Revista Fui Sambar.

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Revista Fui Sambar
EDITORIAL
Estamos
chegando
lá
Hoje nasce mais um produto, a terceira
edição da Revista Fui Sambar, que buscamos
fazer com muita qualidade e novidades para
nossos leitores. O lançamento acontece
numa época que nós mineiros e brasileiros
adoramos, o carnaval!
Compartilhar mais uma vez com todos
vocês mais uma edição, dividir as derrotas
e conquistas é muito gratificante, ao
lançarmos mais uma edição temos a
sensação de dever cumprido. Esta terceira
edição traz para nossos leitores entrevistas
de dois artistas de grande destaque no
cenário do nacional, Arlindo Cruz e
Péricles. Foi uma satisfação e alegria para
toda a equipe conquistar essa oportunidade
que sempre buscamos. Nosso objetivo
maior é dar destaque aos artistas e eventos
mineiros, a revista traz também entrevistas
com os grupos “Nascidos do Samba”,
que está lançando o seu terceiro CD com
o título, “Vamos Batucar”, e o grande
vencedor da enquete do site Fui Sambar,
eleito o melhor grupo de samba do ano de
2013, “Simplicidade do Samba” e fechando
com chave de ouro entrevista com o
grande sambista mineiro da nova geração,
Fernando Bento.
A grande motivação da revista é ser um
veículo de comunicação que retrate a beleza
e a versatilidade do samba. Nossa equipe é
composta por três jornalistas e um diretor
de arte e diagramador, ambos amantes
e frequentadores de grandes sambas e
pagodes de Belo Horizonte. Resolvemos
por meio da revista dividir com nossos
“amigos” a nossa visão sobre esse ritmo
que cresce e encanta cada dia mais a nossa
cidade.
Não é fácil conseguir a credibilidade de
alguns produtores e do público mineiro,
mas aos poucos estamos conseguindo
conquistar o nosso espaço e mostrar que
estamos trabalhando para a promoção de
todos. Esse é um trabalho sério e feito por
profissionais capacitados e que investiram
nas suas formações para fazer um trabalho
bem feito.
Obrigado, a todos que estão recebendo
com carinho mais uma edição. E voltamos
a reafirmar que nosso principal objetivo
é ter vocês como leitores, fortalecendo e
nos ajudando a melhorar cada vez mais as
próximas edições. Nossa missão é fornecer
um novo olhar de informação para os
adeptos desse ritmo que encanta o público
mineiro.
Esperamos que gostem de mais esta edição
da Revista Fui Sambar!
Por: Flávia Nunes
expediente
Revista Fui Sambar é uma publicação
informativa trimestral do site
www.fuisambar.com.br
Presidente: Junio Amaro
Jornalista Responsável:
Flávia Nunes - 13788mg
Projeto Gráfico, Arte e Diagramação:
Junio Amaro | Revisão: Nicibel Silva,
Flávia Nunes, Efigênia Souza, Fernanda
de Souza. Colaboradores: Ricardo
Ricco, Tâmyris Tavares. Tiragem: 5.000
Contato / Publicidade:
(31) 9481-9766 | 8556-8718
[email protected]
www.fuisambar.com.br
índice
6 e 7 | PÉRICLES
E sua carreira solo
8 e 9 | Simplicidade
DO SAMBA
O batuque modesto de um grupo
vencedor, o melhor do ano de 2013
14 | Fernando
bento
O jovem especialista de um samba
ancião.
Revista Fui Sambar
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Fotos: Junio Amaro e Ricardo Ricco
Para coberturas ligue:
(31) 8556-8718
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Revista Fui Sambar
Revista Fui Sambar
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ENTREVISTA
Compositor de belas canções, com uma voz linda e potente,
emociona aqueles que curtem boa música. Nascido em
Santo André, Péricles Aparecido Fonseca, carinhosamente
chamado pelos fãs de Pericão, vem consolidando sua
carreira solo dia após dia. “É tudo muito diferente, só
sabemos o que é a carreira solo vivendo isso. É um momento
bem legal e espero que todos se divirtam tanto quanto eu”,
conta Péricles.
