Agua H2O - TRABALHOS ESCOLARES - JUOLFE

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ÁGUA  H2O
"Além de colocar em perigo a sobrevivência do componente biológico, incluindo o Homo
Sapiens, [a crise da água] impõe dificuldade ao desenvolvimento, aumenta a tendência a doenças
de veiculação hídrica, produz estresses econômicos e sociais e aumenta as desigualdades entre
regiões e países"
As reservas de água podem acabar?
A vida na Terra depende da água. O consumo abusivo que os países industrializados
fazem da água está provocando graves dificuldades para garantir o abastecimento deste valioso
recurso natural a pessoas e animais de muitas partes do mundo. Um dos principais problemas que
surgiram neste século é a crescente contaminação da água, ou seja, este recurso vem sendo poluído
de tal maneira que já não se pode consumi-lo em seu estado natural. As pessoas utilizam a água
não apenas para beber, mas também para se desfazer de todo tipo de material e sujeira. As águas
contaminadas com numerosas substâncias recebem o nome de águas residuais. Se as águas
residuais forem para os rios e mares, as substâncias que elas transportam irão se acumulando e
aumentam a contaminação geral das águas. Isto traz graves riscos para a sobrevivência dos
organismos que vivem no meio aquático.
1.De quanta água dispomos
Quase três quartos da superfície da Terra estão cobertos de água. Hidrosfera é o
nome dado à camada fluida que contém a água de nosso planeta. A maior parte da água é marinha
(97,2%), e quase todo o restante está sob a forma de gelo. Apenas uma pequeníssima parte da água
da Terra se encontra na superfície, na forma de rios e lagos. Uma grande parte dela, no entanto,
está tão contaminada que já não pode ser utilizada.
2.Água contaminada
Existem vários elementos contaminadores da água. Alguns dos mais importantes e
graves são:
Os contaminadores orgânicos: são biodegradáveis e provêm da agricultura
(adubos, restos de seres vivos) e das atividades domésticas (papel, excrementos, sabões). Se
acumulados em excesso produzem a eutrofização das águas.
Os contaminadores biológicos: são todos aqueles microrganismos capazes de provocar
doenças, tais como a hepatite, o cólera e gastroenterite. A água é contaminada pelos excrementos
dos doentes e o contágio ocorre quando essa água é bebida.
Os contaminadores químicos: os mais perigosos são os resíduos tóxicos, como os pesticidas do
tipo DDT (chamados organoclorados), porque eles tendem a se acumular no corpo dos seres
vivos. São também perigosos os metais pesados (chumbo, mercúrio) utilizados em certos
processos industriais, por se acumularem nos organismos.
3.A água que consumimos
Um dos maiores problemas com relação às reservas de água mundiais é o
desperdício. Um cidadão europeu, por exemplo, consome aproximadamente cento e cinqüenta
litros de água por dia, embora para sobreviver bastem quatro ou cinco litros. Na maioria dos
países, é no campo que ocorre o maior consumo de água: a agricultura intensiva consome mais
de quinhentos litros por pessoa ao dia. De 1900 até os nossos dias, a superfície de cultivo
irrigado triplicou. Os sistemas tradicionais de irrigação aproveitam apenas 40% da água que
utilizam. O resto evapora ou se perde.
4.Água potável e água tratada
A água é considerada potável quando pode ser consumida pelos seres humanos.
Infelizmente, a maior parte da água dos continentes está contaminada e não pode ser ingerida
diretamente. Limpar e tratar a água é um processo bastante caro e complexo, destinado a
eliminar da água os agentes de contaminação que possam causar algum risco para a saúde,
tornando-a potável. Em alguns países, as águas residuais, das indústrias ou das residências, são
tratadas antes de serem escoadas para os rios e mares. Estas águas recebem o nome de depuradas
e geralmente não são potáveis.
A depuração da água pode ter apenas uma fase de eliminação das substâncias
contaminadoras, caso retorne ao rio ou ao mar, ou pode ser seguida de uma fase de tratamento
completa, caso se destine ao consumo humano
5.Os mares poderão morrer?
