrer a fusão. Somente após todo o gelo ser fundido, é que a temperatura da água ultrapassa 0ºC! A temperatura continua subindo até atingir 100ºC, quando começa a ebulição. Somente após toda a água ser vaporizada é que sua temperatura ultrapassa os 100ºC! O aquecimento tem, portanto, patamares durante as transições de fase. Obviamente, se a pressão for diferente de 1 atm, os valores das temperaturas de fusão e de vaporização também serão diferentes de 0°C e 100ºC. Mantida a temperatura constante, a elevação contínua da pressão pode implicar em transições de fase. Por exemplo, se uma amostra de vapor d'água for comprimida isotermicamente, ocorrerá mudança de fase. Se a temperatura for inferior à do ponto triplo, Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 78 Curso básico de turbina a vapor. ocorre a sublimação (e, posteriormente, talvez, a fusão); se for superior, ocorre a condensação. Durante estas mudanças de fase, a pressão se mantém constante. Chamase o vapor de vapor saturado, quando ele atinge a sua pressão de vapor (sobre a curva TC), isto é, quando alcança a pressão de equilíbrio entre o líquido e o vapor na temperatura fixada. Antes de o vapor atingir a curva TC, diz-se que ele é vapor seco. É interessante notar que também pode ocorrer uma mudança de fase contínua, sem patamar algum. Os valores de pressão e temperatura podem variar o tempo todo sobre uma curva ligando, por exemplo, a região V à região L. O gás com temperaturas inferiores à temperatura do ponto C, chamado de ponto crítico, é usualmente chamado de vapor. Para temperaturas inferiores à temperatura do ponto triplo, o vapor é sublimado ao ser comprimido isotermicamente. Para temperaturas superiores à do ponto triplo e inferiores à crítica, o vapor é condensado ao ser comprimido isotermicamente. Para temperaturas superiores à do ponto crítico, o gás não muda de fase por compressão isotérmica. Ele então deixa de ser chamado de vapor; sendo chamado apenas de gás. O vapor é, portanto, o gás que pode sofrer transição de fase por compressão isotérmica. 1.2.2. Estudo macroscópico dos gases Estado O estado2 de um gás é caracterizado pelos valores das grandezas pressão, volume e temperatura do gás, chamadas variáveis de estado. Na Física, a palavra estado referese a "um conjunto de valores das grandezas físicas de um sistema, necessário e suficiente para caracterizar univocamente a situação física deste sistema.Fonte: Dicionário Aurélio Eletrônico séc. XXI, versão 3.0 (1999). 2 Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 79 Curso básico de turbina a vapor. Quase sempre, a especificação de duas das três variáveis de estado, implica numa única determinação para a terceira variável. Por exemplo, se a temperatura e o volume ocupado por uma amostra de gás forem fixados, a pressão também estará fixada. Este fato é expresso matematicamente, pela afirmação de que existe uma função que relaciona as variáveis p, V e T, chamada de equação de estado do gás: (p, V, T) 0 Observações: (i) A equação de estado representa uma superfície no espaço p x V x T. (ii) Em situações particulares, outras variáveis podem ser necessárias para caracterizar o estado do gás. 1.2.2.1. Equação de estado dos gases ideais. Qualquer gás real, desde que suficientemente rarefeito (baixa massa específica e a baixa pressão), satisfaz à relação experimental pV nT R, onde n é o número de mols da amostra de gás e R é uma constante. Usual- mente esta relação é escrita na forma pV nRT, e é chamada de equação de Clayperon. Nenhum gás real satisfaz essa equação para quaisquer valores de suas variáveis de estado. Postulase, então, a existência de um gás ideal que satisfaça à equação de Clayperon para quaisquer valores de suas variáveis de estado. Portanto, essa é a equação de estado dos gases ideais: pV nRT, ou pV nRT 0. O valor da constante R, chamada de constante universal dos gases, depende do sistema de unidades utilizado, sendo mais freqüentes R 8,314 J/mol·K, que é o seu valor no SI, e R = 0,082 atm∙L/mol·K. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 80 Curso básico de turbina a vapor. Uma amostra de n1 mols de um gás ideal, no estado (p1, V1, T1), pode ser levada ao estado (p2, V2, T2), com n2 mols (com a eventual modificação da quantidade de gás). Então, escrevese: p 1 V1 n R T 1 p 2 V2 n R T 2 Dividindose uma equação pela outra, obtémse: p1 V1 nT 1 1 p2 V2 n2T2 Se não houver alteração da massa do gás, o número de mols não varia (n 1 n2) e temse: p1 V1 T 1 p2 V2 T2 De onde se obtém os casos particulares: Caso 1 – Transformação isobárica Neste caso, a pressão permanece constante durante o processo, ou seja, p 1 p2. Então: V1 T 1 , que é a lei de Charles e GayLussac. V2 T2 Caso 2 – Transformação isocórica (ou isovolumétrica ou isométrica) Neste caso, o volume permanece constante durante o processo, ou seja, V 1 V2. Então: p1 p2 T1 T2 . Caso 3 – Transformação isotérmica Neste caso, a temperatura permanece constante durante o processo, ou seja, T 1 T2. Então: p1 V1 1 ou p1 V1 p2 V2 que é a lei de Boyle. p2 V2 Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 81 Curso básico de turbina a vapor. 1.3. Propriedades Termodinâmicas As propriedades termodinâmicas podem ser divididas em duas classes gerais, as intensivas e as extensivas. 1.3.1. Propriedade Extensiva Chamamos de propriedade extensiva àquela que depende do tamanho (extensão) do sistema ou volume de controle. Assim, se subdividirmos um sistema em várias partes (reais ou imaginárias) e se o valor de uma dada propriedade for igual à soma das propriedades das partes, esta é uma variável extensiva. Por exemplo: Volume, Massa, etc. 1.3.2. Propriedade Intensiva Ao contrário da propriedade extensiva, a propriedade intensiva, independe do tamanho do sistema. Exemplo: Temperatura, Pressão etc. 1.3.3. Propriedade Específica Uma propriedade específica de uma dada substância é obtida dividindo-se uma propriedade extensiva pela massa da respectiva substância contida no sistema. Uma propriedade específica é também uma propriedade intensiva do sistema. Exemplo de propriedade específica: Volume específico, v, v V M Energia Interna específica, u, u U onde: M M é a massa do sistema, V o respectivo volume e U é a energia interna total do sistema. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 82 Curso básico de turbina a vapor. 1.4 Mudanças de Estado de um Sistema Termodinâmico Quando qualquer propriedade do sistema é alterada, por exemplo; Pressão, Temperatura, Massa, Volume, etc., dizemos que houve uma mudança de estado no sistema termodinâmico. Processo – O caminho definido pela sucessão de estados através dos quais o sistema passa é chamado processo. Exemplos de processos: Processo Isobárico (pressão constante) Processo Isotérmico (temperatura constante) Processo Isocórico (isométrico) (volume constante) Processo Isoentálpico (entalpia constante) Processo Isoentrópico (entropia constante) Processo Adiabático (sem transferência de calor) 1.4.1. Ciclo Termodinâmico Quando um sistema (substância), em um dado estado inicial, passa por certo número de mudança de estados ou processos e finalmente retorna ao estado inicial, o sistema executa um ciclo termodinâmico. Deve ser feita uma distinção entre ciclo termodinâmico, descrito acima, e um ciclo mecânico. Um motor de combustão interna de quatro tempos executa um ciclo mecânico a cada duas rotações. Entretanto o fluido de trabalho não percorreu um ciclo termodinâmico dentro do motor, uma vez que o ar e o combustível são queimados e transformados nos produtos de combustão, que são descarregados para a atmosfera. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 83 Curso básico de turbina a vapor. 