Lançando o seu segundo trabalho, o DVD “Nos Arcos da
Lapa”, com canções em homenagem aos grandes sucessos
dos anos 90, Péricles admite que não foi fácil fazer a escolha
do repertório, mas que procurou focar nos grandes sucessos
que tiveram repercussão também fora do país. Segundo
o cantor, esse é um trabalho que tem início, meio e fim;
“Homenageamos os que vieram primeiro e depois tivemos
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Revista Fui Sambar
a participação dos que vão levar isso para frente”, conta
Péricles.
Os amantes do samba vão encontrar nesse novo álbum
músicas como “Viola em bandoleira”, “Sorriso aberto”, “No
compasso do criador”, “Recado a minha amada”, “De bem
com Deus”, “Seja mais você”, “Volta de vez pra mim”, “Quem
é ela”, “Pra São Jorge”, “Minha fé”, além de algumas músicas
inéditas. Com relação a expectativa para esse novo DVD,
diz que espera ser tão legal quanto foi o último, que todos
recebam com muito carinho.
E carinho foi o que não faltou em sua apresentação em Belo
Horizonte, as pessoas deliravam com cada música. Péricles
disse que sempre é muito bem recebido em Minas e que
gosta de cantar por aqui. Numa reportagem antiga disse
que gostaria de gravar um DVD em cada capital, e Belo
Horizonte também estava na lista. “O que precisamos na
realidade é de tempo para realizar essa vontade”, contou
Péricles.
Silvânia Trindade foi ao show por admirar as canções e para
ouvir algumas músicas que marcaram sua vida, segundo a
fã, tudo que Péricles canta fica muito bom.
Mostrando que é um cantor versátil, Péricles emocionou
todos que estavam presentes em seu show, ao voltar de um
pequeno intervalo declamando lindamente o “Soneto da
Fidelidade” e cantando “Eu sei que vou te amar”, de
Vinícius de Moraes. Silvânia lembra que esse foi o momento
mais emocionante e surpreendente.
Falando em Minas, não pude deixar de perguntar se ele
conhece cantores, grupos em Belo Horizonte, Péricles foi
rápido na resposta. “Conheço vários grandes grupos, vários
grandes sambistas, tenho amigos aqui, o Evair, Nonato,
grandes amigos. Eles estão fazendo um trabalho muito bom
há um bom tempo”, lembra Péricles.
preconceito é algo que precisa acabar. “O “Esquenta” é uma
festa em que aprendemos muito com as famílias brasileiras,
então a importância do programa é muito grande neste
momento, justamente por isso”. No decorrer do tempo, o
preconceito contra o samba vem diminuindo, mas ainda
não acabou. Hoje, podemos ver o samba como trilha sonora
de novelas, como por exemplo, a música “Minha razão” do
“Exaltasamba” que foi tema dos personagens Tufão e Nina
em “Avenida Brasil”.
Péricles acredita que o preconceito diminuiu um pouco,
mas ainda é algo que precisa melhorar. O brasileiro precisa
deixar de lado qualquer tipo de preconceito, porque assim
vai melhorar para todo mundo.
Por: Fernanda de Souza
Fotos: Junio Amaro
No século 19, o samba não era bem visto na sociedade,
só depois da Abolição que começaram a olhar o ritmo de
maneira diferente. A novela “Lado a Lado” da Rede Globo
retratou bem esse preconceito existente no início.
Esse envolvente ritmo existe há muito tempo, porém agora
vem ganhando mais destaque na mídia. Péricles diz que há
pelo menos cinco anos o samba vive o seu melhor momento,
por que ele é mais bem divulgado em todas as mídias,
existem vários festivais de samba que chegam a muitos
lugares. “Hoje em dia, tem festivais de samba transmitidos
pelos canais de TV aberta e fechada. Então, estamos
conseguindo algo muito bonito e muito importante”, lembra
o cantor.
Não podemos deixar de lembrar do programa “Esquenta”
que vem ajudando muito nesse processo de mostrar que o
Revista Fui Sambar
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Fotos: Arquivo Pessoal
Entrevista
O batuque
modesto de um
grupo vencedor
O chão batido, paredes sem rebocar e o teto era o céu... Uma
roda de samba só no gogo, sem microfone, sem nada... Tudo
começou assim, há sete anos, no bairro São Marcos, zona
nordeste de Belo Horizonte.