Desde a antiguidade, os mares são os receptores naturais de grandes quantidades
de resíduos. Os agentes contaminadores que trazem maior risco ao ecossistema marinho são:
O petróleo, como conseqüência dos acidentes, descuidos ou ações voluntárias.
Os produtos químicos procedentes do continente, que chegam ao mar por meio da chuva e dos
rios ou das águas residuais.
O Mediterrâneo, o mar do Norte, o canal da Mancha e os mares do Japão são
alguns dos mais contaminados do mundo.
OS OCEANOS
Os oceanos cobrem 70% da superfície da Terra. Embora as pessoas tenham aprendido a
utilizá-los para pesca e navegação, os oceanos estiveram envolvidos por um imenso mistério
até recentemente. A ciência moderna, porém, começa a descobrir muitas coisas a seu
respeito: sabe-se, por exemplo, que eles regulam o clima da Terra, contêm uma infinidade
de espécies animais e vegetais e oferecem uma abundância de recursos. Assim como
exploramos os oceanos, devemos também cuidar deles, sem pescar em excesso nem poluílos com o nosso lixo. Esta seção descreve a importância e as riquezas dos oceanos e examina
muitos fatores que hoje os ameaçam. É importante que respeitemos e protejamos nossos
oceanos para o futuro.
Se olharmos o mundo de um ponto acima do Oceano Pacífico, sem dúvida nos questionaremos
por que nosso planeta é chamado Terra: desse ponto, 90% dele é constituído de água. Do
mesmo modo, se observarmos a Terra de um ponto que nos permita uma visão mais
abrangente da superfície dos continentes, verificaremos que 50% do nosso planeta é formado
de água. Na realidade, a água cobre 70% da superfície da Terra.
O homem é um animal de vida terrestre e, por isso, é natural que tenha se preocupado
principalmente com a vida no seu habitat. Os oceanos foram negligenciados. Mesmo tendo
havido um notável aumento no número de pesquisas sobre o ambiente marinho nos últimos
20 anos, muito pouco se conhece acerca dele, em comparação com o terrestre. Mas o que
sabemos já garantiria um Livro dos Recordes Guinness só para os oceanos.
Os oceanos contêm 90% da água do nosso planeta. Se toda a parte terrestre fosse achatada
por igual, estaria inteiramente coberta por uma camada de água com 150 metros de
profundidade. A vida na Terra originou-se nos oceanos, há 3,5 bilhões de anos atrás, mas
somente há 450 milhões de anos evoluíram as primeiras criaturas terrestres. Hoje, nas águas
marinhas vivem as maiores e, segundo alguns, as mais inteligentes criaturas vivas, as baleias.
A baleia-azul pode pesar até 120 toneladas e medir até 30 metros de comprimento.
A paisagem do leito oceânico também é marcante. A montanha mais alta do mundo, o Monte
Everest, com seus 8 840 metros acima do nível do mar, poderia simplesmente ser escondida
na Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, com seus 10 900 metros de profundidade. A ilha
do Havaí representa apenas o cume de uma montanha que se eleva 9 757 metros acima do
leito oceânico. Os oceanos possuem as mais altas montanhas, as mais profundas gargantas
e as mais achatadas planícies. Neles encontram-se vastas extensões de areia, como os
desertos, e recifes de coral nos quais há formas de vida tão abundantes como nas ricas
florestas tropicais. Em contraste, as maiores profundezas constituem um mundo escuro e frio,
onde poucas criaturas sobrevivem.
Os oceanos são um mundo fascinante a espera de exploração e compreensão. Podem oferecer
inúmeros recursos, que o homem certamente não irá desprezar.
PLANTAS E ANIMAIS MARINHOS
O mar é um enorme ecossistema que abriga milhares de espécies vegetais e animais. As mais
importantes formas de vida oceânica são pequeninas algas que constituem o fitoplâncton e
animais unicelulares que formam o zooplâncton. Eles são a base da cadeia alimentar marinha e,
sem eles, não pode haver vida no mar. Caranguejos, estrelas-do-mar, anêmonas, poliquetos e
camarões são alguns dos inúmeros pequenos organismos marinhos que se alimentam do
plâncton.
