SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE GOIÂNIA FACULDADE PADRÃO DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM INFECÇÃO HOSPITALAR EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL. AÇÕES PREVENTIVAS DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA LITERATURA ELVIRA NUNES DE MATOS JESSIKA DE OLIVEIRA LOPES GOIÂNIA-GO 2014 SOCIEDADE DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE GOIÂNIA FACULDADE PADRÃO DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM INFECÇÃO HOSPITALAR EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL. AÇÕES PREVENTIVAS DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA LITERATURA ELVIRA NUNES DE MATOS JESSIKA DE OLIVEIRA LOPES Monografia apresentada ao curso de Graduação Bacharel em Enfermagem da Faculdade Padrão como requisito parcial para obtenção do título de enfermeiro, sob a orientação da Professora Msc. Maria Socorro de Souza Melo. GOIÂNIA GO 2014 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Faculdade Padrão. FOLHA DE APROVAÇÃO ELVIRA NUNES DE MATOS JESSIKA DE OLIVEIRA LOPES INFECÇÃO HOSPITALAR EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL. AÇÕES PREVENTIVAS DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO DA LITERATURA Defendida em________________de_________________________de 2014 considerada______________________________pela banca examinadora. BANCA EXAMINADORA Profª Enf. Msc. Maria Socorro Souza Melo – Presidente Faculdade Padrão Profª Enf. Msc. Rosilmar Gomes Pereira Barbosa – Membro Interno Faculdade Padrão Prof. Enf. Esp. Rúbia Pedrosa M. Mansur – Membro Interno Faculdade Padrão GOIÂNIA-GO 2014 e Dedicamos este trabalho aos nossos pais, a todos os nossos familiares e a todos que de alguma forma contribuíram para o nosso crescimento acadêmico. AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente a Deus por ter nos ajudado a chegar até aqui, por estar sempre presente conosco nas horas de desânimo e por ter nos dado força para concluirmos estes quatro anos de curso. A nossa Profª Enf.ª Msc: Maria Socorro de Souza Melo que muito nos ajudou com as suas orientações e colaboração nessa trajetória. A nossa família, que sempre esteve ao nosso lado diante de todas as dificuldades encontradas ao longo do caminho. EPÍGRAFE “Procure ser um homem de valor, em vez de ser um homem de sucesso.” Albert Einstein. RESUMO As infecções hospitalares em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) são complicações relacionadas à assistência à saúde e vêm apresentando um elevado índice de morbidade e mortalidade, constituindo um problema de saúde pública mundial que traz afastamento do meio familiar e do convívio social devido ao prolongado tempo de internação, gastos elevados com a internação e procedimentos hospitalares. A IH traz grandes preocupações encontradas na UTI, pois o período neonatal compreende os primeiros 28 dias de vida da criança e a imaturidade do sistema imunológico predispõe a esse quadro. O objetivo deste trabalho foi desvendar as causas que favorecem a ocorrência da infecção hospitalar em UTIN e o que os enfermeiros estão aplicando para minimizar essa situação. O estudo mostra que as causas de IH estão sendo desencadeadas pela falta de adesão dos profissionais em relação à higienização das mãos e a não adequação quanto aos procedimentos assépticos que deveriam ser realizados no paciente adequadamente e a resistência aos antibióticos utilizados de forma indiscriminada. Através da construção do estudo atual, que se trata de uma revisão da literatura, observamos que os enfermeiros juntamente com os outros membros do Centro de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) estão aplicando medidas educativas para conscientizar os profissionais da saúde sobre a importância da lavagem das mãos e adequação quanto aos procedimentos assépticos e o uso correto de antibiótico para evitar o aumento dos índices de IH. Os profissionais de saúde têm recebido orientações acerca do controle de IH desde a vida acadêmica e permanecem recebendo educação continuada através de palestras educativas para que haja conscientização quanto à prevenção da ocorrência das IH. Assim sendo, essas medidas educativas de controle de infecção são um passo importante a fim de que as taxas de infecção hospitalar em UTIN sejam cada vez menores. PALAVRAS – CHAVE: infecção hospitalar, infecção em UTIN, assistência de enfermagem em relação ao controle de infecção hospitalar, atuação do enfermeiro na prevenção de infecções ao neonato na assistência em UTI. Área: Enfermagem ABISTRACT Hospital infections in the Neonatal Intensive Care Unit (NICU) are complications related to health care and have shown a high morbidity and mortality and is a worldwide public health problem of increasing remoteness of family environment and social life due to prolonged hospital stay, high expenditure on hospitalization and hospital procedures. IH has major concerns found in the ICU because the neonatal period comprises the first 28 days of the child's life and the immaturity of the immune system predisposes to this picture. The objective was to unravel the causes that favor the occurrence of nosocomial infection in NICU and what nurses are applying to minimize this situation. The study shows that IH causes are being triggered by the lack of adherence of professionals in relation to hand hygiene and the inadequacy regarding aseptic procedures should be performed in patients properly and resistance to antibiotics used indiscriminately. By building the current study, it is a literature review revealed that nurses along with other members of the Infection Control Center (CCIH) are applying educational measures to educate health professionals about the importance of washing hand and appropriateness as to aseptic procedures and the correct use of antibiotics to prevent the increase of IH rates. Health professionals have received information about the HI control from academia and remain receiving continuing education through educational workshops to raise awareness about the prevention of the occurrence of IH. Therefore, these educational measures for infection control are an important step so that the hospital infection rates in NICU are getting smaller. KEY - WORDS: nosocomial infection, infection in NICU, nursing care in the control of hospital infection, nursing action in the prevention of infections in the newborn ICU care. LISTA DAS ABREVIATURAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária BVS Biblioteca Virtual de Saúde CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar CDC Centers For Disease Control CIH Controle de Infecção Hospitalar CVC Cateter Venoso Central DECS Descritores em Ciências da Saúde EUA Estados Unidos da América ESBL Betalactamase de Espectro Estendido GIPEA Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos LILACS Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde ICSLC Infecção da Corrente Sanguínea Laboratorialmente Confirmada IH Infecção Hospitalar IPCS Infecção Primária da Corrente Sanguínea IRAS Infecção Relacionada à Assistência à Saúde INPS Instituto Nacional de Previdência Social SCIELO Scientific Electronic Library Online SCIH Serviço de Controle de Infecção Hospitalar PCIH Programa de controle de infecção Hospitalar PICC Cateter Central de Inserção Periférica PVP-I Polivinilpirrolidona- Iodo RDC Resolução RDC RS Rio Grande do Sul RN Recém-Nascido MS Ministério da Saúde NEO Neonatal NPT Nutrição Parenteral Total NR Norma Regulamentadora OMS Organização Mundial de Saúde UCISA Unidade de Controle Infecção Hospitalar UNCP Unidade Neonatal de Cuidados Progressivos UTI Unidade de Terapia Intensiva UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal VM Ventilação Mecânica SUMÁRIO DEDICATÓRIA........................................................................................................................V AGRADECIMENTOS.............................................................................................................VI EPÍGRAFE..............................................................................................................................VII RESUMO...............................................................................................................................VIII ABSTRACT..............................................................................................................................IX SIGLÁRIO................................................................................................................................X 1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................14 1.1 Infecções hospitalares em UTI neonatal.............................................................................19 1.2 Principais agentes etiológicos que causam a infecção hospitalar em UTIN......................22 1.3 Infecções hospitalares em neonatos que está relacionada aos procedimentos invasivos....24 1.4 O uso de antibiótico em UTI neonatal................................................................................28 1.5 Medidas de prevenção de infecção hospitalar em UTI neonatal........................................30 1.6 Referencial Teórico.............................................................................................................32 2. OBJETIVO............................................................................................................................38 2.1. Objetivo Geral....................................................................................................................38 3. METODOLOGIA................................................................................................................ 39 3.1-Tipo do estudo....................................................................................................................39 3.1.1- Primeira fase: identificação do tema e questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa..................................................................................................................................39 3.1.2- Segunda fase: estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão do estudo............39 3.1.3- Terceira fase: categorização do estudo...........................................................................40 3.1.4- Quarta fase: avaliação do estudo....................................................................................40 3.1.5- Quinta fase: interpretação dos resultados.......................................................................41 3.1.6- Sexta etapa: síntese do conhecimento.............................................................................41 3.2- Aspectos éticos .................................................................................................................41 4. RESULTADOS....................................................................................................................42 4.1- Caracterização do estudo..................................................................................................42 5- ANÁLISE DOS DADOS.....................................................................................................53 5.1 Contexto do estudo..............................................................................................................53 5.2 Equipe de saúde em unidade de terapia intensiva neonatal................................................55 5.3 Causas de infecção em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.........................................57 5.3.1 Assistência de enfermagem aos recém-nascidos internados em unidade de terapia intensiva neonatal em procedimentos nas vias aéreas superiores.............................................58 5.3.2 Assistência de enfermagem na nutrição parenteral total e tubo nasogástrico empregado ao recém-nascido em unidade de terapia intensiva neonatal....................................................59 5.3.3 Assistência de enfermagem nas infusões dos antibióticos, aos recém-nascidos internados em UTIN: ...............................................................................................................60 5.3.4 Adesão à higienização das mãos pelos profissionais de saúde em unidade de terapia intensiva neonatal......................................................................................................................61 5.3.5 Infecções da corrente sanguínea em unidade de terapia intensiva em neonatologia.......62 5.4 Ações preventivas de enfermagem relacionadas à infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva neonatal..........................................................................................................63 6- CONCLUSÃO......................................................................................................................66 7- CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................67 REFERÊNCIAS........................................................................................................................69 ANEXO..................................................................................................................................76 ANEXO1...................................................................................................................................77 14 1.INTRODUÇÃO A busca do conhecimento sobre infecção hospitalar é inerente ao enfermeiro sendo que o ponto central de atuação em sua formação é a sua prática profissional centrada no cuidado de enfermagem com qualidade. A infecção hospitalar é considerada um importante problema de saúde pública com impacto na morbimortalidade, tempo de internação e gastos com procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Acrescenta-se a isso as repercussões para o paciente, sua família e a comunidade, tal como o afastamento da vida e do trabalho, com consequente comprometimento social, psicológico e econômico (MASCARENHAS et al., 2010). As Infecções hospitalar são complicações relacionadas à assistência à saúde e se constituem na principal causa de morbidade e mortalidade hospitalar, gerando prejuízos aos usuários, à comunidade e ao Estado (OLIVEIRA; MARUYAMA, 2008). É definido pela portaria MS nº 2616 de 12/05/1998, que a infecção hospitalar é adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimento hospitalar (MOURA et al., 2007). Rocha, et al, 2010, relata que a infecção hospitalar é uma das grandes preocupações encontradas dentro das unidades hospitalares, em especial na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde ocorre as mais frequentes e importantes complicações em pacientes hospitalizados. O período neonatal compreende os primeiros 28 dias de vida da criança. Tratase de um período de adaptações anatômicas e fisiológicas para o recém-nascido e a imaturidade e o baixo peso são fatores que predispõem à sepse no RN (TOMAS et al., 2011). De acordo com Machado et al., (2005), no Brasil, estima-se que 5% a 15% dos pacientes internados irão contrair algum tipo de infecção hospitalar e aproximadamente de 25% a 40% deles receberão antibiótico para tratamento ou profilaxia da internação. Uma infecção cresce, em media, de 5 a 10 dias no período de internação (JÚLIO, 2013). No Brasil, os problemas relacionados com as infecções hospitalares vêm crescendo cada vez mais e são a principal causa de morbidade e aumento da permanência hospitalar dos pacientes, resultando em um aumento do estresse e sofrimento ao paciente (JÚLIO, 2013). 