1.5 Lei Zero da Termodinâmica A lei zero recebeu esta denominação em virtude de ter sido reconhecida como lei fundamental apenas após o estabelecimento da primeira e da segunda lei da Termodinâmica. Sendo o seu conteúdo mais básico, ela deveria ter numeração anterior a das demais, daí ser chamada de lei zero. O físico inglês Ralph Howard Fowler (1889-1944), por volta de 1930, reconheceu o conteúdo da lei zero como uma lei fundamental da termodinâmica. Entretanto, ainda há alguma discussão entre os físicos para saber se a lei zero é um princípio independente ou se pode ser deduzido de outros princípios. 1.5.1 Equilíbrio térmico Se a temperatura possui o mesmo valor em qualquer ponto de um sistema, diz-se que ele está em equilíbrio térmico e que este valor é a temperatura do sistema. Não se pode atribuir nenhum valor de temperatura a um sistema que não esteja em equilíbrio térmico. Diz-se que dois sistemas estão em equilíbrio térmico um com o outro, se a temperatura dos dois sistemas for a mesma. Se dois sistemas com temperaturas diferentes forem postos em contato, eles trocam energia espontaneamente, buscando atingir o equilíbrio térmico. 1.5.2 Enunciado da Lei Zero da Termodinâmica “Se dois sistemas (A e B) estão em equilíbrio térmico com um terceiro (C), então eles estão em equilíbrio térmico entre si.” A C AB B C A lei zero está estreitamente relacionada com o processo de medição de temperatura. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 84 Curso básico de turbina a vapor. 1.6 Escalas de Temperatura Para a maior parte das pessoas a temperatura é um conceito intuitivo baseado nas sensações de "quente" e "frio" proveniente do tato. De acordo com a segunda lei da termodinâmica, a temperatura está relacionada com o calor ficando estabelecido que este, na ausência de outros efeitos, flui do corpo de temperatura mais alta para o de temperatura mais baixa espontaneamente. O funcionamento dos termômetros está baseado na lei zero da termodinâmica, pois são colocados em contato com um corpo ou fluido do qual se deseja conhecer a temperatura até que este entre em equilíbrio térmico com o respectivo corpo. A escala do aparelho foi construída comparando-a com um termômetro padrão ou com pontos físicos fixos de determinadas substâncias. Quatro escalas de temperatura são hoje usadas para se referir à temperatura, duas escalas absolutas e duas escalas relativas; são elas respectivamente: Escala KELVIN (K) e RANKINE (°R) e escala Celsius (°C) e Fahrenheit (°F). A Fig. 1.5-1 mostra as quatro escalas de temperatura e a relação entre elas. Figura 1.5-1 - As escalas de temperatura e sua inter-relação Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 85 Curso básico de turbina a vapor. Tipos de Termômetros Termômetro de Mercúrio em vidro (expansão volumétrica) Termômetro de Álcool em vidro (expansão volumétrica) Termômetro de Par Bimetálico (dilatação linear diferenciada) Termômetro de Termistores (variação da resistividade) Termômetro de Gás Perfeito (expansão volumétrica) Termômetro de Termopar (força eletromotriz) Pirômetro Ótico (cor da chama) 2. Primeira lei da Termodinâmica 2.1. Balanço de energia A energia interna (U) de um sistema de partículas é a soma das energias cinética interna (ECI) e potencial interna (EPI) de todas as partículas do sistema: U = ECI EPI O princípio de conservação da energia impõe que a energia interna (U) de um sistema de partículas só é alterada se algum agente externo realizar trabalho (W Ext) sobre o sistema: U = W EXT Esse trabalho pode ser realizado através de processos microscópico ou macroscópico, que serão detalhados em seguida. Assim: U = Wmicro Wmacro O trabalho externo microscópico (W micro) é chamado de calor (Q): Wmicro = Q Já o trabalho externo macroscópico (W macro) é identificado com o simétrico do trabalho realizado pelo sistema (-W): Wmacro = -W Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 