A IMPORTÂNCIA DA VALIDAÇÃO DE METODOLOGIA ANALÍTICA APLICADA AO MONITORAMENTO DE CLORETO EM MATRIZES AQUOSAS A.C. Machado1, B.C.R. Barreto2, A.R.M. Santos3, N.L. Fernandes4, E.D.M Muna5 e G.P Rocha6 1 Centro de Tecnologia Ambiental /Sistema Firjan, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 2 Centro de Tecnologia Ambiental /Sistema Firjan, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 3 Centro de Tecnologia Ambiental /Sistema Firjan, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 4 Centro de Tecnologia Ambiental /Sistema Firjan, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 5 Centro de Tecnologia Ambiental /Sistema Firjan, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] 6 Centro de Tecnologia Ambiental /Sistema Firjan, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] Área do Conhecimento: Química Resumo: Embora seja um ânion comum em águas e efluentes, o íon cloreto pode conferir efeitos indesejados dependendo da sua concentração. Assim, importa a sua quantificação por métodos analíticos confiáveis e validados, já que o parâmetro tem sido utilizado como indicativo da qualidade das águas em diversas normas ambientais. 4.2 Normas de Monitoramento 1. Introdução O íon cloreto (Cl-) é um dos principais ânions inorgânicos em águas e efluentes e sua presença se deve a dissolução de minerais de rochas e solos ou por poluição antrópica. Sua presença pode conferir sabor a água se uma concentração de 250 mg/L estiver associada ao cátion sódio, conferindo gosto salgado. Entretanto, se associada ao cálcio ou magnésio, o sabor salgado pode estar ausente na presença de até 1000 mg/L de cloretos. Em águas residuárias há aumento da concentração de cloretos por influência da ação antrópica, com o uso de cloreto de sódio na alimentação, que passa inalterado através do sistema digestivo. Assim, a concentração de cloretos, inclusive, já foi utilizada como indicadora da contaminação de águas por esgotos sanitários, sendo substituída pela determinação de coliformes termotolerantes. A concentração de cloretos também sofre influência por fugas de água salgada para o sistema de esgotos e águas subterrâneas, principalmente ao longo da costa do mar. Sofrendo influência, ainda, de processos industriais, uso indiscriminado de cloro em lavanderias, tratamento de água de piscinas, remoção de resíduos graxos e oleosos, exterminação de fungos, bactérias, vírus, mofos, germes, lodos, desinfecção das águas de abastecimento público, sendo resultante das reações de dissociação do cloro na água, prejudicando o processo de tratamento de efluentes, inibindo o crescimento de plantas, danificando tubos e estruturas metálicas e hidráulicas, e, desta forma, trazendo grandes prejuízos de ordem econômica. Existem variadas metodologias para determinação de cloretos em amostras aquosas, contudo, o método tradicional de titulometria, baseado em volumetria de precipitação (método de Mohr) se configura como uma boa alternativa para a sua quantificação em águas em geral, visto que os limites das normas ambientais são relativamente elevados, fator negativo para as demais técnicas (como por exemplo, a cromatografia iônica), que irão requerer altos fatores de diluição das amostras. Na tabela 1 são apresentados, de forma detalhada, os VMP’s estabelecidos para o parâmetro cloreto nas normas ambientais nacionais. 4.3 Validação da Metodologia Segue na tabela 2 os dados obtidos da validação do método de cloreto: 2. Objetivos Demonstrar as etapas de validação da metodologia utilizada pelo laboratório do Centro de Tecnologia SENAI Ambiental (titulação volumétrica por precipitação - método de Mohr) para fins da determinação de cloretos em matrizes aquosas, associando a importância do processo de validação na obtenção de resultados analíticos confiáveis, principalmente quando tais resultados são comparados a valores máximos permitidos (VMP’s) estabelecidos pelas normas ambientais para monitoramento deste parâmetro. 