ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHER

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À MULHER PORTADORA DE CÂNCER
DE MAMA COM BASE NA TEORIA DO RELACIONAMENTO
INTERPESSOAL
Moniqui Soares de Sá Freire*
Inez Sampaio Nery**
Grazielle Roberta Freitas da Silva***
Maria Helena Barros Araújo Luz****
Iellen Dantas Campos Verde Rodrigues*****
Resumo
O câncer de mama tem sido responsável pelos maiores índices de mortalidade no Brasil,
representando uma das grandes questões de saúde pública. A mulher acometida não tem
apenas seu corpo modificado, com reflexo na identidade feminina, mas também suas
relações interpessoais e afetivas fragilizadas por uma enfermidade que trás consigo
estigmas e preconceitos os quais terá que confrontar-se. Objetivo: Este estudo
objetivou refletir sobre a pertinência da Teoria do Relacionamento Interpessoal em
Enfermagem nos cuidados a mulher portadora de neoplasias mamária. Metodologia:
Para o alcance do objetivo utilizou-se as bases conceituais da referida teoria, capítulos
de livros e artigos que abordassem a temática do câncer de mama, além da percepção
das autoras sobre o assunto. O período de publicação analisada foi de 2000 a 2010
sendo o buscador principal as bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde –
Enfermagem. Resultados: Verifica-se que, apesar de ser uma teoria da década de 50,
ela trás para discussão questões atuais, ao enfatizar a necessidade de uma relação
empática entre enfermeiro e paciente; ao valorizar à escuta dos clientes e o
estabelecimento de uma relação dialógica entre os sujeitos envolvidos no cuidado; ao
considerar fundamental a compreensão do contexto sócio cultural dos indivíduos; ao
reconhecer que cada ser é particular necessitando de cuidados individuais e, por discutir
a importância de tornar os sujeitos co-participativos no seu tratamento. Conclusão:
Considera-se que as questões retomadas pela teórica são essenciais no cuidado à mulher
com câncer de mama por suas repercussões nas esferas físicas e psicossociais.
Palavras-chave: Neoplasias da mama. Mulheres. Teoria de enfermagem. Relações
interpessoais.
1 INTRODUÇÃO
*
Enfermeira pela Universidade Federal do Vale do São Francisco - UNIVASF. Mestranda do Programa
de Pós-Graduação da Universidade Federal do Piauí - UFPI. E-mail: [email protected]
**
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Graduação em Enfermagem, da Pós-Graduação
Stricto Senso do Programa de Mestrado em Enfermagem e de Políticas Públicas da Universidade Federal
do Piauí – UFPI. E-mail: [email protected]
***
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto I da Universidade Federal do Piauí – UFPI.
E-mail: [email protected]
****
Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Graduação em Enfermagem, da Pós-Graduação
Stricto Senso do Programa de Mestrado em Enfermagem da Universidade Federal do Piauí – UFPI. Email: [email protected]
*****
Enfermeira pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. Mestranda do Programa de Pós-Graduação
da Universidade Federal do Piauí - UFPI. E-mail: [email protected]
O câncer de mama vem ganhando lugar de destaque entre as doenças que
acometem a população feminina, se configurando como um grande problema de saúde
pública. No Brasil, as estimativas apontam que, para o ano de 2012 e final de 2013,
ocorrerão cerca de 52.680 casos novos de câncer de mama, sendo este tipo o mais
incidente nas mulheres de quase todas as regiões brasileira exceto na região norte, onde
o tumor de colo uterino é o mais frequente (BRASIL, 2011).
Além de ser a neoplasia maligna que mais incide nas mulheres brasileiras, é
também a primeira causa de morte por câncer no sexo feminino. Em 2010 foram
registradas 12.852 óbitos por esta doença no país e as estimativas indicam que a taxa de
mortalidade tende a permanecer elevada principalmente porque, em 60% dos casos, os
tumores mamários são diagnosticados em estágio avançado, o que os torna intratáveis
(INCA, 2012).
