geografia - Nova Concursos

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GEOGRAFIA
GEOGRAFIA
A mais antiga delas é a que foi elaborada pelo professor Aroldo de Azevedo, na década de 40, que utilizava como critério para
a definição das formas o nível altimétrico. Assim, a superfícies
aplainadas que superassem a marca dos 200 m de altitude seriam
classificadas como planaltos, e as superfícies aplainadas que apresentassem altitudes inferiores a 200 m seriam classificadas como
planícies. Com base nisso, o Brasil dividia-se em oito unidades
de relevo, sendo 4 planaltos, que ocupavam 59% do território e 4
planícies, que ocupavam os 41% restante.
No final da década de 50, o professor Aziz Nacib Ab’Saber
apresentou uma nova classificação, com maior rigor científico, que
utilizava como critério para a definição das formas o tipo de alteração dominante na superfície, ou seja, o processo de erosão e sedimentação. Planalto corresponderia a superfície aplainada, onde
o processo erosivo estaria predominando sobre o sedimentar, enquanto a planície (ou terras baixas) se caracterizaria pelo inverso,
ou seja, o processo sedimentar estaria se sobrepondo ao processo
erosivo. Por essa divisão, o relevo brasileiro se compunha de 10
unidades, sendo 7 planaltos, que ocupavam 75% do território, e
três planícies, que ocupavam os 25 restantes.
A localização de 92% do território brasileiro na zona intertropical e as baixas altitudes do relevo explicam a predominância de
climas quentes, com médias de temperatura superiores a 20º C. Os
tipos de clima presentes no Brasil são: equatorial, tropical, tropical
de altitude, tropical atlântico, semiárido e subtropical.
O clima equatorial domina a região amazônica e se caracteriza
por temperaturas médias entre 24º C e 26º C e amplitude térmica
anual (diferença entre a máxima e a mínima registrada durante um
ano) de até 3º C. As chuvas são abundantes (mais de 2.500 mm/
ano) e regulares, causadas pela ação da massa equatorial continental. No inverno, a região pode receber frentes frias originárias da
massa polar atlântica. Elas são as responsáveis pelo fenômeno da
friagem, a queda brusca na temperatura, que pode chegar a 10º C.
Extensas áreas do planalto central e das regiões Nordeste e
Sudeste são dominadas pelo clima tropical. Nelas, o verão é quente
e úmido e o inverno, frio e seco. As temperaturas médias excedem
os 20º C, com amplitude térmica anual de até 7º C. As chuvas variam de 1.000 a 1.500 mm/ano.
O tropical de altitude predomina nas partes altas do Planalto
Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo norte do Paraná e sul do
Mato Grosso do Sul. Apresenta temperaturas médias entre 18º C
e 22º C e amplitude térmica anual entre 7º C e 9º C. O comportamento pluviométrico é igual ao do clima tropical. As chuvas de
verão são mais intensas devido à ação da massa tropical atlântica.
No inverno, as frentes frias originárias da massa polar atlântica
podem provocar geadas.
A faixa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Paraná
sofre atuação do clima tropical atlântico. As temperaturas variam
entre 18º C e 26º C, com amplitudes térmicas crescentes conforme
se avança para o sul. Chove cerca de 1.500 mm/ano. No litoral do
Nordeste, as chuvas intensificam-se no outono e no inverno. Mais
ao sul, são mais fortes no verão.
O clima semiárido predomina nas depressões entre planaltos
do sertão nordestino e no trecho baiano do vale do Rio São Francisco. Suas características são temperaturas médias elevadas, em
torno de 27º C, e amplitude térmica em torno de 5º C. As chuvas,
além de irregulares, não excedem os 800 mm/ano, o que leva às
“secas do Nordeste”, os longos períodos de estiagem.
1. NATUREZA, MEIO AMBIENTE E
REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO
● Dinâmicas da natureza: dinâmicas do relevo,
do clima, do solo, da hidrografia e dos
componentes biológicos (flora e fauna);
● Relação sociedade-natureza: o processo de
desenvolvimento e a transformação da natureza;
o aproveitamento econômico e a gestão dos
recursos naturais; poluição dos componentes
ambientais; as estratégias para o uso e
conservação do meio ambiente; os processos de
recuperação das áreas degradadas urbanas e
rurais; as grandes temáticas ambientais
atuais; recursos naturais e energia; os grandes
ecossistemas mundiais e brasileiros;
● Representações do espaço: a linguagem
cartográfica; orientação e localização;
escalas cartográficas; projeções cartográficas;
sistema de posicionamento global (GPS) e
coordenadas geográficas; fundamentos do
geoprocessamento; fusos horários; a utilização
dos mapas para o conhecimento, o
planejamento e a gestão do território.
RELEVO BRASILEIRO
A formação do relevo brasileiro decorre da ação de diversos
elementos, como a estrutura geológica do território, os agentes
internos, o tectonismo e o vulcanismo, e os agentes externos: as
águas correntes e o intemperismo.
Entre as principais características do nosso relevo, destaca-se
o predomínio das formações sedimentares recentes, que ocupam
64% da superfície. Tais formações se sobrepõem aos terrenos précambrianos, mais antigos, que formam o embasamento de nosso
relevo, de origem cristalina, e que afloram em 36% do território.
Como reflexo dessa estrutura geológica, de base sedimentar, a altimetria de do relevo brasileiro vai caracterizar-se pelo predomínio
das baixas e médias altitudes.
O relevo brasileiro, em sua formação, não sofreu a ação dos
movimentos orogenéticos recentes, responsáveis pelo surgimento
dos chamados dobramentos modernos e, por isso, caracteriza-se
pela presença de três grandes formas: os planaltos as depressões e
as planícies. Os planaltos e as depressões representam as formas
predominantes, ocupando cerca de 95% do território, e têm origem
e tanto cristalina quanto sedimentar. Em alguns pontos do território, especialmente nas bordas dos planaltos, o relevo apresentase muito acidentado, como a ocorrência de serras e escarpas. As
planícies representam os 5% restantes do território brasileiro e são
exclusivamente de origem sedimentar.
Classificação do relevo brasileiro
Existem várias classificações do nosso relevo, porém algumas
delas se tornaram mais conhecidas e tiveram grande importância
em momentos diferentes da nossa história.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
Planaltos Residuais Norte Amazônicos - ocupam uma área
onde se mesclam terrenos sedimentares e cristalinos, na porção
mais setentrional do país, do Amapá até o Amazonas, caracterizando-se em alguns pontos pela definição das fronteiras brasileiras
e em outros, pela presença das maiores altitudes do Brasil, como
o Pico da Neblina (3014 m), na divisa do estado de Roraima com
a Venezuela.
O clima subtropical predomina ao sul do Trópico de Capricórnio, compreendendo parte de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do
Sul e os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por temperaturas médias inferiores a 18º C, com amplitude
térmica entre 9º C e 13º C. Nas áreas mais elevadas, o verão é suave e o inverno frio, com nevascas ocasionais. Chove entre 1.500
mm e 2.000 mm.
A mais recente classificação do relevo brasileiro é a proposta
pelo professor Jurandyr Ross, divulgada em 1995. Fundamentando
suas pesquisas nos dados obtidos a partir de um detalhado levantamento da superfície do território brasileiro, realizado através de
sistema de radares do projeto Radambrasil, do Ministério de Minas
e Energia, o professor Ross apresenta uma subdivisão do relevo
brasileiro em 28 unidades, sendo 11 planaltos,11 depressões e 6
planícies.
Essa nova classificação utilizou como critério a associação de
informações sobre o processo de erosão, sedimentação dominante
na atualidade, com a base geológica e estrutural do terreno e ainda
com o nível altimétrico do lugar. Assim, define-se planalto como
uma superfície irregular, com altitudes superiores a 300 m, e que
teve origem a partir da erosão sobre rochas cristalinas ou sedimentares; depressão é uma superfície mais plana, com altitudes
entre 100 e 500 m, apresentando inclinação suave, resultante de
prolongado processo erosivo, também sobre rochas cristalinas ou
sedimentares; e planície é uma superfície extremamente plana e
formada pelo acúmulo recente de sedimentos fluviais, marinhos
ou lacustres.
Vejamos uma síntese com as características mais importantes
de cada uma das subunidades do relevo brasileiro:
Planaltos Residuais Sul-Amazônicos - também ocupam terrenos onde se mesclam o rochas sedimentares e cristalinas, estendendo se por uma larga faixa de terras ao sul do Rio Amazonas,
desde a porção meridional do Pará até Rondônia. O destaque dessa
subunidade é a presença de algumas formações em que são encontradas jazidas minerais de grande porte (é o caso da serra dos
Carajás, no Pará).
Planaltos e Serras do Atlântico Leste e Sudeste - ocupam
uma larga faixa de terras na porção oriental do país e, em terrenos
predominantemente cristalinos, onde observamos a presença de
superfícies bastante acidentadas, com sucessivas escarpas de planalto; daí o fato de ser chamada a região de “domínio dos mares de
morros”. Aí encontramos também formações de elevadas altitudes,
como as serras do Mar e da Mantiqueira, que caracterizam este
planalto como sendo a “região das terras altas”. Na porção mais
interior dessas subunidade, em Minas Gerais, encontramos uma
importante área rica em minério, na serra do Espinhaço, na região
denominada Quadrilátero Ferrífero.
Planaltos Serras de Goiás Minas - terrenos de formação antiga, predominantemente cristalinos, que se estendem do sul de
Tocantins até Minas Gerais, caracterizando-se por formas muito
acidentadas que como a serra da Canastra, onde estão as nascentes
do rio São Francisco - entremeadas de formas tabulares, como as
chapadas nas proximidades do Distrito Federal.
- Planaltos
Planalto da Amazônia Oriental - constitui-se de terrenos
de uma bacia sedimentar e localiza-se na metade leste da região,
numa estreita faixa que acompanha o rio Amazonas, do curso médio até a foz. Suas altitudes atingem cerca de 400 m na porção
norte e 300 m na porção sul.
Serras e Residuais do Alto Paraguai - ocupam uma área de
rochas cristalinas e rochas sedimentares antigas, que se concentram ao norte e ao sul da grande planície do Pantanal, no oeste brasileiro. Aí, na porção meridional, destaca-se a serra da Bodoquena,
onde as altitudes alcançam cerca de 800 m.
Planaltos e Chapadas da Bacia do Parnaíba - constituem-se
também de terrenos de uma bacia sedimentar, estendendo-se das
áreas centrais do país (GO-TO), até as proximidades do litoral,
onde se alargam, na faixa entre Pará e Piauí, sendo cortados de
norte a sul, pelas águas do rio Parnaíba. Aí encontramos a predominância das formas tabulares, conhecidas como chapadas.
Planalto da Borborema - corresponde a uma área de terrenos
formados de rochas pré cambrianos e sedimentares antigas, aparecendo na porção oriental no nordeste brasileiro, a leste do estado
de Pernambuco, como um grande núcleo cristalino e isolado, atingindo altitudes em torno de 1.000 m.
Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná - caracterizam-se
pela presença de terrenos sedimentares e pelos depósitos de rocha
de origem vulcânica, da era mesozoica. Localizam-se na porção
meridional do país, acompanhando os cursos dos afluentes do rio
Paraná, estendendo-se desde os estados de Mato Grosso e Goiás,
até o Rio Grande do Sul, ocupando a faixa ocidental dessa região,
atingindo altitudes em torno de 1.000 m.
Planalto Sul-rio-grandense - superfície caracterizada pela
presença de rochas de diversas origens geológicas, apresenta um
certo predomínio de material pré cambriano. Localiza-se na extremidade meridional do país, no sul do Rio Grande do Sul, onde
encontramos as famosas “coxilhas”, que são superfícies convexas,
caracterizadas por colinas suavemente onduladas, com altitudes
inferiores a 450 m.
Planalto e Chapada dos Parecis - estendendo-se por uma
larga faixa no sentido Leste-Oeste na porção centro ocidental do
país, indo do Mato Grosso até Rondônia. Dominados pela presença de terrenos sedimentares, suas altitudes atingem cerca de
800 m, exercendo a função de divisor de águas das bacias dos rios
Amazonas, Paraguai e Guaporé.
Didatismo e Conhecimento
- Depressões
Depressão da Amazônia Ocidental - corresponde a uma
enorme área de origem sedimentar no oeste da Amazônia, com altitudes em torno de 200 m, apresentando uma superfície aplainada,
atravessada ao centro pelas águas do rio Amazonas.
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GEOGRAFIA
Depressão Marginal Norte Amazônia - localizada na porção norte da Amazônia, entre o planalto da Amazônia oriental e
os planaltos residuais norte amazônicos, com altitudes que variam
entre 200 e 300 m. Com rochas cristalinas e sedimentares antigas,
e estende-se entre o litoral do Amapá e a fronteira do estado do
Amazonas com a Colômbia.
mos apenas a origem, seus,1,6 milhões de quilômetros quadrados
formariam uma grande planície, pois a origem é sedimentar. Se
considerássemos a altimetria, também denominaríamos esta região
de planície, pois não ultrapassa 150 m de altitude. Considerandose, no entanto, o processo erosivo e deposicional, percebemos que
mais de 95% dessas terras baixas são, na verdade, planaltos ou depressões de baixa altitude, onde o processo erosivo se sobrepõe ao
de sedimentação restando à planície verdadeira uma estreita faixa
de terras às margens dos grandes rios da região.
Depressão Marginal Sul Amazônia - com terrenos predominantemente sedimentares e altitudes variando entre 100 e 400 m,
está localizado na porção meridional da Amazônia, intercalandose com as terras dos planaltos residuais sul amazônicos.
Planície do Rio Araguaia - é uma planície estreita que se estende no sentido norte-sul, margeando o trecho médio do rio Araguaia, em terras dos estados de Goiás e Tocantins. Em seu interior,
o maior destaque fica com a ilha do Bananal que, com uma área de
cerca de 20.000 km2 , é a maior ilha fluvial do planeta.
Depressão do Araguaia - acompanha quase todo o vale do rio
Araguaia e apresenta terrenos sedimentares, com uma topografia
muito plana e altitudes entre 200 e 350 m. Em seu interior encontramos a planície do rio Araguaia.
Planície e Pantanal do Rio Guaporé - trata-se de uma faixa
bastante estreita de terras planas e muito baixas, que se alonga pelas fronteiras ocidentais do país, penetrando a noroeste, no território boliviano, tendo seu eixo marcado pelas águas do rio Guaporé.
Depressão Cuiabana - localizada no centro do país, encaixada entre os planaltos da bacia do Paraná, dos Parecis e do alto Paraguai, caracteriza-se pelo predomínio dos terrenos sedimentares
de baixa altitude, variando entre 150 e 400 m.
Planície e Pantanal Mato-grossense - corresponde a uma
grande área que ocupa porção mais ocidental do Brasil Central. É
de formação extremamente recente, datando do período quaternário da era Cenozoica; por isso apresenta altitudes muito modestas,
em torno de 100 m acima do nível do mar. É considerada a mais
típica planície brasileira, pois está em constante processo de sedimentação. Todo ano, durante o verão, as chuvas aumentam o nível
de águas dos rios, que transbordam. Como o declive do relevo é
mínimo, o fluxo maior das águas que descem para o Pantanal supera a capacidade de escoamento do rio Paraguai, eixo fluvial que
atravessa a planície de norte a sul, ocasionando, então, as grandes
enchentes que transformam toda a planície numa enorme área alagada (vem daí o nome “pantanal”).
Passado o verão, com a estiagem do inverno, o rio retorna ao
seu leito normal, e o Pantanal transforma-se então numa enorme
área plana, coberta de campos, como uma planície comum.
Depressão do Alto Paraguai Guaporé - superfície caracterizada pelo predomínio das rochas sedimentares, localiza-se entre os
rios Jauru e Guaporé, no estado de Mato Grosso.
Depressão do Miranda - atravessada pelo rio Miranda, localiza-se no MS, ao sul do Pantanal. É uma área em que predominam
rochas cristalinas pré cambrianas, com altitudes extremamente
baixas, entre 100 e 150 m.
Depressão Sertaneja e do São Francisco - ocupam uma
extensa faixa de terras que se alonga desde as proximidades do
litoral do Ceará e Rio Grande do Norte, até o interior de Minas
Gerais, acompanhando quase todo o curso do rio São Francisco.
Apresentam variedade de formas e de estruturas geológicas, porém
destaca-se a presença do relevo tabular, as chapadas, como as do
Araripe (PE-CE) e do Apodi (RN).
Depressão do Tocantins - acompanha todo o trajeto do Rio
Tocantins, quase sempre em terrenos de formação cristalinas pré
cambriana. Suas altitudes declinam de norte para sul, variando entre 200 e 500 m.
Planície da Lagoa dos Patos e Mirim - ocupa quase a totalidade do litoral gaúcho, expandindo-se na porção mais meridional
até o território do Uruguai. A originalidade dessa planície está em
sua formação dominantemente marinha e lacustres, com mínima
participação da deposição de origem fluvial.
Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do Paraná caracterizada pelo predomínio dos terrenos sedimentares das eras
Paleozoica e Mesozoica, aparece como uma larga faixa de terras,
localizada entre as terras dos planaltos da bacia do Paraná e do
Atlântico leste e sudeste. Suas altitudes oscilam entre 600 e 700 m.
Planícies e Tabuleiros Litorâneos - correspondem a inúmeras porções do litoral brasileiro e quase sempre ocupam áreas muito pequenas. Geralmente localizam se na foz de rios que deságuam
no mar, especialmente daqueles de menor porte. Apresentam-se
muito largas no litoral norte e quase desaparecem no litoral sudeste. E em trechos do litoral nordestino, essas pequenas planícies
apresentam-se intercaladas com áreas de maior elevação as barreiras-, também de origem sedimentar.
Depressão Periféricas sul-rio-grandense - ocupam as terras
sedimentares drenadas pelas águas do rio Jacuí e do Rio Ibicuí, no
Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por baixas altitudes, que variam
em torno dos 200 m.
Planaltos: Os planaltos são terrenos relativamente planos e
situados em áreas de altitude mais elevada. São limitados, pelo
menos de um lado, por superfícies mais baixas. No Brasil, são
exemplos o Planalto Central Brasileiro, o Planalto Centro-Sul Mineiro, os planaltos da Região Amazônica e os planaltos da bacia
sedimentar do Paraná.
- Planícies
Planície do Rio Amazonas - a região das terras baixas amazônicas era considerada uma das maiores planícies do mundo, mas
atualmente todo esse espaço divide-se em várias unidades, classificadas como planaltos, depressões e planície. Se considerásseDidatismo e Conhecimento
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Planícies: As planícies são áreas planas ou suavemente onduladas, formadas pela deposição de sedimentos transportados pela
ação da água ou do vento, por exemplo. Em geral, encontram-se
em regiões de baixa altitude. Por surgirem da deposição de sedimentos inconsolidados (partículas que não se assentaram) vindos
de outros locais, são relevos mais recentes que outros. Entre as
planícies brasileiras, destacam-se a do Pantanal mato-grossense,
a do rio Amazonas e seus principais afluentes e as encontradas no
litoral do país.
No caso da altitude, o território brasileiro possui uma altitude
relativamente baixa, quando comparada com a de outros países.
Assim apenas 7,3%de suas terras estão acima dos 800 metros. A
influência da altitude é sentida particularmente nas chamadas terras altas do sudeste.
Outro fator climático são os fatores dinâmicos: as massas de
ar, cinco grandes massas de ar agem frequentemente sobre o Brasil. Seu deslocamento ocorre devido ás diferenças de pressão atmosférica entre dois pontos. Dentre elas temos:
- Mec (massa equatorial continental, é uma massa quente e
instável originada na Amazônia Ocidental, que atua sobre todas
as regiões do país. Apesar de continental é uma massa úmida, em
razão da presença de rios caudalosos e da intensa transpiração da
massa vegetal da Amazônia, região em que provoca chuvas abundantes e quase diárias, principalmente no verão e no outono. No
verão, avança para o interior do país provocando as “chuvas de
verão”.
- Mea (massa equatorial atlântica) é quente, úmida e originária
do Atlântico Norte (próximo à Ilha de Açores). Atua nas regiões
litorâneas do Norte do Nordeste, principalmente no verão e na primavera, sendo também formadoras dos ventos alísios de nordeste.
- Mta (massa tropical atlântica) origina-se no Oceano Atlântico e atua na faixa litorânea do Nordeste ao Sul do país. Quente e
úmida provoca as chuvas frontais de inverno na região Nordeste a
partir do seu encontro com a Massa Polar Atlântica e as chuvas de
relevo nos litorais sul e sudeste, a partir do choque com a Serra do
Mar. Também é formadora dos ventos alísios de sudeste.
- Mpa (massa polar atlântica) forma-se no Oceano Atlântico
sul (próximo à Patagônia), sendo fria e úmida e atuando, sobretudo
no inverno no litoral nordestino (causa chuvas frontais), nos estados sulinos (causa queda de temperatura e geadas) e na Amazônia
Ocidental (causa fenômeno da friagem, queda brusca na temperatura).
- Mct. (massa tropical continental), originada na Depressão do
Caco, é quente e seca e atua basicamente em sua área de origem,
causando longos períodos quentes e secos no sul da região Centro
-oeste e no interior das regiões Sul e Sudeste.
Depressões: As depressões são um conjunto de relevos planos
ou ondulados que ficam abaixo do nível altimétrico (de altitude)
das regiões vizinhas. Exemplos de depressão no Brasil podem ser
encontrados na Região Amazônica, como as depressões do Acre
e do Amapá. Encontram-se ainda na Região Sudeste, onde sítios
urbanos aproveitaram as características favoráveis do relevo para a
construção de grandes cidades, como São Paulo e Belo Horizonte.
Serras: As serras constituem relevos acidentados, geralmente
em forma de cristas (partes altas, seguidas por saliências) e topos
aguçados ou em bordas elevadas de planaltos. A Serra do Mar e a
Serra da Mantiqueira são bons exemplos. As chapadas e os tabuleiros são relevos de topo plano formados em rochas sedimentares,
normalmente limitados por bordas com inclinações variadas.
Chapadas: As chapadas estão situadas em altitudes medianas
a elevadas. São exemplos no Brasil a Chapada Diamantina, as chapadas dos Guimarães e dos Parecis. Os tabuleiros são encontrados
em altitudes relativamente baixas, podendo ocorrer nas faixas costeiras e interiores. No litoral, predominam na Região Nordeste e,
no interior, na Região Amazônica.
Patamares: Por fim, os patamares são formas planas ou onduladas que constituem superfícies intermediárias ou degraus entre
áreas de relevo mais elevado e áreas mais baixas. São encontrados
na Região Nordeste entre as depressões sertanejas e a Serra da
Borborema e na bacia sedimentar do Paraná, formando degraus
entre níveis diferenciados de planaltos.
CLIMA BRASILEIRO
Para identificar os tipos climáticos predominantes no território
brasileiro, é preciso analisar os fatores do clima, tanto os dinâmicos como os estáticos. Os fatores estáticos vêm a ser a latitude e
altitude. A latitude é à distância em graus de um ponto qualquer da
superfície terrestre à linha do equador.
No Brasil, 93% do território localiza-se no interior da Zona
Tropical, o que determina o predomínio de climas quentes, já os
7% restantes do território constituem uma exceção: são áreas em
que predominam climas amenos, por situarem em latitudes mais
distantes do equador. Considerando-se apenas a latitude, o Brasil
possuiria só dois tipos climáticos:
Tropical, com área de ocorrência restrita ao interior da Zona
tropical, ou seja, a área do país que se estende desde o extremo
norte até o trópico de Capricórnio;
Temperado, com área de ocorrência correspondente ás áreas
situadas ao sul do Trópico de capricórnio, de médias latitudes.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
Clima tropical de Altitude
Apresenta médias de temperaturas mais baixas que o clima
tropical, ficando entre 15º e 22º C. Este clima é predominante nas
partes altas do Planalto Atlântico do Sudeste, estendendo-se pelo
centro de São Paulo, centro-sul de Minas Gerais e pelas regiões
serranas do Rio de Janeiro e Espírito Santo. As chuvas se concentram no verão, sendo o índice de pluviosidade influenciado pela
proximidade do oceano.
Características climáticas de cada Região
Região Norte, a maior parte da região apresenta clima equatorial. Caracteriza-se pelo clima quente, com temperaturas médias
anuais variando entre 24º e 26 ºC. Na foz do rio Amazonas, no
litoral do Pará e no setor ocidental da região, o total pluviométrico
anual geralmente excede os 3.000 mm. De Roraima até o leste do
Pará as chuvas ocorrem com menor frequência, ficando em torno
de 1.500 a 1.700 mm anuais. O período chuvoso da região ocorre
nos meses de verão/outono, com exceção de Roraima e parte do
Amazonas, onde as chuvas ocorrem mais no inverno.
Região Nordeste, é uma região de caracterização climática
complexa. O clima equatorial úmido está presente em uma pequena parte do estado do Maranhão, na divisa com o Pará; o clima
litorâneo úmido ocorre no litoral da Bahia ao do Rio Grande do
Norte; o clima tropical está presente nos estados da Bahia, Ceará,
Maranhão e Piauí; e o clima tropical semiárido ocorre em todo o
sertão nordestino. Quanto ao regime térmico, na região nordeste
as temperaturas são elevadas, com médias anuais entre 20º e 28
ºC, sendo que já foram registradas máximas em torno de 40 ºC
no Piauí e no sul do Maranhão. Os meses de inverno apresentam
mínimas entre 12º e 16 ºC no litoral, e inferiores nos planaltos,
sendo que já foi registrado 1 ºC na Chapada da Diamantina. As
chuvas são fonte de preocupação na região, variando de 2.000 mm
até valores inferiores a 500 mm anuais. A precipitação média anual
é inferior a 1.000 mm. Além disso, no sertão nordestino o período
chuvoso normalmente dura apenas dois meses no ano, podendo
eventualmente até não existir, causando as secas.
Região Centro-oeste, o clima da região é tropical semiúmido,
com chuvas de verão. Nos extremos norte e sul da região, a temperatura média anual é de 22 ºC e nas chapadas varia de 20º a 22
ºC. Na primavera/verão, são comuns temperaturas elevadas, sendo
que a média do mês mais quente varia de 24º a 26 ºC. A média das
máximas do mês mais quente oscila entre 30º e 36 ºC. No inverno,
em virtude da invasão polar, é comum a ocorrência de temperaturas mais baixas. No mês mais frio, a temperatura média oscila
entre 15º e 24ºC, enquanto a média das mínimas fica entre 8º a
18ºC. A pluviosidade média é de 2.000 a 3.000 mm anuais ao norte
de Mato Grosso, enquanto no Pantanal mato-grossense é de 1.250
mm. Apesar disso, a região centro-oeste é bem provida de chuvas,
sendo que mais de 70% do total de chuvas ocorrem de novembro a
março, o que torna o inverno bastante seco.
Região Sudeste, nesta região, as características climáticas
mais fortes são de clima tropical. No litoral, predomina o clima
tropical atlântico e, nos planaltos, o tropical de altitude, com geadas ocasionais. Existe ainda uma grande diversificação no que diz
respeito à temperatura. No limite de São Paulo e Paraná, a temperatura média anual situa-se entre 20 ºC, enquanto ao norte de
Minas Gerais a média é 24 ºC, e nas áreas mais elevadas das serras
do Espinhaço, Mantiqueira e do Mar, a média pode ser inferior a
18 ºC, devido ao efeito conjugado da latitude com a frequência das
Indicação das massas de ar pelo Brasil.
Tipos Climáticos
Considerando a influência exercida pelos fatores climáticos
sobre o território brasileiro, são identificados os grandes tipos de
clima:
Clima subtropical
As regiões que possuem clima subtropical apresentam grande variação de temperatura entre verão e inverno, não possuem
uma estação seca e as chuvas são bem distribuídas durante o ano.
É um clima característico das áreas geográficas a sul do Trópico
de Capricórnio e a norte do Trópico de Câncer, com temperaturas
médias anuais nunca superiores a 20ºC. A temperatura mínima do
mês mais frio nunca é menor que 0ºC.
O clima semiárido
O clima semiárido, presente nas regiões Nordeste e Sudeste,
apresenta longos períodos secos e chuvas ocasionais concentradas
em poucos meses do ano. As temperaturas são altas o ano todo,
ficando em torno de 26 ºC. A vegetação típica desse tipo de clima
é a caatinga.
Clima equatorial úmido
Este tipo de clima apresenta temperaturas altas o ano todo. As
médias pluviométricas são altas, sendo as chuvas bem distribuídas
nos 12 meses, e a estação seca é curta. Aliando esses fatores ao fenômeno da evapotranspiração, garante-se a umidade constante na
região. É o clima predominante no complexo regional Amazônico.
Clima Tropical
Presente na maior parte do território brasileiro, este tipo de
clima caracteriza-se pelas temperaturas altas. As temperaturas médias de 18 °C ou superiores são registradas em todos os meses do
ano. O clima tropical apresenta uma clara distinção entre a temporada seca (inverno) e a chuvosa (verão). O índice pluviométrico é
mais elevado nas áreas litorâneas.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
correntes polares. No verão, são comuns médias das máximas de
30 a 32 ºC. No inverno, a média das temperaturas mínimas varia
de 6º a 20 ºC, com mínimas absolutas de -4 a 8 ºC. Em relação à
pluviosidade, a altura anual da precipitação nessas áreas é superior
a 1.500 mm, chegando a 2.340 mm no alto do Itatiaia e 3.600 mm
na serra do Mar, em São Paulo. Os menores índices pluviométricos
anuais são registrados nos vales dos rios Jequitinhonha e Doce, em
torno de 900 mm.
Região Sul, com exceção do norte do Paraná, onde predomina
o clima tropical, nesta região o clima predominante é o subtropical, responsável pelas temperaturas mais baixas do Brasil. Na
região central do Paraná e no planalto serrano de Santa Catarina
e do Rio Grande do Sul, o inverno costuma registrar temperaturas
abaixo de zero, com o surgimento de geada e até de neve em alguns municípios. A temperatura média anual situa-se entre 14 e 22
ºC, sendo que nos locais com altitudes acima de 1.100 m, cai para
aproximadamente 10 ºC. Apesar da maioria dos rios brasileiros nunca secar, alguns
apresentam características curiosas, como por exemplo, o Jagauribe (Ceará), que desaparece nas secas, e o Paraguaçu (Bahia), que
se torna subterrâneo e depois volta a ficar visível.
Características gerais
• Ocorrência de grande parte dos rios do tipo caudalosos, isso
significa cursos com elevado volume de água e que não secam (perene), característica derivada do clima úmido. Somente no sertão
nordestino ocorre, em determinadas localidades, rios temporários.
• Domínio principal de foz do tipo estuário e alguns rios com
foz do tipo delta.
• Os regimes dos rios brasileiros são de predominância do tipo
pluvial, isso quer dizer que os períodos de cheias e vazantes são
determinados pela ocorrência de chuvas e secas, influência direta
do clima na hidrografia.
• Modesta quantidade de lagos.
• Superioridade de rios que desaguam no mar, nascem no interior do país e percorrem em direção ao oceano, chamado de drenagem do tipo exorreica.
• Grande parte dos rios corre sobre planaltos e depressões,
esses são os tipos de relevo que mais se destacam no Brasil, favorecendo a instalação de usinas hidrelétricas.
•Grande parte dos rios brasileiros apresenta regime Tropical
Austral, com cheias de verão e vazante no inverno.
HIDROGRAFIA BRASILEIRA
Definição
A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as águas
do planeta, abrangendo, portanto rios, mares, oceanos, lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera. A grande parte da reserva
hídrica mundial (mais de 97%) concentra-se em oceanos e mares,
com um volume de 1.380.000.000 km³. Já as águas continentais
representam pouco mais de 2% da água do planeta, ficando com
um volume em torno de 38.000.000 km³.
Deltas
Os deltas correspondem à foz de um curso de água em que
os aluviões fluviais se acumulam em vez de serem redistribuídos
pelas vagas e correntes litorais. Deste modo, os deltas caracterizam-se por um avanço da terra em relação ao mar. É justamente
esse traço que identifica os deltas. Muitas vezes o rio divide-se em
vários braços, mas essa não é uma condição absolutamente necessária. No fundo, um delta representa o oposto de um estuário,
porque no caso do delta as ações fluviais, de origem continental,
dominam sobre as ações marinhas.
Os deltas atuais são holocénicos, mas sobrepõem-se muitas vezes a deltas mais antigos em locais subsidentes. Ao longo
do litoral brasileiro existem áreas de progradação quaternária, a
maioria das quais vinculadas a importantes desembocaduras fluviais, enquanto que outras não apresentam qualquer ligação com
desembocaduras fluviais, atuais ou pretéritas. Todos os casos até
aqui estudados, podem ser explicados pelo modelo de evolução
paleogeografia concebido pelos autores, válido para o trecho Macaé (RJ) a Maceió (AL). Dois ou mais dos estádios do modelo
completo podem ser omitidos na explicação da história evolutiva
de algumas dessas planícies. As planícies costeiras dos rios Doce
(ES) e Paraíba do Sul (RJ) caracterizam-se pela presença de expressivos deltas intralagunares, que foram construídos no interior
de extensas paleolagunas.
As planícies costeiras dos rios Jequitinhonha (BA) e São
Francisco (SE/AL), ambas de menor expressão do que as anteriores, não apresentam deltas intralagunares porque nunca chegaram
a desenvolver lagunas de maior porte durante a sua evolução geológica. Por outro lado, a foz do Rio Parnaíba (PI/MA) pode ser
considerada como de domínio essencialmente eólico e a planície
de Caravelas (BA) não possui qualquer relação com desembocadura fluvial. Nessas planícies, que foram frequentemente descritas
como essencialmente holocênicas, foram também encontrados sedimentos pleistocênicos ao lado dos holocênicos.
Hidrografia do Brasil
O Brasil tem um dos maiores complexos hidrográficos do
mundo, apresentando rios com grandes extensões, larguras e profundidades. A maioria dos rios brasileiros nasce em regiões pouco
elevadas, com exceção do rio Amazonas e de alguns afluentes que
nascem na cordilheira dos Andes. O Brasil possui 8% de toda a
água doce que está na superfície da Terra. Além disso, a maior
bacia fluvial do mundo, a Amazônica, também fica no Brasil. Somente o rio Amazonas deságua no mar um quinto de toda a água
doce que é despejada nos oceanos.
Rios de planalto e de planície
Devido à natureza do relevo, no Brasil predominam os rios
de planalto, que apresentam rupturas de declive, vales encaixados,
entre outras características, que lhes conferem um alto potencial
para a geração de energia elétrica. Encachoeirados e com muitos
desníveis entre a nascente e a foz, os rios de planalto apresentam
grandes quedas-d’água. Assim, em decorrência de seu perfil não
regularizado, ficam prejudicados no que diz respeito à navegabilidade. Os rios São Francisco e Paraná são os principais rios de
planalto.
Em menor quantidade, temos no Brasil os rios que correm
nas planícies, sendo usados basicamente para a navegação fluvial,
por não apresentarem cachoeiras e saltos em seu percurso. Como
exemplo, podem ser citados alguns rios da bacia Amazônica (região Norte) e da bacia Paraguaia (região Centro-Oeste, ocupando
áreas do Pantanal Mato-Grossense). Entre os grandes rios nacionais, apenas o Amazonas e o Paraguai são predominantemente de
planície e largamente utilizados para a navegação.
Didatismo e Conhecimento
6
GEOGRAFIA
As tradicionais bacias hidrográficas do Brasil
Bacia do Paraguai
Destaca-se por sua navegabilidade, sendo bastante utilizada
para o transporte de carga. Assim, torna-se importante para a integração dos países do MERCOSUL. Suas águas banham terras
brasileiras, paraguaias e argentinas.
Uma bacia hidrográfica é um conjunto de terras drenadas por
um rio principal, seus afluentes e subafluentes. O IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) classifica os rios em nove
bacias. São elas:
Bacia do Rio Paraná
É a região mais industrializada e urbanizada do país. Na bacia
do Paraná reside quase um terço da população brasileira, sendo os
principais aglomerados urbanos as regiões metropolitanas de São
Paulo, Campinas e de Curitiba. O rio Paraná, com aproximadamente 4.100 km, tem suas nascentes na região Sudeste, separando
as terras do Paraná do Mato Grosso do Sul e do Paraguai. O rio
Paraná é o principal curso d’água da bacia, mas também são muito
importantes os seus afluentes e formadores, como os rios Grande,
Paranaíba, Tietê, Paranapanema, Iguaçu, dentre outros. Essa bacia
hidrográfica é a que tem a maior produção hidrelétrica do país,
abrigando a maior usina hidrelétrica do mundo: a Usina de Itaipu,
no Estado do Paraná, projeto conjunto entre Brasil e Paraguai.
Bacia do São Francisco
Nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, atravessando
os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O Rio São
Francisco é o principal curso d’água da bacia, com cerca de 2.700
km de extensão e 168 afluentes. De grande importância política,
econômica e social, principalmente para a região nordeste do país,
é navegável por cerca de 1.800 km, desde Pirapora, em Minas
Gerais, até a cachoeira de Paulo Afonso. O principal aglomerado
populacional da bacia do São Francisco corresponde à Região Metropolitana de Belo Horizonte, na região do Alto São Francisco.
Bacia Amazônica
É a maior bacia hidrográfica do mundo, com 7.050.000 km²,
sendo mais da metade localizado em terras brasileiras. Abrange
também terras da Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana,
Guiana Francesa e Suriname. Seu rio principal, o Amazonas, nasce no Peru com o nome de Vilcanota e recebe posteriormente os
nomes de Ucaiali, Urubamba e Marañon. Quando entra no Brasil,
passa a se chamar Solimões e, após o encontro com o Rio Negro,
perto de Manaus, recebe o nome de Rio Amazonas.
Bacia do Sudeste Sul
É composta por rios da importância do Jacuí, Itajaí e Ribeira
do Igua pé, entre outros. Os mesmos possuem importância regional, pela participação em atividades como transporte hidroviário,
abastecimento d›água e geração de energia elétrica.
Bacia do Uruguai
Bacia do Nordeste
É formada pelo rio Uruguai e por seus afluentes, desaguando
no estuário do rio da Prata, já fora do território brasileiro. O rio
Uruguai é formado pelos rios Canoas e Pelotas e serve de divisa
entre os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Faz ainda
a fronteira entre Brasil e Argentina e entre Argentina e Uruguai.
Deságua no oceano após percorrer 1.400 km. A região hidrográfica
do Uruguai apresenta um grande potencial hidrelétrico, possuindo
uma das maiores relações energia/km² do mundo.·.
Abrange diversos rios de grande porte e de significado regional, como: Acaraú, Jaguaribe, Piranhas, Potengi, Capibaribe, Una,
Pajeú, Turiaçu, Pindaré, Grajaú, Itapecuru, Mearim e Parnaíba. O
rio Parnaíba forma a fronteira dos estados do Piauí e Maranhão,
desde suas nascentes na serra da Tabatinga até o oceano Atlântico,
além de representar uma importante hidrovia para o transporte dos
produtos agrícolas da região.
Bacia do Tocantins Araguaia
Bacia do Leste*
Com uma área superior a 800.000 km2, a bacia do rio Tocantins Araguaia é a maior bacia hidrográfica inteiramente situada
em território brasileiro. O rio Tocantins nasce na confluência dos
rios Maranhão e Paraná (GO), enquanto o Araguaia nasce no Mato
Grosso. Localiza-se nessa bacia a usina de Tucuruí (PA), que abastece projetos para a extração de ferro e alumínio.
Didatismo e Conhecimento
Assim como a bacia do nordeste, esta bacia possui diversos
rios de grande porte e importância regional. Entre eles, temos os
rios Pardo, Jequitinhonha, Paraíba do Sul, Vaza-Barris, Itapicuru, das Contas, Paraguaçu, entre outros. O rio Paraíba do Sul, por
exemplo, situa-se entre os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais, apresentando ao longo do seu curso diversos aproveitamentos hidrelétricos, cidades ribeirinhas de porte e indústrias
importantes, como a Companhia Siderúrgica Nacional.
7
GEOGRAFIA
Navegação fluvial
Energia hidrelétrica
Na Amazônia, os rios que são tradicionalmente utilizados
como hidrovias são: Amazonas, Madeira, Araguaia, Guaporé e Tocantins. O Rio Araguaia apresenta cerca de 1.162 km navegáveis,
entre São João do Araguaia e Beleza. O Rio Tocantins apresenta
aproximadamente 1.900 km navegáveis, partindo de Belém (PA),
até Peixe (GO). Porém, essa navegação só é considerada útil, em
qualquer época do ano, de Miracema do Norte (GO) para jusante. Para que o Rio São Francisco seja navegável durante todo o
ano, é necessário que a jusante da Pirapora (MG) regularize o seu
escoamento, construindo reservatórios.
A grande extensão territorial do Brasil com predomínio de
planaltos ondulados, o clima tropical dominante a sua vasta hidrografia, com predomínio de regime tropical pluvial, muito favorecem a instalação de usinas geradoras de hidroeletricidade, mediante o aproveitamento do elevado potencial hidráulico existente.
O potencial hidráulico de um rio é determinado pela função
de duas variáveis:
- Volume de água.
- A altura de queda d’água ou ângulo de declividade do leito
do rio.
O potencial hidrelétrico é resultado do aproveitamento parcial
do potencial hidráulico, pois depende da altura da barragem e do
volume médio de descarga nesse ponto durante o ano.
Recursos hídricos
O Brasil apresenta 12% dos recursos hídricos do planeta, é
uma quantidade bem considerável, porém tais recursos não são
aproveitados e distribuídos de maneira adequada. No início de
1997 a lei nº 9433 foi sancionada, e com isso foi estabelecida a
Política Nacional de Recurso Hídrico e o desenvolvimento do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Consideravam a água como um bem de domínio público, e em casos de
falta a prioridade seria para o consumo humano. Em meados do ano 2000 a lei nº 9984 foi promulgada, desenvolvendo a ANA (Agência Nacional de Águas), que ficou encarregada de outorgar e exercer fiscalização sobre o direito de uso dos
recursos hídricos, além de criar e desenvolver movimentos com o
intuito de impedir e controlar a ação das secas e inundações.
A ANEEL
A ANEEL (Agencia Nacional de Energia Elétrica) foi criada
em 1996, e é o órgão responsável por regularizar e fiscalizar os
aspectos técnicos, econômicos e administrativos das empresas do
setor. Em 2001, houve crise de energética que gerou a necessidade
de reduzir o consumo de energia elétrica por meio de racionamento de energético.
A crise ocorreu por uma soma de fatores: as poucas chuvas,
e a falta de planejamento e ausência de investimentos em geração
e distribuição de energia. Com a escassez de chuva, o nível de
água dos reservatórios das hidroelétricas baixou e os brasileiros
foram obrigados a racionar energia.
Águas subterrâneas
Principais hidrelétricas
Para facilitar o estudo das águas subterrâneas o Brasil foi dividido em regiões homogêneas, formando 10 províncias hidrogeologias. Os limites dessas províncias não coincidem necessariamente
com os das bacias hidrográficas, estas províncias são regiões onde
os sistemas aquíferos apresentam condições semelhantes de armazenamento, circulação e qualidade de água.
Didatismo e Conhecimento
A Rede Hidro meteorológica Nacional, conforme dados da
Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL é composta hoje
por 5.138 estações, das quais 2.234 pluviométricas, 1.874 fluviométricas e 1.030 de outros tipos, como sedimento métricas, telemétricas, de qualidade das águas, evaporimétricas e climatológicas.
A energia elétrica atende a cerca de 92% dos domicílios no
país. A produção de energia é realizada por usinas hidrelétricas e
termoelétricas, sendo que as usinas hidrelétricas respondem, por
cerca de 97% da energia elétrica gerada.
8
GEOGRAFIA
Principais hidrelétricas do Brasil:
si e com projetos desenvolvidos, de forma a se obter uma avaliação
da energia disponível, dos impactos ambientais e dos custos de
implantação dos empreendimentos;
• Com estudo de viabilidade - resultado da concepção global do aproveitamento, considerando sua otimização técnico-econômica que permita a elaboração dos documentos para licitação.
Esse estudo compreende o dimensionamento das estruturas principais e das obras de infraestrutura local e a definição da respectiva
área de influência, do uso múltiplo da água e dos efeitos sobre o
meio ambiente;
• Com projeto básico - aproveitamento detalhado e em profundidade, com orçamento definido, que permita a elaboração dos
documentos de licitação das obras civis e do fornecimento dos
equipamentos eletromecânicos;
• Em construção - aproveitamento que teve suas obras iniciadas, sem nenhuma unidade geradora em operação; e.
• Em operação - os empreendimentos em operação constituem
a capacidade instalada.
Os aproveitamentos somente são considerados para fins estatísticos nos estágios “inventário”, “viabilidade” ou “projeto básico”, se os respectivos estudos tiverem sido aprovados pelo poder
concedente.
O potencial hidrelétrico brasileiro consiste em cerca de 260
GW. Contudo apenas 68% desse potencial foi inventariado. Entre
as bacias com maior potencial destacam-se as do Rio Amazonas e
do Rio Paraná.
Poluição
O termo poluição, muito empregado nos dias atuais, designa
conjunto dos resíduos de compostos tóxicos liberados pelo homem
na atmosfera, mas também as substâncias que, sem serem, de imediato, verdadeiramente perigosas para os organismos vivos, exercem uma ação perturbadora sobre o meio ambiente.
O termo poluir, etimologicamente, significa “profanar, sujar,
manchar, degradar”. São vocábulos muito claros e parecem tão
adequados quanto as longas definições elaboradas pelos peritos.
A história da poluição está diretamente refletida nos progressos da tecnologia. Foi no Neolítico que as primeiras causas da
contaminação do meio ambiente apareceram. Devido à descoberta
da agricultura, apareceram as cidades e, pela primeira vez, a densidade da população humana ultrapassou e muito, a densidade que
caracteriza as populações de qualquer outra espécie de mamíferos,
ainda que das mais gregárias. Mesmo assim as fontes de poluição
continuaram muito limitadas na natureza. Elas advinham da contaminação microbiológica das águas através dos efluentes domésticos e muito pouco, por metalurgia primitiva de elementos tóxicos
não ferrosos, como o cobre. Foi com o nascimento das grandes
indústrias, durante o século XIX, que a contaminação da água, do
ar e dos solos tornou-se localmente preocupante, principalmente
nas imediações das instalações mineiras e nas grandes cidades industriais superpovoadas.
As mais graves questões de poluição dos nossos dias provêm
de novas tecnologias que se desenvolveram e ao longo das três
últimas décadas e estão ligados ao lançamento, no meio ambiente, de substâncias ao mesmo tempo tóxicas e não biodegradáveis,
se não indestrutíveis, ou de compostos inertes ou pouco reativos,
liberados nos diversos meios, em quantidades sempre crescentes,
como é o caso das embalagens plásticas.
Potencial Hidrelétrico Bacias Hidrográficas
O valor do potencial hidrelétrico brasileiro é composto pela
soma da parcela estimada (remanescente + individualizada) com
a inventariada.
O potencial estimado é resultante da somatória dos estudos:
• De potencial remanescente - resultado de estimativa realizada em escritório, a partir de dados existentes, sem qualquer levantamento complementar, considerando-se um trecho do curso
d’água, via de regra situado na cabeceira, sem determinar o local
de implantação do aproveitamento; e,
• Individualizados - resultado de estimativa realizada em escritório para um determinado local, a partir de dados existentes ou
levantamentos expeditos, sem qualquer levantamento detalhado.
A parcela inventariada inclui usinas em diferentes níveis de
estudos - inventário, viabilidade e projeto básico - além de aproveitamentos em construção e operação (ELETROBRÁS, 2004).
O potencial inventariado é resultante da somatória dos aproveitamentos:
• Apenas em inventário - resultado de estudo da bacia hidrográfica, realizado para a determinação do seu potencial hidrelétrico, mediante a escolha da melhor alternativa de divisão de queda,
caracterizada pelo conjunto de aproveitamentos compatíveis entre
Didatismo e Conhecimento
9
GEOGRAFIA
Nos dias atuais, população e poluição crescem de modo acelerado, no entanto o poder auto purificador da ecosfera está cada
vez mais comprometido pela dispersão de resíduos tóxicos e varia
no sentido contrário, com a tendência à completa neutralização.
O desperdício dos países ocidentais e o apelo frequente de renovação dos bens de consumo, têm concorrido para aumentar, em
enormes proporções, a importância das poluições. Assim, o volume dos resíduos jogados no lixo é artificialmente aumentado pela
obsolescência dos bens de consumo que levanta dentro de nossa
sociedade. Está havendo uma delapidação de energia e de matérias
-primas que levarão toda a humanidade a um déficit insuperável
para as atividades industriais e agrícolas. É certo que também a urbanização acelerada, com a concentração das indústrias, está entre
os fatores mais preocupantes.
O aumento de poluição na ecosfera é ao mesmo tempo quantitativo e qualitativo. Devemos atentar, também, para a comercialização de novas substâncias poluentes permitidas pela Química
Moderna, muito nocivas para os seres vivos e cuja fabricação
em grande escala, é geralmente empreendida antes que se façam
quaisquer estudos de suas propriedades toxicológicas e ecológicas.
As três causas principais de contaminação da ecosfera, na civilização industrial são: a produção da energia, as atividades da indústria
química e as atividades agrícolas.
Dentro da busca para produzir energia podemos citar, como
fatores importantes, o uso da hulha que começou a contribuir para
as poluições atmosféricas, a extração do carvão e do petróleo, feitas em ritmo cada vez mais acelerado e o gás natural. A extração e
o uso do petróleo acompanham inúmeras poluições e muitos outros contra sensos ecológicos.
A crescente expansão da indústria química implica em inúmeros compostos minerais ou orgânicos, muitas vezes altamente tóxicos, que circulam na biosfera. Pouco a pouco, a atmosfera
está sendo envenenada por compostos persistentes de toxicidade
perniciosa. Vestígios destes compostos têm sido encontrados nos
organismos de mamíferos do Grande Norte canadense, de peixes
pelágicos e até de animais antárticos. Temos, portanto, a prova de
que o oceano mundial constitui-se em receptáculo final de acumulação de todos os resíduos produzidos pela tecnologia moderna.
A elevação de produtividade obtida nas terras de plantio é
acompanhada de muitos efeitos indesejáveis ou nocivos. Contribuiu para este aumento de rendimento, o emprego de adubo mineral e o uso de pesticidas, este último afetando diretamente o
homem. A contaminação da alimentação humana constitui, atualmente, um dos mais preocupantes problemas do meio. Outros
componentes que afetam o homem são os antibióticos, sulfamidas
e hormônios usados em zootecnia, como também o uso de aditivos alimentícios, tais como corantes, aromatizantes, estabilizantes,
que poluem nossa comida.
Em última análise, o problema das poluições é multiforme
e afeta diretamente o Homem através da contaminação dos meio
inalados ou ingeridos.
Os poluentes podem ser agrupados de acordo com sua natureza física, química, biológica, etc, ou de modo ecológico, de acordo
com seus efeitos, seja segundo o meio no qual são lançados e sobre
o qual exercem ação nociva. Os poluentes penetram no organismo,
sob o ponto de vista toxicológico, através de inalação, ingestão,
contato, etc.
Didatismo e Conhecimento
As substâncias liberadas na ecosfera, em quase totalidade dos
casos, são levadas para muito longe do ponto onde foram lançadas.
A circulação atmosférica e hidrológica se encarregará de dispersá
-las de modo progressivo no conjunto da ecosfera. Todo composto
orgânico ou mineral, mesmo que sólido, pode teoricamente passar
para o ar. Este fenômeno acontece devido à circulação das massas de ar na troposfera e na estratosfera. As correntes horizontais
combinam-se com movimentos verticais das massas de ar que ocasionam uma circulação atmosférica de norte para sul. Ventos oeste
leste originam um tipo de circulação que permite a troca das massas de ar entre os dois hemisférios ao nível da troca da troposfera
das regiões equatoriais.
Salvo raras exceções, os poluentes atmosféricos não permanecem no ar infinitamente, pois as precipitações trazem-nos de volta
à superfície do solo ou à hidrosfera. Em consequência de fenômenos geoquímicos, a massa dos poluentes lançados pelo homem,
cedo ou tarde será levada ao oceano mundial, o último receptáculo
dos agentes tóxicos.
O estudo do pH das águas de chuva, demonstra que este baixou seriamente em consequência o uso cada vez maior de óleos
combustíveis pesados, ricos em enxofre. Podemos concluir que a
combinação de diversos fatores geoquímicos assegura a dispersão
e a distribuição dos poluentes pelo conjunto da biosfera.
O Panorama das Poluições
É muito ampla a definição de poluição, pois abrange tanto
poluentes de origem natural quanto poluentes ligados. A poluição
de origem natural é rara, e como exemplo, podemos citar as erupções vulcânicas que lançam na atmosfera quantidades variáveis
de cinzas e gases tóxicos. No entanto, a poluição cresceu simultaneamente com o progresso industrial. Como cita o relatório do
Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos, “a poluição
aumenta não somente pelo fato de que o espaço disponível para
cada indivíduo se reduz à medida que as populações crescem, mas
também porque a demanda individual cresce continuamente, a tal
ponto que cada um de nós tem mais restos e resíduos, mas, à proporção que aumenta a densidade de população, tornam-se cada vez
mais raros os locais onde se possam jogar fora qualquer coisa: o
lixo de cada um começa a invadir o espaço vital do vizinho”.
No entanto, todas as nossas concepções econômicas e filosóficas estão ainda impregnadas da crença de que o Homem é o
senhor da Natureza e pode modificá-la impunemente. Somente
agora começamos a perceber que o desrespeito às leis da ecologia
resulta num certo número de acidentes como a crescente poluição
da biosfera. É imprescindível admitir que a Terra é limitada, como
também os recursos de que dispomos e que uma expansão quantitativa indefinida não é possível.
Sabemos que o lançamento de um poluente na atmosfera nunca será um fenômeno apenas local, mas atingirá sempre uma região mais ou menos vasta. Um bom exemplo desta dispersão são
os tratamentos com inseticidas, porque mais de 50% da matéria
ativa pode passar para o ar em consequência de fenômeno de condestilação em presença do vapor de água, mesmo que se trate de
produtos pouco voláteis, como o D.D.T. e a dieldrina. Uma análise de água da chuva, feita na Inglaterra, demonstra a existência
constante de diversos inseticidas. A transferência a longa distância
explica que se tenham encontrado teores de 41 ppb em D.D.T. nos
aerossóis caídos sobre Barbados, nas Antilhas.
10
GEOGRAFIA
O homem fabrica muitos produtos que têm a particularidade
de persistir por muito tempo na Natureza, pois suas moléculas são
inatacáveis pelos seres vivos, em particular pelas bactérias, que
desempenham o papel mais ativo nos ciclos biogeoquímicos. Estes
produtos são chamados de “não-biodegradáveis”, o quer dizer que
se acumulam nos ecossistemas. Nesta categoria incluem-se muitos
inseticidas, principalmente os organo clorados como o D.D.T. A
liberação de moléculas não-biodegradáveis resulta num envenenamento progressivo da biosfera, por isso é indispensável substituir
tais moléculas por outras, que sejam biodegradáveis. Isso já foi
feito com os detergentes. Porém, pesquisas devem provar que tais
moléculas resultantes da degradação não terão um poder tóxico
superior.
Os praguicidas, que são produtos utilizados para matar animais ou vegetais indesejáveis, incômodos ou nocivos, podem ser
classificados em três grandes categorias: inseticidas, herbicidas e
fungicidas. Na verdade, são nomes enganosos porque os herbicidas e inseticidas não atacam apenas ervas daninhas e insetos, mas
também os pássaros.
Os inseticidas inorgânicos são os de utilização mais antiga. Os
inseticidas orgânicos naturais, de origem vegetal, são também de
emprego antigo e os inseticidas orgânicos de síntese já fazem parte
de uma segunda geração, desde sua origem em 1939. A segunda
categoria dos inseticidas orgânicos de síntese é a dos organoclorados, são os mais numerosos e talvez, os melhores. São os mais
seletivos, e suas moléculas se degradam com mais facilidade, não
se acumulando na natureza e são, também, os menos tóxicos para
o homem.
Os herbicidas são produtos destinados a eliminar as ervas daninhas e seu uso maciço traz inconvenientes para o gado, que é
atraído a certas plantas que normalmente não comeriam.
Os fungicidas destinam-se a lutar contra cogumelos parasitas
como os carvões e as ferrugens, contra diversos bolores ou contra
espécies de fungos.
Os praguicidas assumiram importância na economia moderna;
o mercado mundial de inseticidas chega a 600 milhões de dólares.
Os poluentes atmosféricos podem ser gases (óxido de carbono, óxidos de enxofre e de nitrogênio) ou então partículas sólidas
ou líquidas em suspensão no ar (poeiras metálicas, substâncias à
base de flúor, amianto, pesticidas, etc.). Quanto à origem, classificam-se como:
combustíveis líquidos de centrais térmicas, diversas indústrias, automóveis, aquecimento doméstico ou queima de detritos. Possuem
toxicidade para os vegetais, provocando diversas alterações e, até
mesmo, o desaparecimento completo de vegetação vizinha de fontes poluidoras. As essências florestais são mais atingidas que as
plantas anuais, pois a duração de sua vida permite a manifestação
de efeitos cumulativos.
O flúor é eliminado por diversas indústrias, principalmente pela
do alumínio. O flúor e seus compostos são tóxicos em doses muito
fracas e tem ação cumulativa: no ar poluído, os tecidos dos vegetais vão-se enriquecendo progressivamente de flúor. As folhas vão
necrosando e caem ao atingir metade de sua superfície, acarretando
desnutrição e morte, aos poucos, da árvore. Nos animais, as manifestações patológicas conhecidas por fluoroses, estão ligadas a um teor
muito elevado de flúor nos vegetais consumidos, causando redução
no ritmo de crescimento, lesões nos dentes e no esqueleto, além de
ocorrências de mortalidade.
Os óxidos de nitrogênio são produzidos pela combustão dos
motores de automóveis e, portanto são mais abundantes no ar das
cidades. A formação de smog oxidante ocorre através de mecanismos muito complexos e que se pode esquematizar da seguinte
forma: em presença de radiações ultravioleta, o dióxido de nitrogênio decompõe-se em monóxido de nitrogênio e oxigênio atômico.
Este pode reagir com o oxigênio molecular, formando o ozônio.
São muitos os prejuízos causados à agricultura pela poluição fotoquímica.
O monóxido de carbono não é irritante nem malcheiroso, mas
ao combinar-se com a hemoglobina, diminui a capacidade do sangue para transportar oxigênio. As pessoas intoxicadas sentem vertigens, dores de cabeça, cansaço. A principal fonte reside nos gases
de escapamento dos automóveis. Esse gás se difunde rapidamente
na atmosfera e a zona de perigo é a que se encontra ao nível do
solo, na vizinhança dos pontos de emissão.
O dióxido de carbono, mesmo sendo um constituinte normal
da atmosfera e indispensável aos vegetais que, graças à fotossíntese, têm nesse gás a sua fonte de carbono, tem caráter poluente
quando ultrapassa um certo nível. Antes da época industrial, o carbono tinha seu ciclo perfeitamente equilibrado: matéria orgânica
formada através da fotossíntese era decomposta, graças à respiração dos seres vivos, e às fermentações. Assim o gás carbônico era
liberado e vinha substituir, na atmosfera, o que havia sido retirado
do ar pelos vegetais clorofilados. O consumo mundial de combustíveis fósseis tem aumentado o problema da poluição e criado o
esgotamento das reservas não renováveis.
O oceano desempenha um papel fundamental nesta absorção
do gás carbônico suplementar. Muito se discute sobre as possíveis
consequências deste aumento do teor de gás carbônico do ar. Por
ser este gás opaco à radiação infravermelha emitida pela Terra,
sua presença provoca um “efeito estufa”, isto é, um aumento da
temperatura do globo. Até o ano 2000, o aumento foi de alguns
décimos de grau, mas isto seria suficiente para provocar fusão total dos gelos polares e uma elevação do nível dos mares. Estudos
sobre a variação da temperatura média anual demonstram que estamos, neste momento, num período de aquecimento geral. Alguns
autores afirmam que a acumulação de poeiras na atmosfera seja
um dos fatos de resfriamento, por refletirem os raios solares no
espaço. A compensação se daria evitando um aumento da temperatura do globo.
- Poluentes naturais: poeiras arrancadas ao solo; sais marinhos
provenientes do salpico das ondas; poeiras e gases de origem vulcânica; produtos de incêndios espontâneos de florestas; produtos
de origem vegetal, como o pólen;
- Poluentes devidos aos transportes: combustão de carburantes
dos veículos a motor; poeira arrancada ao revestimento das estradas;
- Poluentes devidos às combustões: combustão do carvão e
dos derivados de petróleo para aquecimento doméstico e nas centrais térmicas;
- Poluentes de origem industrial: indústria de metais, indústria
do cimento; indústria química; indústria do petróleo.
Numerosos fatores atmosféricos (especialmente o vento) e topográficos fazem a dispersão dos poluentes gasosos. Possivelmente, os óxidos de enxofre (SO2) sejam os poluentes mais nocivos da
atmosfera. São produzidos a partir da combustão de carvões ou
Didatismo e Conhecimento
11
GEOGRAFIA
O ar das cidades tem de 100 a 200 vezes mais poeiras do que
o do campo, pois a espessura da camada atmosférica afetada não
ultrapassa algumas centenas de metros. Do ponto de vista térmico, o clima das grandes cidades é caracterizado por uma redução
das amplitudes de temperatura, em consequência do aumento das
mínimas noturnas, principalmente no verão, e de um aumento das
médias anuais.
O metal tóxico mais abundante e mais espalhado na atmosfera
é o chumbo. A contaminação pelo chumbo é ainda pouco conhecida. A principal fonte de poluição é o automóvel, portanto é mais
intensa nas vizinhanças das estradas.
Nossos conhecimentos das consequências da poluição atmosférica são ainda insuficientes, particularmente no que diz respeito aos efeitos da permanência prolongada de seres humanos em
meios fracamente poluídos. Pessoas muito expostas a misturas poluentes permitem concluir que doenças como bronquite aumentam
nitidamente, como também o aparelho cardiovascular. Acredita-se
que o câncer pulmonar possa ser provocado por diversos poluentes
presentes no ar. Outros efeitos desastrosos são devidos à poluição
atmosférica tais como enegrecimento das fachadas das construções, ataque das pedras calcárias pelas águas das chuvas ácidas,
ou pelo ácido nítrico, formado por bactérias a partir do amoníaco
presente no ar das cidades e degradação dos telhados de zinco pela
ação do ácido sulfúrico.
A poluição atmosférica custa caro em termos de saúde, de redução das colheitas, de degradação de florestas ou imóveis. Diante
desses fatos, seria mais razoável prevenir a poluição, tomando as
medidas necessárias.
Completando, seria preciso tratar da poluição sonora que castiga o meio urbano e a vizinhança dos aeroportos. Acima de 80
decibéis, ocorrem traumatismos psíquicos e fisiológicos
A poluição dos solos pode apresentar-se sob diversos aspectos. Ocorre muito frequentemente no campo, mas pode aparecer
também nas cidades, onde vemos o enfraquecimento das árvores
plantadas nas praças e ao longo das ruas.
A agricultura moderna está cada vez mais industrializada e
utiliza doses cada vez maiores de adubos. Eles são necessários
para devolver ao solo os elementos dele retirados pelas colheitas
e levados para longe. A tendência atual é de empregar exclusivamente adubos minerais, abandonando-se os adubos orgânicos tradicionais como o esterco. Como consequência teremos uma redução do teor de húmus do solo e uma degradação de sua estrutura.
Em zonas áridas ou semiáridas, onde é necessário suprir a falta
de água de chuva com a irrigação, observa-se um tipo de poluição
que é a salinização dos solos. As águas de irrigação não penetram
em profundidade nos solos pouco permeáveis, e ao evaporar o sal
nela contido deposita-se nas camadas superiores.
Os praguicidas ocasionam a redução das populações animais
e vegetais e, às vezes, sua eliminação. A toxicidade dos inseticidas
pode ser aguda, quando se manifesta imediatamente após a absorção do inseticida por um ser vivo ou pode ser crônica, quando
a absorção quotidiana e contínua de pequenas doses durante um
período mais ou menos longo. Os herbicidas levam a uma rarefação extrema de certas plantas que crescem, de preferência nas
colheitas. Os insetos úteis são os mais sensíveis aos inseticidas e os
mais atingidos. Mamíferos e aves também sofrem com o tratamento por inseticidas. Os mamíferos são, frequentemente, ainda mais
sensíveis que os pássaros à ação dos inseticidas. As intoxicações
agudas com praguicidas ao homem, constituem uma exceção em
Didatismo e Conhecimento
virtude das precauções tomadas. As únicas vítimas são as crianças
ou os operários em contato com os praguicidas. No entanto encontram-se pequenas quantidades de praguicidas nos alimentos e em
particular nos laticínios.
As águas podem ser poluídas de forma natural. Na floresta,
grandes quantidades de folhas mortas caem nos pequenos rios e
charcos, onde sofrem uma fermentação que consome grande parte
do oxigênio da água, causando uma mortalidade sazonal da fauna.
Aos efeitos da falta de oxigênio, acrescenta-se o efeito tóxico de
alguns elementos constituintes das folhas mortas.
Vários produtos químicos poluentes podem ser encontrados
nas águas. Os fosfatos contidos nos detergentes são, em parte
responsáveis pela eutroficação de lagos e rios. Também provém
dos detergentes a espuma que se acumula sobre cursos de água,
impedindo as trocas de oxigênio com a atmosfera e inibindo a
autodepuração da água. Eles têm uma toxicidade que traz sérios
acidentes aos peixes. Os detergentes biodegradáveis suprimiram as
espumas dos rios e permitiu liberar na Natureza moléculas tóxicas
de propriedades ainda não bem conhecidas. Os efeitos bactericidas
desses produtos provocam um bloqueio da autodepuração ainda
mais acentuado que no caso dos detergentes não biodegradáveis.
Fertilizantes como os nitratos e fosfatos, são empregados em
doses altas e podem ser responsáveis pela eutroficação. É cada vez
mais comum encontrarem-se nitratos infiltrados nas águas subterrâneas. Também são encontrados na água muitos metais e sais
minerais de origem industrial. No Japão, as águas dos arrozais, às
vezes, se tornam tão poluídas pelo chumbo que o arroz se torna impróprio para o consumo. O mercúrio, cujos efeitos nocivos foram
principalmente estudados em meio marinho, também está presente
em água doce.
Os inseticidas têm os mesmos efeitos em meio aquático e em
meio terrestre. A cada tentativa de destruir as larvas aquáticas de
insetos nocivos, como mosquitos ou borrachudos, observa-se uma
elevada mortalidade de peixes, principalmente os que são muito
sensíveis aos inseticidas como o D.D.T. e à rotenona.
Poluições biológicas são as provocadas por matérias orgânicas suscetíveis de sofrer fermentação bacteriana. Tanto em água
doce, como em meio marinho, a causa fundamental desta poluição
é a fraca solubilidade do oxigênio na água. A introdução de matérias orgânicas na água desencadeia a proliferação de bactérias que
consomem muito oxigênio.
Quando os resíduos de águas poluídas mais ou menos ricas
em nitratos e fosfatos se tornam demasiado abundantes em relação
à quantidade de água pura disponível, surge o fenômeno da eutroficação. Manifesta-se nos rios lentos e sobretudo nos lagos onde a
correnteza é insuficiente para evacuar as águas usadas. A eutroficação não se verifica apenas nos lagos alpinos; ocorre em todos os
lugares do mundo. Os Grandes Lagos da América do Norte, que
constituem a maior reserva de água doce do mundo, estão quase
perdidos, por causa dos abundantes despejos de águas usadas que
recebem.