15 A dificuldade na limpeza do instrumental que serve como veículo, geralmente é agravada quando ocorre superpopulação, porque quase sempre se lida com pessoal deficiente em número e comumente em qualidade, acarretando em sobrecarga para a equipe de trabalho. Assim, observa-se a quebra da técnica, logo não é realizada uma adequada lavagem das mãos e nem a limpeza correta do material, não sendo possível afastar os portadores de processos infecciosos, porque não há substitutos para o trabalho ( KAMADA ; ROCHA, 1997). Os hospitais adotam medidas habituais de prevenção e controle de infecções, além de equipamentos adequados, mas devem se lembrar de que toda a comunidade hospitalar é um agente importante e determinante neste controle. Ressaltamos aqui o profissional de enfermagem, a importância da ação do enfermeiro por ser o principal agente de cuidado direto com o cliente (SANTOS et al., 2008). A incidência de infecções hospitalares varia de acordo com as características de cada unidade de tratamento, infraestrutura e recursos humanos, do próprio recém-nascido (RN), idade gestacional, peso de nascimento e dos métodos de prevenção e diagnósticos disponíveis. As taxas gerais de infecção hospitalar em unidades neonatais de países desenvolvidos variam de 8,4 a 26%. No Brasil, Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de nível terciário possuem taxas de infecção entre 18,9 a 57,7%, havendo referências de causas possíveis das elevadas taxas de infecção, tais como: condições de trabalho, estrutura física da UTIN e número de profissionais de enfermagem por leito (PINHEIRO et al., 2009). Salienta-se que cerca de 1/3 ou 1/2 de todas as infecções hospitalares são preveníveis. Este dado serve de alerta para as equipes atuantes na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e para toda a comunidade hospitalar. A ocorrência destas infecções está na dependência da organização do trabalho, na referência da assistência prestada pelas equipes aos pacientes/clientes e se, no mínimo um terço pode ser evitada, está posto na ação do trabalho desenvolvida pelo trabalhador que, por meio de sua mente e mãos, imprime movimento organizativo ao trabalho, a responsabilidade por esta redução (AZAMBUJA et al., 2004). A assistência à saúde vem, ao longo dos tempos, evoluindo com os avanços científicos e tecnológicos, e tem refletido em melhoria das ações de saúde para a população. Porém, se por um lado se observa o desenvolvimento científico-tecnológico nas ações de 16 saúde, por outro, tem-se observado que problemas antigos ainda persistem como é o caso das infecções hospitalares (OLIVEIRA; MARUYAMA, 2008). No Brasil, sua prevalência exata, de um modo geral, ainda é desconhecida, entretanto, um inquérito nacional realizado pelo Ministério da Saúde revelou que entre as instituições avaliadas, a taxa de infecção hospitalar variou de 13% a 15% (OLIVEIRA; MARUYAMA, 2008). A Organização Mundial de Saúde (OMS) encontrou em 14 países, entre 19831985, taxa média de 8,7%, ou seja, o estudo realizado no Brasil revelou que este apresenta praticamente o dobro de casos de infecção hospitalar em relação aos outros países estudados, demonstrando a necessidade de medidas mais eficazes para a redução dessas taxas no país (OLIVEIRA; MARUYAMA, 2008). Apesar de todos os esforços do desenvolvimento e de investimentos dos vários segmentos: laboratórios, empresas, indústrias e tecnologias, instituições hospitalares, profissionais de saúde e órgão governamentais, no controle e prevenção da infecção hospitalar, observa-se se que os seus índices persistem elevados, em uma realidade pouco modificada. Com o surgimento de novos problemas, tais como: multirresistência de microorganismos, seleção de flora hospitalar, antimicrobianos que não são mais utilizados por não mais atuarem, entre outros constituem novos desafios no controle de infecções para todos os profissionais de saúde. Dentre estes problemas, ressaltamos o surgimento das bactérias multirresistentes como agravamentos das infecções hospitalares, tendo como causa principal o uso indiscriminado e indevido de antibioticoterapia (SANTOS et al., 2008). Segundo a portaria MS nº2616/98 anexo III os indicadores de uso de antimicrobianos são de competência do Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH). Esse órgão avalia o percentual de pacientes que usaram antimicrobianos (o uso profilático ou terapêutico) no período considerado e pode ser especificado ou por clínica de internação. Assim sendo, a CCIH deverá elaborar periodicamente um relatório com os indicadores epidemiológicos interpretados e analisados e este relatório deverá ser divulgado a todos os serviços e à direção, promovendo-se seu debate na comunidade hospitalar (BRASIL, 1998). Como a infecção hospitalar está relacionada com os fatores intrínsecos e extrínsecos, a equipe multiprofissional tem que se conscientizar sobre a necessidade de evitar que venha a acontecer. Hoje, com todo o conhecimento e tecnologia disponíveis, incluindo 17 várias medidas profiláticas comprovadamente eficazes, permanece ainda para nós, o desafio de Semmelweis, de tornar as ações de prevenção e controle das infecções práticas rotineiras nas instituições de saúde. É primordial entender porque as medidas de prevenção e controle adotadas sejam recursos materiais ou práticas educativas não repercutem na mudança dos índices de infecções nos serviços de saúde (SANTOS et al., 2008). Não são consideradas infecções hospitalares: infecção associada à complicação ou extensão de infecção já presente na internação, a não ser que exista um novo patógeno ou sintomas que sugiram fortemente a aquisição de nova infecção. Exceto por poucas situações referidas nas definições a seguir, nenhum tempo específico durante ou após a hospitalização é dado para determinar se uma infecção é hospitalar ou comunitária. Assim, cada infecção deve ser considerada por evidências que a correlacione com a hospitalização (VRANJAC, 2013). As infecções nos recém-nascidos são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associada à bolsa rota superior a vinte e quatro horas, os pacientes provenientes de outro hospital que internam com infecção, são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem, já para o hospital onde internam são consideradas como infecção comunitária. Caracterizar os casos de infecção hospitalar, a partir destes critérios é de extrema relevância, pois o cálculo das taxas de infecção hospitalar encontra, nesta caracterização, um dos dados que permite sua elaboração (AZAMBUJA et al., 2004). A Portaria MS nº2616/98 anexo II caracteriza a infecção comunitária como aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital (MOURA et al., 2007). De acordo com o Center For Disease Control (CDC) são consideradas infecções neonatais hospitalares aquelas adquiridas no período intraparto de origem materna e se manifesta em 48 horas de vida, durante a hospitalização ou até 48 horas após a alta, com exceção das infecções transplacentárias. Nos neonatos, o risco de infecções é mais elevado devido a procedimentos invasivos inerentes ao suporte vital, como a presença de cânula traqueal e cateteres centrais, entre outros, além do uso de medicações que aumentam o risco de infecção, por exemplo, bloqueadores H2 e corticosteroides (MARTINEZ et al., 2009). Segundo a portaria MS 2.616/1998, a vigilância em epidemiologia das infecções hospitalares é a observação ativa, sistemática e contínua de sua ocorrência e de sua 18 distribuição entre pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições que afetam o risco de sua ocorrência, com vistas à execução oportuna das ações de prevenção e controle (BRASIL, 1998). A NR-32 dispõe que os materiais biológicos são responsáveis pelas infecções agudas e crônicas, causadas por vírus, fungos e bactérias (GUIMARÃES et al., 2011). O agente etiológico mais frequentemente encontrado na infecção neonatal é o Staphylococcus coagulase negativo, seguido por gram-negativos, tais como a Escherichia coli, Klebsiella spp, e, em terceiro, os fungos, com maior frequência de Candida spp, tanto em unidades neonatais de países desenvolvidos quanto no Brasil (PINHEIRO et al., 2009). Cerca de 30% dos casos de infecções relacionadas à assistência à saúde são considerados preveníveis por medidas simples, sendo a lavagem correta das mãos pelos profissionais de saúde a mais efetiva delas. São as mãos que transportam o maior número de micro-organismos aos pacientes, por meio contato direto ou através de objetos. Dentre esses micro-organismos, muitos são patógenos potenciais, como S. aureus, E. coli, P.aeruginosa e E. fecaelis, sendo metade deles multirresistente aos antibióticos (MARTINEZ et al., 2009). A equipe de enfermagem responde por grande parte dos mecanismos de prevenção, seja em atividades administrativas quando supervisiona e faz treinamento de pessoal, seja nos cuidados prestados aos recém-nascidos (KAMADA; ROCHA, 1997). A promulgação da lei do exercício profissional foi decorrente da ação conjunta entre a União, a Associação Brasileira de Enfermagem, e os Conselhos regionais de enfermagem, os quais conseguiram a aprovação da Lei 7.498, de 25 junho de 1.986, que utilizava o exercício profissional da enfermagem, e do Decreto 94406, de 8 de junho de 1987, que regulamenta esta lei, muitos de seus artigos foram vetados, emendas surgiram, entretanto, a categoria considerou um grande avanço para o desenvolvimento profissional (KLETEMBERG et al., 2010). É necessária a conscientização sobre as medidas de prevenção da infecção hospitalar, intervir nas formas de transmissão de micro-organismos, através de medidas eficazes como a lavagem das mãos seguindo as técnicas corretas, através da desinfecção de materiais e superfícies, utilização de equipamentos de proteção individual sempre que necessário durante o exercício profissional. Em caso de risco, praticar sempre medidas de assepsia, pois o controle das infecções hospitalares está relacionado com o processo de cuidar, 19 estando o enfermeiro capacitado para prestar cuidados e evitar riscos de infecções (TAVARES; MARINHO, 2007). O estudo atual traz a importância de discutir mais com a equipe de saúde sobre o controle de infecção que embora seja um problema tão antigo, ainda é considerado uma grande preocupação das instituições de saúde, apesar de todo o avanço tecnológico e científico que ocorreu, a infecção hospitalar continua sendo um problema de saúde pública devido aos índices elevados de infecções. Estamos vivenciando um momento único, no qual a disseminação das bactérias resistentes às múltiplas drogas poderá nos levar à era pós-antibiótica, ou seja, ficaremos sem qualquer opção de tratamento para os portadores destas cepas, problema este de difícil solução para o portador e para as instituições, que deverão arcar com os altos custos destes tratamentos (MOURA et al., 2007). O presente estudo traz uma reflexão sobre os fatores causadores de infecção hospitalar em UTIN, e as medidas de prevenção que os enfermeiros estão aplicando para reduzir a IH, assim poderá ampliar a visão dos profissionais sobre o problema e despertar nos profissionais de enfermagem a busca de conhecimento sobre as formas de prevenção e controle de infecção e, consequentemente, evitar a disseminação dentro da instituição hospitalar. 1.1 Infecções hospitalares em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal A infecção hospitalar, diferentemente de outras doenças infecciosas, é causada por agentes múltiplos, mesmo por saprófitas, sua forma de disseminação é muito variável, e o ser humano é a sua principal fonte de disseminação. (TAVARES & MARINHO, 2007). A infecção hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser realizada com a internação ou procedimentos hospitalares (Lichy.R.F,2002). Portaria MS nº2616/98 anexo II caracteriza a infecção comunitária como aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não esteja relacionada com internação anterior no mesmo hospital. A sua epidemiologia depende do agente infeccioso e as formas de prevenção dependem de fatores técnicos, de precauções e de isolamentos, mas, principalmente, de um fator muito simples e básico na prática diária que é a higiene das mãos antes de examinar os pacientes. (TAVARES & MARINHO, 2007). 20 Segundo a portaria MS Nº 2.616, de 12 de maio de 1998, considerando-se que as infecções hospitalares constituem risco significativo à saúde dos usuários dos hospitais, e sua prevenção e controle envolvem medidas de qualificação da assistência hospitalar, de vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do estado, do município e de cada hospital atinentes ao seu funcionamento; A dificuldade toda do controle das infecções hospitalares reside no fato de que nem todos os profissionais que atendem aos pacientes têm essa consciência durante todo o atendimento, e basta apenas uma pessoa uma vez falhar nas técnicas, que a infecção hospitalar poderá disseminar-se. Logo, isso a torna uma doença infecciosa de difícil controle, com erradicação impossível. (TAVARES & MARINHO, 2007). As infecções hospitalares são um sério problema de saúde pública, devido à multiplicação dos microrganismos em virtude do uso indiscriminado de antibióticos usados sem indicações médicas. A cada dez pacientes internados, um terá infecção após a sua admissão gerando custos elevados, aumento do tempo de internação, de tratamentos terapêuticos e consequentemente vai ocorrer um aumento dos óbitos, sendo que as causas mais comuns de IH estão relacionados à limpeza deficiente dos instrumentais e das lavagens das mãos pela superlotação dos serviços e o número limitado de funcionários e de material (LINHARES et al., 2009). O paciente, por suas próprias condições de imunidade, recém-nascidos, idosos, e pessoas com problemas imunológicos, podem desenvolver infecções, independente de cuidados externos, pela simples falta de defesas, sendo que, no Brasil, é estimado que 5% a 15% dos pacientes admitidos em hospitais adquirem um tipo de infecção hospitalar (TAVARES & MARINHO, 2007). São considerados neonatos aqueles com idade de 0 a 28 dias e no Brasil, segundo a portaria n 2.616\98, do Ministério da Saúde, as infecções são consideradas hospitalares com exceção das transmitidas via transplacentárias e aquelas associadas à rotura prematura de membrana, por período superior a 24 horas, por considerar os RNs desprovidos de resistência imunológica que irão adquirir a microbiota bacteriana normal nas primeiras horas e nos primeiros dias de vida. Durante a internação, o neonato é exposto a uma variedade de patógenos maternos e hospitalares que podem se tornar invasivos pelo status imunológico deficitário, porém as infecções podem ser prevenidas com medidas de assepsia e de 21 conscientização da equipe hospitalar sobre os riscos inerentes a estes procedimentos (LINHARES et al., 2009). O número de recém-nascidos com infecção neonatal vem aumentando em grande escala pela imperícia dos funcionários e de fatores que podem vir a contribuir para que o paciente seja acometido por infecções relacionadas à assistência em saúde. Os fatores de risco associados às infecções pela corrente sanguínea no recémnascido incluem idade, peso ao nascer, doenças de base, o uso de cateteres centrais e fatores do hospedeiro; a realização de mecanismos invasivos, o uso indiscriminado de antibióticos de alto espectro e por longo período, a imunidade do paciente e a manipulação dos dispositivos de infusão que são responsáveis pelo aumento da gravidade do processo infeccioso. As infecções relacionadas ao uso de cateteres venoso central, umbilical e PICC, e outros que estiveram presentes no momento do diagnóstico ou em até 48 horas após a sua remoção. (CATARINO, 2012). A organização mundial de saúde (OMS) reconhece o fenômeno das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) como um problema de saúde pública e preconiza que as autoridades em âmbito nacional e regional desenvolvam ações com vistas à redução do risco de aquisição. Os objetivos devem ser estabelecidos em âmbito nacional ou regional em consonância com os demais objetivos de saúde nestas esferas (WHO,2002;WHO,2004). O termo “IRAS em neonatologia” contempla tanto as infecções relacionadas à assistência, como aquelas relacionadas à falha na assistência, quanto à prevenção, diagnóstico e tratamento, a exemplo das infecções transplacentárias e infecção precoce neonatal de origem materna. Este novo conceito visa à prevenção mais abrangente das infecções do período prénatal, perinatal e neonatal. A unidade de terapia intensiva é um setor hospitalar que assiste pacientes internados com estado hemodinâmico crítico, e que, portanto, necessitam de cuidados mais criteriosos e precisos da equipe de saúde (LIMA et al., 2007). A unidade de terapia intensiva neonatal caracteriza-se como uma área de assistência a recém-nascidos criticamente enfermos, altamente vulneráveis (DUARTE et al., 2007). Os recém-nascidos internados em UTI neonatal, sobretudo aqueles submetidos a procedimentos invasivos realizados com o uso de imunossupressores, e prescrição recorrente de antimicrobianos, que proporciona a seleção de micro-organismos resistentes 22 estão mais propensos à ocorrência de IH e impõem um grande desafio para o controle dessas IH em UTIN (OLIVEIRA et al., 2010). 