Existem peixes de todas as formas e tamanhos. Nas águas litorâneas tropicais, uma rica
variedade de peixes de cor brilhante, tais como o peixe-borboleta e o bodião, alimentam-se nos
recifes de coral. Mais afastados da costa, peixes-espada e atuns alimentam-se de cardumes de
peixes menores, tais como cavalas, arenques e sardinhas. Todos os tipos de tubarões vivem em
nossos oceanos, desde o arraia-manta, em forma de pipa, até o maior peixe existente no planeta,
o tubarão-baleia, que apesar de seus 18 metros de comprimento e suas 40 toneladas de peso é um
inofensivo comedor de plâncton. Nas maiores profundezas dos oceanos, a escuridão é tamanha
que alguns peixes obtêm luz utilizando bactérias luminosas que vivem no interior de seu corpo.
As espécies de peixes são mais numerosas que as de animais terrestres. Este peixe-porco de cores
brilhantes vive em recifes de coral, nos mares tropicais.
Nos mares também vivem alguns mamíferos, Baleias e golfinhos estão plenamente adaptados à
vida na água salgada. Alguns são dotados de dentes, para se alimentar de peixes, enquanto
outros, inclusive a baleia-azul, nutrem-se de plâncton. Focas, morsas e lontras passam a maior
parte de sua vida no mar, porém, ao contrário das baleias e golfinhos, necessitam retornar a terra
para dar à luz.
Do Oceano Ártico ao Oceano Antártico, inúmeras espécies de aves marinhas sobrevoam as
águas, mergulhando subitamente para agarrar um peixe. O albatroz, a maior das aves aquáticas
do mundo, patrulha os oceanos do hemisfério sul por horas a fio. Os papagaios-do-mar são
melhores nadadores que voadores. Os pingüins são, dentre as aves do mar, as que melhor se
adaptaram a esse ambiente.
Uma raia nada graciosamente, próximo à superfície do mar. Este membro da família dos
tubarões, com forma de pipa, vive nas águas mais tépidas do globo. Alguns desses animais tem
envergadura de 6 metros e chegam a pesar 1,5 tonelada. Apesar de seu tamanho, alimentam-se
principalmente de plâncton e pequenos moluscos.
Existem alguns répteis que preferem o mar à terra. Vários tipos de tartarugas marinhas e cobras
nadam graciosamente nos oceanos de águas mais quentes, retornando à terra para a postura de
seus ovos, Nas ilhas Galápagos, um lagarto nadador chamado iguana marinha mergulha nas
águas para alimentar-se de plantas.
Todos os vegetais e animais dos oceanos, desde o delicado plâncton à enorme baleia-azul, são
parte do ecossistema marinho. Se diminuir acentuadamente a quantidade de uma das espécies ou
ela se extinguir, isso afetará todas as outras.
Toda a vida marinha ajuda a manter balanceada na atmosfera a quantidade de gases como o
oxigênio e o dióxido de carbono. Plantas e animais marinhos podem também auxiliar na limpeza
de parte do lixo que nós despejamos no mar. Os cientistas estão aprendendo mais sobre esses
organismos, de modo que os danos resultantes da atividade humana possam ser prevenidos e
minimizados.
PESCA
A pesca é uma atividade que o homem pratica há séculos, Hoje, equipamentos sofisticados para
detecção e captura permitem explorar os recursos do mar de forma muito mais eficiente. Em
1985, 84 milhões de toneladas de peixes foram obtidas em todo o mundo, fornecendo
alimentação extremamente necessária. Com manejo adequado, os oceanos podem ser uma fonte
bem mais rica de recursos.
ONDAS E MARÉS
Com seus corpos luzidios e suas nadadeiras, os leões-marinhos estào bem adaptados à vida
aquática. Estes espécimes californianos estão protegidos no Refúgio Nacional da Vida Silvestre
de Fallaron (EUA).
Iguanas marinhas vivem nas ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico. O arquipélago sempre foi
isolado da parte continental e muitas espécies originais evoluíram nele.
Além de a água do mar ser um ambiente ideal para o desenvolvimento de plantas e animais,
também seu movimento, que se manifesta através das ondas e das marés, pode ser aproveitado.
As ondas são causadas pelo vento e as marés, pela força de gravidade da Lua.
Em lugares como a Baía de Fundy, no Canadá, a diferença de nível entre as marés alta e baixa
pode chegar a 12 metros.