Produtos petrolíferos são lançados nos oceanos, voluntariamente ou não, numa quantidade que varia de 1 a 10 toneladas por
ano. A essa poluição devem ser acrescentadas as perdas naturais
de lençóis petrolíferos submarinos e os transportes de hidrocarbonetos por via atmosférica. É possível que a quantidade dos hidrocarbonetos evaporados ou produzidos pela combustão incompleta
nos motores e trazidos por via atmosférica seja ainda maior do que
a dos lançamentos diretos.
12
GEOGRAFIA
O lançamento de petróleo no mar é obra de navios petroleiros
que, após a limpeza dos reservatórios lançam ao mar uma mistura
de água com resíduos de petróleo, que é sumariamente decantada.
Esta técnica não permite recuperar senão uma parte do petróleo.
Cerca de dez toneladas de hidrocarbonetos são lançadas ao mar de
cada vez. Muitos navios nem a praticam e atiram ao mar os produtos da lavagem sem perder tempo com a decantação. As refinarias
lançam ao mar uma grande quantidade de resíduos, acrescidos aos
lubrificantes para automóveis, despejados na terra ou nos cursos de
água, que são levados para o mar.
Os efeitos dos hidrocarbonetos sobre a fauna e a flora dependem, em grande parte, da composição química dos mesmos, que é
muito variável. Entretanto, poucas pesquisas têm sido realizadas a
esse respeito. Pode-se afirmar que este tipo de poluição é um fenômeno mundial. Os resíduos da degradação bacteriana do petróleo
formam bolas de diâmetro variável (1mm a 10 cm), que sujam
todos os oceanos, conforme já foi possível verificar através de
uma coleta de todos os seres vivos e partículas que se encontram
na superfície da água, apanhados com a ajuda de redes especiais.
Metais pesados é o nome que se dá a uma série de elementos
que ocupam as colunas centrais da classificação periódica. Todos
têm propriedades tóxicas e são encontrados em pequenas doses
no meio natural, sendo que alguns deles são indispensáveis, pois
entram na constituição de enzimas. Entretanto, se o meio estiver
sobrecarregado de metais pesados, os animais e vegetais absorverão quantidades excessivas destes elementos, podendo intoxicarse. Os mais tóxicos são o chumbo e o mercúrio.
O mercúrio é o elemento mais estudado e o mais temido. Sua
presença na água do mar tem sua quantidade aumentada pelos resíduos de diversas indústrias, trazidos pelos rios. Ele é utilizado na
fabricação de vários aparelhos elétricos, na fabricação do cloro e
da soda, na indústria de plásticos e de tintas anticorrosivas. Serve
como bactericida e fungicida na fabricação da pasta de papel e é
componente básico de numerosos fungicidas e herbicidas. A intoxicação ou envenenamento por mercúrio, causa uma moléstia
que ataca principalmente o sistema nervoso, e já ocasionou muitas
mortes em Minamata, de onde veio seu nome “doença de Minamata”.
As marés vermelhas sejam, talvez a mais espetacular consequência da poluição. Este fenômeno é devido à pululação de
organismos pouco exigentes quanto ao oxigênio - os peridíneos
(algas unicelulares). As marés vermelhas aparecem naturalmente,
sobretudo nas regiões tropicais. Os peridíneos segregam na água
substâncias tóxicas que são responsáveis pela morte maciça de peixes. Já houve acidentes relacionados com o sistema nervoso e até
casos de morte em pessoas que tinham comido mariscos. A toxina
responsável ainda não foi isolada, mas os efeitos podem ser minimizados pelo uso de anti-histamínicos.
Durante muito tempo foram descarregadas no mar águas ricas
em microrganismos de todos os tipos, pois acreditava-se que as
águas do mar fossem capazes de destruir os micróbios patogênicos
estranhos nelas introduzidos. Esta teoria, da autodepuração, é muito controvertida ultimamente, pois o grande número de casos de
poluição bacteriana vem demonstrar que há nisso grande parte de
exagero. A maior parte dos micróbios encontra, no meio marinho,
condições favoráveis à sobrevivência, à resistência, ao retorno à
vida ativa. Os germes patogênicos que vão ter ao mar é, quase
totalmente, de origem humana, levados por cursos de águas poluídos, por esgotos das localidades litorâneas, por despejos selvagens
Didatismo e Conhecimento
de acampamentos, de navios, de veranistas. Portanto, a poluição é
muito mais grave durante os períodos de férias, em regiões em que
população fica quase decuplicada.
A poluição microbiana manifesta-se principalmente pela incidência de doenças como as salmoneloses, febre tifoide, as paratifoides, as gastroenterites, de que há milhares de casos todos os
anos, com uma mortalidade às vezes inquietante. Muitas afecções
são mais frequentes entre os veranistas de beira-mar como afecções
oculares semelhantes à “conjuntivite das piscinas”, das afecções
rinofaríngeas, de várias afecções cutâneas, como as furunculoses
devidas a estafilococos ou a Candida. Um número considerável de
fungos patogênicos estão presentes na areia das praias, causando
doenças da pele, tais como dermatoses e micoses.
Pode haver contaminação indireta através do consumo de produtos do mar. Basta lembrarmos a epidemia de cólera, propagada
por mexilhões. Já foram contraídas, também, febre tifoide e hepatite por vírus.
Um aspecto relativamente novo da poluição tem como causa
principal a construção de centrais elétricas cada vez mais numerosas e cada vez mais potentes. Indústrias siderúrgicas, usinas têxteis
que lavam a lã e refinaria de açúcar influem para o aquecimento
das águas, porém em menor proporção. A central elétrica deve dispor de uma fonte fria para poder funcionar. A mistura de águas
quentes e águas frias não se efetua facilmente, devido às diferenças de densidade e viscosidade. Frequentemente há formação de
“massas” ou “plumas” térmicas que propagam as águas quentes
até pontos localizados, mais distantes.
A temperatura é um fator ecológico importante, entretanto não
o único, entre todos os que agem sobre os seres vivos. Para cada
espécie, é possível definir uma temperatura máxima letal e acima
dela, o animal só pode sobreviver durante um tempo muito limitado. Há também a temperatura mínima letal, próxima a zero grau
Celsius. Peixes submetidos durante um certo tempo a uma temperatura chamada “de aclimatação” apresentam temperaturas letais
tanto mais elevadas quanto mais elevada é a própria temperatura
de aclimatação.
A elevação da temperatura acarreta uma diminuição do teor em
gás dissolvido e consequentemente o consumo de oxigênio pelos
seres vivos aumenta. Este aumento de necessidade é devido à ativação do metabolismo e à diminuição da afinidade da hemoglobina
para com o oxigênio. A penúria de oxigênio no meio aquático é
maior quanto mais povoado for esse meio. A desgaseificação rápida
que se segue ao aquecimento das águas pode provocar a morte dos
peixes por embolia, isto é, por aparecimento de minúsculas bolhas
de nitrogênio no sangue.
Os seres vivos reagem diferentemente a um choque térmico
conforme a fase desenvolvimento em que se encontrem. Os estágios mais jovens (ovos, larvas, alevinos) são os mais sensíveis. Os
invertebrados mostram a mesma sensibilidade que os peixes e os
mais vulneráveis são os crustáceos.
A consequência da implantação generalizada de centrais trará,
evidentemente, a eliminação dos peixes estenotérmicos (trutas e
outros salmonídeos) e sua substituição por peixes brancos de menor valor, nos rios das trutas, caracterizadas por águas frescas e
bem oxigenadas. O desenvolvimento de organismos patogênicos
são favorecidos por uma temperatura elevada, principalmente as
espécies termófilas anaeróbicas, que é singularmente temível para
o homem. Há, portanto, um grande risco para os consumidores
de frutos do mar, crustáceos e peixes em serem contaminados por
salmonelas que, como sabemos, são os agentes da febre tifóide e
salmoneloses.
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GEOGRAFIA
Subpolar: predomina em áreas próximas à região ártica, é
constituída por duas estações bem definidas, sendo que o inverno
é extremamente rigoroso e longo, com temperaturas que atingem
-50ºC e verão com período bastante restrito, com temperaturas que
variam entre 16ºC e 21°C. Mediterrâneo: esse tipo de clima é típico do sul da Europa com verões quentes e invernos mais amenos
em relação a outras regiões do continente, nesse há duas estações
bem definidas, seca no verão e chuvosa no inverno.
AS GRANDES PAISAGENS NATURAIS DA TERRA.
EUROPA
Relevo
O relevo europeu é constituído basicamente por duas unidades de relevo que são as planícies e os maciços antigos, ocupando
especialmente o centro e o norte do continente. Existem também
os dobramentos modernos que são compostos por áreas montanhosas, provenientes do pouco tempo de processo erosivo, portanto
sofreu pouco desgaste, essa característica é comum desde o sul até
a Península Ibérica. Dentre os dobramentos modernos e de relevo
mais elevado os principais são: os Pireneus ocupa uma área de 450
quilômetros entre os limites territoriais da França com a Espanha,
em alguns pontos as altitudes podem atingir 3.000 metros. Os Alpes, ocorre em uma extensão de 1.100 quilômetros e atravessa o
território da França, Itália, Alemanha, Suíça e Áustria; e o ponto
mais elevado é o Monte Branco com 4.807 metros. Os Apeninos
se encontram na Itália e percorre o território de norte a sul, em
pelo menos 1.500 quilômetros, essa região abriga vulcões sendo
que alguns são ativos. Cárpatos ocorre nas terras da Eslováquia,
Polônia, Ucrânia e Romênia e o Cáucaso está situado entre o Mar
Negro e o Mar Cáspio nos territórios da Rússia, Geórgia, Armênia
e Azerbaijão.
Vegetação
A composição vegetativa da Europa é variada devido aos diferentes solos e climas, desse modo, podem ser identificados diversos tipos de vegetações, dentre elas estão:
Tundra: essa cobertura vegetal é comum em regiões de clima
subpolar, vegetação constituída por musgos, gramíneas, arbustos e
liquens, flora proveniente da junção de fungos e algas.
Floresta coníferas: composição vegetativa constituída por
pinheiros em áreas do sul.
Floresta temperada: é composta por pinheiros, além de árvores como a faia e o carvalho, esses vegetais têm característica de
perder as folhas no inverno, conhecidos por floresta caducifólia.
Estepes: vegetação composta por herbáceas ou gramíneas
provenientes dos solos férteis.
Vegetação mediterrânea: é composta por xerófilas, plantas
típicas de regiões secas, tais como maquis e garrigues.
Hidrografia
AMÉRICA ANGLO-SAXÔNICA
Devido à composição climática existente na Europa os rios
presentes no continente são relativamente pequenos quanto a seu
curso e volume, apesar das limitações, esses mananciais foram
sempre muito importantes para as atividades desenvolvidas na região, especialmente por se tratar de rios navegáveis. Nesse sentido,
os rios principais do continente europeu são: rio Reno (1.300 km
de extensão) que nasce nos Alpes; Sena (770 km de extensão), sua
nascente está localizada ao sudeste de Paris; Ródano (800 km de
extensão), nascente nos Alpes suíços; Volga (3.531 km de extensão), nasce a noroeste de Moscou e Danúbio (mais de 2.800 km de
extensão), nasce nos Alpes alemães.
Relevo
A América do Norte apresenta basicamente três tipos, como
ocorre em grande parte de todo continente americano.
- Porção ocidental: abriga uma série de cadeias de montanhas, muitas dessas são vulcões que se encontram em atividade
e, pois isso, há uma grande ocorrência de terremotos. Dentre as
muitas montanhas presentes as principais são: Cadeias da Costa,
Sierra Nevada e as montanhas Rochosas.
- Porção oriental: corresponde a regiões onde se encontram
planaltos e montanhas de idade geológica antiga e que, devido a
isso, sofreu diversos e longos processos erosivos. Os principais
planaltos são: Labrador (Canadá) e Monte Apalache (Estados Unidos).
- Porção central: essa região abriga extensas áreas compostas
por planícies, abrangendo também rios e lagos, as mais conhecidas são: as planícies de Lacustre (Canadá), do Mississipi (Estados
Unidos) e a planície dos Grandes Lagos.
Clima
A Europa está localizada na zona temperada da Terra, dessa
forma, apresenta climas de temperaturas mais amenas, dentre as
particularidades de cada região podem ser identificados diversos
tipos de climas, sendo que os principais são:
Clima de montanha: ocorre especialmente em áreas de relevo de grandes altitudes, como os Alpes e Pireneus, nessas áreas
as chuvas são bem distribuídas durante todo o ano, essas se desenvolvem de forma mansa e rápida, os invernos são extensos e
rigorosos, constituídos por nevadas e geadas.
Temperado oceânico: é formado por um elevado índice pluviométrico, especialmente na primavera e no inverno, e temperaturas amenas.
Temperado continental: ocorre no centro e leste da Europa,
as chuvas desenvolvem com menos incidência que no temperado
oceânico e amplitudes térmicas mais elevadas.
Didatismo e Conhecimento
Hidrografia
A hidrografia da América do Norte é bastante diversificada,
no território canadense os lagos predominam, existem pelo menos
150 mil lagos, grande parte de origem glacial. A maior concentração de lagos da América do Norte está localizada entre as fronteiras dos Estados Unidos e do Canadá, diante disso, os maiores e
mais importantes são: Superior, Michigan, Huron, Erie e Ontário,
o primeiro possui 84 mil km2. Quantos aos rios, no Canadá o que
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GEOGRAFIA
se destaca é o rio São Lourenço, isso por que serve como hidrovia
entre os Grandes Lagos e o Oceano Atlântico. Nos Estados Unidos, o mais importante quanto à capacidade de navegação é o rio
Mississipi, outros importantes são Colorado e Columbia, ambos
utilizados na irrigação e na geração de energia elétrica.
ras, que se estendem por uma vasta área do centro-sul, da Turquia até à Indonésia. Isso tudo faz da Ásia o único continente com
quase mil metros de altitude média. As mais altas montanhas localizam-se na cordilheira do Himalaia, mas há outras espalhadas
por todo o território, estando localizadas na Ásia as 18 montanhas
mais altas do mundo.
Clima e vegetação da América do Norte
O relevo asiático se caracteriza por apresentar contrastes
extremos de altitude:
Devido à dimensão territorial, na América do Norte são desenvolvidos diversos tipos de composição vegetativa e climática,
os principais são:
As mais elevadas cordilheiras e planaltos da Terra: Himalaia,Pamire Tibete, onde se localizam os pontos mais altos do globo
terrestre: (Everest, 8.840 metros,Kanchenjunga, 8.598 metros,e
muitos outros, com altitudes superiores a 7.000 metros). As maiores depressões absolutas do planeta: o Mar Morto, 395 metros. Algumas regiões banhadas pelo oceano Pacífico pertencem ao Círculo de Fogo, ou seja, devido a sua formação geológica recente estão
sujeitas a erupções vulcânicas e a terremotos. É o caso do Japão
e da Indonésia. Alguns planaltos são muito altos e se intercalam
às cordilheiras, como é o caso do Pamir e do Tibete, contrastando
com outros mais antigos, de altitudes menos elevadas, como os da
Armênia, do Decã. As planícies fluviais asiáticas são recobertas
com o aluvião trazido pelos rios que as percorrem e que se dirigem
principalmente para os oceanos Índico e Pacífico. As principais
planícies fluviais são a Indo-gangética (Índia), a Mesopotâmica
(Iraque), a Siberiana (Rússia) e as dos rios Yang-tsé (China) e Mekong (Vietnã). O continente asiático projeta, em direção aos oceanos que o circundam, diversas penínsulas, sendo as principais a da
Anatólia, a Arábica, a Hindustânica, a da Indochina e a da Coreia.
Tundra: Tipo de vegetação que desenvolve a partir do degelo,
é composto por liquens, musgos, ervas e arbustos de baixa estatura, isso proveniente do clima frio com invernos longos e rigorosos.
Floresta Temperada: esse tipo de vegetação ocorre em regiões onde predomina o clima temperado, caracteriza-se por apresentar as estações do ano bem definidas com invernos frios e verões quentes, as florestas temperadas são compostas por árvores
caducifólias e musgos, e presença de cedros, carvalho e pinheiro.
Estepe e Pradaria: ocorre em áreas que possuem clima semi
-árido, com temperaturas elevadas e longos períodos de estiagem,
devido a essa adversidade, a composição vegetativa é bastante restrita com a presença de gramíneas e ausência de árvores.
Vegetação desértica: desenvolve em regiões desérticas no sul
dos Estados Unidos, na fronteira com o México, e também na região do rio Colorado. O clima é desértico, por isso é seco durante
todo o ano.
Savana: ocorre em lugares onde há incidência de chuvas regulares durante o ano e temperaturas sempre abaixo de 10ºC nas
estações do outono e inverno.
Vegetação de montanhas: Devido à altitude a temperatura
tende a cair, assim, apresenta clima parecido com o clima frio,
quanto à cobertura vegetal existem poucas formas presentes.
Ausência de vegetação: ocorre em regiões da América do
Norte que possui temperaturas muito frias, ou seja, polar. Essa adversidade climática não permite o desenvolvimento de nenhuma
forma de vegetação.
Clima
A vasta extensão territorial e, portanto, as diferenças de latitude, a presença alternadas de áreas baixas e elevadas, a grande
influência das massas de ar e ainda a continentalidade e a maritimidade trazem para o continente grande variedade de tipos de clima
e, consequentemente, de formações vegetais. Nas terras situadas
no extremo norte predomina o clima polar, que vai se tornando
mais ameno em direção ao sul. O centro do continente, por situarse distante de influências marítimas e, em parte, devido à altitude
do relevo, que bloqueia a passagem dos ventos oceânicos, é dominado pelo clima temperado continental, que alterna verões de
elevadas temperaturas com invernos muito frios. Já o temperado
oceânico, ocupando grandes extensões do continente, sofre variações em função da altitude do relevo, da latitude e da interioridade. Mais para o sul, à retaguarda das grandes cordilheiras, que
impedem a passagem dos ventos úmidos do oceano, encontramse vastas extensões dominadas por clima semiárido e clima árido,
formando uma extensa faixa de desertos. A Ásia abriga a maioria
dos desertos existentes na Terra: da Arábia (Arábia Saudita), da
Síria, de Thal (Paquistão), do Thar (ou Grande Deserto Indiano),
de Lut (ou deserto do Irã), de Gobi (Mongólia), de Taklamakan
(China), Karakum (Turcomenistão), Kerman (Irã), da Judeia (Israel), de Negev (Israel).
No litoral da Ásia Ocidental surge uma faixa estreita de clima
do tipo mediterrânico, enquanto nos arquipélagos do sul do continente, nas proximidades do Equador, aparecem climas de tipo
quente: equatorial e tropical. Entre todos os tipos de clima da Ásia,
no entanto, o que mais influi nas condições de vida locais, sobre-
Estruturas Geológicas
Escudos Antigos: formados por rochas velhas, quase sempre
magmáticas e metamórficas, que sofreram forte erosão, apresentando baixas altitudes (exemplo - Planalto do Labrador).
Planícies Sedimentares: na parte central do continente norte-americano.
Dobramentos Recentes: típicos da região oeste e de formação recente (“era Terciária”), apresentando grandes altitudes e vulcanismo ativo (exemplo - as Montanhas Rochosas).
Ásia
Relevo
O monte Evereste, ponto culminante do relevo mundial, situase na fronteira China-Nepal.
O continente asiático apresenta contrastes: vastas planícies
aluviais e costeiras e grandes planaltos com altíssimas cordilheiDidatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
tudo orientando as atividades agrícolas, é o tropical de monções.
Abrangendo as regiões mais populosas do continente, estende-se
pelas planícies costeiras da Índia e do sudeste e leste da China,
com violentas chuvas durante o verão. Caracteriza-se pela atividade dos ventos, conhecidos como monções, que sopram do Índico e
do Pacífico para o continente durante o verão, e do interior da Ásia
para esses oceanos durante o inverno. A ocorrência de monções se
deve ao fato de que as terras continentais aquecem-se e esfriam
mais rapidamente do que as águas oceânicas. Durante o verão, o
interior da Ásia, ao esquentar-se, forma uma área de baixa pressão,
que contrasta com as altas pressões dos oceanos, provocando o
deslocamento de ventos úmidos do mar para terra. Esses ventos
são as monções de verão. No inverno, ocorre o inverso: os oceanos estão mais quentes do que o continente, formando áreas de
baixa pressão e atraindo os ventos continentais. São as monções
de inverno. As regiões montanhosas, independentemente de sua
localização geográfica, apresentam temperaturas muito baixas, em
razão da altitude.
Como as formações vegetais dependem do tipo de solo e principalmente do clima, a Ásia apresenta muitas variedades vegetais,
ainda que parcialmente destruídas ou alteradas pela milenar ocupação humana. No extremo norte do continente, junto ao polo, não
há condições para a existência de vegetação, porém mais ao sul, na
planície Siberiana, começam a surgir formações de tundra. Ainda
rumo ao sul, à medida que o clima polar se torna menos intenso
e o frio se estendem por um número menor de meses, aparece a
vasta região da taiga, quase integralmente pertencente à Rússia.
O maior destaque, entretanto, está nas estepes, que ocupam grandes extensões da Ásia Central, aparecendo em áreas de clima temperado continental. Os arquipélagos situados na Ásia Meridional
apresentam-se recobertos por florestas equatoriais e tropicais, não
muito diferentes das que existem na Amazônia brasileira. Essas
formações podem ser observadas também no centro-sul, onde
igualmente se verifica a presença de savanas, em que a vegetação
herbácea é dominante, apresentando arbustos e árvores em associações pouco densas, como o jângal na Índia. Registra-se ainda
a ocorrência de florestas temperadas em extensões consideráveis
no Extremo Oriente e de vegetação xerófita nas áreas desérticas ou
semiáridas do continente.
Hidrografia
Tanto as chuvas abundantes da região influenciada pelos
climas equatorial e tropical quanto a grande quantidade de neve
derretida das altas montanhas favorecem a existência de grandes
rios, que correm em quase todas as direções do continente asiático.
Podemos destacar:
Oceania
Oceania é uma região geográfica e geopolítica, composta por
vários grupos de ilhas do oceano Pacífico (Polinésia, Melanésia
e Micronésia). O termo Oceania foi criado em 1831 pelo explorador francês Dumont d’Urville. O termo é usado hoje em vários
idiomas para designar um continente que compreende a Austrália
e ilhas do Pacífico adjacentes. Os limites da Oceania são definidos
de várias maneiras. A maioria das definições reconhecem partes da
Australásia como a Austrália, Nova Zelândia e Nova Guiné, e parte do Arquipélago Malaio como sendo partes da Oceania. Embora
as ilhas da Oceania não formem um continente verdadeiro, a Oceania, às vezes, é associada com o continente da Austrália ou com a
Australásia, com o propósito de dividir o planeta em agrupamentos
continentais. É o menor “continente” em área e em população (não
contando com a Antártica).
O Novíssimo Mundo - assim chamado por ter sido descoberto
apenas em 1770, pelo inglês James Cook - é formado por milhares
de ilhas de diversas extensões, desde pequenos atóis coralígenos
até a Austrália, pouco menor que o Brasil. Ocupa ao todo uma área
de mais de 8.900.000 quilômetros quadrados nos quatro hemisférios: estende-se de 21 graus de latitude norte a 50 graus de latitude
sul e de 111 graus de longitude leste a 119 graus de longitude oeste.
Atravessada pela linha do Equador e pelo Trópico de Capricórnio, a Oceania localiza-se nas zonas climáticas intertropical e temperada do sul. Devido à sua grande extensão de leste para oeste,
abrange oito fusos horários, inclusive a linha que determina a mudança de data (Linha internacional de mudança de data). Além de
inúmeras possessões não-independentes, administradas por países
europeus, pelos Estados Unidos ou por nações desenvolvidas do
continente, a Oceania inclui 14 Estados soberanos, entre os quais
se destacam a Austrália e a Nova Zelândia, pelo grande desenvolvimento econômico, e a Papua-Nova Guiné, o segundo país do
continente em população e área territorial. Os demais, de extensão
reduzida, população numericamente inexpressiva e economia subdesenvolvida, são: Fiji, Samoa Ocidental, Nauru, Tonga, ilhas Sa-
Rio Yangtzé na região das Três Gargantas.
Rios que deságuam no oceano Pacífico. Alguns têm grande
volume de água devido às monções de verão. Merecem destaque
os rios Huang-ho (ou Amarelo), Si-kiang e Yang-tsé-kiang (ou
Azul), todos na China, além do Mekong, na Indochina; rios que
deságuam no oceano Índico. Alguns deles são também monçônicos e tornam-se muito volumosos durante o verão. Merecem destaque rios da Índia e de Bangladesh, como o Bramaputra, o Ganges e
o Godavari, e o rio Indo, no Paquistão; rios que correm para norte
e desaguam no oceano Glacial Ártico. São exemplos os rios Obi,
Ienissei e Lena, que congelam durante grande parte do ano. Como
o degelo ocorre a partir de seus altos cursos, as águas, ao chegarem
ao médio curso e encontrarem barreiras de gelo, esparramam-se
por vastas extensões de suas margens, causando frequentes inundações; rios que desembocam no golfo Pérsico. Merecem destaque o Tigre e o Eufrates, que formam a planície da Mesopotâmia;
rios da Ásia Centro oriental que desaguam em lagos. Podemos citar o Sir Daria e o Amu Daria, que desaguam no mar de Aral, além
de outros que desaparecem dentro do deserto.
A Ásia apresenta poucos lagos, embora de grande extensão,
como o Baikal e o Balkhash, localizados na Rússia. Se os lagos
existem em pequeno número, os mares asiáticos aparecem com
muito mais destaque: mar Vermelho, que limita as costas africanas
e asiáticas; Mar da Arábia; a sudeste, mar da China Meridional,
mar da China Oriental, Mar de Andamã e mar Amarelo; os mares
da Indonésia: de Java, de Timor, de Banda, de Celebes; a nordeste,
os mares de Okhotsk, do Japão e de Bering. No limite com a Europa, aparece o maior mar fechado do mundo, o mar Cáspio.
Vegetação
Didatismo e Conhecimento
16
GEOGRAFIA
lomão, Vanuatu, Kiribati, Palau, Estados Federados da Micronésia
e Tuvalu. Devido ao grande número de ilhas, costuma-se dividir o
continente em: Pertencente ao Chile, a ilha de Páscoa abriga um
mistério histórico: de que forma seus antigos habitantes transportaram e puseram de pé as enormes estátuas espalhadas pela ilha.
Líbia, são extremamente áridas. Ao leste, o deserto é atravessado
Nil; toma fim, com o deserto Arábico e o deserto Nubie, frente
la mer Rouge. Ao Sul do deserto, esta depressão prossegue-se
por uma região de transição, o Sahel (do qual o nome significa
“margem”), faz de planícies e fracas ondulações. Ao sudoeste,
o Fouta-Djalon, os maciços do Atakora, no norte do Benim, e o
Adamaoua, no sudoeste do Camarões são raros os pontos emergentes do relevo. Ao centro da África, a bacia do Congo é uma depressão essencial. As bandejas orientais, em redor do Equador, são
mais elevada do continente. Ocupam a vertente oriental da África
e estendem-se la mar Rouge Zambèze. A sua altitude média excede1 500 m. Criam-se progressivamente sobre a bandeja etíope para
exceder 3 000 os m; Ras Dachan (4 620 m), no norte da Etiópia, é
o ponto culminante. Mais ao Sul encontram-se vários vulcões, dos
quais o Kilimandjaro, quem com seus5 895 mde altitude é o ponto
culminante da África, o monte o QUÊNIA (5 199 m) e o monte
Elgon. Uma caraterística topographique específica das montanhas
orientais é o vasto sistema de fossos tectônicos (Rift Valley) que
atravessam a região no sentido norte-sul. Ao oeste, o Ruwenzori
atinge uma altitude máxima5 119 mà PIC Margherita. O Sul do
continente é constituído vasta de uma bandeja, cortada pelas depressões do delta do Okavango e o deserto Kalahari. O rebordo
meridional da bandeja austral contorna a costa sueste sobre cerca
de1 100 kme culmina3 650 mno Drakensberg, na África do Sul. O
Karroo é uma bandeja árida cerca de de 260 000 Km ², igualmente
na África do Sul. O deserto do Namib estende-se quase2 000 kmao
longo da costa do oceano Atlântico. A ilha da Madagáscar é constituída de uma bandeja central devastada pela erosão e limitada
ao leste por uma planície costeira úmida. A maior parte dos solos africanos apresenta uma drenagem irregular e uma cobertura
preática pouco visível, excepto ao Sara onde de grandes coberturas fósseis e rios subterrâneos foram localizados (Argélia, Líbia).
Os solos são frequentemente incultivaveis devido à violência das
chuvas e a lixiviação dos minerais. Os solos desérticos, pobres em
componentes orgânicos, cobrem uma vasta extensão. Certos solos
savane, endurecidos, apresentam couraças (laterite).
Australásia: são as maiores ilhas, Austrália, Tasmânia, Nova
Guiné e geograficamente, porém não cultural e historicamente, a
Nova Zelândia;
Melanésia (“ilhas negras”): o nome é derivado de melanina,
pigmento escuro da pele, e alude à cor dos habitantes dessas ilhas
pouco extensas, localizadas, em sua maioria, ao norte, nordeste e
leste da Austrália. Grande parte delas são possessões francesas e
britânicas; as que constituem países independentes são Papua-Nova Guiné, Ilhas Salomão, Vanuatu e Fiji;
Micronésia (“pequenas ilhas”): formada por ilhas muito pequenas, situadas ao norte e nordeste da Melanésia. O Reino Unido
e os Estados Unidos possuem o maior número de territórios dessa
área. Kiribati, Palau, Estados Federados da Micronésia, Ilhas Marshall e Nauru são os países independentes desse grupo;
Polinésia (“muitas ilhas”): corresponde às ilhas mais distantes
da Austrália, dispersas por uma grande área do Pacífico. São em
sua maioria possessões britânicas e francesas. Os países independentes da Polinésia são Tonga, Samoa, Tuvalu e, historicamente e
culturalmente (o último em relação aos seus povos aborígenes), a
Nova Zelândia (nome polinésio: Aotearoa). O estado estadunidense do Havaí e a ilha chilena Rapam Nui ou ilha de Páscoa também
fazem parte da Polinésia.
Embora grande parte das ilhas seja de origem vulcânica ou
formada por atóis coralígenos, as características físicas do continente oceânico são muito variadas. Por isso, faremos um estudo
setofizado de seus traços dominantes. Trata-se um continente sem
nenhuma fronteira terrestre entre seus 14 países constituintes. A
única linha divisória política terrestre é entre Ásia e Oceania, a
fronteira entre a Indonésia e a Papua-Nova Guiné. Cultural, linguística e etnicamente, o estado indonésio de Irian Jaya, tido como
sendo asiático, é semelhante à Papua-Nova Guiné, habitados pelos
povos papuas. Geograficamente a ilha de Nova Guiné, inteira, faz
parte da Australásia, portanto Oceania. Os motivos para classificar
seu lado ocidental como asiático são meramente políticos.
Os Rios
Existe seis grandes bacias hydrographiques na África. Com
excepção da bacia do lago a Chade, cujas águas evaporam-se sob
o efeito do calor, conduz muito no mar e são caraterizados por
quedas e rápido que impedem a navegação. Nil, mais o longo rio
do mundo com seus6 650 km, arrose o nordeste da África. Formado do Bahr el-Azrak, que toma a sua fonte no lago curtiu na
Etiópia, e o Bahr el-Abiad, que a sua ao Sul do Burundi e se forma
à sair do lago Vitoria, Nil vaza para o norte, atravessa o Sara e
lança-se no Mar Mediterrâneo por um largo delta. O Congo, com
seus4 400 km, banha uma grande parte da África central. Nasce
na Zâmbia e vaza para o norte sob o nome de Lualaba. Obliqua
para o oeste seguidamente para o sudoeste para lançar-se no oceano Atlântico. O terceiro grande rio africano, o Níger, na África
ocidental, é longos cerca de de 4 200 Km; o seu curso superior é
navegável apenas durante a estação das chuvas. O Níger, que toma
a sua fonte sobre a bandeja do Fouta-Djalon, vaza para o norte e
está-o formando um vasto delta interno onde as águas da cheia
estendem-se antes de dirigir-se para o Sul, seguidamente lançar-se
no golfo da Guiné por um delta aos braços múltiplos. Zambèze,
longo cerca de3 540 km, nasce na Zâmbia, no sudeste da África,
e vaza para o Sul, é o e o sudeste antes de lançar-se no Oceano
Índico.
Zambèze apresenta numerosas quedas, das quais mais notá-
ÁFRICA
Relevo
Geralmente, a altitude do continente africano aumenta do noroeste ao sudeste. As bandas costeiras baixas, com excepção da
costa mediterrânica e a costa da Guiné, são geralmente estreitas,
antes de criar-se abruptamente. Ao noroeste, as cadeias do Atlas,
sucessões de PIC escarpes que culminam4 165 má altitude e entre
qual intercalam-se elevadas bandejas, estendem-se do Marrocos
até na Tunísia2 400 km por longo.
Paisagem
O Sara, mais o grande deserto do mundo, estende-se do Atlântico mer Rouge à parte e outro do trópico do Câncer. Esta vasta
depressão é espalhada de relevos (Adrar mauritanien, Aïr, Hoggar,
Tibesti). Certas partes do Sara, como o Tanezrouft e o deserto da
Didatismo e Conhecimento
17
GEOGRAFIA
veis são as quedas Vitoria. O rio Cor de laranja (2 100 km) e o seu
afluente o Vaal banha o Sul da África. A Laranja nasce no maciço
do Drakensberg e derrama-se, ao oeste, no Atlântico após ter escavado gargantas espetaculares. O abastecimento de água é um
problema essencial na África. Vastas extensões sofrem da insuficiência ou da irregularidade das chuvas e as populações devem
armazenar a água à vista do atraso ou a insuficiência das precipitações. Outras regiões têm reservas surabondantes. Existe grandes
pântanos e certas zonas periodicamente são inundadas (Sul do Sudão, delta interno do Níger). Nos últimos anos, de numerosas barragens e tanques foram construídos para canalizar a água destinada
à irrigação ou para a produção hydroélectrique (barragens Assouan
sobre Nil, de Akosombo sobre o Volta, de Manantali sobre o Níger,
Inga sobre o Congo, de Kariba e de Cabora baseou em Zambèze).
Graças aos seus numerosos cursos de água, a África possui cerca
de 40 % do potencial hydroélectrique mundial.
A vegetação reflete as zonas climáticas. A região da floresta pluvial tropical, onde as precipitações anuais médias excedem1 300 mm, é coberta de uma vegetação densa fougeres e de
espumas, dominada por grandes árvores à folhas persistentes e de
numerosas espécies de madeira dura tropical. Ao Sul do Equador,
a floresta primária ocupa ainda zonas não negligenciáveis, nomeadamente no leste da República democrática do Congo, sobre as
inclinações do Ruwenzori e os montes Virunga, favorecida por
precipitações importantes (4 0006 000 mma e mais, com uma humidade 90 %). Existe uma zona de florestas de montanhas, com
precipitações anuais médias mais importantes que o da floresta
pluvial tropical, elevadas nas bandejas do Camarões, na Angola, a
África oriental e em cerca de regiões da Etiópia, onde uma extensão coberta de matos faz lugar à árvores à madeira dura e coníferas
primitivos.
Savana arborizado, com precipitações anuais de 9001 400 mm,
cobre vastas extensões de vegetação resistente ao fogo: ervas, leguminosas e matos misturados à florestas de árvores folhudas. Savane arbustive, com precipitações anuais de cerca de 500900 mm,
é coberto de elevadas ervas, arbustos, pequenos bosques de árvores folhudas isoladas onde emergem às vezes de grandes árvores,
vestígios antigos de uma grande floresta hoje desaparecida.
O desaparecimento destas pequenas florestas, do qual permanecem frequentemente apenas árvores e arbustos dispersados,
anuncia a transição com savana ervoso, uma zona particularmente
sensível à desertificação, introduzindo insensivelmente uma paisagem saheliana. No Sahel, o homem, as suas culturas e os seus
bovinos vivem ao limite das possibilidades da natureza e sofrem
do menor acidente climático. É a mata, com uma vegetação steppe, e precipitações anuais de cerca de 300500 mm. A erva é mais
baixo e os arbustos cobertos de espinhas. A zona subdésertica
(130300 mm), onde empurram cerca de arbustos dispersos, verdit
após as chuvas durante um curto período. É antichambre da zona
desértica (menos130 mm) onde a vegetação, rara ou inexistente,
pode alimentar apenas os camelos e às vezes cerca de cabras.
Clima
Uma grande parte do continente é apresentada à influência do
clima tropical. Na África oriental, montanhas param a monção do
Oceano Índico. O clima de África é fortemente influenciado pelo
facto de este continente ser atravessado quase a meio pela linha do
equador e estar compreendido na sua maior parte entre os trópicos.
É um continente bastante quente, onde os climas se individualizam
mais pelas variações pluviométricas do que pelas térmicas, à exceção das extremidades norte e sul, de clima mediterrânico. A partir
do equador para norte e para sul, o clima passa de equatorial para
tropical e desértico quente. Nas zonas mais altas o clima é de altitude e nas zonas temperadas o clima é mediterrânico. Distinguemse várias grandes zonas climáticas. A parte central do continente e
a costa oriental da Madagáscar têm um clima caraterístico da floresta pluvial tropical. A temperatura média é cerca de 30 °C, com
precipitações anuais próximas1 800 mm. O clima da costa da Guiné assemelha-se ao clima equatorial, mas as chuvas concentram-se
só uma numa estação; não há, contudo meses sem chuva. Ao norte
e o Sul, o clima da floresta pluvial deixa o lugar ao clima tropical,
caraterizado por uma estação úmida durante os meses de verão e
uma estação seca durante os meses de inverno, que se alonga à
medida que se aproxima trópicos. As precipitações anuais totais
variam1 500 mm550 mm. De parte e outro do Equador, a humidade diminui quando a latitude aumenta, e passa-se floresta densa à
floresta à folhas caducas seguidamente à floresta clara e por último
la savane. Le Sahelé uma zona climática intermédia entre savane
e o deserto onde as precipitações (400600 mm) permitem ainda a
cultura do painço sem irrigação, por conseguinte a existência de
uma agricultura de subsistência elementar. Muito vastas extensões
têm um clima árido, ou desértico. O Sara, no norte, o Abyssinie,
no leste, e Kalahari e o deserto do Namib, no sudoeste, recebe
menos250 mmde chuvas por ano. Ao Sara, as variações de temperatura entre o dia e a noite, e entre as estações são importantes.
Durante a estação fria, a temperatura noturna cai frequentemente
debaixo0 °C. As zonas de clima e de vegetação mediterrânicos encontram-se extremo no noroeste e o extremo sudoeste da África.
Estas regiões são caraterizadas por invernos suaves e úmidos, e verões quentes e secos. Sobre as bandejas da África oriental, em especial ao Quênia e o Uganda, as precipitações são repartidas bem
ao longo de todo o ano e as temperaturas são iguais. O clima da
elevada bandeja da África do Sul é moderado na região do Cabo.
Vegetação
Didatismo e Conhecimento
América do sul
A América do Sul é um subcontinente que compreende a porção meridional do continente americano - formado também pela
América Central e a América do Norte. A América do Sul limita-se
a leste com o oceano Atlântico, a oeste com o oceano Pacífico, e
ao norte com o mar do Caribe. Liga-se à América Central pelo
Panamá.
Relevo
Três regiões montanhosas determinam o contorno principal
do continente: a cordilheira dos Andes, os planaltos residuais Norte Amazônicos (antigo planalto das Guianas ou sistema Parima),
e os planaltos e serras do Atlântico-Leste-Sudeste. Há entre essas
regiões, áreas de planícies, formadas pelas três principais bacias
hidrográficas do continente: a Amazônica, a do Orinoco e a do rio
Paraná. O ponto culminante é o monte Aconcágua (6.959m), na
fronteira entre o Chile e a Argentina. Toda a costa leste da América
do Sul é composta por planaltos de origem geológica muito antiga,
devido a isso sofreu longos processos erosivos e atualmente possui
características relativamente planas. No interior da América do Sul
identifica-se em grande parte uma predominância de planaltos com
18
GEOGRAFIA
pouca elevação e planícies. No extremo ocidente do subcontinente
o relevo é constituído por grandes altitudes, onde está localizada a
Cordilheiras dos Andes que corresponde a um dobramento alpino
oriundo do encontro entre a placa de nazca e a placa sul-americana, devido a isso a região desenvolve uma grande incidência de
abalos sísmicos. A Cordilheira dos Andes se estende desde a Venezuela até o Chile, diante dessa extensão os Andes possuem aspectos distintos que variam de acordo com cada particularidade, pode
ser classificado como: Andes setentrionais úmidos, Andes centrais
ou áridos e Andes meridionais ou frios.
Atacama, no Chile, é uma das regiões mais secas do mundo. Devido à extensão territorial, no sentido norte-sul, o continente sofre
influência de duas zonas climáticas, a intertropical e a temperada
do sul. Dessa forma, é identificado clima equatorial, tropical, além
da presença de clima mediterrâneo e temperado. O relevo é um dos
primordiais na composição dos climas, dessa forma ao longo de
toda planície amazônica não há altitudes que possam impedir a locomoção de massas de ar quente ou fria, servindo assim como uma
espécie de corredor de passagem de massas que seguem seu trajeto
para interagir com as características locais e assim dar origem às
distintas variações climáticas. Além dos climas já apresentados,
na América do Sul são identificados ainda os climas: frio de montanha, característico dos Andes; semiárido que ocorre nos Andes
Central e nordeste brasileiro; e árido ou desértico que ocorre na
Patagônia (Argentina) e do Atacama (Chile).
Como o clima em grande parte é o equatorial e tropical, desenvolve grandes florestas do tipo latifoliadas, que corresponde
à floresta equatorial, como a Amazônica. Nas áreas de clima tropical, que ocorre nos territórios do Brasil, Paraguai, Venezuela e
Colômbia, ocorrem vegetações tais como as savanas (cerrado no
planalto central brasileiro, chaco no Paraguai e Bolívia e lhanos
na Venezuela). E nas regiões de clima tropical úmido ocorrem as
florestas tropicais como a floresta Atlântica na costa brasileira. Nas
regiões onde prevalece o clima subtropical, como no sul do Brasil,
Uruguai e Argentina, ocorrem vegetações como Mata de Araucária, além de estepes e pradarias. Em uma restrita parcela da América do Sul ocorre o clima temperado, essa característica climática
se apresenta no sul do Chile, a vegetação que desenvolve na região
é a floresta temperada.
Litoral
Atlântico com 16 mil km de extensão, o litoral tem baixos
declives, uma larga plataforma continental e é rico em acidentes,
como por exemplo, os golfos de Darien e o da Venezuela, as penínsulas de Goajira e Pária, no mar das Antilhas, e as baías de São
Marcos, Todos os Santos e Guanabara. O Pacífico com 9.000km
possui costas altas, com grandes profundidades submarinas, e a
única área mais acidentada está localizada no sul, onde aparecem
muitas ilhas e arquipélagos.
Hidrografia
As bacias do Amazonas, do Orinoco e do Paraná banham, em
conjunto, uma área superior a 11.000.000km². O maior sistema é
o formado pelo rio Amazonas e seus afluentes, entre eles alguns
de grande extensão, como o Negro, o Juruá, o Purus e o Madeira.
Também merecem destaque os rios São Francisco, no Brasil, e o
Magdalena, na Colômbia. A maior parte dos lagos sul-americanos fica nos Andes e o maior deles é o Titicaca, o mais alto lago
navegável do mundo, entre a Bolívia e o Peru. Na faixa atlântica,
os dois maiores são o Maracaibo, na Venezuela, e a lagoa dos Patos, no Brasil. A América do Sul, em recurso hídrico, possui uma
das maiores bacias hidrográficas do mundo, como por exemplo, a
bacia do Amazonas que é a maior do mundo. O grande potencial
hídrico desse subcontinente é proveniente dos aspectos climáticos
que predominam em grande parte do território onde prevalecem
os climas úmidos (equatorial e tropical úmido) com altos índices
pluviométricos.
CARTOGRAFIA
A Geografia precisa situar com precisão na superfície da Terra
aquilo que quer estudar e analisar. A elaboração de mapas nasceu
da necessidade de representar a forma da Terra e dos continentes
e medir as distâncias entre lugares. A cartografia é a ciência e a
arte da representação gráfica da superfície terrestre. O seu produto
final é o mapa. Os mapas são fundamentais para a Geografia, pois
nada mais são do que a representação total ou parcial do espaço
geográfico.
Desde a Antiguidade há a preocupação de se elaborar vários
tipos de mapas. Até a metade do século XV, os mapas eram representações de descrições de itinerários para viajantes, mas não
representavam fielmente a realidade do espaço terrestre.
No final da Idade Média começaram a ser desenhados os portulanos, verdadeiros mapas em duas dimensões: indicavam a posição dos portos e o contorno das costas.
A partir do século XVII desenvolveu-se a ciência geodésica,
que permitiu calcular com mais correção a latitude e a longitude de
um determinado ponto e a altitude de um lugar em relação ao mar.
Atualmente, os meios mais modernos utilizados pela cartografia são as fotografias aéreas, o sensoriamento remoto e a informática, que auxilia na precisão dos cálculos. A fotografia aérea, realizada de aviões, proporciona o material básico para a elaboração
de mapas. As fotografias são feitas de maneira que, sobrepondo-se
duas imagens do mesmo lugar, obtém-se a impressão de uma só
imagem em relevo. Graças a elas representam-se os detalhes da superfície do solo. Sobre o terreno, o topógrafo completa o trabalho,
revelando os detalhes pouco visíveis nas fotografias.
Outra técnica cartográfica é o sensoriamento remoto. Consiste
As principais bacias hidrográficas presentes na América do
Sul são:
Bacia Amazônica: está localizada na floresta Amazônica e
abrange o Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e
Guiana.
Bacia do Prata: corresponde à união de três sub-bacias (Paraná, Paraguai e Uruguai).
Bacia do Rio São Francisco: encontra-se totalmente em território brasileiro e tem como rio principal o São Francisco.
Clima
A América do Sul pode ser dividida em quatro zonas climáticas distintas: tropical, temperada, seca e fria, distribuídas conforme o relevo da região. As chuvas são abundantes na maior parte da
América do Sul, com exceção das áreas desérticas do Peru e norte
do Chile, Patagônia argentina e nordeste brasileiro. O deserto de
Didatismo e Conhecimento
19
GEOGRAFIA
na transmissão, a partir de um satélite, de informações sobre a superfície do planeta ou da atmosfera.
No Brasil utiliza-se o termo mapa, de forma genérica, para
identificar vários tipos de representação cartográfica. Mesmo que,
em alguns casos, a representação não passe de uma lista de palavras e números, ou de um gráfico que mostre como ocorre determinado fenômeno, essa representação recebe o nome de mapa.
Embora o termo esteja popularizado, a grande maioria dos brasileiros possui um conhecimento muito restrito de cartografia devido
ao nível de importância que é dado à alfabetização cartográfica no
ensino formal e à difusão de mapas para uso cotidiano. Porém, os
mapas estão em toda parte, jornais, revistas, canais abertos de televisão – quem não olha o mapa do tempo no jornal diário? - mapa
rodoviário, do metrô, da cidade, e tantos outros que poderiam servir para alguma coisa, mas que quando existem, desorientam mais
do que orientam. Talvez para o usuário não interesse como eles
foram feitos, mas, se servem à necessidade imediata, se cumprem
seu objetivo.
Se considerarmos que os mapas servem de orientação e de
base para o planejamento e conhecimento do território, a sociedade acaba sendo consumidora dessas representações cartográficas
que são um meio de comunicação. Porém, na maioria das vezes,
esses mapas não têm cumprido o seu papel. A função de um mapa
quando disponível ao público é a de comunicar o conhecimento
de poucos para muitos, por conseguinte ele deve ser elaborado de
forma a realmente comunicar. Provavelmente, parte da responsabilidade pela atual proliferação de mapas pouco eficazes se deve
também, ao acesso irrestrito às ferramentas tecnológicas desenvolvidas para análise de dados espaciais aliadas ao desconhecimento
dos procedimentos inerentes à representação cartográfica.
Do ponto de vista científico, a busca por métodos que deem
conta da representação de processos complexos da contemporaneidade também provocou o aumento de pesquisas em áreas emergentes como o geoprocessamento, a informática, o meio ambiente
e a saúde pública, para os quais os sistemas de informação geográfica fornecem ferramentas que ajudam na produção de mapas.
Isso certamente contribui, cada vez mais, para que os mapas sejam
concebidos como documentos que revelam o visível e o invisível
na imagem, como, por exemplo, as concepções ideológicas de uma
sociedade. No entanto, independente do objetivo, o mapa como
um meio de comunicação exige conhecimentos específicos de Cartografia, tanto de seu criador como do usuário, leitor e consumidor.
mento, redação e comunicação de informações por meio de mapas,
diferem de acordo com a formação e especialização dos profissionais em cada campo, a exemplo dos geólogos, geomorfólogos,
geógrafos, entre outros, que se expressam na forma gráfica.
A elaboração de mapas temáticos abrange as seguintes etapas:
coleta de dados, análise, interpretação e representação das informações sobre um mapa base que geralmente, é extraído da carta
topográfica. Os mapas temáticos são elaborados com a utilização
de técnicas que objetivam a melhor visualização e comunicação,
distinguindo-se essencialmente dos topográficos, por representarem fenômenos de qualquer natureza, geograficamente distribuídos sobre a superfície terrestre. Os fenômenos podem ser tanto de
natureza física como, por exemplo, a média anual de temperatura
ou precipitação sobre uma área, de natureza abstrata, humana ou
de outra característica qualquer, tal como a taxa de desenvolvimento, indicadores sociais, perfil de uma população segundo variáveis tais como sexo, cor e idade, dentre outros.
Cada mapa possui um objetivo específico, de acordo com os
propósitos de sua elaboração, por isso, existem diferentes tipos de
mapas. O mapa temático deve cumprir sua função, ou seja, dizer o
quê, onde e, como ocorre determinado fenômeno geográfico, utilizando símbolos gráficos (signos) especialmente planejados para
facilitar a compreensão de diferenças, semelhanças e possibilitar a
visualização de correlações pelo usuário. O fato dos mapas temáticos não possuírem uma herança histórica de convenções fixas, a
exemplo dos topográficos, se deve às variações temáticas e aos aspectos da realidade que representam, sendo necessárias adaptações
diferenciadas a cada situação.
Conteúdo Político Ideológico dos Mapas
Á primeira vista você pode estranhar o mapa-múndi apresentado, que pode dar a impressão de estar “invertido” e “distorcido”.
Isso acontece porque estamos acostumados a observar os mapas
“normais” centrados na Europa, com o hemisfério norte acima
do sul, e, em geral, com as terras do hemisfério norte desproporcionalmente maiores. Como o nosso planeta é esférico, podemos
representá-lo tendo qualquer ponto como centro. A opção entre diferentes representações cartográficas não é simplesmente técnica
mas, também, política ou geopolítica. Na verdade, qualquer mapa
contém uma visão de mundo e um conteúdo político-ideológico.
Mapas Temáticos
Na cartografia, os mapas têm características específicas que os
classificam, e representam elementos selecionados de um determinado espaço geográfico, de forma reduzida, utilizando simbologia
e projeção cartográfica. Para os cartógrafos, os mapas são veículos de transmissão do conhecimento que pode ser o mais amplo
e variado possível ou o mais restrito e objetivo possível e afirma
que cada mapa tem seu autor, uma questão e um tema, mesmo os
mapas de referência geral, os topográficos ou os cadastrais.
Todo o mapa, qualquer que seja ele, ilustra um tema e até o
mapa topográfico não escapa à regra. Dessa forma, define como
mapas temáticos, todos os mapas que representam qualquer tema,
além da representação do terreno. Os procedimentos de levantaDidatismo e Conhecimento
A representação do mundo e sua interpretação pelo ser humano sempre foi objeto de investigação das ciências sociais como a
20
GEOGRAFIA
geografia, antropologia, sociologia e a psicologia.
Esta preocupação pela forma como a realidade objetiva é interpretada pela subjetividade, propicia um campo de argumentação
e reflexão ao mesmo tempo rico e complexo. Sua riqueza repousa
no fato de que não existe um mundo sem sua consequente e intrínseca representação, ou fazendo-se uso de uma linguagem mais
antropológica, não há um mundo concebível sem a admissão de
sua compreensão precedente a própria existência da configuração
do entendimento, pois o espaço e o tempo precedem e estruturam
os processos cognitivos do homem, por se tratarem de categoriais
a priori da natureza, havendo então a partir desta consideração uma
multiplicidade e criatividade inesgotável de formas de se explicar
a realidade do entorno e sua representação. Torna-se evidente a
imensurabilidade teórica e epistemológica desta riqueza presente
na representação do espaço geográfico.
Por outro lado o mundo entendido como compreensão daquilo
que é construído pela nossa percepção direta a priori pelos sentidos
e a posteriori pelos processos cognitivos de formulação das matrizes de conhecimento e seus modelos explicativos, não seria explicado por uma simples teoria geral com âmbito totalizante com relação a complexidade da realidade objetiva, advém desta demanda
uma necessidade de aprofundamento da linguagem no que tange
a representação do espaço, dando um viés de importância imensurável para o discurso e suas modalidades de construção e ação.
Talvez justamente por ser indefinidamente complexo e intrinsecamente rico é que o mundo humanamente concebido, interpretado e posteriormente diversamente compreendido possua
uma gama tão extensa de possibilidades e divergências de representação, indo de encontro à potência de criação da subjetividade
daqueles responsáveis pelas estruturações coletivas ou individuais
das imagens representativas da realidade.
Crenças que regem as ações de um povo, compreendendo em
seus discursos as principais características intersubjetivas que formulam em seu conjunto as peculiaridades coletivas e as marcas
individuais destas comunidades.
É possível fazer uma analogia metafórica comparando a geografia e seus sacerdotes, os geógrafos consagrados pela academia
como detentores de seu discurso, com os antigos sofistas dos primórdios da filosofia grega; quem meio a inquietação de se explicar
e compreender o mundo excedia a capacidade de estruturação discursiva em teorias monolíticas, desencadeando em várias vertentes
de pensamento, onde cada um ao seu modo procurava explanar
sobre a complexidade mundana, de acordo com a sua forma de
interpretar os objetos e fenômenos constituintes da realidade objetiva imediata a sua percepção sensorial e cognitiva.
Com algumas diferenças historicamente justificáveis, vemos a
geografia desde que se tornou mais uma das assinaturas do corpo
argumentativo da ciência moderna, elaborar uma diversidade de
teorias e hipóteses de explicação do mundo que variam conforme
o momento e contexto histórico no qual o geógrafo está inserido,
sendo possível identificar seus traços individuais em suas elucubrações e também as influências que vão deste a corrente dominante da época, ou um movimento emergente vanguardista de pensamento que esteja em ebulição em sua contemporaneidade.
O mais importante de se ressaltar nesta trajetória histórica da
Geografia na academia, é o exclusivismo discursivo na hora de
agenciar os problemas que afligem não só o que está disposto além
de seus métodos e metodologia, ou seja, seu objeto de estudo, mas
também os seus próprios pilares de sustentação construídos de
Didatismo e Conhecimento
acordo com os moldes das justificações da racionalização teórica;
excluindo para a margem de suas teorias tudo o que não respeitar
esta lógica de pensamento cartesiano, como por exemplo, a falta
de reconhecimento dos estudos relacionados à geografia da percepção ou cultural, onde o principal objetivo é reconhecer a necessidade de inclusão ao discurso geográfico as culturas e processos de subjetivação não diretamente relacionados com os padrões
científicos de análise e entendimento calcados principalmente no
neopositivismo e no racionalismo extremado.
Todas estas características nos aproximam das teorizações
sobre a não neutralidade do pesquisador, neste caso o geógrafo,
em relação ao seu objeto de estudo, o espaço geográfico e suas
bifurcações terminológicas e discursivas inerentes à geografia,
mas também deixando a mostra a possibilidade epistemológica de
se discutir algumas das questões referentes à geografia, o poder e
a ideologia e as imagens representativas criadas pela vontade na
ciência geográfica.
O Discurso Ideológico e a Geografia
A geografia como qualquer outra área da Ciência é construída a partir de um discurso disciplinar específico, que dá ao seu
corpus teórico metodológico status científico, garantindo assim o
reconhecimento da existência de uma área específica do conhecimento acadêmico voltado para a análise do espaço social. Com um
desenvolvimento histórico deveras turbulento, devido a grandes
influências de diversas correntes ideológicas distintas, a geografia passou por mudanças sutis em suas teorias e metodologias, de
acordo é claro com o contexto analisado.
Seguindo o estudo feito pelo geógrafo francês Yves Lacoste
(1988), temos uma sólida apresentação de como estes discursos
ideológicos não só influenciam o discurso geográfico como também o estruturam em seus conceitos e temáticas.
Percebemos então a importância de se considerar as ambivalências e divergências existentes no discurso geográfico. O estudo
do espaço geográfico se modifica dependendo da abordagem, métodos e correntes teóricas escolhidos pelo pesquisador da ciência
geográfica. É a partir destas divergências na escolha destes aportes
teóricos da pesquisa, que as representações sociais criadas pelo
discurso geográfico vão ficar fortemente pressionados pela ordem
discursiva – neste caso podendo ser entendida como ideologia
– que este pesquisador, ou grupo de pesquisadores defenderem
como sendo o adequado para seus estudos.
O Espaço Geográfico e sua Representação
Sabendo da grandeza do problema relacionado a quantidade
de variáveis a ser atingidas pela ciência geográfica, nos alertam
sobre o perigo eminente destes discursos distorcerem a realidade,
muitas vezes adaptando características em prol de suas delimitações julgadas por um conjunto de regras como sendo prioritárias: A combinação de fatores geográficos, que aparece quando se
considera um determinado espaço, não é a mesma que aquela que
pode ser observada para um espaço menor que está “contido” no
precedente. Assim, por exemplo, aquilo que se pode observar no
fundo de um vale alpino e os problemas que podem ser colocados
a propósito desse espaço e das pessoas que aí vivem, diferem daquilo que se vê quando se está sobre um dos picos e essa visão das
coisas se transforma quando se olham os Alpes de avião, a 10.000
metros de altitude.
21
GEOGRAFIA
Podemos perceber a importância dada a questão cartográfica
como um dos principais instrumentos de poder da geografia. Essa
preocupação com a representação social do espaço por meio das
cartas cartográficas entra em comum acordo com as considerações
de Boaventura de Sousa Santos sobre os mapas simbólicos.
Essa confluência sobre os mapas sociais mostra como a geografia tem um papel fundamental na construção das representações
sociais; ficando mais evidente nos casos em que o seu discurso que
pode se caracterizar como dominante sobrepor-se a uma complexidade representacional não alcançada por métodos quantitativos
por exemplo – característica muito comum nos mapas políticos
nacionais, regionais e estaduais – ficando a mostra a fragilidade
teórica presente nestes verdadeiros mapas simbólicos da realidade,
que não se configuram apenas pelas cartas cartográficas, mas também pelo escopo teórico/metodológico e principalmente político
nos quais o discurso geográfico irá se apoiar para legitimar seu
papel como agente de interpretação da realidade objetiva.
A dificuldade da geografia em abarcar toda a complexidade
social e estrutural da realidade deixa claro que, suas bases epistemológicas ainda precisam ser desenvolvidas e ampliadas para
novas abordagens e concepções teóricas. Esta defasagem da escala
de abrangência discursiva da geografia evidencia a dificuldade de
se conseguir abarcar em uma única análise, politicamente, ideologicamente e historicamente construída, toda rede de detalhes e
nuanças presentes em um dado contexto.
O espaço de representação social configura-se assim como
sendo a principal riqueza da geografia e ao mesmo tempo o seu
maior desafio epistemológico, pois diferentes métodos e metodologias já foram elaborados e defendidos para se chegar a sua redução explicativa. No entanto temos que considerar as variantes do
espaço geográfico que compõem a representação social, como por
exemplo os mitos, os símbolos sociais, as identidades culturais, a
política e o poder presente nas sociedades, os diferentes graus de
sociabilidade entre as comunidades humanas, etc.
Procurando resumir este complexo quadro analítico no qual o
espaço geográfico e suas variáveis vem se encaixar, teremos três
grandes eixos temáticos estruturadores e derivativos deste todo, a
saber: a sociabilidade, a temporalidade e a espacialidade; podemos
complementar o discurso como sendo o veículo e o estruturados
das fronteiras entre estes três eixos, formando um todo movido
pelo seu inexorável movimento de dever, que o faz ser dinâmico e
autotransformador – e também com certo grau de adaptabilidade –
de suas características estruturantes: A conjunção destes três eixos,
a sociabilidade, a espacialidade e a temporalidade, entrelaçadas e
pelo dever, dão ao espaço geográfico toda a complexidade que o
discurso da geografia procura apreender e conceituar em seu escopo teórico, fazendo uso de classificações, diferenciações e delimitações para atingir tais objetivos de compreensão do espaço.
Apresentam-nos várias proposições sobre como o discurso
age como instrumento de poder, controle, exclusão, inclusão, classificação e ordenação e diz que estes são Procedimentos internos,
visto que são os discursos eles mesmos que exercem seu próprio
controle; procedimentos que funcionam, sobretudo, a título de
princípios de classificação, de ordenação, de distribuição, como
se tratasse, desta vez, de submeter outra dimensão do discurso do
acontecimento e do acaso.
Trazendo esta discussão especificamente para o campo da
geografia, observaremos com certa facilidade como é possível
discernir este processo de classificação e ordenação – principalmente – no decurso da evolução do pensamento geográfico. Como
foi visto, diversas abordagens já foram elaboradas e reestruturadas, deixando claro a importância da carga política e ideológica
no discurso geográfico, manifestando estas ideologias na forma de
representar a sociedade, seja para controlar, classificar ou ordenar
o mundo e os indivíduos, característica fundamental da cartografia
e todas as outras aplicações e ações da geografia no espaço social.
Projeções Cartográficas
A melhor maneira de representar a Terra como um todo é
por meio de um globo. Mas para conhecer melhor a superfície do
planeta são necessários mapas planos. No entanto, converter um
corpo esférico como a Terra numa figura de superfície plana não
pode ser feito sem deformar sua representação. Os cartógrafos desenvolveram vários métodos chamados projeções cartográficas, ou
seja, maneiras de representar um corpo esférico sobre uma superfície plana.
Porém, toda projeção resulta em deformações e incorreções.
Em cada projeção há concessões: para representar corretamente
uma característica, outras são distorcidas. As deformações podem
acontecer em relação às distâncias, às áreas ou aos ângulos. Conforme o sistema de projeção utilizado, as maiores alterações da representação localizam-se em uma ou outra parte do globo: nas regiões polares, nas equatoriais ou nas latitudes médias. O cartógrafo
define qual é a projeção que vai atender aos objetivos do mapa.
Os sistemas de projeções constituem-se de uma fórmula matemática que transforma as coordenadas geográficas, a partir de uma
superfície esférica (elipsoidal), em coordenadas planas, mantendo
correspondência entre elas. O uso deste artifício geométrico das
projeções consegue reduzir as deformações, mas nunca eliminá
-las.
Os tipos de propriedades geométricas que caracterizam as
projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera (Terra) e
um plano, que é o mapa, são:
a) Conformes – os ângulos são mantidos idênticos (na esfera e
no plano) e as áreas são deformadas.
b) Equivalentes – quando as áreas apresentam-se idênticas e
os ângulos deformados.
c) Afiláticas – quando as áreas e os ângulos apresentam-se deformados.
A Ordem do Discurso na Representação do Espaço Social
A geografia se enquadra no rol de disciplinas da ciência que
tem como objetivo construir verdadeiros sistemas de construção e
estruturação discursiva.
Estas disciplinas foram amplamente trabalhadas, e podemos
contextualizar esta fundamentação na construção do discurso presente em todas as correntes da geografia. Temos então uma situação tanto política como ideológica neste contexto; e isso se dá não
só pelo fato de o conhecimento geográfico ser social por excelência, mas também porque os conhecimentos existentes nas teorias
e aplicações desta ciência ser de extrema utilidade para os órgãos
governamentais e em certa medida para os interesses empresariais
dos mais diversos.
Didatismo e Conhecimento
Tipos de Projeções
Como as deformações são inevitáveis, cada tipo de projeção é
classificado de acordo com a característica que permanece correta.
Assim, as chamadas projeções equidistantes mantêm as distâncias
corretas; as projeções “conformes” são as que mantêm a igualdade
dos ângulos e das formas dos continentes; e as equivalentes mostram corretamente a distância e a proporção entre as áreas.
22
GEOGRAFIA
Existem três principais tipos de projeção:
As retas perpendiculares aos paralelos e as linhas meridianas
têm intervalos menores, resultando na representação das massas
continentais, um significativo achatamento no sentido Leste-Oeste
e a deformação no sentido Norte Sul, na faixa compreendida entre
os paralelos 60o Norte e Sul, e acima destes até os polos, a impressão de alongamento da Terra.
- Cilíndricas: uma das mais utilizadas é a de Mercator (15121594), com uma visão do planeta centrada na Europa. Outro exemplo é a do cartógrafo contemporâneo Arno Peters, que divulgou
em 1973 uma projeção que reflete corretamente as dimensões das
áreas dos continentes.
- Cônicas: são mais usadas para representar as latitudes médias, pois apenas as áreas próximas ao Equador aparecem retas.
Projeção de Mercator
Nesta projeção os meridianos e os paralelos são linhas retas que
se cortam em ângulos retos. Corresponde a um tipo cilíndrico pouco
modificado. Nela as regiões polares aparecem muito exageradas.
- Azimutais: também chamadas planas ou zenitais, têm um
ponto de vista central, mas deformam áreas distantes desse ponto.
São as preferidas para representar as áreas polares.
Projeção Ortográfica
Projeções de Mercator ou Cilíndrica Equatorial
Ela nos apresenta um hemisfério como se o víssemos a grande
distância. Os paralelos mantêm seu paralelismo e os meridianos
passam pelos polos, como ocorre na esfera. As terras próximas ao
Equador aparecem com forma e áreas corretas, mas os polos apresentam maior deformação.
Projeção de Peters
Outra projeção muito utilizada para planisférios é a de Arno
Peters, que data de 1973. Sua base também é cilíndrica equivalente, e determina uma distribuição dos paralelos com intervalos decrescentes desde o Equador até os pólos, como podemos observar
no mapa a seguir.
Projeção de Mollweide
Nesta projeção os paralelos são linhas retas e os meridianos,
linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera terrestre, tendo
a forma elíptica. As zonas centrais apresentam grande exatidão,
tanto em área como em configuração, mas as extremidades apresentam grandes distorções.
Projeção Cilíndrica Equivalente de Peters
Didatismo e Conhecimento
23
GEOGRAFIA
uma sala de aula possui 5 metros de largura por 5 metros de comprimento, a mesma pode ser representada da seguinte forma: se
estabelece que cada centímetro no papel equivale a 1 metro ou 100
centímetros no real. Desse modo, a escala produzida é 1:100 (1cm:
100cm) ou 1/100 (1cm/100cm).
As escalas podem ser indicadas de duas maneiras, através de
uma representação gráfica ou de uma representação numérica.
Projeção de Goode, que modifica a de Moolweide
Escala Gráfica
É uma projeção descontínua, pois tenta eliminar várias áreas
oceânicas. Goode coloca os meridianos centrais da projeção correspondendo aos meridianos quase centrais dos continentes para
lograr maior exatidão.