86 Curso básico de turbina a vapor. Daí tem-se a primeira lei da Termodinâmica: U = Q W Calor O trabalho externo microscópico (W micro) é aquele no qual a energia é transferida para o sistema diretamente a cada partícula que o compõe. Por exemplo, considere o contato de dois corpos entre os quais haja uma diferença de temperatura. Na região de contato, há colisões entre as moléculas dos dois corpos. Em cada uma delas, a molécula que tem menos energia ganha energia da que tem mais, conforme as leis da Mecânica. Computadas todas as colisões, o corpo de maior temperatura (cujas partículas têm, em média, mais energia) irá ceder energia ao de menor temperatura. É importante ressaltar que só haverá transferência de energia dessa forma, se houver alguma diferença de temperatura entre os corpos. Se os dois estiverem à mesma temperatura, a energia média das moléculas de cada objeto é a mesma. Em cada colisão ocorrida na região de contato, ainda haverá troca de energia entre as moléculas, já que o valor da energia não é o mesmo para todas as moléculas. Porém, computadas todas as colisões, o saldo das trocas de energia será nulo. Convém notar que sobre cada molécula envolvida na colisão, algum trabalho é realizado, porém os valores da força e do deslocamento envolvidos não são acessíveis, ou seja, o trabalho microscópico não pode ser calculado somando as energias trocadas em cada colisão, pois é simplesmente impossível determinar cada troca de energia. E, ainda que isso fosse possível, efetuar a soma seria absolutamente inviável, pois o número de colisões é absurdamente alto. O trabalho microscópico (W micro) realizado pelo agente externo sobre o sistema é chamado de calor (Q). Assim, por definição, calor é a energia transferida de um sistema a outro, devido à diferença de temperatura entre eles. Desta forma: Wmicro = Q A unidade de calor no SI é o joule (J). Outras unidades ainda em uso são a caloria (cal) e o british thermal unit (btu): Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 87 Curso básico de turbina a vapor. 1 cal = 4,186 J e 1 btu = 1.060,4 J. Trabalho O trabalho externo macroscópico (W macro) é aquele para o qual é possível medir a força e o deslocamento envolvidos no cálculo do trabalho. Por exemplo, considere um gás contido em um cilindro com êmbolo móvel. O trabalho realizado pela força constante F que o êmbolo exerce sobre o gás, enquanto o êmbolo tem um deslocamento d, é numericamente igual ao produto entre os módulos da força e do deslocamento: Wmacro = F d Este trabalho é positivo se o gás for comprimido (força e deslocamento no mesmo sentido) e é negativo se for expandido (força e deslocamento em sentidos opostos). É fácil perceber que o trabalho realizado pelo gás sobre o êmbolo é numericamente igual ao trabalho realizado pelo agente externo, porém com sinal contrário. A força que o gás exerce sobre o êmbolo e a força que o êmbolo exerce sobre o gás têm o mesmo módulo, a mesma direção e sentidos opostos (pois constituem um par ação-reação). Então, o trabalho realizado pelo gás será negativo na compressão e positivo na expansão. Representando este trabalho apenas pela letra W, tem-se: Wmacro W No caso geral em que a força que o gás exerce sobre o êmbolo não é constante, não é possível calcular o trabalho pelo produto Fd. Se dx é um pequeno deslocamento, no mesmo sentido da força F, O trabalho realizado pela força F, enquanto há um deslocamento infinitesimal dx, é: dW = F dx. Dividindo a força F pela área A do pistão e multiplicando o deslocamento dx pela área A, tem-se: dW F Adx A dW = p dV, Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 88 Curso básico de turbina a vapor. Onde p é a pressão do gás e dV sua variação de volume. Então, o trabalho realizado pelo gás, enquanto seu volume passa de Vi para Vf, é: Vf W p dV Vi Naturalmente, o trabalho pode ser