1.2 Principais agentes etiológicos que causam a infecção hospitalar em UTIN. Segundo o Ministério da Saúde, em 1994 apena 10% das infecções hospitalares tinham agente diagnosticado, sugerindo que 90% dessas infecções eram tratadas no Brasil sem reconhecimento dos agentes. Por conseguinte, os microrganismos que causam infecções hospitalares são, na maioria das vezes, diferentes daqueles que causam infecções adquiridas na comunidade, Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosas e outros bacilos gramnegativos resistentes são os agentes mais preocupantes, deve-se considerar, porém que a microbiota infectante varia muito em cada instituição, assim como varia a sensibilidade e a resistência dos micro-organismos, dessa maneira, ao se tratar de um paciente com infecção hospitalar, a definição de condutas vai de acordo com o quadro estabelecido (TAVARES; MARINHO, 2007). Verificamos que as infecções podem ser agravadas através de veículos como mãos, secreção salivar, fluidos corpóreos, ar e materiais contaminados, como por exemplo, equipamentos e instrumentos utilizados em procedimentos médicos, lembrando que muitos destes são invasivos aumentando muito o risco para infecções. Os patógenos mais comuns envolvidos nas infecções dos pacientes atendidos na UTIN são: Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosas, Staphilococcus aerus e Enterococcus spp, cada vez mais resistentes ao tipo do tratamento disponível, e com isso aumentando o tempo de internação, exigindo medicamentos de custo mais alto e aumento da mortalidade (JULIO et al., 2013). Os micro-organismos causadores de infecções hospitalares não apresentam, na maioria das vezes, maior virulência que os demais, a maior letalidade dessas infecções está relacionada com o estado clínico do paciente e com a dificuldade imposta pela maior resistência aos antimicrobianos (TAVARES; MARINHO, 2007). Micro-organismos multirresistentes são aqueles resistentes a diferentes classes de antimicrobianos testados em exames microbiológicos. Alguns pesquisadores também definem micro-organismos pan-resistentes, como aqueles com resistência comprovada in vitro a todos os antimicrobianos testados em exame microbiológico. (ANVISA, 2010). Escherichia coli são micro-organismos procariontes, unicelulares, relativamente pequenos, simples e apresentam forma de bastonete. O Staphylococcus aureus 23 também é problema na maioria dos berçários ao redor do mundo. Lesões cutâneas e procedimentos invasivos predispõem à ocorrência de lesões focais, bacteriana, meningite ou pneumonia. O principal reservatório é o pessoal, e as mãos representam o principal modo de disseminação (PINHATA, 2001). Pseudomonas aeruginosa acomete pacientes imunossuprimidos, pertence à família Pseudomonadaceae, tem a forma de bastonete, é gram-negativa, aeróbia, não esporulada, não fermentadora de glicose e móvel. Devido à presença de um flagelo polar, elaa pode se visualizada ao microscópio como isolada, aos pares ou em cadeias curtas (JULIO, 2013). Segundo o estudo realizado por (ABEGG; SILVA, 2011), os micro- organismos com maior incidência foram Pseudomonas aeruginosa/sp e Staphylococcus epidermides. As infecções causadas pela espécie de Pseudomonas geralmente eram de origem hospitalar. Ela possui características associadas à sua resistência natural, ao grande numero de antibióticos, o que a torna uma importante causa de infecções epidêmicas e endêmicas, sendo uma das mais frequentes IH. São prevalentes manifestações clínicas em Pseudomonas de infecções de cateter vascular central, infecção de trato urinário, dentre outras. A ocorrência de micro-organismos isolados de pacientes antes da implantação das normas preconizadas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, durante o período de fevereiro a setembro de 2007 com o total de 26 culturas positivas que dentre elas 30,77% com percentual para Pseudomonas aeroginosa. Após a implantação e treinamento de colaboradores para as normas e rotinas preconizadas pela CCIH não havendo grande diminuição no número de culturas positivas, nas quais a Pseudomonas aeroginosas teve 30% na ocorrência de micro-organismos isolados no período de setembro a dezembro de 2007. Staphylococcus aerus é um importante patógeno devido a sua virulência, resistência a antimicrobianos e associação a várias doenças. Staphylococcus aureus é encontrado colonizando a flora natural, principalmente da pele, podendo tornar-se patogênico em condições como a quebra da barreira cutânea ou diminuição da imunidade (ABEGG; SILVA, 2011). Enterococcus é uma bactéria comensal presente na microbiota do homem, todavia pode comporta-se como agente infeccioso. É umpatógeno oportunista reconhecido como causa importante de infecção na UTI e pode ser adquirido da mãe, mas tem se tornado agente prevalente nas infecções nosocomiais. A fonte mais comum é o próprio trato 24 gastrintestinal do recém-nascido, além da possibilidade de haver colonização da boca, trato respiratório, lesões cutâneas e contaminação de objetos e superfícies do ambiente. Recémnascidos pré-termo que permanecem na unidade por mais de 30 a 60 dias, com uso prolongado de cateteres venosos e expostos a múltiplos antimicrobianos são particularmente predispostos a infecções por Enterococcus, que podem ser severas, tais como: enterocolite necrosante, sepse, penumonia, meningite e endocardite (PINHATA, 2001). Klebsiella é um bacilo gram-negativo, anaeróbio facultativo, altamente resistente a vários agentes microbianos, tem sido relacionado a infecções nosocomiais em berçários e unidade de terapia intensiva neonatal. Esta espécie pode causar vários tipos de infecções em diferentes órgãos e sistemas como no trato urinário e sistema nervoso central (JULIO, 2013). Segundo o estudo realizado por (LIMA et al.,2014), este descreveu a intervenção de um surto de klebsiela pneumoniae e foram registrados 116 casos de IRAS, dos quais 21 foram relacionados a K. pneumoniae e foi observado no primeiro semestre de 2010, quando foram registrados 12 casos, enquanto no mesmo período de 2011, o número de casos de infecções causados por este tipo de agente foi de apenas três. A frequência dos casos de IRAS apresentou redução progressiva ao longo do período estudado (67% em julho de 2010 e foi reduzido à zero a partir do mês de maio de 2011), as notificações dos casos diminuíram sensivelmente após a implantação das intervenções e manutenção das ações de prevenção de IRAS na UTIN da maternidade estudada. A realização de hemoculturas é fator determinante na tomada de decisão para o controle de infecções nosocomiais. São considerados, pela comunidade científica internacional, patógenos multirresistentes causadores de infecções/colonizações relacionadas à assistência em saúde: Enterococcus spp resistente aos glicopeptídeos, Staphylococcus spp resistentes ou com sensibilidade intermediária à vancomicina, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, e Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos (ertapenem, meropenem ou imipenem) (ANVISA, 2010). 1.3 Infecções hospitalares em neonatos que está relacionada aos procedimentos invasivos A infecção hospitalar é considerada um enorme problema entre os neonatos em UTIN e com os avanços tecnológicos as chances do RN sobreviver são bem maiores, pois o neonato prematuro e de baixo peso muitas vezes é submetido à internação prolongada e a 25 realização de procedimentos invasivos é indispensável aos seus cuidados. Os neonatos estão suscetíveis às infecções juntamente com os fatores a que estão expostos durante o tratamento, resultando em taxas de infecção hospitalar (IH) elevadas em comparação a outras populações; as infecções no período neonatal têm características que não são observadas em nenhum outro grupo de pacientes, em período diferente da vida (MATSUO et al., 2008). A infecção hospitalar representa uma importante causa de morbidade e mortalidade em pacientes internados particularmente em unidades de terapia intensiva, devido às características próprias dos pacientes, aos procedimentos invasivos a que são submetidos ocasionando quebra das barreiras naturais de defesa associados a vários fatores como, por exemplo, a utilização prévia de antimicrobianos, com seleção de outros agentes patogênicos (GOMES; ALVES, 2002). Os materiais invasivos utilizados são corpos estranhos colocados temporariamente ou semipermanentemente no tecido do paciente com a finalidade terapêutica ou diagnóstica. Estes danificam ou invadem as barreiras epiteliais e mucosas, permitindo o acesso de micro-organismos diretamente na corrente sanguínea e nos tecidos, durante o uso, facilitam o crescimento de microrganismos e agem como reservatórios, nos quais as bactérias podem ser transferidas para outro paciente, podem ainda ser contaminados na fase de produção e assim introduzir um agente potencialmente infeccioso no indivíduo (TURRINI, 2000). Os procedimentos com alto teor de risco são os métodos invasivos de diagnóstico e tratamento e os mais usados são: uso de cateteres, uso de ventilação invasiva e de nutrição parenteral (MARQUES; LICHY, 2002). De acordo com (GOMES; ALVES, 2002), os fatores contribuintes são uma deficiência no sistema imunológico associado a procedimentos invasivos, além disso, no neonato, os sinais e sintomas de infecção são sutis e rápidos, requerendo da equipe capacidade no seu reconhecimento. Infecções causadas por bactérias gram-negativas nos remetem a líquidos e materiais úmidos como fonte, devendo-se buscar soluções contaminadas, materiais não secos, soluções parenterais, falhas da desinfecção de materiais termossensíveis ou falha de secagem, ainda as infecções urinárias causadas pela própria microbiota endógena gram-negativa, por falhas de inserção e cuidados com o cateter, Pseudomonas aeruginosa, por exemplo podem 26 crescer a 4ºC, e já foram encontradas em soluções de curativo. Já a Burkholderia cepacia já foi descrito o seu crescimento em frascos de PVP-I, com a curiosidade de responder bem a sulfametoxazol + trimetoprima, e não aos outros antimicrobianos, quando estão presentes ambos os germes, gram-positivos e gram-negativos, normalmente o problema é a esterilização de materiais, autoclaves desreguladas, cruzamento de materiais não estéreis na central de materiais, ou por outras falhas na esterilização (TAVARES; MARINHO, 2007). Durante a internação o neonato é exposto a uma variedade de patógenos, que levam à infecção hospitalar e de acordo com a pesquisa realizada no hospital universitário de Londrina, Estado do Paraná dos 320 procedimentos invasivos, em alguns pacientes o tubo orotraqueal foi o dispositivo mais utilizado, representando mais da metade dos procedimentos invasivos( 52,8%), o cateter umbilical também apareceu em posição de destaque, com frequência respectiva de 23,8 e 17,5%, na análise relacionada aos procedimentos invasivos, observou que a intubação orotraqueal ofereceu 4,23 vezes mais risco para sepse, seguida pelo cateterismo venoso central e umbilical, com 3,99 e 3,90 vezes, respectivamente, os procedimentos invasivos que apresentaram risco para o óbito foram os mesmos que aumentaram os risco para sepse, intubação orotraqueal, cateterismo venoso central e umbilical, com risco representado, respectivamente, por 3,26; 2,57 e 2,32 vezes. De acordo com os achados deste estudo, identificou-se que a maioria dos neonatos com IH 68,6% permaneceram internados por período superior a 30 dias sendo que o período de hospitalização teve média de 52,07 dias, ao reforçar que a IH aumenta significativamente o tempo de internação (MATSUO et al., 2008). De acordo Marques; Lichy, 2002 a incidência de infecção associada ao uso de sonda vesical é de 20% nos pacientes com cateterização por mais de uma semana. O índice de mortalidade em decorrência do uso de cateter vesical é de 3,03, índice este associado à permanência do paciente por mais de 10 dias. A presença de cateter vesical no paciente significa possibilidade de infecção hospitalar com bactéria de até 5% por dia de sondagem em infecções hospitalares em UTIs da Europa e a primeira causa nos Estados Unidos. Segundo Marques; Lichy, 2002, apesar de todo o avanço tecnológico presente nas unidades de tratamento intensivo, a infecção pulmonar continua sendo a maior causa de morbimortalidade entre os pacientes que estão em ventilação mecânica, sendo que os pacientes submetidos a este procedimento estão de 6 a 21 vezes mais propensos a desenvolverem pneumonia, o que faz aumentar o índice de morbimortalidade independente da 27 patologia do paciente, para pacientes sob ventilação invasiva, o risco de desenvolver infecção cresce em 1% a cada dia de internação. A pneumonia associada à ventilação invasiva tem incidência de 13% a 80%, ou seja, 2,6 a 6,2 dos casos por 100 dias de ventilação invasiva, também aumentando o número de internação de sete a nove dias. A mortalidade ainda é de 20% a 75% dos pacientes sob ventilação invasiva, a educação dos profissionais de saúde é de fundamental importância para a redução dos índices de infecção associado ao uso da ventilação invasiva. O uso de cateter venoso central é a causa mais frequente de morbimortalidade nas UTIs de todo o mundo e a mais importante complicação da nutrição parenteral. A etiologia da infecção por cateter é proveniente da via de acesso, pelo tempo de permanência do cateter, pelas mãos dos trabalhadores da saúde, pela flora da pele ou pela contaminação de outra parte anatômica. A colonização do sítio de inserção ou do canhão são as principais fontes. O principal agente envolvido é o Staphylococcus epidermidis, mas o S. aureus, Candida sp também aparecem como agentes importantes. Estes microrganismos podem se originar da contaminação a partir da flora cutânea, durante a inserção ou por migração ao longo do cateter e também das mãos da equipe ao contaminar o canhão (MARQUES; LICHY, 2002). De acordo com Ferreira et al., (2013), a pneumonia associada à ventilação mecânica é uma das infecções hospitalares mais prevalentes nas unidades de terapia intensiva, apresenta uma taxa de 9% a 40% das infecções adquiridas nesta unidade, e está associada a um aumento no período de hospitalização e índices de morbimortalidade, repercutindo de maneira significativa nos custos hospitalares, a pneumonia permanece como uma das principais causas de morte em todo o mundo, estando entre as cinco mais frequentes em pessoas acima de 65 anos nos Estados Unidos. As taxas de mortalidade dessas infecções podem variar de 24% a 76% dos casos, especialmente quando a pneumonia está associada à Pseudomonas spp ou Acinetobacter spp, para pacientes sob ventilação mecânica internados em UTI apresentam um risco de 2 a 10 vezes maior de morte que pacientes sem ventilação, gerando aumento no tempo de hospitalização, em média de quatro a nove dias. A prática de técnicas assépticas apropriadas deve ser promulgada pelas organizações para o melhor controle da infecção, utilizando-se o máximo de precauções de barreira, prática esta que necessita do acompanhamento e incentivo da educação dos profissionais de saúde (MARQUES; LICHY, 2002). 