A escala gráfica é representada por um pequeno segmento de
reta graduado, sobre o qual está estabelecida diretamente a relação
entre as distâncias no mapa, indicadas a cada trecho deste segmento, e a distância real de um território. Observe:
A escala representa que cada centímetro no papel
corresponde a 3 km na superfície real.
A escala gráfica apresenta a vantagem de estabelecer direta e
visualmente a relação de proporção existente entre as distâncias do
mapa e do território. É representada sob a forma de um segmento
de reta, normalmente subdividido em seções e ao longo do qual
são registradas as distâncias reais correspondentes às dimensões
do segmento. Em alguns mapas essas distâncias surgem na escala
métrica europeia (fig.1) e noutros conjugam-se as unidades de medida europeias com as anglo-saxônicas (fig. 2) - em milhas (utilizadas pelos ingleses e americanos).
Projeção de Holzel
Projeção equivalente, seu contorno elipsoidal faz referência à
forma aproximada da Terra que tem um ligeiro achatamento nos
polos.
Fig. 1 - Escala gráfica Fig. 2 - Escala gráfica
em Km ( escala métrica)
em Km e milhas
Ex.: Na escala 1: 100 000 - “1 cm” representa a distância no
mapa enquanto que o “100 000 cm” representa a distância real.
Isto significa que 1 cm no mapa corresponde a 100 000 cm na
realidade, ou seja 1 km.
O mapa é uma imagem reduzida de uma determinada superfície. Essa redução - feita com o uso da escala - torna possível a
manutenção da proporção do espaço representado. É fácil reconhecer um mapa do Brasil, por exemplo, independente do tamanho em
que ele é apresentado, pois a sua confecção obedeceu a determinada escala, que mantém a sua forma. A escala cartográfica estabelece, portanto, uma relação de proporcionalidade entre as distâncias
lineares num desenho (mapa) e as distâncias correspondentes na
realidade.
Um mapa pode possuir níveis distintos de abrangência, de
modo que podemos mapear o mundo, continentes ou partes deles,
países, regiões, Estados ou mesmo ruas. Todas as vezes que visualizamos um mapa, independentemente do seu tema (mapa político,
físico, histórico, econômico), podemos saber a distância real que
há entre dois pontos ou o tamanho de uma área. Isso é possível por
meio da verificação da escala disposta nos mapas.
Escala é variação de proporção de uma área a ser mapeada,
quem a determina é o responsável pela elaboração do mapa.
Exemplo prático: Quando se tem a intenção de construir
um mapa de um espaço, de maneira que represente fielmente as
medidas reais do mesmo, pode-se seguir o seguinte princípio: Se
Didatismo e Conhecimento
Escala Numérica
A escala numérica é estabelecida através de uma relação matemática, normalmente representada por uma razão, por exemplo:
1: 300 000 (1 por 300 000). A primeira informação que ela fornece
é a quantidade de vezes em que o espaço representado foi reduzido. Neste exemplo, o mapa é 300 000 vezes menor que o tamanho
real da superfície que ele representa.
Na escala numérica as unidades, tanto do numerador como
do denominador, são indicadas em cm. O numerador é sempre 1 e
indica o valor de 1cm no mapa. O denominador é a unidade variável e indica o valor em cm correspondente no território. No caso
da escala exemplificada (1: 300 000), 1cm no mapa representa 300
000 cm no terreno, ou 3 km.
24
GEOGRAFIA
Caso o mapa seja confeccionado na escala 1 300, cada 1cm no
mapa representa 300 cm ou 3 m. Para fazer estas transformações é
necessário aplicar a escala métrica decimal:
Escala 1 : 300 000
3
0
0
0
0
0
km
hm
dam
m
dm
cm
3 km
0
0
0
0
0
ou
Escala 1 : 300
km
hm
dam
3
0
0
m
dm
cm
3m
0
0
Escala Gráfica: Vantagens - Mantêm-se a proporcionalidade
quando surgem reduções, ampliações. Desvantagens - Menor precisão/rigorosa.
Escala Numérica: Vantagens - Maior precisão/rigorosa. Desvantagens - Imprópria para reduções, ampliações.
Grande e Pequena Escala
Aplicação da Escala
Para a elaboração de mapas de superfícies muito extensas é
necessário que sejam utilizadas escalas que reduzam muito os elementos representados. Esses mapas não apresentam detalhes e são
elaborados em pequena escala. Portanto, quanto maior o denominador da escala, maior é a redução aplicada para a sua elaboração
e menor será a escala. Os mapas de pequena escala são mapas
em que a realidade foi muito reduzida, servindo para representar
grandes superfícies ou a totalidade do planeta, mas com poucos
pormenores (mapa corográfico, planisférios ou mapas mundi).
Têm escalas inferiores a 1/100 000. Estes mapas representam vastas áreas de territórios, mas com pouca riqueza de pormenor. Estes
mapas servem sobretudo para termos uma visão de conjunto acerca dos fenômenos que se passam a nível mundial, como é o caso
da distribuição mundial do climas.
As escalas grandes são aquelas que reduzem menos o espaço
representado pelo mapa e, por essa razão, é possível um maior
detalhamento dos elementos existentes. Por isso, são aquelas cujo
denominador é menor. As escalas maiores normalmente são denominadas de plantas que podem ser utilizadas num projeto arquitetônico ou para representar uma cidade. De acordo com os
exemplos já citados a escala 1: 300 é maior do que a escala 1: 300
000. Os mapas de grande escala mostram muitos pormenores da
realidade (ruas, quarteirões, vias de comunicação, etc., sendo, por
isso, muito úteis para a exploração a pé de uma pequena área). São
mapas que se aproximam muito da realidade, ou seja, não foram
muito reduzidos. Têm escalas compreendidas entre 1/10 000 e 1 /
100 000. Por exemplo: 1/50.000 é superior a 80.000. Estes mapas
representam pequenas áreas de território, mas com uma grande
riqueza em nível do pormenor. As plantas e mapas topográficos
(que representam colinas, rios, cidade e comunicações da área representada) são exemplos de mapas de grande escala.
A escolha da escala é fundamental ao propósito do mapa e
ao tipo de informação que se pretende destacar. Numa pequena
escala o mais importante é representar as estruturas básicas dos
elementos representados e não a exatidão de seu posicionamento
ou os detalhes que apresentam. Aliás, o detalhamento neste tipo de
mapa compromete a sua qualidade e dificulta a sua leitura. Numa
grande escala como plantas de uma casa ou de uma cidade existem
uma maior preocupação com os detalhes, mas assim mesmo as informações devem ser selecionadas para atender apenas o objetivo
pelo qual foram elaboradas.
A escala (E) de um mapa é a relação entre a distância no mapa
(d) e a distância real (D). Isto é: E =
As questões que envolvem o uso da escala estão geralmente
relacionadas a três situações:
1. Calcular a distância real entre dois pontos, separados por 5
cm (d), num mapa de escala (E) 1: 300 000.
D = 5 cm . 300 000
D = 1 500 000 cm ou 15 km
2. Calcular a distância no mapa (d) de escala (E) 1: 300 000
entre dois pontos situados a 15 km de distância (D) um do outro.
d = = 5 cm
3. Calcular a escala (E), sabendo-se que a distância entre dois
pontos no mapa (d) de 5 cm representa a distância real (D) de 15
km.
E = ou 1 : 300 000
Exemplo da utilização dos dois tipos de escalas na mesma situação: Já deves ter reparado que alguns mapas trazem uma escala
gráfica, outros trazem uma escala numérica e, existem ainda, os
que trazem os dois tipos de escalas. Observa o mapa de Portugal e
poderás ver que o mesmo mapa pode ser acompanhado por qualquer um dos tipos de escalas. Como sabes, as escalas gráficas e
numéricas representam-se de forma diferente mas têm o mesmo
objetivo.
Didatismo e Conhecimento
25
GEOGRAFIA
Como Calcular Distâncias Reais
A escala de um mapa é um auxiliar precioso para calcularmos distâncias. Face a um mapa podemos de ter de calcular: a distância real;
a distância no mapa; a escala do mapa.
Para trabalhar com escalas, ou seja, para saber quanto mede determinada distância entre dois pontos na realidade, é necessário saber
fazer reduções.
Unidades de Comprimento
km
hm
dam
m
dm
cm
mm
quilômetro
hectômetro
decâmetro
metro
decímetro
centímetro
milímetro
1000m
100m
10m
1m
0,1m
0,01m
0,001m
Segue as seguintes regras: Exemplos:
6 000 000 cm = 60 km (conta-se 5 casas para a esquerda a partir das unidades).
10 km = 1 000 000 cm (conta-se 5 casas para a direita a partir das unidades).
1. Identifica a escala presente no mapa - 1/21000000. 2. Mede com a régua a distância entre os lugares que queres saber.
Exemplo : Lisboa - Londres ( 9cm )
3. Usa a regra da proporcionalidade para calcular a distância real.
1cm 9cm
-------------- = -------21000000cm X
x= 21000000 x 9:1
x= 189.000.000
x= 1890Kms
Problemas com escalas:
Problema A - Temos um mapa com escala 1 / 250 000. Nesse mapa as localidades A e B estão separadas 4 cm. Qual a distância que as
separa na realidade? Neste problema sabemos a escala e a distância no mapa. Pretendemos saber a distância real.
Resolução:
1cm 4cm
-------------- = -------250000 cm X
x = 250000 x 4
x=250000cm=1000000cm
x= 10 km
Resposta: as duas localidades distam entre si 10 km.
Didatismo e Conhecimento
26
GEOGRAFIA
Problema B - No mesmo mapa, queremos assinalar uma localidade K que se encontra situada 3 km a Norte da localidade
A. Neste problema sabemos a escala do mapa e a distância real.
Queremos saber a distância no mapa.
Resolução:
1º - temos de reduzir os 3 km a centímetros, dá 300000. Agora
já podemos efetuar os cálculos.
1cm X
-------------- = -------250000 cm 300.000
X=300.000 : 250000 =1,2 cm
transmitida pelo mapa. Um exemplo de informação qualitativa é
a representação de uma casa (ponto), de uma estrada (linha) ou de
um campo cultivado (área).
Nos mapas de informações qualitativas, o uso de cores, tonalidades e hachuras, padrões de arranjo ou de orientação dos elementos serve apenas para diferenciá-los, dando-lhes identidade.
Já nos mapas onde se obtêm informações quantitativas, os
pontos, as linhas e as áreas são diferenciadas entre si com o uso
de recursos visuais, como tamanho, padrão de textura utilizado,
valor atribuído a cada cor ou intensidade das tonalidades das cores
utilizadas.
Convenções e Legendas
Resposta: no mapa devemos medir 1,2 cm, para Norte da localidade A e assinalar a localidade K.
Problema C - Temos uma planta de uma sala de aula sem escala. Nesta planta as janelas estão representadas com 1 cm, mas sabemos que na realidade medem 3 metros. Neste problema sabemos
a distância no mapa e a distância real. Queremos saber a escala.
Resolução:
1º - temos de reduzir os 3 m a centímetros, dá 300. Agora já
podemos efetuar os cálculos.
1cm 1
-------------- = -------300 cm X
X=300 x 1:1 =300
Convenções são os sinais ou símbolos, como cores e figuras,
usados para representar os fenômenos desejados no mapa. A maioria das figuras e cores é reconhecida internacionalmente. O conjunto dos símbolos usados no mapa constitui a sua legenda.
Representação do Relevo Terrestre
As principais formas de representação do relevo terrestre são
os mapas com curvas de nível, os mapas com gradação de cores,
as hachuras e o perfil topográfico. As curvas de nível são linhas
que ligam pontos ou cotas de altitude em intervalos iguais. A partir
delas pode-se construir um tipo de gráfico especial, chamado perfil
topográfico. Curvas de nível muito juntas indicam um terreno muito inclinado, e afastadas significam uma inclinação mais suave. As
hachuras e a gradação de cores representam o terreno com uma
informação visual imediata e direta. As hachuras representam o
relevo por meio de um conjunto de linhas paralelas ou próximas
umas às outras. Quanto mais intensas, mais inclinado é o terreno.
A gradação de cores faz o mesmo utilizando uma gama de tonalidades em que são atribuídos valores numéricos aos tons e às cores.
Resposta: a escala dessa planta é de 1 / 300.
Todo mapa é uma representação da realidade. Porém, nenhum
mapa consegue captar todos os elementos que fazem parte da realidade. Por mais precisas que sejam, as representações sempre
carregam algum grau de incertezas e limitações. Ao se reduzir as
dimensões do fato que se deseja representar, é necessário também
simplificar e resumir as informações que o espaço real contém.
Transformar essas informações em um conjunto de símbolos que
possam ser lidos, analisados e interpretados é a tarefa do cartógrafo.
Os mapas, como um meio de comunicação, têm sua linguagem própria, e o seu “alfabeto” é composto de símbolos arranjados
em padrões específicos. Para compreender um mapa é necessário
que a informação possa ser entendida com facilidade.
Os principais símbolos utilizados nos mapas são de três tipos:
pontos, linhas e áreas. A maneira de apresentá-los pode mudar em
relação à escala, ao objetivo do mapa, ou de acordo com o fenômeno a ser observado. Se aquilo que se deseja representar é pouco
extenso e bem localizado – os principais núcleos urbanos de um
território –, pode-se utilizar pontos (círculos, quadrados etc.); se,
ao contrário, o que se quer representar é extenso – como regiões
agrícolas –, é preferível utilizar áreas (cores, tramas etc.).
No entanto, para representar os diversos temas é preciso recorrer a uma simbologia específica que, aplicada aos modos de
implantação - pontual, linear ou zonal, aumentam a eficácia no fornecimento da informação. As regras dessa simbologia pertencem
ao domínio da semiologia gráfica.
A semiologia gráfica foi desenvolvida por Bertin (1967) e está
ao mesmo tempo ligada às diversas teorias das formas e de sua representação, e às teorias da informação. Aplicada à cartografia, ela
permite avaliar as vantagens e os limites da percepção empregada
na simbologia cartográfica e, portanto, formular as regras de uma
utilização racional da linguagem cartográfica, reconhecida atualmente, como a gramática da linguagem gráfica, na qual a unidade
linguística é o signo.
O signo (símbolo) é constituído pela relação entre o significante (ouvir falar de algo como por exemplo, papel), o objeto
referente (esse papel) e o significado (ideia de papel formada na
mente do interlocutor ao ouvir falar papel, um papel qualquer). No
entanto, o signo é constituído por significante (mensagem acústica:
papel) e significado (conceito, ideia de papel). Por exemplo, num
mapa do uso das terras, o signo constituído pelo significante «cor
laranja» tem o significado de cultura permanente. Dessa forma, os
signos são construídos basicamente, com a variação visual de forma, tamanho, orientação, cor, valor e granulação para representar
fenômenos qualitativos, ordenados ou quantitativos nos modos de
implantação pontual, linear ou zonal.
Informações Qualitativas e Quantitativas
Os mapas podem apresentar informações qualitativas, ou seja,
em que cada elemento presta um tipo de informação por si mesmo;
ou podem apresentar informações quantitativas, em que é necessário fazer a relação entre os elementos para obter a informação
Didatismo e Conhecimento
27
GEOGRAFIA
- Uma ordem se traduz somente por uma ordem. Exemplo:
densidades, hierarquias e sequências ordenadas, ou seja, quando a
informação quantitativa é ordenada em classes e a variável visual
mais adequada é o valor (monocromia). Nesses casos, não se deve
utilizar a variável visual tamanho porque não é possível diferenciar
quanto vale cada ponto dentro da classe estabelecida.
- Variações quantitativas se traduzem somente pela variável
visual tamanho.
Além das variáveis visuais, o quadro apresentado, também
apresenta os modos de implantação. Esses são diferenciados de
acordo com a extensão do fenômeno na realidade. Dessa forma,
distinguem-se três modos de implantação: implantação pontual,
quando a superfície ocupada é insignificante, mas localizável com
precisão; implantação linear, quando sua largura é desprezível em
relação ao seu comprimento, o qual, apesar de tudo, pode ser traçado com exatidão; implantação zonal, quando cobre no terreno uma
superfície suficiente para ser representada sobre o mapa por uma
superfície proporcional homóloga.
As variáveis visuais podem ser percebidas de modo diferente, conforme um conjunto de propriedades que podem ser: seletivas, associativas, dissociativas, ordenadas e quantitativas. São
chamadas variáveis visuais seletivas, quando permitem separar
visualmente as imagens e possibilitam a formação de grupos de
imagens. A cor, a orientação, o valor, a granulação e o tamanho
possuem essa propriedade. São associativas quando permitem
agrupar espontaneamente, diversas imagens num mesmo conjunto; forma, orientação, cor e granulação possuem a propriedade de
serem vistos como imagens semelhantes. Ao contrário, quando as
imagens se separam espontaneamente, a variável é dissociativa;
este é o caso do valor e do tamanho. São chamadas variáveis ordenadas quando permitem uma classificação visual segundo uma
variação progressiva. São ordenados o tamanho, valor e a granulação. Finalmente, são quantitativas quando se relacionam facilmente com um valor numérico. A única variável visual quantitativa é
o tamanho. Isto porque somente as figuras geométricas possuem
uma área e um volume que pode ser visualizado com facilidade,
permitindo relacionar imediatamente com uma unidade de medida
e, portanto, com uma quantidade que é visualmente proporcional.
Conhecer e distinguir as características de cada variável visual é
importante porque ajuda o cartógrafo a construir mapas temáticos
que atendem aos objetivos de comunicação e a fazer mapas capazes de transmitir a sensação condizente com as características dos
dados, consequentemente, ajuda a fazer mapas úteis.
A variável visual tamanho corresponde à variação do tamanho
do ponto, de acordo com a informação quantitativa; a variável visual valor pressupõe a variação da tonalidade ou de uma sequência
monocromática; a granulação corresponde a variação da repartição do preto no branco onde deve-se manter a mesma proporção
de preto e de branco; a variável visual cor significa a variação das
cores do arco-íris, sem variação de tonalidade, tendo as cores a
mesma intensidade. Por exemplo: usar azul, vermelho e verde é
usar a variável visual “cor”. O uso do azul-claro, azul médio e azul
escuro corresponde à variável “valor”. A variável visual orientação corresponde às variações de posição entre o vertical, o oblíquo
e o horizontal e, por fim, a forma, agrupa todas as variações geométricas ou não.
A observação das regras apresentadas no quadro de variáveis
visuais permite uma comunicação muito mais eficaz. Com exceção da variável visual cor (matiz), a utilização correta das demais
permite a representação em preto ou tons de cinza; técnicas muito
importantes quando o mapa elaborado precisa ser impresso com
baixo custo, porém, com ótimos resultados.
A legenda deverá ser organizada de acordo com a relação
existente entre os dados utilizando as variáveis visuais que representem exatamente as mesmas relações, ou seja, essa relação poderá ser qualitativa, ordenada ou quantitativa. Na construção da
legenda, após identificar a variável visual mais adequada ao tipo
de informação que se quer representar, e seu respectivo modo de
implantação, acontece a transcrição da linguagem escrita para a
gráfica. Dessa forma, as relações entre os dados e sua respectiva
representação, são pontos de partida na caracterização da linguagem cartográfica. Para que o processo de comunicação entre o construtor do
mapa e o usuário – leitor do mapa se estabeleça, os seguintes princípios jamais poderão ser ignorados:
- Um fenômeno se traduz por um só sinal. Exemplo: arroz, feijão e milho. Não apresenta quantidade e nem ordem. A informação
nesse caso é qualitativa e a variável visual mais adequada para sua
representação é a forma ou a cor (matiz).
Didatismo e Conhecimento
Métodos de Mapeamento
O nível de organização dos dados, qualitativos, ordenados ou
quantitativos, de um mapa está diretamente relacionado ao método de mapeamento e a utilização de variáveis visuais adequadas
à sua representação. A combinação dessas variáveis, segundo os
métodos padronizados, dará origem aos diferentes tipos de mapas
temáticos, entre os quais os mapas de símbolos pontuais, mapas de
isolinhas e mapas de fluxos; mapas zonais, ou coropléticos, mapas
de símbolos proporcionais ou círculos proporcionais, mapas de
pontos ou de nuvem de pontos.
28
GEOGRAFIA
Fenômenos Qualitativos
Os mapas coropléticos são elaborados com dados quantitativos e apresentam sua legenda ordenada em classes conforme as
regras próprias de utilização da variável visual valor por meio de
tonalidades de cores, ou ainda, por uma sequência ordenada de
cores que aumentam de intensidade conforme a sequência de valores apresentados nas classes estabelecidas. Os mapas no modo de
implantação zonal, são os mais adequados para representar distribuições espaciais de dados que se refiram as áreas. São indicados
para expor a distribuição das densidades (habitantes por quilômetro quadrado), rendimentos (toneladas por hectare), ou índices expressos em percentagens os quais refletem a variação da densidade
de um fenômeno (médicos por habitante, taxa de natalidade, consumo de energia) ou ainda, outros valores que sejam relacionados
a mais de um elemento.
Os métodos de mapeamento para os fenômenos qualitativos
utilizam as variáveis visuais seletivas forma, orientação e cor, nos
três modos de implantação: pontual, linear e zonal.
A construção de mapa de símbolos pontuais nominais leva em
conta os dados absolutos que são localizados como pontos e utiliza como variável visual a forma, a orientação ou a cor. Também é
possível utilizar símbolo geométrico associado ou não as cores. A
disposição dos pontos nesse mapa cria uma regionalização do espaço formada especificamente pela presença/​ausência da informação.
Mapas de símbolos pontuais com informação seletiva no
modo de implantação pontual.
Os mapas de símbolos lineares nominais são indicados para
representar feições que se desenvolvem linearmente no espaço
como a rede viária, hidrografia e, por isso, podem ser reduzidos a
forma de uma linha. As variáveis visuais utilizadas são a forma e a
cor. Esses mapas também servem para mostrar deslocamentos no
espaço indicando direção ou rota (rotas de transporte aéreo, correntes oceânicas, fluxo de migrações, direções dos ventos e correntes de ar) sem envolver quantidades. Nesses mapas qualitativos
a espessura da linha permanece a mesma, variando somente sua
direção.
Os mapas corocromáticos apresentam dados geográficos
e utilizam diferenças de cor na implantação zonal. Este método
deve ser empregado sempre que for preciso mostrar diferenças
nominais em dados qualitativos, sem que haja ordem ou hierarquia. Também é possível o uso das variáveis visuais granulação e
orientação, neste caso, as diferenças são representadas por padrões
preto e branco. Quando do uso de cores, estas devem separar grupos de informações e os padrões diferentes a serem aplicados, para
fazer a subdivisão dentro dos grupos. Para os usuários, a visualização de fenômenos qualitativos em mapas corocromáticos, apenas
aponta para a existência ou ausência do fenômeno e não a ordem
ou a proporção do fenômeno representado.
Fenômenos Quantitativos
Os fenômenos quantitativos são representados pela variável
visual tamanho e podem ser implantados em localizações pontuais
do mapa ou na implantação zonal, por meio de pontos agregados,
como também, na implantação linear com variação da espessura
da linha.
Os mapas de símbolos proporcionais representam melhor os
fenômenos quantitativos e constituem-se num dos métodos mais
empregados na construção de mapas com implantação pontual.
Esses mapas são utilizados para representar dados absolutos tais
como população em número de habitantes, produção, renda, em
pontos selecionados do mapa. Geralmente utiliza-se o círculo proporcional aos valores que cada unidade apresenta em relação a
uma determinada variável, porém, podem-se utilizar quadrados ou
triângulos. A variação do tamanho do signo depende diretamente
da proporção das quantidades que se pretende representar. Geralmente o número de classes com utilização do tamanho, deve atingir no máximo cinco classes.
Fenômenos Ordenados
Os fenômenos ordenados são representados em classes visualmente ordenadas e utilizam a variável valor na implantação zonal.
Os mapas mais significativos para representar fenômenos ordenados são os mapas coropléticos.
Didatismo e Conhecimento
29
GEOGRAFIA
Os mapas de pontos ou de nuvem de pontos expõem dados
absolutos (número de tratores de um município, numero de habitantes, totais de produção, etc.) e o número de pontos deve refletir
exatamente o número de ocorrências. Sua construção depende de
duas decisões: qual valor será atribuído a cada ponto e como esses
pontos serão distribuídos dentro da área a ser mapeada.
Mapa de círculos proporcionais com informação quantitativa
no modo de implantação pontual
Mapa de nuvem de pontos com informação quantitativa no
modo de implantação pontual no qual se visualiza uma mancha
mais clara ou mais escura consoante a ocorrência do fenômeno
representado.
Recomenda-se evitar duas formas de símbolos proporcionais
num mesmo mapa (circulo e triângulo), pois dificultam a comunicação cartográfica. Especialmente, quando é necessário representar duas informações quantitativas com implantação pontual,
pode-se recorrer ao mapa de círculos concêntricos ou o mapa de
semicírculos opostos que permite a comparação de uma mesma
variável obtida em períodos diferentes.
O mapa de círculos concêntricos consiste na representação de
dois valores ao mesmo tempo por meio de dois círculos sobrepostos com cores diferentes. Este tipo de representação é recomendado para a apresentação de uma mesma informação em períodos
distintos, ou para duas informações diferentes com dados não muito discrepantes.
Os mapas isopléticos ou de isolinhas são construídos com a
união de pontos de mesmo valor e são aplicáveis a fenômenos
geográficos que apresentam continuidade no espaço geográfico.
Podem ser construídos a partir de dados absolutos de altitude do
relevo (medida em determinados pontos da superfície da Terra);
temperatura, precipitação, umidade, pressão atmosférica (medidas
nas estações meteorológicas); distância tempo, ou distância custo
(medidas em certos pontos ao longo de vias de comunicação) e
outros, como volume de água (medida em pontos de captação);
também podem ser construídos a partir de dados relativos como
densidades, percentagens ou índices.
Os mapas de fluxo são representações lineares que tentam
simular movimentos entre dois pontos ou duas áreas. Esses movimentos podem ser medidos em certos pontos ao longo das vias
de comunicação ou entre duas áreas, na origem e no destino sem
necessariamente especificar a via de comunicação. Esse tipo de
mapa mostra claramente em que direção os valores ou intensidades
de um fenômeno crescem ou decrescem.
Para representar quantidades na implantação zonal utilizam-se
os mapas de pontos. Esse mapa possui a vantagem de possibilitar
uma leitura muito fácil por meio da contagem dos pontos, dando a
sensação de conhecimento da realidade. No entanto a elaboração
desse mapa pressupõe muita abstração uma vez que a distribuição
dos pontos não ocorre segundo a distribuição do fenômeno.
Didatismo e Conhecimento
30
GEOGRAFIA
tensas como estados, países, regiões. Esse termo se cristalizou no
Brasil nas décadas de 1960-1980, como usual para mapas nessas
escalas. São representações que se lidam menos com os limites
exatos e precisos como as coordenadas geográficas, para se preocupar mais, com as informações que serão objeto de distribuição
espacial no interior do mapa, a fim de que o usuário possa visualizar seu comportamento espacial.
Anamorfose é uma figura aparentemente disforme que, por
reflexão num determinado sistema óptico produz uma imagem
regular do objeto que representa, a anamorfose cartográfica ou
geográfica é uma figura que expõe o contorno dos espaços representados de forma distorcida para realçar o tema. A área das
unidades espaciais é alterada de forma proporcional ao respectivo
valor, mantendo-se as relações topológicas entre unidades contíguas. Por exemplo, numa carta que represente a distribuição geográfica da densidade populacional, as áreas dos municípios podem
ser ampliadas ou reduzidas de acordo com o afastamento daquele
parâmetro em relação à média. Em outros casos, a distorção do
espaço é realizada de acordo com o valor de certos tipos de relação
espacial entre lugares, tais como a distância medida ao longo das
estradas ou o tempo de deslocamento gasto para percorrer essa
distância.
Mapa de fluxo com informação quantitativa no modo de
implantação linear.
Vários tipos de mapas temáticos podem ser construídos de
acordo com os métodos apresentados, porém, outros fatores, como
o modo de expressão, escala e conteúdo dos mapas, são igualmente importantes e devem ser observados no processo de elaboração
e leitura de mapas.
PIB DAS MICROREGIÕES
Modo de Expressão
Modo de expressão diz respeito a cada tipo específico de representação cartográfica e está relacionado ao objetivo da construção e a escala. Os mais comuns são o mapa e a carta.
O mapa resulta de um levantamento preciso e exato, da superfície terrestre, e é apresentado em escala pequena (escalas inferiores a 1:1.000.000). Os limites do terreno representado coincidem
com os limites político-administrativo, sendo que o título e as informações complementares são colocados no interior do quadro
de representações que circunscreve a área mapeada. São exemplos
característicos de mapas, o mapa mundi, mapa dos continentes,
mapas nacionais, estaduais, regionais, municipais, mapas políticos
e administrativos, organizados em atlas de referência, atlas temáticos e escolares, ou em livros didáticos.
A carta é uma representação de parte da superfície terrestre
em escala média ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de
uma área, subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelos e meridianos - com a finalidade de possibilitar
a avaliação de detalhes, com grau de precisão compatível com a
escala. Geralmente, essas representações possuem como limites as
coordenadas geográficas, e raramente terminam em limites político-administrativo. As observações e informações tais como título,
escala e fonte, aparecem fora das linhas que fecham o quadro da
representação, ou seja, a linha que circunscreve a área objeto de
representação espacial.
Entre os tipos de mapas menos utilizados aparecem o cartograma e a anamorfose cartográfica. Cartograma ou mapa diagrama
é uma das denominações que recebe um mapa que representa dados quantitativos em forma de gráfico sobre mapas de áreas exDidatismo e Conhecimento
Escala
A escala do mapa é um fator de aproximação do terreno e
possui significado científico e técnico. No plano da pesquisa e do
levantamento de campo, a escala determina o nível de detalhe em
função do espaço a ser mapeado; no estágio da redação, a escala é
a condição da precisão, da legibilidade, da boa apresentação e da
eficiência do mapa.
O número e o acúmulo dos símbolos empregados dependem
do espaço disponível (tamanho da folha que será impresso), ou
seja, quanto maior a redução da imagem terrestre, menor será a
escala, mais severa a seleção das informações e mais abstrata a
31
GEOGRAFIA
simbologia.
Um mapa na escala 1:1.000.000 significa que 1cm lido no
mapa equivale a 1.000.000 de cm (ou 10 km) da distância real. A
escala deve estar localizada em uma posição de destaque no mapa.
Pode-se representá-la na forma numérica (Escala 1:1.000.000) ou
gráfica. A escala gráfica é um segmento de reta dividido de modo
a permitir a medida de distâncias na carta. Este tipo de escala permite visualizar, as dimensões dos objetos representados no mapa.
O uso da escala gráfica tem vantagens sobre o de outros tipos,
pois será reduzido ou ampliado juntamente com o mapa, através
de métodos fotográficos ou copiadoras, podendo-se sempre saber
a escala do documento com o qual se está trabalhando.
Normalmente as escalas são classificadas em função do tema
representado. Uma classificação geral das escalas em função do
tamanho escala geográfica e aplicações.
Escala Grande - maiores que 1:25.000 - Escala de Detalhe (visão local) - Plantas Cadastrais, Levantamentos de Detalhes
ou Planos topográficos e Cartas Temáticas.
Escala Média - de 1: 25:0000 até 1:250.000 - Escala de SemiDetalhe (visão local e regional) - Cartas Topográficas; Mapas e
Cartas Temáticas.
Escala Pequena - menores que 1: 250.000 - Escala de Reconhecimento ou de Síntese (visão regional, nacional e global) - Cartas Topográficas e Mapas Temáticos.
A escala de um mapa não é apenas uma simples relação de
redução. É também, um meio de representar a realidade sobre uma
dada superfície de papel (ou monitor), uma maior ou menor porção
do espaço. A escala é, portanto, um meio de enfocar objetos da
realidade conforme as diversas ordens de grandeza, desde as que
se medem em milhares de quilômetros até as que não ultrapassam
alguns metros. Daí decorre a importância fundamental da escala
para a Cartografia, uma vez que todos os tipos de representação
cartográfica e todos os procedimentos cartográficos dependem estritamente dela. Entre esses procedimentos encontra-se a generalização que é o processo de adaptação dos elementos de um mapa de
uma dada escala para uma escala inferior. Tecnicamente, a generalização compreende a seleção dos detalhes da realidade que serão
mantidos no mapa em função do tema ou de seu valor como referência geográfica; e uma esquematização do desenho que, consiste
em atenuar características desprezíveis para acentuar os caracteres
mais importantes, que desapareceriam com a redução, procurando
preservar as relações espaciais observadas na realidade e resguardando sua legibilidade.
Quanto às aplicações há uma diferenciação entre as cartas temáticas e topográficas. Cartas topográficas em escalas maiores de
1:25.000, são chamadas, convencionalmente, por plantas cadastrais e são utilizadas para representar cidades com alta densidade
de edificações em escala grande e muito detalhada. As cartas topográficas em escalas médias possuem as seguintes características: 1:25.000 representam áreas específicas e com forte densidade
demográfica; as de 1:50.000 retratam zonas densamente povoadas; 1:100.000 representam áreas priorizadas para investimentos
governamentais; e as cartas de 1:250.000 fornecem as bases para
o planejamento regional e projetos envolvendo o meio ambiente.
Com relação às especificidades das cartas topográficas em escalas
menores, as de 1:500.000 são de uso aeronáutico e foram confeccionadas nos EUA durante a Segunda Guerra Mundial. Finalmente, as de 1:1.000.000, são formadas por um conjunto de 46 cartas
que recobrem completamente o território brasileiro e fazem parte
da Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo – CIM. Elas representam toda a superfície terrestre e fornece subsídios para estuDidatismo e Conhecimento
dos e análises de aspectos gerais e estratégicos.
Geralmente, as cartas topográficas servem de base cartográfica para a elaboração de mapas temáticos, por isso, é importante conhecer a disponibilidade desse mapeamento específico no Brasil.
Os mapeamentos existentes, em escalas de visão regional e local,
recobrem porções do território equivalentes aos seguintes percentuais de cobertura sistemática: 81% (1:250.000), 75% (1:100.000),
14% (1:50.000) e 1% (1:25.000). Os altos índices de vazios cartográficos, nas diversas escalas, e a inexistência de atualizações das
folhas topográficas existentes, correspondem a lacunas na representação dos aspectos físicos e antrópicos da realidade brasileira. Segundo a Comissão Nacional de Cartografia grande parte do
mapeamento disponível possui mais de trinta anos, ressaltando-se
também os baixíssimos níveis de cobertura do território nas escalas 1:25.000 e 1:50.000 e a falta de cobertura em escala topográfica
de grandes extensões da Amazônia, em especial na faixa de fronteira internacional.
Classificação quanto ao conteúdo
Quanto ao conteúdo os mapas podem ser classificados em
analítico ou de síntese. O mapa analítico mostra a distribuição de
um ou mais elementos de um fenômeno, utilizando dados primários, com as modificações necessárias para a sua visualização. São
exemplos de mapas analíticos os mapas de distribuição da população, cidades, supermercados, redes hidrográficas e rodovias entre
outros tantos temas.
Mapa analítico - círculos proporcionais sobrepostos ao
coroplético, representando aspectos de um único fenômeno.
O mapa de síntese é mais complexo e exige profundo conhecimento técnico dos assuntos a serem mapeados. Representam o
mapeamento da integração de fenômenos, feições, fatos ou acontecimentos que se interligam na distribuição espacial. Esses mapas
permitem que se estabeleçam estudos conclusivos sobre a integração e interligação dos fenômenos. Entre os exemplos de mapas de síntese encontram-se os mapas de uso do solo, mapas de
sensibilidade e mapas de zoneamento, mapas geomorfológicos e
32
GEOGRAFIA
mapas tipológicos diversos. Os mapas de síntese são construídos
para mostrar ao leitor as relações existentes entre vários dados, tal
como sua eventual aptidão para determinar conjuntamente outros
fenômenos ou outras combinações. Os mapas de síntese devem ser
objetivos e legíveis e comportar apenas dados essenciais.
o dia está nascendo) o relógio marque o mesmo horário. Para isso,
em uma conferência astronômica nos Estados Unidos no ano de
1884, foram instituídos os fusos horários, faixas imaginárias cridas
com o intuito de dividir o planeta em 24 faixas iguais, com 15º de
longitude entre cada uma delas - correspondendo ao ângulo que a
Terra gira a cada hora - contados a partir de um meridiano inicial
(sendo este o Meridiano de Greenwich, localizado em Londres).
A maior parte dos países do mundo adota o sistema com exceção da China (o país asiático tem um fuso apenas, uma decisão do
governo local). Já a antiga União Soviética tinha 11 fusos horários.
Ao passar de um fuso a outro, deve-se ajustar o para estar de
acordo com o fuso horário da região. Se alguém vier da Europa
para o Brasil deve diminuir as horas, mas se alguém da Europa
for para o Japão, deve aumenta-las, ou seja, a partir do Meridiano
de Greenwich, deve-se aumentar as horas para o leste e diminuir
para oeste.
Toda a região que entre os limites de uma faixa possui a mesma hora, entretanto, pode ocorrer de um país ter diferentes horários/fusos devido a sua grande extensão territorial, como o Brasil,
que tem atualmente três fusos. No mundo existem 24 fusos horários, sendo 11 fusos inteiros e um semifuso para cada lado.
Meridiano de Greenwich (GMT)
O Meridiano de Greenwich, também conhecido como meridiano primeiro meridiano (0°), é uma linha imaginária no centro
do fuso zero, sendo definido em 1884 como referência da hora
oficial mundial, ou hora GMT (Greenwich Meridian Time). A hora
GMT foi substituída pelo UTC - Universal Time Coordinated em
1986. A UTC que é uma mensuração baseada em padrões atômicos, ao contrário do GMT que se baseia na rotação da Terra.
O Meridiano é referência para se calcular o horário em qualquer lugar do mundo, desde que se compreenda corretamente algumas regras: os fusos horários são contados de 0 a 180º para oeste e
para leste de Greenwich. A cada 15º, partindo de Greenwich para o
leste, as horas aumentam e para o oeste, diminuem (isso se dá pelo
movimento de rotação da Terra, que ocorre de oeste para leste).
Basta saber em que lado do Meridiano uma cidade se encontra
(leste ou oeste) para calcular seu horário. São Paulo, por exemplo,
está no fuso 45º oeste do Meridiano, ou seja, São Paulo tem 3 horas
a menos que em Londres.
Há sempre duas datas no globo, mas há somente um caso em
que todos os fusos estão na mesma data: quando em Greenwich
for meio-dia.
Mapa de síntese – mapa coroplético representando a síntese de
estudos sobre diferentes fenômenos
Após a conceituação e diferenciação dos diferentes tipos de
mapas, podemos considerar que um mesmo mapa também pode
ser classificado quanto ao modo de expressão, quanto a escala e
conteúdo além do modo de implantação, variável visual e nível de
organização.
As preocupações com a visualização e comunicação das informações nos mapas continuam sendo objeto de estudo de diversos
pesquisadores, que acrescentaram as ferramentas computacionais
às pesquisas. Procuram-se as melhores formas de comunicar a informação cartográfica como também, explicitar quais são as respostas que a mente humana dá à apresentação de mapas na tela
de vídeo.
Desde que se conheça a linguagem dos mapas e a gramática
cartográfica, existem ferramentas computacionais que ajudam na
construção de mapas. Softwares livres disponíveis na internet podem ajudar a reunir e compilar dados espaciais na forma de mapas.
Os mapas elaborados para comunicação, construídos para
uso público, são julgados por sua aparência e utilidade. Por isso,
buscar conceitos e conhecimentos cartográficos para sua elaboração é imprescindível, especialmente, quando se deseja revelar
algo por meio da visualização.
Linha Internacional da Data
É a linha que acompanha o meridiano de Greenwich (180º),
através do Pacífico, determinando a mudança de data civil em todo
o planeta. Ultrapassando o ponto exato em que essa linha se localiza, é necessário alterar a data para o dia anterior (a leste) ou para
o próximo (a oeste). A LID não coincide com o meridiano de 180°,
pois ela sofre desvios para que não corte qualquer área habitada.
Como a LID divide o fuso de 180° em duas metades iguais,
dois lugares situados na área de abrangência desse fuso podem
apresentar hora igual, mas datas diferentes.
FUSOS HORÁRIOS
O horário de verão
Como no verão os dias passam a ser mais longos que as noites,
os relógios são adiantados com a ideia é de aproveitar melhor a luz
natural, gastando-se menos energia elétrica devido ao aproveita-
Os fusos existem para conciliar o relógio com as características geográficas de cada país, ou seja, se em um lugar está anoitecendo às 18h, é improvável que em outro lado do planeta (em que
Didatismo e Conhecimento
33
GEOGRAFIA
mento não apenas da luz da manhã, como também da luz do final
do dia, evitando sobrecarga de consumo. No Brasil, o horário de
verão sido adotado regularmente desde 1985.
Em regiões próximas à linha do Equador (como o Norte e
grande parte do Nordeste do Brasil), porque mesmo com a chegada do verão a duração do dia e noite não costumam ser alteradas
significativamente, permanecendo a mesma durante todo o ano. Já
no Rio Grande do Sul, no verão os dia chegam a ser quatro horas
mais longos em comparação com o inverno. O horário de verão
não ocorre apenas no Brasil como também em países como Estados Unidos, Japão e também na Europa.
No Planeta Terra, temos 24 horas ou 24 fusos horários distribuídos pelos dois hemisférios (Oeste e Leste). Por convenção, o
início da contagem das horas faz-se no meridiano de Greenwich
(GMT).
A virada do ano
Em que lugar do mundo o ano vira primeiro? Agora que conhecemos a Linha Internacional da Data fica fácil responder a essa
pergunta. Um lugar pouco badalado que é um dos primeiros a ‘ver’
o ano-novo é a cidade russa de Uelen, na fria região da Sibéria.
Uelen está situada no extremo leste da Rússia, junto ao Estreito de
Bering, que divide a Ásia da América do Norte. Mas são as paradisíacas ilhas do oceano Pacífico que chamam a atenção do mundo.
É para lá que vão milhares de turistas de vários países até o último
dia de dezembro para comemorar a chegada do ano-novo.
Países como Tonga e Kiribati e as Ilhas Chatham, que pertencem à Nova Zelândia, estão próximos da Linha Internacional da
Data e separados entre si por alguns poucos minutos. Kiribati, por
exemplo, é um arquipélago cortado pela Linha da Data. Enquanto
a capital Bairiki estará comemorando o 1º de janeiro, as ilhas a leste – que estão no meridiano 180º oeste – têm que esperar quase um
dia para fazer o mesmo. Igual paciência precisam ter os habitantes
de Samoa Ocidental, também na Oceania.
Calculando corretamente à distância (em graus)
Na hora do cálculo podem acontecer duas situações:
1 – Se os dois lugares estiverem no mesmo hemisfério, devese subtrair a longitude maior da longitude menor, por exemplo:
A doença do fuso horário
O jet lag ou doença do fuso horário é muito comum quando
se atravessa muitos fusos horários em pouco tempo. Esse problema acontece devido a um descompasso entre os ritmos internos
do organismo e os externos. Além da queda no desempenho e na
concentração, a doença pode resultar em irritabilidade, cefaleia,
taquicardia e alteração dos padrões de sono e fome. Ela também é
comum em pessoas que estão submetidas a turnos irregulares de
trabalho.
30° é a distância entre A e B, e deverá ser convertida para
horas: 30° = 2 horas.
A adaptação a um novo fuso horário pode levar de 3 a 18 dias.
Evitar café e bebidas alcoólicas e ter uma boa noite de sono na
véspera da viagem são as principais recomendações para ajudar o
organismo a acostumar-se ao novo ritmo.
2 – Se os dois lugares estiverem em hemisférios diferentes
soma-se as longitudes:
A redução de quatro para três fusos no Brasil
O Brasil deixou de ter quatro fusos horários. O território brasileiro está localizado a oeste do Meridiano de Greenwich (fuso
zero), abrangendo o fuso - 2 fuso - 3 e fuso - 4 (não existe mais o
fuso -5), isto quer dizer que em virtude da sua grande extensão territorial, em vez de quatro fusos. O primeiro fuso (-2 horas GMT)
sobre as ilhas oceânicas e mais 2 fusos (-3 e -4 horas em relação à
GMT) sobre o território Brasileiro. O horário de Brasília (horário
oficial brasileiro) continua -3 horas em relação ao GMT. Portanto
todo horário sob território brasileiro é atrasado em relação à hora
GMT ou UTC.
Com a extinção do fuso localizado no extremo oeste da região
Amazônica, os moradores do Acre, de parte do Amazonas e de
parte do Pará tiveram que ajustar seus relógios. O Acre, que estava duas horas atrás em relação ao horário de Brasília, fica agora
com uma hora de diferença. O Pará ficou com o mesmo horário do
30° é a distância entre X e Y. Essa distância deverá ser convertida para horas: 30° = 2 horas.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
Distrito Federal. No Amazonas, onde parte dos municípios tinha
duas horas de diferença com a capital federal e outra parte tinha
uma hora, a diferença agora é de uma hora em relação a Brasília,
em todo o Estado.
A globalização, como se convencionou denominar essa integração, não se dá apenas no nível da macroeconomia. Mas é, sem
dúvida, a macroeconomia regida pelo grande capital, que não se
submete ao pleito popular e é muitas vezes impermeável à democracia. Talvez seja a utopia do capital como bandeira anti-socialista que une mundo central e mundo periférico.
Impossível pensar, hoje, em dois ou três mundos. É equivocado pensar no mundo pobre e no mundo rico separadamente. São
faces diferentes de um mesmo sistema, o capitalista. As crises nas
bolsas de valores, na Ásia, nos Estados Unidos, na Europa e no
Brasil mostram isso. Sem exceção, nos países atingidos pela crise
– na verdade todos, em maior ou menor proporção – o Estado teve
de intervir a fim de salvaguardar a estabilidade da economia, o que
beneficiou a todos, com certeza, mas onerou significativamente a
camada mais pobre da população, que arcará, no mundo inteiro,
com o ônus do desemprego. O neoliberalismo, aí, não valeu. É
claro que, se não houvesse a intervenção do Estado na economia
– e isso aconteceu não só no Brasil, mas nos Estados Unidos, no
Japão, na Alemanha, no Reino Unido, na França, nos Tigres Asiáticos, enfim em um grande número de países – a crise teria sido
pior. Mas também devemos nos ater ao fato de que, se toda crise
nos possibilita pensar em soluções e nos aprimorarmos, o Estado
tem de estar de prontidão. Se ante a ameaça de colapso do sistema o milagre neoliberal não funcionou, devemos então pensar que
ressuscitar essa prática político-econômica fracassada no século
passado não é a solução; ou então teremos de arcar com as consequências da ressurreição de propostas que na prática não surtiram
o efeito desejado, criticadas atualmente até por aqueles que só conhecem fatos isolados da História.
A nova ordem internacional do fim dos anos 80 parece não se
ter consolidado, pelo menos do ponto de vista político.
A região amazônica está muito perto da linha do Equador, então a luminosidade é maior, o que ajuda. No caso do Amazonas,
por exemplo, os dois fusos que cortavam o Estado causavam transtornos. Se alguém localizado no extremo-oeste do Estado quisesse
falar com Manaus, precisaria estar atento aos horários locais, principalmente em órgãos públicos.
2. TRABALHO, TECNOLOGIA E A
PRODUÇÃO SOCIAL DO ESPAÇO
● Capitalismo global, tecnologia e espaço
geográfico: modelos produtivos; as diferenças
socioeconômicas do mundo contemporâneo;
os diferentes momentos da divisão internacional
do trabalho; o processo de mundialização e/ou
globalização da economia capitalista;
os organismos supranacionais; o terceiro setor
e a organização do espaço;
● Territórios e dinâmicas da indústria: a
espacialização do processo de industrialização;
concentração espacial e financeira da economia
industrial; dispersão da atividade industrial; estrutura industrial e os agentes sociais que comandam o setor;
● Trabalho e sociedade: as relações de trabalho
no mundo contemporâneo; o desenvolvimento tecnológico e científico e as formas de organização
do trabalho; informalidade, precarização das relações de trabalho e as formas de profissionalização
na contemporaneidade;
● Espaço rural: diferentes formas de
organização da produção agrária no mundo; a
modernização do campo e suas consequências
sociais e ambientais; a agricultura familiar e o
agronegócio; as relações cidade-campo e suas
transformações; estrutura fundiária e as relações
de trabalho; conflitos pela terra e os principais
atores sociais envolvidos; atividades não-rurais
desenvolvidas no campo.
O fim da URSS
A ordem que se estabeleceu com o fim da Guerra Fria e com a
dissolução do socialismo real, inicialmente no Leste Europeu, com
a desintegração da URSS, e depois no restante do mundo, colocou
em xeque a situação vigente a partir do fim da Segunda Guerra
Mundial, caracterizada pela bipolarização do mundo, sob o ponto
de vista político-ideológico, que tinha como expoentes os Estados
Unidos, à frente do mundo capitalista, dito “Mundo Livre”, e a
URSS, no comando do mundo socialista, embora não de forma
unânime, haja vista as dissidências na postura de países como a
China, a Iugoslávia e a Albânia.
A nova ordem é multipolar. Nela, o mundo está dividido em
áreas de influência econômica. As alianças militares perderam o
sentido, pelo menos no que se refere à oposição ao bloco político
-ideológico antagônico. Hoje, tem lugar a expansão das alianças
econômicas: União Europeia, Nafta, ALCA, Mercosul, APEC. No
contexto da economia globalizada, os blocos econômicos são um
grande impulso para a otimização do crescimento econômico integrado. Os Estados-Nação perderam espaço para a ação das transnacionais. Extinguiu-se o embate direita-esquerda, característico
do confronto leste-oeste que permeou a Guerra Fria.
Se é possível identificar o início dessas transformações, sem
dúvida ele tem lugar em meados da década de 80, quando Mikhail
Gorbachev assumiu o poder na URSS. Com o planejamento estatal
em crise desde o fim dos anos 70, com a Guerra Fria absorvendo
quase 1/3 de seu orçamento, diante da não-adesão da população
A Globalização Capitalista
A integração da economia mundial não é uma tendência pósGuerra Fria: é uma característica do capitalismo que Karl Marx, o
pai do socialismo científico, já havia identificado no século XIX.
O que de fato muda com o fim da Guerra Fria, da corrida armamentista, da divisão bipolar do mundo entre os Estados Unidos e
a União Soviética é que essa integração ganhou dimensões nunca
antes experimentadas.
Didatismo e Conhecimento
35
GEOGRAFIA
aos planos quinquenais, e com o comprometimento da máquina estatal com a cultura que se criou ao redor da corrupção, Gorbachev
entendeu serem necessárias mudanças no país. Essas mudanças
abrangeriam as esferas política e econômica. Era também necessário acabar com a Guerra Fria e abrir a economia do país aos investimentos externos, com os quais se poderia reorientar a tecnologia,
sofisticada no setor militar, para o incipiente setor civil. A URSS
tinha a capacidade de lançar mísseis intercontinentais e de manter
uma estação espacial em órbita, mas era absolutamente incapaz de
produzir automóveis ou eletrodomésticos de qualidade.
Diante dessas necessidades, Gorbachev deu início a um amplo
processo de abertura política – glasnost – e de reestruturação da
economia – perestroika.
A abertura política, que possibilitaria à população manifestarse a respeito de suas necessidades, tornando-a coautora da ação do
Estado que efetivamente a representaria, possibilitou, no entanto, a
eclosão de sentimentos nacionalistas, sufocados duramente durante a Guerra Fria. A reestruturação da economia, que redirecionaria
a ação do planejamento estatal para o setor civil, fez vir à tona o
que de fato era sabido pelo governo e pela sociedade soviética: que
o planejamento estatal fora um fracasso, se não em sua totalidade,
pelo menos devido à consolidação da burocracia e da maquiagem
dos resultados que o Estado procurou contabilizar politicamente.
O caos econômico, associado à instabilidade política, efeitos
colaterais do processo de modernização do país, levaram a URSS
ao fim em 1991. E diante da necessidade de manutenção da integração econômica das ex-repúblicas soviéticas, visto que ainda
não gozavam de autonomia nesse setor para se inserirem no mercado internacional, criou-se a CEI – Comunidade dos Estados Independentes, que tinha também como atributo o monitoramento do
arsenal da ex-URSS.
Na Europa Ocidental, o fim do socialismo significou a aparente vitória do neoliberalismo. No início dos anos 90 a política da
Europa do Oeste inclinou-se para propostas com menor participação do Estado, atribuindo ao mercado a solução de muitos problemas. Afortunadamente, a população desses países entendeu muito
rápido que essa política neoliberal traria o retrocesso, e as grandes
perdas seriam sentidas na área social. Na segunda metade da década de 90, a tendência neoliberal foi desbancada politicamente na
Alemanha, na França, na Itália e na Inglaterra.
A globalização que derruba fronteiras poderia desestabilizar a
economia da Europa unida e colocá-la à mercê do capital especulativo internacional, criando espaço para a ação maior de capitais
americanos.
A nova ordem internacional acabou com um sem-número de conflitos diretamente ligados à ação das superpotências; mas fez surgir outros, na sua maioria de origem étnica,
religiosa e nacional, que durante a Guerra Fria foram mantidos em estado latente, pois poderiam ameaçar a hegemonia das superpotências sobre determinados países ou regiões.
Entre os países capitalistas, a despeito de ter-se pronunciado ainda
mais a diferença entre ricos e pobres, agora Norte Sul, vale a abertura dos mercados, o fim de restrições comerciais e a implantação
de um comércio mais amplo, sob a égide da OMC – Organização
Mundial do Comércio, que substituiu o GATT – General Agreement of Taxes and Trading (Acordo Geral de Tarifas e Comércio).
A palavra de ordem é a inserção no mercado mundial. Os capitais estão cada vez mais livres e, perante uma variada gama de
possibilidades de investimentos, deslocam-se facilmente de um
país para outro, de uma economia menos atraente para outra mais
atraente, até que uma outra surja, num fluxo contínuo de investimentos que se movimentam ao sabor dos ventos da economia.
Os Países Pós-Socialistas
O Neoliberalismo nos Países Emergentes
Efetivamente a CEI nasceu morta. Do ponto de vista econômico, as ex-repúblicas soviéticas tomaram rumos não necessariamente concordantes. O fato é que pouco resta hoje do que já foi a
segunda maior economia do mundo. As crises se sucedem.
A Rússia, detentora da maior parcela do arsenal da ex-URSS,
vive uma crise sem precedentes. A incerteza na sucessão do presidente Boris Yeltsin torna os investidores externos temerosos. A
política econômica do Estado russo não dá conta das garantias exigidas pelo mercado internacional para a completa inserção do país.
O rublo desvaloriza-se a cada dia. O Estado já pediu uma moratória. Além disso, movimentos nacionalistas eclodem em constante
tensão – caso da Chechênia e, mais recentemente, do Daguestão.
No resto do países que outrora se admitiam socialistas, a situação não é muito diferente. Na Europa, alguns como a Hungria,
a Polônia e a República Checa vislumbram a possibilidade de ingressar na UE – União Europeia; outros como as ex-repúblicas
soviéticas Casaquistão, Uzbequistão e Quirguízia veem seus governos ameaçados pela expansão do islamismo. A Coreia do Norte
e Cuba amargam embargos econômicos que impedem tentativas
mais concretas de ingressar no mundo sem fronteiras. Enfim, implodiu-se o mundo socialista, ou mais propriamente o socialismo
real, deixando órfãos e sem orientação os partidos de esquerda;
alguns até sucumbiram à proposta neoliberal.
No entanto, os efeitos alucinantes do mercado livre, das múltiplas possibilidades de investimento e de integração econômica
acarretaram a atual crise mundial.
Os países emergentes, como os Tigres Asiáticos, a Rússia, e o
Brasil, sucumbiram à mobilidade do capital internacional. Dependentes de investimentos externos, esses países foram obrigados a
abrir suas economias e seu mercado consumidor. No entanto, a
concorrência dos produtos importados frente aos nacionais abalou
o parque industrial dos países do sul, exceção feita aos Tigres Asiáticos. Seus governos, por sua vez, não responderam ao chamado
neoliberal de atribuir cada vez mais ao mercado o equacionamento
das questões sociais. Endividadas e com máquinas administrativas
inoperantes do ponto de vista político e monetário, essas economias quebraram.
O smart money – o “dinheiro esperto”, ou seja, o capital especulativo internacional – não vê nesses países amplas possibilidades de se reproduzir. Para evitar a fuga desses capitais, essenciais
para a manutenção de seu tênue desenvolvimento, os países do sul
queimam suas reservas cambiais, elevam as taxas de juros, agravam seus problemas sociais internos, ampliam as desigualdades,
mas mantêm os investimentos externos, que não tardarão a exigir
mais e mais capitais, em mero processo de especulação.
O mundo sem fronteiras amplia as desigualdades. Isso está
O Neoliberalismo do Primeiro Mundo
Didatismo e Conhecimento
36
GEOGRAFIA
expresso no relatório das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Humano. Os países ricos enriquecem ainda mais, enquanto os países pobres perdem suas reservas e são obrigados a se sujeitar cada
vez mais às determinações do mercado financeiro.
Com a globalização da economia, há a perspectiva de uma
maior integração no sentido de cooperação entre os países; mas
existem os excluídos – nações que não constituem Estados nacionais. A globalização não dá conta do nacionalismo, que surge na
defesa de interesses de nações apartadas do direito a um território,
o que faz eclodir inúmeros conflitos políticos, étnicos, religiosos
e até mesmo tribais. No mundo global não há espaço para aquelas nações que, por mais justa que seja sua reivindicação, não se
constituíram como Estado e não são, portanto, economicamente
viáveis. A globalização é o que o capitalismo quer, independentemente do desenvolvimento, da integração real e da mutualidade
entre os povos.
lação capitalista, entra em contradição com outra condição, a da
realização do lucro, já que a ampliação do consumo de massas
exigiria aumento de salários, o que provocaria redução da taxa de
mais valia. Tal contradição insanável faz com que o capital busque
compensá-la através da expansão do campo externo da produção,
isto é, da ampliação constante do mercado. Quanto mais a força
produtiva se desenvolve, tanto mais entra em antagonismo com a
estreita base da qual dependem as relações de consumo. Portanto,
a crise periódica é inerente ao capitalismo, pois somente pode ser
resultante das condições específicas criadas pelo próprio sistema.
Segundo a teoria exposta originalmente por Marx no Livro III
de O Capital, quanto mais se desenvolve o capitalismo, mais decresce a taxa média de lucro do capital. Esta ideia fundamenta-se
no fato de que o processo de acumulação capitalista leva, necessariamente, ao aumento da composição orgânica do capital, a qual é
apontada como sendo a relação existente entre o capital constante
(o valor da quantidade de trabalho social utilizado na produção dos
meios de produção, matérias-primas e ferramentas de trabalho, ou
seja, o “trabalho morto” representado, basicamente, pelas máquinas e pelos insumos necessários à produção) e o capital variável
(valor invertido na reprodução da força de trabalho, o “trabalho
vivo” dos operários). O processo de acumulação resulta na tendência à substituição do “trabalho vivo”, a única fonte de valor, por
“trabalho morto”, que não incorpora às mercadorias nova quantidade de valor, mas apenas transmite às mesmas a quantidade de
valor já incorporada nos meios de produção. Como a taxa de lucro
depende da taxa de mais valia, cujo valor se reduz com a redução
do “trabalho vivo”, as taxas de lucro, a longo prazo, tendem a decrescer.
Tal situação é decorrente da própria concorrência inerente ao
sistema capitalista, a qual obriga os capitalistas a buscar superar
seus rivais através do investimento em meios de produção tecnologicamente mais avançados, para reduzir os custos da produção,
além de tentar economizar ao máximo na parcela relativa ao capital variável, em função do acirramento dos conflitos provocados
pela luta de classes e pelo fortalecimento do movimento operário.
A queda da taxa de lucro, portanto, é resultado, em última instância, da tendência à substituição do “trabalho vivo” por “trabalho
morto”, fazendo reduzir a fonte de mais valia, o que acaba por
originar uma super acumulação de capital e de mercadorias, ao
mesmo tempo em que promove uma restrição na capacidade de
consumo da sociedade, por causa do desemprego que desencadeia.
Com o desenvolvimento pleno do capitalismo, cresce a interdependência internacional dos processos econômicos nacionais,
situação que se reflete no caráter das crises, fazendo da crise capitalista um fenômeno mundial. Ao mesmo tempo, porém, enquanto
as firmas menores sofrem a falência e a bancarrota em massa, o
processo de concentração do capital faz aumentar a capacidade
de resistência da grande empresa. Enquanto a produção artesanal
e voltada para consumo próprio é praticamente aniquilada com o
progresso do capitalismo, a grande empresa, cuja produção passa a
atingir amplos mercados e se diversifica, pode prosseguir durante a
crise, mesmo tendo sido forçada a reduzir parte da produção. A resistência às crises é também aumentada pela forma de organização
da sociedade anônima, que, decorrente da crescente influência dos
bancos junto às indústrias, é responsável pela maior facilidade na
captação de capitais e no acúmulo de reservas na época de “prosperidade”, além de proporcionar um controle maior na gerência
do capital.
Do quadro exposto não convém inferir que as empresas resul-
As Crises Econômicas Capitalistas
O processo de aprofundamento e alargamento das relações
capitalistas no mundo veio acompanhado de outro, igualmente
drástico, para as populações: o das sucessivas crises de superprodução, que passavam, a contar da década de 1870, a fazer parte da
realidade econômica dos países capitalistas desenvolvidos, cujas
consequências atuariam no sentido de contribuir, sensivelmente,
para a promoção de alterações profundas na estrutura das sociedades burguesas. A partir da consolidação do capitalismo na sua fase
imperialista, percebem-se as crises econômicas como muito mais
prolongadas, ao contrário do que se podia sentir nas crises anteriores à transição para o capitalismo monopolista, as quais teriam
se caracterizado por serem explosivas e menos duradouras, causadas, principalmente, por más colheitas e ausência de produtos no
mercado, provocando fome, miséria e revoltas sociais de vulto, a
canalizar o descontentamento imediato das massas.
De fato, somente com a passagem para o capitalismo monopolista, a Europa continental passaria a sentir a plena expansão das
relações capitalistas no campo, transformando a antiga estrutura
baseada no atendimento às necessidades de consumo dos produtores em uma economia voltada, essencialmente, à produção de mercadorias. Neste momento, o caráter das crises também se transforma. Hilferding, cujos estudos ajudaram Lênin a desenvolver suas
análises sobre o imperialismo, dizia que, na produção mercantil
pré-capitalista, as perturbações na economia eram decorrentes de
catástrofes naturais ou históricas, como queda da colheita, secas,
epidemias, guerras. Isto porque tal produção era dirigida a atender
às necessidades próprias dos produtores, ligando produção e consumo como meio e fim, ao passo que somente o capitalismo plenamente consolidado passa a generalizar a produção de mercadorias,
fazendo com que todos os produtos tomem a forma de mercadorias
e tornando o produtor dependente do mercado, ao fazer da venda
da mercadoria condição prévia para a retomada da produção.
A dependência do produtor em relação ao mercado, a anarquia
na produção e a separação do produtor do consumo (o produto
deixa de ser propriedade do produtor e, consequentemente, sua
produção não tem mais como objetivo central o seu consumo) são
características da produção capitalista, ou seja, da produção cujo
objetivo é a realização e multiplicação do lucro. A possibilidade de
crise no capitalismo nasce da produção desordenada e do fato pelo
qual a extensão do consumo, pressuposição necessária da acumuDidatismo e Conhecimento
37
GEOGRAFIA
tantes de processos de concentração, fusão ou cartelização sejam
capazes de debelar os efeitos da crise, mas, sim, que possam encará-los de maneira menos traumática, pois o peso maior da crise será sentido pelas indústrias não cartelizadas. No que tange à
luta de classes, a concentração de capital faz crescer o poder do
empresariado no enfrentamento à organização crescente dos trabalhadores. A grande indústria também é capaz de oferecer maior
resistência às greves operárias do que, antes, permitia a estrutura
das pequenas e médias empresas, isoladas entre si e competindo
umas com as outras.
Na fase imperialista, o poder industrial separa-se da fábrica
e centraliza-se num truste, num monopólio, num banco, ou na
burocracia de Estado, sendo ultrapassada a fase liberal na qual o
proprietário era, ao mesmo tempo, empreendedor, gerenciando
uma propriedade individual ou familiar. A concorrência clássica
da época da “mão invisível do mercado” foi substituída pela concorrência entre oligopólios, empresas múltiplas comandadas por
gerências que trocaram a gestão empirista e intuitiva do capitalismo liberal pelo planejamento estratégico. Ao contrário do que
parte da esquerda imaginou, a planificação gerencial das empresas
não significou um passo na direção do socialismo, pois a competição não deixou de existir, apenas tendo se transferido para novos
patamares, assim como o planejamento oligopolista não alterou a
estrutura da sociedade, mas contribuiu para o processo de renovação e ampliação da hegemonia burguesa.
ses capitalistas destruídos pela guerra. Foram destinados U$ 13
bilhões à Europa, com desvalorizações maciças das outras moedas
em relação ao dólar e politizando as relações econômicas dos EUA
com os demais países, em função do endurecimento com o Leste
europeu. À medida que crescia a participação dos EUA na defesa
do chamado “mundo livre” (capitalista), os gastos militares desse
país passaram a representar o maior movimento de capitais para o
exterior.
A nova conjuntura internacional enterrava definitivamente
a antiga ordem imperial baseada na colonização direta. O “novo
imperialismo” implicou que cada vez mais regiões do globo se
tornassem dependentes do mercado, fato que permitiria à nova potência imperial capitalista (EUA) penetrar muito além do alcance
da conquista militar e do domínio político direto. O capitalismo,
que sempre foi capaz de gerar novas e crescentes necessidades de
expansão permanente, demonstrava também ser capaz de produzir
outra forma de dominação, diferente de qualquer uma que tenha
existido no passado: a dominação não mais exclusivamente dependente do controle político e militar direto, mas realizada através de
imperativos econômicos e da subordinação ao mercado, manipulado em benefício do capital imperialista.
Novos métodos de sujeição foram desenvolvidos, permitindo
às principais potências capitalistas e aos Estados Unidos, em particular, direcionarem os Estados a agirem em benefício do grande
capital, sem a necessidade de a todo momento exercer o domínio
militar direto. Ilustração significativa desta mudança foi a emergência da Alemanha e do Japão após a guerra, com a ajuda de seus
antigos adversários, como os maiores competidores econômicos
dos EUA, numa relação contraditória de concorrência e cooperação.
Nos anos seguintes à guerra, os Estados Unidos e as principais
economias capitalistas viveram um longo boom econômico. Em
tais condições, havia interesse real no desenvolvimento das economias nacionais, tendo em vista que isso significava a expansão
dos mercados consumidores. Tal situação favoreceu a emergência do Welfare State (Estado de Bem Estar Social), caracterizado
pela aplicação de um conjunto de medidas e leis de proteção aos
trabalhadores adotadas pelos Estados europeus a partir de 1945.
Em países como Inglaterra, França, Suécia, Alemanha e outros,
o Estado passou a ser responsável pela previdência social, pela
assistência médica universal, estabelecendo, ainda, seguros sociais
que garantiam o amparo à velhice, à invalidez, à maternidade e aos
desempregados. Além disso, o Estado passava a controlar os setores estratégicos da economia (energia, comunicações, transportes,
serviços públicos, etc).