Uma casa simples, o cachorro quente caprichado de
Dona Maria das Graças Santos de Oliveira, conhecida
carinhosamente como tia gracinha, cerveja gelada e muita,
mas muita vontade de cantar um bom samba ditava a
harmonia do local. “Não tínhamos nada, mas tínhamos
o samba, então, tínhamos tudo” conta Alan Gualberto,
cavaquinista do grupo. O intuito na época era ajudar a tia de
Alan a buscar uma renda extra e transformar o local em um
estabelecimento comercial através de uma comidinha especial
e muita saborosa ao som de uma boa música.
Entre uma nova casa e outra, um novo trabalho e outro,
componentes saíram e outros entraram e foram agregando
talentos, sonhos e planos. “Além de componente, sou um fã
do grupo, sempre o acompanhei primeiro na Tia Gracinha,
depois na Jacuí. Lembro que em um desses sambas até me
veio uma inspiração e compus uma música com Ricardo
Barrão. Acredito no trabalho que fazermos. Um samba
feito toda semana religiosamente, que quando não acontece
faz uma falta... No final de ano estive na Lapa, um reduto
de samba e senti saudade do batuque feito aqui no Cacá”,
diz Ronan Oliveira. O músico ainda fala que no grupo a
simplicidade realmente faz a diferença e a dinâmica de todos
os componentes cantarem e abrirem espaço para artistas de
fora também é um diferencial importante e característico do
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Revista Fui Sambar
grupo. Como nem tudo são flores a reciprocidade e simpatia
do grupo nem sempre é retribuída. “Muitos vem aqui no
nosso samba, cantam, elogiam e chega lá fora finge que não
nos conhecem, às vezes nem cumprimentam. Mas nossa
postura é sempre respeitar, seja quem chegou agora ou quem
chegou há 20 anos e nem sempre somos tratados assim ”,
conta Edmar Silva.
Meio do caminho sempre pode haver uma pedra, mas
como diz o ditado “água mole, pedra dura... tanto bate
até que fura” e a água desse grupo é a humildade. O
batuque forte falou mais alto e o bairro São Paulo virou
um verdadeiro oceano no quesito samba. Hoje Adriana
Cândida no back vocal, Alan Gualberto no cavaco e banjo,
Edmar Silva no tantan, Alexis Moreira no violão de sete
cordas, Ronan Oliv eira no pandeiro, Evaldo
Black
no surdo e percussão e Adrianinho
da cuíca na cuíca e percussão geral
formam o Simplicidade Samba. “Já
acompanhava o grupo desde o
inicio e o vi se formando e se
reformando. Como em todo
e qualquer lugar cada um
aqui tem um forma de agir,
de falar, mas não somos um
grupo, somos uma família”,
afirma Adriana Cândida.
O berço, as
conquistas e os
sonhos
O samba conhecido pelas animadas tardes de domingo
no tradicional e místico bar do Cacá viu em 2013 o
reconhecimento de um trabalho feito por amor. O grupo foi
agraciado com titulo de melhor do samba e do pagode em
votação popular pelo site Fui Sambar. Então, respeita o moço!
Afinal, dentre tantos e outros artistas que vem se destacando
no cenário mineiro, podemos dizer que não é muito fácil ser
considerado um dos melhores tocando praticamente em um
só local! “Ninguém acreditou no começo e não tínhamos
noção da proporção que isso iria tomar. O samba era de 15
em 15 dias. Depois a pedido do público passou a ser semanal”,
conta Evaldo Araújo. E as surpresas não pararam por ai, a
casa enchia a cada domingo e foi se adaptando conforme
as necessidades para atender a todos. Mas a superlotação
continuou e nunca foi um problema ou novidade diante da
sensação provocada pelo samba que foi ficando cada vez mais
especial. “Não há satisfação maior que ver nosso samba lotado.
Isso não tem preço, são aproximadamente 400 pessoas todos
os domingos. Não há maior conquista”, completa Evaldo. E
a receita do sucesso? Vou explicar agora! Pra começar ao
chegar num samba do Simplicidade você será envolvido
por um clima emblemático e sedutor, vai poder pedir sua
música, vai sambar, vai cantar, se emocionar e se for artista...
É só subir e da o ar de seu canto ou do seu instrumento. “Para
o grupo o bar do Cacá é tudo, segunda casa mesmo. Se tem
uma reunião é no Cacá, ensaio... É no Cacá! Festa particular
também é no Cacá”, Completa Edmar. E acha que acabou?
