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SURTO DE ORTHOPOXVÍRUS ASSOCIADO A DOENÇA CUTÂNEA EM EQUINOS:
ALERTA DE UM VÍRUS EMERGENTE
AMARAL, Lorena Alvariza1; MEIRELLES, Marcela Gonçalves2; FLORES, Eduardo Furtado3; NOGUEIRA, Carlos Eduardo Wayne4
1Mestranda
do curso de Medicina Veterinária – UFPel; 2Acadêmica do curso de Medicina Veterinária – UFPel; 3 Prof. Dr. Departamento de Veterinária
Preventiva – FV - UFSM 4Prof. Dr. Departamento de Clínicas Veterinária - FV - UFPel.
Campus Universitário s/n – Caixa Postal 354 – CEP 96010-900. [email protected]
OBJETIVO
INTRODUÇÃO
Durante anos, diferentes Orthopoxvirus tanto de origem humana
quanto origem animal tem sido associados a doença em eqüinos. Os
cavalos parecem servir como hospedeiros alternativos para varíola
humana, no entanto a identidade e epidemiologia de muitas infecções
por Orthopoxvirus de eqüinos, também chamado Horsepox,
permanecem desconhecidas. Horsepox foi relatado freqüentemente
durante o século 19 e início do século 20, e tornou-se
progressivamente raro a ponto de ser considerado extinto.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi solicitado aos profissionais do Hospital de Clínicas Veterinário –
UFPel, em fevereiro de 2008, o atendimento de 14 eqüinos da raça
Crioula em uma propriedade localizada no município de Pelotas – RS. O
diagnóstico da enfermidade foi estabelecido a partir dos sinais clínicos,
avaliação histopatológica e microscopia eletrônica através de biópsia na
região da lesão e identificação de espécies de vírus associados
utilizando o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR).
Figura 1: Aspecto do focinho de uma égua
durante a fase aguda. Inúmeras pápilas envolvendo
o focinho, as narinas e parte superior do lábio.
Neste relato será descrito um surto de doença cutânea grave
associada a infecção por Orthopoxvirus em eqüinos.
DESCRIÇÃO DOS CASOS
Na inspeção os animais apresentavam inúmeras lesões crostosas
na região do focinho e no exame clínico foi evidenciado os linfonodos
parotídeos, retrofaríngeos e submandibulares infartados em 5 animais.
Durante a fase aguda, os equinos apresentaram pápulas intradérmicas
ao redor das narinas e na face interna e externa dos lábios, com
presença de secreção translúcida e dolorosas a palpação. Em alguns
casos, as lesões eram proliferativas, de aspecto verrucoso, com
ocasional exsudação e sangrantes à manipulação. Houve o
desprendimento de crostas, em algumas situações, originando áreas
ulceradas que se tornaram progressivamente despigmentadas. Uma
égua apresentou pequenas vesículas e pápulas no úbere, sendo que no
seu potro foram observadas as mesmas lesões no focinho. Após um
curso clinico de 5 a 8 dias, as lesões apresentavam-se mais espaçadas
e brandas, apresentando apenas crostas e poucas vesículas. Nos
animais com tempo de recuperação tardio, foi observado apenas
despigmentação da pele e hiperqueratose na região afetada. As figuras
a baixo ilustram a evolução da doença.
Figura 2: Estágio tardio da doença. É observado
despigmentação da pele e hiperqueratose na região
do focinho, narinas e parte superior dos lábios
DISCUSSÃO
Durante o programa mundial de erradicação da varíola, no século
XX, os equinos eram frequentemente infectados com VACV, utilizados
na vacina humana, principalmente na Europa. Esses animais
geralmente desenvolviam uma doença transitória e auto-limitante
caracterizada por pápulas na mucosa oral, lábios e focinho. A
erradicação da varíola e o abandono da vacinação humana para esta
enfermidade, foram acompanhados por uma redução gradual do
número de equinos que apresentavam essas alterações, e a doença se
tornou muito rara. Até o momento no Brasil ainda não havia sido
relatado casos de doença em equinos associada a Orthopoxvírus. As
análises biológicas e genéticas mostraram que o Orthopoxvírus
associado a esses episódios, demonstrou uma notável homologia com
uma estirpe da vacina VACV (cepa Cantagalo).
Figura 3: Estágio de cura da doença. Permanece
a região do focinho e narinas despigmentada
CONCLUSÃO
Embora nenhum caso de doença em equinos venha sendo
relatado em surtos, como descrito neste trabalho, as observações
chamam atenção para a capacidade destes vírus de permanecer em
silêncio na natureza ao longo de décadas e, eventualmente, ressurgir
em humanos e promover surtos em indivíduos não imunes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Kaminjolo JS Jr, Johnson LW, Frank H, et al. Vaccinia-like pox virus identified in a horse
with a skin disease. Zentralbl Veterinarmed B 21:202–206, 1974.
Munz E, Dumbell. Horsepox. In: Infectious diseases of livestock—with special emphasis to
Southern Africa, ed. Coetzer JAW, Thomson GR, Tustin RC, vol. 1, pp. 631–632, 1994.
Tulman ER, Delhon G, Afonso CL, et al. Genome of horsepox virus. J Virol 80:9244–9258,
2006.
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