28 1.4 O uso de antibiótico em UTI neonatal Os antibióticos são medicações mais comumente prescritas na UTI neonatal nos EUA e a expressiva maioria dos recém-nascidos pré-termos extremos recebem antibióticos nos primeiros dias de vida, apesar da baixa incidência de sepse precoce, há uma grande preocupação dos neonatologistas a respeito da infecção oculta intra–uterina que precipita o nascimento do prematuro, da rotura prematura das membranas e da corioamnionite, o que faz com que os antibióticos sejam iniciados logo ao nascimento. Levando em consideração estes fatos, parece até prudente iniciar os antibióticos, no entanto, a duração do seu uso é arbitrária, sem base na cultura positiva, mas em fatores de risco para infecção. Aliado a isso, o uso de antibiótico de largo espectro pode ocasionar aumento de resistência e aumento de infecção fúngica (SCHIBLER et al. , 2011). A resistência aos antibióticos é fenômeno complexo e sua prevenção é um dos principais desafios na prática médica atual. Isso ocorre basicamente pela eliminação da microbiota de proteção, o que dá espaço para crescimento de micro-organismos menos adaptados ao organismo humano, mas resistentes aos antimicrobianos tradicionais, os quais são mais frequentemente adquiridos de outro paciente por transmissão cruzada, mas também é possível o desenvolvimento de resistência na própria microbiota do paciente (TAVARES; MARINHO, 2007). Estamos vivendo um momento único, no qual a disseminação das bactérias resistentes às múltiplas drogas poderá nos levar à era pós – antibiótica, ou seja, ficaremos sem qualquer opção de tratamento para os portadores destas cepas, problema este de difícil solução para o portador e para as instituições que deverão arcar com os altos custos destes tratamentos (GIR; MOURA, 2007). O aparecimento de agentes microbianos multirresistentes está relacionado com o uso de antimicrobianos, bem ou mal indicados, contudo, o uso criterioso dessas drogas previne a emergência de bactérias resistentes e proporciona uma redução na pressão seletora de microrganismos resistentes. Para o bom uso de antibióticos há que se conhecer a resistência microbiana local e regional para diminuir esses excessos (TAVARES; MARINHO, 2007). De acordo com o estudo de (GIR; MOURA, 2007), o aparecimento e a disseminação de micro-organismos com multirresistência aos antimicrobianos estão 29 ocorrendo tanto nos hospitais como na comunidade. Em estudo prospectivo com pacientes diabéticos não hospitalizados e apresentando úlceras infectadas, isolaram predominantemente S. aureus em 76% dos pacientes, incluindo cepas de S. aureus resistentes à meticilina e,em 20% dos casos, os autores chamam a atenção para o aumento da resistência bacteriana a antimicrobianos na população americana, ocorrendo tanto nos hospitais quanto na comunidade. Segundo o estudo de Tavares & Marinho, (2007), em alguns países, como a Espanha, por exemplo, o Pneumococo já não responde à penicilina em mais de 50% dos casos, entretanto, no Brasil, a resistência real de Pneumococo à penicilina é da ordem de apena 2%, intermediária, dose dependente de 18%. Portanto, o Pneumococo ainda é bem sensível às penicilinas, não necessitando da utilização de quinolonas de terceira geração para infecções pneumônicas adquiridas na comunidade, salvo se causadas por germes atípicos. O aumento das taxas de resistência bacteriana não é um fenômeno recente, tendo a qualidade das prescrições um papel fundamental para preservar a efetividade dos fármacos antimicrobianos disponíveis, cabe ressaltar a importância do papel dos profissionais da saúde para melhorar as condições atuais. Os antimicrobianos são os únicos medicamentos que influenciam não apenas o paciente, mas todo o ecossistema onde ele está inserido, com repercussões potenciais profundas (BERTOLDI; RODRIGUES, 2010). O uso dos antimicrobianos de uma maneira maciça e indiscriminada exige medidas urgentes para combater o surgimento de novas cepas bacterianas multirresistentes, inclusive os medicamentos antimicrobianos recentemente comercializados, levando a consequências importantes, com efeitos diretos na problemática das infecções hospitalares (ANVISA, 2007). De acordo com o estudo de Bertoldi & Rodrigues, (2010), nos países em desenvolvimento, o uso indiscriminado é mais sério, pois, normalmente, estes produtos são de venda livre no comércio e as medidas de controle de uso em hospitais são inconsistentes. Logo, os altos níveis de disponibilidade e o consumo de antimicrobianos têm conduzido a um aumento desproporcional da incidência do uso inapropriado desses fármacos. Segundo a OMS, o uso inadequado dos medicamentos tem as seguintes características: prescrição em excesso, omissão da prescrição, dose inadequada, duração inapropriada, seleção inadequada, gastos desnecessários ou risco desnecessário. 30 É importante que a racionalização de antimicrobianos, ofereça a oportunidade de determinar seu apropriado uso nos casos para os quais estão indicados, e assim identificar situação na qual seu uso seria impróprio (ANVISA, 2007). 1.5 Medidas de prevenção de infecção hospitalar em UTI neonatal A lavagem básica das mãos é a primeira precaução a ser tomada para evitar algum tipo de infecção cruzada. Deve ser realizada por todos os profissionais da área hospitalar envolvidos diretamente ou indiretamente com o atendimento ao paciente, pois a higienização das mãos é a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares e é considerada uma precaução padrão para o controle de infecção (SANTOS et al., 2007). As mãos abrigam microrganismos e pode transferir de uma superfície a outra, e a medida de higienização das mãos com água e sabão líquido ou pelo uso de álcool a 70% possui comprovadamente alta eficácia na prevenção e controle de infecções, entretanto a finalidade de higienização das mãos dos profissionais de saúde é promover a normatização do procedimento, considerado pouco valorizado nos estabelecimentos de saúde. A indicação da lavagem das mãos quando estas estiverem visivelmente sujas ou contaminadas com fluidos corpóreos, aos iniciar o trabalho, antes e após ir ao banheiro, fazer refeições, preparar alimentos, manipular medicamentos, entrar em contato com paciente colonizado com C. difficile, após várias aplicações de álcool, ante e após o contato com o paciente e remoção de luvas, antes e após realizar procedimentos assistenciais, manipular procedimentos invasivos, antes de calçar luvas para realizar procedimentos invasivos e após risco de exposição a fluidos corporais durante o cuidado ao paciente são fundamentais. Apesar do controle das infecções ser uma medida muito importante, ainda observa-se falta de compromisso e responsabilidade dos profissionais com esta prática e faz-se necessário repensar estratégias que repercutam na mudança de comportamento do profissional (SANTOS et al., 2010). Cerca de 30% dos casos de infecções relacionadas à assistência à saúde são considerados preveníveis por medidas simples como a lavagem das mãos pelos profissionais de saúde, através das mãos transportam o maior número de microorganismos aos pacientes, por contato direto ou objetos, dentre esses micro-organismos, muitos são patógenos potenciais, como S.aureus, E.coli,P. aeruginosa e E. fecaelis, sendo vários deles multirresistentes aos antibióticos (NOGUEIRA et al., 2008). 31 Iniciaram-se as primeiras medidas básicas para realizar um controle de infecção a partir da observação de Semmelweis sobre as altas taxas de infecção puerperal que poderiam estar relacionadas ao tratamento realizado pelos médicos e cirurgiões, os quais também realizavam necropsias. Nas puérperas que realizavam seus partos com as parteiras, a taxa de infecção era menor. Desse modo, após a constatação da infecção cruzada pela falta de higienização das mãos, Semmelweis instituiu que todos os médicos, estudantes e pessoal de enfermagem deveriam lavar as mãos com solução clorada antes da realização dos partos (SOUZA et al.,2003). Na Inglaterra, no final do século XIX, Florence Nightigale teve uma importância histórica com sua organização em hospitais e, consequentemente, na implantação de medidas para o controle das infecções hospitalares, como a preocupação voltada para os cuidados de higienização e o isolamento dos enfermos, o atendimento individual, a utilização controlada da dieta e a redução de leitos no mesmo ambiente, instituindo medidas de organização, sistematização do atendimento e treinamento de pessoal, especialmente as práticas higiênico-sanitárias que colaboraram com a redução das taxas de mortalidade hospitalar da época. No Brasil os primeiros controles de infecção hospitalar foram na década de 50, aproximadamente em 1956, com medidas de controle ambientais, procedimentos invasivos como as técnicas assépticas, processo de esterilização de material hospitalar e o aparecimento de micro-organismos resistentes pelo uso indiscriminado de antibióticos (MARUYAMA; OLIVEIRA, 2008). Nos últimos anos, a incidência de infecção hospitalar associada a microorganismos resistentes tem aumentado em todo mundo, nos Estados Unidos, mais de 70% das bactérias isoladas nos hospitais são resistentes pelo menos a um antibiótico utilizado no tratamento da infecção. A forma de transmissão de micro-organismos é através do contato com as mãos dos profissionais com os pacientes, com material ou ambiente contaminado e a disseminação de microrganismos pode favorecer o aumento de infecções e colonização dos pacientes e ocorre por vários fatores, tais como o uso excessivo, indiscriminado e inadequado de antibióticos e a adesão baixa dos profissionais no controle de infecção (MASCARENHAS et al., 2009). Com a evolução da tecnologia, os antimicrobianos foram sendo aperfeiçoados, técnicas modernas de assistência foram sendo desenvolvidas e o tratamento das doenças assumiu alta complexidade. Por outro lado, a invasão das bactérias multirresistentes, a 32 inserção de novas formas vivas de micro-organismos e a luta contra a resistência bacteriana surgiram nesse contexto, fragilizando o ambiente cotidiano humano e desafia as ações dos profissionais da saúde, no que se refere à prevenção das infecções hospitalares (LAUTERT; FONTANA, 2006). A equipe de enfermagem tem o papel de contribuir para a prevenção de infecção hospitalar e através do conhecimento dos meios de transmissão da infecção o enfermeiro pode identificar os RNs internados na UTIN com maior risco de contraírem IH. A equipe de enfermagem responsável pelo controle de infecções apresenta um maior contato direto com os recém-nascidos internados e deve conhecer as técnicas assépticas, e implantar medidas de prevenção e controle de infecções no período neonatal com intuito de prevenir a sepse neonatal (CHAVES et al., 2011). A equipe de enfermagem é o grupo mais numeroso e que fica maior tempo em contato com o doente internado em um hospital. A natureza do seu trabalho inclui a prestação de cuidados físicos, a execução de procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Assim sendo, é um elemento fundamental nas ações de prevenção, detecção e controle da infecção hospitalar e, embora a formação dos enfermeiros inclua conteúdos que circundam essa problemática, o mesmo não se dá com os demais profissionais de enfermagem. O técnico e o auxiliar de enfermagem, sob a supervisão do enfermeiro, exercem suas atividades, ficando a cargo deste, a vigilância sobre as infecções hospitalares (TURRINI, 2000). 1.6 Referencial Teórico A história da medicina revela- nos que a infecção hospitalar é tão antiga quanto a origem dos hospitais. As primeiras referências à existência de hospitais remontam ao ano 325, quando os bispos reunidos no Concílio de Nicéia foram instruídos para construí- los ao lado das catedrais. Durante séculos os doentes foram tratados sem serem separados quanto a patologia que apresentavam. Os pacientes em recuperação conviviam lado a lado com pacientes terminais infectados. As doenças infecciosas disseminavam-se com grande rapidez entre todos os internados e, não raro, o paciente era admitido no hospital com determinada doença e falecia de cólera ou febre tifóide (NOGUEIRA; COUTO, 2000). Em 1847, Phillip Semmelweis obteve notabilidade por seus achados diagnósticos relativos à infecção hospitalar e publicou um trabalho que viria a confirmar definitivamente a hipótese de transmissão de doenças intra-hospitalar. Ele demonstrou que a 33 incidência da infecção puerperal era maior nas parturientes assistidas por médicos do que pelas parteiras levantando diversas hipóteses para isso, tais como: miasma, sazonalidade e fatores ambientais. Semmelweis defendia a antissepsia e pregava a lavagem das mãos antes do parto, constando a gravidade da transmissão cruzada, antes mesmo da descoberta dos micro-organismos e instituiu em 1847, que todos os médicos, estudantes e pessoal de enfermagem deveriam lavar as mãos com solução clorada (FONTANA, 2006). 1854- Florence Nigthingale, na guerra da Crimeia, foi designada para o hospital de base de Scutari, em Constantinopla, atual Istambul, onde o hospital apresentava péssimas condições: não existia sanitários, os leitos e roupas de cama eram insuficientes, não havia bacia, sabão, ou toalhas, as pessoas comiam com as mãos e a taxa de mortalidade era muito alta. Diante desse quadro, Florence postulou sobre a valorização do paciente e condições do ambiente como: limpeza, iluminação natural, ventilação, odores, calor, ruídos, sistema de esgoto. Desse modo, organizou treinamentos para as enfermeiras sobre limpeza e desinfecção e orientou a construção de hospitais de maneira a possibilitar maior separação entre os pacientes (FONTANA, 2006). 1963 - Hospital Ernesto Dornelles (RS), no qual foi fundado o 1ª CCIH. 1976 - Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) obriga os hospitais a constituírem CCIH. 1985 - Notícia da morte do presidente Tancredo Neves supostamente relacionada com deficiências no controle das IHs. Foram criados: Manual de Controle de Infecção Hospitalar e Centros de Treinamento em Controle de Infecção Hospitalar. 1988 - Portaria nº 232 - Ministério da Saúde - Programa Nacional de Controle de IH. 1989 - I Congresso Brasileiro de Infecção Hospitalar. 1990 - Programa Nacional é transformado em Divisão Nacional de Controle de Infecção Hospitalar. 1992 - Portaria nº 930 /MS – Todos os hospitais do país deverão manter o programa de Controle IH, independente da entidade mantenedora. 34 1997 - Lei Federal nº 9431/MS - Os hospitais do país são obrigados a manter P.C.I.H., a qual trata-se de um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com o propósito de redução máxima possível da incidência e gravidade das IH. 1997 - Lei Federal nº 9431/MS - Artigos vetados: obrigatoriedade da existência de um SCIH; composição e competência da SCIH; obrigatoriedade da responsabilidade; soluções parenterais de grande volume; germicidas; materiais médico-hospitalares. 1998 - Portaria nº 2616/MS - Assessoria do órgão deliberativo da Instituição e execução das ações de C.I.H; Diretrizes e normas para prevenção e controle das IH; anexo I; II; III; IV; V define o programa de controle de IH. 1999 – 15/05/99 - Ministério da Saúde - Dia Nacional do Controle de Infecção Hospitalar. 1999 - Lei nº 9.782, de 26/01/1999 - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2000 – UCISA - Unidade de Controle de Infecção Hospitalar. 