Tem
mais! Entre sambas e sambas, convidados
especiais podem surgir e transformar
o que
já é bom, em algo ainda
melhor! “Lembro-me
que Ubirani do grupo
Fundo de Quintal nos
fez duas visitas. E se sentiu
emocionado ao ver o grupo
tocar músicas que ele mesmo
não cantava há dez anos”,
destacamos também a presença
do cantor e compositor Toninho
Gerais, que nos emocionou e
ENTREVISTA
também se supreendeu ao ver sua caricatura no bar, além de
ter prestigiado a roda cantando várias músicas de sua autoria.”
conta Ronan que ainda completa que é gratificante ver alguém
pedir uma música e chorar ao ouvi-la.
E nas voltas do mundo e nas peças que a vida pode pregar
esses artistas nem poderiam imaginar que um dos seus
trabalhos mais importantes seria a abertura do show do
grupo inspirador de seu trabalho. Incrivelmente... O nome
do grupo que é Simplicidade Samba surgiu através de
Alan, cavaquinista do grupo, que se inspirou numa música
do Fundo de Quintal e também, é claro, na história onde
tudo começou a casa de Dona Maria das Graças. O show
acontecido em 2013 no Music Hall ficou na memória da
cada componente e para o sambista Edmar Silva esse foi
umas das maiores conquistas do grupo “foi um prazer
fazer este show, por que na verdade ganhamos o prazer
de está ali. Sabemos que ainda muito a melhorar, mas foi
uma oportunidade consolidar nosso trabalho e aparecer no
mercado musical”, conta o músico que diz que os sonhos
e planos não acabaram por aqui. “Nosso sonho é fechar
um Chevrolet Hall só pro Simplicidade! Tocar vendo
todo mundo cantar as nossas músicas. Se Deus quiser
veremos isso”, afirma Adriana. A back vocal dona de uma
voz poderosa ainda conta que viver da música é um dos
maiores anseios dos músicos que também desejam gravar
um CD com as composições do grupo em breve. A verdade
é que além de reduto de samba com repertório muito
elogiado, o grupo também é um poço de compositores,
Adrianinho, Alex, Ronan e Alan, por exemplo, já estão com
músicas prontinhas para cantar e nos encantar.
Um grupo do povo ou um grupo para o povo? Bem, acho
que as duas definições caracterizam perfeitamente o
Simplicidade Samba. A começar pelo casamento perfeito
entre o grupo e o bar do Cacá, quem for ao samba vai ter
contato com qualquer um dos componentes do grupo que
inclusive quando fizerem seu pequeno intervalo vão passar
entre seu público abraçando e agradecendo um por um
pela presença. Precisa dizer mais? Essa é a história real da
simplicidade de um samba que conquistou Belo Horizonte!
Por: FifySouza
Revista Fui Sambar
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Fotos: Arquivo Pessoal
Entrevista
Simpatia, entusiasmo e amor pela música esse é o sobrenome
do “Nascidos do Samba”, um dos melhores grupos de samba
de Belo Horizonte, que há 18 anos vem trabalhando para ser
reconhecido dentro e fora de Minas Gerais.
Conhecido pelo samba diversificado, o grupo contagia as
pessoas que gostam e curtem um samba de qualidade. O
músico Gugu de Souza que integra o grupo, desde a primeira
formação, sempre acreditou na força do nome “Nascidos do
Samba”. “Existem pessoas que fizeram parte da banda, no
passado, que contribuíram muito para a concretização desse
sonho”. O diferencial “Nascidos do Samba” é que eles têm
facilidade em perceber o que o público quer ouvir. Em seus
shows fazem um resgate das músicas que fizeram sucesso
nos anos 90, como as do “Só pra contrariar”, “Negritude
Junior”, entre outros.
O grupo é formado por quatro músicos, Edmar Sorriso
(vocal e cavaco), Gugu de Souza (voz e violão), Weslley
(vocal e pandeiro) e Pilico (voz e tantan). Um grupo enxuto e
homogêneo, no qual a paixão pela música vem em primeiro
lugar. O “Nascidos do Samba” teve várias formações até
chegar a atual. Encontraram algumas dificuldades para
encontrar pessoas que tivessem o mesmo engajamento
e objetivos em comum. “Porque os músicos bons não
querem ficar em um grupo só, preferem fazer freelancer, e
isso enfraquece as bandas e grupos”, conta Gugu de Souza,
cantor e compositor.