A emergência do Welfare State foi consequência de uma série de fatores conjugados, para além da conjuntura de crescimento
econômico após a Segunda Grande Guerra: a conquista de direitos
sociais e trabalhistas pelo movimento operário europeu, após mais
de um século de embates; o receio de novas crises econômicas
após o crack da Bolsa de Nova York, em 1929; a experiência keynesiana anterior nos Estados Unidos, com o New Deal, durante
o governo Roosevelt; a ascensão ao poder de partidos social-democratas, trabalhistas ou socialistas; o fortalecimento dos partidos
comunistas após a guerra, graças à participação destacada na resistência ao nazifascismo em seus países e ao prestígio conquistado
pela União Soviética em função de sua decisiva atuação para a
derrota da Alemanha nazista e para a libertação dos territórios sob
domínio alemão; a pressão político-ideológica exercida pelo bloco
socialista.
Os primeiros sintomas de uma nova crise capitalista de gran-
O Capitalismo Contemporâneo
As tendências verificadas na passagem para o imperialismo
aprofundaram-se durante a primeira metade do século XX, sendo
responsáveis pela eclosão de duas guerras mundiais, entremeadas
pela grande crise econômica de 1929 e a ascensão do nazifascismo. Uma nova ordem econômica mundial foi erigida, no mundo capitalista, após a Segunda Grande Guerra, muito em função
do surgimento de um poderoso bloco socialista capitaneado pela
União Soviética. A Conferência de Bretton Woods, realizada nos
EUA em 1944, estabelecia as bases da economia capitalista contemporânea, com a definição das regras do sistema monetário e
financeiro internacional capitalista ao fim do conflito, visando
impedir o excesso de moeda circulante e a inflação (conforme a
ortodoxia liberal, o excesso de dinheiro circulando no mercado e
altos salários dos trabalhadores eram apontados como principais
causadores da inflação e das crises econômicas).
A conjuntura do pós-guerra apontava para o poderio inquestionável dos Estados Unidos, que saíam da guerra como a grande
potência econômica, financeira, política e militar, liderando o bloco capitalista e iniciando a Guerra Fria contra a União Soviética
e o bloco socialista. Duas nações poderosas, Alemanha e Japão,
estavam derrotadas; França e Inglaterra debilitadas pela guerra. O
dólar foi definido como moeda padrão internacional (os EUA detinham 80% das reservas de ouro do planeta, e o Tesouro norte-americano garantia a conversibilidade do metal em troca de dólares).
Foi o momento da criação do BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Mundial), do FMI (Fundo
Monetário Internacional), que receberam dos EUA um capital de
U$ 10 bilhões e do GATT (atual Organização Mundial do Comércio). Estas instituições foram criadas com o objetivo de administrar um sistema no qual o desenvolvimento econômico mundial
passava a depender em larga medida da aceitação das condições
impostas pelos Estados Unidos.
O Plano Marshall encabeçou a ajuda estadunidense aos paíDidatismo e Conhecimento
38
GEOGRAFIA
des proporções, porém, foram sentidos na década de 1960, quando o passivo externo, isto é, o dólar circulante fora dos Estados
Unidos, era exatamente igual às reservas norte-americanas em
ouro. Se todo mundo chegasse com dólar e exigisse do governo
dos EUA a troca por ouro, as reservas cairiam a zero. Daí para a
frente, o distanciamento entre o passivo externo e o ouro nos EUA
só tendeu a aumentar. A conjuntura internacional era marcada pela
crescente recuperação das economias européias e do Japão, resultando na maior concorrência das empresas destes países com as
norte-americanas, acompanhada de um processo acirrado de lutas
de libertação nacionais na África e na Ásia (1958/1963) e da expansão da Guerra Fria. A participação direta dos EUA em conflitos
regionais, como as Guerras da Coréia e do Vietnam aprofundaram
os gastos militares e a corrida armamentista. Daí que a crise do
petróleo, em 1973, tenha sido apenas a gota d›água de um processo
de crise de superprodução já há tempos anunciado.
As metas supremas dos governos neoliberais passavam a ser
a estabilidade monetária; a contenção dos gastos com o bem estar
social; a restauração da taxa “natural” de desemprego, ou seja, o
aumento do exército de reserva de mão-de-obra, para reduzir salários e quebrar o poder de pressão dos sindicatos; as reformas fiscais para incentivar agentes econômicos; a redução dos impostos
cobrados aos mais ricos e às grandes fortunas (setor dinâmico da
sociedade capitalista). Uma nova e “saudável desigualdade” voltaria a dinamizar as economias avançadas.
Dentre as principais políticas adotadas pelos governos neoliberais estavam os programas de privatizações de empresas estatais nos setores estratégicos e de serviços públicos, favorecendo
o avanço dos processos de oligopolização e monopolização do
capital. O desmonte do Estado de Bem Estar se deu através do
corte nos gastos sociais e da mercantilização dos direitos sociais
duramente conquistados pelas classes populares, os quais foram
convertidos em bens ou serviços adquiríveis no mercado (saúde,
educação, seguridade social transformam-se em mercadorias). A
ideologia dominante promove a exaltação do mercado: competir
é a regra; cidadania vira sinônimo de possibilidade de acesso ao
consumo dos bens no mercado.
Desenvolvem-se novas formas de dominação dos trabalhadores, associadas à crescente deterioração e precarização dos direitos
trabalhistas, com a necessária depreciação do valor de uso da mais
importante das mercadorias no sistema capitalista: a força de trabalho. O aumento do desemprego industrial nos países de capitalismo desenvolvido, a adoção de novas técnicas de gerenciamento
da produção e de controle da força de trabalho, sob a égide do
toyotismo, os processos de terceirização e fragmentação das unidades produtivas (a reestruturação produtiva), a expropriação do
contrato de trabalho e dos direitos sociais, como forma de tornar o
emprego descartável e a mão de obra plenamente disponível para
o capital, tudo isso contribui para a perda do sentido de classe e da
capacidade de organização e de resistência à exploração por parte
dos trabalhadores.
Uma das principais teses propagadas pelas correntes neoliberais é a de que a chamada globalização contemporânea, além
de caracterizar uma nova época histórica marcada pelo triunfo
final do capitalismo, o que teria fechado as portas para outras alternativas políticas e sociais, promoveria uma crescente unidade
e integração do capital internacional. A transnacionalização do
capital significaria não a intensificação da concorrência, mas, ao
contrário, o declínio da competição entre os grandes capitalistas
e a interpenetração dos capitais de origens nacionais, por meio
de uma crescente colaboração entre as empresas. Haveria, assim,
uma relação inversa entre globalização e competição. Quanto mais
globalmente integrado ficasse o capitalismo, menos concorrência
haveria.
Na verdade, a globalização moderna significa justamente o
contrário. Não podemos esquecer jamais que a competição é e
sempre será o coração do sistema capitalista e que será sempre
uma lei da concorrência que o capital busque caminhos para vencer ou evitar a competição. Sendo assim, uma das consequências
da competição capitalista é o fato de que os perdedores poderão ser
absorvidos pelos vencedores. Portanto, a tendência à concentração
e à centralização do capital é uma das expressões da concorrência,
não sua antítese. A competição envolvendo grandes corporações
transnacionais intensifica-se à medida que novos e cada vez mais
agressivos competidores participam da guerra pelos mercados.
Neoliberalismo e Globalização
O boom econômico terminava nos anos 1970, em grande parte
porque a competição entre as grandes potências capitalistas produzia uma crise de superprodução e queda de lucros. Começava um
novo movimento descendente na economia capitalista globalizada. Paralelamente, a crise política vivenciada nos anos 1980 pelos
países socialistas do Leste Europeu e, com maior dramaticidade,
pela União Soviética da era Gorbatchev, possibilitou a ofensiva do
grande capital na fase neoliberal, marcada pela ascensão ao poder
de grupos de direita, por meio das eleições, em diversos países
ocidentais (Margaret Thatcher, 1979, Inglaterra; Ronald Reagan,
1980, EUA; Helmut Khol, 1982, Alemanha; Schluter, 1983, Dinamarca).
As origens do pensamento neoliberal estão ligadas ao livro
O Caminho da Servidão, do economista Friedrich Hayek (1944),
através do qual atacava a social-democracia e o keynesianismo,
buscando resgatar as bases teóricas do liberalismo clássico, às vésperas das eleições na Inglaterra, vencidas pelos trabalhistas, logo
após a guerra. Em 1947, uma reunião de intelectuais contrários
à política keynesiana, em Mont Pèlerin, na Suíça, inaugurava a
“francomaçonaria neoliberal”. Hayek e seus companheiros argumentavam que o novo “igualitarismo” do período, promovido pelo
Estado de Bem Estar Social, destruía a liberdade dos cidadãos e a
vitalidade da concorrência, da qual dependeria a prosperidade de
todos. Somente cerca de quarenta anos depois o pensamento neoliberal encontrava campo fértil para sua difusão, sendo adotado pelos grupos econômicos que hegemonizaram os Estados nacionais
com políticas de desmonte dos sistemas de bem estar e de ataques
às conquistas dos trabalhadores, visando inaugurar uma nova fase
de acumulação capitalista.
As raízes da crise dos anos 1970, segundo os neoliberais, estaria no poder excessivo e nefasto dos sindicatos e, de maneira geral,
do movimento operário, que havia corroído as bases da acumulação capitalista com suas pressões reivindicativas sobre os salários
e com sua “pressão parasitária” para que o Estado aumentasse cada
vez mais os gastos sociais. Tais processos teriam sido responsáveis pela redução dos níveis necessários de lucros das empresas e
pelo desencadeamento de movimentos inflacionários, provocando
a crise econômica. As soluções propostas para enfrentamento da
crise centravam-se na conformação de um Estado forte para romper com o poder dos sindicatos e para controlar a circulação do
dinheiro, ao mesmo tempo em que se apresentava como um Estado
mínimo na intervenção direta na economia e nos gastos sociais.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
A revolução das comunicações e a introdução da automação,
que em um primeiro momento reduziu a capacidade de negociação
da classe operária, possibilitaram a concentração da produção em
unidades produtivas especializadas e capazes de abastecer o mercado mundial. A criação de mercados comuns e a queda de barreiras tarifárias facilitaram o fluxo de mercadorias. Teóricos anunciaram a sociedade pós-industrial e a era dos serviços. Na esquerda,
virou moda dizer que o tempo do trabalho se foi e seria a vez dos
excluídos. O proletariado não diminuiu, ao contrário, cresceu em
termos mundiais.
O capitalismo incorporou regiões e populações inteiras à produção de mercadorias. Desorganiza a economia camponesa da
China e da Índia, separando os trabalhadores dos seus meios de
produção. Cerca de um bilhão e meio de trabalhadores foram incorporados à produção capitalista de mercadorias. Com novos trabalhadores e novos consumidores, o capitalismo garantiu mais um
ciclo de expansão. Cento e cinquenta anos de conquistas sociais
dos trabalhadores da Europa e dos EUA, o Estado de Bem Estar
Social e a concorrência do bloco socialista encareceram o preço
da força de trabalho. A produção manufatureira, em grande parte,
migrou da Europa, dos EUA e do Japão para outras regiões – norte
do México, Malásia e Indonésia, sul da China e Índia. Esse processo persiste, na busca de menores custos de reprodução da força
de trabalho. Pela primeira vez, a maioria da população mundial
está submetida ao processo de produção de mais valia, vivendo
no assalariamento, vendendo sua força de trabalho aos detentores
de meios de produção. Mais do que nunca, a contradição capitaltrabalho é a principal em nosso tempo, não apenas como figura de
retórica.
O impulso inicial do grande crescimento chinês foi dado pela
produção para exportação de manufaturas de baixa qualidade.
Multinacionais de todos os setores – eletroeletrônicos, brinquedos,
autopeças – se instalaram na China ou terceirizaram a produção
em empresas locais. Os custos baixos da força de trabalho e o controle cambial por parte do governo chinês permitiram a prática de
preços bem abaixo dos padrões então vigentes. Mas a China tem
diversificado a sua matriz industrial, dependendo cada vez menos
da exportação de manufaturas de baixo valor agregado. Seu vigoroso crescimento industrial e a consequente elevação do nível de
vida de parte da sua população têm demandado quantidades cada
vez maiores de combustíveis, minérios e alimentos no mercado
mundial. Em contrapartida à deflação das manufaturas, assiste-se
a uma inflação de produtos primários.
No mundo neoliberal e imperialista, os países e Estados nacionais continuaram a desempenhar um papel central, a despeito do
muito que já se falou sobre a “globalização”. Em muitos aspectos,
o poder estatal foi reforçado. É o caso das políticas monetárias que
visam à estabilidade dos preços, a despeito do desemprego que
geram. É o caso das políticas econômicas e sociais visando reduzir
o custo do trabalho. No plano internacional, os Estados foram os
vetores da mundialização da ordem neoliberal, pela eliminação das
barreiras à circulação de bens e capitais e da abertura dos países ao
capital internacional, principalmente, pela venda, a baixos preços,
das empresas públicas mais rentáveis.
Para exercer o seu alcance global, o capitalismo precisa dos
Estados nacionais para manter as condições vitais ao sucesso de
suas operações, ou seja, todo um aparato legal, político, adminisDidatismo e Conhecimento
trativo e coercitivo capaz de prover a ordem necessária à manutenção do sistema de propriedade numa situação de cada vez mais
violenta desigualdade. Além disso, o capital global se beneficia
do desenvolvimento desigual e da diferenciação existente nas diversas economias do mundo, que proporcionam fontes baratas de
trabalho e de recursos, ao mesmo tempo em que controlam a mobilidade da mão de obra. A forma política do capitalismo global,
portanto, não é um Estado global, mas um sistema global de múltiplos Estados locais.
O capitalismo não criou o Estado nação, mas não é casual o
fato de este instrumento da dominação burguesa ter praticamente
se tornado a forma política universal no período em que os imperativos do mercado capitalista se difundiram até abranger todo o
globo. Acima de tudo, no mercado globalizado, o capital necessita
do Estado para manter as condições de acumulação e competitividade de várias formas, preservando a disciplina do trabalho e
a ordem social em face das crescentes políticas de expropriação
(de direitos, contratos, postos de trabalho, conquistas sociais, etc).
Toda corporação transnacional se erige sobre uma base nacional
que depende de um Estado local para manter sua viabilidade, assim como necessita que outros Estados lhe proporcionem o acesso
a novos mercados e a novos contingentes de trabalhadores. Processos históricos nacionais de conquista da hegemonia na sociedade
e no Estado por parte das frações burguesas locais associadas aos
capitais transnacionais garantiram a efetiva expansão da ordem
neoliberal em diversos países.
A globalização como uma forma de imperialismo necessita
da desigualdade entre as economias nacionais e regionais, pois o
capital se fortalece na diferenciação da economia mundial, tendo
liberdade para se deslocar com o propósito de explorar regimes de
mão de obra mais barata. Ao mesmo tempo, a relação entre poder
econômico e poder político, entre capital e Estado, não sendo uma
relação mecânica, mas contraditória e complexa, pode ser fonte de
instabilidades para o domínio do capital globalizado. As realidades
locais, onde efetivamente acontecem os processos de luta de classes, a todo momento sofrem mudanças em função das contradições
históricas e dos conflitos sociais, como pode ser verificado na conjuntura de amplos movimentos de massas e ascensão de governos
de corte popular nos últimos anos na América Latina, assim como
nas explosivas e massivas revoltas recentes na Grécia.
Diante deste quadro de instabilidade política e social permanente, o imperialismo, com seu centro hegemônico nos Estados
Unidos, buscou aplicar, sob o governo Bush, a doutrina da “guerra
permanente”, elegendo o “terrorismo” como inimigo central a ser
abatido, com o real objetivo de sustentar a hegemonia do capital global estadunidense numa economia mundial administrada
por muitos e diferenciados Estados locais. A política belicista do
governo Bush foi adotada em função da necessidade de manutenção da indústria bélica. O Pentágono garante o funcionamento da
indústria no único setor que não é exportado nem terceirizado: o
complexo industrial militar. É verdade que o complexo não está
imune à crise da indústria americana, porém, consegue polpudos
lucros, com a invenção de guerras e pagamentos à vista e com altos
sobrepreços.
Para a ação global imperialista, o funcionamento deste complexo industrial militar, por meio da demonstração de um poder
militar maciço, tem fundamentalmente a pretensão de exercer um
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efeito intimidatório em todo o planeta, com os EUA assumindo o
papel de “polícia do mundo” em favor do capital. Como o poder
militar estadunidense não consegue estar em todo lugar o tempo
todo, nem impor um sistema de Estados plenamente subservientes, a ação imperialista dos EUA se utiliza do efeito demonstração,
atacando alvos fragilizados e previamente escolhidos, justamente
por não oferecerem ameaça real imediata, como ocorre no Iraque
e no Afeganistão.
meados dos anos 90, a tendência para o baixo crescimento é constante. Os EUA assistiram a migração de várias de suas indústrias
– para México, China, Leste Asiático – e a desnacionalização de
muitas de suas empresas. A indústria automobilística, carro chefe
da economia nos EUA, enfrenta uma crise sem precedentes, com
fortes prejuízos das três maiores montadoras. A infraestrutura sofre com o abandono e a falta de investimentos. O peso dos EUA no
PIB global diminui ano a ano.
Importador universal, os EUA geram um imenso déficit externo, casado com um déficit fiscal de similar magnitude. Para
fazer frente a estes déficits, o capitalismo estadunidense depende
do endividamento, endividamento do governo, das empresas e das
famílias. Para sustentar esse endividamento, os EUA se tornaram
os maiores importadores de capital. Vendem títulos de governo,
ações, obrigações privadas, títulos de todo o tipo, empresas, tudo
para sustentar o serviço das dívidas pública e privadas. Os EUA
são o centro da especulação financeira, atraindo todo o tipo de
dinheiro, dos fundos soberanos da Ásia e do Oriente Médio aos
lucros das máfias de todo o tipo. O cassino global é vital para o
financiamento do capitalismo nos EUA. A crise financeira é a crise
da economia real estadunidense.
A economia dos EUA é vítima do próprio expansionismo. As
grandes empresas procuram outros pousos, onde o custo da reprodução da força de trabalho é mais baixo. A revolução tecnológica
elevou a composição orgânica do capital, aumentando as taxas de
mais valia e reduzindo as taxas de lucro. Isso forçou a uma concentração de capital em proporções nunca vistas, com fusões e aquisições que se espalham pela produção capitalista no mundo todo.
A oligopolização da economia, inclusive do comércio varejista,
destruiu a pequena e média indústria dos EUA.
Mas a mais recente crise econômica global não se restringe
à esfera financeira ou ao mercado estadunidense. Trata-se de uma
crise de super acumulação, tendo rapidamente se alastrado por todo
o sistema capitalista e todos os países do mundo. Pelos volumes de
recursos que envolve, é uma crise maior que a de 1929 e, como o
capitalismo está globalizado, seja no comércio de bens e serviços,
nas cadeias produtivas, no caráter mundial das grandes empresas ou na movimentação financeira, ela atinge, simultaneamente,
o centro do sistema, ou seja, Estados Unidos, Europa e Japão, e
impacta os chamados mercados emergentes, como China, Rússia,
Índia e Brasil. Muitos outros países, cujas economias dependem de
suas exportações para os grandes centros do capitalismo, já sofrem
os efeitos da crise, uma vez que, assim como a China, reduziram
suas compras no exterior. A saída de capitais para as matrizes das
empresas e bancos é outra fonte de abalo para estes países.
A origem deste processo é o “estouro” do mercado de crédito
imobiliário dos EUA, onde empresas construtoras e compradores
aliaram-se na inadimplência, oferecendo e aceitando créditos sem
garantias, combinando ganância pelos ganhos fáceis com aplicações financeiras e operações sem lastro (apostas, como num
cassino) com a imprudência gerada por um padrão de consumo
exacerbado. Mas este é apenas um aspecto superficial da crise. Se
levarmos em conta que as taxas de lucro das grandes empresas
mundiais – principalmente as de matriz nos EUA – estão em queda
desde os anos 1960, fica evidente que a busca por ganhos financeiros de investidores diversos, além do movimento especulativo em
si, é uma tentativa das empresas de manter o nível de suas taxas
de lucro. Em função da crescente expropriação dos trabalhadores
e da redução de sua capacidade de compra em nível mundial, as
A Crise Econômica Atual
Nos últimos anos, o capitalismo tem vivido ciclos de crise e
expansão cada vez mais curtos e constantes. Desde o crash da bolsa americana, em 1987, o capitalismo assistiu aos seguintes choques: crise imobiliária no Japão, no início dos anos 1990, seguida
pela estagnação dessa economia por mais de uma década; crise
asiática, em 1997, com a quebra do mercado de capitais e de câmbio e perda de dinamismo da Coreia e demais tigres asiáticos; a
crise dos fundos, em 1998; crise cambial na Rússia, em 1999; crise
cambial no Brasil, México e Argentina, em 2001; estouro da bolha
da internet, em 2002; crise do mercado imobiliário estadunidense
e crise de liquidez bancária na Europa e nos EUA. O aspecto financeiro dessas crises é reflexo da perda de dinamismo das economias
da União Europeia, EUA e Japão. A crise do subprime em 2007 foi
resultado direto da diminuição da renda do trabalhador americano
e do desemprego.
Na esteira da crise de 1987, os mecanismos de controle dos
bancos centrais se sofisticaram, bem como a coordenação entre
esses bancos. Existe uma rede internacional da liquidez, na qual
participam o Federal Reserve, dos EUA, o Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra e o Banco Central Japonês. Ao mesmo
tempo, a busca por ganhos maiores trouxe um desenvolvimento
constante da “tecnologia” financeira, com o surgimento de novos
fundos, securitização, diversificação de portfólios e derivativos. A
garantia da liquidez fez os detentores de riqueza assumirem riscos
maiores, criando um risco moral, em função do papel garantidor de
última instância dos bancos centrais. Mecanismos de governança
bancária e de disciplina da liquidez, como os acordos da Basileia,
viraram letra morta, com a autonomia dos gestores de fundos, autonomia esta estimulada pelos grandes bancos, em busca de ganhos extras e diluição de riscos.
A velocidade das comunicações, casada com a desregulamentação geral dos mercados de dinheiro e ativos, permitiu a atuação dos detentores de riqueza por todo o planeta. A flexibilidade
de atuação dos detentores de riqueza intensificou a concorrência
por capitais. Empresas e governos ofereceram aos aplicadores remunerações acima das taxas de inflação e de crescimento real da
economia, aumentando os volumes de recursos nas mãos dos detentores de riqueza. Isso gerou uma superabundância de liquidez
(dinheiro disponível para investimentos reais e financeiros), que,
em consequência, levou a uma inflação de ativos. A globalização
das finanças é decorrente da universalização do capital. Essa universalização nada mais é do que a universalização da extração da
mais valia, da exploração da força de trabalho.
A estagnação da economia estadunidense é um fenômeno claro desde a década de 1970. Mesmo entremeado de períodos de
grande crescimento, como na segunda metade dos anos 80 e de
Didatismo e Conhecimento
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empresas produzem mais do que os mercados em retração podem
absorver. Assim, a onda sucessiva de compra e venda de papéis
acaba por criar um castelo de cartas, que facilmente desmorona por
não ter vínculos com a economia real, da produção. Ocorre, assim,
a superacumulação de capitais e a impossibilidade de valorizá-los
na esfera da produção.
Ainda é cedo para que os efeitos e a duração da crise sejam
estimados com precisão, pois se, por um lado, o montante de capital envolvido é muito alto, é também correto afirmar que hoje,
ao contrário de 1929, os Estados estão mais aparelhados para fazer
frente a problemas econômicos. Há instituições mais fortes, articulação internacional e uma aliança entre os Estados capitalistas,
para os quais a debelação da crise é uma necessidade. As receitas
disponíveis, do ponto de vista do capital, são a receita keynesiana
– com mais gastos públicos na produção e base fiscal – e a receita monetarista, com a liberação de mais dinheiro para produtores
privados e consumidores, na forma de crédito, com juros baixos.
Outra saída, a saída “natural” do sistema, ou seja, simplesmente
deixar que as empresas quebrem, ou que haja fusões e incorporações para que empresas mais fortes surjam, para que o capitalismo
se renove e volte mais forte, tem sido descartada pelos principais
líderes do governos dos países centrais, como os presidentes Sarkozy, da França, e Obama, dos EUA.
As primeiras respostas oferecidas pelos governos dos países
centrais combinaram elementos de ajuda e de estatização de bancos e socorro a empresas de grande porte, além de baixas nas taxas
de juros. A evolução da crise depende, portanto, da combinação
de medidas a serem tomadas e o peso dado a cada uma delas. No
momento, os sinais claros são de recessão, que poderá prolongarse, tornando-se uma depressão, ou convergir para um período de
alguns anos sem crescimento, ou seja, de estagnação, trazendo
consigo o desemprego e grandes tensões sociais no centro e na periferia do capitalismo. Neste quadro, a ofensiva contra os salários,
direitos e garantias dos trabalhadores e até mesmo a vigência de
modelos autoritários de exercício de poder são uma possibilidade
a mais.
A reunião do G-20, realizada em Washington ao final de 2008,
apontou para algumas ações voltadas para estimular a demanda,
como medidas fiscais, mudanças na política monetária, mais recursos para o FMI ajudar as economias emergentes, empenho para
romper o impasse na Rodada de Doha neste ano, reforma das instituições de Bretton Woods para dar mais voz às economias emergentes, entre outras medidas, no que parece ser um passo no sentido de reforçar os aspectos regulatórios e de ação coordenada dos
principais países do mundo.
A crise representa o fim de um período marcado pela presença
hegemônica do projeto neoliberal, que propiciou uma forma de
acumulação, pela qual a saída do Estado das esferas da produção
– com a privatização de empresas públicas – e do planejamento,
a desregulamentação das economias, o fim dos sistemas de proteção à produção interna, a retirada dos direitos dos trabalhadores,
o desmonte dos sistemas de bem estar públicos e outras medidas
deram a tônica, objetivando oferecer toda a liberdade aos capitais e
aumentar a taxa de exploração do trabalho. Ganhou enormemente
com o neoliberalismo o setor financeiro, gerando uma proporção
de 10 dólares girando na esfera financeira para cada 1 dólar aplicado na produção.
A crise significa também uma derrota política do capitalismo e
a quebra de todos os mitos criados pelo grande capital para endeusar o neoliberalismo, como o mito do mercado autorregulador das
Didatismo e Conhecimento
relações econômicas, o mito da retirada do Estado da economia e
das privatizações, o mito da desregulamentação, além do mito da
credibilidade das agências de risco e do fim da história. No terreno
político, a crise marca o que pode ser o início do fim do Império
estadunidense, uma vez revelada a sua debilidade interna, reforça
a multipolaridade e abre espaço para a retomada da ofensiva do
campo socialista, mesmo que, com a crise, os trabalhadores continuem ainda desorganizados e precarizados. A crise põe em cheque, diretamente, o sistema de organizações multilaterais, como a
ONU, e exige uma nova ordem institucional mundial.
Não devemos cultivar a ilusão de que esta crise é apenas mais
uma crise do capitalismo e que este modo de produção, ao final do
processo, sairá mais forte e seguirá o seu rumo num patamar superior, como ocorreu em outros momentos da história. Tampouco
devemos cair na armadilha de acreditar que esta será a crise final
do capitalismo. O desenrolar da crise depende, fundamentalmente,
da sua condução política e da correlação de forças nos embates
sociais que virão. As dimensões da crise e as dificuldades de sua
superação sinalizam para o acirramento da luta de classes e para
a retomada do movimento de massas em caráter mundial, abrindo
reais possibilidades de enfrentamento no sentido da transformação
e da derrocada do sistema capitalista.
Assim, cabe às forças revolucionárias lutar para que as classes
trabalhadoras assumam, organizadamente, a condução, o protagonismo do processo, garantindo soluções que, ao mesmo tempo em
que combatem os efeitos imediatos da crise, criem as condições
para que se acumule, na contestação da ordem burguesa, na defesa
de seus direitos e na obtenção de novas conquistas, na organização
e na consciência dos trabalhadores, a força necessária para assumir
a direção política da sociedade no caminho da superação revolucionária do capitalismo. Mais do que nunca, está na ordem do dia
a questão do socialismo.
A INDÚSTRIA BRASILEIRA
A industrialização no mundo
O processo de industrialização remonta ao século XVlll,
quando emergem na Inglaterra (grande potência naquela época)
uma série de transformações de ordem econômica, política, social
e técnica, que se convencionou chamar de Revolução Industrial.
Hoje esse processo é conhecido como 1ª Revolução Industrial,
pois antecedeu novas transformações nos séculos XlX e no XX, as
chamadas 2ª e 3ª Revoluções Industriais.
As transformações de ordem espacial a partir da indústria
foram enormes alteraram a sociedade como um todo. Podemos
citar como exemplo as mudanças ocorridas na própria Inglaterra do século XlX, onde a indústria associada à modernização do
campo gerou a expulsão de milhares de camponeses em direção
às cidades, proporcionando o surgimento das cidades industriais,
popularmente conhecidas como cidades negras em decorrência da
poluição atmosférica gerada pelas indústrias.
Ocorreram também grandes mudanças sociais, evidenciando e
definindo claramente as classes sociais do capitalismo: de um lado
estavam os donos dos meios de produção (burguesia), que em prol
de lucros cada vez maiores, exploravam a mão de obra em troca de
salários miseráveis e em condições de trabalho precárias; do outro
lado encontrava-se o proletariado (classe que vende sua força de
trabalho em troca de um salário), que só foram conseguir melhores
condições a partir do século XX através de greves que forçaram
os patrões e Estados a concederem benefícios a essa camada da
sociedade.
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O avanço da indústria, especialmente a partir do século XlX,
deu-se em direção à outros países como a França, a Bélgica, a Holanda, a Alemanha, a Itália, e de países fora da Europa, como os
EUA na América e o Japão na Ásia. Alguns desses países viriam a
se tornar potências econômicas, industriais e militares séculos depois, dominando a economia como um todo, cujo peso influencia
diretamente os outros países.
Foi apenas a partir do século XX, especialmente após a 2ª
Guerra Mundial, que países do terceiro mundo também passaram
por processos de industrialização, como é o caso do Brasil. Nesses países foi muito marcante a presença do Estado nacional e das
empresas multinacionais no processo de industrialização, que impulsionaram esse processo e tornaram alguns países da periferia
do mundo atuais potências industriais. Porém, diferentemente do
que ocorreu nos países do mundo desenvolvido, a industrialização
não resultou necessariamente na melhoria de vida das populações
ou no desenvolvimento do país: o processo de industrialização nos
países subdesenvolvidos se deu de forma dependente de capitais
internacionais, gerando aprofundamento da dependência externa
(mais precisamente dívidas externas), além do fato de que as indústrias que para cá vieram por já serem relativamente modernas
não geraram o número de empregos necessários para absorver a
mão de obra cada vez mais numerosa que vinha do campo para
as cidades. O que mais tarde seria conhecido como o êxodo rural, criou um processo de metropolização acelerado, que não foi
acompanhado pela otimização e implantação de infraestrutura e
da geração de empregos, dando início ao inchaço das grandes cidades (com diversos problemas decorrentes do mesmo), problema
comum em países subdesenvolvidos.
das de ferro, das cidades e de toda infraestrutura necessária para o
crescimento do país. Entretanto, as primeiras indústrias surgiram
de maneira paulatina entre o final do século XIX e início do século XX, representando ainda uma baixa participação na economia
nacional.
Frente a essa situação, o Brasil importava praticamente todos
os produtos industrializados, já que suas indústrias não haviam se
desenvolvido o suficiente. A Europa, sendo a região do globo que
mais se industrializava, não queria o desenvolvimento industrial
brasileiro, já que perderia parte de seu mercado consumidor. O
Brasil, portanto, dependeu exclusivamente da economia agrícola
até a metade do século XX, enfrentando sérios problemas econômicos e políticos.
As indústrias brasileiras se desenvolveram a partir de mudanças estruturais de caráter econômico, social e político, que, como
citado acima, vinham ocorrendo desde a segunda metade do século XIX. Essas mudanças aconteceram especialmente nas relações de trabalho, com a expansão do emprego remunerado que
resultou em aumento do consumo de mercadorias, a abolição do
trabalho escravo e o ingresso de estrangeiros no Brasil como italianos, alemães, japoneses, dentre outras nacionalidades, que vieram
para compor a mão de obra, além de contribuir no povoamento do
país, como ocorreu na região Sul. Um dos maiores acontecimentos
no campo político foi a proclamação da República. Diante desses
acontecimentos históricos, o processo industrial brasileiro passou
por quatro etapas.
-1a fase: 1822 a 1930
Havia reduzida atividade industrial, o que conferia ao país característica agrário-exportadora.
Ocorreram, porém, dois fatos que facilitam a industrialização
futura: a Abolição da Escravatura e a entrada de imigrantes, que
vão servir de mão de obra.
O desenvolvimento da indústria nacional
Embora o Brasil seja considerado um país emergente ou em
desenvolvimento, está quase um século atrasado industrialmente e tecnologicamente em relação às nações que ingressaram no
processo de industrialização no momento em que a Primeira Revolução Industrial entrou em vigor, como Inglaterra, Alemanha,
França, Estados Unidos, Japão e outros.
O desenvolvimento industrial brasileiro se deu lentamente,
acontecendo apenas com o rompimento de obstáculos e de medidas políticas, como nos governos de Getúlio Vargas e Juscelino
Kubistchek, que foram de extraordinária importância para que as
indústrias se proliferassem no Brasil.
Durante os longos anos em que o território brasileiro foi colônia portuguesa, a economia nacional se restringiu à prática da
agricultura conhecida por monocultura (o plantio de um único tipo
de produto, como o açúcar).
A coroa portuguesa proibia a instalação do comércio manufatureiro no Brasil para impedir o crescimento e desenvolvimento de
sua colônia, para que ela continuasse somente fornecendo produtos agrícolas para o mercado externo. Porém, pequenas mudanças
econômicas se iniciaram a partir do processo de independência do
Brasil, principalmente na metade do século XIX, com o desenvolvimento da economia cafeeira, cujos lucros propiciaram investimentos em outras atividades econômicas, como a indústria.
Graças a esse cenário dos grandes lucros da economia cafeeira
que surgiram empresários como Irineu Evangelista de Souza (o
Barão de Mauá), preocupados com o desenvolvimento das estra-
Didatismo e Conhecimento
- 2a fase: 1830 a 1956
O ano de 1930 é considerado por alguns autores como o da
“Revolução Industrial” no Brasil. É o ano que marca o início da
industrialização (que abriu as portas para que a atividade industrial
se tornar a mais importante do país, beneficiada pela Crise de 1929
e pela Revolução de 1930).
A crise de 1929 constituiu exemplo da fragilidade da economia brasileira e também um aviso de que o país necessitava diversificar sua produção. Ela determinou a decadência da cafeicultura
e a transferência do capital para a indústria, o que associado à presença de mão de obra e mercado consumidor, justificando a concentração industrial no Sudeste, especificamente em São Paulo.
Bem como a primeira fase, esta tem uma característica inicial
de quase exclusividade de indústrias de bens de consumo não duráveis, definindo o período chamado de “Substituição de importações”. No entanto, a ação do Estado começa a alterar o quadro,
com o Governo Vargas criando as empresas estatais do setor de
base, como a CSN (siderurgia), PETROBRÁS e a CVRD (mineração).
- 3ª fase: 1956 a 1989
Esse é o período de maior crescimento industrial do país em
todos os setores industriais, baseando-se sobre a aliança entre o
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capital estatal e o capital estrangeiro. O governo Juscelino Kubitschek (1956 – 1961) dá início à chamada “Internacionalização
da Economia”, abrindo o país para empresas estrangeiras, em sua
maioria do setor automotivo, como Wolkswagen. O período foi
conhecido pelo seu otimismo e relação ao crescimento da economia brasileira em que medidas como o Plano de Metas incentivaram a produção industrial. Essa política do JK para estimular o
crescimento industrial ficou conhecida como nacional-desenvolvimentista, ela concentrava suas atenções em investimentos na área
de energia e de transportes. O processo continuou mesmo durante
a Ditadura Militar (1964 a 1985), com destaque para o Governo
Médici e o período do “Milagre Brasileiro”, que determinou crescimento econômico (mas também aumento da dívida externa e
concentração de renda, já que, para a realização de seus planos, JK
utilizou-se de capital estrangeiro).
Foi com essas medidas políticas do governo de Getúlio Vargas
e de Juscelino Kubistchek que a industrialização brasileira obteve
um crescimento vertiginoso e adquiriu estabilidade, principalmente nos últimos anos do século XX e início do século XXI.
Se a economia já apresentava sinais de desaquecimento, com
esses problemas as perspectivas para a indústria brasileira não são
nada favoráveis para os próximos anos.
Seguindo uma forte tendência mundial, o Brasil vem passando por um processo de descentralização industrial chamado por
alguns autores de desindustrialização, ocorrendo intra regionalmente e também entre as regiões. Com acentuada concentração
em São Paulo, a distribuição espacial da indústria brasileira foi
determinada pelo processo histórico, pois no momento do início
da industrialização, o estado tinha (devido à cafeicultura) os principais fatores para instalação das indústrias, a saber: capital, mercado consumidor, mão de obra e transportes. Esta situação também
se deve à atuação estatal, através de diversos planos governamentais como o Plano de Metas, que acentuou esta concentração no
Sudeste, destacando novamente São Paulo. A partir desse processo
industrial e sua respectiva concentração, o Brasil passa a se integrar (o país não possuía um espaço geográfico nacional integrado,
constituindo uma estrutura de arquipélago econômico com várias
áreas desarticuladas). Esta integração reflete nossa divisão inter
-regional do trabalho, sendo tipicamente centro periferia, ou seja,
com a região Sudeste polarizando as demais.
Há uma tendência de saída do ABC Paulista, buscando menores custos de produção do interior paulista, no Vale do Paraíba
ao longo da Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo à Belo Horizonte. Estas áreas oferecem benefícios atrativos como incentivos
fiscais, menores custos de mão de obra, transportes menos congestionados e, por tratarem-se de cidades médias, melhor qualidade de
vida, característica vital quando se trata de tecnopólos.
Essa desconcentração industrial entre as regiões vem determinando o crescimento de cidades médias dotadas de boa infraestrutura e com centros formadores de mão de obra qualificada.
Percebe-se também um movimento de indústrias tradicionais (que
fazem uso intensivo de mão de obra, como a de calçados e vestuários) para o Nordeste, em busca de mão de obra barata.
Podemos chamar os fatores que influenciam a mudança de
uma empresa de uma região à outra (ou a instalação de uma empresa em determinada locação) de fatores locacionais, sendo eles:
- Legislações fiscais, tributárias e ambientais amenas;
- Vias de transporte e comunicações;
- Matéria prima abundante e barata;
- Mão de obra abundante e barata;
- Energia abundante e barata;
- Mercados consumidores;
- Incentivos fiscais;
- Infraestrutura;
- 4a fase: 1989 - hoje
Iniciada no Governo Collor com continuidade até o Governo
Fernando Henrique, esta fase marca o avanço do Neoliberalismo
no país, com sérias repercussões no setor secundário da economia.
Com a adoção do modelo neoliberal determinou-se a privatização de quase todas as empresas estatais, tanto no setor produtivo, como as siderúrgicas e a CVRD, quanto no setor da infraestrutura e serviços, como o caso do sistema Telebrás.
Os últimos anos marcaram também a abertura do mercado
brasileiro, com expressivas reduções na alíquota de Importação.
Por outro lado, houve aumento do desemprego graças à falência
de empresas e as inovações tecnológicas adotadas, pois se tornou
necessária a utilização de máquinas e equipamentos industriais de
última geração, necessários para aumentar a competitividade e resistir à concorrência internacional.
A indústria brasileira no século XXI
A indústria brasileira está estagnada, e foi responsável por
apenas 14,6% do PIB nacional, o que é ínfimo se comparando
com dados de outros países em 2010, como China (43,1%), Coreia (30,4%) ou mesmo Alemanha (20,8%). Entre os fatores que
explicam essa situação, podemos citar os altos custos dos encargos
da mão de obra (32,5% na folha); o alto custo do capital (juros
e “spreads” bancários); a apreciação do câmbio, que aumentou a
concorrência, em nosso mercado interno, com produtos importados; os custos elevados dos insumos; a necessidade de investimentos na infraestrutura do país; a necessidade de uma política de
inovação.
Grandes potências como Estados Unidos e Japão continuam
sofrendo os efeitos da recessão, fazendo com que o Brasil, que tem
uma economia dependente de capitais externos, apresente fortes
reflexos dessa crise. Outro grande problema é o fato de que a balança comercial brasileira é suscetível à preços internacionais mais
baixos das matérias primas que o Brasil exporta, e aos preços mais
altos de mercadorias que o país importa, como o petróleo.
A dependência da indústria brasileira não é só do capital, mas
também da tecnologia estrangeira, já que o país ocupa o 43° lugar
no ranking mundial de tecnologia da ONU, o que atinge diretamente o desempenho industrial do país.
Didatismo e Conhecimento
Classificação das Indústrias
Podemos classificar as indústrias com base em vários critérios, porém o mais utilizado é o que leva em consideração o tipo e
destino do bem produzido:
a) Indústrias de base: produzem bens que dão a base para o
funcionamento de outras indústrias, ou seja, as chamadas matérias
primas indústrias ou insumos industriais, como o aço;
b) Indústrias de bens de capital ou intermediárias: produzem
equipamentos necessários para o funcionamento de outras indústrias, como as de máquinas;
c) Indústrias de bens de consumo: produzem bens para o consumidor final, e são subdividas em:
c1) Bens duráveis: são as que produzem bens para consumo
em longo prazo, como automóveis.
c2) Bens não duráveis: produzem bens para consumo geralmente imediato, como as de alimentos.
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GEOGRAFIA
Agricultura e os fatores naturais
Há outros critérios classificatórios, como:
1. Maneira de produzir:
- Indústrias extrativas;
- Indústrias de processamento ou beneficiamento;
- Indústrias de construção;
- Indústrias de transformação ou manufatureira;
Clima
Embora a agricultura não dependa unicamente das condições
climáticas, a verdade é que elas assumem importância fundamental para a prática agrícola. A existência de variados tipos climáticos
no País (equatorial, tropical, de altitude, subtropical e semi-árido)
permite uma boa diversificação da produção agrícola, podendo-se
cultivar desde os vegetais tipicamente tropicais até aqueles próprios de áreas temperadas, como é o caso do trigo, que é o mais
cultivado no Centro-Sul do País. Devido ao predomínio de climas
tropicais, é natural que nossa agricultura seja baseada no cultivo
de vegetais típicos desse clima, como é o caso do café, da canade-açúcar, do cacau, do algodão e outros.
2. Quantidade de matéria prima e energia utilizadas:
- Indústrias leves
- Indústrias pesadas
3. Tecnologia empregada:
- Indústrias tradicionais
- Indústrias dinâmicas.
AGRICULTURA BRASILEIRA
Solo
As atividades econômicas agrárias, também denominadas primárias, são aquelas próprias do campo, do meio rural: a agricultura, a pecuária e o extrativismo. Elas estão voltadas para a produção de alimentos ou de matérias-primas a serem transformadas
pela atividade secundária - a indústria.
A camada superficial da litosfera, formada por rocha decomposta, e onde há vida microbiana, é o que definimos como solo.
As transformações físico-químicas criam aí condições favoráveis
a nutrição e desenvolvimento das plantas e espécies vegetais de
modo geral. Seu processo de formação é denominado pedogênese,
sendo lento e complexo, dependendo da rocha matriz, do clima,
das características do relevo e da matéria orgânica presente.
A espessura do solo varia e ele tem ciclo evolutivo: há solos
jovens, maduros e senis. Uma vez degradados, é difícil recuperá
-los. Devido à diversidade de nossa geologia e condições climáticas, o Brasil possui vários tipos de solos agrícolas, considerados,
de modo geral, muito ácidos e frágeis, ao contrário do refrão comumente utilizado deque no Brasil “se plantando tudo dá”. Sendo
assim, para que sejam utilizados de forma eficiente, os solos brasileiros têm que ser corrigidos de maneira correta quanto à acidez
ou composição química.
- Massapê ou Massapé: solo escuro e resultante da composição do ganisse e do calcário. É um solo de elevada fertilidade
natural, encontrado na Zona da Mata Nordestina, onde, desde o
período Colonial, é utilizado para o plantio da cana-de-açúcar.
- Terra Roxa: solo castanho avermelhado, resultante da decomposição do basalto. É também um solo de elevada fertilidade,
de origem vulcânica, encontrado no Planalto Meridional e utilizado para diversos cultivos, com destaque para o café.
- Solo de Várzea: trata-se de um solo fertilizado pelo acúmulo
de matéria orgânica e húmus trazido pelo rio margeado por ele.
No entanto, devido às inundações constantes, restringe seu uso a
alguns produtos, tais como o arroz.
- Salmourão: solo argiloso, geralmente formado pela decomposição do granito em climas úmidos. Apresenta alguma fertilidade e é encontrado no Planalto Atlântico e no Centro Sul do País.
A importância da agricultura no Brasil
A agropecuária no Brasil emprega mais de 25% da mão de
obra do país - ou seja, da PEA (população economicamente ativa). Porém, mesmo empregando cerca de 25% dos trabalhadores, a
agropecuária é responsável por apenas 9% do PIB (produto interno
bruto) do país.
Por outro lado, a agricultura é responsável por cerca de 25%
da renda das exportações nacionais. A importância da agricultura
brasileira é observada sob diferentes aspectos:
- Abastecer uma população urbana que cresce em ritmo acelerado;
- Gerar excedentes para exportação.
Dos 8,5 milhões de km2 que o país possui apenas 44% são
explorados com atividades agropecuárias.
As áreas com lavouras (temporárias e permanentes) abrangem
cerca de 475.000 km2, o que corresponde a aproximadamente 5%
da área total do país.
O subaproveitamento do espaço agrícola no país é reflexo,
entre outros fatores, da ausência histórica de uma política agrícola adequada. No Brasil, as frágeis políticas agrícolas adotadas
nos últimos governos acabaram por determinar que vastos espaços
agricultáveis fossem transformados em um instrumento especulativo financeiro: mais valia deixar a terra valorizar do que explorá-la.
Ao mesmo tempo, em um país tão rico em terras cultiváveis,
uma porção considerável da população ainda passa fome; o Brasil
frequentemente importa alimentos. Importamos vários produtos,
entre eles o de maior valor, o trigo.
Plantar custa caro e envolve riscos. Por décadas, os incentivos
à agricultura foram setoriais, privilegiando, sobretudo, as produções voltadas para o mercado externo. Esses sectores agrícolas se
modernizaram.
Infelizmente, no Brasil persiste ainda a baixa produtividade, o
sub emprego e a pobreza no campo.
Didatismo e Conhecimento
Problemas dos Solos
Há diversos problemas que afetam os solos brasileiros, mas
os mais comuns são: erosão, esgotamento, laterização e lixiviação.
Esses provocam graves consequências que decorrem das características climáticas (quentes e úmidos) e das técnicas agrícolas
empregadas (rudimentares). Apesar de limitadas, as medidas atual45
GEOGRAFIA
mente adotadas para combater tais problemas são: terraceamentos,
curvas de nível, aplicação de adubos, irrigação e reflorestamento.
Tais práticas são mais difundidas nas regiões Sudeste e Sul do País.
- Erosão e esgotamento dos solos: são provocados, sobretudo, pelas características climáticas predominantes no país, isto é,
maior concentração das chuvas durante o verão, e também pelo
predomínio de técnicas rudimentares de cultivo: plantio em encostas de morros, inadequação dos vegetais às condições naturais, etc.
- Laterização: processo característico das regiões intertropicais de clima úmido e estações chuvosa e seca alternadas. Consiste
na remoção da sílica e no enriquecimento dos solos em óxidos de
ferro e alumínio, originando a formação de uma “crosta ferruginosa” capaz de impedir ou dificultar a prática agrícola. Esta crosta é
conhecida também como “canga” e aparece em grandes extensões
dos chapadões do Centro-Oeste e na Amazônia.
- Lixiviação: é a «lavagem» que ocorre nos solos das regiões
tropicais úmidas, quando as chuvas intensas atravessam os solos
de cima para baixo, carregando os elementos nutritivos superficiais.
- Áreas de lavouras, pastagens, matas e terras não aproveitadas em relação à área total do território. Nos últimos anos, a área
ocupada pelas atividades agropecuárias tem aumentado, embora
a maior parte do território (73%) encontre-se ocupada por terras
não-aproveitadas. Em relação à área total dos estabelecimentos
agropecuários, verifica-se que as lavouras, pastagens, matas e terras não-aproveitadas ocupam cerca de 40% das terras brasileiras.
Suas terras estão utilizadas da seguinte maneira: áreas de lavouras,
pastagens, matas e terras não-aproveitadas em relação à área total
dos estabelecimentos agropecuários.
O Uso da Terra
Há uma correlação entre o tipo de utilização agrária e o tamanho da propriedade. Assim, as grandes propriedades dedicam-se,
em geral, ao cultivo de produtos voltados para a exportação (café,
cana-de-açúcar, cacau, soja, algodão), à pecuária e ao extrativismo
vegetal. Já as pequenas propriedades se caracterizam pelo desenvolvimento de cultivos comerciais e de subsistência, como arroz,
feijão, milho, mandioca e produtos hortifrutigranjeiros em geral.
Produtividade Agrícola
Combate aos problemas do solo
O aumento da produção agrícola deve-se:
- à expansão das fronteiras agrícolas em direção a Rondônia
e Mato Grosso;
- à maior utilização de insumos industriais, apesar do seu alto
custo para os agricultores;
- às altas cotações de alguns produtos no mercado nacional e
internacional, como o café, alaranja, o algodão, o arroz, a cebola
e outros;
- à expansão da mecanização, principalmente em lavouras comerciais como a da soja e do trigo no Centro-Oeste e no Sul do
País. Entretanto, em algumas áreas do Brasil, ainda são registradas
baixas taxas de produtividade, o que pode ser explicado por vários
motivos:
- uso inadequado e insuficiente de adubos, fertilizantes e defensivos agrícolas;
- crédito rural voltado, sobretudo para os grandes proprietários do Sudoeste e do Sul;
- baixa mecanização;
- escassez de pesquisas agronômicas básicas;
- baixas rendas e más condições de vida do trabalhador rural.
O Governo, por meio de vários programas específicos e de órgãos
como a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), pretende aumentar a produtividade agrícola. Para isso, aponta
as seguintes metas:
- estímulo às pesquisas em Engenharia Rural;
- aumento da assistência técnica, sobretudo aos pequenos proprietários;
- desenvolvimento de novas técnicas de plantio, colheita, seleção de sementes, etc.;
- aumento do crédito rural;
- estímulo à formação de cooperativas;
Existem várias técnicas agrícolas que podem combater os problemas dos solos, tais como: o rotação de solos e de culturas, podendo haver também a associação da agricultura com a pecuária;
- adubação adequada;
- terraceamento;
- curvas de nível;
- reflorestamento;
- irrigação adequada.
Os efeitos do uso do solo
Preservar árvores é um bom método para a conservação do
solo. A prática primitiva da queimada e o uso irracional do espaço
agrícola são destrutivos. Não é recomendável que a floresta seja
substituída por campo ou por cultivo dos produtos, porém, no Brasil, uma prática desenvolvida por técnicas agrícolas consiste em
aproveitar os restos vegetais da própria mata para “forrar” o solo
e plantar, como técnica de sombreamento, espécies de produtos
entre as árvores nativas. É um sistema do tipo “corredor” com racionalização de cultivo móvel e a ideia é manter a capacidade produtiva do solo. A substituição gradual de árvores não produtivas
por árvores comerciais é um outro método de conservação, mas
este pode trazer o perigo das monoculturas, ao menos que o processo de substituição seja limitado a determinadas proporções. Os
efeitos destrutivos das enchentes, por outro lado, e os benefícios
da água e dos minerais dissolvidos, difundem-se em uma extensa
área pelos sistemas de irrigação. Em muitas regiões, as medidas
para irrigar o solo precisam ser combinadas com a drenagem do
mesmo, no caso de excesso de água.
Principais problemas da agricultura
- criação do Pro várzeas e do Projeto Cerrado. O Pro várzeas
Nacional é um programa agrícola criado em junho de 1981, que
pretende utilizar as terras férteis das várzeas e, por meio de irrigação, obter maior produtividade. O programa baseia-se na existência de pelo menos 3 milhões de hectares de várzeas irrigáveis,
ainda sem qualquer aproveitamento. Grande parte dessa área está
- Subaproveitamento do Espaço Agrícola
O Brasil apresenta subaproveitamento de suas terras agrícolas, já que, apesar de possuir 8.547.403 km2, ocupa apenas cerca
de 580.000 km2 com lavouras e 1.750.000 km2 com pastagens.
Didatismo e Conhecimento
46
GEOGRAFIA
na bacia do rio Solimões (Amazônia). O Governo Federal criou,
também, o Profir (Programa de Financiamento de Equipamentos
de Irrigação).
a independência entre a dimensão, a situação geográfica do imóvel
e seu aproveitamento. Os conceitos de latifúndio e minifúndio são
definidos em função do módulo rural adotado na região.
- Módulo rural: área explorável que, em determinada posição
do País, é direta e pessoalmente explorada por um conjunto familiar equivalente a quatro pessoas, correspondendo a mil jornadas
anuais. A força de trabalho do nível tecnológico adotado naquela
posição geográfica e, conforme o tipo de exploração considerado
proporcione um rendimento capaz de assegurar-lhe a subsistência
no processo social e econômico. Segundo o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), é o mínimo de terras
que uma família de 4 pessoas necessita para sua manutenção. O
módulo rural varia conforme o desenvolvimento da região, sendo
menor quanto maior o desenvolvimento.
- Minifúndio: será todo o imóvel com área explorável inferior
ao módulo rural fixado para a respectiva região e tipos de exploração nela ocorrentes.
- Latifúndio por dimensão: será todo o imóvel com área superior a 600 vezes o módulo rural médio fixado para a respectiva
região e tipos de exploração nelas ocorrente.
- Latifúndio por exploração: será todo o imóvel cuja dimensão não exceda aquela admitida como máxima para empresa rural,
tendo área igual ou superior à dimensão do módulo da região, mas
que seja mantida inexplorada em relação às possibilidades físicas,
econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou que seja
deficiente, ou inadequadamente explorada de modo a vedar-lhe
a classificação como empresa rural. Atualmente, a estrutura fundiária brasileira tem-se caracterizado por um parcelamento das
propriedades, oque traz como consequência um crescimento do
número de latifúndios:
- 1960 - 3.337.000 estabelecimentos
- 1980 - 5.045.000 estabelecimentos Além desse fracionamento verifica-se uma concentração de terras nas mãos dos latifundiários.
- 1960 - 7l. 000.000 ha
- 1980 - 164.500.000 há Considerando-se a distribuição dos
estabelecimentos rurais por região, observam-se diferenças significativas.
Armazenamento e Transporte
Embora de forma indireta, esses dois fatores estão profundamente inseridos em atividades agrícolas. Só para citar um exemplo, em determinadas regiões, chega-se a perder grande parcela
de produção agrícola por falta de transporte e/ou armazenamento
adequado. Tais dificuldades facilitam a ação dos intermediários e
especuladores, diminuindo a lucratividade do homem do campo
e aumentando o custo dos alimentos ao consumidor. Segundo os
últimos levantamentos, o Brasil é o campeão do desperdício, calculado, em alguns casos, em cerca de 30% da safra. Em valores,
estima-se que o desperdício alcance 5 bilhões de dólares por ano.
- Alqueire: medida agrária que corresponde em GO, MG e RJ
a 48.000 m2 e em SP a 24.000 m2.
- Hectare: unidade de medida agrária equivalente a cem acres
ou ainda a um hectômetro quadrado 10.000 m2.
- Pedogênese: processo de formação do solo onde se percebe
a decomposição da rocha original, acúmulo de matéria orgânica e
formação de húmus.
- Terraceamento: técnica agrícola que se constituiu em aproveitar-se de curvas de nível de degraus (terraços). Típico da Ásia
Oriental.
- Curva de nível: linha imaginária que une todos os pontos da
mesma altitude, acima ou abaixo de uma referência conhecida. O
mesmo que curva altimérrica, isópsa.
Estrutura fundiária
A expressão “estrutura fundiária” engloba o número e tamanho das propriedades rurais, segundo as categorias dimensionais.
Nesse campo, o Brasil enfrenta sérias dificuldades. Nossa estrutura
fundiária é herança de um passado colonial, com predomínio das
grandes propriedades (plantations) voltadas para atender às necessidades do mercado externo. Até hoje os grandes latifúndios
são maioria na área rural, geralmente subaproveitados. Podemos
concluir que: a) Os pequenos estabelecimentos predominam em
número (50,3%), enquanto sua área é insignificante (2,5%). b)
Os grandes estabelecimentos (mais de 1.000 ha) ocupam quase a
metade da área rural (45%), representando apenas 1,2% das propriedades; ou, simplificando: há muita gente com pouca terra e
muita terra com pouca gente, oque demonstra a concentração fundiária. Note que tanto o minifúndio (pequena propriedade) quanto
o latifúndio são responsáveis por um desperdício de recursos, já
que: a) No latifúndio, nem todo o espaço é aproveitado, havendo,
portanto, desperdício de terras e capital. No minifúndio, há mão de
obra ociosa, pois a terra é escassa. Os pequenos proprietários respondem por mais da metade da produção de alimentos do Brasil, e
são os que menos assistência recebe do governo. Os conceitos de
latifúndio e minifúndio serão definidos em função do módulo rural
adotado na região gráfica e de seu uso.
Assim, uma grande propriedade dentro da Amazônia, embora
não aproveitada com alguma atividade, é menos prejudicial que
outra propriedade bem menor e mal aproveitada próxima a São
Paulo. Por este motivo, surgiu a ideia de módulo rural (Estatuto
da Terra, Lei n° 4.504 de 30/11/64), criado para estabelecer uma
unidade legal de medida das propriedades, onde se leva em conta
Didatismo e Conhecimento
Região Norte
Caracteriza-se por possuir o mais baixo índice de área ocupada por estabelecimentos rurais do Brasil. Além disso, apresenta
o predomínio de grandes propriedades (mais de 1.000 ha). Com
relação à utilização do solo, a porcentagem em matas incultas é,
naturalmente, a mais elevada do País. Esta situação determina a
economia extrativa vegetal, principal atividade da região. As grandes, médias e pequenas propriedades, estão assim distribuídas: a)
Grandes propriedades: Sudoeste do AM e AC - extrativismo, borracha; Sudoeste do PA - extrativismo, castanha-do-pará; Ilha de
Marajó e AP - pecuária; Norte de TO - pecuária de corte. Médias
e pequenas propriedades: PA (Zona Bragantina) - pimenta-do-reino, malva, juta, cacau e fumo; AM (vale médio do rio Amazonas)
- juta; PA, AM e AC, ao longo da Transamazônica, agrovilas e
culturas diversificadas.
Região Nordeste
Apresenta o maior número de estabelecimentos agrícolas e o
maior consumo de pessoas ocupadas nas atividades agropecuárias.
Predominam as propriedades entre 200 e 2.000 ha. Na utilização
da terra, sobressaem-se as pastagens. As principais áreas agrícolas
47
GEOGRAFIA
situam-se na faixa costeira oriental. A zona do Agreste é ocupada
por culturas voltadas para o consumo urbano, enquanto no Sertão
encontra-se a criação de gado extensiva, ocupação tradicional. As
grandes, médias e pequenas propriedades estão assim distribuídas:
a) Grandes propriedades: Sertão - pecuária; Zona da Mata Nordestina - cana-de-açúcar; MA e PI - extrativismo vegetal; BA (litoral
sul) cacau. b) Pequenas e médias propriedades: Vale do São Francisco - arroz e cebola; CE (sul-sertão) - algodão; Agreste-algodão,
agave.
- Mecanização.
- Grande rendimento.
- Produção elevada por hectare.
- Mão de obra abundante e qualificada.
Terra escassa
O sistema intensivo pode ser caracterizado pela menor dependência do agricultor às condições naturais. Quanto menor a dependência, mais intensivo será o sistema agrícola.
Região Centro-Oeste
Sistema Extensivo
- Desmatamento e coivara.
- Esgotamento dos solos.
- Rotação de solos.
- Pequeno rendimento.
- Produção por trabalhador.
- Terra abundante.
- Mão de obra escassa e não-qualificada. Dentro do sistema
extensivo surge o termo “roça” ou itinerante, onde as técnicas utilizadas são bastante rudimentares com pouco ou nenhum adubo, levando a terra ao esgotamento e, posteriormente, ao abandono. No
Brasil, o sistema de roça é largamente encontrado, apresentando
como resultado uma agricultura de baixos rendimentos e produção
irregular.
É também uma região com alta proporção de estabelecimentos
com mais de 10.000 ha, porém predominamos grandes estabelecimentos entre 1.000 ha e 10.000 ha, dedicados à pecuária. Quanto
à utilização da terra, dominam largamente as pastagens: esta é a
região que apresenta a maior área ocupada por estabelecimentos
agropecuários no Brasil, apesar de possuí-los em menor número.
É, por excelência, a área de criação de gado bovino no Brasil, realizada em sistema extensivo nos largos chapadões do cerrado e no
Pantanal Mato-Grossense. As grandes, médias e pequenas propriedades estão assim distribuídas: a) Grandes propriedades: MT (parte norte) - extrativismo vegetal; MS e MT (pantanal) - pecuária;
GO, MS e MT (áreas dispersas no interior) - pecuária. b) Médias
e pequenas propriedades: MS (sul, região de Dourados) - culturas
diversificadas: café, milho e soja; GO (Ceres) - culturas diversificadas.
Plantation
- Predominantemente em áreas tropicais.
- Monocultura.
- Grandes estabelecimentos.
- Capitais abundantes.
- Mão de obra numerosa e barata.
- Alto nível tecnológico.
- Trabalho assalariado.
- Aproveitamento agroindustrial da produção.
Região Sul
Quanto à área ocupada, predominam no Sul as pequenas e médias propriedades. Assim como a região Sudeste, esta região também destina parte de sua produção à indústria alimentícia, como
carnes, milho, soja e outros itens. As grandes, médias e pequenas
propriedades estão assim distribuídas: a) Grandes propriedades:
PR (norte) - soja e café; PR (Mata de Araucária) - extrativismo
madeira; RS (Campanha Gaúcha) - pecuária; RS e PR - áreas de
cultura de trigo. b) Médias e pequenas propriedades: RS, PR e SC
(áreas de povoamento europeu) vinhedos, trigo, batata, arroz, milho, etc.
Cultivos destinados à exportação.
1. Grande rendimento.
O sistema de plantation foi introduzido no Brasil na época
colonial, com o cultivo da cana-de-açúcar. No entanto, até hoje,
este sistema é utilizado no cultivo do café, do cacau, da laranja, da
soja e da própria cana.
Sistemas Agrícolas
2. Exploração da Terra
Distinguem-se no Brasil as seguintes modalidades de exploração da terra:
• Exploração direta: quando é realizada pelo proprietário da
terra;
• Exploração indireta: pode ser por meio de:- arrendamento
- quando a terra é alugada por um certo tempo e preço; - parceria
- quando, por meio de contrato, a terra é cultivada e a produção é
repartida na proporção estipulada entre as partes. A forma mais comum é a meiação (metade), havendo também outras, como a terça,
etc. Nesta modalidade há também os “posseiros” ou ocupantes,
lavradores sem terras que ocupam uma área para poder plantar.
Os assalariados podem ser mensalistas ou diaristas. Deste último
grupo fazem parte os boias-frias.
Sistema agrícola é a combinação de técnicas e tradições utilizadas pelo homem nas suas relações com o meio rural para obter
os produtos de que necessita. No Brasil são aplicados no campo
vários tipos de sistemas agrícolas. O sistema extensivo é o mais
utilizado: apenas em certas áreas, como no Sul e Sudeste, são encontradas propriedades utilizando com mais frequência o sistema
intensivo. Também os sistemas chamados de roça e plantation são
antigos no Brasil e até hoje empregados. Veja abaixo os principais
sistemas e suas características.
Sistema Intensivo
- Uso permanente do solo.
- Rotação de cultivos.
- Fertilizantes.
- Seleção de sementes.
- Seleção de espécies.
Didatismo e Conhecimento
- Reforma Agrária
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GEOGRAFIA
Principais produtos da agricultura brasileira
Em 1930, o cultivo de cana-de-açúcar atingiu o Estado de São
Paulo, que logo se tornou o maior produtor brasileiro de cana. O Brasil é considerado o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, exportando principalmente para os Estados Unidos, Europa e Rússia.
Café Quando o café chegou ao Brasil era considerado como uma
planta ornamental.
Em 1860 o café tornou-se definitivamente importante na economia brasileira, ao chegar à região de Campinas, no Estado de
São Paulo. A partir deste fato, o café encontrou condições físicas
favoráveis para o seu desenvolvimento, tais como: solo fértil, clima tropical de altitude, planalto ondulado. Rapidamente, o café
atingiu lotes a oeste do Estado, e posteriormente ocupou o Norte
do PR, Sul de Minas e MS. O Brasil é considerado o maior produtor mundial de café.
Ultimamente, houve um crescimento do investimento na mecanização da cultura de cana, pois esta técnica traz vantagens econômicas e ambientais, porém o número de trabalhadores da indústria canavieira deve sofrer uma drástica redução.
Soja
A soja é um produto recente no Brasil, e nas últimas décadas
tem se tornado importante na produção agrícola brasileira, e nas
exportações. No Brasil, as regiões Sul e Sudeste são as principais
produtoras de soja, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor
brasileiro.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, o primeiro é os Estados Unidos.
Cacau
O cacau é um produto que nasceu no Brasil, sendo cultivado
primeiramente na Amazônia e atingindo o sul da Bahia, onde encontrou condições favoráveis para o seu desenvolvimento, como
clima quente e superúmido, solo espesso e fértil.
Atualmente, a Bahia tem o cacau como o seu principal produto agrícola, sendo o maior Estado produtor de cacau do país.
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de cacau, exportando principalmente para a Argentina, Estados Unidos, Europa e Japão.
Milho
O milho é um produto que nasceu na América, e é muito conhecido no mundo todo. No Brasil, a sua cultura está presente em
todos os Estados, sendo o Paraná o principal produtor de milho.
Mundialmente, os Estados Unidos é o maior produtor de milho, seguido da China e do Brasil.
Cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar chegou ao Brasil no século XVI através dos
portugueses. Inicialmente, este produto era cultivado principalmente na Zona da Mata Nordestina e no Recôncavo Baiano.
A cana-de-açúcar representa um importante produto na economia do Brasil.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
Trigo
É o produto alimentício mais importado pelo Brasil. Em 1993 foram 5,0 milhões de toneladas de trigo importado para o Brasil, pois o
consumo interno foi de 7,2 milhões de toneladas e a produção interna foi de 2,3 milhões de toneladas. No Brasil, o maior produtor de trigo
é o Estado do Paraná, seguido do Rio Grande do Sul.
Arroz
No Brasil encontramos a cultura de arroz em todos os estados, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor brasileiro, seguido de Minas
Gerais e Goiás. O Brasil é considerado um dos maiores produtores mundiais de arroz.
Algodão
No Brasil, o algodão começou a ser cultivado no período colonial. O Brasil ocupa a 6ª colocação dos maiores produtores mundiais de
algodão, sendo superado pela China, Rússia, EUA, Índia e Paquistão.
Principais produtos agrícolas em dados
- Culturas temporárias de ciclo curto – algodão herbáceo, alho, amendoim, arroz, aveia, batata, cebola, centeio, cevada, feijão, fumo,
juta, milho, rami, soja, sorgo, tomate e trigo.
- Cultura temporária de ciclo longo e culturas permanentes – abacaxi, algodão arbóreo, banana, cacau, café, cana-de-açúcar, castanha
de caju, coco da baía, guaraná, laranja, maçã, mandioca, pimenta do reino, sisal e uva
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
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Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
PECUÁRIA BRASILEIRA
A pecuária brasileira coloca-se entre as maiores do mundo, apesar do inúmeros problemas inseridos na criação do gado. Os baixos
níveis culturais, as práticas defeituosas, a inadequação da estrutura fundiária, as grandes distâncias, o baixo nível tecnológicos, o alto preço
dos medicamentos são fatores que pesam no rendimento da pecuária.