avaliado pela área entre a curva p = p(V) e o eixo das abscissas, num diagrama p x V. 2.2. Enunciado da Primeira lei da Termodinâmica “A variação da energia interna de um sistema é igual ao calor recebido menos o trabalho realizado pelo sistema.” U = Q W A primeira lei relaciona a variação da energia interna de um sistema, o calor e o trabalho. Se um sistema recebe calor (devido ao contato com outro sistema de maior temperatura), sua energia interna aumenta; se ele realiza trabalho (numa expansão contra alguma força externa), sua energia interna diminui. Se o sistema for isolado (Q = W = 0), então sua energia interna permanece constante, ou seja, é conservada. A primeira lei é, portanto, uma afirmação da conservação da energia. Coube ao físico alemão Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz (1821-1894) a primazia de enunciar e formalizar matematicamente o princípio da conservação de energia, em artigo apresentado à Sociedade de Física de Berlim, em 1847. Porém, como é comum na Física, Helmholtz contou com o auxílio de muitos outros cientistas, que colaboraram para elucidar a natureza do calor e para o estabelecimento da primeira lei, com destaques para: o físico anglo-americano Sir Benjamin Thompsom, o conde de Rumford (1753-1814); o químico inglês Sir Humphry Davy (1778-1829); o físico alemão Julius Robert Mayer (1814-1878) e o físico inglês Sir James Prescott Joule (1818-1889). Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 89 Curso básico de turbina a vapor. Observações: (i) Um enunciado alternativo para a primeira lei é: "O trabalho adiabático realizado por um sistema é independente do caminho." (ii) No presente desenvolvimento, admite-se que o número N de partículas do sistema é constante. Se assim não for, a expressão matemática da primeira lei ganha mais um termo, ligado à variação do número de partículas: U = Q W μN onde μ é o potencial químico do sistema. (iii) Em uma transformação infinitesimal, escreve-se: dU = dQ dW, que é a forma diferencial da primeira lei da Termodinâmica. Para sinalizar que dQ e dW não são diferenciais exatas, é costume escrever: dU = δQ δW. 3. Segunda lei da Termodinâmica 3.1. Tendência ao equilíbrio Na natureza, há inúmeros fenômenos que ocorrem num único sentido e, por essa razão, são chamados processos irreversíveis. São fenômenos em que um dado sistema físico evolui espontaneamente de um estado para outro de maior desordem. Justamente o estado de máxima desordem é o estado de equilíbrio. Uma vez atingido este estado, o sistema permanece nele, exceto por flutuações estatísticas ou por alguma ação externa. O sistema, estando num estado de equilíbrio, só pode evoluir, espontaneamente, para outros estados de equilíbrio, nos chamados processos reversíveis. São exemplos de processos irreversíveis: a difusão, a transferência de calor e a expansão livre de um gás. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 90 Curso básico de turbina a vapor. 3.1.1. Entropia Por definição, a entropia de um sistema é proporcional ao logaritmo neperiano (logaritmo na base e 2,718) do número de microestados associados ao macroestado do sistema. Assim: S = kB ln w, Onde kB = 1,38 x 1023 J/K é a constante de Boltzmann. Daí nota-se que a unidade de entropia no SI é o joule por kelvin (J/K). A multiplicidade w é um parâmetro de desordem. Quanto maior a multiplicidade, maior a desordem e maior o valor da entropia, pois o logaritmo é uma função estritamente crescente. Entende-se, portanto, que a entropia é uma medida da desordem do sistema e que atinge um máximo no estado de equilíbrio. Assim, a tendência ao equilíbrio, conteúdo essencial da segunda lei da Termodinâmica, pode ser expressa em termos da entropia afirmando que ela tende a crescer. Em 1865, o alemão Rudolf Julius Emmanuel Clausius (1822-1888) enunciou o princípio do aumento da entropia e definiu