O samba entrou na vida de cada um deles quando ainda
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Revista Fui Sambar
eram crianças. A grande influência para essa escolha
musical foi a família e a velha guarda do samba mineiro, que
sempre contribuíram para que o samba fosse nossa paixão.
“Comecei muito novo e quando ia tocar com o ‘Nascidos do
Samba’, o Gugu ia à minha casa pedir a meu pai para eu ir”,
conta Edmar Sorriso, vocal e cavaco.
O grupo está disposto a arriscar e agarrar as oportunidades
que aparecerem. Não podemos ficar esperando as coisas
acontecerem apenas aqui. Todos os integrantes do grupo
têm a suas atividades paralelas, mas esperamos chegar
um dia em que teremos que nos dedicar exclusivamente
à música. Esse é o grande desejo do grupo, que com o
lançamento desse terceiro CD veem a concretização de
um sonho. Música para mim é um sonho e não pretendo
desistir, destaca Pilico, vocal e tantan.
ENTREVISTA
O sonho CD
“Vamos Batucar”
O “Nascidos do Samba” anima festas em Belo Horizonte e na
região metropolitana, carregando seu pandeiro, violão, cavaco
e tantãs para todos os lados, fazendo aquela legítima roda de
samba. A paixão pelo samba é antiga, e no começo tudo era só
divertimento de bons amigos. Com o passar do tempo
essa paixão cresceu, tomou corpo, e o que era apenas uma
função de final de semana, foi ficando cada vez mais sério.
Além disso, o grupo também se apresenta em festas e eventos
variados e participa de rodas de samba, construindo aos
poucos seu público fiel e apaixonado. Esse CD vem celebrar a
importância e amadurecimento dos “Nascidos do Samba” sobre
as gerações de músicos mineiros. A produção desse terceiro CD
foi realizada em Belo Horizonte, com a participação de grandes
músicos mineiros e com a produção musical do Jota P. “Graças
a Deus esse CD está tendo grande repercussão entre as pessoas
que estão escutando”, conta Gugu.
O grupo que já tem dois CDs gravados, todos com história e
dedicação especial, tem como grande objetivo fazer com que
as pessoas escutem esse novo trabalho. Esse novo trabalho
traz composições de Gugu Souza, com grandes parceiros
e amigos que abrilhantaram essa linda produção. “É uma
delícia gravar, e esse sem dúvidas é um dos melhores CDs
produzidos em Belo Horizonte e também minha estreia
como compositor”, conta Weslley, vocal e pandeiro.
O “Nascidos do Samba” dedica esse CD a todas as pessoas
que deram oportunidade ao grupo como as antigas casas
de shows Trash e Sabor e Sedução. “Ao Pizza Bar onde
tocamos por muito tempo e ao Clube do Samba do bairro
São Geraldo, hoje, nossa referência, nosso porto seguro.
Lá, temos um público fiel e que aprecia nosso trabalho.
Aos músicos que participaram da gravação, ao Sérgio Lima
que acredita em nosso trabalho e pela força de sempre, às
pessoas que contribuíram financeiramente e a todos os
nossos familiares”.
Por: Flávia Nunes
Revista Fui Sambar
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entrevista
Fots: Junio Amaro
Mais uma vez Arlindo trouxe a Belo
Horizonte o show “Batuques do meu
lugar”. O nome escolhido para o CD
remete às fontes da arte do cantor
e compositor: batuques sagrados e
profanos, afirmando fé na vida, no
amor e na música. “Eu adoro toda vez
que venho a Belo Horizonte, sinto que
o povo me ama e tem um carinho com
meu trabalho, é sempre bom ser bem
recebido”, destaca.
Arlindo Cruz é, com certeza, um dos
maiores sambistas do Brasil. Herdeiro
de uma linhagem musical originados
do samba, na Casa da Tia Ciata com
Donga, Pixinguinha e Joāo da Baiana,
passando pelas rodas de samba
promovidas por Candeia, chegando
aos pagodes no Cacique de Ramos e
o grupo Fundo de Quintal, ele traz o
orgulho, o legado das religiões afrobrasileiras.
Cantor, compositor e instrumentista,
Arlindo Cruz começou a carreira de
compositor disputando e ganhando
festivais de música em Minas Gerais,
onde estudou na escola preparatória
de Cadetes do Ar. “Minas me fez
poeta, aqui comecei a compor minhas
primeiras canções”, revela Arlindo.