A França já fez uma barragem na região da Bretanha que utiliza a energia das marés para gerar
eletricidade. Os ingleses estão pensando em construir numerosas barragens cortando alguns dos
seus grandes estuários, tais como o de Severn. As ondas podem produzir eletricidade, e alguns
experimentos em pequena escala estão sendo realizados para maior conhecimento do assunto.
Uma das áreas de pesquisa mais animadoras é a produção de eletricidade usando a diferença de
temperatura entre as águas superficiais e as profundas.
CORRENTES OCEÂNICAS
O movimento de rotação da Terra e o sopro dos ventos fazem as águas dos oceanos se moverem,
formando-se as correntes oceânicas, que deslocam imensas massas de água a grandes distâncias,
seguindo um percurso bem determinado. A corrente do Atlântico Norte desloca 55 milhões de
metros cúbicos de água por segundo, atravessando o Atlântico em direção à Europa. Isso
representa uma quantidade de água 50 vezes maior do que a que flui em todos os rios do mundo.
Sem essa corrente, o clima do noroeste europeu seria subártico e muito mais seco. Londres, por
exemplo, está na mesma latitude que a foz do Rio São Lourenço, no Canadá, onde o mar congela
no inverno.
Uma colônia de pingüins-de-crista-ereta, nas costas da Nova Zelândia. Suas asas não lhe
permitem voar, mas sim nadar elegantemente no mar, onde pescam para se alimentar.
A circulação constante da água dos oceanos faz com que os nutrientes sejam levados de um lugar
para outro. A corrente de Humboldt, por exemplo, que se move em direção ao norte, ao longo da
costa oeste da América do Sul, é particularmente rica em.plâncton. Este, por sua vez, responde
pela existência de uma enorme população de peixes, fonte importante de alimento não só para o
homem como para milhões de aves marinhas.
RECURSOS MINERAIS
A energia das marés tem sido aproveitada em La Rance, uma barragem localizada na França.
Quando as águas passam pelas eclusas da barragem, fazem girar as turbinas que produzem
eletricidade.
Os oceanos possuem muitos minerais utilizados pelo homem. A medida que os recursos
continentais vão se tornando mais raros, a indústria vai desenvolvendo meios para a utilização
dos minerais marinhos. O petróleo é retirado de pontos abaixo do leito oceânico; a areia e o
cascalho são dragados do fundo do mar. Os cientistas ainda estão descobrindo alguns outros
minerais que jazem no fundo dos oceanos.
Os oceanos não são apenas uma vasta extensão de água rica em formas de vida. Eles governam o
regime das chuvas, regulam a temperatura e contribuem para que o ar de que necessitamos seja
mais respirável, Se eles não realizassem esses "serviços" vitais, a Terra não seria habitável. Eles
ainda têm a capacidade de processar uma certa quantidade de lixo e torná-la inócua, desde que
não sejam sobrecarregados. Os oceanos, porém, não são um recurso inesgotável e podem ser
destruídos. Ao planejarmos como fazer uso deles, precisaremos nos assegurar de que não serão
prejudicados, pois isso terminará por afetar a nós mesmos.
O leito do oceano pode ser rico em matérias-primas valiosas, como o petróleo. Equipamentos de
perfuração estão se tornando comuns em muitos lugares, como este na costa da Califórnia,
Estados Unidos.
As ondas são causadas pelo vento. Quanto mais fria for a água sobre a qual o vento sopra,
maiores serão as ondas formadas. A energia das ondas do mar pode ser usada para a produção de
eletricidade.
As marés e o ciclo lunar
Conforme a Lua gira ao redor da Terra, ela atrai parte da superfície do oceano em sua direção,
formando-se uma protuberância que viaja ao redor do mundo, seguindo o curso da Lua. O
movimento da rotação da Terra cria outra protuberância no lado oposto do globo terrestre. Essa
saliência provoca as marés altas; as depressões entre elas causam as marés baixas. Como as
posições do Sol e da Lua mudam durante o ano, ocorrem diferentes marés. As marés da
primavera ocorrem na Lua cheia e Lua nova; já as marés de quadratura ocorrem nos quartos
crescente e minguante.