Apesar disso, algumas áreas do sudestes e sul apresentam resultados mais positivos e rendimentos maiores. Atualmente, cerca de 25%
do território brasileiro é constituído por pastagens naturais e artificiais. A área ocupada pelas pastagens tem aumentado de forma modesta.
As atividades econômicas são desenvolvidas no campo e na cidade. As atividades rurais estão divididas em agricultura e pecuária. No
entanto, às vezes são estudadas de forma unificada: a agropecuária.
Basicamente, pecuária é a domesticação de animais realizada por meio da aplicação de técnicas e que tem como finalidade a comercialização. Geralmente, a pecuária é vinculada somente à produção bovina, porém esta não é a única, ainda podemos citar a suinocultura,
equinocultura, avicultura, cunicultura, apicultura, piscicultura, ranicultura, entre outras.
As criações têm dois destinos: a subsistência e a comercialização. A pecuária é responsável pela produção de matérias-primas para a
indústria têxtil e de alimentos. Na produção têxtil, são fabricados couros, ossos, chifres, entre outros. Já na indústria de alimentos, a atividade
fornece carne, leite, ovos, etc.
Sem dúvida, a participação da pecuária que mais se destaca é a produção de carne e as criações fornecedoras são as de suínos, bovinos,
bufalinos, ovinos, caprinos e aves. A produção leiteira também é muito importante, o leite é extraído de bovinos, bufalinos, ovinos e caprinos.
A pecuária pode ser desenvolvida de duas formas básicas: a pecuária intensiva e a pecuária extensiva, as quais se diferenciam de acordo com o nível de tecnologia empregado na produção. Na pecuária intensiva, os animais recebem cuidados relacionados à saúde, além de
alimentação balanceada e demais cuidados, o que favorece um aumento significativo da produtividade. Já na pecuária extensiva, os animais
são criados soltos em grandes extensões de terra sem receber grandes cuidados, fatores que implicam em uma baixa produtividade.
A palavra pecuária vem do latim pecus, que significa cabeça de gado. Ela é praticada desde o período Neolítico (Idade da Pedra Polida),
quando o homem teve a necessidade de domesticar o gado para a obtenção de carne e leite.
Pecuária é a arte ou o conjunto de processos técnicos usados na domesticação e produção de animais com objetivos econômicos, feita
no campo. Assim, a pecuária é uma parte específica da agricultura.
Também conhecida como criação animal, a prática de produzir e reproduzir gado é uma habilidade vital para muitos agricultores.
Através da atividade pecuária, os seres humanos atendem à maior parte de suas necessidades de proteínas animais (com uma pequena
parte sendo satisfeita pela pesca e pela caça).
Carne (bovina, bubalina - carne de búfalo, de aves etc), ovos, leite e mel são os principais produtos alimentares oriundos da atividade
pecuária. Couro, lã e seda são exemplos de fibras usados na indústria de vestimentas e calçados.
O couro também é extensivamente usado na indústria de mobiliário e de automóveis. Alguns povos usam a força animal de bovídeos
e equídeos para a realização de trabalho. Outros também usam o esterco seco (fezes secas) como combustível para o preparo de alimentos.
A pecuária corresponde a qualquer atividade ligada a criação de gado. Portanto, fazem parte da pecuária a criação de bois, porcos, aves,
cavalos, ovelhas, coelhos, búfalos, etc. A pecuária ocorre, geralmente, na zona rural e é destinada a produção de alimentos, tais como, carne,
leite, couro, lã, etc.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
Existem dois tipos de pecuária:
EQUINOCULTURA é a parte da zootecnia especial que trata
da criação de equinos. Normalmente não tem como finalidade a
produção de alimentos, embora esse também seja um ramo explorável.
Atividade similar à equinocultura (equinocultura, no Brasil) é
a equideocultura que abrange a criação de asininos (asnos, burros,
jumentos) e de seus híbridos com o cavalo: o bardoto (cavalo com
jumenta) e a mula (jumento com égua).
Os cavalos normalmente são criados para serem vendidos e/
ou ensinados e em raros casos são usados para a produção de alimentos, já que a carne de cavalo é pouco consumida.
- Pecuária de corte: destinada à criação de rebanhos com objetivo de produção de carne para o consumo humano. Na intensiva, o
gado é criado preso ou em pequenos espaços, alimentado com ração
específica. Neste tipo de criação, a carne produzida é macia e de
boa qualidade para o consumo. Pode ser também pecuária extensiva
(o gado é criado solto e alimenta-se de capim ou grama). A carne
produzida é dura, pois o gado desenvolve uma musculatura rígida.
- Pecuária leiteira: destinada à produção de leite e seus derivados (queijos, iogurtes, manteigas, etc).
CUNICULTURA é a parte da zootecnia especial que trata da
criação de coelhos. Como atividade pecuária é o conjunto de procedimentos técnicos e práticos necessários à produção de carne,
pele e pelos de coelhos ou criação do animal em condições especiais para uso como cobaias de laboratório. Tendo de gestação,
uma coelha, 31 dias até o nascimento dos filhotes.
O Brasil é, mundialmente, um dos países mais fortes na pecuária. Em termos de quantidade de cabeças de gado, nosso país
encontra-se na liderança. Somos também um dos maiores exportadores de carne de boi e frango, sendo que os países asiáticos e
europeus são os principais importadores da carne brasileira. Com
relação ao leite, os estados de Minas Gerais e São Paulo destacamse na produção nacional.
APICULTURA é a criação de abelhas para produção de mel e
cera e também é a parte da zootecnia especial dedicada ao estudo
e à criação de abelhas para os seguintes fins: produção de mel,
própolis, geleia real, pólen e veneno. Além disso, as abelhas são
ótimas polinizadoras.
Atualmente, técnicas de inseminação artificial e clonagem
tem sido aplicadas na pecuária, gerando excelentes resultados na
qualidade e na produção de carne, leite e seus derivados.
Importância da Pecuária no Brasil
PISCICULTURA é uma atividade multidisciplinar que se refere ao cultivo de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos,
crustáceos e plantas aquáticas.
No decorrer de sua expansão geográfica, a pecuária desempenhou importante papel no processo de povoamento do território brasileiro, sobre tudo nas regiões Nordeste (sertão) e Centro
– Oeste, mas também no sul do país (Campanha Gaúcha).
O Rebanho Bovino representa a principal criação do país, e
apresenta como características:
O rebanho brasileiro é na maior parte de baixa qualidade, e,
portanto de baixo valor econômico;
A relação bovino/habitante no Brasil é muito baixa quando
comparado à países Argentina, Austrália e Uruguai.
A idade média do gado para abate no Brasil é de 4 anos, muito
elevada em relação a países como Argentina, E.U. A e Inglaterra
(cerca de 2 a¬nos)
-O peso médio também é muito baixo ainda, 230 a 240 quilos,
contra mais de 600 quilos na Argentina, E.U. A e Inglaterra.
Como consequência dos fatores idade e peso, ocorre que a
taxa de desfrute (percentual do rebanho abatido anualmente) no
Brasil é muito baixa, cerca de 15% a 20% contra 30% da média
mundial e 40% dos E.U. A
A pecuária brasileira é caracterizada pelo baixo valor econômico e pelo mau aproveitamento do potencial do rebanho, resultantes principalmente de deficiências tecnológicas tais como:
-Zootécnicas: falta de aprimoramento racial; - Alimentos: deficiência das pastagens (a maior parte é natural) e de rações complementares;
-Sanitário: elevada incidência de doenças infectocontagiosas
e precária inspeção sanitária.
Principais áreas de Criação Região Sudeste. Possui o 2º maior
rebanho bovino do país distribuídos em M.G., S.P., R.J. e E.S.
Nesta região predomina a raça zebu (Nelore, Gir, Guzerá),
aparecendo raças europeias e mistas, destinadas tanto ao corte
como a produção de leite.
Didatismo e Conhecimento
RANICULTURA refere-se a criação de rãs.
OVINOCULTURA E CAPRINOCULTURA é a parte da zootecnia que trata do estudo e da criação de ovelhas, de ovinos. Atividade destinada à produção de alimento, na forma de carne e leite,
e de outros produtos, tais como lã e pele. Da ovelha pode ser chamado no masculino por carneiro e quando pequeno como cordeiro,
anho ou borrego, é um mamífero ruminante bovídeo da subfamília
Caprina e, que também inclui a cabra.
O Brasil destaca-se por ter uma das maiores pecuárias do
mundo, embora este setor apresente alguns problemas relacionados à criação do gado.
Alguns fatores afetam o rendimento da pecuária brasileira,
tais como: baixos níveis culturais, práticas defeituosas, inadequação da estrutura fundiária, grandes distâncias, baixo nível tecnológico, alto preço dos medicamentos.
Aproximadamente 25% do território brasileiro é formado por
pastagens naturais e artificiais, tal área vem crescendo moderadamente.
O rebanho bovino brasileiro apresenta 161 milhões de cabeças, sendo insuficiente os pastos para alimentá-los.
Mas este problema tem solução, pois as condições climáticas
brasileiras são favoráveis.
O Brasil possui dois tipos de criação de gado, são elas:
53
GEOGRAFIA
1. Intensiva – suas características são:
- áreas limitadas
- rebanhos escassos
- alto rendimento
- aplicação de métodos científicos
- destinada á produção de leite
- proximidade dos grandes centros urbanos
Exemplo: Vale do Paraíba, Sul de Minas Gerais etc.
2. Extensiva – suas características são:
– grandes áreas
– gado criado á solta
– pastagens naturais
– sem aplicação de técnicas adiantadas de criação
– baixo rendimento
– destinada ao corte (carne)
– numero de cabeças por hectares reduzidos
Exemplo: Triângulo Mineiro, Campanha Gaúcha etc.
A pecuária brasileira é em sua maior parte do tipo extensiva, com baixo valor econômico, devido aos inúmeros problemas que já foram
mencionados anteriormente. O rebanho brasileiro é um dos maiores do mundo, ultrapassando as 250 milhões de cabeças.
Gado Bovino
O rebanho bovino do Brasil apresenta 161 milhões de cabeças, um dos maiores do mundo, embora tenha um baixo rendimento na
produção.
Este tipo de gado, mesmo apresentando um baixo rendimento na produção de carne, é o que apresenta melhor resistência às dificuldades
físicas, e à falta de cuidados na criação extensiva.
Didatismo e Conhecimento
54
GEOGRAFIA
Principio Áreas de Criação
Região Sudeste
1995 – apresenta 37 milhões de cabeças, considerado o segundo maior rebanho de gado bovino brasileiro.
- Pecuária de Corte
Este tipo de pecuária concentra-se principalmente em Minas Gerais (23,6 milhões) e em São Paulo (15,4 milhões), sendo estes os dois
principais Estados criadores.
A pecuária de corte está distribuída da seguinte maneira:
- em São Paulo: Alta Sorocabana (Presidente Prudente) e Alta Noroeste (Araçatuba).
- em Minas Gerais: Triângulo Mineiro, Região de Montes Claros, Médio Jequitinhonha.
- no Espírito Santo: Extremo Norte.
Considerando o regime de exploração, há algumas diferenças entre essas áreas:
- em São Paulo destaca-se a atividade de engorda (invernadas).
- em Minas Gerais destaca-se a produção e comercialização de animais de raça pura, sobretudo reprodutores zebuínos.
- no Espírito Santo destaca-se a atividade de cria e recria de gado.
- Pecuária Leiteira
As principais bacias leiteiras do Brasil estão nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro (Região Sudeste). O principal
objetivo desses produtores é abastecer os maiores centros consumidores do Brasil.
O rebanho leiteiro apresenta aproximadamente 8,2 milhões de cabeças, ou seja, de vacas ordenhadas no Sudeste.
A pecuária leiteira está distribuída da seguinte maneira:
- em São Paulo: Vale do Paraíba, Região de São João da Boa Vista, Região de São José do Rio Pardo – Mococa, Região de Araras –
Araraquara.
- no Rio de Janeiro: Vale do Paraíba, Norte Fluminense.
- em Minas Gerais: Sul de Minas Gerais, Zona da Mata Mineira, Bacia leiteira de Belo Horizonte, Alto Parnaíba.
Região Centro-Oeste
É a maior região em criação de gado bovino, na qual é praticada no sistema extensivo. Apresenta cerca de 55 milhões de cabeças, distribuídas entre os estados de Goiás, Mato Grosso de Sul e Mato Grosso.
Didatismo e Conhecimento
55
GEOGRAFIA
A pecuária é totalmente destinada ao corte.
As áreas produtoras de destaque são: Zona do Pantanal, Sudeste de Goiás, Vale do Paranaíba, sul do Mato Grosso do Sul.
Região Sul
É a região que apresenta o 3º maior rebanho brasileiro, tendo 26,6 milhões de cabeças. O rebanho da região Sul destaca-se pela sua
qualidade, devido às condições físicas favoráveis da região.
As criações de gado são destinadas à produção de leite e ao corte.
As áreas de criação mais importantes são:
- Campanha Gaúcha (RS)
- Campos de Vacaria (RS)
- Campos de Lajes (SC)
- Campos de Guarapuava (PR)
Região Nordeste
Nesta região, a pecuária é do tipo extensiva, e o rendimento da criação é baixo devido às condições físicas não favoráveis, prejudicando
a produção de carne.
As principais bacias leiteiras estão localizadas no agreste.
As áreas produtoras mais importantes estão distribuídas da seguinte maneira:
- BA – corte e leite
- Sertão do Nordeste – corte
- Batalha – AL – corte
Região Norte
A região Norte apresenta o menor rebanho brasileiro, contando com cerca de 19 milhões de cabeças de bovinos e 1 milhão de bubalinos.
As principais áreas onde a pecuária é desenvolvida são: Ilha de Marajó, Alto Rio Branco e litoral do Amapá.
Didatismo e Conhecimento
56
GEOGRAFIA
Gado Ovino
3. REDES, FLUXOS E OS RECORTES
ESPACIAIS REGIONAIS
● Espaço urbano: ritmos e características
do processo de urbanização; metropolização e as
formas espaciais resultantes; critérios de definição de aglomerado urbano; hierarquia urbana e
rede de cidades; a estrutura interna das cidades;
as condições de vida no meio urbano; modernização e exclusão no espaço citadino; as múltiplas
formas da segregação socioespacial; movimentos
sociais urbanos; o papel do setor de comércio e
de serviços no espaço urbano e sua importância
na absorção de força de trabalho e na geração de
renda;
● Fluxos: os circuitos mundiais de circulação
de mercadorias; o sistema financeiro internacional e os fluxos globais de capital; movimentos
populacionais e as questões econômicas, políticas
e culturais associadas; circulação de
informações e ciberespaço;
● Redes técnicas: conexões entre locais de produção e de consumo e entre locais de moradia e
de trabalho; o papel das redes de transportes e de
comunicações na dinâmica da economia e na organização do espaço; redes de produção e
transmissão de energia;
● Recortes regionais: regionalização e
unidades regionais no mundo; blocos regionais
de comércio internacional; estruturação econômica, regionalização e unidades regionais no Brasil;
organização espacial, social e econômica do estado do Rio de Janeiro.
No Brasil existem 18,3 milhões de cabeças de ovinos, sendo
que a sua criação é destinada especialmente à produção de lã.
O maior rebanho ovino brasileiro está concentrado no Rio
Grande do Sul, contando com mais da metade da totalidade do
país, seguido da Bahia que conta com mais de 2 milhões de cabeças, destinas à produção de carne.
Gado Suíno
O Brasil apresenta o 5º maior rebanho suíno mundial. Podemos encontrar criação de gado suíno por todo Brasil, concentrando-se principalmente nas regiões Sul, Nordeste e Sudeste.
Diferentemente do gado bovino, que é criado normalmente
em grandes propriedades, o gado suíno é criado em pequenas e
médias propriedades.
Os principais estados produtores são: Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Maranhão.
Pecuária tradicional e moderna
Tradicional:
Está muito associada à agricultura tradicional, pois normalmente os agricultores também praticam pecuária tradicional, os
animais fornecem estrume para a fertilização dos campos, pois
ajuda no trabalho agrícola.
Produzem pequenas quantidades de produtos de origem animal, e uma grande variedade de espécies animais, mas em pequena
quantidade porque o objectivo é o auto consumo.
Moderna:
A pecuária moderna é de carácter comercial e possui um elevado grau de intensidade e de especialização. A pecuária moderna
pode ser intensiva e extensiva:
- A intensiva desenvolve-se mais nos países industrializados,
é uma criação de gado em espaços fechados, e têm condições para
manter esta maneira de pecuária (controlo dos sanitários, há rações
vitamínicas para os animais, há condições de temperatura adequada, etc.
- A extensiva pratica-se na Austrália, EUA, Argentina e no
Brasil. Cria-se o gado em grandes espaços cercados, pastando em
liberdade e utilizando o mínimo de mão de obra.
Didatismo e Conhecimento
URBANIZAÇÃO NO BRASIL
Urbanização
O processo de urbanização no Brasil vincula-se a transformações sociais que vêm mobilizando a população dos espaços rurais
e incorporando-a à economia urbana, bem como aos padrões de
sociabilidade e cultura da cidade. A inserção no mercado de trabalho capitalista e a busca por estratégias de sobrevivência e mobilidade social implicam na instalação em centros urbanos e em uma
mobilidade espacial constantemente reiterada, que se desenrola no
espaço da cidade ou tem nela sua base principal.
A maioria dos brasileiros vivem em cidades. Isso significa que
pouco resta da sociedade rural que caracterizava o país nos anos
1940, quando cerca de 70% da população brasileira morava no
campo.
O processo de urbanização no Brasil difere do europeu pela
rapidez de seu crescimento. Ao passo em que na Europa esse processo começou no século 18, impulsionado pela Revolução Industrial, em nosso país ele só se acentuou a partir de 1950, com a
intensificação da industrialização.
57
GEOGRAFIA
O êxodo rural aumentou na década de 70 do século 20, com
a cidade de São Paulo assumindo a posição de principal polo de
atração. Por conta desse crescimento descontrolado nos últimos
30 anos, 40 municípios que envolvem a capital paulista estão fisicamente unidos, formando uma mancha demográfica chamada
conurbação.
d) setor de telecomunicações amplo e tecnologicamente avançado;
e) centros universitários e de pesquisa de alta tecnologia; f)
diversidade e qualidade das redes internas de transporte (vias expressas, rodovias e transporte público);
g) portos e aeroportos modernos que liguem a cidade a qualquer ponto do globo.
Megacidade e cidade global
Com base nesses aspectos, os estudiosos criaram três níveis
ou categorias de cidades, de acordo com o poder de influência desses centros urbanos: Alfa, Beta e Gama. Na atualidade são reconhecidas 55 cidades globais no planeta:
- Grupo Alfa (10 cidades de primeiro nível de importância):
Londres, Nova York, Paris, Tóquio, Los Angeles, Chicago, Frankfurt, Milão, Hong Kong e Cingapura. - Grupo Beta (10 cidades de segundo nível de importância):
São Francisco, Sidney, Toronto, Zurique, São Paulo, Cidade do
México, Madri, Bruxelas, Moscou e Seul.
- Grupo Gama (35 cidades de terceiro nível de importância):
Osaka, Pequim, Boston, Washington, Amsterdã, Hamburgo, Dallas, Dusseldorf, Genebra, Xangai, Montreal, Roma, Estocolmo,
Munique, Houston, Barcelona, Berlim, Jacarta, Johanesburgo,
Melbourne, Praga, Santiago, Taipe, Varsóvia, Atlanta, Budapeste, Buenos Aires, Copenhague, Istambul, Kuala Lumpur, Manila,
Miami, Minneapolis, Bangoc e Caracas.
“Cidade global” e “megacidade” são termos relacionados à
forte urbanização que vem ocorrendo no mundo. No entanto, embora estejam relacionados um ao outro, não podem ser confundidos, pois designam realidades diferentes.
Megacidade: O termo “megacidade” refere-se a cidades muito grandes em termos populacionais, não considerando outros
aspectos desses centros urbanos. Expressa, portanto, um aspecto
estritamente quantitativo.
Segundo dados divulgados pela Divisão de População da
ONU, em 2000 existiam 23 megacidades no planeta:
Ásia: Pequim, Xangai e Tiangin (China); Calcutá, Bombaim e
Nova Déli (Índia); Tóquio e Osaka (Japão); Seul (Coreia do Sul);
Daca (Bangladesh); Karachi (Paquistão); Jacarta (Indonésia); Manila (Filipinas); Bangcoc (Tailândia).
América do Norte e do Sul: Nova York e Los Angeles (Estados
Unidos); São Paulo e Rio de Janeiro (Brasil); Cidade do México
(México); Buenos Aires (Argentina).
África: Lagos (Nigéria); Cairo (Egito).
Europa: Moscou (Rússia).
Cidade
Cidade é uma área densamente povoada onde se agrupam zonas residenciais, comerciais e industriais. O significado de cidade
(zona urbana, ambiente urbano) opõe-se ao de campo (zona rural).
Cidade é a sede do município (cada divisão administrativa autônoma dentro de um Estado), a área onde existe concentração de habitantes. Cada Estado é composto por um conjunto de cidades, sendo
que uma delas é considerada a capital de Estado por abrigar a sede
administrativa e ser o principal centro de atividades de um Estado
ou de um conjunto de Estados (País). Uma cidade caracteriza-se
por um estilo de vida particular dos seus habitantes, pela urbanização (infraestrutura, organização, serviços de transporte, etc), pela
concentração de atividades econômicas dos setores secundário e
terciário, etc. As atividades primárias (agricultura, pecuária) são
destinadas à zona rural.
Nos países subdesenvolvidos, as megacidades são fortes polos
de atração de população e tendem a ter seus problemas econômicos e sociais agravados. As perspectivas são de que nessas nações
tenhamos, entre as décadas de 2010 e 2020, as maiores aglomerações urbanas do planeta.
Dessa forma, as metrópoles dos países desenvolvidos serão
superadas por centros urbanos muito populosos como Lagos, Karachi e Daca. Saliente-se que esse enorme contingente populacional não será atendido em suas necessidades básicas de moradia,
transporte, educação, saúde e emprego, o que aumentará significativamente a miséria nessas regiões.
Cidade global: O termo “cidade global” é usado quando fazemos uma análise qualitativa da cidade, referindo-nos ao seu grau
de influência sobre outros centros urbanos, em diferentes partes
do globo.
Uma cidade global, portanto, caracteriza-se como uma metrópole, porém sua área de influência não é apenas uma região ou um
país, mas parte considerável de nosso planeta. É por isso que as
cidades globais também são denominadas “metrópoles mundiais”.
Conforme alguns estudos demonstram, para a cidade ser considerada “global” é fundamental levarmos em conta suas atividades financeiras, administrativas, científicas e no campo da informação, o
que vincula tais centros urbanos à sua influência regional, nacional
ou mundial. Assim, uma cidade global deve apresentar:
O êxodo no rural
O êxodo rural é caracterizado pela emigração da população
residente em zona rural (campo) com destino às cidades (zonas
urbanas). Essa modalidade de migração ocorre em várias partes
do planeta, fato que intensifica o processo de urbanização dos países. No Brasil, o êxodo rural se destacou na década de 1950 e,
principalmente, durante a década de 1960, esse fato foi impulsionado pelo desenvolvimento industrial ocorrido nas cidades da Região Sudeste, atraindo pessoas em busca de empregos e melhores
condições de vida. Essa modalidade de migração é consequência
das dificuldades de manutenção da agricultura de subsistência e
a concentração fundiária, visto que o modelo econômico vigente
privilegia os grandes latifundiários através de empréstimos para
a mecanização das atividades rurais, fato que também agrava o
êxodo rural, pois a mão de obra é substituída pelo intenso processo
de mecanização das atividades agrícolas.
a) sedes de grandes companhias, como conglomerados e multinacionais;
b) bolsa de valores que possua influência na economia mundial;
c) grau sofisticado de serviços urbanos;
Didatismo e Conhecimento
58
GEOGRAFIA
O fenômeno da conurbação
Os pequenos produtores que não conseguem mecanizar sua
produção, tendo, consequentemente, baixo rendimento de produtividade, acabam em desvantagem no mercado e, muitas vezes,
vendem seus terrenos para pagarem dívidas. Outro fator de grande
relevância para o desencadeamento do êxodo rural é a atratividade que as cidades exercem sobre parte da população rural. Muitas
pessoas migram para as cidades em busca de emprego com boa
remuneração, infraestrutura e serviços (escolas, hospitais, transporte, etc.). Porém, o êxodo rural pode gerar vários problemas de
ordem socioeconômica: inchaço das cidades, moradias em locais
inadequados, superpovoamento de bairros pobres, aumento de favelas, aumento do desemprego, subemprego, violência entre outros.
Portanto, o êxodo rural pode gerar transtornos para toda
a sociedade, principalmente para as pessoas que deixaram o campo
com o intuito de obter melhores condições de vida nas cidades e
que não conseguiram atingir esse objetivo. Nesse sentido, se faz
necessária a realização de políticas públicas para solucionar esse
tipo de problema, proporcionando subsídios para os pequenos produtores rurais, maiores investimentos nas atividades do campo,
além de estruturação (hospitais, escolas, etc.) de municípios com
maioria da população rural, evitando a migração por motivos de
ausência de determinados serviços.
Conurbação é um termo usado para designar um fenômeno
urbano que acontece a partir da união de duas ou mais cidades/
municípios, constituindo uma única malha urbana, como se fosse
somente uma única cidade. A partir da unificação, as cidades envolvidas começam a utilizar de maneira conjunta os mesmos serviços de infraestrutura, formando uma malha urbana contínua. O
fenômeno de conurbação ocorre quando as áreas rurais dos municípios vão sendo tomadas pelas edificações urbanas, desse modo,
expande-se até “chocar” com outra cidade.
Os limites municipais quase não são percebidos, por isso
dificulta a identificação precisa de onde termina ou começa um
município. Esse processo não determina a inexistência de zonas
rurais, muitas vezes são identificadas pequenas propriedades rurais voltadas para a produção hortifrutigranjeira - produtos que
são comercializados no mercado local. No Brasil, esse fenômeno é
identificado entre a capital do Estado de São Paulo e os municípios
vizinhos, como Santo André, São Caetano, São Bernardo, Diadema e Guarulhos. A cidade de São Paulo expandiu de tal forma que
“chocou” com os municípios vizinhos, constituindo uma imensa
malha urbana, denominada de Grande São Paulo.
Os problemas urbanos
A hierarquia urbana
A intensa urbanização que vem ocorrendo no Brasil, especialmente a partir de 1950, tem sido acompanhada por um processo de
metropolização, isto é, concentração demográfica nas principais
áreas metropolitanas do país. Isso significa que as grandes cidades,
as metrópoles, crescem a um ritmo superior ao das pequenas e médias cidades. Assim, quando somamos a população das nove principais cidades do país - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte,
Salvador, Fortaleza, Recife, Porto Alegre, Curitiba e Belém. Juntamente com as cidades que pertencem às suas respectivas áreas
metropolitanas, verificamos que, em 1950, elas reuniam por volta
d e18% da população nacional em 1970, esse número subiu para
25% e, em 1995, para cerca de 31% da população total do Brasil.
Com o crescimento acelerado dessas grandes cidades e com
os processo de conurbação que nelas frequentemente ocorrem, certos problemas urbanos - como os transportes, água, esgotos, uso do
solo, etc. - não devem ser tratados isoladamente em cada cidade
vizinha, mas em conjunto.
A hierarquia urbana é estabelecida na capacidade de alguns
centros urbanos de liderar e influenciar outros por meio da oferta
de bens e serviços à população. Pode ser uma metrópole nacional
(se influencia todo o território nacional) ou uma metrópole regional (se influencia certa porção ou região do País).
Metropolização
No Brasil, o processo de urbanização foi essencialmente concentrador: gerou cidades grandes e metrópoles.
Metrópoles: São cidades que possuem mais de 1 milhão de
habitantes e polarizam uma determinada região. O Brasil possui
atualmente 11 metrópoles:
- São Paulo;
- Rio de Janeiro;
- Curitiba;
- Goiânia;
- Manaus;
- Belém;
- Fortaleza;
- Salvador;
- Porto Alegre;
- Belo Horizonte;
- Recife
Problemas do lixo
O lixo produzido em nossas casas precisa ter um destino certo,
pois quando isso não ocorre a cidade toda fica exposta a doenças
e contaminação. Quando há uma coleta feita corretamente e o lixo
encaminhado para uma cooperativa de reciclagem, esse problema
pode ser bem menor, porém nas grandes cidades isso é cada vez
mais difícil. Uma opção é tentar reaproveitar o lixo em casa mesmo, fazendo uma horta e usando-o como adubo. Lembre-se sempre de separar o lixo adequadamente e colocá-lo para que a coleta
o leve para um local apropriado.
Obs: Brasília não é considerada metrópole, pois ela conheceu
um crescimento endógeno, e por isso não polariza regiões.
Megalópoles: é a união de duas metrópoles. O Brasil possui
somente uma megalópole, localizada no Vale do Paraíba tendo a
via Dutra ligando- na.
Didatismo e Conhecimento
Consequências
Um dos principais problemas são as enchentes causadas pelos
lixos que estão nas ruas e entopem bueiros, desde papéis de balas
até embalagens e sacolas maiores podem tapar os bueiros e as encanações que escoam as águas. Quando isso ocorre ainda mais em
cidades grandes como São Paulo, a tendência é haver enchentes,
causando destruição e congestionamento por toda a cidade.
59
GEOGRAFIA
- Efeito estufa: Apesar de o efeito estufa ser figurado como
algo ruim, é um evento natural que favorece a proliferação da vida
no planeta Terra. O efeito estufa tem como finalidade impedir que
a Terra esfrie demais, pois se a Terra tivesse a temperatura muito
baixa, certamente não teríamos tantas variedades de vida. Mas Ao
longo dos últimos cem anos, a concentração de gases de efeito
estufa vem aumentando por causa da maior atividade industrial,
agrícola e de transporte, e principalmente devido ao uso de combustíveis fósseis. O efeito estufa gerado pela natureza além de benéfico é imprescindível para a manutenção da vida sobre a Terra.
Se a composição dos gases raros for alterada, para mais ou para
menos, o equilíbrio térmico da Terra sofrerá conjuntamente.
A ação do ser humano na natureza tem feito aumentar a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, através de uma queima
intensa e descontrolada de combustíveis fósseis e do desmatamento. A derrubada de árvores provoca o aumento da quantidade
de dióxido de carbono na atmosfera pela queima e também por
decomposição natural. Além disso, as árvores aspiram dióxido de
carbono e produzem oxigênio. Uma menor quantidade de árvores
significa também menos dióxido de carbono sendo absorvido.
- Poluição ar: Quando o lixo orgânico é depositado de maneira incorreta na natureza, este pode acarretar sérios danos à natureza
como a contaminação do solo e dos lençóis freáticos. Poluição da
água é a introdução de partículas estranhas ao ambiente natural,
bem como induzir condições em um determinado curso ou corpo
de água, direta ou indiretamente, sendo por isso potencialmente
nocivos à fauna, flora, bem como populações humanas vizinhas a
tal local ou que utilizem essa água.
Quando jogamos lixos que não são orgânicos em quintais, rios
e nas vias estamos contribuindo para o crescimento de problemas
ambientais e também para o aquecimento global, que já é facilmente percebido por nós todos os dias, com o calor excessivo e os
dias de inverno intensos podemos contatar isso facilmente.
- Ilhas de calor: As “ilhas de calor” são uma anomalia do
clima que ocorrem quando a temperatura em determinadas regiões
dos centros urbanos fica muito maior do que a temperatura nas
regiões periféricas. Em São Paulo, por exemplo, já chegou a ser
registrada uma diferença de 10º Celsius entre uma temperatura
medida no centro e na periferia da cidade, enquanto que a média
mundial é de 9ºC. Essa anomalia climática ocorre devido à junção
de diversos fatores como a poluição atmosférica (principalmente),
alta densidade demográfica, pavimentação e diminuição da área
verde, construção de prédios barrando a passagem do vento, grande quantidade de veículos e outros fatores que contribuem para o
aumento da retenção de calor na superfície.
Em um local menos urbanizado, com mais áreas verdes e
menos prédios, a radiação solar seria absorvida normalmente pela
vegetação e pelo solo, e dissipada através dos ventos. A vegetação
devolveria essa radiação através da evapotranspiração enquanto
que a ausência de poluentes permitiria que parte da radiação refletisse na superfície e fosse enviada para as camadas mais altas da
atmosfera, diminuindo a quantidade de calor. O problema é que,
a substituição da vegetação pelo asfalto e concreto faz com que a
radiação solar seja absorvida por estes materiais e convertida em
ondas de calor que ficarão armazenadas, em grande parte durante
o dia, escapando à noite (o asfalto pode chegar a 46ºC em um dia
de verão enquanto que a grama não ultrapassa os 32ºC). A construção de prédios cria uma barreira para os ventos não deixando que
o calor seja dissipado. A presença de material particulado no ar,
proveniente das chaminés de indústrias e escapamentos dos carros
cria uma camada que barra a reflexão natural da maior parte dos
raios solares.
Hoje em dia a poluição da água é questão a ser tratada em
um contexto global. Considera-se que esta é a maior causadora de
mortes e doenças pelo todo o mundo e que seja responsável pela
morte de cerca de 14000 pessoas diariamente. A água é geralmente considerada poluída quando está impregnada de contaminantes
antropogênicos, não podendo, assim, ser utilizada para nenhum
fim de consumo estritamente humano, como água potável ou para
banho, ou então quando sofre uma radical perda de capacidade
de sustento de comunidades bióticas (capacidade de abrigar peixes, por exemplo). Fenômenos naturais, como erupções vulcânicas, algas marinhas, tempestades e terremotos são causa de uma
alteração da qualidade da água disponível e em sua condição no
ecossistema.
Há três formas principais de contaminação de um corpo ou
curso de água, a forma química, a física e a biológica: - a forma
química altera a composição da água e com esta reagem; - a forma
física, ao contrário da química, não reage com a água, porém afeta
negativamente a vida daquele ecossistema; - a forma biológica,
consiste na introdução de organismos ou microrganismos estranhos àquele ecossistema, ou então no aumento danoso de determinado organismo ou microrganismo já existente.
Além das formas, temos duas categorias de como pode se dar
a poluição:
a) poluição localizada, onde a fonte de poluição origina-se de
um ponto específico, como por exemplo, uma vala ou um cano.
Exemplos de tal forma são o despejo de impurezas, por parte de
uma estação de tratamentos residuais, por parte de uma empresa ou
então por meio de um bueiro.
Chuvas ácidas: A chuva ácida corresponde a uma chuva com
elevado teor de acidez provocada pela forte concentração de óxido
de enxofre e de azoto, dois tipos de gases provocados pela poluição industrial. Estes gases quando lançados na atmosfera são
absorvidos pelas partículas de água transformando-se em ácido
sulfúrico e em ácido nítrico. As consequências mais visíveis das
chuvas ácidas são a destruição de florestas em diversas partes do
planeta e a corrosão de numerosos prédios e monumentos.
Os principais contribuintes para a produção dos gases que
provocam as chuvas ácidas, lançados na atmosfera, são as emissões dos vulcões e alguns processos biológicos que ocorrem nos
solos, pântanos e oceanos. A ação humana no nosso planeta é também grande responsável por este fenômeno. As principais fontes
humanas desses gases são as indústrias, as centrais termoelétricas
e os veículos de transporte. Estes gases podem ser transportados
durante muito tempo, percorrendo milhares de quilômetros na
atmosfera antes de reagirem com partículas de água, originando
ácidos que mais tarde se precipitam. A precipitação ácida ocorre
quando a concentração de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de
azoto (NO, NO2, N2O5) é suficiente para reagir com as gotas de
água suspensas no ar (as núvens).
Tipicamente, a chuva ácida possui um pH à volta de 4,5, podendo transformar a superfície do mármore em gesso.
Didatismo e Conhecimento
60
GEOGRAFIA
b) poluição não localizada é uma forma de contaminação difusa que não possui origem numa única fonte. É geralmente o resultado de acumulação do agente poluidor em uma área ampla. A
água da chuva recolhida de áreas industriais e urbanas, estradas
bem como sua consequente utilização é geralmente categorizada
como poluição não localizada.
gênio (NO), o dióxido de enxofre (SO2) e os hidrocarbonetos. As
fábricas de papel e cimento, indústrias químicas, refinarias e as
siderúrgicas emitem óxidos sulfúricos, óxidos de nitrogênio, enxofre, partículas metálicas (chumbo, níquel e zinco) e substâncias
usadas na fabricação de inseticidas.
Todos esses poluentes são resultantes das atividades humanas
e são lançados na atmosfera. A emissão excessiva de poluentes
tem provocado sérios danos à saúde como problemas respiratórios (Bronquite crônica e asma), alergias, lesões degenerativas no
sistema nervoso ou em órgãos vitais e até câncer. Esses distúrbios
agravam-se pela ausência de ventos e no inverno com o fenômeno
da inversão térmica (ocorre quando uma camada de ar frio forma
uma parede na atmosfera que impede a passagem do ar quente e
a dispersão dos poluentes). Os danos não se restringem à espécie
humana. Toda a natureza é afetada. A toxidez do ar ocasiona a destruição de florestas, fortes chuvas que provocam a erosão do solo
e o entupimento dos rios. No Brasil, dois exemplos de cidades totalmente poluídas são
Cubatão e São Paulo. Os principais impactos ao meio ambiente
são a redução da camada de ozônio, o efeito estufa e a precipitação
de chuva ácida. Como principais contaminantes da água, pode-se citar:
- elementos que contenham CO2 em excesso (como fumaça
industrial, por exemplo)
- contaminação térmica
- substâncias tóxicas
- agentes tensoativos
- compostos orgânicos biodegradáveis
- agentes patogênicos
- partículas sólidas
- nutrientes em excessos (eutrofização)
- substâncias radioativas
Como recurso hídrico indispensável, torna-se cada vez mais
importante a conscientização sobre a melhor forma de tratamento
da água como sustentáculo da vida no planeta. Ainda mais se pensarmos que a maioria das comunidades espalhadas pelo planeta
possuem pouca consciência sobre a melhor forma de tratamento
de um de seus recursos mais importantes.
Inversão térmica
A inversão térmica é um fenômeno atmosférico muito comum
nos grandes centros urbanos industrializados, sobretudo naqueles
localizados em áreas cercadas por serras ou montanhas. Esse processo ocorre quando o ar frio (mais denso) é impedido de circular
por uma camada de ar quente (menos denso), provocando uma alteração na temperatura. Outro agravante da inversão térmica é que
a camada de ar fria fica retida nas regiões próximas à superfície
terrestre com uma grande concentração de poluentes. Sendo assim,
a dispersão desses poluentes fica extremamente prejudicada, formando uma camada de cor cinza, oriunda dos gases emitidos pelas
indústrias, automóveis, etc.
Esse fenômeno se intensifica durante o inverno, pois nessa
época do ano, em virtude da perda de calor, o ar próximo à superfície fica mais frio que o da camada superior, influenciando diretamente na sua movimentação. O índice pluviométrico (chuvas)
também é menor durante o inverno, fato que dificulta a dispersão
dos gases poluentes. É importante ressaltar que a inversão térmica
é um fenômeno natural, sendo registrada em áreas rurais e com
baixo grau de industrialização. No entanto, sua intensificação e
seus efeitos nocivos se devem ao lançamento de poluentes na atmosfera, o que é muito comum nas grandes cidades.
Doenças respiratórias, irritação nos olhos e intoxicações são
algumas das consequências da concentração de poluentes na camada de ar próxima ao solo. Entre as possíveis medidas para minimizar os danos gerados pela inversão térmica estão a utilização de
biocombustíveis, fiscalização de indústrias, redução das queimadas e políticas ambientais mais eficazes.
Poluição do solo
A poluição do solo, ocorre devido os malefícios diretos e indiretos causados pela desordenada exploração e ocupação do meio
ambiente, depositando no solo elementos químicos estranhos, prejudiciais às formas de vida microbiológica e sua colaboração em
relação às interações ecológicas regulares. As principais causas da
poluição do solo são: o acúmulo de lixo sólido, como embalagens
de plástico, papel e metal, e de produtos químicos, como fertilizantes, pesticidas e herbicidas.
O vidro, por exemplo, leva cerca de 5 mil anos para se decompor, enquanto certos tipos de plástico, impermeáveis ao processo
de biodegradação promovido pelos micro-organismos, levam milhões de anos para se desintegrarem. Assim, o material sólido do
lixo demora muito tempo para desaparecer no ambiente. As soluções usadas para reduzir o acúmulo de lixo, como a incineração e
a deposição em aterros, também têm efeito poluidor, pois emitem
fumaça tóxica, no primeiro caso, ou produzem fluidos tóxicos que
se infiltram no solo e contaminam os lençóis de água.
A melhor forma de amenizar o problema, na opinião de especialistas, é investir nos processos de reciclagem e também no uso
de materiais biodegradáveis ou não descartáveis.
Poluição do ar
A poluição do ar é caracterizada pela presença de gases tóxicos e partículas líquidas ou sólidas no ar. Os escapamentos dos
veículos, as chaminés das fábricas, as queimadas estão constantemente lançando no ar grandes quantidades de substâncias prejudiciais à saúde. Nos grandes centros urbanos e industriais tornam-se frequentes os dias em que a poluição atinge níveis críticos.
Os escapamentos dos veículos automotores emitem gases como o
monóxido (CO) e o dióxido de carbono (CO2), o óxido de nitroDidatismo e Conhecimento
Moradias
As moradias precárias, como as favelas, são acompanhadas
pela ausência de infraestrutura. Para o crescimento de qualquer
cidade se faz necessária a expansão de todo serviço público, como
distribuição de água, rede de esgoto, energia elétrica, pavimentação, entre outros. As áreas urbanas onde vivem as famílias pobres,
61
GEOGRAFIA
geralmente, são desprovidas de escolas, postos de saúde, policiamento e demais infraestruturas. Em geral, favelas e demais bairros
marginalizados surgem de modo gradativo em áreas de terceiros,
especialmente do governo. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), os oito municípios detentores do maior
número de favelas são: São Paulo, com 612; Rio de Janeiro, com
513; Fortaleza, 157; Guarulhos, 136; Curitiba, 122; Campinas,
117; Belo Horizonte, 101; e Osasco, 101.
O comércio internacional está presente em grande parte da história
da humanidade, mas a sua importância econômica, social e política
se tornou crescente nos últimos séculos. O avanço industrial, dos
transportes, a globalização, o surgimento das corporações multinacionais, tiveram grande impacto no incremento deste comércio.
O aumento do comércio internacional pode ser relacionado com o
fenômeno da globalização.
Balança comercial
Balança comercial é um termo econômico que representa as
importações e exportações de bens entre os países. Dizemos que
a balança comercial de um determinado país está favorável, quando este exporta (vende para outros países) mais do que importa
(compra de outros países). Do contrário, dizemos que a balança
comercial é negativa ou desfavorável. A balança comercial favorável apresenta vantagens para um país, pois atrai moeda estrangeira,
além de gerar empregos dentro do país exportador.
No início do século XX existiam no Rio de Janeiro e, posteriormente, em São Paulo os cortiços, habitações que abrigavam
várias pessoas, os quais eram constituídos por muitos cômodos
alugados. Os cortiços eram velhas mansões que se localizam próximas ao centro da cidade. Hoje, a alternativa de moradia para
as pessoas carentes é a ocupação de terrenos periféricos de grandes cidades, onde o valor é baixo. Isso é provocado pelo fato dos
moradores possuírem pequeno poder aquisitivo, desse modo, não
podem pagar um aluguel em um bairro estruturado e muito menos
adquirir uma casa ou apartamento nele. Além disso, nas grandes
cidades os imóveis têm alcançado valores extremamente elevados,
distantes da realidade de grande parte da população.
Naturalmente, a configuração das grandes cidades brasileiras
é excludente, tendo em vista que marginaliza um grupo social desfavorecido, enquanto em algumas periferias formam-se bairros dotados de luxo, os condomínios fechados - que se constituem como
verdadeiros guetos. Abaixo, resultado de uma nação capitalista.
Comercio externo brasileiro
Dos diversos produtos exportados pelo brasil ¾ do valor vem
dos manufaturados e semimanufaturados. Portanto, no contexto da
divisão internacional do trabalho, o país deixou de fazer parte do
grupo dos simples fornecedores de matérias primas, enquadrandose entre os países de industrialização parcial e tardia.
Um dos fatores dessa mudança foi o expressivo crescimento
da nossa indústria no pós-guerra.
Outro foi a crescente internacionalização da economia brasileira a partir daquele período, que motivou, por exemplo, a instalação no nosso território de muitas empresas estrangeiras em busca
de menores custos de produção.
COMÉRCIO BRASILEIRO
O comércio baseia-se na troca voluntária de produtos. As trocas podem ter lugar entre dois parceiros (comércio bilateral) ou
entre mais do que dois parceiros (comércio multilateral). Na sua
forma original, o comércio fazia-se por troca direta de produtos
de valor reconhecido como diferente pelos dois parceiros, cada
um valoriza mais o produto do outro. Os comerciantes modernos
costumam negociar com o uso de um meio de troca indireta, o
dinheiro. É raro fazer-se troca direta hoje em dia, principalmente
nos países industrializados. Como consequência, hoje podemos
separar a compra da venda. A invenção do dinheiro (e subsequentemente do crédito, papel-moeda e dinheiro não-físico) contribuiu
grandemente para a simplificação e promoção do desenvolvimento
do comércio.
A balança comercial no Brasil nos anos 70 a 2000
Balança comercial é um termo econômico que representa as
importações e exportações de bens entre os países. Dizemos que
a balança comercial de um determinado país está favorável, quando este exporta (vende para outros países) mais do que importa
(compra de outros países). Do contrário, dizemos que a balança
comercial é negativa ou desfavorável. A balança comercial favorável apresenta vantagens para um país, pois atrai moeda estrangeira,
além de gerar empregos dentro do país exportador.
O choque dos preços do petróleo entre 1973-1974 inaugurou
uma longa fase de dificuldades para a economia brasileira, expressas no prolongado quadro de restrição externa. As relações de troca
do Brasil com o resto do mundo, que haviam atingiram o seu ponto
máximo em 1977, começaram a despencar isso não ocorreu em
função apenas da elevação do preço do petróleo, como se costuma
noticiar, mas principalmente porque os países centrais conseguiram impor o aumento dos preços de seus produtos numa proporção
muito superior ao dos produtos exportados pela periferia.
Além disso, a partir de 1980 forçaram para baixo os preços
das commodities que o Brasil exportava que caíram 26% de 1980
a 1982. Demonstrando assim que o problema não estava principalmente no petróleo, o fato é que excluindo esse produto nossas
exportações caíram 31% de 1977 a 1982. Dessa forma vários problemas agravaram não só as relações socioeconômicas do Brasil
perante o mundo, mas também as políticas adotadas para a nação.
Uma primeira consequência desse duplo choque, o do petróleo e do aumento dos juros, foi a queda nas exportações brasileiras
provocada pela recessão mundial e o aumento violento do déficit
em conta corrente do balanço de pagamentos,
Comércio interno
O comércio interno manifestava-se numa divisão em ramos
comerciais diferenciados, visível nas atividades retalhistas que
eram condicionadas pela técnica de produção e o nível do sistema
transportador. O comércio não profissional dependia da margem
de bens que excediam o autoconsumo familiar. Nisso se distinguia
do comércio ambulante e do comércio local fixo.
As cidades desempenhavam o papel de centro comercial para
a população dos arredores. Era a sua função principal e nela se situavam, além dos edifícios públicos e dos templos, sobretudo lojas
de retalhistas. Cada ramo de comércio tinha o seu lugar marcado.
A organização das trocas locais era muito mais susceptível de regulação do que o comércio de longa distância.
Comercio externo
O comércio internacional ou comércio exterior é a troca de
bens e serviços através de fronteiras internacionais ou territórios.
Na maioria dos países, ele representa uma grande parcela do PIB.
Didatismo e Conhecimento
62
GEOGRAFIA
No inicio dos anos 80, a crise da dívida e a recessão marcaram o cenário brasileiro. O crescimento econômico produzido pelo milagre
acabou gerando pressões inflacionárias e problemas na balança comercial, em vários lugares do Brasil ressurgiram pressões por melhor
distribuição de renda e melhores condições de vida, além do segundo choque do petróleo comprometeu ainda mais a situação brasileira.
ANO DE 1999 SALDO
- 706
101
- 223
35
300
- 145
90
- 189
- 57
- 156
- 534
- 223
- 1.261
EXP.
2.949
3.267
3.829
3.707
4.386
4.313
4.117
4.277
4.187
4.304
4.002
4.673
48.011
IMP.
3.655
3.166
4.052
3.672
4.086
4.458
4.027
4.466
4.244
4.460
4.536
4.450
49.272
A partir de 1981, a ênfase do ajuste externo recaiu sobre o controle da absorção interna, assumia-se, explicitamente, o modelo de ajuste
recessivo. Os ajustes feitos nesse período foram mais altos e duradouros que seus benefícios.
O preço desse ajuste em termos de inflação foi elevado e persistente, no caso da inflação a tendência à aceleração foi reforçada e se manteve na cena brasileira até meados da década de 1990. As experiências frustradas de ajuste externo do período refletiam uma característica
do desequilíbrio externo brasileiro baseado no ajuste recessivo.
Diante dos problemas que a economia brasileira vinha passando tais como a divida externa, inflação, endividamento do setor público,
pressões exercidas por parte da população e dos trabalhadores, alguns planos econômicos foram adotados para sanar os efeitos desses problemas, planos econômicos esses que na maioria das vezes não surtiram o menor efeito, mas em muitos casos a situação piorou.
- ANO DE 2001 SALDO
- 478
78
- 281
120
207
276
108
623
595
250
287
857
2.642
EXP.
4.538
4.083
5.167
4.730
5.367
5.042
4.965
5.727
4.755
5.003
4.500
4.346
58.223
IMP.
5.016
4.005
5.448
4.610
5.160
4.766
4.857
5.104
4.160
4.753
4.213
3.489
55.581
A partir de 2000, o comércio exterior brasileiro aumentou num ritmo mais vigoroso. O crescimento econômico mundial, o aumento dos
preços internacionais de produtos básicos, a diversificação dos mercados importadores e a maior produtividade da indústria nacional são
fatores que favoreceram o dinamismo das exportações brasileiras, que passou a atingir sucessivos recordes.
Em 2011, o saldo da balança comercial brasileira foi positivo (superavit) em US$ 29,790 bilhões. Neste ano, o Brasil exportou US$
256,041 bilhões e importou US$ 226,251 bilhões.
- ANO DE 2012 SALDO
-1.306
EXP.
16.141 18.028 20.911 19.566 23.215 19.353 21.003 22.381 19.998 21.763 20.472 19.749 242.580
IMP.
17.448 16.322 18.889 18.687 20.255 18.548 18.131 19.156 17.445 20.104 20.658 17.499 223.142
1.706
2.022
879
2.960
805
2.872
3.225
2.553
1.659
-186
2.250
19.438
As exportações e Importações
No que diz respeito às exportações, apesar dos ainda graves problemas que o país enfrenta com sua infraestrutura e algumas questões
externas, vemos que as mesmas veem se expandindo ao longo do tempo.
Assim, nas últimas quatro décadas, 1965 a 2005, as exportações brasileiras apresentaram substancial expansão e diversificação tanto
em termos de produtos, visto que os manufaturados e semifaturados passaram a responder por fatias crescentes na pauta, como de mercados
geográficos. As exportações alcançaram US$ 46,5 bilhões em 1995 contra US$ 1,6 Bilhões em 1965, cifra quase 30 vezes superior equivalente a um crescimento médio de 11,95% ao ano, embora esta média tenha caído para 8,2% no primeiro quinquênio da década de 90.
Em 1965, os USA e a Comunidade Econômica Europeia (CEE) constituíam os dois grandes mercados consumidores de produtos brasileiros. Juntos, absorviam aproximadamente 66% das exportações; a ALADI mais ou menos 15%; AAELC 8%; Europa oriental 7%; Japão
e demais países asiáticos 4%. Hoje o destino das exportações brasileiras diversificou-se substancialmente com a inserção da Ásia, África e
Oriente Médio nas correntes de comércio procedentes do Brasil.
A origem das exportações concentra-se nas regiões sudeste e sul e poucos Estados são dinâmicos nessa atividade, apesar de crescimentos, o que gera a necessidade de estimular a criação de mais polos de exportação a fim de incorporar novos estados à corrente de comércio.
Outro dado é que no Brasil poucas empresas de grande porte exportam muito, enquanto pequenas e médias exportam pouco e de modo
geral apenas um ou dois tipos de produtos.
Didatismo e Conhecimento
63
GEOGRAFIA
A participação das exportações brasileiras no total do mundo
é de 1,44%, Na importação, o Brasil caiu uma posição em 2011,
ocupando agora a vigésima primeira, mas aumentou sua participação, de 1,25% para 1,29%.
Em 2004, entrou em vigor o Protocolo de Olivos (2002), que
criou o Tribunal Arbitral Permanente de Revisão do Mercosul,
com sede na cidade de Assunção (Paraguai). Uma das fontes de
insegurança jurídica nesse bloco de integração era a falta de um
tribunal permanente.
Nova rodada de negociações ocorreu a partir de Julho de 2004,
entre outros tópicos, discutindo-se a entrada do México no grupo.
Como resultado, em 8 de dezembro de 2004 os países membros
assinaram a Declaração de Cuzco, que lançou as bases da Comunidade Sul-Americana de Nações, entidade que unirá o Mercosul e
o Pacto Andino em uma zona de livre comércio continental.
Em dezembro de 2005, a Venezuela protocolou seu pedido de
adesão ao Mercosul, e em 4 de julho de 2006 seu ingresso ao bloco
econômico foi formalizado, em Caracas.
Muitos sul-americanos veem o Mercosul como uma arma
contra a influência dos Estados Unidos na região, tanto na forma
da Área de Livre Comércio das Américas quando na de tratados
bilaterais.
Mercosul
É o programa de integração econômica de cinco países da
América do Sul. Em sua formação original o bloco era composto
por quatro países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, entretanto, em julho de 2006 a Venezuela aderiu ao bloco. O bloco também
é chamado de Cone Sul porque sua formação original abrangia as
nações do sul do continente, formando um cone. As discussões
para a constituição de um mercado econômico regional para a
América Latina remontam ao tratado que estabeleceu a Associação
Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC) desde a década
de 1960.
Esse organismo foi sucedido pela Associação Latino-Americana de Integração na década de 1980. À época, a Argentina e
o Brasil fizeram progressos na matéria, assinando a Declaração
de Iguaçu (1985), que estabelecia uma comissão bilateral, à qual
se seguiram uma série de acordos comerciais no ano seguinte. O
Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, assinado
entre ambos os países em 1988, fixou como meta o estabelecimento de um mercado comum, ao qual outros países latino-americanos
poderiam se unir.
Com a adesão do Paraguai e do Uruguai, os quatro países se
tornaram signatários do Tratado de Assunção (1991) que estabelecia o Mercado Comum do Sul, uma aliança comercial visando a
dinamizar a economia regional, movimentando entre si mercadorias, pessoas, força de trabalho e capitais.
Inicialmente foi estabelecida uma zona de livre-comércio,
onde os países signatários não tributariam ou restringiriam as
importações um do outro. A partir de 1 de janeiro de 1995, esta
zona de livre-comércio converteu-se em uma união aduaneira, na
qual todos os signatários poderiam cobrar as mesmas alíquotas nas
importações dos demais países (Tarifa Externa Comum). No ano
seguinte, a Bolívia e o Chile adquiriram o status de membros associados. O Chile encontra-se em processo de aquisição do status
de membro pleno depois de resolver alguns problemas territoriais
com a Argentina. Outras nações latino-americanas, como a Venezuela, manifestaram interesse em entrar para o grupo, o que se
concretizou no dia 9 de dezembro de 2005.
As instituições integrantes do Mercosul, definidas pelo Tratado de Assunção, foram revistas pelo Protocolo de Ouro Preto, em
1994. Por ele, cada país-membro tem um voto e as decisões necessitam ser unânimes. Três são as instâncias decisórias: um Conselho (com funções políticas), um Grupo (com funções executivas) e
uma Comissão Técnica.
O Mercosul foi significativamente enfraquecido pelo colapso
da economia argentina em 2002. Alguns críticos acreditam que a
negativa de ajuda do governo Bush aquele país à época, foi baseada em um desejo de enfraquecer o Mercosul, já que, teoricamente,
os EUA percebem a iniciativa deste mercado como um problema
para a sua estratégia político-econômica para a América Latina.
No entanto, é mais provável que os Estados Unidos tenham deixado de ajudar a Argentina uma vez que esse país latino-americano
não transmitia confiabilidade aos mercados internacionais, tendo
deixado de honrar seus compromissos financeiros em diversas
ocasiões.
Didatismo e Conhecimento
A Divida externa no Brasil
A origem da dívida externa remonta o ano de 1824. Na época,
foi contraída uma dívida no valor de 3 milhões de libras esterlinas,
ficando conhecida depois como “empréstimo português”. A principio, o valor serviria para cobrir despesas do período colonial. Na
prática, significava um pagamento à Portugal pelo reconhecimento
de nossa independência.
Em 1829 foi realizado um novo empréstimo, que entrou para
história como o “ruinoso”, realizado com o intuito de cobrir parcelas não quitadas na dívida anterior. Fechado o empréstimo, o Brasil
recebeu apenas 52% do acordado. Os 48% restantes serviram para
cobrir os juros da dívida anterior. Foram registrados outros dois
empréstimos considerados importantes durante o período de Império (1843 e 1852) que ainda serviram para pagamentos de débitos
relativos ao primeiro empréstimo, saudado completamente apenas
em 1890.
Durante a chamada república do “café com leite”, o endividamento foi só aumentando. Analisando friamente a situação, percebe-se que o intuito foi a necessidade de garantir os privilégios
da elite.
As perspectivas para o Brasil
Sabe-se que em situações de crise é que surgem as oportunidades. Foi no contexto da crise de 1929 que o Brasil promoveu
uma guinada política e optou por novos caminhos baseados na industrialização dirigida à substituição de importações. Em poucas
décadas, o país deixou de ser um país eminentemente rural e se
tornou a 8ª economia do mundo.
Só que hoje é difícil vislumbrar esperanças para a humanidade
e para o planeta com a permanência de uma economia predatória
como a capitalista. Se a atual crise trouxer a oportunidade para a
criação de uma forma de ordenamento social que possibilite uma
distribuição racional dos frutos do trabalho e do próprio trabalho
para a eliminação do desemprego, essa oportunidade é a luz que
aguardamos no fim do longo túnel da história.
Parece cada vez menos consequente pensar soluções para os
problemas brasileiros sem levar em consideração a realidade histórica global de crise do capitalismo, de crise da democracia e de
crise do Estado de Bem Estar Social. Em outras palavras, parece
não existir mais soluções isoladas para o Brasil num mundo que se
64
GEOGRAFIA
globaliza gradualmente a cada dia. Por outro lado, nem é possível
acreditar-se mais em qualquer forma de ditadura por melhor intencionada que for. O poder sem controle democrático da sociedade
civil, como já foi comprovado exaustivamente pela história do século XX, se degrada e acaba se tornando um fim em si mesmo.
A perspectiva para o Brasil no século XXI parece estar vinculada, enfim, à perspectiva existente para o conjunto da humanidade num contexto histórico de revolução tecnológica alucinante, de
globalização, de crises do capitalismo, da democracia e dos Estados nacionais.
até o final dos anos 1930, os elementos de mercado da economia
brasileira basearam-se na produção de produtos primários para exportação. Dentro do Império Português, o Brasil era uma colônia
submetida a uma política imperial mercantil, que tinha três principais grandes ciclos de produção econômica - o açúcar, o ouro
e, a partir do início do século XIX, o café. A economia do Brasil
foi fortemente dependente do trabalho escravizado Africano até o
final do século XIX (cerca de 3 milhões de escravos africanos importados no total). Desde então, o Brasil viveu um período de crescimento econômico e demográfico forte, acompanhado de imigração em massa da Europa (principalmente Portugal, Itália, Espanha
e Alemanha) até os anos 1930. Na América, os Estados Unidos, o
Brasil, o Canadá e a Argentina (em ordem decrescente) foram os
países que receberam a maioria dos imigrantes. No caso do Brasil,
as estatísticas mostram que 4,5 milhões de pessoas emigraram para
o país entre 1882 e 1934.
O Brasil atrelou a sua moeda, o real, ao dólar americano em
1994. No entanto, após a crise financeira da Ásia Oriental, a crise
russa em 1998 e uma série de eventos adversos financeiros que
se seguiram, o Banco Central do Brasil alterou temporariamente
sua política monetária para um regime de flutuação gerenciada,
enquanto atravessava uma crise de moeda, até que definiu a modificação do regime de câmbio livre flutuante em janeiro de 1999. O
país recebeu um pacote de resgate de US$ 30,4 bilhões do Fundo
Monetário Internacional, em meados de 2002, uma soma recorde.
O Banco Central brasileiro pagou o empréstimo do FMI em 2005,
embora pudesse pagar a dívida até 2006. Uma das questões que o
Banco Central do Brasil recentemente tratou foi um excesso de fluxos especulativos de capital de curto prazo para o país, o que pode
ter contribuído para uma queda no valor do dólar frente ao real durante esse período. No entanto, o investimento estrangeiro direto
(IED), relacionado em longo prazo, menos investimento especulativo em produção, estima-se ser de US$ 193,8 bilhões para 2007.
O monitoramento e controle da inflação atualmente desempenha
um papel importante nas funções do Banco Central de fixar as taxas de juro de curto prazo como uma medida de política monetária.
Atualmente, com uma população de 190 milhões e recursos
naturais abundantes, o Brasil é um dos dez maiores mercados do
mundo, produzindo 35 milhões de toneladas de aço, 26 milhões
de toneladas de cimento, 3,5 milhões de aparelhos de televisão e 5
milhões de geladeiras. Além disso, cerca de 70 milhões de metros
cúbicos de petróleo estão sendo processados anualmente em combustíveis, lubrificantes, gás propano e uma ampla gama de mais de
cem produtos petroquímicos. Além disso, o Brasil tem pelo menos
161.500 quilômetros de estradas pavimentadas e mais de 108.000
megawatts de capacidade instalada de energia elétrica.
Seu PIB real per capita ultrapassou US$ 8.000, devido à forte
e continuada valorização do real, pela primeira vez nesta década.
Suas contas do setor industrial respondem por três quintos da produção industrial da economia latino-americana. O desenvolvimento científico e tecnológico do país é um atrativo para o investimento direto estrangeiro, que teve uma média de US$ 30 bilhões por
ano nos últimos anos, em comparação com apenas US$ 2 bilhões/
ano na década passada, evidenciando um crescimento notável. O
setor agrícola, também tem sido notavelmente dinâmico: há duas
décadas esse setor tem mantido Brasil entre os países com maior
produtividade em áreas relacionadas ao setor rural. O setor agrícola e o setor de mineração também apoiaram superávits comerciais
que permitiram ganhos cambiais maciços e pagamentos da dívida
externa.
ECONOMIA BRASILEIRA
A economia do Brasil tem um mercado livre e exportador.
Com um PIB nominal de 2,48 trilhões de dólares (4,14 trilhões
de reais), foi classificada como a sexta maior economia do mundo
em 2011, segundo o FMI (considerando o PIB de 2,09 trilhões de
dólares, para 2010), ou a sétima, de acordo com o Banco Mundial
e o World Factbook da CIA. É a segunda maior do continente americano, atrás apenas dos Estados Unidos.
Atualmente, a economia brasileira tem apresentado um crescimento consistente e, segundo o banco de investimento Goldman
Sachs, deve tornar-se a quarta maior do mundo por volta de 2050.
O Brasil é uma das chamadas potências emergentes: é o “B” do
grupo BRICS. É membro de diversas organizações econômicas, como o Mercosul, a UNASUL, o G8+5, o G20 e o Grupo
de Cairns. Tem centenas de parceiros comerciais, e cerca de 60%
das exportações do país referem-se a produtos manufaturados e
semimanufaturados. Os principais parceiros comerciais do Brasil
foram: Mercosul e América Latina (25,9% do comércio), União
Europeia (23,4%), Ásia (18,9%), Estados Unidos (14,0%) e outros (17,8%).
Segundo o Fórum Econômico Mundial, o Brasil foi o país que
mais aumentou sua competitividade em, ganhando oito posições
entre outros países, superando a Rússia pela primeira vez e fechando parcialmente a diferença de competitividade com a Índia e a
China, economias BRIC. Importantes passos dados desde a década
de 1990 para a sustentabilidade fiscal, bem como as medidas tomadas para liberalizar e abrir a economia impulsionaram significativamente os fundamentos do país em matéria de competitividade,
proporcionando um melhor ambiente para o desenvolvimento do
setor privado.
O país dispõe de setor tecnológico sofisticado e desenvolve
projetos que vão desde submarinos a aeronaves (a Embraer é a
terceira maior empresa fabricante de aviões no mundo). O Brasil
também está envolvido na pesquisa espacial. Possui um centro de
lançamento de satélites e foi o único país do Hemisfério Sul a integrar a equipe responsável pela construção da Estação Espacial
Internacional (EEI). É também o pioneiro na introdução, em sua
matriz energética, de um biocombustível - o etanol produzido a
partir da cana-de-açúcar. Em 2008, a Petrobras criou a subsidiária,
a Petrobras Biocombustível, que tem como objetivo principal a
produção de biodiesel e etanol, a partir de fontes renováveis, como
biomassa e produtos agrícolas.
Processo histórico
Quando os exploradores portugueses chegaram no século XV,
as tribos indígenas do Brasil totalizavam cerca de 2,5 milhões de
pessoas, que praticamente viviam de maneira inalterada desde a
Idade da Pedra. Da colonização portuguesa do Brasil (1500-1822)
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
Com um grau de desigualdade ainda grande, a economia brasileira tornou-se uma das maiores do mundo. De acordo com a lista
de bilionários da revista Forbes de 2011, o Brasil é o oitavo país
do mundo em número de bilionários, à frente inclusive do Japão,
com um número bastante superior aos dos demais países latino
americanos.
Pioneiro e líder na fabricação de celulose de madeira de fibracurta, o Brasil também tem alcançado resultados positivos no setor
de embalagens, em que é o quinto maior produtor mundial. No
mercado externo, responde por 25% das exportações mundiais de
açúcar bruto e açúcar refinado, é o líder mundial nas exportações
de soja e é responsável por 80% do suco de laranja do planeta e,
teve os maiores números de vendas de carne de frango, entre os
que lidam no setor.
Componentes da economia
Indústria
O setor de serviços responde pela maior parte do PIB, com
66,8%, seguido pelo setor industrial, com 29,7%, enquanto a agricultura representa 3,5%. A força de trabalho brasileira é estimada
em 100,77 milhões, dos quais 10% são ocupados na agricultura,
19% no setor da indústria e 71% no setor de serviços.
O Brasil tem o segundo maior parque industrial na América. Contabilizando 28,5% do PIB do país, as diversas indústrias
brasileiras variam de automóveis, aço e petroquímicos até computadores, aeronaves e bens de consumo duráveis. Com o aumento
da estabilidade econômica fornecido pelo Plano Real, as empresas
brasileiras e multinacionais têm investido pesadamente em novos
equipamentos e tecnologia, uma grande parte dos quais foi comprado de empresas estadunidenses.