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Revista Fui Sambar
Entrevista
No Brasil inteiro e em Minas Gerais,
as letras de Arlindo Cruz e parceiros
animam as pessoas nas rodas de samba.
São mais de 500 composições gravadas
por diversos cantores no decorrer
de sua carreira. Arlindo se considera
um artista esclarecido, pois consegue
com suas composições dialogar com
Monarco e Thiaguinho. “Gosto muito
de aprender com as pessoas e com
meu filho, porque acredito que posso
aprender muito com a nova geração”,
destaca.
E não é para menos, além de vencer
a disputa de sambas para dar vida ao
enredo da escola de samba Unidos de
Vila Isabel, em 2014, o cantor também
concorreu ao prêmio Grammy Latino
de melhor canção, com o samba “Vai
embora tristeza”. Já o Samba “Retratos
de um Brasil Plural”, da GRES Unidos
de Vila Isabel, composto por Evandro
Bocão, Arlindo Cruz, André Diniz,
Professor Wladimir e Arthur das
Ferragens foi o grande escolhido para
2014 e promete mais uma vez arrepiar
a Sapucaí. “É maravilhoso e vem
coroar a minha essência de trabalho”,
disse Arlindo Cruz.
Muitos sambistas de grande nome no
cenário nacional vêm a Belo Horizonte
e visitam algumas rodas de sambas
que temos pela cidade. Como um bom
sambista, Arlindo não é diferente, teve
o prazer de conhecer alguns artistas
e compositores mineiros. E destaca
que em Minas Gerais temos grandes
músicos e que também fazemos samba
de qualidade.
Segundo o cantor, temos grandes
artistas mineiros como: Toninho
Gerais, Aline Calixto, Fabinho do
Terreiro e o grupo Só pra Contrariar,
um ícone do samba dos anos 90, grupo
que fez muito sucesso e está voltando
com força total. Na história do samba
em Minas Gerais temos compositores
de grande destaque e importância,
como Ary Barroso e Ataulfo Alves.
Não podíamos deixar de destacar a
participação do cantor no Programa
“Esquenta”, mais um desafio desse artista
que inova comandando o programa ao
lado de Regina Casé e outros sambistas de
peso. “A Regina é a maior representante
de todas as classes sociais, ela consegue
transitar na zona sul e periferia com a
maior dignidade. O “Esquenta” é um
programa que todo mundo se identifica
porque o Brasil é isso, uma mistura, e eu
estou no meio desse ‘Esquenta’”, destaca
Arlindo.
Arlindo Cruz deixa um recado para
todos os que querem trilhar o caminho
de sucesso. “É preciso amar o samba,
prestar atenção e ouvir bastante os
antigos, e contemporâneos. Então,
agradeço a todos os meus parceiros que
me ajudam e contribuem bastante, nessa
tarefa que é fazer o samba de raiz”.
Paixão pelo
samba
A paixão entre Arlindo Cruz e o samba
começou quando ele nem conhecia as
primeiras letras. Aos sete anos ganhou
o seu primeiro instrumento – quem
diria, um cavaquinho – e aos 12 anos
já sabia tirar músicas de ouvido com
uma habilidade que deixava as pessoas
maravilhadas.
Seu pai o incentivou a estudar teoria
musical, solfejo e violão clássico.
Nesse momento surgiu a primeira
oportunidade de trabalhar como
músico com Candeia, sambista,
cantor e compositor brasileiro falecido
em 1978, que ele considera como
padrinho e com quem gravou seus
primeiros discos. Na época, gravou um
compacto simples e um LP chamado
“Roda de Samba”.
Mas foi no Cacique de Ramos, um dos
blocos mais tradicionais do Rio de
Janeiro, berço de alguns talentos no
samba, que Arlindo teve os primeiros
contatos com alguns nomes que mais
tarde, viriam a ter destaque no samba
brasileiro como Jorge Aragão, Almir
Guineto, Beth Carvalho, entre outros.
Quando Jorge Aragão se afastou do
grupo “Fundo de Quintal”, Arlindo foi
convidado a fazer parte do grupo, no
qual permaneceu por 12 anos.
Arlindo Cruz saiu do “Fundo de
Quintal” em 1993 e começou sua
carreira solo se destacando nas
composições de sambas enredo.
