ALLAN KARDEC E PIETRO UBALDI Distinto psicólogo, acostumado

ALLAN KARDEC E PIETRO UBALDI
Distinto psicólogo, acostumado a lidar com pacientes de todas
as posturas religiosas, certa vez questionara-me das razões
das obras de Pietro Ubaldi ser tão rejeitadas pelos espíritas.
E lembro-me que fiz o seguinte relato ao amigo perquiridor:
situemo-nos, primeiramente, em meados do século dezenove
quando, em 1857, inaugura-se no Mundo uma Nova Era, com o
advento magistral de “O Livro dos Espíritos” publicado por um
renomado pensador, o Sr. Rival, que, em tal Tratado, e, por não
ser obra exclusivamente sua, lhe fizera constar como autor
Allan Kardec, figura histórica de uma reencarnação de Rivail no
passado distante das Gálias. A partir daí, se lhe seguiram mais
quatro obras fundamentais constituintes do Pentateuco Espírita,
que, sem dúvida, se lhe acompanham uma constelação de
subsídios importantes, como, por exemplo, os doze (12)
volumes da Revista Espírita.
Kardec, diga-se, atuara para a produção de suas obras, como
um positivista, pesquisando exaustivamente os fatos e deles
extraindo verdades inconcussas que, paulatinamente, foram
construindo o edifício doutrinário do Espiritismo que, ainda hoje
prossegue, não tendo sido desmentido em tempo algum, mas
tão só recebido confirmações com o desenvolvimento de suas
propostas e teses fundamentais.
Entretanto, se Kardec mesmo infere que todos somos mais ou
menos médiuns, óbvio que também ele se enquadraria em tal
categoria, sendo, pois, médium intuitivo que, sendo tal uma
variedade, também o poderá ser, primeiramente, inspirativo.
(Vide: “O Livro dos Médiuns” – Allan Kardec – 1861).
Por outro lado, Kardec ministra que o Espiritismo é Doutrina
essencialmente evolutiva, que não se paralisa no tempo, mas
prossegue se revelando sempre, nas vozes proféticas dos
Espíritos e dos Homens, estudiosos de boa vontade. Mas é
interessante constatarmos mais uma previsão de Kardec (vias
inspirativas, é óbvio) anotada pelos seguintes termos:
“É, sobretudo no século vinte que verá florescerem os grandes
apóstolos do Espiritismo, e que poderá ser chamado o século
dos messias”. (RE – Março – 1868).
E, de fato: tudo confirmado:
Divaldo Pereira Franco – médium psicógrafo e orador - além de
suas quase trezentas obras, se nos assemelha ao apóstolo
Paulo pregando a mensagem espírita no Mundo inteiro; Chico
Xavier – de mediunidade polimorfa, com suas mais de
quatrocentas obras, se nos mostra como um dos mais
importantes mensageiros do Cristo, do Amor incondicional;
Pietro Ubaldi – um fenômeno mediúnico de grande capacidade
intuitiva e inspirativa, com suas vinte e quatro obras de cunho
Cristocêntrico, porém, fundamentadas em aspectos filosóficos e
científicos que, por muitas revelações a ele condizentes, o
colocam como sendo a reencarnação do apóstolo Pedro.
Todavia, é evidente que:
Muitos outros profetas da antiguidade, apóstolos ou
mensageiros do Cristo aqui estiveram ou aqui estão na
condição de reencarnados ou desencarnados preparando a Era
do Espírito ou o porvir da Nova Civilização do Terceiro Milênio.
E continuando minha exposição àquele psicólogo, em vista de
sua perquirição, eu prosseguia:
Mais ainda, é sabido que Allan Kardec, no já referido século
dezenove, produzira obra - conquanto culta - para os mais
simples, se utilizando de uma linguagem mais popular e menos
técnica, ou, menos empolada, do ponto de vista filosóficocientífico, que, em nosso País, por exemplo, de cultura
mediana, muitos ainda encontram alguma dificuldade de se
estudá-lo, de se compreendê-lo, sobretudo por incorporar
unidade doutrinária de tríplice aspecto, abrangendo o
experimental de conseqüências filosóficas que, por adotar
características éticas, deságua em planos axiológicos, que são
os mesmos objetivados pelas religiões.
