Anais do SEFiM, Porto Alegre, V.02 - n.2, 2016. Música religiosa e educação musical do RS: o legado de Frei Exupério de La Compôte Religious music and musical education of the RS: the legacy of Frei Exupério de La Compôte Palavras-chave: Educação musical; Frei Exupério de La Compôte; Música religiosa do RS. Keywords: Musical Education; Frei Exupério de La Compôte; Religious music in RS. Roberta Bassani Federizzi [email protected] Graciela Rene Ormezzano [email protected] Universidade de Passo Fundo Frei Exupério de La Compôte, nascido Aléxis Dumoulin em La Compôte na França, veio para o Brasil em 1898, acompanhando a Missão Capuchinha Francesa, para assistir, espiritualmente os imigrantes italianos. No Brasil foi ordenado padre e trabalhou em diversos seminários nas cidades gaúchas de Garibaldi, Porto Alegre, Flores da Cunha, Caxias do Sul, Ijuí e Marau, ensinando teologia, línguas e, especialmente, a música. Este estudo apresenta como questão norteadora a análise da importância de Frei Exupério de La Compôte para a música religiosa e educação musical do RS. O objetivo principal envolveu-se em investigar a vida e obra do sacerdote francês e a sua participação no cenário musical gaúcho. Estes escritos estão fundamentados teoricamente pelo pensamento de Costa (1979, 1983, 1996, 2005), De Boni (1976), Gardelin e Stawinski (1986), Gillonnay (2007), La Compôte (1951, 1977), Maestri (2000), Santin (2007), Turra (2013), entre outros, sendo uma pesquisa bibliográfica, histórica, exploratória com abordagem qualitativa. Os resultados mostram que Frei Exupério foi um sábio na composição musical, primeiramente pela tradução de Lodi Sacre, livro de cantos escrito em língua italiana e proibido pelo governo de Getúlio Vargas, que se tornou o livro de cânticos “Cantai ao Senhor” utilizado para missas, liturgias, funerais entre outros, sendo nele incorporadas várias de suas composições. Em 1951, publicou “Aprendei a música”, como manual teórico-prático de música, que continua sendo um dos manuais mais simples e práticos ainda hoje utilizados. Sua obra prima, a Missa da Imaculada, criada em 1913, apresentada pela primeira vez em Flores da Cunha e concluída em 1917, apresenta (de fonte oral) evidências de ter sido executada no Vaticano. Esta missa é difundida no Rio Grande do Sul através de inúmeros corais e bandas. Frei Rovílio Costa, grande pesquisador da cultura italiana e da vida capuchinha atribui a Frei Exupério a autoria da música de “Mérica, Mérica”, o hino do imigrante italiano do RS. Seu conhecimento musical também foi mostrado através de centenas de composições, suas valsas, tangos, mazurcas, dobrados, hinos, marchas fúnebres, eram transcritos nos cadernos de música, os quais ele organizava 359 e escrevia a partitura para cada instrumento e para cada componente de seus corais e bandas, sempre denominadas Santa Cecilia. Músicos que participavam de forma voluntária e se esmeravam nas inúmeras apresentações, pois a frente da banda, Frei Exupério, sempre com sua batuta, exigia afinação e disciplina. Na Província dos Freis Capuchinhos e nas paróquias por onde passou deixou um legado de compositores, mestres de músicas e de orquestras, entre eles: Maestro Gil de Roca Sales, Adenor João Terra, Frei Alcides Armigliatto, Frei Ari Tognon, Frei Luiz Carlos Susin, Frei Luiz Turra, ainda muitos simpatizantes de música que continuaram participando de bandas e corais, onde na atualidade a prática de tocar vê-se perpetuada em inúmeros descendentes. Frei Exupério dignificou a França, seu país de origem, o Brasil, a terra de adoção, o RS e a Ordem Capuchinha, pois foi um grande religioso, educador, professor e musicista. Faleceu em 1971, com 94 anos e está sepultado em Marau-RS. Referências COSTA, Rovílio (Org.) Missa “Immaculata”, setenta anos depois. Porto Alegre: EST/UCS, 1983. ______. “A Igreja nas Colônias Italianas do Rio Grande do Sul”. In: SULIANI, Antonio; COSTA, Rovílio (Org.). Cultura Italiana-130 anos. Ed. Bilíngüe. Porto Alegre: Nova Prova, 2005. ______. “História do hino oficial da imigração italiana”. Correio Rio- Grandense. Porto Alegre, 16 maio 2007. ______; DE BONI, Luis Antonio. Os Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EST Edições, Correio Riograndense, 1996. GARDELIN, Mário; STAWINSKI, Alberto Victor. Capuchinhos italianos e franceses no Brasil. Caxias do Sul: EST/UCS, 1986. GILLONNAY, Bruno de. A Igreja e os Capuchinhos do Rio Grande do Sul. Correspondência - 18951909. Porto Alegre: EST Edições, 2007. LA COMPÔTE, Exupério. Aprendei a Música. Breve tratado teórico - prático de música. Garibaldi: Oficinas gráficas do Correio Rio-Grandense, 1951. ______. Teoria e prática musical. COSTA, Rovílio (Org.). Porto Alegre: EST/UCS, 1977. MAESTRI, Mário. Os senhores da serra: a colonização italiana do Rio Grande do Sul 1875-1914. Passo Fundo: UPF, 2000. SANTIN, Silvino. História da Banda Santa Cecília. La Música del Marau. Porto Alegre: Edições EST, 2007. TURRA, Luiz. A música popular nos ritos. Disponível em: <http://www.correioriograndense.com. br/correio/edicoes/reportagem.php?cod_rep=5246.>. Acessado em: 09 maio 2013. 360