Conquistou a primeira vitória para
a sua escola de coração – Império
Serrano – em 1996, quando compôs o
hino imperiano, com um dos sambas
mais bonitos daquele ano: “E verás
que um filho teu não foge à luta”.
Essa vitória trouxe outras para a sua
biografia, repetindo em 1999, 2001
– samba que ganhou o Estandarte
de Ouro do jornal O Globo -, 2003,
2006 e 2007. Em 2008 concorreu
pela primeira vez na Grande Rio e
venceu com o enredo “Do Verde de
Coarí Vem Meu Gás, Sapucaí!”. Em
2013 conquistou a vitória com GRES
Unidos de Vila Isabel com o enredo:
“A Vila Canta o Brasil, Celeiro do
Mundo”.
Por: Flávia Nunes
Revista Fui Sambar
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Fots: Junio Amaro
entrevista
Em plena era digital, o convidamos para fazer uma viagem
pelo passado. Passado esse, que se reflete na cultura com
resgate de costumes, lendas e mitos; na moda com os estilos
vintage e retrô e por que não na música? Afinal, quem nunca
se emocionou com uma canção e descobriu depois que a
mesma já tinha sido ouvida há décadas! Para um passeio
tão importante apresentamos um convidado à altura, a voz
do momento, o músico Fernando Bento, que mesmo sendo
tão jovem é um exímio conhecedor dos famosos “sambas
das antigas”.
Fui Sambar: Sua família tem influência no seu gosto
musical? De onde vem seu interesse pelos “sambas das
antigas”?
Fernando Bento: A família é primordial em qualquer
situação porque é o alicerce. E se tratando da minha família
que é de músicos, compositores, chorões, sambistas e cantores;
a cultura de berço fala mais alto! O interesse pelos “sambas
das antigas” veio das sextas-feiras em que meu pai, seu
Eustáquio, juntamente a seu Pedro do Cavaco, meu primeiro
14
Revista Fui Sambar
professor de música, organizavam saraus no quintal da minha
casa onde se cantava Cartola, Moacir Luz, Wilson Batista,
Mano Alvarenga, Manacéia, Candeia, Adoniran Barbosa,
Ataulfo Alves, Ismael Silva, Mestre Aniceto, Dona Ivone Lara,
Monarco, Alcides, Paulo da Portela, Silas de Oliveira, Mestre
Conga, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Doriléu Vilela,
Pixinguinha e muito mais. Cresci escutando esses belos e
gloriosos sambas e choros. Era garotinho e já entrava na roda
para tocar. Chegava sexta-feira e era só alegria; e como eu
era criança, seu Pedro era quem me deixava entrar na roda e
dizia: “Deixa os meninos tocar”, ele me ensinou os primeiros
acordes.
Fui Sambar: Há um estudo, uma pesquisa sua, em relação a
essas canções antigas?
Fernando Bento: Com certeza, esses compositores citados foram
e sempre serão uma referência e escola para todos os sambistas
contemporâneos. Quando se pesquisa o compositor, sua origem,
se afirma sua identidade.
ENTREVISTA
Fui Sambar: Falando em identidade, você sempre cita e exalta
o Jongo, a Capoeira e o Congado, o que essas manifestações
culturais representam na sua concepção?
Fernando Bento: Nossa reza, nossa ginga, nossa dança, nossa
afirmação. Enfim, nossa identidade!
Fui Sambar: Quem são seus ídolos e o que eles têm de tão
especial?
Fernando Bento: Sou muito família, muito religioso e centrado
nas coisas espirituais... Então, meu maior ídolo é Deus! Depois
os meus santos de devoção, São Jorge, Santa Bárbara e Santo
Expedito, meus pais, meus filhos e meus irmãos. Esses são os
maiores ídolos que tenho! Já, na música, em se tratando de
samba, tem grandes personalidades como: Roberto Ribeiro, Noel
Rosa, Délcio Carvalho, Pixinguinha, Clara Nunes, Tantinho da
Mangueira, Remédio da Viola, Fundo de Quintal, Erê do Samba,
Arlindo Cruz, Almir Guineto, Sombrinha, Toninho Gerais,
Serginho Beagá, Wilson das Neves, Ary Barroso, Zé Kéti, poucas
pessoas conhecem, mas foi um grande compositor! E também
Mestre Jonas, Mestre Afonso, Mauro Diniz, Tia Cecília, Silas de
Oliveira, Luiz Carlos da Vila, que foi um grande incentivador
da minha carreira, Wilson Moreira... São pessoas com quem
aprendi muito! Cabral, Bira Favela, Fabinho do Terreiro, Arthur
Carvalho, essa rapaziada toda! Das antigas... Candeia, Dona
Ivone Lara, Paulinho da Viola, Mano Décio da Viola, Ataulfo
Alves... E os mineiros: Noca da Portela, Zé Catimba, Zé do Monte
e muitos outros. E para fechar meu avô, Arlindo Cachimbo, e meu
tio, Waltinho Sete Cordas.