O Brasil possui também um diversificado e relativamente
sofisticado setor de serviços. Durante a década de 1990, o setor
bancário representou 16% do PIB. Apesar de sofrer uma grande
reformulação, a indústria de serviços financeiros do Brasil oferece
às empresas locais uma vasta gama de produtos e está atraindo
inúmeros novos operadores, incluindo empresas financeiras estadunidenses. A Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São
Paulo está passando por um processo de consolidação e o setor de
resseguros, anteriormente monopolista, está sendo aberto a empresas de terceiros.
As reservas de recursos minerais são extensas. Grandes reservas de ferro e manganês são importantes fontes de matérias-primas
industriais e receitas de exportação. Depósitos de níquel, estanho,
cromita, urânio, bauxita, berílio, cobre, chumbo, tungstênio, zinco, ouro, nióbio e outros minerais são explorados. Alta qualidade
de cozimento de carvão de grau exigido na indústria siderúrgica
está em falta. O Brasil possui extensas reservas de terras raras,
minerais essenciais à indústria de alta tecnologia. De acordo com a
Associação Mundial do Aço, o Brasil é um dos maiores produtores
de aço do mundo, tendo estado sempre entre os dez primeiros nos
últimos anos.
O Brasil, juntamente com o México, tem estado na vanguarda do fenômeno das multinacionais latino-americanas, que, graças
à tecnologia superior e organização, têm virado sucesso mundial.
Essas multinacionais têm feito essa transição, investindo maciçamente no exterior, na região e fora dela, e assim realizando uma
parcela crescente de suas receitas a nível internacional. O Brasil
também é pioneiro nos campos da pesquisa de petróleo em águas
profundas, de onde 73% de suas reservas são extraídas. De acordo
com estatísticas do governo, o Brasil foi o primeiro país capitalista
a reunir as dez maiores empresas montadoras de automóvel em seu
território nacional.
Agricultura e produção de alimentos
O desempenho da agricultura brasileira põe o agronegócio em
uma posição de destaque em termos de saldo comercial do Brasil,
apesar das barreiras alfandegárias e das políticas de subsídios adotadas por alguns países desenvolvidos. Em, segundo a OMC o país
foi o terceiro maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas de
Estados Unidos e da União Europeia.
A importância dada ao produtor rural tem lugar na forma do
Plano da Agricultura e Pecuária e através de outro programa especial voltado para a agricultura familiar (Pronaf), que garantem o
financiamento de equipamentos e da cultura, incentivando o uso
de novas tecnologias e pelo zoneamento agrícola. Com relação à
agricultura familiar, mais de 800 mil habitantes das zonas rurais
são auxiliados pelo crédito e por programas de pesquisa e extensão
rural, notadamente através da Embrapa. A linha especial de crédito
para mulheres e jovens agricultores visa estimular o espírito empreendedor e a inovação.
Com o Programa de Reforma Agrária, por outro lado, o objetivo do país é dar vida e condições adequadas de trabalho para
mais de um milhão de famílias que vivem em áreas distribuídas
pelo governo federal, uma iniciativa capaz de gerar dois milhões
de empregos. Através de parcerias, políticas públicas e parcerias
internacionais, o governo está trabalhando para garantir infraestrutura para os assentamentos, a exemplo de escolas e estabelecimentos de saúde. A ideia é que o acesso à terra represente apenas o
primeiro passo para a implementação de um programa de reforma
da qualidade da terra.
Mais de 600 000 km² de terras são divididas em cerca de cinco
mil domínios da propriedade rural, uma área agrícola atualmente
com três fronteiras: a região Centro-Oeste (cerrado), a região Norte (área de transição) e de partes da região Nordeste (semiárido).
Na vanguarda das culturas de grãos, que produzem mais de 110
milhões de toneladas/ano, é a de soja, produzindo 50 milhões de
toneladas.
Na pecuária bovina de sensibilização do setor, o “boi verde”,
que é criado em pastagens, em uma dieta de feno e sais minerais,
conquistou mercados na Ásia, Europa e nas Américas, particularmente depois do período de susto causado pela “doença da vaca
louca”. O Brasil possui o maior rebanho bovino do mundo, com
198 milhões de cabeças, responsável pelas exportações superando
a marca de US$ 1 bilhão/ano.
Didatismo e Conhecimento
Maiores companhias
Até o momento, 33 empresas brasileiras foram incluídas na
Forbes Global 2000 - uma classificação anual das principais 2000
companhias em todo o mundo pela revista Forbes. As 10 maiores
empresas são:
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GEOGRAFIA
Posição
mundial
Companhia
8
Petrobras
49
103
203
322
514
Vale
Banco
Bradesco
Banco do
Brasil
Banco Itaú
Unibanco
Eletrobrás
Usiminas
519
Oi
606
Gerdau
81
101
Indústria
Operações de gás e
petróleo
Mineração
Receita Lucros Ativos
(bilhões (bilhões (bilhões
$)
$)
$)
Valor de
mercado
(bilhões $)
Sede
208,3
15,04
149,98
295,60
Rio de Janeiro
43,23
14,26
84,70
171,39
Banco
36,12
4,11
192,65
59,80
Rio de Janeiro
Osasco, Grande São
Paulo
Banco
28,61
2,60
202,00
41,54
Brasília
Banco
Banco
Utilitários
Materiais
Serviços de
telecomunicações
Aço
28,97
15,29
9,20
5,82
2,05
1,94
0,54
1,18
167,06
84,04
56,62
8,63
28,22
27,37
18,08
19,14
São Paulo
São Paulo
Rio de Janeiro
Belo Horizonte
7,90
0,61
12,36
11,69
Rio de Janeiro
11,03
0,63
12,39
8,13
Porto Alegre
Energia
O governo brasileiro empreendeu um ambicioso programa para reduzir a dependência do petróleo importado. As importações eram responsáveis por mais de 70% das necessidades de petróleo do país, mas o Brasil se tornou autossuficiente em petróleo em 2006. O Brasil é um
dos principais produtores mundiais de energia hidrelétrica, com capacidade atual de cerca de 108.000 megawatts. Hidrelétricas existentes
fornecem 80% da eletricidade do país. Dois grandes projetos hidrelétricos, a 15.900 megawatts de Itaipu, no rio Paraná (a maior represa do
mundo) e da barragem de Tucuruí no Pará, no norte do Brasil, estão em operação. O primeiro reator nuclear comercial do Brasil, Angra I,
localizado perto do Rio de Janeiro, está em operação há mais de 10 anos. Angra II foi concluída em 2002 e está em operação também. Angra
III tem a sua inauguração prevista para 2014. Os três reatores terão uma capacidade combinada de 9.000 megawatts quando concluídos. O
governo também planeja construir mais 17 centrais nucleares até ao ano de 2020.
Situação econômica
Somente em 1808, mais de trezentos anos depois de ser descoberto por Portugal, é que o Brasil obteve uma autorização do governo
português para estabelecer as primeiras fábricas.
No século XXI, o Brasil é uma das dez maiores economias do mundo. Se, pelo menos até meados do século XX, a pauta de suas exportações era basicamente constituída de matérias-primas e alimentos, como o açúcar, borracha e ouro, hoje 84% das exportações se constituem
de produtos manufaturados e semimanufaturados.
O período de grande transformação econômica e crescimento ocorreu entre 1875 e 1975.
Nos anos 2000, a produção interna aumentou 32,3% . O agronegócio (agricultura e pecuária) cresceu 47%, ou 3,6% ao ano, sendo o
setor mais dinâmico - mesmo depois de ter resistido às crises internacionais, que exigiram uma constante adaptação da economia brasileira.
A posição em termos de transparência do Brasil no ranking internacional é a 75ª de acordo com a Transparência Internacional. É igual
à posição da Colômbia, do Peru e do Suriname.
Controle e reforma
Entre as medidas recentemente adotadas a fim de equilibrar a economia, o Brasil realizou reformas para a sua segurança social e para
os sistemas fiscais. Essas mudanças trouxeram consigo um acréscimo notável: a Lei de Responsabilidade Fiscal, que controla as despesas
públicas dos Poderes Executivos federal, estadual e municipal. Ao mesmo tempo, os investimentos foram feitos no sentido da eficiência
da administração e políticas foram criadas para incentivar as exportações, a indústria e o comércio, criando “janelas de oportunidade”
para os investidores locais e internacionais e produtores. Com estas mudanças, o Brasil reduziu sua vulnerabilidade. Além disso, diminuiu
drasticamente as importações de petróleo bruto e tem metade da sua dívida doméstica pela taxa de câmbio ligada a certificados. O país viu
suas exportações crescerem, em média, a 20% ao ano. A taxa de câmbio não coloca pressão sobre o setor industrial ou sobre a inflação (em
4% ao ano) e acaba com a possibilidade de uma crise de liquidez. Como resultado, o país, depois de 12 anos, conseguiu um saldo positivo
nas contas que medem as exportações/importações, acrescido de juros, serviços e pagamentos no exterior. Assim, respeitados economistas
dizem que o país não será profundamente afetado pela atual crise econômica mundial.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
Políticas
- Países que o Brasil mais exportou (2011): China, Estados
Unidos, Argentina, Holanda e Japão
- Principais produtos exportados pelo Brasil: minério de
ferro, ferro fundido e aço; óleos brutos de petróleo; soja e derivados; automóveis; açúcar de cana; aviões; carne bovina; café e
carne de frango.
- Principais produtos importados pelo Brasil: petróleo
bruto; circuitos eletrônicos; transmissores/receptores; peças para
veículos, medicamentos; automóveis, óleos combustíveis; gás natural, equipamentos elétricos e motores para aviação.
- Organizações comerciais que o Brasil pertence: Mercosul, Unasul e OMC (Organização Mundial de Comércio)
O apoio para o setor produtivo foi simplificado em todos os
níveis; ativos e independentes, o Congresso e o Poder Judiciário
procederam à avaliação das normas e regulamentos. Entre as principais medidas tomadas para estimular a economia estão a redução
de até 30% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o
investimento de US$ 8 bilhões em frotas de transporte rodoviário
de cargas, melhorando assim a logística de distribuição. Recursos
adicionais garantem a propagação de telecentros de negócios e informações.
A implementação de uma política industrial, tecnológica e de
comércio exterior, por sua vez, resultou em investimentos de US$
19,5 bilhões em setores específicos, como softwares e semicondutores, farmacêutica e medicamentos e no setor de bens de capital.
Tipos de energia consumida no Brasil
- Petróleo e derivados: 37,9%
- Hidráulica: 15,2%
- Gás natural: 8,8%
- Carvão Mineral: 4,8%
- Biomassa: 21,8%
- Lenha: 10,1%
- Nuclear: 1,4%
Renda
O salário mínimo ainda é muito baixo no Brasil. O PIB per
capita do país gera em torno de R$21.252 ou US$ 12.144. Um
estudo da Fundação Getúlio Vargas, com base em dados do IBGE,
elaborou uma lista das profissões mais bem pagas do Brasil. Os
valores podem variar muito de acordo com o estado da federação
em que o profissional vive. As carreiras de Direito, Administração
e Medicina ficaram entre as mais bem pagas, seguidas por algumas
Engenharias.
TRANSPORTE BRASILEIRO
O transporte no Brasil
Informações, índices e dados da economia brasileira.
Até a década de 1950, a economia brasileira se fundava na
exportação de produtos primários, e com isso o sistema de transportes limitou-se aos transportes fluvial e ferroviário. Com a aceleração do processo industrial na segunda metade do século XX,
a política para o setor concentrou os recursos no setor rodoviário,
com prejuízo para as ferrovias, especialmente na área da indústria
pesada e extração mineral. Como resultado, o setor rodoviário, o
mais caro depois do aéreo, movimentava no final do século mais
de sessenta por cento das cargas.
As primeiras medidas concretas para a formação de um sistema de transportes no Brasil só foram estabelecidas em 1934. Desde a criação da primeira estrada de ferro até 1946 os esquemas
viários de âmbito nacional foram montados tendo por base as ferrovias, complementados pelas vias fluviais e a malha rodoviária.
Esses conceitos começaram a ser modificados a partir de então,
especialmente pela profunda mudança que se operou na economia
brasileira, e a ênfase passou para o setor rodoviário.
A crise econômica da década de 1980 e uma nova orientação
política tiveram como consequência uma queda expressiva na destinação de verbas públicas para os transportes.
- Moeda: Real (símbolo R$)
- PIB (Produto Interno Bruto): R$ 4,143 trilhões ou US$
2,367 trilhões * taxa de câmbio usada US$ 1,00 = R$ 1,75
- Renda per Capita (PIB per capita): R$ 21.252 ou US$
12.144 * taxa de câmbio usada US$ 1,00 = R$ 1,75
- Coeficiente de Gini: 49,3 alto
- Evolução do PIB nos últimos anos: 2,7% (2002); 1,1%
(2003); 5,7% (2004); 3,2% (2005); 4 % (2006); 6,1% (2007); 5,2%
(2008); - 0,3% (2009); 7,5% (2010); 2,7% (2011).
- Crescimento do PIB no 3º trimestre de 2012: 0,6% (entre
julho e setembro) em relação ao 2º trimestre de 2012. Em relação
ao 3º trimestre de 2011, cresceu 0,9%.
- Taxa de investimentos: 18,7% do PIB
- Taxa de poupança: 15,6% do PIB
- Força de trabalho: 104 milhões
- Inflação: 5,84%
- Taxa de desemprego: 4,9%
- Taxa básica de Juros do Banco Central (SELIC): 7,25%
ao ano Salário Mínimo Nacional: R$ 678,00 (a partir de 1º de
janeiro de 2013)
- Dívida Externa: US$ 271 bilhões
Transporte Ferroviário
Comércio Exterior:
vit)
A primeira estrada de ferro brasileira foi inaugurada no Rio
de Janeiro em 1854, com 14,5 km de extensão, unindo a Baía de
Guanabara ao sopé da Serra da Estrela, no caminho de Petrópolis.
Outras foram construídas posteriormente, no Nordeste e no planalto paulista, estas impulsionadas pela cultura do café – provocando
a ligação Santos-São Paulo Jundiaí e a construção das linhas das
Cias.
- Exportações: US$ 256,041 bilhões
- Importações: US$ 226,251 bilhões
- Saldo da balança comercial: US$ 29,790 bilhões (superá-
- Países que o Brasil mais importou: Estados Unidos, China,
Argentina e Alemanha
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
O setor ferroviário se desenvolveu de forma acelerada desde
a inauguração da primeira estrada de ferro, até 1920. A década de
1940 marcou o começo do processo de estagnação, que se acentuou com a ênfase do poder central na malha rodoviária. Diversas
ferrovias e ramais começaram a ser desativados e a rede ferroviária, que em 1960 tinha 38.287 km, reduziu-se a 26.659 km em
1980. A crise do petróleo na década de 1970 mostrou a necessidade
da correção da política de transportes, mas dificuldades financeiras
impediram a adoção de medidas eficazes para recuperar, modernizar e manter a rede ferroviária nacional, que entrou em processo
acelerado de degradação.
Na década de 1980, a administração pública tentou criar um
sistema ferroviário capaz de substituir o rodoviário no transporte
de cargas pesadas. Uma das iniciativas de sucesso foi a construção
da Estrada de Ferro Carajás, inaugurada em 1985, com 890 km de
extensão, que liga a província mineral de Carajás, no sul do Pará,
ao porto de São Luís MA. O volume de investimentos, porém,
ficou muito aquém das necessidades do setor num país das dimensões continentais do Brasil.
As ferrovias transportam 33% da carga (minério de ferro e
granéis) e já apresentam expansão em sua malha.
Entre as rodovias mais modernas do Brasil estão a Presidente
Castelo Branco, que liga São Paulo à região Centro-Oeste; a Torres-Osório, no Rio Grande do Sul; a Rio-Santos, que, como parte
da BR-101, percorre o litoral dos estados do Rio de Janeiro e São
Paulo; e a rodovia dos Imigrantes, de São Paulo a Santos.
As dificuldades econômicas do país a partir do final da década
de 1970 causaram uma progressiva degradação da rede rodoviária.
Na década de 1980, o crescimento acelerado deu lugar à estagnação. A perda de receitas, com a extinção, em 1988, do imposto sobre lubrificantes e combustíveis líquidos e do imposto sobre
serviços de transporte rodoviário, impediu a ampliação da rede e
sua manutenção. Como resultado, em fins do século XX a precária
rede rodoviária respondia por 65% do transporte de cargas e 92%
do de passageiros.
Embora o sistema rodoviário, incrementado a partir da década
de 60 com a expansão da indústria automobilística, seja oneroso
(três vezes mais do que o ferroviário e nove vezes mais do que
o fluvial, além de consumir 90% do diesel utilizado em transportes no país), responde por cerca de 64% da carga que circula no
território. Como objetivou a integração inter-regional, seu desenvolvimento prejudicou a melhoria e a expansão dos transportes
ferroviário e hidroviário.
Transporte Rodoviário
Transporte Hidroviário
No Brasil, a extensa área, a disponibilidade hídrica, a longa
faixa litorânea e os relevos pouco acidentados não impediram a
adoção de uma política de transportes apoiada nas rodovias. As
estradas brasileiras tiveram sua construção iniciada apenas no século XIX e as rodovias surgiram só na década de 1920, primeiro no Nordeste, em programas de combate às secas. Em 1928 foi
inaugurada a primeira rodovia pavimentada, a Rio-Petrópolis, hoje
rodovia Washington Luís.
A partir das décadas de 1940 e 1950, a construção de rodovias ganhou poderoso impulso devido a três fatores principais: a
criação do Fundo Rodoviário Nacional, em 1946, que estabeleceu
um imposto sobre combustíveis líquidos, usado para financiar a
construção de estradas pelos estados e a União; a fundação da Petrobrás, em 1954, que passou a produzir asfalto em grande quantidade; e a implantação da indústria automobilística nacional, em
1957.
A mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília levou à
criação de um novo e ambicioso plano rodoviário para ligar a nova
capital a todas as regiões do país. Entre as rodovias construídas a
partir desse plano destacam-se a Brasília-Acre e a Belém-Brasília,
que se estende por 2.070 km, um terço dos quais através da selva
amazônica.
Em 1973 passou a vigorar o Plano Nacional de Viação, que
modificou e definiu o sistema rodoviário federal. Compõe-se o sistema federal das seguintes rodovias:
Hoje, a navegação fluvial no Brasil está numa posição inferior
em relação aos outros sistemas de transportes. É o sistema de menor participação no transporte de mercadoria no Brasil. Isto ocorre
devido a vários fatores. Muitos rios do Brasil são de planalto, por
exemplo, apresentando-se encachoeirados, portanto, dificultam a
navegação. É o caso dos rios Tietê, Paraná, Grande, São Francisco
e outros. Outro motivo são os rios de planície facilmente navegáveis (Amazonas e Paraguai), os quais se encontram afastados dos
grandes centros econômicos do Brasil.
Nos últimos anos têm sido realizadas várias obras, com o intuito de tornar os rios brasileiros navegáveis. Eclusas são construídas para superar as diferenças de nível das águas nas barragens das
usinas hidrelétricas. É o caso da eclusa de Barra Bonita no rio Tietê
e da eclusa de Jupiá no rio Paraná, já prontas.
Existe também um projeto de ligação da Bacia Amazônica à
Bacia do Paraná. É a hidrovia de Contorno, que permitirá a ligação
da região Norte do Brasil às regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul,
caso implantado. O seu significado econômico e social é de grande
importância, pois permitirá um transporte de baixo custo.
O Porto de Manaus, situado à margem esquerda do rio Negro,
é o porto fluvial de maior movimento do Brasil e com melhor infraestrutura. Outro porto fluvial relevante é o de Corumbá, no rio
Paraguai, por onde é escoado o minério de manganês extraído de
uma área próxima da cidade de Corumbá.
O Brasil tem mais de 4 mil quilômetros de costa atlântica navegável e milhares de quilômetros de rios. Apesar de boa parte dos
rios navegáveis estarem na Amazônia, o transporte nessa região
não tem grande importância econômica, por não haver nessa parte
do País mercados produtores e consumidores de peso.
Os trechos hidroviários mais importantes, do ponto de vista
econômico, encontram-se no Sudeste e no Sul do País. O pleno
aproveitamento de outras vias navegáveis dependem da construção de eclusas, pequenas obras de dragagem e, principalmente, de
portos que possibilitem a integração intermodal. Entre as principais hidrovias brasileiras, destacam-se duas: Hidrovia Tietê-Paraná e a Hidrovia Taguari-Guaíba.
1) 8 rodovias radiais, com ponto inicial em Brasília e numeração iniciada por zero;
2) 14 rodovias longitudinais, no sentido norte-sul, com numeração iniciada em um;
3) 21 rodovias transversais, no sentido Leste-Oeste, com numeração iniciada em dois;
4) 29 rodovias diagonais, cuja numeração começa em três;
5) 78 rodovias de ligação entre cidades, com numeração iniciada em quatro.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
Principais hidrovias
As companhias aéreas brasileiras transportaram em média 40
milhões de passageiros (29 milhões em voos internos e 11 milhões
em voos internacionais), de acordo com o Departamento de Aviação Civil - DAC, com um acréscimo de 27,9% em relação ao ano
anterior. Além disso, haviam 10.332 aeronaves registradas ativas
e 2.014 aeroportos e aeródromos oficiais, sendo 1.299 privados e
715 públicos (dados de abril/2000).
Os principais centros do país em volume de passageiros transportados são pela ordem: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo
Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza e
Manaus. Em volume de cargas, destacam-se São Paulo (incluindose o aeroporto de Viracopos, em Campinas - o 1° do país em carga
aérea), Rio de Janeiro, Manaus, Brasília e Belo Horizonte.
- Hidrovia Araguaia-Tocantins - A Bacia do Tocantins é a
maior bacia localizada inteiramente no Brasil. Durante as cheias,
seu principal rio, o Tocantins, é navegável numa extensão de 1.900
km, entre as cidades de Belém, no Pará, e Peixes, em Goiás, e
seu potencial hidrelétrico é parcialmente aproveitado na Usina de
Tucuruí, no Pará. O Araguaia cruza o Estado de Tocantins de norte a sul e é navegável num trecho de 1.100 km. A construção da
Hidrovia Araguaia-Tocantins visa criar um corredor de transporte
intermodal na região Norte.
Hidrovia São Francisco - Entre a Serra da Canastra, onde nasce, em Minas Gerais, e sua foz, na divisa de Sergipe e Alagoas, o
“Velho Chico”, como é conhecido o maior rio situado inteiramente
em território brasileiro, é o grande fornecedor de água da região
semiárida do Nordeste. Seu principal trecho navegável situa-se entre as cidades de Pirapora, em Minas Gerais, e Juazeiro, na Bahia,
num trecho de 1.300 quilômetros. Nele estão instaladas as usinas
hidrelétricas de Paulo Afonso e Sobradinho, na Bahia; Moxotó, em
Alagoas; e Três Marias, em Minas Gerais. Os principais projetos
em execução ao longo do rio visam melhorar a navegabilidade e
permitir a navegação noturna.
Hidrovia da Madeira - O rio Madeira é um dos principais
afluentes da margem direita do Amazonas. A hidrovia, com as novas obras realizadas para permitir a navegação noturna, está em
operação desde abril de 1997. As obras ainda em andamento visam
baratear o escoamento de grãos no Norte e no Centro-oeste.
Hidrovia Tietê-Paraná - Esta via possui enorme importância
econômica por permitir o transporte de grãos e outras mercadorias
de três estados: Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Ela possui 1.250 quilômetros navegáveis, sendo 450 no rio Tietê, em São
Paulo, e 800 no rio Paraná, na divisa de São Paulo com o Mato
Grosso do Sul e na fronteira do Paraná com o Paraguai e a Argentina. Para operacionalizar esses 1.250 quilômetros, há necessidade
de conclusão de eclusa na represa de Jupiá para que os dois trechos
se conectem.
Taguari-Guaíba - Com 686 quilômetros de extensão, no Rio
Grande do Sul, esta é a principal hidrovia brasileira em termos de
carga transportada. É operada por uma frota de 72 embarcações,
que podem movimentar um total de 130 mil toneladas. Os principais produtos transportados na hidrovia são grãos e óleos. Uma
de suas importantes características é ser bem servida de terminais
intermodais, o que facilita o transbordo das cargas. No que diz respeito ao tráfego, outras hidrovias possuem mais importância local,
principalmente no transporte de passageiros e no abastecimento de
localidades ribeirinhas.
Transporte Marítimo
Entre 1920 e 1945, com o florescimento da indústria de construção naval, houve um crescimento constante do transporte marítimo, mas a partir dessa época a navegação de cabotagem declinou
de forma substancial e foi substituída pelo transporte rodoviário.
Para reativar o setor, o Congresso aprovou em 1995 uma emenda
constitucional que retirou dos navios de bandeira brasileira a reserva de mercado na exploração comercial da navegação de cabotagem e permitiu a participação de navios de bandeira estrangeira no
transporte costeiro de cargas e passageiros.
Na realidade, o transporte multimodal é a melhor opção para
o Brasil, pois a associação de vários sistemas de transporte e a
criação de terminais rodoviários, ferroviários e hidroviários reduziriam os fretes, aumentariam a competitividade dos produtos e
permitiriam uma maior integração territorial.
Além dos corredores de transportes (Araguaia-Tocantins, Leste, Fronteira Norte, MERCOSUL, Transmetropolitano, Nordeste,
Oeste Norte, São Francisco, Sudoeste), é fundamental abrir um
caminho em direção ao oceano Pacífico (corredor bioceânico) para
atingir os grandes mercados da Ásia e do Pacífico.
Transporte Dutoviário
Dá-se o nome de transporte dutoviário para a movimentação
de fluidos e gases pela tubulação.
Dutos são tubulações especialmente desenvolvidas e construídas de acordo com normas internacionais de segurança, para
transportar petróleo e seus derivados, álcool, gás e produtos químicos diversos por distâncias especialmente longas, sendo então
denominados como oleodutos, gasodutos ou polidutos. Os Dutos
Subterrâneos são aqueles enterrados para serem mais protegidos
contra intempéries, contra acidentes provocados por outros veículos e máquinas agrícolas, e também, contra a curiosidade e vandalismo por parte de moradores vizinhos à linha dutoviária. Os
Dutos Aparentes são aqueles visíveis, o que normalmente acontece
nas chegadas e saídas das estações de bombeio, nas estações de
carregamento e descarregamento. Os Dutos Submarinos são assim
denominados devido à que a maior parte da tubulação está submersa no fundo do mar. Este método é geralmente utilizado para
o transporte da produção de petróleo de plataformas marítimas.
Transporte Aéreo
Implantado no Brasil em 1927, o transporte aéreo é realizado
por companhias particulares sob o controle do Ministério da Aeronáutica no que diz respeito ao equipamento utilizado, abertura de
novas linhas etc. A rede brasileira, que cresceu muito até a década
de 1980, sofreu as consequências da crise mundial que afetou o
setor nos primeiros anos da década de 1990.
O transporte aeroviário é responsável por 4% do movimento
total de passageiros no Brasil. No segmento de carga, sua participação é de 0,65%. A receita total do setor gira em torno de R$ 12
bilhões ao ano.
Didatismo e Conhecimento
Tipos de Dutovias
As dutovias podem ser divididas em:
• Oleodutos: produtos transportados são, em sua grande
maioria derivados do petróleo como óleo combustível, gasolina,
diesel, álcool, GLP, querosene e nafta, e outros;
70
GEOGRAFIA
• Minerodutos: empregado no transporte de produtos como
sal-gema, minério de ferro e concentrado fosfático;
• Gasodutos: empregado no transporte de gás natural;
• Polidutos: empregado no transporte de outros produtos
como, vinho, água, etc.
A Mata Atlântica, apesar da proteção oficialmente estabelecida, continua a sofrer com a exploração ilegal de suas espécies.
A Floresta Amazônica produz muitas madeiras-de-lei (exemplo:
mogno) e o extrativismo está concentrado nas áreas periféricas
dessa floresta, em locais de acesso mais fácil e/ou cortadas por
rodovias. É preocupante a entrada de madeireiras asiáticas que
passam a atuar na região e a continuidade do corte ilegal apesar do
reforço na fiscalização dos órgãos competentes.
Muitas florestas brasileiras são heterogêneas e a dispersão das
árvores de mesma espécie contribui para o desperdício nessa extração. É importante lembrar também que a maior parte da madeira
cortada na Amazônia é consumida no mercado interno, principalmente em São Paulo.
No Brasil destacam-se na produção de madeira os Estados do
Pará, Rondônia, Mato Grosso e Paraná.
- castanha-do-pará: sua extração ocorre principalmente no
leste do Pará. É um produto de utilização interna e exportação
(Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra). O fruto da castanheira é
o ouriço, no interior do qual se encontram as castanhas utilizadas como alimento e matéria prima para alguns setores industriais
como cosméticos. O Pará mantém a liderança nacional, mas comum a produção em queda, assim como as exportações desse produto. O avanço do corte da madeira e da pecuária na Amazônia e a
entrada da Bolívia no mercado internacional têm contribuído para
a redução da produção e das exportações.
- açaí/palmito: palmeira típica da região Amazônica (aproximadamente 25metros de altura) da qual tudo se aproveita: raízes,
caule, frutos, folhas e palmito. Os frutos destinam-se mais ao mercado local e o palmito para exportação. A madeira e as folhas são
empregadas, por exemplo, na construção de casas. O fruto é um
pequeno coco que produz o suco e o vinho de açaí. O açaizeiro
hoje responde pela maior parte da produção de palmito no Brasil
devido à quase extinção desse recurso na Mata Atlântica em decorrência de uma extração ilegal e predatória. Desenvolve-se nas
terras firmes e várzeas da Amazônia.
- seringueira: o extrativismo do látex responde hoje por uma
pequena parte da produção nacional de borracha e está concentrado no sudoeste da Amazônia (Acre, Amazonas e Rondônia). O
auge na extração do látex no Brasil ocorreu entre 1870 e 1910,
levando milhares de nordestinos para o Acre (incorporado ao território brasileiro após acordo com a Bolívia). O contrabando de sementes de seringueira do Brasil, transplantadas no sudeste asiático
comprometeu o domínio brasileiro no mercado mundial. O ciclo
da borracha chegou ao final, não conseguindo resistir à concorrência asiática. Atualmente, além de o país importar borracha, a maior
parte da produção interna é conseguida pelo cultivo de seringueiras, como ocorre no oeste de São Paulo.
- lenha/carvão vegetal: madeiras menos nobres no Brasil são
utilizadas como lenha ou queimadas para a produção de carvão vegetal. Eliminar a utilização de mão de obra de crianças nos fornos
de produção de carvão e vegetal no país é uma das atuais preocupações na área social. Essa produção de lenha/carvão vegetal
abastece tanto o consumo doméstico como estabelecimentos comerciais (padarias, pizzarias, churrascarias) e também indústrias
irregularmente abastecidas por carvão mineral e que buscam no
carvão vegetal uma alternativa. A utilização desse recurso tem diminuído no país (provoca consequências prejudiciais ao meio ambiente), mas já contribuiu muito para o desmatamento no Sudeste
e Centro-Oeste.
- Babaçu: palmeira com aproximadamente 20 metros de altura com maior produção no Maranhão e Tocantins. Seus frutos
produzem amêndoas ricas em graxas e gorduras com aplicação
industrial (esmagamento para a produção de óleo) e alimentícia.
Vantagens e Desvantagens As principais vantagens das dutovias e do transporte dutoviário são:
Permite que grandes quantidades de produtos sejam deslocados de maneira segura, diminuindo o tráfego de cargas perigosas
por caminhões, trens ou por navios e, consequentemente, diminuindo os riscos de acidentes ambientais;
• Podem dispensar armazenamento;
• Simplificam carga e descarga;
• Diminuem custos de transportes;
• Menor possibilidade de perdas ou roubos;
• Redução do desmatamento;
• Melhoria da qualidade do ar nas grandes cidades;
• Facilidade de implantação, alta confiabilidade, baixo consumo de energia e baixos custos operacionais;
Pode ser citada como desvantagem do transporte por dutovias
a ocorrência de alguns acidentes ambientais.
EXTRATIVISMO VEGETAL E MINERAL
O Brasil possui grande extensão territorial e variadas formações vegetais e geológicas. Assim, nosso país conta com grande
diversidade e quantidade de vários recursos naturais, vegetais e
minerais. Nessa aula vamos conhecer alguns dos produtos mais
importantes em nossa economia conseguidos pelo extrativismo.
Extrativismo vegetal
O Brasil tem uma das maiores biodiversidades do mundo, mas
o progressivo desmatamento de nossas vegetações naturais coloca em risco essa biodiversidade. A exploração predatória, muitas
vezes ilegal, ameaça várias espécies de extinção. Faltam centros
de apoio para essa atividade no Brasil. A infraestrutura de armazenagem e transporte é precária. A produtividade é baixa, as técnicas
de extrativismo são arcaicas, há muito desperdício e o nível de
rendimento par as pessoas que trabalham nessa atividade é muito
baixo. Constituem uma mão de obra muito explorada que, muitas
vezes, apenas subsiste. Muitas famílias que trabalham nessa atividade vem sistematicamente abandonando o extrativismo vegetal e
partindo para outras atividades econômicas. Infelizmente, muitas
dessas famílias terminam por desmatar a área em que praticavam
originalmente o extrativismo vegetal para desenvolver a agricultura ou pecuária.
Produtos em destaque
- madeira: as florestas cobrem grande extensão do território
brasileiro garantindo a existência de numerosas espécies de madeira para usos diversos. A mata de araucárias fornece madeira
principalmente para a produção de papel e celulose. Trata-se de
uma floresta homogênea e aberta que facilita muito a extração.
Atualmente cultivam-se florestas com espécies não nativas de
crescimento mais rápido nas áreas em que as araucárias já foram
retiradas.
Didatismo e Conhecimento
71
GEOGRAFIA
Pesquisas procuram desenvolver o uso do óleo de babaçu como combustível. As folhas servem para a confecção de esteiras, cestos e quando
derrubado, também se aproveita o palmito do babaçu. Mas seu uso permanece marginal e basicamente como produto de subsistência.
- carnaúba: palmeira com aproximadamente 15 metros de altura encontrada no Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, com grande utilização. O fruto serve como alimento, o caule fornece madeira resistente e das folhas se extrai a cera de carnaúba, com várias aplicações
industriais. As folhas são usadas para a cobertura de casas, para confeccionar chapéus e cordas. Os carnaubais são espaçados e ensolarados
acompanhando várzeas de rios intermitentes no Nordeste.
- piaçava, coco, castanha-de-caju e buriti: são outros importantes produtos de extrativismo no Nordeste. A piaçava fornece fibras mais
duras, utilizadas na confecção de vassouras e cordas para navios. É uma palmeira nativa e endêmica do sul da Bahia, desenvolvendo-se em
solos de baixa fertilidade.
O coco do litoral nordestino, trazido da Ásia pelos portugueses, tem ampla utilização: folhas para cobertura, casca do fruto para confecção de cordas, palmito para alimentação, água e polpa para consumo natural ou industrializados (incluindo a fabricação de sabão, sabonete,
leite e óleo).
O cajueiro, que pode alcançar 20 metros de altura, é típico de porções litorâneas do nordeste tem ampla utilização. Sua castanha produz
um óleo com propriedades especiais (uso culinário, cosmético e medicinal) e a polpa dos eu falso fruto é utilizada para a produção de sucos.
O buriti é uma palmeira que pode alcançar 35 metros de altura. As formações de buriti constituem um indício da presença de água. A
polpa do seu fruto é importante fonte de alimento além de produzir um óleo com funções medicinais (contra queimaduras, efeito cicatrizante
e aliviador). Também pode ser lembrada a oiticica, cujo óleo se presta para o fabrico de tintas e vernizes (como secante).
Extrativismo mineral
A exportação de minérios é um item importante em nossa balança comercial. O Brasil possui uma das maiores produções mundiais de
vários minérios. Mas não somos autossuficientes em todos os recursos que utilizamos. Vamos analisar alguns dos mais importantes recursos
encontrados no Brasil. Nessa aula não estaremos abordando os minérios utilizados como fontes de energia, como os combustíveis fósseis.
Minérios em destaque
- ferro: o Brasil possui a sexta maior reserva de minério de ferro do mundo. Nossos minérios têm alta concentração do elemento ferro
e, portanto, apresentam elevada qualidade. Ocupamos o segundo lugar na produção mundial, perdendo apenas para a China. Mas estamos
à frente desse país considerando-se o volume de minério de ferro já beneficiado. As exportações brasileiras no ano 2000 totalizaram 157
milhões de toneladas, principalmente para o Japão e a Alemanha.
O Estado de Minas Gerais é grande produtor, na região conhecida como Quadrilátero Ferrífero, cortada pelo Rio Doce. O Estado do
Pará se destaca coma sua produção na Serra dos Carajás, exportada através da E F dos Carajás e do Porto de Itaqui, em São Luís, no Maranhão. Também ocorre uma produção menor no Mato Grosso do Sul (Serra de Urucum). A CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) é a
principal empresa que trabalha com a extração do ferro.
Didatismo e Conhecimento
72
GEOGRAFIA
- manganês: o Brasil possui apenas 1% das reservas mundiais de manganês. Nesse caso, o grande destaque mundial é a África do Sul.
Mas o Brasil chega a representar 18,7% da produção mundial no ano 2000 (2ªprodução mundial). A produção brasileira vem aumentando
principalmente com a atuação da CVRD em Carajás. As exportações também têm apresentado substancial crescimento. Internamente o
manganês é utilizado nas siderúrgicas compondo ligas com o ferro na produção de aço. A produção brasileira está concentrada no Estado do
Pará (Serra dos Carajás) e Minas Gerais (Quadrilátero Ferrífero).
- alumínio: o Brasil possui 7,8% das reservas mundiais de alumínio e coloca-se em 3º lugar na produção mundial. Guiné e Austrália possuem as maiores reservas mundiais, sendo esse último o maior produtor mundial. A extração de bauxita é realizada no Vale do Rio Trombetas
no Pará (Mineração Rio do Norte– 76,6%), com industrialização pela ALUNORTE/ALBRAS e no Estado de Minas Gerais. Vale lembrar o
elevado índice de reciclagem do alumínio no Brasil (segundo do mundo, atrás apenas do Japão).
- estanho: o Brasil possui 6,8% das reservas mundiais, uma produção de6, 7% e um consumo de 3,2% do total mundial. O estanho, obtido da cassiterita é utilizado na composição de ligas metálicas como a folha de flandres, com o aço. As principais áreas de produção estão no
Estado do Amazonas (72%) e Rondônia (25%). As exportações começam a enfrentar uma concorrência cada vez maior do estanho colocado
no mercado pela China (que possui 44,2% das reservas mundiais).
- cobre: o Brasil possui modesta participação no mundo em relação ao cobre, em um mercado dominado pelo Chile e EUA, tanto no que
diz respeito às reservas como à produção. O Brasil possui apenas 1,8% das reservas mundiais. Nossa produção, concentrada nos Estados da
Bahia e Pará (Carajás) é insuficiente para atender ao consumo interno. As importações são feitas do Chile e Peru.
- ouro: nossa produção é registrada em jazidas e na forma de aluvião (encontrado nos rios). Atende o mercado interno e externo. A avaliação precisa dessa produção é complicada em razão do ouro extraído e comercializa do ilegalmente. Os pequenos garimpos, especialmente
ilegais são responsáveis também por sérios danos ambientais de erosão do solo e contaminação de rios e solos com o mercúrio metálico. O
Brasil participa, com números oficiais, de3, 7% das reservas e 2,1% da produção mundial. As estimativas oficiais são de uma produção de
52 toneladas em 2000.
- nióbio: minério utilizado na composição de ligas metálicas que requerem resistência e leveza. Estratégico para certos setores industriais como aeronáutica, naval e espacial, além da indústria automobilística. O Brasil detém grande parte das reservas e produção mundial e,
internamente, a produção se concentra em Minas Gerais (96,3%), Amazonas (2,7%) e Goiás (1,0%).
- quartzo: minério estratégico para a indústria de informática e eletroeletrônica (computadores, chips), o Brasil detém quase a totalidade
do quartzo mundial em estado natural. O Brasil exporta esse produto especialmente para o Japão, Hong Kong e Reino Unido.
- sal marinho: a grande extensão do litoral brasileiro e as condições físicas favoráveis (ventos alísios, elevada insolação e evaporação,
elevada salinidade em alguns pontos do litoral) permitem ao Brasil uma grande produção que atende tanto o mercado interno como o externo. O Rio Grande do Norte é o maior produtor nacional (Macau - 1.744 mil t, Mossoró com 1.278 mil t e Areia Branca com 704 mil t, além
de outros municípios). O Rio de Janeiro, com 95mil t (2,1% da produção nacional), o Ceará, com 65 mil t (1,4%) e o Piauí, com 30 mil t
(0,6%) são outros produtores no Brasil.
- chumbo: a participação do Brasil nas reservas e produção de chumbo no mundo é muito reduzida. A produção brasileira é encontrada em Minas Gerais com 43,5%, Rio Grande do Sul com 40,1%, Paraná com 11,7%, Bahia e outros Estados com 4,7%. O Brasil importa
semimanufaturados de chumbo do Peru (62%), Venezuela, China, Reino Unido e Argentina. É utilizado na fabricação de baterias, óxidos,
soldas e munições.
Didatismo e Conhecimento
73
GEOGRAFIA
Outros destaques:
• o Brasil é o sexto produtor mundial de cimento. Os maiores
produtores no Brasil são o Estado de Minas Gerais (maior produtor
nacional com 22,8% do total), seguido de São Paulo (19,7%);
• temos a segunda maior reserva de caulim do mundo (usado
em setores industriais como o do papel e refratários). A produção
ocorre no Amapá, Pará, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do
Sul;
• produzimos diamante em áreas aluviais em Rondônia, em
áreas indígenas;
• a produção de enxofre está crescendo no Brasil, mas as importações também têm se elevado. É uma matéria-prima muito
utilizada na agricultura; o fosfato, outra matéria-prima para fertilizantes também é importado pelo Brasil em quantidades crescentes.
Nossos maiores fornecedores são Israel e Marrocos;
• o Brasil tem a quarta maior reserva mundial de Magnesita. A
Bahia produz 98% do total e o Ceará 2%. A Magnesita é aplicada
na produção de tijolos refratários;
• Niquelândia em Goiás produz praticamente metade do níquel extraído no Brasil, através de uma empresa do Grupo Votorantim. Entra na composição de ligas metálicas;
• o Brasil é grande importador de potássio para fertilizantes.
Compra esse minério principalmente do Canadá (29,0%), a Rússia
(20,0%), a Alemanha (20,0%) e Israel (15,0%) e outros;
• o Rio Grande do Norte é o único produtor no Brasil de concentrados do minério de tungstênio. Somos importadores desse
produto. Nossa participação nas reservas e produção mundial, assim como no caso da prata, são muito reduzidas.
Agentes Ambientais para atuarem nas comunidades beneficiadas;
realização de diagnósticos sócioambientais participativos, incluindo pesquisas domiciliares nas comunidades; articulação e promoção de parcerias com entidades comunitárias, projetos e programas
atuantes nestas comunidades; atividades educativas diversas para
os públicos formal (escolas) e informal (comunidades), incluindo
oficinas de arte-educação e de reaproveitamento de materiais, reuniões comunitárias, mutirões de limpeza, palestras e visitas guiadas nas áreas de reflorestamento. Fonte: site-Prefeitura do Rio de
Janeiro.
Principais Regiões do Estado
O Estado do Rio de Janeiro está dividido em oito Regiões de
Governo. Esta divisão está apoiada na Lei n° 1.227/87, que aprovou o Plano de Desenvolvimento Econômico e Social 1988/1991.
Desde então, foram feitas algumas alterações tanto na denominação quanto na composição dessas Regiões. São elas: Metropolitana, Noroeste Fluminense, Norte Fluminense, Baixadas Litorâneas,
Serrana, Centro-Sul Fluminense, Médio Paraíba e Costa Verde.
Decorridas duas décadas, sente-se a necessidade de uma nova
regionalização para o Estado do Rio de Janeiro, que sofreu neste
período muitas mudanças na sua organização espacial. O texto a
seguir apresenta um resumo das características de cada uma dessas
Regiões.
Região Metropolitana
A Região Metropolitana concentra capital, infraestrutura e
força de trabalho. Aí se encontra a maior parte das indústrias do
Estado, formando um parque industrial bastante diversificado.
Reúne também serviços altamente especializados nos setores financeiro, comercial, educacional e de saúde, assim como órgãos e
instituições públicas, entre outros.
Congregando 74% da população do Estado, a Região Metropolitana constitui-se também em espaço de pressão social marcado
por grandes contradições, pois, muitas vezes, o crescimento econômico não caminha junto com o atendimento das necessidades
básicas da população. Essas questões podem ser diagnosticadas
no espaço a partir de graves problemas, tais como: a distribuição
desigual dos serviços e equipamentos urbanos; a crescente demanda por habitações, marcada pelo aumento de submoradias e pela
expansão de favelas; a intensa degradação do meio ambiente e o
consequente esgotamento dos recursos naturais; a insegurança pública, demonstrada pelos altos índices de criminalidade.
Os Municípios do Rio de Janeiro e Niterói são os que melhores condições oferecem para atrair novos investimentos no Estado.
O Rio de Janeiro, por ser o principal centro produtor e distribuidor
de bens e serviços de todo o Estado, além de ser a sede do Governo estadual e de diversas instituições públicas e privadas. Niterói,
pela função já exercida também como sede de governo estadual,
além de se beneficiar da proximidade da cidade do Rio de Janeiro, principalmente após a construção da Ponte Rio-Niterói. São
também os municípios melhor pontuados nos indicadores sociais.
Ultimamente, o Município do Rio de Janeiro vem apresentando desconcentração industrial, com perdas na capacidade produtiva
instalada (pela incapacidade de se adequar às mudanças ocorridas
no mundo globalizado e de introduzir novas tecnologias) e na geração de empregos. Desde meados dos anos 1990, vem ocorrendo
RIO DE JANEIRO
Centro de Educação Ambiental - CEA
O Centro de Educação Ambiental desenvolve a política de
educação ambiental do Município do Rio de Janeiro, através de
programas e projetos que dão suporte à implantação de políticas
públicas voltadas para o meio ambiente e a sustentabilidade da
cidade.
Neste âmbito, as questões ambientais são tratadas como forma
de integrar as ações do poder público e da população, difundindo
valores, conceitos e princípios que incorporem a dimensão ambiental holística, humanística, democrática, participativa e interdisciplinar. O Centro de Educação Ambiental atua como espaço
gerador de conhecimentos, experimentação pedagógica e de disseminação e divulgação de saberes relativos às questões ambientais.
O CEA conta com um Centro de Referência em Educação
Ambiental que fica localizado no Parque Natural Municipal de
Marapendi e um Núcleo de Educação Ambiental dentro do Parque
Natural Municipal do Bosque da Barra.
Programa de Educação Ambiental em Áreas de Reflorestamento - PEAR
O Programa Educativo em Áreas de Reflorestamento foi criado para dar suporte pedagógico às ações do Projeto Mutirão Reflorestamento, também desenvolvido pela Secretaria Municipal de
Meio Ambiente. Executado desde 1995, em 2000 passa por uma
reformulação metodológica, de modo a fortalecer a sua estrutura. Dentre as suas ações destacam-se: a seleção e capacitação de
Didatismo e Conhecimento
74
GEOGRAFIA
a transferência de sedes de muitas empresas para outros estados.
Tal fato se relaciona, principalmente, a questões tributárias e de
segurança pública. Seu setor de serviços é de grande importância
na economia do Estado.
Niterói foi, durante muito tempo, a capital do antigo Estado do
Rio de Janeiro. Perdeu esta função em 1975, quando se deu a fusão
com o Estado da Guanabara. Cresceu na margem oriental da Baía
de Guanabara. Sua comunicação com a cidade do Rio de Janeiro se
dava através do transporte marítimo (barcas, na travessia da Baía
de Guanabara) ou rodoviário, circundando, num longo trajeto, o
recôncavo da Baía de Guanabara. A construção da Ponte Rio-Niterói (inaugurada em 1974) promoveu grandes mudanças na cidade,
destacando-se a expansão do setor imobiliário. Dinamizaram-se o
comércio e os serviços.
Niterói possui o melhor IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) do Estado. Escritórios de serviços especializados, hospitais, universidades, museus, grandes redes de supermercados,
shoppings-centers, inúmeras agências de automóveis, centenas de
bares e restaurantes etc. proporcionam muitas opções de entretenimento e prestação de serviços às famílias e às pessoas. Ao mesmo
tempo, o Município está absorvendo uma série de investimentos
industriais importantes nos setores ligados à cadeia produtiva de
petróleo e gás. Destaque-se a reinauguração de estaleiros, com a
reforma e a manutenção de plataformas e estruturas off-shore, além
da construção de embarcações para o transporte de passageiros.
Outras áreas da Região Metropolitana que deverão sofrer nos
próximos anos significativas mudanças socioeconômicas e espaciais são as que abrangem o Município de Itaboraí e seus vizinhos
— diante da implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro – COMPERJ —, e Itaguaí e vizinhanças, com a implantação
da Companhia Siderúrgica do Atlântico — CSA. Itaguaí abriga o
Porto de Sepetiba, além de possuir inúmeras indústrias e de assumir o papel de um centro comercial.
Os municípios que compõem tradicionalmente a Baixada
Fluminense (Japeri, Queimados, Nova Iguaçu, Mesquita, Belford
Roxo, Nilópolis, São João de Meriti e Duque de Caxias) e que
constituem a periferia da metrópole do Rio de Janeiro, apesar de
apresentarem, segundo o SEBRAE/RJ, um APL Petroquímico,
Químico e Plástico (Duque de Caxias, Belford Roxo e São João de
Meriti) e algumas concentrações de atividades industriais – vestuário (Nova Iguaçu e São João de Meriti) e papel/editorial/gráfica
(Duque de Caxias e São João de Meriti), ainda se caracterizam
como cidades dormitórios, carecendo das condições básicas de
sobrevivência, enfrentando problemas de moradia, saneamento,
educação e saúde, além de insuficiente mercado de trabalho. Aí
vivem 27% da população da Região Metropolitana. Os municípios
de Duque de Caxias e Nova Iguaçu estão se consolidando como
subcentros dinâmicos dentro da Região Metropolitana, o mesmo
ocorrendo com São Gonçalo, na margem oriental da Baía de Guanabara. baseando-se, a exemplo de outras áreas do Estado, no binômio latifúndio-minifúndio, na má utilização das terras e na pecuária extensiva, que, entre outras causas, são responsáveis pelo êxodo rural,
provocando uma diminuição nos efetivos populacionais da zona
rural. Todos esses fatores, somados e associados à fraca expansão
das atividades industriais e terciárias, afetam negativamente a geração de emprego e a renda na Região.
Itaperuna é o centro regional, exercendo influência sobre parte
do Noroeste Fluminense, em função não só de sua evolução histórica, mas também da rede viária implantada, que possibilita sua
ligação tanto com os demais municípios da Região como também
com outras partes do Estado. Ao lado da produção cafeeira, no
final do século XIX e início do século XX, contou o Município
com outros cultivos e também com a pecuária de corte. Com esta
diversificação, Itaperuna pôde se destacar dos demais municípios
cafeeiros, desenvolvendo atividades comerciais e prestando serviços para toda a Região, assim como para municípios mineiros
limítrofes.
Dois municípios despontam como pólos regionais: Santo Antônio de Pádua e Bom Jesus do Itabapoana. O primeiro transformou-se em importante núcleo de especialização no setor de extração mineral, voltado para a explotação de rochas ornamentais
(gnaisses, denominados pedra paduana e pedra madeira), cujas
características o aproximam da definição de Arranjo Produtivo
Local (APL). Apesar do “... baixo nível de qualificação gerencial e
técnica e baixo nível tecnológico no processo, além de uma competição predatória instituída que tem levado os preços das rochas a
patamares tão baixos que comprometem a sobrevivência de algumas empresas...” (SEBRAE/RJ), o setor responde por significativa
geração de emprego e renda.
Santo Antônio de Pádua tem a seu favor a sua acessibilidade a
território capixaba, assim como a municípios mineiros e da Região
do Médio Paraíba, através das rodovias RJ-186 e BR-393, respectivamente. Verifica-se, em Santo Antônio de Pádua, a tendência
para se transformar, junto com municípios próximos (Pirapetinga,
em Minas Gerais, por exemplo), num polo papeleiro. Diversas empresas estão sendo instaladas no Município: distribuidora de carnes, distribuidora de bebidas, retífica de pneus, fundição e torrefação de café. Sua influência já se faz sentir sobre território mineiro.
Bom Jesus do Itabapoana torna-se a cada dia menos dependente de Itaperuna. Situa-se numa posição privilegiada, pois é
atravessado pela RJ-186, por onde circula o tráfego de caminhões
e outros veículos que vêm do Espírito Santo e se dirigem à porção
ocidental do Estado do Rio de Janeiro, passando por municípios
mineiros, através da BR-393. Os necessários serviços de apoio logístico ao transporte (mecânica, peças, postos de abastecimento
etc.) acarretam a multiplicação de empresas do setor. Em decorrência, a cidade já apresenta um centro comercial e de serviços
especializado, e sua área de influência já se estende pelo sul do
Espírito Santo e pela zona rural do norte do Município de Campos dos Goytacazes. Além disto, observa-se um incremento das
atividades rurais (criação de ovinos e caprinos; pecuária leiteira e
cultivo de café), além de pequenos negócios.
Região Noroeste Fluminense
A Região teve seu apogeu com a cultura cafeeira, responsável
pela consolidação da ocupação desta porção do território fluminense. Com o declínio da cafeicultura, as atividades agropecuárias
que a substituíram não conseguiram evitar o esvaziamento econômico e demográfico que se seguiu. Até hoje, a agropecuária caracteriza-se, com raras exceções, por uma estrutura fundiária arcaica,
Didatismo e Conhecimento
Região Norte Fluminense
A agroindústria açucareira caracteriza, tradicionalmente, a
Região Norte Fluminense. Nas últimas décadas, dois outros produtos – petróleo e gás natural – assumiram importante papel na
75
GEOGRAFIA
economia regional, colocando-a como uma das principais regiões
do Estado. A produção do petróleo e do gás natural, extraídos da
Bacia de Campos, é o principal fator de crescimento do PIB do
Estado do Rio de Janeiro. As receitas dos municípios do Norte
Fluminense – principalmente de Campos dos Goytacazes, Macaé,
Quissamã, São João da Barra e Carapebus - sofreram substancial aumento em decorrência do recebimento dos royalties destes produtos. Em geral, com base nestes royalties, os municípios
têm realizado melhorias urbanísticas em suas jurisdições, havendo
necessidade de estudos mais detalhados sobre a aplicação destes
recursos, visando a maximização dos benefícios à população, até
porque é preciso pensar no pós-petróleo e gás.
Dois municípios se destacam na Região Norte Fluminense:
Campos dos Goytacazes e Macaé. O primeiro exerce função polarizadora sobre o Norte e o Noroeste Fluminenses. Historicamente,
desenvolveu-se com a economia açucareira, fundamental na difusão do povoamento por ambas as Regiões. Ainda hoje, o cultivo da
cana e a produção do açúcar/álcool se posicionam com destaque na
economia do Município. Estes setores se modernizam através da
mecanização e da concentração da produção em grandes unidades.
No entanto, se, de um lado, este novo perfil da agroindústria contribui para aumentar a capacidade produtiva, de outro, reduz a população mantida permanentemente pela agricultura e pelas lavouras de subsistência, fazendo crescer o setor informal e a migração.
Mais da metade da população economicamente ativa encontra-se
no setor terciário, que atende às populações de grande parte dos
municípios do Norte e Noroeste Fluminenses.
Campos dos Goytacazes concentra o maior número de estabelecimentos industriais da Região, destacando-se as indústrias
de produtos alimentares, química, transformação de produtos de
minerais não metálicos e mecânica.
Macaé, até um passado recente, baseava sua economia na
agroindústria, apoiada na cana-de-açúcar. Ultimamente, vem despontando como um pólo regional, em decorrência, principalmente,
das atividades ligadas à extração do petróleo e do gás natural da
Bacia de Campos. Inclui-se entre os municípios que receberam
significativos fluxos migratórios nas últimas décadas.
Essas atividades extrativas recentes, com base de apoio em
Macaé, vêm promovendo o incremento da indústria mecânica
neste Município, assim como o crescimento acelerado e desordenado da malha urbana, com a proliferação de submoradias. Seus
reflexos também se fazem sentir nos municípios vizinhos, como
Rio das Ostras, pertencente à Região das Baixadas Litorâneas, e
Conceição de Macabu. Um fenômeno bastante recente começa
a ser observado: a expansão da área de influência de Macaé sobre municípios da Região Serrana - tradicionalmente polarizados
por Nova Friburgo (Trajano de Moraes e Santa Maria Madalena,
por exemplo) -, facilitada pelo asfaltamento de estradas. Em Santa Maria Madalena, saltam aos olhos as construções de imóveis
cujos proprietários são oriundos de Macaé, que começa a expulsar
pessoas em decorrência dos problemas associados ao seu rápido e
desordenado crescimento urbano.
assim como da oferta e demanda da mão-de-obra. Problemas ambientais e sociais se acentuaram. Com a realização de estudos e
pesquisas nas áreas ambiental, social e econômica, poder-se-á contar, mais para a frente, com informações mais precisas sobre esta
nova realidade.
Essa Região é marcada por duas unidades espaciais diferenciadas. A primeira caracteriza-se por apresentar grande dinamismo, em função das atividades industriais e turísticas, abrangendo
os Municípios de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. Nos
dois primeiros, também é importante a produção de hortifrutigranjeiros, nos vales intermontanos.
Nova Friburgo e Petrópolis são os principais polos regionais.
Nova Friburgo desempenha as funções industrial, de comércio e
de prestação de serviços, exercendo influência sobre quase todos
os municípios da Região Serrana. Apresenta indústrias de gêneros
diversos, destacando-se as de vestuário, têxtil e metalurgia. Predomina a indústria tradicional, representada por pequenas e médias
empresas, sobretudo as de vestuário e têxteis.
Nova Friburgo é o núcleo do APL de moda íntima, composto por este e pelos Municípios de Bom Jardim, Cordeiro, Duas
Barras e Cantagalo. De acordo com o SEBRAE/RJ (2004), Nova
Friburgo contava, em 2003, “... com cerca de 700 pequenas indústrias de confecção, das quais aproximadamente 500 são formais e
cerca de 200 informais. Esse arranjo é responsável pela produção
de 200 milhões de peças por ano, 20 mil empregos diretos e vendas
em torno de R$ 700 milhões/ano [...] Segundo as informações da
RAIS-2001, o conjunto de atividades relacionadas ao setor vestuário neste arranjo envolvia 810 estabelecimentos, gerando 8.282
postos de trabalho, o que caracterizava este núcleo como o principal do Estado no ramo vestuário.”
É visível a influência da função turística na economia de Nova
Friburgo, que apresenta rede de hotéis de bom padrão. Atualmente,
a preocupação com o uso sustentável do meio ambiente tem motivado o desenvolvimento do ecoturismo. O setor primário, embora
tenha pouca participação na produção total do Município, destacase pela olericultura, despontando também a floricultura. A agricultura constitui uma atividade estável e com algumas características
empresariais. A centralidade de Nova Friburgo e o seu papel polarizador podem ser comprovados através da análise dos fluxos
de migração no Estado, situando-se entre os que mais migrantes
receberam nas últimas décadas.
Petrópolis desempenha o papel de polo, em função, principalmente, do setor industrial, distinguindo-se os gêneros mecânica,
têxtil e vestuário, além de suprir com o seu comércio e serviços as
necessidades da população dos municípios próximos.
As indústrias têxteis e de vestuário de Petrópolis também formam um APL, voltado para a moda feminina e que se diferencia
do de Nova Friburgo por produzir artigos de malha. De acordo
com o SEBRAE/RJ (2004), este APL é o segundo mais importante
do Estado no ramo têxtil-vestuário, sendo formado por micro e
pequenas empresas.
A outra unidade, englobando o restante da Região, apresenta
um fraco desempenho econômico, em função da substituição da
atividade cafeeira pela pecuária extensiva, em solos empobrecidos, trazendo baixos índices de produtividade, o que tem servido
para forçar o êxodo de parcelas consideráveis da força de trabalho
rural. Por outro lado, a atividade industrial como, por exemplo, a
concentração, em Cantagalo, de atividades em torno da produção
de cimento e fabricação de artefatos de concreto não possui o dinamismo suficiente para alterar este cenário. Região Serrana
A descrição que se segue sobre a Região Serrana caracteriza
um cenário anterior aos deslizamentos e eventos associados ocorridos em janeiro de 2011. Sabe-se que a economia da Região foi
profundamente afetada, implicando em alteração da produção,
Didatismo e Conhecimento
76
GEOGRAFIA
Região das Baixadas Litorâneas
A industrialização da Região gera uma série de problemas,
com a consequente perda da qualidade de vida da população, retratada na expansão de submoradias e de periferias subequipadas,
além da poluição do ar e do Rio Paraíba do Sul.
É importante registrar que, além da indústria, a agropecuária
também assume papel de destaque no Médio Paraíba. A Região é
uma das maiores produtoras de leite do Estado. Muitas vezes, esta
atividade é praticada em moldes tradicionais, com fraca inserção
no processo de modernização da agricultura, estando pouco articulada com o grande capital industrial, comercial e financeiro.
No Município de Rio das Flores, verifica-se um forte investimento no turismo rural (antigas fazendas de café), com visível
ampliação da infra-estrutura de hospedagem.
As atividades econômicas que caracterizaram a Região, até a
década de 1960, estavam relacionadas à exploração do sal, à produção de laranja, à pesca e à criação de gado. Durante as últimas
décadas, as atividades ligadas ao turismo e ao lazer passaram a
ser muito importantes nos municípios litorâneos, onde se observa,
como consequência, o parcelamento do solo, resultante da especulação imobiliária, que aumenta ainda mais a demanda sobre os
equipamentos urbanos e a estrutura viária. Este processo tem gerado uma degradação ambiental generalizada, sobretudo nas lagoas,
em consequência dos aterros, do aumento de despejos de esgotos
“in natura” e da proliferação de moradias em áreas de proteção
ambiental, entre outros.
Cabo Frio é, por excelência, o principal centro regional, a partir da diversificação das atividades comerciais e de serviços. É visível o progressivo aumento do percentual da população economicamente ativa que se dedica às atividades terciárias, consequência
do desenvolvimento do comércio e dos serviços. A atividade que,
nos dias atuais, desponta como a indicada para o crescimento do
Município é o turismo, favorecido pelas condições do meio natural. A função polarizadora de Cabo Frio é sentida sobre quase todos os municípios da Região, à exceção de Cachoeiras de Macacu,
Casimiro de Abreu e Rio das Ostras.
Em Rio das Ostras, já se sente o reflexo do crescimento de
Macaé, com a ampliação do mercado imobiliário – e, consequentemente, do comércio e serviços –, já que é crescente o número de
moradores de Rio das Ostras que trabalham em Macaé.
Região Centro Sul Fluminense
Antiga região cafeeira, o Centro Sul Fluminense viveu, durante algumas décadas, as consequências da decadência desta cultura
e, hoje, sua economia apoia-se na criação de gado, na olericultura
e no turismo. A realidade mostra um forte parcelamento do solo,
principalmente nos municípios próximos à Região Metropolitana,
enquanto algumas grandes propriedades têm sido transformadas
em hotéis fazenda e sítios de lazer.
A Região tem em Três Rios seu centro regional, embora suas
atividades econômicas já não apresentem o mesmo dinamismo de
anos atrás.
O Município de Paty do Alferes destaca-se pelas atividades
de produção do tomate. O de Paraíba do Sul está recuperando o
seu polo turístico, contando com trem turístico (ligando a sede aos
distritos), teatro/cinema (restaurado), galeria cultural, museu ferroviário e parque de exposições. Além disto, está reformando o
Parque Salutáris (Parque das Águas). Região do Médio Paraíba
A Região do Médio Paraíba é, depois da Metropolitana, a mais
industrializada do Estado do Rio de Janeiro, destacando-se o eixo
Volta Redonda - Barra Mansa - Resende.
Volta Redonda e Barra Mansa exercem, juntos, influência
direta sobre grande parte da Região, bem como sobre a porção
meridional do Centro Sul Fluminense. Devem tal condição ao fato
de abrigar uma conurbação, representada pelas duas sedes, cujo
crescimento está relacionado à implantação da CSN, que desempenhou papel multiplicador na atividade industrial regional, com
consequente aumento dos serviços. Estes centros são beneficiados
por rodovias, que permitem a comunicação não só com outros municípios fluminenses, mas também com São Paulo e Minas Gerais,
destacando-se a Rodovia Presidente Dutra e a BR-393, que possibilita a conexão com a rodovia BR-040, que liga o Rio a Belo
Horizonte.
O Município de Resende abriga indústrias diversas, destacando-se a fábrica de ônibus e caminhões da Volkswagen. Exerce influência sobre Itatiaia, Quatis e Porto Real. Sua posição privilegiada no eixo Rio - São Paulo e a disponibilidade de terras são fatores
importantes para a atração de novos empreendimentos.
Valença, Barra do Piraí e Porto Real são, também, importantes
municípios industriais. Neste último, além das indústrias de vidro
e de galvanização, destaca-se a Peugeot, montadora de automóveis. Tem-se verificado visível crescimento urbano em Quatis e
Penedo, em decorrência das atividades industriais de Porto Real.
Empresas industriais e de serviços podem ser observadas no
Município de Piraí. Encontram-se espacialmente concentradas,
sem as características de um APL, mas com visível impacto local.
Didatismo e Conhecimento
Região da Costa Verde
A Região da Costa Verde é constituída pelos municípios de
Parati, Angra dos Reis e Mangaratiba. Parati e Angra dos Reis fazem parte de uma microrregião denominada Baía da Ilha Grande.
Mangaratiba, juntamente com Itaguaí, faz parte de outra microrregião – a da Baía de Sepetiba. A Região é reconhecida pelas suas
belezas naturais, que favorecem o desenvolvimento do turismo,
principalmente na microrregião da Baía da Ilha Grande.
Parati e Angra dos Reis caracterizavam-se pela presença da
agricultura, praticada em moldes tradicionais - principalmente a
cultura da banana -, assim como das colônias de pescadores, espalhadas ao longo do litoral. Por um tempo relativamente curto, vislumbrou-se a possibilidade de crescimento econômico alavancado
pela indústria de construção naval, atividade que viveu um período
de crise e que se encontra atualmente em recuperação.
A implantação da indústria de construção naval e a abertura da
Rodovia Rio-Santos imprimiram à Região grandes modificações,
não só ambientais como sociais e econômicas.
Em Angra dos Reis, os ecossistemas locais foram – e continuam sendo – degradados pela atividade imobiliária. A presença
das usinas nucleares (Angra I e II, assim como Angra III, em construção) também é motivo de preocupação. Neste município e em
Parati, o turismo constitui importante atividade dinamizadora do
comércio e dos serviços, em função das inúmeras praias e ilhas e
da presença da Mata Atlântica, ainda preservada.
77
GEOGRAFIA
Mangaratiba apresenta características diferentes dos dois municípios acima. Está mais ligada à Região Metropolitana, da qual
fazia parte até o ano de 2002. Mangaratiba conta com um terminal
de minérios e relativo potencial turístico.
Os pontos culminantes das terras altas são: Agulhas Negras
(2.791m, no Município de Itatiaia), Pedra dos Três Picos (2.310m,
entre os Municípios de Teresópolis e Nova Friburgo) e Pico do
Macela (1.840m, no Município de Parati). Por suas belas e interessantes características, tornam-se importantes pontos de atração
turística.