A preocupação em torno do câncer de mama não se dá, apenas, pelo seu perfil
epidemiológico, mas, principalmente, pelos efeitos e repercussões negativas que esta
doença provoca na vida das mulheres acometidas. Viver com uma doença ligada a
estigmas, conviver constantemente com incertezas em relação a sua qualidade de vida
futura e com relação a sua própria vida, bem como com a possibilidade de recorrência
da doença constituem-se em algumas das várias dificuldades que a mulher acometida
por esta enfermidade terá de enfrentar em seu cotidiano.
Estudiosos da área apontam que o diagnóstico de câncer de mama, com
frequência, provoca efeitos devastadores na vida das mulheres que o recebem, seja pelo
temor às mutilações e desfigurações que os tratamentos podem acarretar, seja pelo medo
da morte, ou pelas muitas perdas, nas esferas emocionais, sociais e materiais que quase
sempre ocorrem (SILVA, 2008).
Há que se considerar que, as imagens que identificam o câncer com a morte
ainda se fazem presente em nosso cotidiano, pois até bem pouco tempo, o diagnóstico
de neoplasia mamária era visto por muitas mulheres como uma sentença de morte
inevitável. Além disso, ao perceber-se com esta doença, a mulher depara-se com a
possibilidade de perder um órgão altamente imbuído de representações e significados, já
que as mamas simbolizam a feminilidade e acumulam funções estéticas, eróticas e de
trocas de afetividade e de alimento através da amamentação. A mastectomia, enquanto
modalidade terapêutica, provoca alterações nessa feminilidade, se constituindo na
mutilação de um órgão que para as mulheres guardam funções importantes; Além de
distanciá-las dos padrões estéticos tão valorizados atualmente (PINHO et al., 2007).
Assim, a experiência do câncer de mama transcende o sofrimento provocado
pela doença em si. Trata-se de um sofrimento que comporta representações e
significados atribuídos à enfermidade e seu tratamento que penetra nas dimensões do ser
feminino, interfere nas relações interpessoais e principalmente nas relações mais íntimas
e básicas das mulheres acometidas (SILVA, 2008).
Neste contexto, para uma assistência de enfermagem eficaz e satisfatória é
necessário que o enfermeiro, enquanto membro da equipe multiprofissional, considere
todos estes aspectos nos cuidados com a saúde dessa clientela, o que demandará, entre
várias outras coisas, habilidades em técnicas interpessoais, de comunicação, e
relacionamento terapêutico.
Nesse sentido, este trabalho propõe refletir sobre a Teoria do Relacionamento
Interpessoal de Hildegard Elizabeth Peplau e sua pertinência no cuidado a saúde da
mulher portadora de câncer de mama. A opção por essa teoria se deve a importância que
confere ao relacionamento entre enfermeiro e cliente, entendido como um instrumento
essencial no cuidado a pessoas enfermas.
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma reflexão sobre a pertinência da Teoria do Relacionamento
Interpessoal na assistência de enfermagem à mulher portadora de câncer de mama. Para
tal, realizou-se revisão da literatura, sendo o buscador principal as bases de dados da
Biblioteca Virtual em Saúde – Enfermagem, de forma assistemática. O período de
publicação analisada foi de 2000 a 2010. Além de artigos indexados, foi analisada, na
íntegra, a Teoria do Relacionamento Interpessoal elaborada por Hildegard Elizabeth
Peplau, publicada em 1952 no livro Relação Interpessoal na Enfermagem: um conceito
de referência para a enfermagem psicodinâmica. Com base nos conteúdos das
mensagens contidas no escrito, extraíram-se os conceitos mais pertinentes à realidade de
cuidados à mulher com câncer de mama. Além da referida obra, foram utilizados
capítulos de livros da área de enfermagem que abordassem a teoria e a temática do
câncer de mama feminina, sendo estes os critérios para inclusão.