2002 – RDC nº 48 Roteiro de inspeção para o PCIH. 2003 - Portaria nº 385, de 04/06/2003 – GIPEA - Gerência de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos. No Brasil, sua prevalência exata de um modo geral ainda é desconhecida, entretanto, um inquérito nacional realizado pelo Ministério da Saúde revelou que entre as instituições avaliadas, a taxa de infecção hospitalar variou de 13% a 15%. Esta se apresenta bastante alta se compararmos a um estudo levantado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que encontrou em 14 países, entre 1983-1985, taxa média de 8,7%, ou seja, o estudo realizado no Brasil revelou que este apresenta praticamente o dobro de casos de infecção hospitalar em relação aos outros países estudados, demonstrando a necessidade de medidas mais eficazes para a redução dessas taxas no país (BRASIL, 1998). Há uma preocupação em relação à infecção hospitalar, pois a sua causa é desencadeada por inúmeros agentes múltiplos e é necessário que a equipe de saúde tenha a preocupação de evitar que ela aconteça e para o cuidado adequado com o paciente é fundamental conscientizar a equipe de enfermagem quanto à técnica asséptica ao realizar cada procedimento a fim de se evitar infecções e dar ao paciente um tratamento digno e de 35 qualidade com o objetivo de se evitar possíveis complicações (TAVARES; MARINHO, 2007). No Brasil, ao longo dos anos, a infecção hospitalar constituiu-se num problema de saúde pública, necessitando de intervenção do governo, através do Ministério da Saúde, instituindo medidas específicas. Assim, instituíram-se políticas de saúde para a área hospitalar como a criação de comissões de infecções hospitalares (CCIH) e ações educativas como treinamentos e cursos específicos, centrados nos aspectos técnicos e biológicos, voltados para os profissionais de saúde (SANTOS et al., 2008). Apesar da lavagem das mãos serem uma técnica bem simples, é preciso que os profissionais de saúde tenham a consciência da importância da realização desse ato visto que através dela poderá prevenir a infecção hospitalar, principalmente o profissional de enfermagem que atua no cuidado direto com o cliente (TAVARES; MARINHO, 2007). Apesar de todos os esforços e de investimentos dos vários segmentos, tais como: laboratórios, empresas, indústrias e tecnologias, instituições hospitalares, profissionais de saúde e órgão governamentais no controle e prevenção da infecção hospitalar, observa-se que os seus índices persistem elevados, em uma realidade pouco modificada. Aliado a isso, constata-se o surgimento de novos problemas: multirresistência de micro-organismos, seleção de flora hospitalar, antimicrobianos que não são mais utilizados, por não mais atuarem, entre outros. Constituem, portanto, novos desafios no controle das infecções para todos os profissionais de saúde. Dentre estes problemas ressaltamos o surgimento das bactérias multirresistentes como agravamentos das infecções hospitalares, tendo como causa principal o uso indiscriminado e indevido de antibioticoterapia (SANTOS et al., 2008). Mesmo com o conhecimento e a tecnologia disponíveis, incluindo várias medidas profiláticas comprovadamente eficazes, permanece ainda para nós, o desafio de Semmelweis, de tornar as ações de prevenção e controle das infecções práticas rotineiras nas instituições de saúde. É primordial entender por que as medidas de prevenção e controle adotadas sejam recursos materiais ou práticas educativas não repercutem na mudança dos índices de infecções nos serviços de saúde (SANTOS et al., 2008). Não são consideradas infecções hospitalares: infecção associada à complicação ou extensão de infecção já presente na internação, a não ser que exista um novo patógeno ou sintomas que sugiram fortemente a aquisição de nova infecção. Exceto por poucas situações 36 referidas nas definições a seguir, nenhum tempo específico durante ou após a hospitalização é dado para determinar se uma infecção é hospitalar ou comunitária. Assim, cada infecção deve ser considerada por evidências que a correlacionem com a hospitalização (VRANJAC, 2013). A assistência à saúde vem, ao longo dos tempos, evoluindo com os avanços científicos e tecnológicos, e tem refletido em melhoria das ações de saúde para a população. Porém, se por um lado se observa o desenvolvimento científico-tecnológico nas ações de saúde, por outro, tem-se observado que problemas antigos ainda persistem como é o caso das infecções hospitalares (OLIVEIRA; MARUYAMA, 2008). Segundo Moura, et al, 2007, a portaria MS nº 2616 de 12/05/1998 descreve os critérios gerais que auxiliam na definição das infecções hospitalares. Os critérios elencados pelo Ministério da Saúde são: -Quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada, a infecção comunitária é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não relacionada com internação anterior no mesmo hospital, quando se desconhecer o período de incubação do micro-organismo e não houver evidência clínica ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 horas após a admissão; - São também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e terapêuticos, realizados durante este período; - As infecções nos recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota superiores há 24 horas; - Os pacientes provenientes de outro hospital que internam com infecção, são considerados portadores de infecção nosocomial do hospital de origem, para o hospital onde interna são considerados como infecção comunitária. Caracterizar os casos de infecção hospitalar, a partir destes critérios é de extrema relevância, pois o cálculo das taxas de infecção hospitalar encontra, nesta caracterização, um dos dados que permite sua elaboração. 37 2. OBJETIVO 2.1. Objetivo Geral: Analisar comparativamente as causas possíveis das infecções e ações preventivas de enfermagem em UTIN: uma revisão bibliográfica da Literatura. 38 3. METODOLOGIA 3.1-Tipo do estudo Revisão bibliográfica da literatura através de artigos sobre infecção hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal como referencial metodológico. Este tipo de revisão tem a finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre o determinado 39 tema, de maneira sistemática e ordenada, sendo um instrumento para o aprofundamento do conhecimento a respeito do tema investigado, permitindo a síntese de múltiplos estudos e conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo (RIBEIRO et al., 2008). Para operacionalizar a Revisão Bibliográfica da Literatura, foram desenvolvidas as seis etapas propostas: identificação do tema e questão de pesquisa para a elaboração da revisão bibliográfica, estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão do estudo, categorização do estudo, avaliação do estudo, interpretação dos resultados e síntese do conhecimento. 3.1.1- Primeira fase: identificação do tema e questão de pesquisa para a elaboração da revisão da literatura Inicialmente identificou-se o tema de interesse e a condução da pesquisa foi feita a partir das seguintes questões norteadoras: Quais os principais fatores causadores de infecção hospitalar em UTIN? Como o enfermeiro assiste o neonato em UTIN no controle da infecção? 3.1.2- Segunda fase: estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão do estudo A busca na literatura foi realizada por meio da identificação, localização e compilação de dados escritos um livros e artigos. As referências foram localizadas segundo base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO) nos últimos dez anos num período de 2004 a 2014. Foram utilizados cinco artigos com datas referentes a 1997, 1998, 2000, 2002 e 2003 por se tratar de artigo original e que responde ao objetivo do estudo e também se fizeram necessárias à leitura e descrição do livro Rotinas Diagnósticas e Tratamento das Doenças Infecciosas e Parasitárias de (TAVARES; MARINHO, 2007), por ser de suma importância no enriquecimento do estudo. Essas bases de dados foram escolhidas pelo fato de serem consideradas fontes de dados seguras e por abrangerem um amplo fornecimento de dados referentes à área da saúde, além de permitirem o acesso aos mesmos atualizados via eletrônica. Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos publicados em português e inglês foram artigos na íntegra que retratam a temática referente à revisão bibliográfica da literatura, artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados nos últimos dez anos. 40 Os critérios de exclusão são relatos de caso, artigos de reflexão e textos não científicos. 3.1.3- Terceira fase: categorização do estudo A busca deu-se inicio em fevereiro com previsão de finalização em novembro de 2014 e foi orientada pelos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS): infecção hospitalar, infecção em UTIN, assistência de enfermagem em relação ao controle de infecção hospitalar e atuação do enfermeiro na prevenção de infecções ao neonato na assistência em UTI. A apresentação da amostra obtida nas bases de dados selecionadas de acordo com o cruzamento dos descritores controlados, palavras-chave e seleção de artigos utilizados no estudo foram realizadas a partir dos resultados da busca e obedecendo rigorosamente aos critérios de inclusão. Foi realizada a leitura criteriosa dos artigos, após a busca utilizando os descritores já citados e foram encontrados 640 artigos. Desse total, 71 foram da base de dados LILACS e 569 SCIELO. Após a leitura criteriosa e o refinamento foram selecionados pelos critérios de inclusão 58 artigos utilizados na construção do estudo e 20 destes artigos que responderam a todos os critérios de elegibilidade, conforme a planilha 1 que demonstra a distribuição dos artigos sobre o tema por periódicos e ano de sua publicação estão presentes dentro do resultado e da análise dos dados que representa a discussão. 3.1.4- Quarta fase: avaliação do estudo incluído na revisão da literatura Os estudos selecionados e, em relação ao delineamento de pesquisa, foi elaborada uma planilha, adaptada ao conteúdo com causas possíveis, preventivas e curativas de infecção em UTIN e assistência de enfermagem, como instrumento para dar segmento às técnicas de extração dos dados das fontes primárias (Anexo1), também foi criada a partir do Anexo1, a Planilha 1, na qual foi realizada a distribuição dos 20 artigos sobre infecção hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal por periódico e ano, no período de março a outubro de 2014. Para melhor compreensão foram elaboradas as planilhas que descrevem o número do artigo, título do artigo e o método utilizado na planilha1; já as outras planilhas 2, 3, 4 e 5 estão direcionadas à síntese dos artigos incluídos na revisão segundo o número do artigo, objetivo, causas de infecção hospitalar em UTIN e assistência de enfermagem ao RN em UTIN, sendo que cada artigo foi numerado para melhor descrição 41 didática na qual o mesmo artigo está empregado em todas as planilhas para que cada estudo seja descrito para simplificar, resumir e organizar achados. 3.1.5- Quinta fase: interpretação dos resultados Esta etapa caracterizou-se pela síntese e discussão das informações extraídas através das planilhas 1, que constituíram a amostra deste estudo que foram analisadas e comparadas entre si para melhor compreensão e descrição didática. 3.1.6- Sexta etapa: síntese do conhecimento Os resultados foram apresentados na forma de planilhas com a finalidade de dar ao leitor uma visão abrangente acerca dos principais resultados e conclusões referentes ao tema em estudo. Já a discussão final ficou evidenciada por meio da análise dos dados em tópicos para melhor comprensão e para comprovação dos achados de modo que enriqueça o estudo, caracterizando e reforçando o conhecimento científico adquirido no estudo atual. 3.2- Aspectos éticos Nesta revisão foram asseguradas as citações dos autores consultados, bem como a fidelidade às suas ideias, seguindo as normas de citação da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT NBR 10520:2002 e as referências conforme NBR 6023:2002. Já as planilhas foram adequadas ao estudo atual de forma que seus autores consultados também fossem assegurados. 42 4. RESULTADOS 4.1- Caracterização do estudo A apresentação dos resultados foi obtida após a busca utilizando os descritores e as palavras chave e foram encontrados 640 artigos desses, 20 artigos foram selecionados para a amostra por atenderem a todos os critérios de elegibilidade. A apresentação dos resultados se deu através da importância que o tema transmite em relação aos fatores desencadeadores de infecção em UTIN e as medidas preventivas de infecção hospitalar que os enfermeiros estão aplicando para reduzir estes índices. Os 20 artigos científicos apresentados na planilha 1, considerando sua distribuição, na qual os artigos encontrados na busca foram publicados em diferentes periódicos e em um período corespondente aos últimos 10 anos (2004 - 2014) todos da área de saúde, em português e em inglês que discorrem sobre o tema: infecção hospitalar em UTIN e suas ações preventivas de enfermagem, demonstrados abaixo. Planilha 1 Distribuição de artigos sobre infecção em UTIN, por periódico e ano, no período de março a outubro de 2014. Goiânia- GO, 2014. Periódicos 2004 Acta Sci: Health Sci Revista da Rede de enfermagem do nordeste - Rene Texto contexto – enferm. Rev. Enferm. UERJ Revista Brasileira de enfermagem Semina: ciências biológicas e da saúde R. pesq.: cuid. Fundam.online Ano da Publicação 05 06 07 08 09 10 11 12 13 2014 1 2 3 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 2 Epidemiol. Serv. Saúde R. Brás epidemiol Total 1 1 1 1 43 Jornal pediatria 1 R. paulista pediatria 1 1 1 2 R. enfermagem UFPE on line 1 Revista instituto ciencia saúde 1 1 Ciência y enfermeira 1 1 Total 1 20 Fonte: Fonte: (RIBEIRO et al, 2012). Constata-se na Planilha 1 que todos os artigos que compuseram a amostra do estudo foram publicados por periódicos de enfermagem ou da área da saúde. Conforme evidenciado, a concentração do período deu-se entre 2007 e 2014. Todos os achados foram analisados de acordo com o conteúdo e categorização dos dados que emergiram da síntese do processo analítico. O Anexo 1 foi constituído para integrar os achados, no qual se identifica título, autor, ano, revista, objetivo, causas das infecções, resultados e ações de enfermagem que serviram como instrumento base o que permitiu observar, de modo geral, os principais fatores causadores de infecção hospitalar em UTIN e como o enfermeiro assiste o neonato no controle destas infecções. Foram criadas planilhas para melhor descrição didática e manejo dos resultados finais que segue abaixo: Planilha 2 . Caracterização dos artigos incluídos na revisão bibliográfica da literatura segundo o número do artigo, título do artigo e o método. Goiânia – GO - 2014. ARTIGO TÍTULO DO ARTIGO MÉTODO 1 Controle de infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva: estudo retrospectivo. Retrospectivo 2 Perfil epidemiológico das infecções primárias da corrente sanguínea em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Descritivo e retrospectivo 3 Intervenção em surto de Klebsiella pneumoniae produtora de betalactamase de espectro expandido (ESBL) em unidade de terapia intensiva neonatal em Teresina, Piauí, 2010-2011. Pesquisa de campo e descritivo 44 4 Flora fúngica no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva Estudo Pediátrica e Neonatal em hospital terciário. transversal 5 Infecções relacionadas à assistência à saúde baseada em critérios internacionais, realizada em unidade neonatal de cuidados progressivos de referência de Belo Horizonte, MG. Estudo descritivo 6 Fatores de risco e letalidade de infecção da corrente sanguínea laboratorialmente confirmada, causada por patógenos não contaminantes da pele em recém-nascidos. Estudo de casocontrole 7 Prevalência de sepse por bactérias gram- negativas produtoras de Betalactamase de espectro estendido em Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal. Retrospectivo e descritivo 8 Infecção neonatal e a relação com o cuidado de enfermagem: uma revisão integrativa. Revisão integrativa 9 Estudo epidemiológico das infecções neonatais no hospital universitário de Londrina, estado do Paraná. Estudo epidemiológico e retrospectivo 10 Adesão à técnica de lavagem das mãos em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Estudo prospectivo e observacional 11 Higienização das mãos: o ensino e a prática entre graduandos na área de saúde Medidas de prevenção e controle de infecções neonatais: opinião da equipe de enfermagem. Infecção hospitalar no olhar de enfermeiros portugueses: representações sociais. A prevalência e o controle de infecções: um estudo de caso com enfermeiras Caracterização das infecções relacionadas à assistência à saúde em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Infecção hospitalar: Estudo de prevalência em um hospital público de ensino. Ações de enfermagem para o controle da transmissão do Enterococo resistente à vancomicina VRE. Quantitativo 12 13 14 15 16 17 Descritivo Estudo exploratório Estudo descritivo Estudo descritivo Estudo descritivo Revisão bibliográfica 18 As representações sociais da infecção hospitalar elaboradas Pesquisa por profissionais de enfermagem. quantitativa 19 Técnica de higienização simples das mãos: a prática entre acadêmicos da enfermagem. Estudo descritivo 45 20 Conhecimento da enfermagem na prevenção de infecção hospitalar. Estudo quantitativo, exploratório e descritivo Fonte: (OLIVEIRA et al, 2012) adaptado No que refere aos objetivos do estudo que fizeram parte da amostra, observa-se descrito na Planilha 3. Planilha 3. Síntese dos artigos incluídos na revisão bibliográfica da literatura, segundo o número do artigo, objetivo, autor, ano, Goiânia – GO - 2014. ARTIGO OBJETIVO AUTOR /ANO 1 Verificar a ocorrência de micro-organismos isolados de pacientes hospitalizados durante as etapas de implantação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) em uma Unidade de Terapia Intensiva de um hospital privado na cidade de Toledo, Paraná. (ABEGG SILVA ,2011). e 2 Descrever o perfil epidemiológico das infecções primárias da corrente sanguínea associadas ao cateter venoso central na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um hospital no Rio de Janeiro no ano de 2010. (CATARINO, et al., 2012) 3 Descrever intervenção em surto de Klebsiella pneumoniae produtora de Betalactamase de Espectro Expandido (ESBL) em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) no município de Teresina, estado do Piauí, Brasil, 2010-2011. (LIMA et al, 2014). 