Poluição e os oceanos
AS FONTES DE POLUIÇÃO
Cerca de 50 milhões de litros de esgoto são lançados diariamente no Oceano Pacífico por este
cano no Moa Point, uma praia de surfe próxima a Wellington, Nova Zelândia.
Não existem mistérios acerca da poluição dos mares. O pior problema, atualmente, é o enorme
despejo de esgoto não-tratado e de efluentes industriais, sem qualquer preocupação com as
possíveis conseqüências.
Isso foi dito por Stjepan Kecknes, diretor do Centro de Programas de Atividades Oceânicas e
Costeiras do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente -, cuja tarefa é
auxiliar na limpeza dos mares do nosso planeta. Oitenta e cinco por cento dos 20 bilhões de
toneladas de material poluente despejados anualmente nos oceanos provêm dos continentes.
Noventa por cento desse material permanece na área costeira, criando sérios problemas
ambientais e de saúde. Neste capítulo, veremos como os mares se tornam poluídos e quais os
prejuízos que isso acarreta.
Resíduos de fertilizantes fosfatados no Togo, oeste da África, são bombeados diretamente no
mar. É um método barato de se livrar deles, mas quanto o mar poderá recebê-los antes de
começar a sofrer danos?
DESPEJO DE ESGOTO DOMÉSTICO
Em todo o mundo, grande quantidade de esgoto doméstico é despejada no mar, mas somente
uma parte é previamente tratada. O oxigênio e as bactérias do mar ajudam bastante a neutralizar
o esgoto, tornando-o inofensivo e permitindo que seja usado por animais e plantas. Afinal de
contas, o mar está repleto de animais que produzem detritos durante todo o tempo. Contudo, a
quantidade de resíduos que pode ser despejada nele é limitada.
O gráfico mostra como os resíduos agrícolas passam para os regatos e rios, seguindo o seu
caminho até o mar.
O número de pessoas que vivem em cidades litorâneas está crescendo em todo o nosso planeta, e
mais esgoto é produzido sem que o mar possa processá-lo. Tecnicamente, tratar os esgotos antes
de lançá-los no mar não é um problema, mas custa caro. As nações em desenvolvimento, em
particular, ressentem-se da falta de recursos financeiros para construir estações de tratamento em
número suficiente. No Sudeste Asiático, onde essas estações são poucas, o problema é mais sério
ainda. Mesmo as nações ricas freqüentemente relutam em gastar dinheiro com estações de
tratamento e, assim, os esgotos acabam sendo lançados nas praias, o que não é somente
desagradável, mas constitui um grave risco para a saúde.
Lixo amontoado em uma praia, em Lanzarote, que também é usada pelas tartarugas na época da
reprodução. Para que a vida silvestre não sofra problemas futuros, as pessoas devem eliminar seu
lixo com o máximo cuidado.
RESÍDUOS INDUSTRIAIS E URBANOS
Muitas cidades do mundo são densamente povoadas e possuem indústrias pesadas. Uma grande
quantidade de despejos industriais é lançada diretamente no mar ou chega até ele através dos rios
nos quais é despejada. Enquanto o esgoto doméstico é orgânico e pode ser reciclado pelo mar,
grande parte do esgoto industrial é inorgânica, não se decompondo facilmente e permanecendo
inalterada. Gradualmente, esses dois tipos de esgotos se somam, causando cada vez mais
poluição. Mais de 100 mil produtos químicos diferentes têm como destino final o mar e, com
freqüência, ninguém sabe quais serão as conseqüências. A maior parte permanece nas águas
costeiras, porém, como o oceano é um vasto sistema móvel, os compostos químicos vão
lentamente se espalhando por ele. Ainda não se sabe como esses produtos afetam a vida marinha.
Nem todos os resíduos originam-se diretamente das indústrias. Muitos produtos químicos
provêm das casas e são despejados no sistema de esgoto. As chuvas carregam o óleo, a graxa e
outras sujeiras das estradas, veículos e construções para os rios e deles para o mar. Além disso, a
chuva que cai no mar está contaminada com poluentes atmosféricos oriundos das chaminés das
fábricas, das unidades de aquecimento central e dos escapamentos dos veículos.