3 TEORIA DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NO CUIDADO À
MULHER COM CÂNCER DE MAMA
A Teoria do Relacionamento Interpessoal é considerada um marco para a prática
da enfermagem, sobretudo, pela importância conferida ao relacionamento entre
enfermeiro e paciente no processo terapêutico, questão poucamente discutida e
valorizada no cotidiano de trabalho destes profissionais. Foi desenvolvida por Hildegard
Elizabeth Peplau, uma enfermeira americana que viveu entre 1909 e 1999, cuja
trajetória profissional voltou-se, principalmente, para o cuidado à clientela psiquiátrica
(BACCO, 2007).
Para a teórica a Enfermagem é um processo significativo, terapêutico e
interpessoal por envolver a interação entre duas ou mais pessoas com uma meta em
comum, a obtenção da saúde. Essa meta constitui um estímulo para o processo
terapêutico, no qual a enfermeira e o paciente respeitam um ao outro como indivíduos,
ambos crescendo e aprendendo juntos como resultado dessa interação (PEPLAU, 1990).
Assim, no contexto de cuidados à mulher com câncer de mama, esta e sua
família devem aliar-se ao enfermeiro para o alcance dos mesmos objetivos. A interação
entre os sujeitos envolvidos neste processo deverá ter como meta o restabelecimento e
manutenção da saúde da mulher com câncer, tanto nos seus aspectos biológicos como
psicológicos que se encontram fragilizados pela doença.
No tocante ao processo de aprendizagem, cabe ao enfermeiro usar sua habilidade
para fazer dos seus contatos com essas mulheres momentos oportunos para o
amadurecimento de ambos, enfermeiro e cliente, em especial para a pessoa com câncer
de mama que, durante o seu tratamento convive com a oportunidade de aprender com as
situações conflitantes e ameaçadoras imposta por esta enfermidade.
A relação interpessoal é o ponto central do livro Interpersonal Relations in
nursing, publicado em 1952. Em sua obra, Peplau trás conceitos que dão sustentação a
este relacionamento, entendido como um processo dinâmico capaz de provocar
mudanças positivas na vida dos sujeitos envolvidos.
O processo de adoecimento por câncer de mama trás consigo estigmas e
sofrimentos que imprime nas mulheres a necessidade de rever a sua condição dandolhes a oportunidade de aprender sobre si mesmo e adaptar-se nova realidade. Assim, o
enfermeiro pode ajudá-las a canalizar suas capacidades para a produção de mudanças
que influenciarão as suas vidas de forma positiva, bem como na elaboração de
estratégias que auxiliem no enfrentamento da doença.
Segundo Peplau (1990), três elementos são essenciais para que a relação
interpessoal aconteça: o paciente, o enfermeiro e seus respectivos contextos de vida. É
preciso que o enfermeiro, para a sua prática assistencial, conheça a si mesmo e seus
papéis profissionais e sociais, conheçam o cliente e o seu ambiente, que diz respeito a
tudo aquilo que está em volta e contextualiza o indivíduo, a exemplo de suas relações
sociais, cultura, crenças e valores.
Desse modo, a teórica traz à luz das discussões a noção de que cada paciente é
um ser individual e dotado de particularidades e, para que o enfermeiro entenda melhor
com quais particularidades está lidando, é necessário que se debruce sobre o ambiente
interpessoal do cliente, sua família e comunidade, elementos importantes para um
cuidado efetivo.
Considera-se que a mulher acometida por câncer de mama não só terá que
enfrentar a doença em si e o seu tratamento, más também irá confrontar-se com os
aspectos culturais, valores e crenças atribuídos ao processo de adoecimento por câncer,
e de mama em específico já que, culturalmente, há todo um investimento simbólico em
torno desse órgão. Assim, os significados atribuídos ao câncer de mama afetam
profundamente a maneira como a mulher percebe a sua doença e as respostas de outras
pessoas do seu convívio, se constituindo em aspectos dificultadores da adaptabilidade e
aceitação da mulher que se vê portadora dessa patologia.