4 Identificar a presença de fungos potencialmente patogênicos e oportunistas. (MELO et al., 2009). 5 Descrever a ocorrência de infecções relacionadas à assistência à saúde em uma unidade neonatal de serviço público de referência em Belo Horizonte, MG, baseando-se em critérios internacionais. (ROMANEL LI et al., 2013) 6 Avaliar os fatores de risco e a letalidade da Infecção da Corrente Sanguínea Laboratorialmente Confirmada (ICSLC) de início tardio em uma Unidade Neonatal de Cuidados Progressivos (UNCP) brasileira. (ROMANEL LI et al., 2013) 46 7 Determinar a prevalência e a mortalidade de sepse neonatal por bactérias gram- negativas produtoras de Betalactamase de Espectro Estendido (ESBL) em Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal. (TRAGANTE et al., 2008). 8 Analisar as produções científicas com enfoque na infecção neonatal e sua relação com o cuidado em enfermagem. (OLIVEIRA et al., 2012). 9 Determinar a frequência e o perfil das infecções hospitalares para os neonatos associados aos principais fatores de risco e óbito. (LOPES al., 2008). 10 Avaliar o cumprimento das técnicas de lavagem das mãos empregadas em uma UTIN pelos profissionais de saúde e familiares visitantes. (MARTINEZ et al., 2009). 11 Verificar a compreensão com graduandos dos últimos anos– semestre da área da saúde, acerca da higienização das mãos, adesão à lavagem das mãos e materiais disponíveis. (SANTOS et al.,2007). 12 Conhecer a opinião da equipe de enfermagem sobre as medidas de prevenção e controle das infecções neonatais em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). (CHAVES et al., 2011). 13 Apreender as representações sociais sobre infecção hospitalar por enfermeiras portuguesas. (ALVES et al., 2008). 14 Conhecer a estrutura física – administrativa dos hospitais desta região e sua interface com a atuação das enfermeiras na prevenção e controle das infecções hospitalares. (FONTANA, 2006). 15 Caracterizar as infecções neonatais relacionadas à assistência à saúde em uma Unidade de Terapia Intensiva. (RANGEL et al., 2013) 16 Determinar a prevalência de infecção hospitalar e distribuição por topografia e por micro-organismos e suas sensibilidades antimicrobianas. (OLIVEIRA et al., 2007). 17 Realizar levantamento acerca do Enterococo resistente à vancomicina em Unidade de Terapia Intensiva e discutir as medidas profiláticas de controle de sua transmissão. (SÓRIA et al., 2010). 18 Aprender as representações sociais das infecções hospitalares elaboradas a partir da percepção dos profissionais de enfermagem e discutir como essa representação influencia em suas práticas. (SANTOS et al., 2008). et 47 19 Avaliar a técnica de higienização das mãos descrita por graduados de enfermagem e identificar a contribuição das instituições de ensino superior na formação de alunos sobre a higienização das mãos. (SANTOS et al., 2010). 20 Avaliar o conhecimento dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem com relação aos conhecimentos acerca dos métodos de prevenção contra infecção hospitalar em uma Unidade de Terapia Intensiva. (COUTINHO et al., 2007). Fonte: (OLIVEIRA et al., 2012); adaptado A partir da análise dos objetivos dos 20 artigos identificou-se a importância da implantação da comissão de controle de infecções hospitalares e também nos apresentou dados referentes aos micro-organismos isolados durante esta implantação. Logo, esses artigos nos mostram que estes dados podem melhorar expressivamente com a educação continuada de profissionais da área da saúde. Planilha 4. Síntese dos artigos incluídos na revisão bibliográfica da literatura segundo o número do artigo, causas de infecção em UTIN, autor, ano, Goiânia – GO - 2014. ARTIGO CAUSAS DE INFECÇÃO EM UTIN AUTOR/ ANO 1 Resistência natural, ao grande número de antibióticos empregados (cepas multirresistentes) e antissépticos; procedimentos de rotina ou mais invasivos, implantes e cateteres executados pelos profissionais de saúde; ambiente hospitalar contaminado. (ABEGG e SILVA, 2011). 2 Infecção Primária da Corrente Sanguínea IPCS associada a: Cateter Venoso Central (CVC), nutrição parenteral total, cateter de inserção periférica, cateter umbilical venoso, ventilação mecânica, inserção de dispositivos venosos e intubação endotraqueal. (CATARINO, et al., 2012) Fatores de risco: RNs pré-termos, baixo peso ao nascer, pequenos para a idade gestacional, tempo de internação no momento da infecção primária da corrente sanguínea, bolsa rota maior ou igual há 18 horas. 3 Frequência de infecção relacionada à assistência à saúde pelo bacilo K. pneumoniae, Betalactamase de Espectro Estendido ESBL, F=fungo no ambiente. (LIMA et al., 2014) 4 Flora fúngica presente em UTIN, fungos potencialmente patogênicos e toxigênicos, pacientes imunossuprimidos, (MELO et al., 48 presença de fungos no ar condicionado, janelas, portas, maçanetas, incubadoras e a não adesão dos funcionários e visitantes à lavagem das mãos. 5 Sepse neonatal associada a: Cateter Venoso Central e a cateter umbilical. Pneumonia associada à ventilação mecânica. 2009) (ROMANELLI et al., 2013) Fator de risco associado aos neonatos com peso menor que 750g e que apresentam incidência de IRAS. 6 Recém-nascidos submetidos a procedimentos cirúrgicos ou internação e que usaram algum tipo de procedimento invasivo como: tubo nasogástrico, nutrição parenteral total, cateter venoso central e ventilação mecânica. (ROMANELLI et al, 2013) Fatores de risco: baixo peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar, intervenções longas, uso de antibióticos, ruptura prematura de membrana, doenças maternas e transmissão cruzada de patógenos pelas mãos. 7 Uso indiscriminado de antibióticos, falta de medidas preventivas comuns contra agentes nosocomiais, como a lavagem das mãos. Recém-nascidos que necessitam de ventilação mecânica; cateter central, nutrição parenteral e antibióticos de largo espectro e o tempo de internação superior a 21 dias na unidade hospitalar. (TRAGANTE et al., 2008). 8 A principal causa da infecção ao neonato foi o Stapylococcus, sendo o risco para infecção hospitalar relacionado aos procedimentos invasivos principalmente, cateter venoso central de inserção periférica, e a não adoção de medidas de controle como a lavagem das mãos. A escassez de profissionais, superlotação, sobrecarga de trabalho e insatisfação com o trabalho também são fatores que induzem a não adesão da lavagem das mãos e que vem a somar os índices de IH. (OLIVEIRA et al., 2012) 9 Tempo de hospitalização superior a 30 dias, estado imunológico em pré-termos com deficiência da resposta imune inata, fragilidade da pele e os procedimentos invasivos como: intubação orotraqueal e o cateterismo vascular, que aumentaram três vezes o risco para sepse e respectivamente 3,26 e 2,50 vezes para óbito. (LOPES et al., 2008). 10 A falta de adesão à lavagem das mãos por parte dos (MARTINEZ et 49 profissionais, pacientes e acompanhantes. al., 2009). 11 A quebra de procedimentos assépticos, entre procedimentos com um e outro paciente e ambiente, através de contaminação com fluidos corporais. (SANTOS et al., 2007). 12 Infecção neonatal adquiridas no período pré-natal, através da corrente sanguínea da mãe, da placenta, líquido amniótico infectado, na hora do parto ou alguns dias após o parto, através de procedimento invasivo. (CHAVES et al., 2011). 13 Os clientes são recebidos em macas contaminadas por secreções, feridas abertas, falta de adesão de lavagem das mãos de profissionais e realização de procedimentos invasivos sem a realização das técnicas assépticas, infecção cruzada e o uso indiscriminado de antibióticos. (ALVES et al., 2008) 14 Procedimentos invasivos sem realização de procedimentos assépticos, causas endógenas e exógenas. (FONTANA, 2006). 15 Fatores intrínsecos, o peso ao nascer e a idade gestacional no parto, e fator extrínseco, os procedimentos invasivos e a alta taxa de permanência hospitalar. (RANGEL et al., 2013) 16 Fatores intrínsecos e também estão expostos a procedimentos invasivos, cirurgias complexas, drogas imunossupressoras, antimicrobianos e as interações com a equipe de saúde e as fômites. (OLIVEIRA et al., 2007) 17 Infectam- se frequentemente em consequência de procedimentos invasivos e terapia imunossupressora. (SORIA et al., 2010). 18 Através de materiais e equipamentos contaminados, por germes e falta de limpeza. (SANTOS et al., 2008). 19 As mãos possuem a capacidade de abrigar microorganismos e transferi-los de uma superfície a outra, os fômites propiciam a permanência da microbiota sob estes adereços possibilitando a disseminação de microorganismos patogênicos, principalmente os gram-negativos. (SANTOS et al., 2010) 20 Através das mãos dos profissionais de saúde que não são higienizadas ou desinfetadas, pelas luvas que não são trocadas após o uso, em contato com instrumentos contaminados. (COUTINHO et al., 2007). Fonte: (OLIVEIRA et al., 2012); adaptado 50 Ao observar no estudo dos artigos que ainda permanece a negligência na execução da técnica de higienização das mãos, embora a lavagem das mãos com água e sabão seja uma forma bem simples de prevenir a infecção hospitalar, esta prática tem que ser realizada antes e após cada procedimento. Planilha 5. Síntese dos artigos incluídos na revisão da literatura segundo número do artigo, assistência de enfermagem, autor e ano, Goiânia - GO - 2014. ARTIGO ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉMNASCIDO EM UTIN AUTOR/ ANO 1 A informação, o treinamento, o comprometimento e a conscientização da equipe médica e colaboradores, quanto à importância do uso diário das normas preconizadas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar são meios possíveis de se obter resultados significativos e satisfatórios na diminuição dos casos de infecção hospitalar, melhorando a qualidade de assistência à saúde. (ABEGG SILVA, 2011). e 2 Prevenção e controle de IPCS na condição relacionada ao RN, à gestação e ao CVC são fatores que predispõem esta clientela, o que reforça a necessidade de programas específicos. (CATARINO et al., 2012) 3 A implantação de medidas preventivas de IRAS mostrou-se efetiva na redução de casos de infecção por K. pneumoniae ESBL na UTI neonatal, contribuindo para a melhoria dos indicadores epidemiológicos e da qualidade da assistência prestada. (LIMA et al., 2014) 4 Medidas de controle de infecção hospitalar em UTI, como em todos os locais estudados reforça a importância de cuidados referentes à técnica de assepsia dos equipamentos, controle da presença de visitantes e lavagem das mãos pelos funcionários. (MELO et al., 2009) Dessa forma, a ação se realizada de acordo com as orientações de medidas para o controle dos potenciais patógenos encontrados nos locais monitorizados, pode contribuir para diminuir a morbidade e a mortalidade decorrentes de infecções nosocomiais. 5 Realizar notificação de infecções para a construção de indicadores em neonatologia, que são escassos no país, ressaltando a necessidade de avaliação de critérios nacionais. (ROMANEL LI et al., 2013) 6 Portanto, as práticas de prevenção são essenciais para reduzir (ROMANEL 51 essas infecções. Adicionalmente, essas práticas são monitoradas e devem ser fornecidos treinamento e educação contínua à equipe cirúrgica e clínica. LI et 2013) al., 7 A detecção de bactérias multirresistentes e o controle da disseminação por meio da redução do uso de cefalosporinas de terceira e quarta geração, além de medidas rigorosas para o controle da infecção hospitalar, podem evitar a instalação endêmica destes patógenos, que têm impacto negativo na sobrevida de recém-nascidos prematuros e/ou doentes internados em Unidades de Terapia Intensiva. (TRAGANTE et al., 2008). 8 Torna-se imprescindível a realização de estudos que possam trazer mais evidências e contribuir com a diminuição de infecção neonatal e sua relação com o cuidado de enfermagem pela construção do conhecimento em áreas carentes de embasamento científico, evitando o desenvolvimento de estudos isolados e que trazem pouca contribuição para a profissão. (OLIVEIRA et al., 2012) 9 Medidas básicas devem ser incentivadas, supervisionadas e controladas como a adesão da lavagem das mãos, escolha por antissépticos com ampla ação para colonização da pele, adequada limpeza do ambiente, rigor na realização da técnica asséptica nos procedimentos invasivos, controle de antimicrobianos e número adequado de profissionais na assistência e a saúde dessa população tão sensível. (LOPES al., 2008). 10 Instituírem programas de educação continuada visando a estabelecer e manter a adesão às técnicas e campanhas que perpetuem o seu cumprimento, programas educacionais com vistas a aumentar a adesão dos profissionais de saúde à lavagem das mãos são importantes. Logo, mais estudos são necessários para que se avalie a melhor forma de motivá-los. (MARTINEZ et al., 2009). 11 Lavagem das mãos e medidas assépticas para prevenção de infecção de infecção, uso de luvas e implementação de planos educativos sobre a lavagem das mãos. (SANTOS et al.,2007). 12 Adesão à lavagem das mãos, uso de equipamento de proteção individual, técnicas assépticas e conhecimento dos meios de transmissão de IH. (CHAVES et al.,2011). 13 Adoção de mudanças de comportamentos e atitudes e conscientização dos profissionais na prevenção de IH. (ALVES et al., 2008) et 52 14 Higienização das mãos, escolha do antisséptico com ampla ação, limpeza adequada do ambiente e realização de técnicas assépticas em procedimentos invasivos. (FONTANA, 2006) 15 Conscientizar profissionais de saúde em relação à assepsia quando ocorrer a realização de procedimentos invasivos (RANGEL et al., 2013) 16 Inserir o programa de prevenção e controle de infecção hospitalar (OLIVEIRA et al., 2007) 17 Lavagem das mãos, isolamento de doenças transmissíveis, medidas específicas para cada sítio de infecção e uso correto de antimicrobianos. (SORIA et al., 2010). 18 Divulgação e disseminação de conhecimento e informações sobre a prevenção de infecção. (SANTOS et al., 2008). 19 Técnica de lavagem das mãos, conscientização e mudanças no comportamento dos profissionais da saúde. (SANTOS et al., 2010) 20 Conscientização da higienização correta das mãos e uso adequado das luvas e desinfecção de materiais de consumo, evitando-se uma posterior contaminação. (COUTINHO al et., 2007). Fonte: (OLIVEIRA et al., 2012); adaptado Os papéis mais importantes da enfermagem referem-se ao cuidado com o paciente visto que os enfermeiros atuam na prevenção e controle de infecção, através de uma educação continuada para evitar ou minimizar os índices de infecção IH. Para tanto, é necessário que os profissionais da saúde repensem suas ações a fim de melhorar o atendimento ao paciente e evitar a disseminação de infecção. Mesmo com os avanços tecnológicos e científicos a infecção continua ser um problema antigo que causa morbimortalidade e é através da higienização das mãos com água e sabão que diminui a transmissão de patógenos que causam infecção, já que as mãos dos profissionais de saúde podem disseminar a maior parte de micro-organismos, se essa higienização não for feita de forma correta. Embora os autores tenham demonstrado que os enfermeiros estão contribuindo através da realização de palestras educativas para mudar o comportamento dos profissionais em relação à lavagem das mãos e adesão as técnicas assépticas em cada procedimento, faz-se necessária a efetiva adesão por parte de todos os profissionais. 