ECONOMIA DE ÁGUA EM CULTIVO NÃO

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ECONOMIA DE ÁGUA EM CULTIVO NÃO CONVENCIONAL DE
MARACUJÁ AMARELO (Passiflora edulis, Sims f. flavicarpa Deg.).
Melchior Naelson Batista Da Silvalourival Ferreira Cavalcante, Dácio Brito Rocha,
Napoleão Esberard De Macedo Beltrão.
Avenida Manoel de Barros, 86 – Centro – Remígio/PB. CEP. 58398-000.
E-mail: [email protected]
RESUMO
A eficiência no uso da água é função das características genéticas da planta mas
também está relacionada com sistemas de cultivo capazes de minimizar as perdas de água. O
presente trabalho foi realizado com o objetivo de estudar o comportamento do maracujazeiro
amarelo (Passiflora edulis) em sistema não convencional de cultivo. As plantas foram
cultivadas em sacos de fertilizantes envolvidos por sacos de polietileno preto. Os tratamentos
constaram de duas fontes de matéria orgânica (esterco bovino e composto de lixo urbano) nas
dosagens de 0, 5, 10 e 15 litro/planta. Também foi testada a presença e ausência de cobertura
morta, realizada com capim braquiária. Foram avaliados o crescimento inicial das plantas pela
altura de plantas e diâmetro de caule até os 120 dias. A ausência de matéria orgânica interferiu
no desenvolvimento das plantas ao ponto de revelar-se inferior às doses de 5, 10 e 15 litros
por planta. Os maiores valores do diâmetro do caule, bem como os seus incrementos
corresponderam as maiores doses de matéria orgânica fornecidas. A economia de água no
período crítico de estiagem (dezembro/96 a fevereiro/97) passou de 10 litros/dia, em plantio
convencional, para 15 litros/semanais no cultivo em saco plástico de fertilizante. Também foi
constatada uma economia na adubação nitrogenada, a partir do sulfato de amônia de até 75%
e 50% para o cloreto de potássio.
Palavras-chaves: Economia de água, Passiflora edulis, matéria orgânica
INTRODUÇÃO
O estudo da economia de água, na grande maioria das culturas, está mais
associado ao déficit hídrico do solo quase sempre sem levar em consideração a área de
exploração do sistema radicular.
O termo economia de água em agricultura não significa obrigatoriamente
fornecer-se à planta menores volumes do que os exigidos, significa mais propriamente que a
quantidade aplicada seja maximamente utilizada pela cultura.
Nas regiões semi-áridas onde há período de cinco a seis meses sem precipitação
pluviométrica, a irrigação torna-se obrigatória às atividades agrícolas e a técnica de economia
de água transforma-se em um acessório essencial.
As perdas hídricas normalmente são mais relacionadas com evaporação, mas
também ocorrem o escoamento superficial e percolação profunda. Em solos arenosos esta
última talvez represente a maior perda pela alta taxa de percolação de água.
A cultura do maracujá amarelo (Passiflora edulis Sims Flavicarpa Deg.)
encontra-se em momento de expansão no nordeste brasileiro e particularmente no estado da
Paraíba, principalmente em regiões onde as condições hídricas são adversas, sendo
indispensável a utilização de irrigação. Por isto a utilização de pesquisas que visem estudar a
eficiência do uso da água pelas plantas devem ser realizadas. Este trabalho teve o objetivo de
estudar o efeito de doses e fontes de matéria orgânica, bem como da cobertura morta sobre o
desenvolvimento inicial do maracujá amarelo
cultivado em sacos de fertilizantes no
município de Remígio – PB.
MATERIAIS E MÉTODOS
Localização do Ensaio, Caracterização do Solo e do Clima.
O ensaio foi conduzido na propriedade Macaquinhos, distando 8km da cidade de
Remigio - Pb. A localização geográfica do município está definida a 6º 53’00” de latitude sul,
36º 02’00” a oeste do meridiano de Greenwich com altitude de 470 m. O solo do local
segundo Brasil (1972) foi classificado como Podzólico Vermelho Amarelo, equivalente
eutrófico de textura arenosa, com característica de drenagem adequada. resultados da análise
de solo (Tabela 1) afirmam que o mesmo é de natureza ácida, com teores médios de cálcio
mais magnésio e pobre em matéria orgânica e fósforo (EPABA, 1989).