a chamada entropia de Clausius, cuja variação era a razão entre calor e temperatura: dS dQ T Deve-se a Ludwig Edward Boltzmann (1844-1906), em trabalhos publicados em 1868, 1872 e 1877, a interpretação estatística da entropia de Clausius e a definição de entropia em termos do número de microestados. Boltzmann foi um dos físicos mais importantes na construção das bases da Mecânica Estatística. Em sua lápide está inscrita a definição de entropia. O físico brasileiro Constantino Tsalis, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), tem uma definição de entropia, chamada entropia de Tsalis, diferente da de Boltzmann e que vem se mostrando útil em diversas aplicações. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 91 Curso básico de turbina a vapor. 3.1.2. Enunciado da Segunda lei da Termodinâmica (Princípio do aumento da entropia) "A entropia do universo tende a aumentar" ou “Os processos mais prováveis que podem ocorrer em um sistema isolado são aqueles em que a entropia aumenta ou permanece constante”. S 0 Os processos nos quais a entropia aumenta (S > 0) são os irreversíveis e aqueles nos quais ela permanece constante (S = 0) são os reversíveis. Vale notar que a segunda lei não afirma que a entropia não pode diminuir. Ela pode diminuir, se o sistema não for isolado, como ocorre em máquinas térmicas, por exemplo. Neste caso, há um agente externo responsável pela diminuição da entropia, o que corresponde ao aumento da entropia na vizinhança do sistema, de modo que a entropia do universo (sistema e sua vizinhança) ou aumente ou permaneça constante. Se o sistema for isolado, ainda assim a entropia pode diminuir, mas apenas como flutuação estatística, não invalidando a tendência de aumentar. Convém chamar a atenção para o fato de que não se conhece a razão pela qual um sistema tende a evoluir para o estado de equilíbrio (o de maior entropia). A Física, através da segunda lei da Termodinâmica, apenas descreve esse comportamento da natureza. Aliás, é isso o que uma lei da Física informa: como a natureza se comporta. Há enunciados tradicionais e equivalentes para a segunda lei, que são anteriores ao princípio do aumento da entropia e que decorreram do estudo das máquinas térmicas: 1º) "É impossível realizar um processo cíclico cujo único efeito seja transferir calor de um corpo frio para um corpo mais quente." (enunciado de Clausius, 1850) 2º) "É impossível realizar um processo cíclico cujo único efeito seja remover calor de um reservatório térmico e produzir uma quantidade equivalente de trabalho." (enunciado de Kelvin, 1851) Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 92 Curso básico de turbina a vapor. APENDICE B – DIAGRAMA DE PROPRIEDADES TERMODINÂMICAS DA ÁGUA Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 93 Curso básico de turbina a vapor. REFERÊNCIAS 1. Lora & Nascimento. “Geração Termelétrica, Planejamento, Projeto e Operação”, Editora Interciência volumes 1&2, Rio de Janeiro, 2004. 2. Block, Heinz P. “A pratical Guide to Steam Turbine Technology”McGraw-Hill, New York City, 1995. 3. Design and Material for Modern Steam Turbines, disponível em, http://www.energy.siemens.com/hq/pool/hq/power-generation/power-plants/steampower-plant-solutions/coal-fired-power-plants/Design-and-Materials-for-ModernSteam-Turbines-.pdf, acesso em 19/01/2010 18:00 4. Estabrook, J.E. “Steam turbines for Industrial Applications”, disponível em, http://www.gepower.com/prod_serv/products/tech_docs/en/downloads/ger3706d.pdf, acesso em 19/01/2010 18:36. 5. “Steam Turbine Brochure”, disponível em, http://www.gepower.com/prod_serv/products/steam_turbines/en/downloads/og_stea m_turbines.pdf, acesso em 19/01/2010 19:12. 6. Wylen, Van, Sonntag and Borgnakke. “Fundamentos da Termodinâmica“, Editora Edgard Blücher, São Paulo,2004. Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis CTGÁS-ER. 94