53 5. ANALISE DOS DADOS 5.1 O contexto de estudo Durante a leitura dos artigos sobre infecção em recém-nascidos internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) foi evidenciado que para a enfermagem trabalhar com essas crianças é necessário buscar conhecimento técnico científico específico na área pediátrica, dentro de uma visão holística e humanizada. Através do estudo foi possível identificar que nas instituições de saúde são internados pacientes na mesma enfermaria com idades e patologias diferentes e muitas vezes necessitando de precauções de contato, pela falta de leitos, alguns são improvisado pela equipe de saúde a fim de atender a demanda hospitalar. Assim sendo, há um risco enorme de infecção cruzada principalmente naquele paciente que foi internado e necessitou de procedimentos cirúrgicos, devido ao aumento da flora ambiental. Na neonatologia, os riscos de aquisição de infecções no recém-nascido, em ambiente ambulatorial, têm tanta importância quanto no ambiente hospitalar, tendo em vista que as medidas de precaução e isolamento, nesses locais, praticamente inexistem, sendo comum em uma mesma sala permanecerem recém-nascidos e adolescentes com doenças infecciosas, muitas vezes em período de transmissibilidade, ao lado de clientes hígidos que comparecem à consulta do pediatra para acompanhamento e verificação do crescimento e do desenvolvimento. Nesse aspecto, há grandes obstáculos a serem vencidos e o maior entre eles é a dificuldade de um sistema de vigilância epidemiológica destas infecções, na obtenção e gerenciamento das informações e, consequentemente, na construção de indicadores (FONTANA, 2006). Devido à relevância dos índices de mortalidade e letalidade relacionadas às infecções que acometem os recém-nascidos foi evidenciada a necessidade do enfoque maior nas instituições educacionais em ensinar os acadêmicos de enfermagem a criarem os protocolos e a sensibilização dos mesmos a fim de reduzir as infecções que podem ser evitadas. Outro ponto observado é que nas unidades de terapia intensivas neonatais os enfermeiros recebem informações sobre as atitudes a serem tomadas para reduzir às infecções hospitalares melhorando a qualidade da assistência à saúde. 54 Para que a assistência ocorra de acordo com o preconizado por princípios científicos é necessário que sejam garantidos profissionais em quantidade recomendadas, o que vai minimizar a ocorrência de desgastes físico e mental devido à sobrecarga de trabalho que pode levar a ocorrência de iatrogenias. As infecções hospitalares são iatrogenias decorrentes da hospitalização do paciente e que se tornaram importante foco de atenção nas últimas décadas, embora desde a antiguidade existissem relatos sobre a disseminação de doenças epidêmicas e sobre a inevitabilidade das infecções cirúrgicas (COUTINHO et al., 2007). Um fator de grande relevância durante a síntese dos artigos surgiu com os principais fatores causadores de infecção em Unidade de TerapiaI Neonatal (UTIN), dentre eles pode-se citar o uso indiscriminado de antibióticos, procedimentos invasivos como implantes, cateteres, nutrição parenteral e o próprio ambiente hospitalar. Segundo o estudo de Catarino et al., (2012), os materiais invasivos utilizados são corpos estranhos colocados temporariamente ou semipermanente no tecido do paciente com finalidade terapêutica ou diagnóstica. Estes danificam ou invadem as barreiras epiteliais e mucosas, permitindo o acesso de micro-organismos diretamente na corrente sanguínea e nos tecidos. Durante o uso, facilitam o crescimento de micro-organismos e agem como reservatórios de onde as bactérias podem ser transferidas para outro paciente. Podem, ainda, ser contaminados na fase de produção e assim introduzir um agente potencialmente infeccioso no indivíduo (ABEGG; SILVA, 2011). O estudo atual trouxe uma realidade preocupante acerca das unidades de terapias neonatais, onde as mesmas atendem os recém- nascidos, os quais em sua maior parte são prematuros, geralmente provenientes da própria unidade hospitalar e estão expostos aos fatores de risco para adquirir infecções relacionadas à saúde, através de procedimentos invasivos realizados sem haver uma prévia higienização das mãos por parte dos profissionais da saúde e também pela imaturidade do sistema imunológico do recém- nascido. O estudo de Tragante et al., (2008), reforça o estudo atual ao relatar que a incidência de infecções hospitalares varia de acordo com as características de cada unidade de tratamento, infraestrutura e recursos humanos, da imaturidade do sistema imunológico do recém-nascido (RN), da idade gestacional, do peso de nascimento e dos métodos de prevenção e diagnósticos disponíveis. As taxas gerais de infecção hospitalar em unidades 55 neonatais de países desenvolvidos variam de 8,4 a 26%. No Brasil, Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) de nível terciário possuem taxas de infecção entre 18,9 a 57,7%, havendo referências de causas possíveis das elevadas taxas de infecção relacionadas às condições de trabalho, estrutura física da UTIN e número de profissionais de enfermagem insuficientes por leito. A infecção hospitalar constitui um grave problema de saúde pública que causa um elevado índice de morbidade e mortalidade e pode ser evitada por medidas assépticas, através da lavagem das mãos antes e após cada procedimento realizado no paciente com o objetivo de se evitar infecção cruzada. A infecção é a mais frequente e grave complicação que pode acometer pacientes hospitalizados, prolongando o período de internação, elevando custos e constituindo importante causa de morbimortalidade (OLIVEIRA et al., 2012). A educação é necessária para disseminar a informação básica e encorajar a adesão às medidas de controle de infecção que devem ser implementadas, pois a desatenção com as técnicas apropriadas para o controle de infecção, segundo a Organização Mundial de Saúde, contribui para a resistência microbiana em hospitais (SÓRIA et al., 2010). A higienização das mãos é isoladamente a ação mais importante para a prevenção e o controle das infecções relacionadas à saúde e pode ser realizada com água e sabão ou por intermédio de antissépticos, sendo o principal o álcool em gel. A lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a superfície das mãos e dos punhos, utilizando sabão, seguida de enxágue em água corrente abundante (TRAGANTE et al., 2008). Assim sendo, fica evidente que higienização das mãos consiste em uma das medidas para a prevenção de infecções relacionada ao cuidado em saúde, que apresenta uma baixa adesão por parte dos profissionais da área. Fica em evidência também o questionamento na qualidade da assistência oferecida à mulher durante o período gestacional, o que gera preocupação visto que é proveniente da própria unidade hospitalar o foco causador de infecção. 5.2 Equipe de saúde em unidade de terapia intensiva neonatal Durante a leitura dos artigos foi possível identificar que os profissionais de saúde são os principais responsáveis pela higienização do meio ambiente em que trabalham e 56 a higienização das mãos é uma técnica asséptica para que os recém-nascidos assistidos por eles possam receber uma assistência de qualidade e assim reduzir as taxas de infecções graves que possam vir a prejudicar os mesmos. Outro estudo de grande relevância em relação ao estudo atual é o descrito por (ALVES et al., 2008), o qual relata a vivência profissional que revela de alguma forma diferentes tipos de práticas profissionais adotadas no contexto hospitalar em que alguns profissionais se apresentavam conformados frente à problemática do atendimento hospitalar, enquanto outros lutavam por uma prática eficaz e segura que fosse capaz de transformar esta situação, adotando assim mudanças de comportamento e atitudes, para tanto era necessário um investimento nas condições materiais de trabalho. Durante a rotina do trabalho da enfermagem tem-se encontrado inúmeros desafios sobre as dificuldades em relação ao controle de infecção e, por isso, deve ser realizada a educação continuada para trazer conhecimentos técnicos e científicos para os profissionais da saúde. Estudos mostram que só através da conscientização dos profissionais e capacitação eles serão capazes de desenvolver as atividades diárias com mais compromisso em relação ao controle de infecção. A mudança de comportamento, no sentido de racionalizar procedimentos e aprimorar normas e rotinas, expressa condição indispensável ao controle de infecção, sendo necessária a motivação dos profissionais por intermédio de debates, treinamentos e divulgação de informações. Entretanto, nossa experiência com as dificuldades encontradas para a mudança de comportamento dos profissionais da área de saúde nos indica que é necessário um maciço investimento na formação acadêmica (FONTANA, 2006). A educação como a principal forma de divulgação e disseminação de conhecimento e informações, contudo não tem conseguido modificar comportamentos e condutas específicas visto que sabemos que as medidas de prevenção e controle de infecções adotadas não repercutem na mudança dos índices de infecção hospitalar. Espera-se, efetivamente, que as ações educativas possibilitem ou estimulem a reflexão da atuação de cada um, propicie a aprendizagem e modifique as práticas instituídas (ABEGG; SILVA, 2011). A equipe de enfermagem vem buscando meios para reduzir os índices de infecção hospitalar em UTIN, através de conhecimento técnico e científico na educação 57 continuada para a otimização do trabalho do enfermeiro e de sua equipe centrada no cuidado com qualidade. A infecção hospitalar é considerada um problema de saúde pública que tem gerado um impacto na morbimortalidade e vem desencadeando um aumento do tempo de internação e gastos com procedimentos hospitalares, afastando o indivíduo do convívio dos familiares e da vida social. Mesmo com todo avanço científico e tecnológico a infecção hospitalar tornou-se um sério problema de saúde pública que traz preocupações para os profissionais da saúde. Durante a construção do trabalho ficou evidenciado que muito tem sido feito para se conhecer as causas de infecções e a busca por controle da mesma. Através da busca dos artigos, observou-se que as causas de infecções são um problema mundial e que podem ser evitadas através da simples higienização das mãos e da adequação das técnicas assépticas em todos os procedimentos a serem realizados no paciente durante a assistência hospitalar. Aliado a isso, o estudo atual mostra que os enfermeiros vêm buscando meios para evitar a ocorrência de infecção em UTIN através de educação continuada. Através deste estudo pudemos perceber a importância da atuação do enfermeiro na equipe multidisciplinar já que ele exerce uns dos papéis mais essenciais na instituição hospitalar atuando na CCIH, em palestras educativas e também na construção e/ou orientações de protocolos fundamentados nas ações preventivas de controle de infecções hospitalares. Este estudo enfatiza a importância da orientação para os alunos durante a formação acadêmica sobre as medidas preventivas de controle de infecção para ser aplicada durante a sua vida profissional. Esta pesquisa tem demonstrado que só através da mudança de atitude poderá mudar a consciência dos profissionais da saúde sobre a higienização das mãos e a prática das técnicas assépticas, além da necessidade de educação continuada para reduzir os altos índices de infecção hospitalar. A partir da lavagem das mãos, embora seja uma técnica bem simples e a adequação a técnica de procedimentos assépticos são medidas para a redução da infecção hospitalar. Logo, é necessário que os enfermeiros juntamente com toda equipe da comissão de controle de infecção hospitalar mantenham a educação continuada para conscientizar os profissionais da saúde sobre a importância da redução da infecção hospitalar na UTIN. 5.3 Causas de infecção em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal 58 Durante a análise dos artigos foi evidenciado que dentre as principais causas de infecção nos RNs estão o uso de terapia imunossupressora, procedimentos invasivos como punção venosa periférica ou punção venosa central, ventilação mecânica, nutrição parenteral e exposição ao meio. Dentro desta visão foi possível relacionar fatores como conhecimento técnico científico atualizado, infecções neonatais e estudos, os quais relatam que, com o surgimento dos avanços tecnológicos, equipamentos especializados são utilizados na UTI e vem incrementando a sobrevida dos pacientes críticos nas situações em que estão expostos em relação a sua doença, e se por um lado a tecnologia favorece a sobrevida, por outro lado o uso das mesmas de forma invasiva, irá propiciar infecções aos recém- nascidos na Unidade de Terapia Intensiva, o que estimula a enfermagem na construção dos protocolos operacionais padrão, a fim de reduzir os índices de infecção hospitalar. Quando os pacientes são submetidos à ventilação mecânica, os mecanismos de defesa do pulmão estão alterados pela doença de base, ou pela perda da proteção das vias aéreas superiores, em indivíduos com intubação endotraqueal, trazendo distúrbios da fisiologia normal respiratória durante a ventilação mecânica, que vão desde a hipersecreção pulmonar até um aumento da frequência das infecções respiratórias, com alto índice de morbimortalidade (FONTANA, 2006). 5.3.1 Assistência de enfermagem aos recém-nascidos internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal em procedimentos nas vias aéreas superiores. De acordo com a lei do exercício profissional de enfermagem de 1986, é atribuição e responsabilidade do enfermeiro, tanto no âmbito gerencial quanto assistencial, supervisionar a equipe de enfermagem em suas atividades. Foi observado através da leitura que procedimentos rotineiros nas UTIN são descritos como fatores causadores de infecção nas vias aéreas do recém-nascido e esses procedimentos são de inteira responsabilidade da equipe de enfermagem no que diz respeito à supervisão, conservação e manutenção das vias aéreas superiores do recém- nascido. Assim, fica compreensível entender as causas da introdução de patógenos durante a assistência. Os recém-nascidos, em sua maioria, são prematuros, com baixo peso, em uso de imunossupressores e ainda pode se falar da fragilidade e imaturidade das vias aéreas superiores, o que facilita o desencadeamento de contaminação das vias respiratórias. Ainda 59 que relacionadas ao tubo orotraqueal, prejudicam os mecanismos de defesa do trato respiratório, tendo como consequência a pneumonia associada à ventilação mecânica. Romanelli, et al, 2013, relata evidência de que a pneumonia està associada à ventilação mecânica (5,7 peneumonias por 1.000 VM-dia). O estudo de Rangel et al., (2013), mostra que o desenvolvimento das infecções relacionadas à assistência à saúde, em neonatos está ligado com a superlotação das unidades em neonatos, às deficiências de recursos humanos, à infraestrutura dos serviços de saúde, utilização de procedimentos invasivos por longos períodos como também aos fatores do próprio recém-nascido, como a idade gestacional no parto e peso de nascimento, sabe-se ainda que a incidência das mesmas em neonatos também está relacionada com a utilização de cateter venoso central e de ventilação mecânica. Outros estudos também confirmam que práticas assistenciais por parte da enfermagem, como instrumentação e manual do neonato, também possuem relação com as infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS). 5.3.2 Assistência de enfermagem na nutrição parenteral total e tubo nasogástrico empregado ao recém-nascido em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal Durante a leitura dos artigos referentes à nutrição parenteral certificou-se que é de suma importância que este procedimento seja realizado pelo enfermeiro, tendo em vista que se trata de ação invasiva passível de ocorrer infecção durante a manipulação de cateteres e o invólucro que contém a nutrição parenteral e também ainda pode se citada a preocupação com o uso exclusivo desta via, a fim de também evitar embolia venosa. A medida mais importante para prevenir bacteremias decorrentes da contaminação do preparo de nutrição parenteral é o uso rigoroso de técnicas assépticas. A literatura recomenda que o preparo da nutrição parenteral, além do uso das técnicas assépticas, seja feito em local próprio com capela de fluxo laminar e, se possível, a nutrição parenteral deveria ser preparada na farmácia e não na unidade de internação para que haja controle da qualidade do preparo e se reduza a exposição a patógenos hospitalares que podem contaminar a solução Rangel, et al, 2013. A unidade em estudo oferece suporte nutricional ao recém-nascido na tentativa de auxiliar no ganho de peso, desenvolvimento e crescimento, porém o recém- nascido em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal possui uma flora intestinal residual que ainda está imatura necessitando assim de técnica asséptica e supervisionada por nutricionista, 60 enfermeiro, médicos pediátricos assegurados e manutenção da empregabilidade do protocolo empregado para o mesmo. De acordo co o estudo de Catarino et al., (2012) os fatores de risco associados ao desenvolvimento da infecções primárias de corrente sanguíneas IPCS no recém-nascido incluem idade, peso ao nascer, doença de base, o uso de cateteres centrais e fatores do hospedeiro.O uso de cateter venoso central e nutrição parenteral total por uso prolongado, manipulação excessiva dos dispositivos de infusão em função da gravidade do quadro, antissepsia inadequada no momento de inserção do cateter, localização do cateter, material utilizado para a fabricação do cateter, que pode favorecer a aderência de micro-organismos, se agrupam aos riscos desta população em adquirir infecção. Outro ponto observado por Romanelli et al., (2013), é que a avaliação das infecções neonatais que atende aos critérios da rede nacional de segurança na assistência à saúde revelam uma associação entre o uso de ventilação mecânica, cateter venoso central e tubo nasogástrico, o que indicou um maior risco de adquirir infecção na corrente sanguínea laboratorialmente confirmada. 