Fui Sambar: Um artista mineiro da sua admiração e por quê.
Fernando Bento: São vários, mas vou falar do meu parceiro,
amigo de paixão, Wilson Moreira, por que embora more no Rio
de janeiro, ele nunca deixou de ser mineiro. Compôs jongo com
Ney Lopes e defende as raízes assim como o Xangô da Mangueira.
É isso que me encanta nele: “Eu vou-me embora pra Minas
Gerais agora, vou pela estrada afora cantando meu candongueiro
oh”. Ele não perdeu as origens! É capoeirista e se brincar ainda
dá umas pernadas. É o maior ídolo que tenho em Minas! Ele é
o cara!
Fui Sambar: Qual a importância e por que o artista deve
pesquisar e estudar sobre sua arte?
Fernando Bento: Um sambista que não pesquisa, jamais vai
saber a história do samba, do jongo, do Maracatu, Coco, Lundu
e não saberá que isso tudo se funde numa coisa só, que hoje
circula pelo Brasil. O samba não tinha espaço por que era um
ritmo da senzala. Na casa da Tia Ciata, no Rio de Janeiro, tocava
só chorinho, o samba demorou para ser tocado ali, porque o
chorinho era um clássico; os frequentadores era gente da classe
alta! Então, a “ralé”, o povo negro do samba não participava
dessas festas. O samba era um instrumento de resistência, assim
como o jongo em que se reza, se expressa sentimentos sejam eles
dor ou alegria. O estudo vai mostrar quem foram os maiores
compositores, quem corria com violão nas costas, por que senão
era preso. Tem até uma música do Donga que conta: “O chefe da
polícia pelo telefone mandou me avisar, que na carioca tem uma
roleta para se jogar”; então, se não pesquisar não vai saber essas
coisas, nunca... Não vai saber da luta, da resistência, da força...
Tem que pesquisar! É a música que os nossos ancestrais fizeram,
para hoje, estarmos desfrutando do melhor. Isso que é o mais
grandioso, o mais valioso para mim!
Fui Sambar: O que você busca naquilo que canta?
Fernando Bento: Como dizia a canção dos mestres João Nogueira
e Paulo Cesar Pinheiro: “Quando eu canto é pra aliviar meu
pranto e o pranto de quem já tanto sofreu”. Contudo, me sinto
mais perto de Deus por que Ele é o criador de tudo! Então a gente
o louva, se aproxima dele e das boas vibrações que sabemos, que
circundam todo o universo da música e do samba. Eu procuro
saudar o meu povo zumbi e as pessoas que sofreram para que
essa música estivesse viva hoje. Procuro resgatar e não deixar
morrer essa raiz tão valiosa e pouco valorizada. Faço disso uma
espada do meu santo guerreiro que é São Jorge, Ogum! É uma
batalha! Eu me sinto um soldado que nunca vai abandonar a
guerra e sempre estarei com a minha espada empunhada, que é
a bandeira do samba!
Fui Sambar: Deixe um recado para os seus fãs e para
pessoas que acompanham seu trabalho.
Fernando Bento: Primeiro, amo vocês! Sou um grande
admirador de todo público, de quem vai aos shows, de quem
conversa comigo pela internet ou ao vivo e a cores. Não deixem
de pesquisar e nem de valorizar a nossa música. Vamos rezar
pelos nossos sambistas que se foram e para o que estão aqui.
Esses são nossos eternos professores e precisamos deles cada
vez mais, para continuar nos ensinando e nos prestigiando,
porque nós da jovem guarda tivemos muitas oportunidades
que eles não tiveram. Que Deus dê a eles vida e saúde para
que possam nos ver cantar um samba e dizerem: “Valeu a
pena”!
Jornalistas: Fify Souza
Revista Fui Sambar
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