Um derramamento de petróleo atinge o oceano após algum acidente. Muitas vezes, o petróleo é
levado até as praias, formando um negro e grosso breu, desagradável para o homem e perigoso
para os animais.
RESÍDUOS DA AGRICULTURA
Alguns dos produtos químicos usados na agricultura também acabam chegando ao mar.
Fertilizantes são colocados no solo para um maior e melhor crescimento dos vegetais; inseticidas
são amplamente utilizados pelos fazendeiros para eliminar pragas que possam dizimar as
plantações; herbicidas são borrifados nas plantas para eliminar ervas daninhas. Alguns desses
agentes químicos, fortemente tóxicos, são levados pela chuva para regatos e rios, atingindo o
oceano, onde continuam ativos, causando danos como o crescimento defeituoso das algas.
PETRÓLEO
Estima-se que aproximadamente 6 milhões de toneladas de petróleo são despejados no mar a
cada ano, uma parte devido a acidentes no embarque e desembarque desse minério nos navios. O
restante provém de petroleiros que lavam seus tanques com água do mar, despejando-a
ilegalmente no oceano; de refinarias e terminais de carga e descarga de navios-tanque; de pontos
de perfuração de plataformas marítimas e oleodutos submarinos. Outra parte, ainda, é
simplesmente lavada pela chuva, indo de estradas, veículos e prédios em direção ao mar.
DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS
O lixo também é carregado em navios e lançado no mar. Certos resíduos de esgotos são
regularmente despejados nas águas marinhas. Produtos tóxicos perigosos, como os PCBs usados
na indústria elétrica, são queimados no mar, em navios incineradores especiais. Muitos portos
são ainda mantidos em funcionamento graças a dragas que continuamente promovem o
desassoreamento do leito dos rios, atirando no oceano os sedimentos que podem estar
contaminados com produtos provenientes de despejos urbanos e industriais nas proximidades do
porto.
Em muitas cidades litorâneas, como Brighton, na Inglaterra, as autoridades locais proibiram a
permanência de cães na praia.
As pessoas, atualmente, têm mais cuidado com o que despejam no mar. Ao término da Segunda
Guerra Mundial, 170 mil toneladas de gases venenosos foram postas em navios, que afundaram
na Noruega. As autoridades agora tentam rastrear e recuperar os recipientes tóxicos antes que
comecem a vazar e prejudicar as áreas de pesca.
OS EFEITOS DA POLUIÇÃO
As praias são locais muito procurados pelas pessoas nos fins de semana, nos feriados, nas férias.
Muitas pequenas cidades litorâneas vivem do turismo e dependem desses visitantes para obter
recursos. Portanto, para elas, a limpeza e a segurança do mar e das praias são essenciais. Nova
Brighton, na Inglaterra, era uma dessas cidades, porém agora sua praia está tão poluída devido a
esgotos e resíduos industriais que os turistas deixaram de visitá-la. Quarenta por cento das praias
mais populares desse país estão abaixo dos padrões recomendados pela Comunidade Econômica
Européia. O mesmo começa a acontecer com cidades brasileiras como Salvador, Guarujá e
Santos. O principal problema são os esgotos domésticos, mas em muitas praias os banhistas têm
de caminhar entre manchas de óleo, vidros quebrados e outros entulhos que são arrastados pelas
ondas. Por causa da poluição, o litoral norte da Alemanha está se transformando numa grossa e
viscosa espuma.
Além de o esgoto ser potencialmente prejudicial à saúde, nadar em águas poluídas pode causar
distúrbios desagradáveis, como gastrenterites, irritações cutâneas e infecções de ouvido, nariz e
garganta. Uma pesquisa nos Estados Unidos constatou que, em média, 18 em cada 1 000 pessoas
que se banham em águas poluídas adoecem. Muitos balneários no Mediterrâneo, incluindo os de
Valência, Barcelona e Marselha, estão no limite aceitável de poluição. Obviamente, a
publicidade omite todos os problemas acerca da poluição, pois, caso contrário, os turistas se
afastariam. A famosa praia Bondi, na Austrália, continua muito popular entre os surfistas,
embora muitos deles sofram de otite ou problemas gástricos, devido à poluição das águas por
esgotos, No verão de 1988, muitas praias em torno de Nova Iorque tiveram de ser interditadas
por causa do perigoso lixo hospitalar que estava sendo arrastado para elas, incluindo seringas
infectadas que poderiam ferir os banhistas de pés descalços.