3. Métodos 3.1 Princípio do Método Utilizou-se o método Standard Methods 4500 B, em que consiste na formação de precipitado branco de cloreto de prata, na presença de cromato de potássio. O ponto final da titulação é indicado pelo precipitado amarelo-alaranjado de cromato de prata, formado após a precipitação de todo o cloreto. Através dos testes estatísticos, pôde-se evidenciar que o método apresentou: Faixa de trabalho linear com RSD < 10%, proporcionando resultados confiáveis, dentro deste intervalo; LQ e LD aceitáveis, atendendo aos limites estabelecidos pelas normas; Recuperação adequada, frente a complexidade do método, em decorrência da competição entre cloreto e cromato para precipitação da prata; Boa repetibilidade, sem desvios significativos nos resultados; Não houve diferença na execução da análise entre os analistas; Ensaio proficiente ao ser comparado a outros laboratórios; 4.4 Cálculo da Incerteza de Medição 3.2 Materiais Utilizados Os seguintes materiais e equipamentos foram utilizados: bureta digital com duas casas decimais; balança de precisão; pipetador de líquidos analógico de 10-100 µL; pipetador de líquidos analógico de 1-10 mL; pipetas volumétricas de 25 mL. Todos estes materiais possuem calibração RBC (Rede Brasileira de Calibração). O valor de incerteza apresentado na tabela 3, refere-se ao nível de concentração do próprio L.Q, sendo satisfatório, uma vez que, o método titulométrico apresenta muitas fontes de incerteza. O uso de material de referência certificado e equipamentos precisos, contribuíram para um valor baixo. 3.3 Validação da Metodologia A validação do cloreto foi baseada no documento DOC-CGCRE-008 rev.04. 3.4 Estimativa de Incerteza de Medição do Cloreto As principais fontes de contribuição de incerteza avaliadas são oriundas dos volumes relativos aos equipamentos utilizados (bureta e pipetas) e da correção da molaridade da solução titulante. Utilizou-se a equação geral (1) para o cálculo da incerteza padrão combinada do cloreto, baseado nas derivadas parciais dos termos da equação do modelo matemático do método e a equação (2) para o cálculo da incerteza expandida: 𝑢𝑐2 𝜕𝑥 𝑥 = × 𝑢𝑎 𝜕𝑎 U = µc2 x νeff 2 𝜕𝑥 + × 𝑢𝑏 𝜕𝑏 2 𝜕𝑥 + × 𝑢𝑐 𝜕𝑐 2 𝜕𝑥 + ⋯+ × 𝑢∞ 𝜕∞ 2 (1) (2) 4. Resultados e Discussão 4.1 Perfil de Demanda Analítica No gráfico 1, é apresentando o quantitativo de empresas que solicitaram ao CTS Ambiental para efetuar a análise de cloreto para atendimento as normas ambientais: 5. Conclusão O método apresentou desempenho satisfatório nos parâmetros avaliados na validação, tendo limite de quantificação de 1,66 mg/L, valor capaz de atender a norma ambiental mais restritiva (Resolução Conama 396). O baixo valor alcançado de incerteza de medição também é um fator importante quando se espera atender aos VMP’s das normas ambientais, já que, caso contrário, poderá colocar o parâmetro fora do limite estabelecido. O laboratório possui um histórico satisfatório nos programas interlaboratoriais de cloreto, em especial, para os valores mais baixos, o que assegura a confiança dos resultados gerados mais próximos do limite de quantificação proposto na Conama 396. Assim, o método se mostrou uma alternativa viável para o monitoramento de cloreto, tendo vantagem quando comparado em termos de custo, às demais técnicas analíticas destinadas ao mesmo fim. 6. Agradecimentos Os autores agradecem ao Sistema Firjan pelo estímulo a produção científica e a seus colaboradores, além do apoio do projeto RESAG. 7. Bibliografia [1] STANDARD Methods for the Examination of Water and Wastewater. Colorimetric Method 4500-Cl- B, 22nd ed. New York: American Public Health Association, 2012, p. 472 - 4-73. [2] INMETRO - Orientações sobre validação de métodos analíticos DQO-CGCRE-008, revisão 4 Jul/2011. [3] WORLD HEALTH ORGANIZATION - Guidelines for Drinking-water Quality, 4th ed., 2011. [4] Cloretos. Disponível em:< http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/agua/aguassuperficiais/ aguasinteriores/ variaveis/ aguas/variaveis_quimicas/cloreto.pdf>. Acesso em: 07 de agosto de 2014. [5] EURACHEM, 2000, “Quantifying Uncertainty In Analytical Measurement.” Laboratory of the Government Chemist, Final Draft: Eurachem Workshop, Helsinki. [6] Guia para a Expressão da Incerteza de Medição, 2003. Terceira edição brasileira em língua portuguesa – Rio de Janeiro: ABNT, INMETRO, SBM.