Já Pietro Ubaldi, a mim parece ter produzido obra de caráter
eminentemente científico numa linguagem ultramoderna,
porém, nela agrupando conhecimentos novos, quais sejam: da
estrutura do átomo, de sua peregrinação para o quimismo dos
organismos vivos, indo atingir, no homem, os métodos de sua
ascensão espiritual, explicando e ampliando com novas teses,
as origens do universo, sua finalidade, donde viemos e para
onde estamos caminhando, numa síntese de toda a
fenomenologia cósmica que se estrutura em organismo único,
ou, mais exatamente, tudo se rege por um Conceito Central
Único, conquanto a multiplicidade de seus efeitos, os quais,
nós, os homens, já estamos vislumbrando, estudando e
equacionando.
Entretanto, se a primeira obra de Ubaldi: ”A Grande Síntese”
(1937 – Fundapu), me parecera mais difícil de ser digerida, as
demais, ao ampliá-la, me pareceram mais suaves.
Exceção feita para duas delas: “Deus e Universo” (PU – 1951 –
Fundapu): de razoáveis técnicas científicas e “Queda e
Salvação” (PU - 1960 – Fundapu), sendo esta de relevantes
proposições geométricas e matemáticas sugeridas a partir de
uma figura composta por dois triângulos invertidos e
sobrepostos, um retratando a Involução, e, o outro, a Evolução,
que me custara um pouco compreendê-los, mas tive a
insistência e pude superar o que me parecia um tanto mais
árduo, e hoje vejo que valera o sacrifício, pois pude
compreender a sabedoria e a formidável capacidade do Espírito
(Sua Voz) que estivera conduzindo a obra de Ubaldi na face
terrena, sem dúvida, das mais grandiosas.
Neste aspecto, sobretudo, Ubaldi vai além de Kardec, pois que
o maior dos fenômenos universais não é o tão-só Evolutivo,
mas sim: Involutivo-Evolutivo, sendo o primeiro a causa, a
razão de ser do segundo. E teria de ser assim, no sentido de
uma ampliação, pois se Ubaldi viesse repetir Kardec, sua
missão redundaria nada produtiva, e nada no Universo se
repete, ou, se o fizer, será sempre no sentido de representar-se
por novos tons, novos sentidos e novas cores, e, neste caso,
pois, Ubaldi repete, mas vai além do mestre lyonês; e neste
caso, sobretudo, é que os espiritistas ainda vão demorar-se um
tanto em Kardec, pois que só após compreendê-lo bem e
vivenciá-lo em si, é que ensejarão novos vôos culturais e
ascensionais.
Por outro lado, Involução e Evolução, explicitando Queda da
Criatura e sua posterior Redenção, estão hoje consolidadas nas
obras xavierianas (Vide, na Internet: “Queda Espiritual na Obra
de Xavier”: deste articulista) (1), assim como recebera
confirmações paulatinas de outros médiuns no Mundo todo.
Penso estar aí, pois, as razões da obra filosófica, mas,
sobretudo científica de Pietro Ubaldi, ainda ser tão
incompreendida e tão pouco estudada pelos adeptos
espiritistas.
Ou seja: tais adeptos estão assimilando Kardec, aprendendo a
compreendê-lo e a praticá-lo em sua vivência cotidiana, que
implica práticas da caridade e da mediunidade com Jesus. O
que não é pouco, pois a obra de Kardec é vastíssima,
sobretudo se a considerarmos suplementada por tantos
instrutores encarnados e desencarnados.
Tudo tem seu tempo!
Hoje, parece-me, é o tempo de Kardec, o resto vem depois; o
que não expressa e tampouco significa que alguns de seus
elementos não possam, em termos culturais, avançar, pois o
fazemos nas luzes mui abrangentes de Pietro Ubaldi que, por
tudo, é também um enviado do Cristo, um de seus mais
importantes apóstolos do passado, do presente e do futuro.
E, assim, finalizei a questão; no que recebi alguma aprovação
daquele amigo psicólogo que me dirigira suas dúvidas de
então.
(1) No artigo supracitado fiz menção, dentre outras, das
obras da psicografia xavieriana:
-“O Consolador” - Feb: Item 64:
Emmanuel preceitua: “é a sentença que deveria lembrar,
sempre, a nossa situação comum de Espíritos decaídos”;
-“Caminho, Verdade e Vida” - Feb: Lição 176:
Vemos que: “é indispensável romper com as alianças da queda
e assinar o pacto da redenção”;
-“Missionários da Luz” - Feb: Capítulo 17:
Temos que: “quase todas as escolas religiosas falam do inferno
de penas angustiosas e horríveis, onde os condenados
experimentam torturas eternas. São raras, todavia, as que
ensinam a verdade da queda consciencial dentro de nós
mesmos,...”.
Autor: Fernando Rosemberg Patrocinio
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