Neste contexto, busca-se no relacionamento interpessoal um caminho para o
enfrentamento dessa problemática. Através de uma relação cuidadosa e imbuída de
respeito com o outro, o enfermeiro pode incluir, no repertório de suas ações, a
desconstrução dessas representações mostrando para a mulher o que é verdadeiramente
importante para a sua vida.
Para Peplau (1990), há necessidade dessa compreensão ampliada do cliente,
visto que os indivíduos têm reações diferentes frente ao seu processo de adoecimento.
Portanto, a teórica ressalta que, no relacionamento interpessoal, é importante o
reconhecimento da individualidade do paciente, trabalhar com o problema ou
dificuldades apresentadas por ele, de modo a torná-lo sujeito ativo no seu tratamento.
A compreensão dessa teoria e de seus princípios aponta para a necessidade de
dar voz aos sujeitos. Peplau (1990) enfatiza que é preciso escutar o que os pacientes têm
a dizer, tendo em vista que as suas necessidades não se restringem às concretas de
respirar, dormir e comer, mas há também necessidades subjetivas e, frequentemente,
pouco valorizadas e reconhecidas.
A atenção às necessidades subjetivas das mulheres acometidas pelo câncer de
mama é imprescindível para uma assistência de enfermagem satisfatória, uma vez que
essas mulheres experienciam desconfortos psicológicos, físicos, emocionais e afetivos
durante toda a sua trajetória com a doença. Espera-se que o enfermeiro, no cuidado a
essas mulheres, se mostre disponível para escutar seus medos e preocupações trazendolhes conforto e palavras de encorajamento para que não venham desistir do tratamento.
Para tanto, é inegável que haja, antes de tudo, uma boa relação entre os sujeitos.
A teórica enfatiza que, para um bom relacionamento interpessoal, além da escuta
do cliente, é fundamental a comunicação terapêutica. Pois segundo ela, a comunicação
permitirá a interação enfermeira e paciente, favorecerá a troca de informações entre
ambos criando um ambiente propício à identificação dos problemas a serem resolvidos,
além de proporcionar um relacionamento humano que atinja os objetivos da assistência
(PEPLAU, 1990).
Os objetivos da assistência são alcançados através de quatro fases sequenciais e
dinâmicas, em que uma não deve sobrepor-se a outra. Estas fases são: orientação,
identificação, exploração e resolução.
Na fase de orientação a enfermeira e o cliente/família estabelecem o primeiro
contato, que só ocorre quando estes últimos percebem a necessidade de ajuda buscando
a assistência profissional. Neste primeiro encontro, os sujeitos envolvidos
interrelacionam-se passando a identificar e compreender melhor as necessidades
existentes (PEPLAU, 1990).
Essa fase mostra-se relevante para os cuidados às mulheres com câncer de
mama, pois nesta ocasião a mulher depare-se com a oportunidade de expressar suas
dificuldades individuais e mais íntimas. Por outro lado, a apreensão das dificuldades
apresentadas, sob o enfoque das próprias mulheres que as vivenciam, permite, ao
enfermeiro, maior familiarização com realidade vivida, a qual este profissional por si só,
dificilmente conseguiria compreender. Tal fato pode colaborar para uma assistência de
enfermagem que atenda as reais situações impostas pela doença traduzindo-se em um
trabalho mais satisfatório.
Após a identificação e compreensão dos problemas, os sujeitos
envolvidos no processo terapêutico caminham para a segunda fase, a de identificação.
Esta etapa ocorre quando as primeiras impressões, as dúvidas e medos acerca da doença
e do relacionamento profissional/cliente, são superados. Agora, o cliente responde
seletivamente às pessoas que possam satisfazer as suas necessidades, adotando uma das
seguintes posturas: de independente ou de autonomia, dependente, ou parcialmente
dependente do profissional para a resolução de seus problemas de vida diária (PEPLAU,
1990).