Encontra-se no planalto, sobretudo nas áreas de relevo mais
acidentado, o que restou da floresta que cobria quase todo o território do Estado do Rio de Janeiro, há quinhentos anos, quando aqui
chegaram os portugueses. Ela é conhecida como Mata Atlântica,
nela se identificando três tipos de floresta: a Ombrófila Densa, a
Ombrófila Mista e a Estacional Semidecidual. Em várias partes do
Estado, a floresta está renascendo espontaneamente, nos lugares
onde a agricultura e a criação de gado deixaram de ser praticadas. Encontram-se no litoral do Estado outros tipos de cobertura
vegetal, como os manguezais e a vegetação existente nas praias,
restingas e dunas.
As baixadas estão situadas entre o planalto e o oceano, entremeando-se também pelas colinas e maciços costeiros. Embora
possuam o nome genérico de Baixada Fluminense, são mais conhecidas pelas suas denominações locais: Baixada dos Goytacazes
(ou Campista), Baixada dos Rios Macaé e São João, Baixada da
Guanabara e Baixada de Sepetiba. De acordo com a tradição, a
expressão Baixada Fluminense fica restrita à porção do território
que abrange os Municípios de Belford Roxo, Duque de Caxias,
Japeri, Mesquita, Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados e São João
de Meriti.
Os maciços costeiros (ou litorâneos) são elevações que surgem nas áreas das baixadas, desde Cabo Frio até o Município do
Rio de Janeiro.
O Estado do Rio de Janeiro possui um litoral extenso, com
636 quilômetros, que se estende desde a barra (foz) do Rio Itabapoana (limite com o Espírito Santo) até a Ponta da Trindade (limite com São Paulo). Possui, também, um grande número de rios.
O principal é o Paraíba do Sul.
O Rio de Janeiro possui um clima quente com áreas úmidas,
semiúmidas e, até, secas. Nas áreas úmidas, quase todos os meses
do ano são chuvosos; nas semiúmidas, de quatro a seis meses são
secos, isto é, quase não chove neste período; nas secas, são mais de
sete meses de muito pouca chuva.
A temperatura e a distribuição das chuvas pelos meses do ano
variam, principalmente, de acordo com o relevo e a proximidade
do mar. Quanto mais alto, mais baixa é a temperatura. Quanto mais
perto do mar, mais amena. Desta forma, percebem-se vários tipos
de clima, destacando-se o tropical e o tropical de altitude.
O clima tropical ocorre nas áreas de baixas altitudes, como as
baixadas e a base da Serra do Mar. Apresenta temperatura média
anual em torno de 24o C e áreas úmidas e semiúmidas.
O clima tropical de altitude ocorre nas terras altas (Serra do
Mar, parte do Vale do Paraíba do Sul e Planalto de Itatiaia) e se
caracteriza por temperaturas mais amenas, devido à altitude do relevo. No Planalto de Itatiaia, são registradas as temperaturas mais
baixas do Estado do Rio de Janeiro.
Algumas áreas são quentes e secas, como Arraial do Cabo
e alguns municípios das Regiões Norte Fluminense e Noroeste
Fluminense (exemplos: São João da Barra, São Francisco de Itabapoana e Bom Jesus do Itabapoana).
É importante destacar a existência, em todas as Regiões de
Governo, de sérios problemas ambientais associados à inexistência de saneamento básico, à coleta e disposição de resíduos sólidos
e à ocupação indevida das margens dos rios e das encostas. Fonte:
Fundação CEPERJ
Lei nº 1227, de 17 de Novembro de 1987 (REVOGADO)
Dispõe Sobre o Plano de Desenvolvimento Econômico e
Social do Estado do Rio de Janeiro, para o Período de 1988
a 1991.
O Governador do Estado do Rio de Janeiro,
Faço saber que a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - Ficam aprovados os programas, metas e projetos estabelecidos no Plano de Desenvolvimento Econômico e Social do
Estado do Rio de Janeiro, para o período de 1988 a 1991.
Art. 2º - Fica o Poder Executivo autorizado a atualizar o Plano, por força de eventuais alterações nas condições inicialmente
previstas, respeitada a estrutura básica das proposições nele estabelecidas.
Art. 3º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário.
Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1987.
W. MOREIRA FRANCO
Governador
Geografia do Município do Rio de Janeiro
O Rio de Janeiro, com uma área de 43.766,6 km2, é o vigésimo quarto estado brasileiro em extensão territorial. Faz parte da
Região Sudeste, a mais desenvolvida do país. Possui limites territoriais com todos os estados que a compõem. Ao norte, limita-se
com Minas Gerais; ao sul e a leste, com o Oceano Atlântico; a
oeste, com São Paulo e, a nordeste, com o Espírito Santo. A maior
parte destes limites são elementos naturais: Rio Paraíba do Sul,
Rio Preto e pontos altos do Planalto de Itatiaia, entre o Rio de
Janeiro e Minas Gerais; Rio Itabapoana, entre o Rio de Janeiro e
o Espírito Santo; pontos altos da Serra do Mar e vários córregos,
entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
O relevo fluminense apresenta três unidades: as terras altas, as
baixadas e os maciços costeiros.
As terras altas compreendem o planalto, onde se encontram
as maiores altitudes. Aí se localizam a Serra do Mar, o Planalto
de Itatiaia e parte do Vale do Paraíba do Sul. Em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, a Serra do Mar é chamada de Serra dos
Órgãos. Em Parati, é conhecida como Serra da Bocaina. Em outras
partes do Rio de Janeiro, recebe diversas denominações locais.
Didatismo e Conhecimento
78
GEOGRAFIA
Vivem no território fluminense 15.993.583 habitantes, de
acordo com os resultados preliminares do Censo Demográfico
de 2010 (IBGE). O Estado do Rio de Janeiro é o terceiro em população, depois de São Paulo (41.252.160 hab.) e Minas Gerais
(19.595.309 hab.). É o estado mais urbanizado do país, com 97%
de seus habitantes vivendo nas cidades (Censo 2010). A população está muito concentrada na Região Metropolitana, que é a mais
populosa e a mais povoada, com 11.838.752 habitantes (74% do
total do Estado) e 2.226 hab/km2. Nela, está a capital do Estado, a
cidade do Rio de Janeiro, situada no município que tem este mesmo nome. Só no Município do Rio de Janeiro, vivem 6.323.037
pessoas. É o mais populoso do Estado. Também na Região Metropolitana está o município com a maior densidade demográfica do
Estado – São João de Meriti, com 13.087 hab/km2. Ele é, portanto,
o mais povoado. De forma oposta, a Região de Governo menos
povoada é o Noroeste Fluminense, com 59 hab/km2.
O Rio de Janeiro está dividido em 92 municípios, agrupados
em oito Regiões de Governo. Estas Regiões são estabelecidas para
orientar as ações de governo, com o objetivo de desenvolver os
municípios, melhorando as condições de vida de seus habitantes.
Fonte: CEPERJ
Na Zona Sul do Rio, estabeleceu-se uma relação de quase 5
para 1, entre a expansão residencial/comercial e os moradores em
comunidades próximas. Nos anos 40, essa relação já estava estabelecida. O eixo ferroviário existente ligava o Centro à Zona Norte/
Baixada. O Centro foi perdendo dinamismo. A ocupação dinâmica
era na Zona Sul, para onde nunca se construiu um eixo de transporte de massa. Da mesma forma quando a Barra da Tijuca assumiu
esse dinamismo.
Com as APACs a prefeitura conseguiu praticamente estabilizar o crescimento da Zona Sul. Depois de 80 anos, pela primeira
vez, a partir de 2005, a Zona Sul foi a região do Rio onde a quantidade de licenças para construir foi a menor. Com isso, nos anos
2000 a taxa de crescimento da população das favelas da Zona Sul
se aproximou da taxa de natalidade (que sempre será seu piso) e
o crescimento horizontal praticamente cessou em quase todas as
favelas da região.
Agora surge um novo fluxo preocupante. Com a justificativa
de arrecadar recursos, os terrenos remanescentes do Metrô na Zona
Sul e outros lotes de propriedade estadual ou municipal, em áreas
não edificandi, foram agregados num projeto de lei encaminhado
à Câmara Municipal do Rio, descongelando-os e aumentando o
gabarito em relação a seus entornos.
Com isso, reabre-se a Zona Sul ao processo de especulação
imobiliária e volta-se a intensificar o adensamento demográfico. A
conta pode ser feita com toda a certeza, aplicando sobre o número
de residências/comércio a serem construídos o índice de populacional de 5 para 1 e a certeza da expansão das favelas da região em
médio prazo para suprir mão de obra.
Neste momento, há vários casos de flexibilização de licenças
para construir em áreas da Zona Sul e que só demonstram que se
trata de uma visão indutiva de adensamento da região. Aqueles
que falam tanto em favelização e que propõe medidas repressivas
e amuralhadas, deviam atentar para este fator, comprovado através
das décadas, e impedir que a especulação imobiliária na Zona Sul
volte a ser o fator de maior risco de favelização. E os governos
atuais, que tanto excitam a classe média local contra as favelas,
estarão sendo eles, os promotores de novos e imprevisíveis fluxos.
Aspectos Gerais
As favelas na cidade do Rio de Janeiro começaram a ter início
no final do século XIX, quando várias transformações socioeconômicas pelas quais o Brasil passava e transformações locais começaram a inchar a área central da cidade, formando os primeiros
cortiços. Acredita-se que a primeira favela carioca tenha surgido
em 1897 no antigo Morro de Santo Antônio, no entanto a favela
mais antiga do país situa-se no Morro da Providência, onde alguns
soldados provenientes da Guerra de Canudos começaram a morar
Segundo dados oficiais do Censo de 2010, coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de dois
nonos ou 22% da população da cidade do Rio de Janeiro mora
em favelas, sendo a capital fluminense o município com com o
maior número de moradores favelados do Brasil, 1.393.314 habitantes. Em sua região metropolitana, 1.702.073 de pessoas moram em “assentamentos subnormais”, a definição do governo para
classificar as favelas, o que corresponde a 14,4% da população da
metrópole.
As favelas cariocas possuem aspectos que as diferenciam das
do resto do Brasil, com as de São Paulo. No Rio de Janeiro, esse
tipo de assentamento urbano é mais populoso, predominando favelas com mais de mil domicílios, além do surgimento dos chamados
“complexos de favelas”, que são aglomerados de vários assentamentos subnormais próximos que acabaram por se conurbar, um
fenômeno mais raro no restante do país. Outra característica das
favelas cariocas é a sua proximidade de áreas nobres e centrais, o
que cria um forte contraste social.
Situações Problema
O Rio de Janeiro não é só lembrado pela extraordinária beleza natural e a exuberância da culturapopular. A cidade também
é marcada por contrastes extremos, um reflexo da altíssima desigualdade social existente. Os grandes problemas sociais do Rio de
Janeiro refletem no abismo entre os mais ricos e os mais pobres, e
sua proximidade em determinadas áreas geográficas.
Em um mesmo bairro como a Gávea, por exemplo, temos
uma diferença de mais de 60 anos de desenvolvimento. É possível
observar realidades opostas a poucos metros de distância. De um
lado, a classe AA com suas mansões e altos níveis intelectuais e,
do outro, grupos que convivem com a pobreza, os barracos e a falta
de estrutura educacional.
Todo esse abismo de desigualdades gera muitas outras dificuldades que sentimos no dia-a-dia da cidade. A violência, a criminalidade, o tráfico de drogas, a corrupção de policiais, as deficiências
nos sistemas de saúde, educação e transporte fazem parte dos problemas do carioca.
O processo de favelização do Rio de Janeiro
Já são mais de cem anos que a lógica da favelização no Rio é
a mesma. A ausência de transporte de massa e de habitação popular
subsidiada implicou na aproximação da mão de obra do mercado
de trabalho mais atrativo. No caso, os bairros residenciais de classe
média, pois assim se reduz o gasto de transporte, se ganha tempo
e ainda se amplia a renda familiar com outros membros prestando
serviços nas residências, no comércio, etc.
Didatismo e Conhecimento
79
GEOGRAFIA
A violência urbana é um problema crescente, que passou a preocupar a todos principalmente a partir da década de 1980. A cidade apresenta índices elevados de criminalidade, em especial de homicídios. Entre 1978 e 2000, quase 50 mil pessoas foram mortas no Rio, a maioria
vítimas do narcotráfico, assaltos ou balas perdidas. Há uma grande concentração de homicídios de adolescentes, idade de maior risco dentro
do tráfico de drogas e que mais sofre com a violência policial.
Entretanto, pesquisas recentes demonstram que a violência diminuiu nos últimos anos no Rio de Janeiro. O Mapa da Violência dos
Municípios Brasileiros de 2008 revelou que no Rio a taxa de homicídios por cada cem mil habitantes retrocedeu 40% entre 2002 e 2006. O
sistema de indicadores feito pela organização Rio Como Vamos também confirma que a cidade teve uma queda no número de crimes fatais,
que incluem lesão corporal seguida de morte e latrocínio. Em 2008, o índice foi de 35 casos para cada cem mil habitantes.
A violência existente na cidade não é causa dos problemas enfrentados, e sim a consequência deles. Os fatores históricos, a vivência em
sociedade e as desigualdades são apenas alguns dos fatores que originaram a realidade que temos hoje. Precisamos entendê-los e analisá-los
para conseguir encontrar soluções a estes problemas que prejudicam a cidade e seus moradores. Fonte: Soul Brasileiro.
Localização
Localização Geográfica: região Sudeste do Brasil
Coordenadas Geográficas: 22º 54’ S 43º 10’ W
Limites geográficos: Minas Gerais e Espírito Santo (norte); Oceano Atlântico (sul), São Paulo (oeste), Oceano Atlântico (leste)
Área: 46.696,1 km²
Fronteiras com os seguintes estados: Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo.
Fonte: site-Prefeitura do Rio de Janeiro.
Didatismo e Conhecimento
80
GEOGRAFIA
Estados
4. POLÍTICA, ESTADO E GESTÃO
DO TERRITÓRIO
● Ação do Estado: Estado moderno
territorial; dimensão espacial da organização
político-administrativa; políticas públicas e estruturação do espaço geográfico; políticas territoriais
de caráter regional; centralismo e federalismo;
espaço e representação política;
● Geografia política e a geopolítica do
mundo contemporâneo: geografia política e a
organização do território brasileiro; poder local;
geografia do poder global e seus principais atores;
sistema internacional contemporâneo; organizações supranacionais; os principais conflitos geopolíticos e suas inter-relações; os conflitos étnicos
e religiosos; desdobramentos políticos dos deslocamentos internacionais; processos de fragmentação
territorial; Estado-Nação, território e territorialidade; limites e fronteiras.
Os estados constituem as unidades de maior hierarquia dentro
da organização político-administrativa do País. São subdivididos
em municípios e podem ser incorporados entre si, subdivididos ou
desmembrados para serem anexados a outros, ou formarem novos
estados ou territórios federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar. Organizam- se e regem-se por constituições e leis próprias, observa- dos os princípios da Constituição
Federal. A localidade que abriga a sede do governo denomina-se
Capital.
Municípios
Os municípios constituem as unidades autônomas de menor
hierarquia dentro da organização político-administrativa do Brasil.
Sua criação, incorporação, fusão ou desmembramento dependem
de leis estaduais, que devem observar o período determinado por
lei complementar federal e a necessidade de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações envolvidas, após divulgação dos
estudos de viabilidade municipal, apresentados e publicados na
forma da lei. Os municípios são regidos por leis orgânicas, observados os princípios estabelecidos na Constituição Federal e na
constituição do estado onde se situam, e podem criar organizar e
suprimir distritos.
A localidade onde está sediada a Prefeitura Municipal tem a
categoria de Cidade.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO
BRASIL:
DIVISÃO POLÍTICA E REGIONAL.
Distritos
A divisão política e administrativa do Brasil nem sempre foi
a mesma. Do século XVI ao século XX, o país teve diversos arcabouços político-administrativos, a saber: as donatarias, as capitanias hereditárias, as Províncias e final- mente os Estados, os
Distritos e os Municípios.
O Brasil está dividido em Estados, que têm administração independente, submetidos apenas à constituição brasileira, ao código
de leis brasileiras e à sua própria constituição estadual.
As unidades (entes) da federação possuem autonomia, porém
não soberania. Somente a República Federativa do Brasil possui a
soberania. Esta, por sua vez, pode ser representada externamente
pela União, que é um dos entes da Federação, juntamente com os
Estados e Municípios.
Atualmente, o Brasil está dividido em 27 Unidades Federativas, sendo 26 estados e um Distrito Federal, agrupados em regiões.
São unidades administrativas dos municípios. Sua criação,
desmembramento ou fusão dependem de leis municipais, que devem observar a continuidade territorial e os requisitos previstos em
lei complementar estadual. Podem ser subdivididos em unidades
administrativas de- nominadas subdistritos, regiões administrativas, zonas ou outra denominação específica.
Divisão Regional do Brasil
O território do Brasil já passou por diversas divisões regionais. A primeira proposta de regionalização foi realiza- da em
1913, e depois dela outras propostas surgiram, tentando adaptar a
divisão regional às características econômicas, culturais, físicas e
sociais dos Estados. A regionalização atual é de 1970, adaptada em
1990, em razão das alterações da Constituição de 1988. O órgão
responsável pela divisão regional do Brasil é o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Atual Divisão Político-administrativa
A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, o Distrito Federal, os Estados
e os Municípios, todos autônomos nos termos da Constituição Federal de 1988.
Veja o processo brasileiro de regionalização:
1913
Divisão regional de 1913
Distrito Federal
A primeira proposta de divisão regional do Brasil surgiu em
1913, para ser utilizada no ensino de geografia. Os critérios utilizados para esse processo foram apenas aspectos físicos – clima,
vegetação e relevo. Dividia o país em cinco regiões: Setentrional,
Norte Oriental, Oriental, Meridional e Central.
É a unidade autônoma onde tem sede o Governo Federal com
seus poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Tem as mesmas
competências legislativas reservadas aos estados e municípios, e é
regido por Lei Orgânica, sendo vedada sua divisão em municípios.
Brasília é a Capital Federal.
Didatismo e Conhecimento
81
GEOGRAFIA
1940
- Centro-oeste: GO, MT, MS e DF.
- Sudeste: SP, RJ, MG e ES.
- Sul: PR, SC e RS.
Em 1940, o IBGE elaborou uma nova proposta de divisão
para o país que, além dos aspectos físicos, levou em consideração aspectos socioeconômico. A região Norte era composta pelos
Estados de Amazonas, Pará, Maranhão e Piauí e o território do
Acre. Goiás e Mato Grosso formavam com Minas Gerais a região
Centro. Bahia, Sergipe e Espírito Santo formavam a região Leste.
O Nordeste era composto por Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Paraná, Santa Catarina, Rio Grande
do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro pertenciam à região Sul.
Região Norte
A região Norte possui sete Estados, onde podemos localizar a
Bacia Amazônica e a Floresta Amazônica. É a maior das regiões,
porém a menos povoada. O clima predominante da região é equatorial.
Região Nordeste
1945
A região nordeste possui nove Estados. É a segunda região
que possui o maior número de habitantes. O clima varia de acordo
com a localização, sendo úmido nas partes oriental e ocidental, e
semiárido no centro.
Divisão regional de 1945
Conforme a divisão regional de 1945, o Brasil possuía sete regiões: Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Centro-Oeste, Leste Setentrional, Leste Meridional e Sul. Na porção norte do
Amazonas foi criado o território de Rio Branco, atual Estado de
Roraima; no norte do Pará foi criado o Estado do Amapá. Mato
Grosso perdeu uma porção a noroeste (batizado como território
de Guaporé) e outra ao sul (chamado território de Ponta Porã). No
Sul, Paraná e Santa Catariana foram cortados a oeste e o território
de Iguaçu foi criado.
Região Centro-Oeste
A Região Centro-Oeste possui três Estados, além do Distrito Federal. É a segunda região mais extensa do Brasil, porém a
menos populosa. O clima predominante é o tropical. A principal
atividade econômica da região é a agropecuária.
1950
Região Sudeste
Os territórios de Ponta Porã e Iguaçu foram extintos e os Estados do Maranhão e do Piauí passaram a integrar a região Nordeste.
Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro formavam a
região Leste. Em 1960, Brasília foi criada, e o Distrito Federal,
capital do país, foi transferido do Sudeste para o Centro-Oeste.
Em 1962, o Acre se tornou Estado autônomo e o território de Rio
Branco ganhou o nome de Roraima.
A Região Sudeste possui quatro Estados. É a região brasileira
mais evoluída, devido ao grande desenvolvi- mento econômico,
industrial e agrícola, além de ser a mais populosa e povoada. O
clima varia de acordo com a localização, sendo tropical atlântico
no litoral, e tropical de altitude nos planaltos.
Região Sul
1970
A Região Sul possui três Estados. É a menor região brasileira,
que apresenta grande influência europeia, especialmente italiana e
germânica. O clima predominante é o subtropical.
Em 1970 o Brasil ganhou o desenho regional atual. Nasceu o
Sudeste, com São Paulo e Rio de Janeiro sendo agrupados a Minas
Gerais e Espírito Santo. O Nordeste recebeu Bahia e Sergipe. Todo
o território de Goiás, ainda não dividido, pertencia ao Centro-Oeste. Mato Grosso foi dividido alguns anos depois, dando origem ao
estado de Mato Grosso do Sul.
Complexos Regionais ou Regiões Geoeconômicas do Brasil
Além da divisão oficial do IBGE, outra proposta caracteriza
os espaços brasileiros segundo a organização da sua economia. Ela
foi elaborada em 1967 pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger, que
dividiu o Brasil em três grandes complexos regionais – Amazônia,
Nordeste e Centro- Sul –, segundo suas características geoeconômicas.
Divisão regional atual
1990
Com as mudanças da Constituição de 1988, ficou definida a
divisão brasileira que permanece até os dias atuais. O Estado do
Tocantins foi criado a partir da divisão de Goiás e incorporado à
região Norte; Roraima, Amapá e Rondônia se tornaram Estados
autônomos; Fernando de Noronha deixou de ser federal e foi incorporado a Pernambuco.
Legenda:
1 – Amazônia
2 – Centro Sul
3 – Nordeste
A divisão regional geoeconômica do Brasil utilizou como
critérios os aspectos naturais, sociais e, principalmente, os econômicos. Essa divisão proporciona uma melhor análise do desenvolvimento econômico do Brasil, além de permitir um estudo
mais aprofundado das causas da desigualdade social no país. Na
regionalização proposta desaparecem os limites que separam os
estados.
A divisão oficial do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) divide o território brasileiro em cinco regiões:
- Norte: AM, PA, AC, RO, RR, AP e TO.
- Nordeste: MA, PI, CE, RN, PB, PE, AL, SE, BA.
Didatismo e Conhecimento
82
GEOGRAFIA
Legenda:
1. Meio-Norte (Maranhão e oeste do Piauí);
2. Sertão (oeste do Piauí, Ceará, oeste dos estados do Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e a maior parte
do território da Bahia);
3. Zona da Mata (faixa litorânea dos estados do Rio Grande do
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas Sergipe e Bahia);
4. Agreste (porção central dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e centro-oeste de Sergipe).
Além disso, outras modificações são apresentadas:
- O sul do Mato Grosso e de Tocantins está agrupado ao complexo regional do Centro Sul, por causa de suas relações de dependência econômica.
- O norte de Minas Gerais passa a compor o com- plexo do
Nordeste por ser uma área com características econômicas e naturais semelhantes: clima semiárido e pobreza, fazendo parte até do
Polígono das Secas.
- A porção oeste do maranhão passa a integrar o complexo
regional da Amazônia pela sua afinidade econômica extrativista
(Mata dos Cocais).
Os complexos regionais geoeconômicos são forma- dos por:
- Amazônia – Acre, Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Rondônia, centro-norte do Mato Grosso, Tocantins e oeste do Maranhão.
- Centro Sul – Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Goiás,
Distrito Federal, centro-sul de Minas Gerais, norte do Mato Grosso
e extremo sul do Tocantins.
- Nordeste – Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, leste do Maranhão e norte de
Minas Gerais.
As regiões geoeconômicas do Brasil apresentam grandes diferenças econômicas, sociais, culturais, entre outros aspectos. Abaixo apresentamos as principais características econômicas de cada
região geoeconômica.
- Amazônia – Região geoeconômica que apresenta maior
extensão territorial, com 4,8 milhões de quilômetros quadrados,
o que corresponde a mais da metade do território brasileiro. As
atividades econômicas desenvolvidas são: a agro- pecuária, que
constitui o principal setor econômico; extrativismo vegetal que
tem na borracha seu produto mais importante, outros produtos são
a castanha do Pará e a madeira; mineração composta pela extração
de ferro, ouro e manganês, com destaque para a serra dos Carajás, província mineral localizada em Belém com grandes jazidas
de ferro; setor industrial, com destaque para a zona industrial de
Manaus. Nessa área, ocorreu de forma significativa as lutas pela
posse de terras.
- Centro-Sul – Corresponde à área maios povoada do país
(dois terços dos habitantes), e concentra a maior parte dos recursos
econômicos do Brasil, com grande quantidade de indústrias, comércio, bancos, mercado de capitais, entre outros. Nessa macrorregião destacam-se as áreas industrializadas da Grande São Paulo,
Grande Rio de Janeiro, Grande Belo Horizonte e Grande Porto
Alegre. Possui o maior parque industrial do Brasil. Sua economia é
diversificada, composta pelas atividades agrícolas mais modernas,
bancos, merca- dos de capitais, empresas transnacionais, comércios, e diversas modalidades industriais. As práticas mais modernas da agropecuária encontram-se nessa área, localizadas principal- mente no Mato Grosso do Sul.
- Nordeste – As principais atividades econômicas desenvolvidas nesse complexo regional são: extrativismo vegetal, agricultura, pecuária extensiva e de corte, cultivo irrigado de frutas e flores.
Nas áreas litorâneas ocorre a extração de sal. Também há a presença de indústrias.
No complexo regional do Nordeste há uma grande diferenciação de características físicas, fato que resultou numa divisão
dentro dessa região, conhecida como as sub-regiões do Nordeste,
que são:
Didatismo e Conhecimento
Divisão Sugerida por Milton Santos e Maria Laura Silveira
A regionalização sugerida por Milton Santos e Maria Laura
Silveira pretende registrar a difusão diferencial do meio técnicocientífico informacional. A ideia da regionalização concentrada
não é nova. O próprio Milton Santos sugeriu o uso da denominação em 1979. A novidade está na elucidação do conceito pela sua
conexão implantada das infraestruturas e das redes que veiculam a
revolução tecno-científica.
Dividiram o Brasil nas seguintes regiões: a Amazônia, o Brasil do Nordeste, o Centro-Oeste e a Região Concentrada.
A região Concentrada caracteriza-se pela densidade do sistema de relações que intensifica os fluxos de mercadorias, capitais e
informações. O seu núcleo é a metrópole paulista, que desempenha
funções de cidade global e reforça o comando sobre o território
nacional. A soldagem do Sul e Sudeste reflete a descentralização
industrial recente e a implantação de infraestruturas técnicas que
a sustentam.
O Centro-Oeste emerge como área de ocupação periférica,
fundada na especialização agropecuária e na modernização subordinada às necessidades das firmas que tem sede na Região Concentrada. O estado de Tocantins, estranhamente deslocado para a
região Norte pela constituição de 1988, reincorpora-se ao Centro
-Oeste.
O Nordeste defini-se pelo peso das heranças: ”é uma área de
povoamento antigo onde a constituição do meio mecanizado se
deu de forma pontual e pouco densa”. A rugosidade do espaço geográfico retarda os fluxos. A instalação das infraestruturas e redes
informacionais realiza-se de modo descontínuo, “sobre um quadro
sócio espacial praticamente engessado”.
A Amazônia caracteriza-se pela rarefação demo- gráfica e baixa densidade técnica. Os sistemas informacionais aparecem como
formas externas, representadas, por exemplo, pelos satélites e radares do Sivam. Os grandes projetos estruturam enclaves, isolados
num meio pré-mecânico. O maranhão, conectado ao Projeto dos
Polos de Alumínio, poderia ser incluído na Amazônia, mas misteriosamente os autores prefeririam conservá-lo no Nordeste.
A nova proposta de divisão regional é uma síntese sedutora de
um discurso geográfico sobre o Brasil e a globalização. O seu de
partida é o anacronismo dos discursos elaborados há mais de três
décadas.
REGIÕES BRASILEIRAS
O Brasil encontra-se política e geograficamente dividido em
cinco regiões distintas, que possuem traços comuns no que se refere aos aspectos físicos, humanos, econômicos e culturais. Os limites de cada região - Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste coincidem sempre com as fronteiras dos Estados que as compõem.
83
GEOGRAFIA
Região Norte
A região Norte é a que ocupa a maior parte do território brasileiro, com uma área que corresponde a 45,27% dos 8.547.403,5 de
km2 da área total do País. Formada por sete Estados, tem sua área
quase totalmente dominada pela bacia do Rio Amazonas. A região
Nordeste pode ser considerada a mais heterogênea do País. Dividida em quatro grandes zonas - meio-norte, zona da mata, agreste
e sertão -, ocupa 18,26% do território nacional e tem nove estados.
No Sudeste, região de maior importância econômica do País, está
concentrado também o maior índice populacional - 42,63% dos
157.079.573 brasileiros - e produção industrial. É formada por
quatro Estados e apresenta grandes diferenças sob o aspecto físico,
com litoral, serras e planícies. Já o Sul, região mais fria do País,
com ocorrências de geadas e neve, é a que apresenta menor área,
ocupando 6,75% do território brasileiro e com apenas três Estados.
Os rios que cortam sua área formam a bacia do Paraná em quase
toda sua totalidade e são de grande importância para o País, principalmente pelo seu potencial hidrelétrico. Finalmente, a região
Centro-Oeste tem sua área dominada basicamente pelo Planalto
Central Brasileiro e pode ser dividida em três porções: maciço
goiano-mato-grossense, bacia de sedimentação do Paraná e as depressões. Formado por quatro Estados, esta região vem sofrendo
alterações significativas na sua cobertura vegetal, com o cerrado
sendo substituído gradativamente por plantações ou criação de
gado em função do processo de ocupação nesta parte do Brasil.
As regiões do Brasil são uma divisão que tem caráter legal e
que foi proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em 1969. O IBGE levou em consideração apenas aspectos
naturais na divisão do país, como clima, relevo, vegetação e hidrografia; por essa razão, as regiões também são conhecidas como
“regiões naturais do Brasil”. Há uma pequena exceção com relação à região Sudeste, que foi criada levando-se parcialmente em
conta aspectos humanos (desenvolvimento industrial e urbano).
Cada um destes grupos é uma região, e as regiões brasileiras são.
Com predominância do Ecossistema de Floresta Amazônica,
a região Norte é formada por 7 Estados: Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e Tocantins. Possui um território de
3.851.560 km² (45,2% do território nacional), e uma população
pouco superior a 14 milhões de habitantes – o que faz dela a região
com menor densidade demográfica. Compõe-se dos estados: Acre,
Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá e Tocantins. Possui
um território de 3 851 560 km2 (45,2% do território nacional), e
uma população pouco superior a 14 milhões de habitantes – o que
faz dela a região com menor densidade demográfica.
Região Sudeste
Com predominância do Ecossistema de Mata Atlântica, a região apresenta grandes diferenças sob o aspecto físico, com litoral,
serras e planícies e é formada por 4 Estados: Minas Gerais, Espírito
Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Possui um território de 927.286
km² (10,6% do território nacional). Sua população é de cerca de
77 milhões de habitantes. Compõe-se dos estados: Minas Gerais,
Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. Possui um território de
927 286 km2 (10,6% do território nacional). Sua população é de
cerca de 77 milhões de habitantes.
Região Sul
Com predominância do Ecossistema de Mata de Araucárias,
a região é formada por 3 Estados: Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. Possui um território de 575.316 km² (6,8% do território nacional) e sua população é de mais de 26 milhões de habitantes. Os limites das regiões sempre coincidem com limites de
estados, não havendo estados que se espalhem por duas regiões.
Compõe-se dos estados: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. Possui um território de 575 316 km2 (6,8% do território nacional) e sua população é de mais de 26 milhões de habitantes.
A área correspondente ao estado de Tocantins (integrante da
região Norte), por ter sido originária do desmembrado de Goiás
(Centro-Oeste), foi a última alteração na delimitação das regiões
brasileiras. Atualmente, muitos geógrafos e cientistas sociais preferem a divisão geoeconômica proposta por Pedro Pinchas Geiger,
em 1967, que leva em conta os aspectos naturais e humanos. Essa
divisão consiste de três regiões e suas fronteiras não coincidem
com as fronteiras estaduais: Amazônia, Centro-Sul e Nordeste. O
vestuário típico folclórico no Brasil se compõe de três formas: roupas de couro (Nordeste), vestidos de renda da Bahia e roupa típica
gaúcha.
Região Centro-Oeste
Com predominância do Ecossistema de Cerrado, a região
pode ser dividida em 3 porções: maciço goiano-mato-grossense,
bacia de sedimentação do Paraná e as depressões. É formada por 3
Estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal. Possui um território de 1.604.852 km² (18,9% do território
nacional). Sua população é de cerca de 12 milhões de habitantes.
Compõe-se dos estados: Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul e do Distrito Federal. Possui um território de 1 604 852 km2
(18,9% do território nacional). Sua população é de cerca de 12
milhões de habitantes.
Região Nordeste
Os Complexos Regionais
A divisão em complexos regionais não respeita o limite entre
os estados. O Norte de Minas Gerais encontra-se no Nordeste, enquanto o restante do território mineiro encontra-se no Centro-Sul.
O leste do Maranhão encontra-se no Nordeste, enquanto o oeste
encontra-se na Amazônia. O sul de Tocantins e do Mato Grosso encontra-se no Centro-Sul, mas a maior parte desses estados
pertence ao complexo da Amazônia. Como as estatísticas econômicas e populacionais são produzidas por estados, essa forma de
regionalizar não é útil sob certos aspectos, mas é muito útil para a
geografia, porque ajuda a contar a história da produção do espaço
brasileiro.
Com predominância do Ecossistema de Caatinga, a região
encontra-se dividida em quatro sub-regiões (zonas): meio-norte,
zona da mata, agreste e sertão, e é formada por 9 Estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe e Bahia. Possui um território de 1.556.001 km²
(18,2% do território nacional), dentro dos quais está localizado o
Polígono das secas. Sua população é pouco superior a 50 milhões
de habitantes. Compõe-se dos estados: Maranhão, Piauí, Ceará,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e
Bahia. Possui um território de 1 556 001 km2 (18,2% do território
nacional), dentro dos quais está localizado o Polígono das secas.
Sua população é pouco superior a 50 milhões de habitantes.
Didatismo e Conhecimento
84
GEOGRAFIA
O Nordeste foi o polo econômico mais rico da América portuguesa, com base na monocultura da cana de açúcar, usando
trabalho escravo. Tornou-se, no século XX, uma região economicamente problemática, com forte excedente populacional. As migrações de nordestinos para outras regiões atestam essa situação
de pobreza.
O Centro Sul é na atualidade o núcleo econômico do país. Ele
concentra a economia moderna, tanto no setor industrial como no
setor agrícola, além da melhor estrutura de serviços. Nele se também a capital política do país.
A Amazônia brasileira é o espaço de povoamento mais recente, ainda em estágio inicial de ocupação humana. A área está
coberta por uma densa floresta, com clima equatorial, que dificulta o povoamento. Os movimentos migratórios na direção desse
complexo regional partem tanto do Centro Sul como do Nordeste,
sendo que hoje a região mais recebe população.
de Salvador, aparecem importantes culturas de tabaco. No sul da
Bahia, na área das cidades de Ilhéus e Itabuna, concentram-se as
fazendas de cacau. Além disso, a produção de frutas vem adquirindo importância na Zona da Mata. Há várias frutas nativas do
Nordeste - como o caju, o cajá, a mangaba e a pitanga - que servem
para fazer deliciosos sucos e doces. Outras frutas, provenientes das
áreas tropicais do Oriente - como a graviola, a jaca e a manga adaptaram-se muito bem aos climas e solos nordestinos.
b) O Agreste: É uma faixa de transição ecológica entre a Zona
da Mata e o Sertão nordestino. De largura aproximadamente igual
a da Zona da Mata, corre paralelamente a ela, do Rio Grande do
Norte ao sul da Bahia. Embora, como no Sertão, predomine o clima semiárido, as secas do Agreste raramente são tão duradouras e
os índices pluviométricos são maiores que os registrados no Sertão. Na verdade, grande parte do Agreste corresponde ao planalto da Borborema, voltada para o oceano Atlântico, recebe ventos
carregados de umidade que, em contato com o ar mais frio, provocam chuvas de relevo. Na encosta oeste do planalto, as secas são
frequentes e a paisagem desolada do Sertão se torna dominante.
O povoamento do Agreste foi consequência da expansão das
plantações de cana da Zona da Mata. Expulsos do litoral, os sitiantes e criadores de gado instalaram-se nas terras do interior, antes
ocupadas por indígenas. Dessa forma, o Agreste transformou-se
em área produtora de alimentos. O Agreste abastecia a Zona da
Mata de alimentos e esta por sua vez a Europa exportando açúcar.
Após o fim da escravidão, as plantações canavieiras passaram a
utilizar trabalhadores temporários, empregados durante a época da
colheita. O Agreste passou a fornecer esses trabalhadores: sitiantes
e camponeses pobres que deixam a sua terra nos meses de safra
(transumância). Enquanto os homens ganham algum dinheiro na
colheita, as mulheres e os filhos permanecem cuidando da lavoura
doméstica.
Enquanto a Zona da Mata é uma área policultora, o Agreste
é uma área policultora, já que seus sítios cultivam diversos alimentos e criam gado para a produção do leite, queijo e manteiga.
Por isso mesmo, uma sub-região depende da outra, estabelecendo
uma forte interdependência. Assim, a Zona da Mata precisa dos
alimentos e dos trabalhadores do Agreste e este precisa dos mercados consumidores e dos empregos da Zona da Mata. As diferenças
entre as duas sub-regiões não estão apenas naquilo que produzem,
mas em como produzem. Na Zona da Mata, as sesmarias açucareiras da época colonial foram se dividindo e deram origem a centenas de engenhos. Alguns nem faziam açúcar, apenas rapadura e
aguardente. Mesmo assim, as fazendas resultantes não se tornaram
pequenas propriedades, uma vez que os proprietários precisavam
manter uma área suficiente para abastecer os engenhos.
No Agreste, ao contrário, as propriedades foram se subdividindo cada vez mais, já que não cultivavam cana nem tinham engenhos. Com a sucessão de diversas gerações, as propriedades do
Agreste atingiram um tamanho mínimo, suficiente apenas para a
produção dos alimentos necessários para a família, ou seja, para a
prática da agricultura de subsistência. A pobreza do Nordeste está
associada a esse contraste do mundo rural. De um lado, as usinas
e fazendas açucareiras da Zona da Mata concentram a riqueza nas
mãos de uma pequena parcela de proprietários. De outro, os minifúndios do Agreste mantém na pobreza as famílias camponesas,
que não tem terras e técnicas suficientes para praticar uma agricultura empresarial. Nos últimos anos vem se dando um processo de
concentração de terras no Agreste, em virtude principalmente, da
expansão de propriedades de criação de gado para corte. O Nordeste
a) A zona da mata: É a faixa litorânea de planícies que se
estende do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia. As chuvas são
intensas e há duas estações bem definidas: o verão seco e o inverno
chuvoso. Na época colonial, instalou-se nessa área o empreendimento açucareiro escravista. As condições ecológicas são ideais
para o cultivo da cana. Os solos, férteis e escuros, conhecidos
como massapê, cobrem os vales dos rios, que ficaram conhecidos
como “rios do açúcar”. Vários desses rios são temporários, pois
suas nascentes localizam-se no interior do semiárido. No início
da colonização, a Zona da Mata não era dominada completamente
pelas plantações de cana. A população das cidades e das fazendas
necessitava de alimentos. Por isso, uma parte das terras ficava reservada para culturas de milho, mandioca, feijão e frutas. Também
existiam pastagens para a criação de gado. Essas terras eram os
tabuleiros, áreas um pouco mais elevadas situadas entre os vales
de dois rios.
Como os solos dos tabuleiros são menos úmidos e mais pobres
que o massapê, não eram usados para o plantio da cana. Assim, inicialmente, toda a produção agrícola e até a pecuária localizavamse na faixa úmida do litoral, onde se instalaram sítios familiares
produtores de alimentos e fazendas de gado. Mas a produção de
cana crescia, à medida que aumentavam as exportações de açúcar
para a Europa. As sesmarias se dividiam entre os herdeiros dos primeiros proprietários. Cada um deles criava novos engenhos, que
necessitavam de mais cana. Depois, os sítios foram comprados pelos fazendeiros e as culturas de alimentos foram substituídas por
novas plantações de cana.
Muita coisa mudou na Zona da Mata desde a época colonial.
A escravidão deu lugar ao trabalho assalariado dos boias frias. Os
antigos engenhos foram substituídos por usinas de açúcar e álcool.
Mas a cana permaneceu como produto principal da faixa litorânea
do Nordeste. O principal motivo dessa permanência esta na força
política dos proprietários de usinas e fazendas. Durante o século
XX, a produção de cana, açúcar e álcool do Centro Sul evoluiu
tecnicamente, superando a produção da Zona da Mata. Mas os usineiros sempre conseguiram ajuda do governo federal ou dos governos estaduais, sob a forma de empréstimos, perdão de dívidas
ou garantia de preços mínimos. Dessa forma, impediram a diversificação da agricultura do litoral nordestino. Isso não significa que
a cana seja a única cultura da Zona da Mata. No litoral da Bahia,
principalmente na área do Recôncavo Baiano, nas proximidades
Didatismo e Conhecimento
85
GEOGRAFIA
c) O Sertão: Mais de metade do complexo regional nordestino
corresponde ao Sertão semiárido. A caatinga, palavra de origem
indígena que significa “mato branco”, é a cobertura dominante e
quase exclusiva na imensa área do Sertão. A ocupação do Sertão,
ainda na época colonial, se deu pela expansão das áreas de criação
de gado. A pecuária extensiva representa, até hoje, a principal atividade das grandes propriedades do semiárido. No século XVIII, a
Revolução Industrial estava em marcha na Inglaterra. As fábricas
de tecidos produziam cada vez mais, obtendo lucros fabulosos e
exigindo quantidades crescentes de matérias-primas. Por essa época, começou a aumentar o plantio de algodão no Sertão nordestino.
Vender algodão para os industriais ingleses tinha se tornado um
ótimo negócio.
No século XIX, a Guerra Civil entre nortistas e sulistas nos
EUA desorganizou as exportações de algodão estadunidense. No
Nordeste, os pecuaristas do Sertão passaram a cultivar o algodão
em uma parte das suas terras e o Brasil tomou mercados antes controlados pelos EUA. Os plantadores de algodão do Sertão tornaram-se ricos fazendeiros, que disputavam o poder e a influência
com os usineiros da Zona da Mata. No interior do Sertão definiu-se
uma zona na qual as precipitações pluviométricas são mais baixas,
denominada “Polígono das secas”. Porém não é verdade que as
secas se limitem ao Polígono: muitas vezes, elas atingem todo o
Sertão e até mesmo o Agreste. Também não é verdade que todos
os anos existem secas no Polígono. No Sertão existiram secas históricas que duraram vários anos, provocaram grandes tragédias sociais até hoje lembradas. As grandes secas ocorreram após vários
anos de chuvas irregulares. A primeira grande seca historicamente
documentada ocorreu no período de 1721 a 1727. Um historiador,
Tomás Pompeu de Assis Brasil, escreveu que “1722 foi o ano da
grande seca, em que não só morreram numerosas tribos indígenas,
como o gado e até as feras e aves se encontravam mortas por toda
a parte.”
O jornalista pernambucano Carlos Garcia explica o mecanismo das secas: “A grande seca de 1932 começou realmente em
1926, quando as chuvas foram irregulares, irregularidade que se
acentuou a cada ano seguinte. Em 1932, caíram chuvas finas em
janeiro, mas cessaram totalmente em março. A estiagem de 1958
também foi uma grande seca, o que indica a ocorrência de um
ciclo de anos secos a cada 26 anos, aproximadamente. Essa periodicidade é que leva os sertanejos a afirmar que cada homem
tem de enfrentar uma grande seca em sua vida. Além das grandes
secas, ocorrem também secas localizadas, que atingem pequenos
trechos de um ou outro estado nordestino, mas causam muitos estragos. Geralmente elas são provocadas pela falta de boas chuvas
nas semanas seguintes ao plantio do milho, do feijão e do algodão.
O plantio é feito logo depois das primeiras chuvas do verão. A
germinação e o crescimento das plantinhas dependem da continuidade das chuvas, na quantidade exata. Se as chuvas se reduzem, o
calor e a insolação matam as lavouras que acabaram de germinar.
Quando volta a chover, o camponês faz novas plantações. Mas, se
as chuvas cessam novamente começa a tragédia. A essa altura, o
camponês não tem mais dinheiro ou crédito nos bancos. Não consegue, por isso, recomeçar o plantio. O milho e o feijão guardados
do ano anterior são consumidos. Sem dinheiro e sem alimentos,
resta esperar a ajuda do governo ou então tomar rumo das cidades.
Assim, o sertanejo vira retirante.
Didatismo e Conhecimento
d) O Meio-norte: Abrange os estados do Piauí e o Maranhão.
Do ponto de vista natural, é uma sub-região entre o Sertão semiárido e a Amazônia equatorial. Essa sub-região apresenta clima
tropical, com chuvas intensas no verão. No sul do Piauí e do Maranhão, aparecem vastas extensões de cerrado. No interior do Piauí
existem manchas de caatinga. No oeste do Maranhão, começa a
floresta equatorial. Por isso, nem todo o Meio-Norte encontra-se
no complexo regional nordestino: a parte oeste do Maranhão encontra-se na Amazônia.
O Meio-Norte exibe três áreas diferentes, tanto pela ocupação
como pela paisagem e pelas atividades econômicas. O sul e o centro do Piauí, dominados pela caatinga, parecem uma continuação
do Sertão. Essa área foi ocupada pela expansão das fazendas de
gado, que vinham do interior de Pernambuco e do Ceará. A atividade pecuarista foi a responsável pela fundação de Teresina, a
única capital estadual do Nordeste que não se localiza no litoral.
O Vale do Parnaíba é uma área especial. Recoberto pela Mata dos
Cocais, tornou-se espaço de extrativismo vegetal do óleo do babaçu e da cera da carnaúba. Essas palmeiras não são cultivadas. A
exploração dos seus produtos consiste apenas no corte das folhas
da carnaúba e em recolher os cocos do babaçu que despencam da
árvore. Nas áreas úmidas do norte do Maranhão, situada já nos
limites da Amazônia, formaram-se fazendas policultoras que cultivam o arroz como principal produto. As chuvas fortes e as áreas
semi alagadas das várzeas dos rios Mearim e Pindaré apresentam
condições ideais para a cultura do arroz.
O Centro Sul
O Centro Sul se estende de Minas Gerais até o Rio Grande do
Sul, englobando também o Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito
Federal. Trata-se de uma área do território brasileiro onde o processo de industrialização, acelerado a partir de meados do século
XX, se deu com maior intensidade. Isso levou à sua diferenciação
em relação ao restante do país.
O Centro Sul é a área de maior capacidade produtiva. Nessa
região ocorrem, com maior intensidade, os fluxos de circulação de
mercadorias, pessoas, capitais e informações. Nela se encontram
os mais importantes centros de decisões econômicas e políticas
do país. A diferenciação do Centro Sul se dá por meio de alguns
aspectos relevantes. Uma primeira característica seria a grande
concentração industrial, com destaque para cinco grandes áreas
industriais mais ou menos diversificadas.
Áreas geoeconômicas do Brasil
• A área industrial que tem seu centro em São Paulo e se estende até o Rio de Janeiro;
• A zona metalúrgica em torno de Belo Horizonte;
• A área industrial de Curitiba;
• O nordeste de Santa Catarina, no vale do Itajaí;
• A área industrial que vai de Porto Alegre até Caxias do Sul.
O Centro Sul é o principal cinturão agroindustrial do país.
Nele encontramos áreas nas quais ocorreu uma verdadeira industrialização da agricultura, com uso de máquinas, adubos e fertilizantes, além de especialização da produção nas chamadas empresas rurais. O Centro-Sul também possui a melhor infraestrutura
viária do país. A intensa circulação de produtos e de pessoas, feita
por meio de uma densa rede rodoviária e de ferrovias, revela a forte integração e o dinamismo de sua área interna. Assim como sua
articulação com as demais regiões do país. Devido ao seu maior
86
GEOGRAFIA
Política Brasileira
desenvolvimento econômico, é no Centro-Sul que ocorrem os
mais elevados níveis de renda do país. Há um forte contraste entre
a renda média de um habitante do Centro-Sul e a de um habitante
do Nordeste ou da Amazônia.
No entanto, se existem zonas com níveis de modernização e
de vida elevados caso de algumas cidades no interior de São Paulo, no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, ou no norte do Paraná -,
existem também verdadeiros “bolsões” de pobreza. É o caso do
Vale do Ribeira de Iguape, das cidades-satélites de Brasília e, principalmente, da periferia dos grandes centros urbanos. Mesmo nas
áreas mais ricas o contraste entre “lugares de ricos” e “lugares de
pobres” é nítido, marcante, e quase sempre assustador.
Eleição do Presidente do Senado
O Senado Federal confirmou sua disposição em manter o velho histórico de corporativismo e elegeu o alagoano Renan Calheiros, do PMDB, para presidir a Casa nos próximos dois anos. Ele
derrotou com facilidade o novato Pedro Taques (PDT-MT), por
56 votos a 18. Houve dois votos em branco e dois nulos. Pedro
Taques havia recebido o apoio de partidos cujas bancadas lhe garantiriam pelo menos 26 votos. Porém, como a votação é secreta,
houve o previsível índice de traições - PSDB, DEM, PSB, PSOL e
PDT anunciaram apoio a Taques. Três senadores não compareceram à sessão: Luiz Henrique (PMDB-SC), João Ribeiro (PR-TO)
e Humberto Costa (PT-PE).
Para angariar votos, Renan usou da conhecida habilidade em
negociar cargos na Mesa Diretora e promessas de arranjos políticos futuros na Casa. Roberto Requião ganhou a presidência do
braço brasileiro do Parlamento do Mercosul e Eduardo Braga virou líder do governo. Também cobrou a “fatura” pela blindagem
que ofereceu ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), na
naufragada CPI do Cachoeira.
Em seu discurso ao plenário, antes da votação, o candidato do
PMDB à presidência do Senado não fez referência às denúncias
de corrupção que tem enfrentado nos últimos dias. Ao final dos
20 minutos que teve para defender a candidatura, ele limitou-se a
dizer que o Senado aprovou com celeridade a Lei da Ficha Limpa e que a ética é uma obrigação e responsabilidade de todos os
parlamentares. Renan Calheiros assumiu, em seu pronunciamento,
o compromisso de defender a liberdade de expressão e prometeu
impedir o prosseguimento de qualquer proposta que signifique tolher esse direito.
Por ser candidato, Taques foi o penúltimo a discursar, antes
de Renan. Admitindo a derrota iminente, o senador discursou e se
comparou ao herói da Pátria Tiradentes e ao ex-senador Ulysses
Guimarães. Taques também lembrou do abaixo-assinado que circula há quase uma semana na internet e que já recolheu 300 mil
assinaturas contra a eleição de Calheiros. O pedetista alfinetou o
adversário e os senadores que defenderam a eleição de Renan. O
senador alagoano volta ao cargo de presidente da Casa depois de
ter sido obrigado a renunciar, em 2007, por denúncias de corrupção que envolvem tráfico de influência e apresentação de notas
falsas para comprovar sua renda.
A Amazônia
A Amazônia compreende o território dos Estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá e Tocantins, entrando pelo Maranhão e o Mato Grosso. É a área que, a partir da
década de 1970, integra-se ao mercado nacional como uma grande
fronteira de recursos, isto é, como área de fornecimento de matérias-primas que provêm da agropecuária e da mineração.
A ocupação do território amazônico ainda está se processando. Essa ocupação busca integrar definitivamente a área à economia do Centro-Sul e mesmo à economia internacional, graças aos
grandes investimentos de capital em projetos de mineração, agropecuários e industriais. A Amazônia passa a ser, deste modo, uma
fronteira que vai sendo expandida, e uma reserva de recursos que
passa a ser utilizada. Entre as principais medidas adotadas para
tornar possível essa integração, destacamos a construção de rodovias, forma mais visível dessa integração. Até a década de 50, a
economia da Amazônia convergia para Belém, que atuava como
o grande polo regional por meio de uma rede hidrográfica natural.
A construção das rodovias Belém-Brasília, Brasília Acre,
Cuiabá Santarém e Porto Velho Manaus penetraram a região, acelerando a integração da Amazônia ao Centro Sul. Os capitais públicos e privados investidos na construção de hidrelétricas como
Tucuruí, na instalação de núcleos de mineração como Carajás, e
de polos industriais como a Zona Franca de Manaus, procuram
integrar a região à economia do país de forma mais efetiva - como
fornecedora de produtos semi processados ou processados para
os grandes mercados consumidores internos ou externos, e também como mercado consumidor dos produtos do Centro Sul. Os
incentivos fiscais da Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia (Sudam) permitiram que as grandes empresas nacionais
e transnacionais adquirissem enormes propriedades de terra, cujo
aproveitamento de recursos naturais - os minérios, a madeira e a
própria terra - tem provocado graves danos ambientais. A fronteira
amazônica tem atraído, nas últimas décadas, importantes fluxos de
migrantes. Duas correntes são identificadas: os que procedem do
Centro-Sul, devido à modernização da agricultura, e que vão para
Mato Grosso, Rondônia e mesmo para o Acre; e os que procedem
do Nordeste, que se dirigem ao Pará e Tocantins, e que formam a
Amazônia Oriental. A ocupação da nova fronteira, em grande medida desordenada, provoca graves conflitos sociais. Os diferentes
contendores lutam principalmente pela posse da terra e pelo uso da
floresta. Pouco a pouco, vai ganhando a opinião pública o movimento que propõe a necessidade de se ocupar a Amazônia de forma mais racional, preservando o equilíbrio ecológico com ações
eficientes de manutenção da qualidade ambiental. O que se propõe
é uma ocupação mais cuidadosa, visando um desenvolvimento
equitativo e sustentável para a maior floresta pluvial do planeta.
Didatismo e Conhecimento
Banco Central
O cenário da política brasileira apresenta inúmeras mudanças
principalmente no que tange a economia. Nesta questão, o Banco
Central alterou as regras de recolhimento de compulsório bancário
sobre recursos com o objetivo de aumentar a liquidez do sistema
financeiro, sobretudo nos pequenos e médios bancos. Essa medida
tem o potencial de injetar cerca de 30 bilhões de reais no mercado
num momento em que também há preocupação de impulsionar o
crescimento econômico.
Tal medida busca otimizar a liquidez e descarta problemas
com a saúde do sistema. A autoridade monetária anunciou que vai
reduzir o percentual de compulsório a prazo que tem rendimento
pela Selic - em 11% ao ano. Assim, o percentual cairá para 73%
e depois, para 64%. Atualmente, todo o valor depositado é remu87
GEOGRAFIA
nerado pela taxa básica de juros. A ideia da medida é estimular as
instituições financeiras a comprar ativos, como carteira de crédito,
ou passivos como letras financeiras (título da dívida privados), de
outros bancos, sobretudo médios e pequenos, para usá-los na dedução do compulsório a prazo. Há alguns anos, o BC tem tomado
medidas para estimular as instituições grandes a comprar as carteiras das pequenas e médias instituições.
O estoque total de recursos a prazo no compulsório é de 134
bilhões de reais. Atualmente, uma parcela de 60 bilhões de reais
pode ser utilizada pelos bancos para deduzir esses ativos de outras
instituições, mas apenas 31 bilhões de reais eram usados de fato,
de acordo com dados do final de novembro. Estão dando um incentivo adicional para que a outra metade seja aplicada. Isso mostra que os bancos estavam entendendo ser mais recompensador
depositar o compulsório e ganhar a remuneração da Selic do que
comprar carteira de crédito ou títulos privados de outros bancos.
Ou seja, existe um potencial de 29 bilhões de reais que podem ser
usados pelos bancos para comprar ativos de outras instituições injetando liquidez no mercado e, no limite, alimentando o consumo
por meio de empréstimos. Segundo o diretor de Política Monetária, o potencial é de cerca de 30 bilhões, mas não significa que todo
o valor vai gerar crédito novo no sistema.
As medidas refletem ainda a preocupação do BC em estimular
a economia, num momento que ela registrou estagnação no terceiro trimestre e as perspectivas são de crescimento menor. O BC já
vem reduzindo a taxa de juros, enquanto o governo anunciou ações
para incentivar o consumo. O BC não alterou a alíquota de 20%
dos depósitos a prazo que tem de ir ao compulsório bancário, que
é a parcela dos depósitos dos bancos que fica presa na autoridade
monetária. Querem otimizar a liquidez do sistema a partir de uma
regra que já existe hoje. Adicionalmente, o BC reduziu o valor do
patrimônio de referência dos bancos para a venda da carteira, de
DI ou de Letras Financeiras. O patrimônio caiu de 2,5 bilhões de
reais, para 2,2 bilhões de reais. A autoridade monetária também
decidiu incluir as letras financeiras como passivo a ser deduzido
do compulsório a prazo num movimento para dar mais liquidez a
esse papel.
delegada, decreto legislativo e resolução. Cada iniciativa possui ritos próprios dentro das Casas legislativas e depende de um número
mínimo de votos para ser aprovada.
No caso do Projeto Ficha Limpa, trata-se de uma lei complementar. Esse tipo de projeto é feito para complementar ou regular
uma regra já estabelecida pela Constituição Federal de 1988. Para
ser aprovado, precisa de votos da maioria absoluta da Câmara dos
Deputados e do Senado. Os projetos de lei complementar e ordinária podem ser apresentados por um deputado ou um senador, por
comissões da Câmara ou do Senado, pelo presidente da República
ou pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por Tribunais Superiores
e pelo Procurador-Geral da República.
Um caminho mais difícil é ser apresentado pelo cidadão, por
meio do Projeto de Lei de Iniciativa Popular. Para isso, é preciso a assinatura de 1% dos eleitores brasileiros distribuído por,
no mínimo, cinco unidades da Federação. Em cada Estado e no
Distrito Federal é necessário o apoio mínimo de 3% do eleitorado. A proposta do Ficha Limpa foi encaminhada à Câmara dos
Deputados pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
(MCCE). Foram coletadas mais de 1,6 milhão de assinaturas. O
Projeto Ficha Limpa altera a Lei Complementar nº 64 de 1990.
Esta lei, atualmente em vigor, estabelece critérios de impedimento
para a candidatura de políticos, de acordo com a Constituição. O
objetivo, segundo o texto, é proteger a “probidade administrativa”
e a “moralidade no exercício do mandato”.
O Ficha Limpa proíbe que políticos condenados por órgãos
colegiados, isto é, por grupos de juízes, se candidatem às eleições.
Pela lei atual, o político ficaria impedido de se candidatar somente
quando todos os recursos estivessem esgotados, o que é chamado
de decisão transitada em julgado. O problema é que o trâmite pode
demorar anos, o que acaba beneficiando os réus. Um processo cível ou criminal começa a ser julgado no Fórum da cidade, onde
acontece a decisão de primeira instância, que é a sentença proferida por um juiz. Se houver recurso, o pedido é analisado por juízes
do Tribunal de Justiça dos Estados. Há ainda a possibilidade de
apelar a uma terceira instância, que pode ser tanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto, em se tratando de artigos da Constituição, o Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com a Lei Complementar nº 64, somente quando
esgotados todos esses recursos o político que responde a processo
poderia ser impedido de se candidatar. Já o Projeto Ficha Limpa
torna inelegível o réu que for condenado por um grupo de juízes
que mantiver a condenação de primeira instância, além daqueles
que tiverem sido condenados por decisão transitada em julgado.
Quanto ao prazo de inegibilidade, ele varia hoje de acordo com
a infração cometida e o cargo ocupado pelo político. Com as alterações do Ficha Limpa, o prazo é de oito anos após o fim do
mandato, incluindo as eleições que ocorrerem durante o restante
do mandato do político condenado, e independe do tipo de crime
cometido.
Outra mudança diz respeito aos crimes que tornam o político inelegível, caso condenado. O Ficha Limpa mantém todos os
delitos previstos na lei em vigor (como crimes eleitorais, contra a
administração pública e tráfico), e inclui outros, tais como: crimes
contra o patrimônio privado, contra o meio ambiente e saúde, lavagem e ocultação de bens, crimes hediondos e praticados por organização criminosa. Segundo especialistas, emendas na proposta,
feitas pelo Congresso, amenizaram o impacto da redação inicial do
Ficha Limpa. Talvez a alteração mais importante seja aquela referente ao dispositivo de “efeito suspensivo” de recursos. De acordo
com essa emenda, um político condenado em segunda instância
por um órgão colegiado pode apelar junto ao STF e conseguir a
suspensão do recurso. Entretanto, essa medida dará mais agilidade
ao processo, que terá prioridade na tramitação.
Ficha Limpa
Em relação a aprovação do Projeto de Lei Ficha Limpa no Senado, foi considerada um avanço na política brasileira, no sentido
de criar mecanismos para combater a corrupção no país. O projeto
de lei, que foi elaborado por cidadãos comuns, entrou na pauta de
votações e recebeu aval do Congresso devido à pressão popular, o
que demonstra a rejeição do brasileiro aos políticos desonestos. O
Projeto Ficha Limpa torna mais rigorosos os critérios que impedem políticos condenados pela Justiça de se candidatarem às eleições. Apesar de ter recebido emendas na Câmara dos Deputados e
no Senado que amenizam seu impacto, ele contribui para mudar o
comportamento da classe política.
A medida vai atingir políticos condenados por crimes graves,
cuja pena de prisão é superior a dois anos, e aqueles que renunciarem o mandato visando escapar do processo de cassação. Também
se discute se políticos já condenados pela Justiça perderão o direito
de se candidatar ou se a lei só irá valer para os que receberem sentenças a partir da vigência das novas regras. A proposta chegou ao
Congresso por meio do Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLP),
que é quando o projeto tem origem na sociedade civil. Existem
cinco tipos de propostas de leis que são apreciadas pelo Poder Legislativo: emenda constitucional projeto de lei complementar, lei
Didatismo e Conhecimento
88
GEOGRAFIA
O texto original do Ficha Limpa também foi abrandado na Câmara dos Deputados, no artigo relativo à condenação do político.
De acordo com o projeto apresentado, o político ficaria impedido
de concorrer às eleições se fosse condenado na primeira instância.
Com a emenda parlamentar, a inegibilidade é aplicada somente em
decisão colegiada ou de última instância. No Senado, foi apresentada uma emenda que determina que a proibição de candidaturas
só vale para sentenças proferidas após a lei ser editada. A mudança
na redação substituiu o tempo verbal: de “sido condenados” para
“forem condenados”. Ou seja, somente políticos que forem condenados depois da Lei Ficha Limpa entrar em vigor serão impedidos
de disputar as eleições, de acordo com a interpretação de alguns
especialistas.
Políticos como o deputado Paulo Maluf (PP-SP), que não poderia se candidatar às eleições, segundo o Ficha Limpa, pode fazer
isso graças à emenda feita ao projeto. Na prática, o Projeto Ficha
Limpa afeta um quarto dos deputados e senadores que respondem
a inquéritos ou ação penal no STF. Porém, a lei sozinha não basta.
As urnas ainda são a melhor forma de barrar os maus políticos.
Entre os crimes que tornam candidatos inelegíveis estão estupro,
homicídio, crime contra o meio ambiente e a saúde pública, contra
a economia popular, fé pública, administração pública, patrimônio
público, mercado financeiro, tráfico de entorpecentes e crime eleitoral. A lei também prevê que quem renuncia ao cargo político para
evitar cassação fica impedido de se candidatar para as eleições que
se realizarem durante o período remanescente do mandato e nos
oito anos subsequentes ao término da legislatura.
O resultado da coleta foi entregue ao Congresso Nacional,
marcando a data em que o PL foi protocolado e passou a tramitar
na casa. O texto aprovado na Câmara dos Deputados foi mais flexível do que o proposto pelo MCCE. A ideia inicial era proibir a
candidatura de todos os condenados em primeira instância. Antes
da lei, só políticos condenados em ultima instância, o chamado
trânsito em julgado, eram impedidos de disputar.
eventual mercado de consumo, ou da disponibilidade de mão-de-obra na região, ou ainda da necessidade e do porte dos investimentos governamentais para o conjunto da população. Quando uma
certa porção do espaço apresenta uma elevada população absoluta,
é considerada uma área populosa, o Brasil apresenta atualmente
(2011) uma população de 194.227.984 habitantes. Essa quantia
faz do país a quinta nação mais populosa do planeta, ficando atrás
apenas da China e Índia, Estados Unidos e Indonésia, respectivamente. O Brasil é um país populoso, porém, é uma nação pouco
povoada, com baixo índice de densidade demográfica. A densidade demográfica é o resultado da divisão da população de um
determinado lugar por sua extensão territorial. São 194.227.984
pessoas em uma extensão territorial de 8.547.403,5 km², apresentando aproximadamente 22,72 habitantes por Km2, bem distante
dos 881,3 habitantes por Km2 de Bangladesh.
No Brasil, o instrumento de coleta de dados demográficos é o
recenseamento ou censo. O órgão responsável pela contagem da
população é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que realiza a pesquisa por meio de entrevistas domiciliares. O
conhecimento quantitativo da população é de fundamental importância, pois esses dados possibilitarão a realização de estimativas
sobre mercado de consumo, disponibilidade de mão de obra, além
de planejamentos para a elaboração de políticas públicas destinadas à saúde, educação, infraestrutura, etc. O primeiro censo demográfico realizado no Brasil foi em 1872, nessa ocasião a população
totalizava 9.930,478 habitantes, em 1900 era de 17.438.434, já em
1950 a população era de 51.944.397, no ano 2000 a quantidade
de habitantes do Brasil registrada foi de 169.590.693. Conforme
estimativas do IBGE, a população brasileira em 2050 será de aproximadamente 260 milhões de pessoas, apresentando um aumento
populacional de quase 67 milhões de habitantes em relação à população atual.
Em razão do constante aumento populacional ocorrido no
Brasil, principalmente a partir da década de 1960, intensificandose nas últimas décadas, o país ocupa hoje a quinta posição dos
países mais populosos do planeta, ficando atrás apenas da China,
Índia, Estados Unidos e Indonésia. De acordo com dados do Censo
Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira atingiu a marca
de 190.755.799 habitantes.
No Brasil, o crescimento vegetativo é o principal responsável
pelo aumento populacional, já que os fluxos migratórios ocorreram
de forma mais intensa entre 1800 e 1950. Nesse período, a população brasileira totalizava 51.944,397 habitantes, bem longe dos
atuais 190.755.799.
A população relativa, ou densidade demográfica, corresponde
à relação entre o número de habitantes de uma determinada área
e sua extensão territorial. É obtida através da divisão da população absoluta pela área territorial. Diz-se que uma área é povoada
quando apresenta uma elevada densidade demográfica; quando sua
densidade é muito baixa, diz-se que é um vazio demográfico. A
taxa de população relativa do Brasil coloca-o entre os países menos povoados do planeta. É importante ressaltar que a densidade
demográfica é um dado que nos fornece a distribuição teórica, e
não real, da população pelo país. Entretanto, quando a densidade
demográfica é alta, como a de alguns países europeus ou de lestesudeste asiático, pode-se supor que ela se aproxime bastante da
realidade. Isso porque alguns desses países têm pequena extensão
territorial e, consequentemente, disponibilidade mínima de espaço, ocorrendo, assim, uma ocupação mais homogênea de todo o
território.