Tabela 1: Resultados da analises químicas do solo
VARIÁVEIS
VALOR
PH em água (1:2,5)
4,80
Ca+2 (Cmolc/dm3)
0,77
Mg+2 (Cmolc/dm3)
1,40
K+ (Cmolc/dm3)
2,60
Al
+3
3
(Cmolc/dm )
1,50
H+ (Cmolc/dm3)
0,95
S (Cmolc/dm3)
4,77
CTC (Cmolc/dm3)
7,22
V(%)
66,07
3
P (mg/ dm )
5,00
M.O (g/kg)
4,00
S - soma de base; CTC - capacidade de troca catiônica; V - saturação por base;
M.O. - matéria orgânica
O clima do município de Remígio - PB está classificado, conforme Köppen
(Brasil, 1972), em As’, isto é, quente e úmido, com chuvas de outono - inverno. A
precipitação media no local do ensaio em 1997 foi 930 mm, temperatura media de 26ºC e
umidade relativa do ar de 77%.
Delineamento Experimental, Sistema de plantio e condução do ensaio.
O ensaio foi conduzido no delineamento em blocos casualizados com três
repetições e duas plantas úteis por parcela. Foi adotado o esquema fatorial
2 x 4 x 2
correspondente a duas fontes de matéria orgânica (esterco bovino e composto de lixo urbano),
em quatro doses de cada fonte (0-5-10-15 litros/cova), na presença e ausência de cobertura
morta, confeccionada com capim Brachiaria decumbens, com espessura de 5cm, totalizando
16 tratamentos e 96 plantas.
O plantio não obedeceu as normas tradicionais em covas de 40 cm x 40 cm x 40 cm
(64 litros), diretamente no solo. Foi feito em sacos plásticos vazios de fertilizantes minerais
com diâmetro médio de 34 cm e altura de 60 cm. Foram colocados em cada recipiente, 30
litros dos primeiros 20 cm do solo, com e sem as doses de cada fonte de matéria orgânica,
obtendo-se volumes de 30, 35, 40 e 45 litros .
Por ocasião do plantio (28/12/96) a adubação com nitrogênio e cloreto recomendada
pela EPABA (1989) foi reduzida em 50%, sendo fornecidas 83g de sulfato de amônio e 32 g
de cloreto de potássio à cada unidade experimental. Quanto ao fósforo foram aplicados 250g
de superfosfato simples correspondendo a 100% da quantidade exigida pela cultura. A
redução inicial para 50% de nitrogênio e potássio foi baseada na distribuição do sistema
radicular das plantas (Kuhne, 1965), na redução do volume às raízes nos e mais elevados
índices de salinidade dos fertilizantes nitrogenados e cloratados (Cavalcante, 1995).
Nos meses de janeiro e fevereiro, período de maior demanda hídrica,
semanalmente, as plantas foram irrigadas manualmente com quatro litros de água em dois
turno de rega de 2 litros a cada 72 horas. No intervalo de julho a outubro de 1997 as plantas
passaram a receber 8 litros aplicados em duas vezes de 4 litros em 72 horas. A partir de
outubro até dezembro/1997 a exigência hídrica foi elevada para 15 litros semanais,
distribuídos em três vezes de 5 litros a cada 48 horas.
Quinzenalmente foi medido o crescimento das plantas em altura até atingirem a
espaldeira. Após a poda do broto terminal , foi conduzido os dois ramos opostos até o
comprimento de 1,5m, quando procedeu-se uma nova poda dos brotos terminais, para evitar
que os ramos de duas plantas se cruzassem, também foi avaliado, mensalmente o diâmetro de
caule das plantas de maracujá.
Os dados obtidos foram discutidos com base na análise de variância, estudos de
regressão polinomial e através do contraste de médias pelo teste de Tukey, como recomenda
Pimentel Gomes (1990).
RESULTADOS
Altura de planta e Diâmetro de caule
Os resultados de altura de planta, aos 60 dias, e diâmetro de caule, aos 120 dias de
idade das plantas não expressaram superioridade estatística entre os tratamentos, no entanto
foi verificado efeito significativo do fator dose de matéria orgânica. A ausência de matéria
orgânica interferiu no desenvolvimento das plantas ao ponto de revelar inferioridade
estatística entre as doses relativas a 5, 10 e 15 litros por tratamento(tabela 2). Os maiores
valores do diâmetro do caule, bem como os seus incrementos corresponderam as maiores
doses de matéria orgânica fornecidas. Comportamento que foi coerente com Pereira et al.