Consciente do seu problema de saúde, das implicações dele decorrentes, bem
como do apoio dos profissionais para enfrentá-las, na fase de identificação, a mulher
com câncer de mama poderá sentir-se mais segura e capacitada para lidar com as
situações colocadas pela doença e seu tratamento, colaborando para a diminuição de
sentimentos como medo, ansiedade, insegurança, e desamparo que quase sempre estão
presentes nesta situação de adoecimento.
A fase de exploração tem início quando o cliente identifica o enfermeiro como
um dos profissionais capazes de satisfazer as suas necessidades. Nesta etapa o
enfermeiro expõe para o cliente e sua família todos possíveis caminhos para o alcance
da saúde e enfrentamento das dificuldades apresentadas (PEPLAU, 1990).
Ao enfermeiro, espera-se um conhecimento ampliado de todas as formas de
tratamento que visam controlar o câncer de mama, bem como dos tratamentos
adjuvantes disponíveis no mercado para lidar com os desequilíbrios psicológicos e
emocionais trazidos pela doença. Dito de outra forma, o enfermeiro deverá ter um olhar
atento às todas as formas de ajuda e de informações que possam contribuir para a
superação das necessidades da mulher com este tipo câncer e, para melhor responder as
indagações que podem surgir no transcorrer do processo terapêutico.
Na fase de resolução espera-se que todas as necessidades do cliente tenham sido
satisfeita, para que seja desfeito o elo entre enfermeiro e cliente. Nesta etapa o cliente,
antes dependente do profissional, mostra-se fortalecido e capacitado para agir por si só,
devendo, portanto, voltar para o seu ambiente domiciliar e comunitário (PEPLAU,
1990).
Ao longo do processo interpessoal, que compreende todas essas fases, a
enfermeira e o paciente, tornam-se mais capacitados e maduros, pois à medida que a
enfermeira colabora com o paciente para a resolução dos seus problemas de vida diária,
a sua prática torna-se consideravelmente mais eficaz e a enfermeira mais habilidosa para
o estabelecimento da relação terapêutica interpessoal (GEORGE, 1993).
Assim, o enfermeiro é considerado habilidoso e capacitado quando consegue
estabelecer um bom relacionamento com o paciente, reconhecer as suas dificuldades
ajudando-os a resolvê-las de forma a despertar no cliente novas competências para o
enfrentamento dos problemas recorrentes. Ao chegar nesse ponto, Peplau considera o
paciente maduro e hábito a compreender a sua situação de saúde e adoecimento.
4 CONCLUSÃO
Ao trazer a Teoria do Relacionamento Interpessoal para o contexto de cuidados
à mulher com câncer de mama, verifica-se que, apesar da mesma ter sido elaborada na
década de 50, sob outra conjuntura histórica, ela traz à tona questões atuais e, um olhar
mais ampliado para a assistência a essa clientela, ao abordar aspectos relacionados à
necessidade de uma relação de proximidade e mais empática entre enfermeiro e
paciente, sua família e comunidade; ao conferir importância à escuta dos clientes e do
estabelecimento de uma relação dialógica entre os sujeitos envolvidos no cuidado; ao
considerar fundamental para a assistência a compreensão do contexto de vida dos
indivíduos, em seus aspectos sócio-culturais; ao reconhecer que os indivíduos são
dotados de particularidades e por isso necessitam de cuidados individuas e, ainda, por
discutir a importância de tornar os sujeitos co-participativos no seu tratamento e no
cuidado com a própria saúde.
Considera-se que todas essas questões retomadas por Peplau, em sua teoria, são
pertinentes na atenção à mulher acometida por câncer de mama dada à complexidade da
doença e suas repercussões nas esferas físicas e psicossociais da mulher. Ao passar
pelas circunstancias de ser acometida por câncer de mama a mulher não só terá que
suportar o sofrimento psicológico de ser portadora de uma patologia, que socialmente
está aliada a dor intensa e com desfecho fatal, terá de enfrentar também o sofrimento
provocado pela possibilidade de ter sua mama amputada, fragilizando ainda mais os
seus sentimentos. Por suas características, devemos nos ater que o adoecer por câncer de
mama é uma experiência única e inigualável, que imprime um sentido específico no
momento vivenciado pela mulher.