5. SOCIEDADE, ESPAÇO E CULTURA
● Dimensão demográfica da produção do
espaço: dinâmicas do crescimento demográfico
e seus efeitos na estrutura populacional; as
principais teorias demográficas; desigualdades
sociais e espaciais.
● Espaço e cultura: nação; identidade nacional
e nacionalismos; identidade regional e regionalismos e a região geográfica; representações
literárias e espaço geográfico; espaço e religião;
choques culturais, etnocentrismo e espaço.
População Brasileira
O estudo da população de uma área qualquer deve se iniciar
pelas informações quantitativas básicas, ou seja, os valores de sua
população relativa, esta também denominada de densidade demográfica. A população absoluta corresponde ao número total de
habitantes de uma determinada área. Trata-se de uma informação
importante, uma vez que através dela pode-se ter uma ideia de um
Didatismo e Conhecimento
89
GEOGRAFIA
Se a densidade demográfica é baixa, como no caso do Brasil,
Canadá e outros países, a situação efetiva da distribuição da população pode ou não coincidir com o índice de população relativa.
A população relativa do Brasil é reflexo de sua grande extensão
territorial, e a baixa densidade demográfica não retrata a realidade
nacional. Isso porque a população está muito mal distribuída: cerca de 90% dela se concentram próximo ao Oceano Atlântico, numa
faixa que raramente ultrapassa 600km de largura.
A Distribuição da População Brasileira
O início e a evolução do povoamento do território brasileiro
pelos portugueses teve um caráter marcadamente periférico. Um
dos fatores responsáveis por isso foi o interesse mercantilista da
época; visava-se apenas à exploração imediata das riquezas coloniais, sem preocupação com a colonização definitiva. As poucas
cidades e vilas, assim como todas as áreas agrícolas, concentravam-se na costa atlântica, elo de união com a Metrópole. O Tratado de Tordesilhas, que estabelecia os limites dos territórios na
América entre Portugal e Espanha, foi sendo gradativamente desrespeitado. Durante os séculos XVII e XVIII, com as bandeiras, a
mineração, a penetração pelo vale do rio Amazonas e a expansão da
pecuária no vale do São Francisco e o sertão do Nordeste, ocorreu
o maior povoamento do interior. Formaram-se, na verdade, “ilhas”
de povoamento, pois a maior parte da população ainda continuou
próxima ao litoral.
No final do século XIX e início do século XX, tivemos a fase
de exploração da borracha na Amazônia, que, embora tenha durado pouco tempo, no Sudeste, ocorria a “marcha do café”, propiciando o avanço da povoação para o interior do estado de São
Paulo e norte do Paraná. Após a segunda Guerra Mundial, e principalmente durante o governo de Juscelino Kubtschek (1956-1960),
ocorreu um grande desenvolvimento industrial no Sudeste. Essa
industrialização, que se estende até hoje, tem atraído contingentes
populacionais de todas as outras regiões.
Malha municipal - Área dos municípios
Causa e consequência desses contrastes de povoamento, as
diferenças entre os municípios são enormes, se os menores são semelhantes aos seus equivalentes europeus, outros são do tamanho
de países do velho continente. Entre o menor, Santa Cruz de Minas
(Minas Gerais, 3,6 km2) e o maior, Altamira (Pará, 159.533km2),
a proporção é demais de 1para 44.000. Quatro municípios, todos
localizados na Amazônia ultrapassam os 100000 km2(a área sua
combinada é quase do tamanho da França). Ao somaras áreas dos
dez primeiros (de mais de 5.000 no total), chegamos a 11%do país,
juntos eles representam a mesma área que os 3.450 menores juntos.
População por município em 2010
A população brasileira é muito desigualmente distribuída no
território, com um forte contraste entre litoral e interior, o primeiro
é densamente povoado, enquanto o último é muito menos ocupado. Esse contraste reflete os efeitos do processo de processo de colonização e assentamento do território que foi feito, basicamente, a
partir do litoral para o interior, de leste a oeste e, secundariamente,
de sul para norte.
Até as áreas de concentração têm ocupação desigual: mesmo
em estados com grandes contingentes populacionais grandes lacunas aparecem, e apenas São Paulo, o Paraná, Rio de Janeiro,
Sergipe e Alagoas estão com seu território ocupado de maneira
quase contínua.
No resto do país, a distribuição da população está relacionada com redes de transportes, vias navegáveis (na Amazônia) e
rodovias: pode-se seguir no mapa, marcado pelas sedes dos municípios, as principais rodovias amazônicas (BR364 Cuiabá Porto
Velho, BR163 Cuiabá-Santarém, BR010 Brasília-Belém, BR230
Transamazônica).
Didatismo e Conhecimento
90
GEOGRAFIA
Os casos extremos
A população Absoluta por Regiões
Densidades
O Sudeste é a região mais populosa do país, em função de
seu alto grau de desenvolvimento econômico-industrial, que desde a década de 1930 transformou-a num grande polo de atração
populacional. Segunda região em população absoluta, o Nordeste
se caracteriza por uma alta taxa de natalidade, que supera a taxa
de mortalidade e a grande emigração. O forte povoamento regional deve-se também a fatores históricos, uma vez que foi em sua
faixa litorânea que tiveram início o povoamento do Brasil e seu
aproveitamento econômico. O Sul é a terceira região brasileira em
população absoluta. Seu povoamento deveu-se, sobretudo a maciça entrada de imigrantes europeus, no final do século passado, que
para ali foram atendendo à política imigratória do governo, que
desejava povoar a região. Hoje também o fato de ser a segunda
região brasileira em produção econômica, atraindo grande número
de migrantes internos.
A Região Norte é pouco populosa em função de dois aspectos
muito marcantes: sua paisagem natural – onde se destacam uma
floresta muito fechada e um clima super úmido – e sua economia,
que sempre esteve ligada ao extrativismo. Mais recentemente, com
a implantação de projetos hidrelétricos, minerais e industriais, sua
população cresceu rapidamente, passando do quinto para o quarto
lugar. O Centro-Oeste é a região menos populosa do país, tendo
em vista sua atividade básica – a pecuária extensiva – não exigir
muita mão de obra. Além disso, houve a introdução da lavoura
comercial intensamente mecanizada, que também não gera muito
emprego, não atraindo migrantes para a região e não oferecendo
grandes perspectiva para quem nasce lá, que, por isso, acaba emigrando.
Densidade populacional por município em 2010
A distribuição de densidades obedece a uma lógica claramente
Leste-Oeste, o resultado do processo de ocupação e colonização a
partir da costa. Assim, as maiores densidades estão na parte mais
próxima do litoral no Nordeste, no Sudeste e no Sul, elas podem
ultrapassar a marca das 10 000pessoas por quilômetro quadrado
nas capitais. Dividindo os 5.565municípiosem três grupos iguais,
constrói-se um mapa de densidades contrastantes: a maior parte
da Amazônia e do Centro-Oeste tem densidades muito baixa, entre 0,13e 16habitantes por quilômetro quadrado, onde se destacam
apenas as capitais e alguns municípios que têm entre 16e 38habitantes por quilômetro quadrado.
A zona litorânea tampouco é homogênea: quase deserta ao
norte do Rio Amazonas, ela é dividida em duas partes, de ambos
os lados de um centro pouco ocupado (sul da Bahia e Espírito Santo). No Nordeste, o contraste nacional, entre o litoral e interior, é
reiterado. No Sudeste e no Sul, no entanto, a densidade continua
a ser elevada em muitas áreas próximas da fronteira ocidental do
país, é o único lugar onde o Brasil mais povoado tem certa “profundidade”, mas a densidade cai drasticamente na fronteira entre
os estados de São Paulo e do Paraná, no leste, e do Mato Grosso
do Sul, no oeste.
Didatismo e Conhecimento
91
GEOGRAFIA
A População Relativa por Regiões
A população relativa brasileira, em função da grande extensão
territorial, é relativamente baixa. Além de ter uma baixa densidade
demográfica, o Brasil apresenta uma distribuição irregular dos habitantes pelo território. A região Sudeste é a de maior densidade demográfica, devido, como já vimos, ao seu maior desenvolvimento
econômico. A industrialização atraiu para a região grande número
de imigrantes, vindos de todas as partes do país, tornando-a a mais
populosa e mais povoada região brasileira. A região sul é a segunda em densidade demográfica, em função de dois fatores: é como
o Sudeste, uma região bastante rica (o que concentra população),
e é formada apenas por três estados, fato que por si só já contribui
para elevar a densidade regional. O Nordeste, muito populoso, é a
segunda região em população absoluta. Entretanto, sua densidade
demográfica é bem menor que a do Sudeste e do Sul, devido à sua
grande área e ao fato de ser área de saída de população, tendo em
vista seus graves problemas sociais e econômicos.
O Centro-Oeste é a quarta região brasileira em densidade
demográfica, em função de sua extensa área e de sua economia
baseada na agropecuária desenvolvida com pouca mão-de-obra.
A região mais vazia do país é o Norte. Sua baixa densidade demográfica retrata a pequena participação da região na economia
brasileira e sua grande área territorial (45,25% do território nacional). As áreas de densidade demográfica mais elevada – o Sudeste,
o Sul e a porção oriental do Nordeste – historicamente foram as
primeiras a serem povoadas e são as que concentram a produção
econômica do país.
O padrão de fecundidade das mulheres brasileiras também sofreu alterações entre 2000 e 2010. A tendência observada até então
era de rejuvenescimento, isto é, uma maior concentração dos níveis de fecundidade nas idades mais jovens. Em 2010, ocorre uma
mudança, e os grupos de 15 a 19 anos e de 20 a 24 anos de idade,
que concentravam 18,8% e 29,3% da fecundidade total em 2000,
respectivamente, passaram a concentrar 17,7% e 27,0% em 2010.
Para os grupos de idade acima de 30 anos, observa-se um aumento
de participação, de 27,6% em 2000 para 31,3% em 2010.
Taxa de mortalidade: o Brasil apresenta uma elevada taxa de
mortalidade, também comum em países subdesenvolvidos, enquadrando-se entre as nações mais vitimadas por moléstias infecciosas
e parasitárias, praticamente inexistentes no mundo desenvolvido.
Desde 1940, a taxa de mortalidade brasileira também vem caindo, como reflexo de uma progressiva popularização de medidas de
higiene, principalmente após a Segunda Guerra Mundial; da ampliação das condições de atendimento médico e abertura de postos
de saúde em áreas mais distantes; das campanhas de vacinação; e
do aumento quantitativo da assistência médica e do atendimento
hospitalar.
Taxa de mortalidade infantil: De 2000 para 2010, a taxa de
mortalidade infantil caiu de 29,7‰ para 15,6‰, o que representou
decréscimo de 47,6% na última década. Com queda de 58,6%, o
Nordeste liderou o declínio das taxas de mortalidade infantil no
país, passando de 44,7 para 18,5 óbitos de crianças menores de
um ano por mil nascidas vivas, apesar de ainda ser a região com o
maior indicador. O Sul manteve os menores indicadores em 2000
(18,9‰) e 2010 (12,6‰).
Na última década, a diminuição das desigualdades sociais e
regionais contribuiu para a formação do quadro atual de baixa na
mortalidade infantil e de maior convergência entre as regiões. Todavia, ainda há um longo caminho a percorrer para que o Brasil se
aproxime dos níveis das regiões mais desenvolvidas do mundo,
em torno de cinco óbitos de crianças menores de um ano para cada
mil nascidas vidas.
Crescimento vegetativo: a população de uma localidade
qualquer aumenta em função das migrações e do crescimento vegetativo. No caso brasileiro, é pequena a contribuição das migrações para o aumento populacional. Assim, como esse aumento é
alto, conclui-se que o Brasil apresenta alto crescimento vegetativo, a despeito das altas taxas de mortalidade, sobretudo infantil. A
estimativa da Fundação IBGE para 2010 é de uma taxa bruta de
natalidade de 18,67‰ — ou seja, 18,67 nascidos para cada grupo
de mil pessoas ao ano, e uma taxa bruta de mortalidade de 6,25‰
— ou seja 6,25 mortes por mil nascidos ao ano. Esses revelam um
crescimento vegetativo anual de 12,68.
As Formas de Crescimento Populacional
Existem duas maneiras de a população de um país crescer numericamente: o movimento vertical e o movimento horizontal. O
movimento vertical é fundamentado na diferença entre a quantidade de crianças que nascem anualmente e a quantidade de pessoas
que morrem, nesse mesmo ano, indicada através de valores porcentuais (%), ou em milhagem (‰). A diferença entre as duas taxas
será, então, a taxa de crescimento da população. A esse resultado
denominamos crescimento natural ou crescimento vegetativo. Já
o movimento horizontal corresponde às migrações (deslocamento
das pessoas de uma área para outra, onde fixam residência). Esse
processo afeta diretamente o número de habitantes das duas áreas,
a de origem e a de destino.
Taxa de fecundidade: O número médio de filhos tidos nascidos vivos por mulher ao final de seu período fértil, no Brasil, foi
de 1,86 filho em 2010, bem inferior ao do Censo 2000, 2,38 filhos.
Essa diminuição dos níveis de fecundidade ocorreu em todas as
grandes regiões brasileiras. Os maiores declínios foram observados nas regiões Nordeste e Norte, que possuíam os mais altos níveis de fecundidade em 2000. Entre as unidades da federação, a
mais baixa taxa de fecundidade pertence ao Rio de Janeiro (1,62
filho por mulher), seguido por São Paulo (1,63) e Distrito Federal
(1,69). A mais alta foi a do Acre (2,77 filhos por mulher).
Didatismo e Conhecimento
92
GEOGRAFIA
Expectativa de vida: no Brasil, a expectativa de vida está
em torno de 76 anos para os homens e 78 para as mulheres. Dessa
forma, esse país se distância das nações paupérrimas, em que essa
expectativa não alcança 50 anos (Mauritânia, Guiné, Níger e outras), mas ainda não alcança o patamar das nações desenvolvidas,
onde a expectativa de vida ultrapassa os 75 anos (Noruega, Suécia
e outras). A expectativa de vida varia na razão inversa da taxa de
mortalidade, ou seja, são índices inversamente proporcionais. Assim no Brasil, paralelamente ao decréscimo da mortalidade, ocorre
uma elevação da expectativa de vida.
Taxa de natalidade: As taxas de natalidade do Brasil, enquadradas entre as mais elevadas do mundo, vêm decrescendo nitidamente nos últimos anos. A análise desse declínio nas taxas de
natalidade do país deve ser paralela à análise do processo de urbanização da população brasileira, particularmente a partir de 1940.
Direta ou indiretamente, as variações no número de nascimentos
estão relacionadas às implicações socioeconômicas decorrentes do
processo de urbanização do país. Entre inúmeros outros, costumam-se destacar como fatores inibidores da natalidade, principalmente após 1970, os seguintes:
- no meio urbano, a idade média para o casamento é maior que
no meio rural, diminuindo, assim, o período social de fertilidade e,
consequentemente, a média de filhos por família;
- nas áreas urbanas, o custo da criação dos filhos é muito elevado, pois as exigências são maiores (educação, vestuário, transporte, etc.);
- a integração da mulher no campo de trabalho promoveu uma
queda na natalidade, devido às restrições à gravidez no trabalho e
à falta de creches. Essa é também uma das razões que explicam o
elevado número de abortos realizados anualmente no país;
- como consequência da urbanização, houve maior acesso a
métodos anticoncepcionais, especialmente na última década.
indicam que, no máximo 40 anos, a pirâmide etária brasileira será
semelhante à da França atual. O país terá taxa de natalidade mais
baixa e, com isso, média de idade maior. Há 50 anos, o país tinha
o mesmo perfil etário do continente africano hoje: muitos jovens e
crianças. Desde então, a população do país cresce em ritmo cada
vez mais lento.
De acordo com o IBGE, a expansão demográfica média anual
foi de apenas 1,17% nos últimos dez anos, ante 1,64% na década
anterior. Nos anos 60, era de 2,89%. A população do país deve continuar a crescer por mais duas gerações até os anos 2030. Depois,
deve estacionar ou até diminuir. O país deve começar a se preparar
para as transformações que já acontecem em países como a França.
Temos a oportunidade de antecipar discussões como a da reforma
da Previdência. Com um número de pessoas em idade ativa menor do que o de idosos, a solvência do sistema ficará ameaçada.
Porém, até atingir esse estágio, o país será beneficiado pelo chamado “bônus demográfico”, caracterizado pela maior presença de
adultos na sociedade. O predomínio da população produtiva vai
dar condições de minimizar o impacto do envelhecimento nas contas públicas. A redução do número de crianças deve permitir ao
país melhorar acesso e qualidade da educação sem aumentar muito
os investimentos. Haverá também transformações no mercado de
produtos e serviços. Com mais adultos e idosos, são esperadas mudanças nos serviços de saúde, na construção civil e até em lazer. O
país vai ter cada vez mais idosos levando vida ativa. A economia
vai ter que se adaptar às novas necessidades de consumo dessa
população.
Estrutura Etária da População Brasileira
Em função das transformações ocorridas nos últimos anos, especialmente no que se refere à natalidade (o número de crianças na
faixa de 1 a 4 anos alcançou um total inferior ao das crianças de 5 a
9), a pirâmide etária do Brasil começou a assumir uma nova forma.
A ainda significativa juventude da população brasileira, quase metade do total da população, se por um lado poderia ser considerada
uma vantagem para o país, do ponto de vista da potencialidade da
força de trabalho, por outro gera uma série de problemas sociais e
econômicos, como:
- necessidade de grandes investimentos em setores como educação e saúde, e na ampliação do mercado de trabalho;
- excessiva oferta de mão de obra, uma vez que as vagas no
mercado de trabalho não acompanham o seu crescimento, o que
determina a proliferação dos baixos salários, do subemprego e do
desemprego;
- alto percentual de inativos ou dependentes, uma vez que
aproximadamente 1/3 da população brasileira tem menos de 14
anos de idade.
O modelo de desenvolvimento da sociedade brasileira não optou pelo preparo educacional ou profissional dessa juventude, nem
pela valorização de seus recursos, e o que se vislumbra para o país,
num futuro próximo, é o agravamento dos problemas sociais já
considerados insuportáveis hoje. Os dados do Censo 2010, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
Estrutura por Atividade
O estudo da distribuição da população por atividades econômicas e profissionais se realiza a partir da análise da chamada População Economicamente Ativa (PEA) e da População Não-Economicamente Ativa (PNEA), também conhecida como População Economicamente Inativa (PEI). De forma
geral, considera-se como População Economicamente Ativa, ou PEA, a parcela da população absoluta que, tendo mais de 10 anos (no caso
do Brasil, mais de 16 anos), está voltada pra o mercado de trabalho, tanto a que está efetivamente empregada, quanto a que está procurando
emprego. A População Economicamente Inativa, ou PEI, é portanto, a parcela da população que não está envolvida com o mercado de trabalho, ou seja, é a que não está trabalhando, nem está à procura de emprego. Nesse caso, incluem-se as crianças com menos de 10 anos de
idade (menos de 16 no Brasil), os idosos e aposentados, os inválidos e as donas de casa, pois o trabalho doméstico, quando não é realizado
por empregados, não é considerado atividade econômica. A População Economicamente Ativa costuma ser agrupada em três setores de
atividades econômicas.
Setores
Primário
Secundário
Terciário
Atividades
Relacionadas com o campo, com a agropecuária e o extrativismo.
Relacionadas diretamente com a produção industrial, a construção civil e a mineração.
Relacionadas com a prestação de serviços (educação, saúde, lazer, serviços bancários etc.) e o comércio.
A distribuição da População Economicamente Ativa pelos setores de atividade apresenta grandes diferenças entre países com distintos
níveis de desenvolvimento. Países desenvolvidos, como a Alemanha, em geral têm sua População Economicamente Ativa concentrada no
setor terciário, como produto de seu progresso econômico e social, e uma parcela muito pequena no setor primário, altamente, mecanizado.
Já em países subdesenvolvidos, como a Indonésia, o setor primário emprega a maioria dos trabalhadores, resultado do elevado grau de atraso
econômico e tecnológico. Há ainda países em estágio intermediário, como a Polônia, que embora apresente predomínio da População Economicamente Ativa no setor terciário, ainda tem um setor primário significativo, pois não dispõe de alta mecanização agrícola.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
População Economicamente Ativa Brasileira
de forma relativamente rápida já nesse período, dando origem, então, aos inúmeros tipos de mestiços que atualmente compõem a
população brasileira.
Esses dados, entretanto, são muito discutíveis, porque não levam em conta as origens étnicas dos indivíduos, mas apenas a cor
de sua pele. Assim devem ser analisados com cautela, pois a discriminação racial que atinge alguns grupos étnicos faz com que as
respostas dos entrevistados sejam, muitas vezes, diferentes da realidade. É comum que um entrevistado negro ou índio responda ser
mestiço, assim como indivíduos mestiços respondam ser branco.
Um fato, no entanto, é inquestionável: a população brasileira torna-se cada vez mais miscigenada, diminuindo as diferenças mais
visíveis entre os três grupos étnicos originais.
O Índio: Nunca se fizeram levantamentos precisos sobre o
número de indígenas no Brasil, até porque muitos grupos nativos
mantiveram-se distantes do contato com a civilização. Entretanto, estima-se que houvesse, no século XVI, um número entre 4 e
5 milhões de índios que, ao longo dos quatro séculos de aproximação com o branco, viram-se reduzidos a aproximadamente 320
mil indivíduos. Devido a processos contínuos de extinção – lutas,
doenças, fome – e aculturação, pela qual os indígenas perdem suas
origens culturais e lingüísticas, assimilando as do homem branco,
esse número tende a diminuir ainda mais, segundo seu grau de
contato com o homem civilizado, os indígenas podem ser classificados em: isolados (sem nenhuma aproximação e tornando-se
cada vez mais raros); de contato intermitente (embora já tendo se
aproximado dos brancos, conservam ainda certa autonomia cultural); de contato permanente; integrados (alfabetizados, inseridos
no mercado de trabalho, com acesso aos produtos do mercado de
consumo etc.).
Historicamente, o que se observou não foi a tendência à integração, mas sim à extinção do índio pois, além das doenças trazidas pelo contato com os brancos (gripe, sarampo, malária etc.),
contribuíram para a extinção de vários grupos indígenas os conflitos pela posse de terra. Com a expansão das fronteiras agrícolas
e a recente descoberta de minérios em áreas das regiões Norte e
Centro-Oeste, tornou-se comum a invasão das reservas indígenas
por grupos de posseiros e garimpeiros, tornando os conflitos ainda
mais freqüentes e graves. Até mesmo o governo viola os limites
dessas reservas ao construir rodovias e hidrelétricas em seus limites. A fundação Nacional do Índio (FUNAI) tem como função
aplicar a legislação contida no Estatuto do Índio, que fala em garantir seus costumes e propiciar-lhes uma educação que vise a sua
integração. Para muitos, entretanto, manutenção de costumes e
integração são conceitos antagônicos, pois integrar significa destruir língua, hábitos e crenças. Veja como a Constituição de 1988
aborda a questão do índio:
Os Indicadores Sociais no Brasil
Analisando-se os dados coletados e divulgados pelo IBGE, é
possível afirmar-se que houve uma melhora nas condições sociais de
grande parcela da população brasileira. Entre os principais indicadores dessa melhora, destacam-se o índice de distribuição de renda, o
nível de escolaridade e o número de domicílios que dispõem de bens
e serviços básicos.
- Distribuição de renda: A desigualdade no Brasil atingiu o
menor nível da história, segundo o estudo Desigualdade e Renda
na Década. O Índice de Gini chegou a 0,5304 em 2010, superando o patamar da década de 60 (quanto mais o índice se aproxima
de, mais desigual é o país). O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) identificou que 16.267.197 de pessoas vivem
com renda per capita mensal de até R$ 70 no Brasil. Em 2010,
a pobreza no País caiu 16% e atingiu a marca de 67,3% desde a
implantação do Plano Real: 31,9% no governo Fernando Henrique
e 50,6% durante o governo Lula, superando o período de implementação do plano.
- Nível de alfabetização: a situação educacional da maioria da
população do país ainda é extremamente grave e vergonhosa; no
entanto, houve também aí uma ligeira melhora. O porcentual de
habitantes sem instrução ou com menos de 1 ano de instrução –
os analfabetos diminuiu, enquanto o porcentual de habitantes com
11 anos ou mais de instrução passou de 14,4% para 15,4%, nesse
últimos anos.
- Domicílios com bens e serviços básicos: os dados mostram
que nesse item também se verificou uma melhora. Dentre os serviços existentes, a iluminação elétrica está presente em quase todos
os domicílios brasileiros (97,8%) e a coleta de lixo em 87,4% das
moradias. Já o serviço de abastecimento de água alcança 82,7%
dos domicílios e o esgotamento sanitário 67,2%.
Capítulo VIII – Dos índios
Estrutura Étnica da População Brasileira
Art. 231 – São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
União demarcá-las, proteger e respeitar todos os seus bens.
§ 1º - São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios, e
por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas
atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários ao seu bem-estar e as necessárias
à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e
tradições.
Um dos traços mais característicos da estrutura étnica da população brasileira é a enorme variedade de tipos, resultante de uma
intensa mistura de raças. Esse processo vem ocorrendo desde o
início da nossa história, portanto há quase 5 séculos. Três grupos
étnicos básicos deram origem à população brasileira: o branco, o
negro e o índio. O contato entre esses grupos começou a ocorrer
nos primeiros anos da colonização, quando os brancos (portugueses) aqui se instalaram, aproximaram-se dos indígenas (nativos) e
trouxeram os escravos negros (africanos). A miscigenação ocorreu
Didatismo e Conhecimento
95
GEOGRAFIA
- deslocamento de boias-frias – corresponde aos movimentos
de pessoas que, morando nas cidades, dirigem-se diariamente às
fazendas para trabalhos agrícolas, conforme as necessidades dos
fazendeiros. Trata-se de um movimento urbano-rural.
- deslocamento dos habitantes de cidades-dormitórios – são
movimentos pendulares, diários e constantes, que se realizam em
massa, dos núcleos residências periféricos, como bairros e cidades
satélites, em direção aos centros industriais. Verificam-se nas zonas metropolitanas de grande densidade demográfica, como São
Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, etc.;
- deslocamento de fins de semana e férias – realizam-se com
objetivos de lazer e descanso, sendo típicos de áreas de economia
industrial. Periódicos e sazonais, tais movimentos estão ligados, em
geral, à população que desfruta de um padrão de vida mais elevado.
§ 2º - As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
O Negro: Apesar de já ser predominante no Brasil, a população negra ainda sofre com a desigualdade racial.
Em comparação com o Censo realizado em 2000, o percentual de pardos cresceu de 38,5% para 43,1% (82 milhões
de pessoas) em 2010. A proporção de negros também subiu de
6,2% para 7,6% (15 milhões) no mesmo período. Esse resultado também aponta que a população que se autodeclara branca
caiu de 53,7% para 47,7% (91 milhões de brasileiros).
Essa mudança de cenário faz parte de uma mudança cultural que vem sendo observada desde o Censo de 1991. O Brasil ainda é racista e discriminatório. Não é que da noite para o
dia o País tenha deixado de ser racista, mas existem políticas.
As demandas (da população negra), a questão da exclusão,
tudo isso tem feito parte da agenda política.
O Branco: Pela primeira vez na História do Censo, a população do Brasil deixa de ser predominantemente branca.
Pelos dados de 2010, as pessoas que se declararam brancas
são 47,73% da população, enquanto em 2000 eram 53,74%.
Nos outros Censos, até agora, os brancos sempre tinham sido
mais que 50%. Em 2010, do total de 190.749.191 brasileiros,
91.051.646 se declararam brancos – o que faz com que, apesar
de continuar sendo o grupo com maior número de pessoas em
termos absolutos, a população branca tenha percentual menor
do que a soma de pretos, pardos, amarelos e indígenas.
A migração interna: A migração interna corresponde aos movimentos populacionais que ocorrem dentro do país sem alterar sua população total, embora provoquem significativas mudanças econômicas
e sociais nas áreas onde acontecem.
Migração inter-regional: Devido a alterações históricas na
estrutura socioeconômica das várias regiões brasileiras, verificamos que, em certos períodos, algumas áreas atraem populações,
enquanto outras as repelem. Podemos identificas, assim, diversas
movimentações inter-regionais relacionadas a fatos históricos.
Além dessas movimentações, há inúmeras outras em toda a história do Brasil, surgindo sempre novos fenômenos desse tipo. É o
caso, por exemplo, das atuais frentes pioneiras que avançam em
direção ao Brasil Central e Amazônia. As migrações internas, além
de refletirem no seu deslocamento as mudanças econômicas que
estão se realizando nas várias regiões, são de extrema importância
no processo de ocupação territorial do país.
A População Brasileira é Eminentemente Urbana
O Brasil chegou ao final do século XX como um país urbano.
Este é o resultado de um processo iniciado na década de 50 na
região Sudeste. A partir de então, este contraste se acentuou e se
generalizou pelas cinco grandes regiões do país. Segundo o último
Censo realizado, a população é mais urbanizada que há 10 anos:
em 2000, 81% dos brasileiros viviam em áreas urbanas, agora são
84%.
Em 2010, apenas 15,65% da população (29.852.986 pessoas) viviam em situação rural, contra 84,35% em situação urbana
(160.879.708 pessoas). Em 2000, da população brasileira 81,25%
(137.953.959 pessoas) viviam em situação urbana e 18,75%
(31.845.211 pessoas) em situação rural. Para se comparar, internacionalmente, o grau de urbanização no mundo há poucos anos
ultrapassou 50%. Na União Europeia, há desde países com 61%,
como Portugal, até outros como a França, com 85% da sua população morando em região urbana. No BRIC, o Brasil é o que possui
maior grau de urbanização, pois a Rússia tem 73%, a China, 47%
e a Índia, apenas 30%. Os EUA possui grau de urbanização pouco
menor do que o do Brasil: 82%. Todos esses são de acordo com o
The World FactBook da CIA para o ano de 2010.
A região Sudeste segue sendo a região mais populosa do Brasil, com 80.353.724 pessoas. Entre 2000 e 2010, perderam participação das regiões Sudeste (de 42,8% para 42,1%), Nordeste (de
28,2% para 27,8%) e Sul (de 14,8% para 14,4%). Por outro lado,
aumentaram seus percentuais de população brasileira as regiões
Norte (de 7,6% para 8,3%) e Centro-Oeste (de 6,9% para 7,4%).
Entre as unidades da federação, São Paulo lidera com
41.252.160 pessoas. Por outro lado, Roraima é o estado menos
populoso, com 451.227 pessoas. Houve mudanças no ranking dos
maiores municípios do país, com Brasília (de 6º para 4º) e Manaus
(de 9º para 7º) ganhando posições. Por outro lado, Belo Horizonte
(de 4º para 6º), Curitiba (de 7º para 8º) e Recife (8º para 9º) perderam posições.
Outros Fluxos Migratórios
Dentro do país, há outros fluxos populacionais que não se
caracterizam como migrações internas, pois não são duradouros.
Apresentando ritmo, dimensão e objetivos variados, são chamados
migrações pendulares. Os principais são:
- deslocamento dos corumbás – é o fluxo de pessoas que deixam o agreste ou o Sertão nordestino no período seco, após a colheita do algodão, para trabalhar na colheita de cana-de-açúcar na
Zona da Mata, regressando depois ao local de origem. Tais fluxos
e refluxos de população são ritmados pela alternância de períodos
chuvosos e secos;
Didatismo e Conhecimento
96
GEOGRAFIA
Como a população brasileira é predominantemente urbana 84,4% é esperado que a estrutura nacional por sexo e idade nacional seja próxima da observada na área urbana. As diferenças
entre as estruturas etárias das áreas urbana e rural se devem principalmente aos fatores da dinâmica demográfica dessas duas populações. Desse modo, têm-se as áreas urbanas com níveis de fecundidade e de mortalidade mais baixos do que os das áreas rurais
e os movimentos migratórios que, na grande maioria das vezes,
caracterizam a área urbana como de forte atração populacional e
a rural como expulsora. Segundo os resultados do Censo Demográfico 2000, das 5 196 093 pessoas que efetuaram movimentos
migratórios de “data fixa”, 75,1% eram de áreas urbanas com destino urbano, 12,4% eram de áreas rurais com destino urbano; 7,7%
de áreas urbanas com destino rural; e apenas 4,8% de áreas rurais
com destino rural.
maior participação feminina só ocorrerá nas idades finais.
Nas duas últimas décadas, a composição da população residente por sexo e grupos de idade sofreu mudanças importantes,
como o estreitamento da base da pirâmide, o aumento da participação relativa da população a partir do grupo de 25 a 29 anos de
idade e o visível alargamento do topo da pirâmide etária, indicando
o aumento da longevidade.
MIGRAÇÕES BRASILEIRAS
Migração ou movimento migratório é o deslocamento da população de um lugar para outro. Os deslocamentos populacionais
podem ser definitivos ou temporários.
Diversos motivos levam as pessoas a migrar: guerras, condições econômicas desfavoráveis, adversidades naturais como climas extremamente frios ou quentes, atividades vulcânica intensa,
entre outros.
Os movimentos migratórios podem ser externos ou internos.
Migrações externas
A migração externa, também denominada migração internacional, ocorre quando a população se desloca entre países. Há dois
tipos de migração externa:
Emigração: refere-se ao movimento de saída das pessoas de
seu país de origem. Essas pessoas são emigrantes no seu país de
origem.
Os emigrantes brasileiros dirigiram-se predominantemente
para os Estados Unidos, Japão e países da Europa.
Imigração: corresponde ao movimento de entrada das pessoas
estrangeiras em um país. Elas são imigrantes nesse país.
A maior onda imigratória no Brasil se deu entre as décadas de
1850 e 1930 e era formada por alemães, espanhóis, sírios, libaneses, poloneses, ucranianos, japoneses e, principalmente, italianos.
A base mais estreita da pirâmide etária da área urbana é fruto
de uma menor fecundidade. A proporção de população menor de 5
anos de idade, nesta área, foi de 7,0%, enquanto na área rural, de
8,4%. Segundo os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios - PNAD 2009, a taxa de fecundidade total para a
área urbana foi de 1,8 filho contra 2,7 filhos na área rural. Valores
bastante inferiores aos observados em 1960, 5,0 e 8,4 filhos para
as áreas urbana e rural, respectivamente. O maior estreitamento da
base da pirâmide etária da área urbana pode ser constatado através
da razão crianças-mulheres: 27,5 crianças menores de 5 anos de
idade para cada grupo de 100 mulheres de 15 a 44 anos de idade,
enquanto na área rural este valor foi de 38,9, o que representa um
acréscimo de 41,4%.
É nítido também um maior contingente de população masculina na área rural. Neste caso, tem-se 111,1 homens para cada grupo
de 100 mulheres, sendo que na área urbana a razão de sexofoi de
93,4 homens para cada grupo de 100 mulheres. Esta maior participação da população masculina na área rural pode ser explicada
pela seletividade da variável sexo nas correntes emigratórias de
áreas rurais com destino urbano e pela natureza específica de determinadas atividades na agropecuária e na extração.
Apesar de nascerem mais crianças do sexo masculino do que
do feminino, na população como um todo, tem-se mais mulheres
que homens, em virtude dos diferenciais de mortalidade existentes entre os sexos. A mortalidade masculina é superior à feminina
ao longo de toda a vida. Na ausência de erros de contagem e de
declaração da idade, o comportamento das razões de sexo se aproximaria das obtidas para a área urbana. Contudo, para área rural, a
Didatismo e Conhecimento
Migrações internas
A migração interna ocorre quando a população se desloca no
interior de um país.
O êxodo rural corresponde à migração campo-cidade, isto é,
à saída da população do meio rural com destino ao meio urbano.
Esse é o movimento interno mais importante e é o responsável pela
grande leva de migrantes que se dirigiram, e ainda se dirigem, às
grandes cidades.
Existem outros dois tipos de migração interna:
Transumância é o deslocamento populacional que ocorre em
certos períodos do ano.
Migração pendular é o movimento diário de vaivém da população que desloca da periferia para o centro e vice-versa.
Migrações no Brasil
A taxa de crescimento populacional é composta pelo crescimento vegetativo e pela entrada de imigrantes. O Brasil, desde o
início de sua colonização, recebeu grandes contingentes populacionais. No Período Colonial, esse contingente foi quase exclusivamente de portugueses e de negros. A partir da última década do
século XIX, vieram europeus de várias nacionalidades (principalmente italianos, alemães e espanhóis) para substituir a mão de obra
escrava nas fazendas de café. Calcula-se que, desde aquela época
até hoje, entraram no Brasil cerca de 4,5 milhões de imigrantes.
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GEOGRAFIA
Podemos observar muitos movimentos migratórios no Brasil,
muitos deles vinculados a ciclos econômicos. Podemos citar:
- Séculos XVI e XVII – deslocamento de pessoas do litoral
para o interior do Nordeste acompanhando a expansão da pecuária
(através do Vale do São Francisco);
- Século XVIII – deslocamento de paulistas e nordestinos para
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso atraídos pela descoberta de
ouro e pedras preciosas;
- 1870-1910 – deslocamento de nordestinos para a Amazônia
(especialmente para o Acre, durante o ciclo da borracha;
- final do século XIX-início do século XX – nordestinos para
São Paulo, atraídos pela cafeicultura;
- década de 1940 – nordestinos para oeste paulista e norte do
Paraná, atraídos pela expansão da cultura do algodão;
- década de 1950 – nordestinos para Goiás, atraídos pela oferta
de empregos na construção civil durante a construção de Brasília;
- décadas de 1960/70 – nordestinos para a Amazônia, devido aos projetos descolonização agrícola e de mineração, além da
abertura de rodovias como a Transamazônica.
O Nordeste é uma área de expulsão; o Sudeste, em particular as áreas metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro, de
atração. Essa migração regional também ocorre do campo para a
cidade. Os camponeses vêm sendo expulsos de sua terra em decorrência da estrutura fundiária do País, da violência no campo, da
mecanização da agricultura e de fenômenos meteorológicos, como
os longos períodos de seca.
O gráfico abaixo mostra bem esse dado.
Com a participação de empresas transnacionais, incentivos
fiscais e investimentos do governo federal, nas décadas de 1970
e 1980, foram implantados no Norte do país grandes projetos de
mineração, que atraíram muitos garimpeiros para a região.
Algumas das consequências desses projetos foram os problemas socioambientais dessa ocupação. O desmatamento, realizado
na maior parte das vezes por madeireiros, de maneira ilegal, empobreceu os solos da região, tornando-os muitas vezes inadequados
para a agricultura e impedindo a população nativa de obter seu sustento com o extrativismo. Grande parte das estradas acabou sendo
“engolida” pela floresta – como ocorreu com a Transamazônica,
que é transitável apenas em um pequeno trecho, na época de seca.
A violência na região também é um problema. Muitos migrantes instalaram-se como posseiros ou grileiros, causando diversos
conflitos com as populações nativas e indígenas e, ainda, com os
defensores desses povos, como padres e missionários.
As migrações internas, muito intensas no país, sofreram mudanças nas ultimas décadas. Segundo o IBGE, há em São Paulo
as entradas de migrantes diminuíram em 12%, enquanto as saídas aumentaram em 36%, fazendo com que o saldo migratório de
744.798 migrantes, registrado em 1991, declinasse para 339,926,
em 2000. Já os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro passaram de repulsores para receptores de população, ou seja, ocorreu
aumento das entradas e diminuição das saídas.
Na década de 1990, com a reativação de alguns setores da economia nordestina, como o crescimento do turismo e a instalação
de diversas empresas, estabeleceu-se um fluxo de retorno de população para o Nordeste. Entre 1995 e 2000, 48,3% das saídas do
Sudeste foram em direção ao Nordeste. Entretanto, os estados que
contam com maior saldo migratório negativo (maior quantidade
de emigrantes) ainda se concentram no Nordeste: Paraíba, Ceará,
Piauí, Pernambuco e Bahia.
A década de 1990 inaugurou outra etapa na historia das migrações internas: elas se tornaram menos volumosas e mais localizadas. Além disso, outros fluxos se estabeleceram em direção ao
Norte e ao Centro-Oeste.
O estado de Goiás destaca-se no Centro-Oeste por constituir
o destino de um grande numero de imigrantes brasileiros, devido à
atração exercidas por Brasília.
Regiões dinâmicas de alargamento da fronteira agropecuária
do Centro-Oeste, como o Mato Grosso e do Norte como Rondônia
e Pará, vêm atraindo migrantes do Nordeste. A expansão da pro-
Nas décadas de 1960 e 1970, como já foi citado anteriormente
houve mudanças na direção dos fluxos migratórios para as regiões
Norte e Centro-Oeste, incentivados pela política oficial de colonização. Para essas regiões, dirigiram-se não apenas os nordestinos,
mas também os sulistas (em decorrência da estrutura fundiária no
Rio Grande do Sul e em Santa Catarina), grandes contingentes populacionais sem acesso a terra.
Didatismo e Conhecimento
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GEOGRAFIA
2. O Rio Grande do Norte apresenta um elevado potencial turístico, principalmente em decorrência das belezas de sua paisagem litorânea, destacando-se algumas formas do relevo cuja configuração está associada a processos erosivos desencadeados pela
ação de diferentes agentes.
dução agrícola tem gerado o aumento de emprego e da renda. A
demanda por bens e serviços (escola, comercio e lazer) multiplica
as atividades urbanas e o crescimento das cidades nessas regiões.
Entre as décadas de 60 e 2000, o Centro-Oeste e o Norte tiveram as maiores taxas de crescimento populacional. A população
de Rondônia, por exemplo, apresentou um aumento de 12 vezes:
em 1960 tinha 69.792 habitantes, e em 1999 contava com 836.023
habitantes.
Observe a figura.
Migrações inter-regionais.
Em 1999, segundo o IBGE, 15,5 milhões de pessoas residiam
fora de suas regiões de nascimento. Entre 1992 e 1999, 15,9% da
população do Nordeste e 10% da do Centro-Oeste migraram.
No entanto, tendências mais recentes da mobilidade da população no Brasil apontam para o crescimento das migrações
intrarregionais (de curta distância), Dos fluxos urbano-urbano e
intrametropolitanos. Ou seja, muitas pessoas têm migrado de uma
cidade para a outra ou no interior das áreas metropolitanas ou ainda, de um município para outro, no mesmo estado, em busca de
trabalho. Cidades com 100mil habitantes têm apresentado maior
crescimento populacional e tem sido procuradas pelos migrantes.
A queda do nível de vida das grandes cidades metropolitanas (violência, transito, poluição) a saturação do mercado de trabalho e
o aumento do subemprego têm contribuído para esses resultado.
Esses polos emergentes de desenvolvimento – por exemplo,
os do interior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas – apresentaram um dinamismo regional e condições similares às das metrópoles, contribuindo assim para uma nova redistribuição da espacial
da população.
A retração do setor industrial no município de São Paulo, por
exemplo, reflete uma tendência internacional de desconcentração
industrial, característica dessa época de globalização.
O gráfico abaixo mostra a evolução da vinda do números de
imigrantes para o Brasil de 1850 até 1975.
Considerando os elementos da paisagem litorânea expostos na
Figura, pode-se afirmar que esta corresponde a uma:
a) falésia, constituída pela deposição de areia paralelamente à
costa, em decorrência da erosão eólica.
b) restinga, formada pela consolidação da areia de antigas
praias, em decorrência da erosão marinha.
c) falésia, formada a partir de processos de erosão marinha,
que originam paredões escarpados.
d) restinga, constituída a partir de processos de erosão eólica,
que formam costas íngremes.
3. Do ponto de vista tectônico, núcleos rochosos mais antigos,
em áreas continentais mais interiorizadas, tendem a ser os mais
estáveis, ou seja, menos sujeitos a abalos sísmicos e deformações.
Em termos geomorfológicos, a maior estabilidade tectônica dessas
áreas faz com que elas apresentem uma forte tendência à ocorrência, ao longo do tempo geológico, de um processo de
a) aplainamento das formas de relevo, decorrente do intemperismo e da erosão.
b) formação de depressões absolutas, gerada por acomodação
de blocos rochosos.
c) formação de canyons, decorrente de intensa erosão eólica.
d) produção de desníveis topográficos acentuados, resultante
da contínua sedimentação dos rios.
e) geração de relevo serrano, associada a fatores climáticos
ligados à glaciação.
QUESTÕES
1. O relevo terrestre é resultante da atuação de dois conjuntos
de forças denominadas agentes do relevo, que compreendem os
agentes internos ou criadores do relevo e os agentes externos ou
modificadores do relevo. Podemos considerar agentes internos e
externos, respectivamente:
a) Tectonismo e intemperismo
b) Águas correntes e seres vivos
c) Vento e vulcanismo
d) Águas correntes e intemperismo
e) Abalos sísmicos e vulcanismo
Didatismo e Conhecimento
4. “A erosão acelerada não é uma coisa nova, ela acompanha a
agricultura desde o seu início, há 4.000 ou 5.000 anos a.C., nos vales do Eufrates, Tigre e Nilo, onde, presume-se, tenha sido o berço
da agricultura.” (CONCIANI, Wilson. Processos erosivos: conceitos e ações de controle. Cuiabá: Editora Cefet-MT, 2008. p. 11.)
99
GEOGRAFIA
Mesmo que a erosão seja um acontecimento antigo, como citado acima, o tema é sempre atual, trazendo muitos transtornos
para as zonas rural e urbana. Sobre a erosão, suas causas e consequências, é correto afirmar que:
a) é caracterizada pela destruição e transformação de rochas
pela ação de agentes que modelam a superfície terrestre, através
dos fatores endógenos (clima, rios, correntes marítimas, enxurradas) e de fatores exógenos (animais, homens e vulcanismos).
b) nas encostas, as águas superficiais escorrem e formam as
ravinas ou voçorocas com sulcos laterais inclinados, entretanto só
provocam efeitos na superfície dos solos e são facilmente controladas pela ação antrópica.
c) é parte do processo de degradação do solo, provocando o
acúmulo de metais pesados, lixiviação e diminuição de nutrientes;
só ocorre com a intervenção do homem, tornando-se um dos mais
sérios problemas ecológicos do planeta.
d) a ação do intemperismo físico e químico e das cheias e
inundações compensam o material retirado pela erosão, com formações de cordões arenosos e praias nos rios e no litoral.
e) a ação da água como agente de erosão depende da quantidade que cai sobre o solo e da maior ou menor capacidade de infiltração que este solo oferece. A erosão provocada pelo escoamento
superficial recebe o nome de erosão laminar ou em lençol.
7- As porções orientais do território brasileiro, em termos de
clima, sofrem maior intervenção da massa de ar:
a) Equatorial Continental (Ec)
b) Equatorial Atlântica (Ea) c) Tropical Continental (Tc)
d) Tropical Atlântica (Ta)
e) Polar Atlântica (Pa).
8- As características descritas abaixo fazem referência a um
único tipo de clima brasileiro. Analise-as e responda a qual tipo de
clima elas estão se referindo.
- Temperaturas médias elevadas ao longo do ano.
- Baixa precipitação anual e chuvas mal distribuídas.
- Encontro de quatro massas de ar: Equatorial Continental,
Equatorial Atlântico, Tropical Atlântico e Polar Atlântica.
- O fenômeno La Niña, em que há um resfriamento da temperatura média das águas do Oceano Pacífico Equatorial, pode acarretar um excesso de precipitação.
a) Clima Tropical
b) Clima Semiárido
c) Clima Equatorial
d) Clima Subtropical
e) Clima Tropical Úmido
5. Observe:
9- Leia com atenção os itens abaixo sobre massas de ar:
I - A mEc atua o ano inteiro no Brasil provocando elevados
índices de chuva.
II - A mEc é a principal responsável pela escassez de chuva no
interior do Nordeste.
III - A mTa exerce grande influência sobre a área litorânea do
Brasil.
IV - A mEa atua principalmente no Sul do Brasil.
V - A mPa, fria e úmida, penetra no Brasil em forma de frente,
atingindo principalmente o interior do Nordeste.
No perfil topográfico acima, os “Planaltos e Serras de Leste-Sudeste” e o “Pantanal Mato-grossense” estão representados,
respectivamente, pelos
De acordo com a leitura, identifique a resposta certa:
A) I e II
B) II e IV
C) I e III
D) II e V
E) IV e V
algarismos:
a) IV e III.
d) III e I.
b) II e I.
e) IV e I.
10- Em relação aos tipos climáticos encontrados no Brasil, a
afirmação errada é:
A) O clima equatorial apresenta elevados índices pluviométricos e temperaturas médias acima de 22 °C.
B) O clima da costa oriental do Nordeste apresenta chuvas
mais abundantes nos meses de inverno.
C) O clima tropical com chuvas de verão e invernos secos
ocorre em grande parte do território brasileiro.
D) O clima subtropical apresenta pequenas amplitudes térmicas e chuvas concentradas no verão.
E) O clima semiárido apresenta baixos índices pluviométricos
e grande irregularidade na distribuição das chuvas.·.
c) III e II.
6- Em relação aos tipos de clima no Brasil marque qual clima abrange uma porção maior do território e melhor caracteriza
o país:
(A) – Clima Semiárido
(B) – Clima Equatorial
(C) – Clima Subtropical
(D) – Clima Tropical (E) – Clima Desértico
Didatismo e Conhecimento
100
GEOGRAFIA
11. Define-se “LAGOS DE VÁRZEA” como sendo aqueles
oriundos da acumulação de aluviões fluviais. Deduz-se que tais
formações devem ser encontradas:
a) de modo abundante no país.
b) no Rio Grande do Sul (como as Lagoas dos Patos e Mirim).
c) na Amazônia.
d) no baixo Paraná.
e) no alto São Francisco.
II. O governo de Juscelino Kubitschek priorizou a construção
de rodovias e obras para geração de energia.
III. A década de 1990 foi marcada pela globalização da economia e pela consolidação do Brasil como grande produtor e exportador de tecnologia.
Está correto o que se afirma em
a) III apenas.
b) I e II apenas.
c) II apenas.
d) I e III apenas.
12. A bacia hidrográfica brasileira com maior possibilidade de
navegação é:
a) Bacia do São Francisco;
b) Bacia do Paraná;
c) Bacia do Uruguai;
d) Bacia Amazônica;
e) Bacia do Paraíba do Sul.
17. Sobre a indústria brasileira, sua concentração e desconcentração espacial, a alternativa correta é:
a) A industrialização brasileira foi tardia, ao longo do século
XIX, concentrando-se na região Sudeste do Brasil, reproduzindo
as desigualdades regionais sociais e econômicas.
b) No governo de Getúlio Vargas, no período do Estado Novo,
a preocupação estatal foi com a indústria de base, com enfoque na
produção de energia e setor de transportes; já no governo de Juscelino Kubitschek, o setor automobilístico teve a atenção maior.
c) A industrialização como substituição de importações, com
capital estatal abundante e mão-de-obra barata, acontece no Brasil
através da indústria de bens de consumo duráveis e com destaque
para o setor têxtil e produção de alimentos.
d) A partir de 1950, como parte do planejamento estatal do
governo federal, inicia-se a desconcentração industrial, acentuada
depois de 1990, pela crescente abertura econômica e desenvolvimento técnico- científico.
e) Com a desconcentração industrial, o Sudeste brasileiro,
principalmente São Paulo, passou por grandes mudanças espaciais
e sociais, deixando de ser a área de maior concentração industrial,
posto ocupado hoje pelo Nordeste brasileiro.
13 A expressão “Bacia Hidrográfica” pode ser entendida
como:
a) o conjunto das terras drenadas ou percorridas por um rio
principal e seus afluentes.
b) a área ocupada pelas águas de um rio principal e seus
afluentes no período normal de chuvas.
c) o conjunto de lagoas isoladas que se formam no leito dos
rios quando o nível de água da água baixa.
d) o aumento exagerado do volume de água de um rio principal e seus afluentes quando chove acima do normal.
e) o lago formado pelo represamento das águas de um rio principal e seus afluentes.
14. A rede hidrográfica brasileira apresenta, dentre outras, as
seguintes características:
a) grande potencial hidráulico predomínio de rios perenes e
predomínio de foz do tipo delta.
b) drenagem exorréica, predomínio de rios de planalto e predomínio de foz do tipo estuário.
c) predomínio de rios temporários, drenagem endorréica e
grande potencial hidráulico.
d) regime de alimentação pluvial, baixo potencial hidráulico e
predomínio de rios de planície.
e) drenagem endorréica, predomínio de rios perenes e regime
de alimentação pluvial.
18. O processo de industrialização ocorrido no Brasil a partir
de 1930 trouxe grandes transformações na organização do território nacional, pois constituiu uma economia cujo crescimento
depende principalmente do dinamismo do mercado interno. Com
base no enunciado e nos conhecimentos de geografia do Brasil,
assinale a afirmativa correta.
a) A alta concentração industrial nas regiões metropolitanas e
cidades médias próximas dessas áreas cria uma estrutura produtiva
pouco integrada.
b) Como o mercado consumidor de bens industriais se concentra nas cidades localizadas até 150 km do litoral, a interiorização do desenvolvimento econômico continua a depender da agropecuária.
c) A industrialização forjou uma rede urbana constituída por
duas metrópoles globais, algumas metrópoles nacionais e centros
urbanos com áreas de influência regional ou local.
d) A agricultura de exportação vigente até 1930 criou uma
economia estruturada em centro e periferia, sendo o primeiro a
então capital federal, Rio de Janeiro, e a segunda, as áreas de produção agropecuária.
e) A concentração industrial cada vez mais alta no Sul e Sudeste reduz os níveis de integração econômica do território brasileiro, que vai ficando cada vez mais desigual.
15) Aponte a afirmativa incorreta:
a) O regime dos rios brasileiros depende das chuvas de verão.
b) Talvegue é a linha de maior profundidade do leito do rio.
c) Os rios brasileiros possuem um regime pluvial, excetuando-se o Amazonas que é complexo.
d) Todos os rios do Brasil podem ser caracterizados como perenes.
e) A foz de um rio pode ser de dois tipos: o estuário, livre de
obstáculos, e o delta, com ilhas de luvião separadas por uma rede
de canais.
16. Analise as seguintes afirmações que tratam do processo de
industrialização no Brasil.
I. No governo de Getúlio Vargas, foram criadas as condições
de infraestrutura necessárias para a industrialização brasileira.
Didatismo e Conhecimento
101
GEOGRAFIA
19. Dentre as alternativas abaixo, que dizem respeito à indústria brasileira no Século XXI, uma está incorreta.
Assinale-a:
b) elevação da escolaridade dos trabalhadores, o que torna o
território nacional atraente para novos investimentos indústrias.
c) presença de sindicatos fortes nos estados das regiões Sul e
Sudeste, o que impede novos investimentos nessas regiões.
d) isenção fiscal oferecida por vários estados, o que impede
novos investimentos nessas regiões.
e) globalização da economia que, por meio das privatizações,
induz o desenvolvimento da atividade industrial em todo o território.
a) O Brasil detentor de um grande mercado interno, de abundantes recursos naturais, possui um parque industrial altamente diversificado e conta com um desenvolvido setor de alta tecnologia.
b) Apesar de ser um país industrializado, apresenta indicadores sociais de países subdesenvolvidos, dependência tecnológica e
necessidade de aporte de investimentos internacionais.
c) No país, foram criados vários polos tecnológicos que concentram as atividades de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de ponta.
d) As atividades desenvolvidas nos polos tecnológicos independem de outros setores da economia.
e) Para a criação de polos tecnológicos que deram origem
a instituições de ensino e pesquisa nacionais, foi fundamental o
apoio governamental, colocando o país na vanguarda da tecnologia de ponta.
22. No período compreendido entre os anos de JK e o final do
governo Geisel, o Brasil apresentou, entre outras características
econômicas:
a) o predomínio da substituição de importações de bens de
consumo e a redução das disparidades regionais.
b) grande desenvolvimento industrial dependente de tecnologia e capitais estrangeiros e maior intervenção do Estado na economia.
c) grande expansão das empresas industriais de capitais nacionais, privados e estatais, e declínio da dívida externa.
d) o predomínio da substituição de importações de bens de
consumo e menor intervenção do Estado na economia.
e) grande desenvolvimento industrial dependente de tecnologia e capitais estrangeiros e a redução de disparidades regionais.
20. A atividade industrial e a industrialização brasileira estão
desigualmente distribuídas pelas regiões do país. Construídas predominantemente no século XX, elas são componentes da modernização urbana que reinventa nossa sociedade e dinâmica espacial.
Sobre a indústria e industrialização brasileira, é correto afirmar:
23. Na escolha de um local para a implantação das indústrias,
os fatores mais importantes estão relacionados a matérias-primas,
fontes de energia, mão-de-obra, recursos financeiros e acesso ao
mercado consumidor dos bens produzidos. A importância de cada
fator em relação aos demais pode variar. Depende do tipo de bens
a produzir, da escala de produção pretendida, do grau de desenvolvimento das técnicas utilizadas e da infraestrutura existente.
Da leitura do texto é possível concluir que:
a) A industrialização tem suas raízes fincadas na economia da
cana-de-açúcar e do café, que possibilitou a acumulação de capital
necessária para a diversificação em investimentos no setor industrial, e esse fato permitiu a produção de bens de consumo duráveis,
sobretudo automóveis e eletrodomésticos.
b) A indústria nasce dos capitais restantes do declínio da economia da cana-de-açúcar e do café. Esses capitais impulsionaram
uma diversidade de pequenas indústrias de produção de bens de
consumo não duráveis, tais como perfumaria, cosméticos, bebidas,
cigarros, que apoiadas pelo Estado se difundiram pelo país.
c) A ação do Estado foi fundamental para desencadear o processo de industrialização brasileira, por exemplo, criando empresas estatais, como a antiga Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional, para investir na indústria de base.
Sem elas não seria possível a implantação de indústria de bens de
consumo duráveis.
d) A industrialização brasileira é fruto da capacidade inovadora do Estado e do empresariado nacional. Este último não mediu
esforços para construir em todo o território nacional sistemas de
transporte, comunicação, energia e portos, necessários à circulação
de bens, serviços e pessoas por todas as regiões.
e) A industrialização brasileira se tornou possível a partir de
investimentos do capital internacional, que não mediu esforços
para construir em todo o território nacional sistemas de transporte,
comunicação, energia e portos, necessários à circulação de bens,
serviços e pessoas por todas as regiões.
a) as indústrias leves contam com maior número de opções,
quanto à escolha do local para sua instalação.
b) as indústrias pesadas dispersam-se mais pelo espaço em
função dos fatores disponíveis.
c) em função do destino final da produção, as indústrias leves
necessitam de maiores espaços e investimentos.
d) como dependem de infraestrutura, as indústrias pesadas devem estar próximas a portos marítimos.
e) as indústrias leves são muito mais sensíveis às condições de
infraestrutura, nos setores de transporte e energia.
24. A industrialização dos países do Terceiro mundo, entre os
quais o Brasil, tem como características básicas:
a) ser historicamente recente;
b) depender, e, grande parte, de capitais estrangeiros;
c) dar mais ênfase ao desenvolvimento das indústrias de bens
de consumo;
d) importar tecnologias estrangeiras.
21. A desconcentração industrial verificada no Brasil, na última década, decorre entre outros fatores, da:
Entre as consequências dessas características, destacam-se:
a) a ação do Estado, por meio de políticas de desenvolvimento
regional, a exemplo da Zona Franca de Manaus.
Didatismo e Conhecimento
01. Desenvolvimento harmonioso desses países, já que o capital fica disponível para investimentos sociais;
102
GEOGRAFIA
02. Aumento do desemprego e do subemprego, já que o crescimento demográfico continua alto e as tecnologias importadas são
poupadoras da mão-de-obra;
04. Acentuação das desigualdades socioeconômicas, pela limitação do mercado de consumo às classes privilegiadas, já que a
tecnologia importada encarece os produtos;
08. Aceleração do êxodo rural, fornecendo uma mão-de-obra
qualificada às indústrias;
16. Desenvolvimento da tecnologia automobilística nacional.
A) Tundra
B) Savana
C) Deserto
D) Mata Atlântica
E) Cerrado amazônico
27) Mata de baixada, restingas e manguezais podem ser encontradas preservadas nas seguintes localidades:
A) Madureira e Copacabana;
B) Méier e Grumari;
C) Prainha e Grumari;
D) Copacabana e São Cristovão;
E) Penha e Barra da Tijuca. A soma correta é:
a) 6
b) 31
c) 14
d) 7
e) 15
28) A cidade do Rio de Janeiro tem, hoje, o status político de:
A) Capital da República;
B) Patrimônio da humanidade;
C) Cidade irmã de Boston;
D) Capital cultural do Brasil;
E) Capital do estado do Rio de Janeiro.
25. “No Brasil, novas formas técnicas e organizacionais,
como a informatização e a automação nas atividades agropecuárias, na indústria e nos serviços, os atuais tipos de contratação
e as políticas trabalhistas conduziram, entre outros aspectos, a
um aumento do desemprego e da precarização das relações de
trabalho”.
(Adaptado de SANTOS, Milton; SILVEIRA, Maria Laura. O
Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 2. ed. Rio
de Janeiro: Record, 2001. p. 220.).
29) Sobre os limites da cidade do Rio de Janeiro é correta a
seguinte afirmação:
A) Ao Sul limita-se pela Baía de Guanabara;
B) Ao Norte limita-se pelo Oceano Atlântico;
C) Ao Oeste limita-se pela Baía de Guanabara;
D) Ao Norte limita-se com vários municípios do Estado do
Rio de Janeiro;
E) Ao Leste pela Baia de Sepetiba.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre as mudanças no
mundo do trabalho no Brasil nas duas últimas décadas, considere
as afirmativas a seguir:
30) A região metropolitana do Rio de Janeiro é composta por:
A) 10 municípios;
B) 17 municípios;
C) 12 municípios;
D) 13 municípios;
E) 15 municípios.
I. Ao longo das duas últimas décadas, a precarização das relações de trabalho e o desemprego afetaram os trabalhadores das
grandes regiões metropolitanas, especialmente em São Paulo,
onde as taxas de desemprego atingiram números expressivos.
II. Nos últimos 20 anos, a redução dos postos de trabalho nas
atividades agropecuárias e industriais foi integralmente compensada pelo aumento de postos de trabalho no setor de serviços nos
grandes centros urbanos, evitando o crescimento da economia informal no país.
III. Nas duas últimas décadas, o crescimento e a distribuição
homogênea dos pólos regionais de informática pelo território nacional foram responsáveis pela redução dos subempregos, na medida em que absorveram os desempregados do mercado formal.
IV. Nos últimos 20 anos, as novas formas de contratação de
trabalho, principalmente a chamada terceirização, são um dos indicadores da precarização das relações de emprego, que foi acompanhada da redução da renda média do trabalhador brasileiro.
31) Todos os municípios abaixo fazem parte da região metropolitana do Rio de Janeiro, com exceção de:
A) Duque de Caxias;
B) Itaguaí;
C) Mangaratiba;
D) Nilópoles;
E) Nova Friburgo.
32) O município do Rio de Janeiro é composto de 32 regiões
administrativas com:
A) 85 bairros;
B) 95 bairros;
C) 105 bairros;
D) 159 bairros;
E) 215 bairros;
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
33) Dos 1255 quilômetros quadrados do município do Rio de
Janeiro mais de 37 quilômetros quadrados correspondem as ilhas
do município. A maior ilha do Rio de Janeiro é:
A) A ilha de Villegnanon;
B) A ilha das cobras;
C) A ilha de Paquetá;
D) A ilha do Frade;
E) A ilha do Governador.
26) Dono de belezas naturais exuberantes o Rio de Janeiro
tem na floresta da Tijuca uma de suas glórias. Na floresta da Tijuca
podemos encontrar preservadas áreas de:
Didatismo e Conhecimento
103
GEOGRAFIA
34) O Estado do Rio de Janeiro tem como limites:
A) Os estados de Espírito Santo e São Paulo;
B) Os estados da Bahia e do Espírito Santo;
C) Os estados de São Paulo e da Bahia;
D) Os estados de São Paulo, do Espírito Santo e de Minas
Gerais;
E) Os estados da Bahia, de São Paulo e de Alagoas.
A) Brancos;
B) Pretos;
C) Pardos;
D) Indígenas;
E) Amarelos.
42) O PIB do estado do Rio de Janeiro depende mais de 60%
do setor:
A) Farmacêutico
B) Agropecuário
C) Frigorífico
D) De serviços
E) Petroquímico
35) O ponto mais alto do relevo do Rio de Janeiro é:
A) Pico das Agulhas Negras;
B) Pico maior de Friburgo;
C) Pedra do Sino;
D) Pedra Açu;
E) Morro Cara de Leão.
43) O PAC programa de aceleração do crescimento do governo federal prevê uma série de investimentos no Rio de Janeiro. Um
dos investimentos mais importantes é o chamado PAC das favelas,
a construção de um teleférico, de 3000 unidades habitacionais, três
postos de saúde ocorrerão no (a):
A) Rocinha,
B) Cantagalo;
C) Nova Sepetiba;
D) Manguinhos;
E) Complexo do Alemão.
36) Nessa região domina o clima tropical semiúmido, com
chuvas abundantes no verão e invernos secos a temperatura média
anual é de 24 graus centígrados e o índice de chuvas chega a 1250
mm anuais. Essa definição corresponde:
A) Região Serrana;
B) Baía da Ilha Grande;
C) Baixada Fluminense;
D) Serra Fluminense;
E) Pico das Agulhas Negras. 37) O desmatamento do estado do Rio de Janeiro foi causado
em maior parte pelo (a):
A) Mineração aurífera;
B) Extração de petróleo;
C) Ocupação agropastoril;
D) Cultura de Soja;
E) Cultura de Algodão.
44) A instalação de um UPP (unidades de polícia pacificadora)
passou a ser um desejo de diversas comunidades do Rio de Janeiro.
A primeira UPP na zona norte foi instalada:
A) No Complexo do Alemão;
B) No Complexo de Manguinhos;
C) No morro do Juramento;
D) No morro do Borel;
E) No morro da Providência. 38) O principal rio do Estado do Rio de Janeiro é o:
A) Pomba;
B) Muriaé;
C) Piabinha;
D) Piraí;
E) Paraíba do Sul.
Gabarito
1-A/ 2-C/ 3-A/ 4-E/ 5-E / 6- D/ 7-D/ 8- B/ 9-C/ 10-D / 11- C/
12- D/ 13-A/ 14-B / 15-D
16) b 17) b 18) c 19) d 20) c 21) a 22) b 23) d 24) a 25) b
26-D; 27-C; 28-E; 29-D; 30-B; 31-E; 32-D; 33-E; 34-D; 35A; 36-C; 37-C; 38-E; 39-E; 40-C; 41-A; 42-D; 43-E; 44-D
39) Das lagoas abaixo somente uma fica na cidade do Rio de
Janeiro, ela é:
A) Lagoa Feia;
B) Lagoa de Araruama;
C) Lagoa de Saquarema;
D) Lagoa de Maricá;
E) Lagoa de Marapendi.
ANOTAÇÕES
40) O estado do Rio de Janeiro possui mais de 11 milhões de
habitantes, enquanto a cidade do Rio de Janeiro tem uma população estimada de:
A) mais de 2 milhões de habitantes;
B) mais de 3 milhões de habitantes;
C) mais de 6 milhões de habitantes;
D) mais de 4 milhões de habitantes;
E) mais de 5 milhões de habitantes;
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41) A pesquisa nacional de amostra e domicílios realizada
pelo IBGE revelou que mais de 50% da população do Rio de Janeiro é do seguinte grupo étnico:
Didatismo e Conhecimento
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104
GEOGRAFIA
ANOTAÇÕES
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105
GEOGRAFIA
ANOTAÇÕES
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106
GEOGRAFIA
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