(1993) ao concluírem que a matéria orgânica atua como agente melhorador físico dos solos e
favorece o desenvolvimento vegetativo das plantas.
Tabela 2: Valores relativos aos efeitos da dose de matéria orgânica sobre as variáveis
diâmetro do caule e altura planta.
DOSES
Diâmetro de caule (mm)
Altura de planta (cm)
D0
7,65 b
120,00 b
D1
9,36 a
156,17 a
D2
10,55 a
168,75 a
D3
10,93 a
161,33 a
CV (%)
15,7332
20,4195
DMS
1,6827
34,3959
DMS = diferença mínima significativa por Tukey para p ≤ 0,1; CV = Coeficiente de variação;
D0 = ausência de matéria orgânica; D1 = 5 litros D2 = 10 litros; D3 = 15 litros de esterco
bovino ou composto de lixo urbano.
180,00
160,00
Altura de planta(cm)
140,00
y = -0,4359x2 + 9,2699x + 120,18
R2 = 0,9995
120,00
100,00
Altura de planta
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Doses de matéria orgânica(litros)
Figura 1: Valores de altura de planta em função das doses de matéria orgânica fornecidas ao
solo.
12
Diâm e tr o de caule (m m )
10
8
y = -0,0133x 2 + 0,4201x + 7,6355
R2 = 0,9994
Diâmetro de caule
6
4
2
0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Dos e s de m até ria orgânica(litros )
Figura 2. Valores do diâmetro do caule em função das doses de matéria orgânica fornecidas
ao solo.
Economia de água e adubação
Os resultados revelaram economia de água no período crítico de estiagem
(dezembro/96 a fevereiro/97) de 10 litros/dia, em plantio convencional, para 15
litros/semanais no cultivo em saco plástico de fertilizante. Este período coincidiu com o
estádio inicial da planta, ou seja, do plantio até a poda dos brotos terminais. Também foi
constatada uma economia na adubação nitrogenada, a partir do sulfato de amônia de até 75% e
50% para o cloreto de potássio. A constatação foi evidenciada por tentativa, uma vez que as
doses relativas a 100%, 75% e 50% da necessidade de nitrogênio da cultura provocou toxidez
às plantas. Para o potássio, os sintomas de toxidez foram evidenciados nas doses superiores a
50% da quantidade recomendada para o cultivo no sistema convencional.
CONCLUSÕES
Nas condições experimentais trabalhadas foi possível concluir que:
O desenvolvimento das plantas, analisado pelo diâmetro do caule e altura de planta,
foi satisfatório;
A economia de água no período de floração e frutificação, durante o período critico de
estiagem, foi de 10 litros/dia para 15 litros semanais;
As maiores doses de matéria orgânica, independente da fonte, resultaram em maior
desenvolvimento das plantas, identificado pelo diâmetro de caule e altura de planta.
Não foi verificado estatisticamente, efeito das cobertura morta sobre os parâmetros
estudados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Agricultura. Levantamento exploratório - reconhecimento de solos
do estado da Paraíba. Rio de Janeiro: MA/CONTAP/USAID/SUDENE, 1972, 670 p.
(Boletim Técnico15)
CAVALCANTE, L. F. Sais e seus problemas no solos irrigados. DSER/CCA/U.F.PB, Areia
- PB, 1995, p. 29 - 34.
EPABA: EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DA BAHIA. Comissão estadual de
fertilidade do solo. Manual de Adubação e Calagem para o Estado da Bahia. 1989.
KUHNE, F. Tasty granadillas and their rool sistems. Farmingin South África, Pretória, v.
41, n. 2, p 33 - 37. 1965.
PEREIRA, J. L.; DILMA, M. C. O; FORTES, N. L. P. A incorporação de doses crescentes de
vermicomposto e a atividade microbinna do solo. IN: XIII CONGRESSO
BRASILEIRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS, Areia PB, CCA/UFPB, 1993.
PIMENTEL GOMES, F. Curso de Estaristica Experimental. Piraciaba - SP. Editora Nobel.
1990. 468 p.
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