POLUIÇÃO E VIDA MARINHA
Estima-se que, no Sudeste Asiático, uma quarta parte da população que vive no litoral ou perto
dele ganhe a vida às custas dos recursos do mar. Suas águas, porém, são as mais contaminadas
por esgotos. Animais como mexilhões e ostras estão entre os primeiros a serem seriamente
afetados, Em muitos lugares do mundo, não é seguro comê-los, O Mediterrâneo já foi famoso
por sua variedade de frutos do mar, mas hoje somente 4% das áreas de pesca são consideradas
seguras.
Vinte mil pessoas foram internadas nos hospitais de Shangai após ingerirem mariscos de uma
área poluída. Três pessoas morreram após comerem mexilhões da ilha de Príncipe Eduardo, no
Canadá, fazendo com que a indústria entrasse em colapso e grande número de pessoas ficasse
sem meios de sobrevivência.
Peixes e frutos do mar são um alimento nutritivo e popular em muitas partes do mundo. Para
mantê-los sadios por bastante tempo, é necessário guardá-los limpos.
Outras espécies também sofrem. Durante os últimos 40 anos, diminuiu drasticamente o número
de vários tipos de baleias e golfinhos nas águas que circundam a Europa. A Universidade de
Oxford, na Inglaterra, estabeleceu um programa para contar quantas vezes os cetáceos eram
localizados e verificou que eles estão declinando nas regiões poluídas.
Cachorros divertem-se no mar. Entretanto, eles sujam as praias e, por isso, muitas pessoas acham
que não deveria ser permitida a presença desses animais em áreas de banho.
A maior parte das espécies que vivem no mar é capaz de tolerar certo grau de poluição; todavia,
com 20 milhões de toneladas de resíduos sendo lançadas anualmente em suas águas, não
surpreende que a vida marinha esteja sendo afetada. A maioria dos casos não é noticiada, mas, às
vezes, eles atingem tamanha proporção que não podem ser ignorados. Em 1988, 80% da
população de focas do Mar do Norte morreu devido a uma virose. Embora não se saiba se a
poluição foi a causa direta da morte dos animais, pesquisas demonstraram que produtos químicos
como o PCB, encontrado na maioria das focas, reduzem a resistência delas à doença.
"Não posso acreditar que seja uma simples coincidência o fato de que as áreas nas quais o
número de toninhas e golfinhos tem declinado - o sul do Mar do Norte e o Canal da Mancha estejam também entre as mais poluídas vias marítimas do mundo."
Dr. Peter Evans,
Universidade de Oxford,
Unidade de Pesquisas de Cetáceos
POLUIÇÃO POR PETRÓLEO
Quando o petróleo é derramado no oceano, forma uma mancha perigosa para os animais que vêm
à superfície, como pássaros, focas e baleias. Os vazamentos de petróleo causam grande
devastação no litoral. Em 1980, 50 mil aves marinhas morreram no estreito de Skaggerak, entre a
Suécia e a Dinamarca, como resultado de um único vazamento de petróleo: quando elas
tentavam limpar suas penas com o bico para remover o óleo, envenenavam-se. Poucas foram
salvas e voltaram à sua vida natural, Uma vez limpo o mar, as populações podem se reconstituir
em poucos anos, porém o sofrimento causado pela poluição é muito perturbador.
Lixo radioativo
O tratamento do lixo radioativo necessita de uma atenção especial, porque a radioatividade pode
causar câncer e alterar o desenvolvimento dos seres vivos. Alguns desses resíduos precisam ser
guardados com segurança por muitos e muitos anos.
O grupo ambientalista Greenpeace atormentou navios que jogavam lixo radioativo no mar, em
1982. Isso gerou muita publicidade e fez com que esse despejo fosse proibido.
Antigamente, o mar era considerado o lugar ideal para se despejar um tipo de lixo, pois se
achava que ninguém poderia ser prejudicado. Hoje, porém, sabe-se que não é assim.
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