Sugere-se que os estudos sobre teorias de enfermagem, em especial a Teoria da
Relação Interpessoal, seja ampliado e efetivado em diversos cenários e contextos
vividos pelos clientes. E que os profissionais de enfermagem, principalmente aqueles
que oferecem cuidados diretos ao paciente oncológico, conscientizem-se quanto à
importância da inserção das teorias no cotidiano de seu trabalho a fim de prover uma
assistência mais humanizada e cientificamente fundamentada.
CUIDADOS DE ENFERMERÍA DEL PORTADOR DE CÁNCER DE MAMA LA
MUJER BASADO EN LA TEORÍA DE LAS RELACIONES
INTERPERSONALES
RESUMEN
El cáncer de mama ha sido responsable de las tasas de mortalidad más altas en Brasil, lo
que representa una serie de cuestiones importantes de salud pública. La mujer no sólo
ha afectado a su cuerpo cambió, al reflexionar sobre la identidad femenina, sino también
sus relaciones interpersonales y afectivas debilitado por una enfermedad que trae
consigo los estigmas y prejuicios que se tienen que enfrentar. Objetivo: El presente
estudio tuvo como objetivo reflexionar sobre la relevancia de la Teoría de las
Relaciones Interpersonales en Enfermería en la atención de mujeres con cáncer de
mama. Metodología: Para lograr el objetivo se utilizó la base conceptual de la teoría de
que los capítulos de libros y artículos que abordan el tema de cáncer de mama, más allá
de la percepción de los autores sobre el tema. El período analizado fue la publicación
desde 2000 hasta 2010 siendo el principal motor de búsqueda las bases de datos
Biblioteca Virtual en Salud - Enfermería. Resultados: Se encontró que, a pesar de ser
una teoría de los años 50, trae temas de actualidad para el debate, haciendo hincapié en
la necesidad de una relación empática entre enfermera y paciente, escuchando,
valorando el cliente y establecer una relación dialógica entre las personas involucradas
en la atención; consideramos fundamental para comprender el contexto socio-cultural de
los individuos, reconociendo que cada ser un particular que necesita cuidado, y discutir
la importancia de que el sujeto co-participación en su tratamiento. Conclusión: Se
considera que los temas abordados por la teoría son esenciales en el cuidado de las
mujeres con cáncer de mama por sus efectos en los ámbitos físicos y psicosociales.
Palabras clave: Cáncer de mama. Mujer. Teoría de enfermería. Las relaciones
interpersonales.
NURSING CARE OF CARRIER TO WOMAN BREAST CANCER BASED ON
THE THEORY OF INTERPERSONAL RELATIONSHIPS
ABSTRACT
Breast cancer has been responsible for the higher mortality rates in Brazil, representing
a major public health issues. The woman has not only affected his body changed,
reflecting on female identity, but also their interpersonal and affective weakened by a
disease that brings with stigmas and prejudices which have to be faced. Objective: This
study aimed to reflect on the relevance of the Theory of Interpersonal Relations in
Nursing in the care of women with breast cancer. Methodology: To achieve the goal we
used the conceptual basis of that theory, book chapters and articles that addressed the
topic of breast cancer, beyond the perception of the authors on the subject. The
publication period analyzed was from 2000 to 2010 being the main search engine
databases Virtual Health Library - Nursing. Results: We found that, despite being a
theory of the 50s, it brings current issues for discussion by emphasizing the need for an
empathetic relationship between nurse and patient, listening, valuing the customer and
establishing a dialogic relationship between those involved in care; consider
fundamental to understanding the socio-cultural context of individuals, recognizing that
each be a private individual needing care, and discuss the importance of making the
subject co-participatory in their treatment. Conclusion: It is considered that the issues
taken up by the theory are essential in the care of women with breast cancer for its
effects on physical and psychosocial spheres.
Keywords: Breast neoplasms. Women. Nursing theory. Interpersonal relationships.
REFERÊNCIAS
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