5.3.3 Assistência de enfermagem na antibioticoterapia, aos recém- nascidos internados em UTIN O estudo atual descreve o uso indiscriminado de antibióticos ao RNs, não havendo medidas preventivas em relação à sensibilização destes visto que o uso abusivo dos antibióticos propicia prejuízo anatômico e fisiológico, o que pode levar a outras complicações reservas a estes bebês. Foi observado através deste estudo que inúmeros fatores contribuem para que os recém-nascidos desenvolvam infecção em Unidade de Terapia Intensiva, motivo este que nos faz refletir acerca da importância da atuação do profissional enfermeiro intensivista em parceria com o enfermeiro da CCIH com a construção de protocolos, orientação para as mães e palestras educativas, para que estes fatores sejam evitáveis quando possíveis, reduzindo suas ocorrências e impedindo a proliferação do mesmo nos bebês (ROCHA; LEMES, 2010). Tragante et al., (2008), conclui que a detecção de bactérias multirresistentes e o controle da disseminação por meio da redução do uso de cefalosporinas de terceira e quarta geração, além de medidas rigorosas para o controle da IH podem evitar a instalação endêmica 61 destes patógenos que têm impacto negativo na sobrevida de RN prematuros e ou doentes, internados em UTIN. Segundo o estudo de Rangel et al., (2013), a ocorrência de IH entre os recémnascidos internados no setor de neonatologia, independente dos fatores relacionados serem intrínsecos ou extrínsecos, tais como: sexo, prematuridade, tempo de internação, sítio principal da infecção, procedimentos invasivos realizados, culturas microbiológicas invasivas e micro-organismos isolados multirresistentes antimicrobiano, colonização e procedimentos infecciosos, evolução para sepse e óbitos. Romanelli et al., (2013), evidencia em seu estudo que na Turquia também foram avaliados casos de infecções relacionados a infecções adquiridas na assistência à saúde e foram comprovadas em laboratório. Observou-se ainda um menor peso ao nascer, a idade gestacional e os índices de Apgar, além de internações mais longas e uso de antibióticos que estavam associados à infecção. O antibiótico é muito consumido em Unidade de Terapia Intensiva neonatal e sua inadequação aliada ao uso abusivo de antibióticos e a falta de critérios na escolha de tratamento empírico são fatores determinantes para que aconteça o surgimento de diversos micro-organismos multirresistentes (OLIVEIRA et al., 2007). O estudo anterior é de grande relevância para o estudo atual uma vez que o corpo de enfermagem assume o papel do manejo dos antibióticos desde a leitura na prescrição médica, preparo e administração. Neste sentido, a obtenção de conhecimentos atuais em relação à importância do antibiótico e os prejuízos que o mesmo pode causar ao recémnascido é intrínseco para o enfermeiro. 5.3.4 Adesão à higienização das mãos pelos profissionais de saúde em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal Neste estudo foi possível identificar que os micro-organismos presentes na UTIN variam em espécie e quantidade o que facilita a contaminação de instrumentais e espaço físico, o que facilita a infecção cruzada durante a manipulação dos objetos usados na realização da assistência prestada aos recém-nascidos. Sendo assim, um dos fatores principais causadores é a não lavagem das mãos ou a lavagem de forma incorreta. 62 Romanelli et al., (2013), descreve que as práticas de prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde devem ser priorizadas em unidades neonatais devido a população ser de alto risco. Essas práticas devem incluir alimentação enteral precoce, amamentação e tempo reduzido de permanência na unidade, bem como o treinamento e a educação continuada da equipe médica. A importância das mãos quanto à transmissão de infecção hospitalar é mundialmente conhecida, sendo um procedimento essencial para a prevenção de infecções, mas é difícil tornar esta prática uma rotina no comportamento dos profissionais de saúde que, apesar do conhecimento da importância não utilizam esta prática, que é mais negligenciada por parte dos médicos do que das enfermeiras (MARTINEZ et al., 2008). O estudo atual revela a preocupação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar em estimular o profissional de saúde para a higienização das mãos, tanto o é que próximo às pias em paredes e junto às incubadoras existe lembretes sobre a necessidade de prevenir infecção através da lavagem das mãos. No controle das infecções hospitalares, é fundamental a retomada de práticas simples, mas que são relegadas a um plano secundário, como a lavagem das mãos, a utilização correta das medidas de precaução e isolamento, a conscientização da equipe de saúde sobre essas medidas aliadas à orientação aos acompanhantes do recém-nascido (LIMA et al., 2009). Segundo a portaria nº 2.616 12 de maio de 1998, a lavagem das mãos é a fricção vigorosa de toda a superfície das mãos e punhos, utilizando-se sabão em água corrente (BRASIL, 1998). Como a infecção hospitalar está relacionada com os fatores intrínsecos e extrínsecos, a equipe multiprofissional tem que se conscientizar sobre a necessidade da lavagem das mãos e adesão às técnicas de procedimentos assépticos para evitar que venham acontecer. 5.3.5 Infecções da corrente sanguínea em Unidade de Terapia Intensiva em Neonatologia. A Infecção em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal relaciona-se a procedimentos invasivos na corrente sanguínea por dispositivos. E após a leitura e análise dos artigos foram evidenciados que várias categorias intrinsecamente relacionadas às infecções 63 em RN, como, por exemplo, as punções periféricas e também centrais realizadas por enfermeiros, técnicos de enfermagem e também por médicos são citados nos artigos como causas de contaminação pela quebra de protocolo durante a realização das mesmas. Isso gerou uma inquietação preocupante, pois uma vez contaminado o paciente esse patógeno irá circular direto na corrente sanguínea causando danos irreversíveis. Este estudo confirma o trabalho atual ao descrever que em todas as faixas de peso ao nascer e a intensidade de incidência de infecção da corrente sanguínea estão associadas ao cateter venoso central, o que foi laboratorialmente confirmado (ROMANELLI et al., 2013). A sepse neonatal é uma infecção sistêmica que pode ser adquirida no período pré-natal através da corrente sanguínea da mãe, da placenta, pelo líquido amniótico infectado, na hora do parto ou alguns dias após o parto. Quando a sepse se apresenta até o sexto dia de vida da criança é classificada como sepse no período neonatal precoce, na maioria das vezes causada por micro-organismos da mãe, sendo geralmente uma infecção de difícil delimitação e que se apresenta de forma aguda. Nos casos em que se apresenta somente após o sétimo dia de vida são predominantemente hospitalares e classificam-se como sepse neonatal tardia, cuja forma principal de contaminação se dá pela manipulação inadequada do neonato e ausência de assepsia na realização das intervenções, problema este que na maioria das vezes pode ser evitado com medidas de prevenção (CHAVES et al., 2011). 5.4 Ações preventivas de enfermagem relacionadas à infecção hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. A prevenção e a redução das infecções hospitalares são variáveis em vários casos, tanto o é que um estudo realizado após a implantação da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar na Unidade de Terapia Intensiva em um hospital privado no estado do Paraná comprovou que em um ano após a implantação já tinha sofrido uma melhora no comportamento dos profissionais, o que foi fundamental para que houvesse uma minimização na incidência de infecções relacionadas à assistência (ABEGG; SILVA, 2011). A responsabilidade de prevenção e controle de infecção hospitalar é individual e coletivo, ou seja, tanto dos profissionais vinculados à assistência como dos próprios pacientes. Dessa maneira, se faz necessária a integração da equipe de Comissão de Controle de Infecções Hospitalares com todos os demais setores do hospital, caso contrário as 64 infecções hospitalares sempre representarão uma barreira na prestação de serviços de saúde seguros e de qualidade (CHAVES et al., 2011). Segundo Abegg & Silva,(2011), a informação, o treinamento, o comprometimento e a conscientização da equipe médica e colaboradores, quanto à importância do uso diário das normas preconizadas pela comissão de controle de infecção hospitalar, é possível de se obter resultados significativos e satisfatórios na diminuição dos casos de IH melhorando a qualidade de assistência à saúde. A UTI possui sua própria microbiota multirresistente, por isso é necessário que sejam implantados programas de controle de infecção hospitalar dentro desses locais, para que possa minimizar os índices de infecção cruzada que podem ser evitados com a adesão de protocolos para a técnica asséptica relacionada a procedimentos invasivos criados pela equipe de saúde (FONTANA, 2006). Lima et al., (2014), mostrou que as ações realizadas pela comissão de controle de infecção hospitalar contribuíram para a diminuição da frequência de cepas multirresistentes circulantes na UTIN de Terezina-PI. Esta diminuição deu-se através da organização de ações de vigilância epidemiológica com a definição de funções entre os componentes da CCIH, além da elaboração de instrumentos de coleta de dados, protocolos operacionais padrão sobre o uso de antimicrobianos, critérios para realização de culturas, métodos de isolamentos de pacientes e procedimentos invasivos. Outro fator decisivo para que haja uma diminuição no índice de infecção hospitalar é a flora fúngica no ambiente da UTIN que pode contaminar tanto o cliente quanto os funcionários pela exposição diária ao ar condicionado contaminado por patógenos e pode vir a causar infecções propriamente ditas, processos alérgicos e intoxicações Lopes, et al, 2008. O estudo acima citado surgere a supervisão do enfermeiro acerca da limpeza do filtro do ar condicionado no pensamento de prevenir infecções, alergias, intoxicações causadas principalmente pelo Aspergillus spp, sendo este um agente oportunista que podem provocar a colonização em cavidades de pré-existentes. De acordo com o estudo de Fontana, (2006), foi demonstrado à importância que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar adquire em uma instituição hospitalar já que é uma comissão que atua diretamente com o paciente, com os serviços de apoio, com a 65 educação continuada da equipe e, principalmente, com a normalização de procedimentos e condutas e com a vigilância epidemiológica continuada. Foi possível observar que a equipe de enfermagem é de fundamental importância no controle das infecções em todos os aspectos até aqui descritos, pois a enfermagem atua desde a supervisão até a alta do cliente e ainda podemos falar da criação e uso dos protocolos incentivando todo o corpo clínico para que execute um trabalho seguro tanto para o cliente como para os profissionais. 66 CONCLUSÃO O estudo atual evidencia que os índices de infecção hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal são significativos em relação à morbimortalidade dos recémnascidos. A assistência realizada ao recém-nascido é o principal meio para contaminação cruzada motivo pelos qual se faz necessário o uso de protocolos e conscientização da equipe de enfermagem sobre o uso adequado de técnicas assépticas e a contínua lavagem das mãos. Os procedimentos com maior frequência de contaminação em recém-nascidos foram através de punções para coleta de sangue para realização de exames e também nas punções venosas central e periférica para administração de medicações e reposição volêmica, o que é relevante, pois a contaminação ocorre diretamente na corrente sanguínea causando prejuízo ao RN. Existem falhas durante a assistência prestada ao RN que levam ao aumento do tempo de internação, custos, uso de antimicrobianos, necessidade de realização de procedimentos invasivos, entre outros, fatores intrínsecos e extrínsecos que vêm a aumentar o risco para o cliente ser contaminado por algum patógeno e contrair uma infecção hospitalar. As iatrogenias devem ser combatidas e prevenidas pela equipe de saúde juntamente com a vigilância epidemiológica e também a CCIH que devem realizar a criação de protocolos padrões, capacitação, educação continuada, orientações e advertências aos funcionários com o objetivo de motivá-los para que haja uma maior adesão e uma redução dos índices de infecção hospitalar. O controle e prevenção de infecção constituem uma medida de extrema importância e a lavagem das mãos evita uma possível transmissão de patógenos causadores de infecção hospitalar. Desse modo, faz-se necessário sempre manter as medidas educativas através de palestras para conscientizar os profissionais sobre a importância de prevenção de infecção. 67 CONSIDERAÇÕES Diante dos resultados e conclusões obtidas observou-se por meio do estudo que a equipe de enfermagem vem buscando meios para reduzir os índices de infecção hospitalar em UTIN, através do aprimoramento do conhecimento técnico científico, uma vez que o trabalho do enfermeiro e de sua equipe é centrado no cuidado com qualidade e humanizado. O estudo atual evidencia que a prevalência de publicações se deram nos últimos 10 anos, que menciona os índices elevados de infecções hospitalares, e a cada dia surge à necessidade de buscar novos estudos e ações para reduzir as infecções, tais como: educação continuada, cartazes informativos e investimentos na capacitação de funcionários acerca de prevenção de IH. Apesar dos avanços tecnológicos, os indicadores epidemiológicos estão elevados e vive-se uma realidade em que alguns profissionais da área da saúde necessitam de estímulo para lidar e aceitar que há necessidade de adesão das medidas preventivas, para que possam diminuir os índices de mortalidade e morbidade na rede hospitalar. Através deste estudo compreendemos a importância da atuação do enfermeiro na equipe multidisciplinar, exercendo uns dos papéis mais importantes na instituição hospitalar que é o de atuar também no controle de infecção hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Deve-se também realizar a elaboração de protocolos de atendimento direcionados a procedimentos invasivos ou tratamento especifico como ventilação mecânica, tubo endotraqueal, orotraqueal, nutrição parenteral, terapia imunossupressora e o uso de antibióticos porque estão associados às complicações que podem levar às infecções relacionadas à assistência à saúde. A adesão dos profissionais da área da saúde a simples lavagem das mãos ainda é um problema a ser minimizado, pois a prevenção sempre é o melhor caminho com baixo custo e, acessível, mas nem sempre o mais aderido pelas pessoas. Por conseguinte, é fundamental continuar adequando o comportamento, educando e capacitando, pois é através dessas ações que se vence a batalha contra a infecção hospitalar. 68 O caminho para que aconteça uma melhor assistência existe, mas depende de cada um para que possa proteger os recém-nascidos contra as infecções hospitalares, responsabilidade esta que cabe à equipe médica, equipe de enfermagem, gerência de risco, controle epidemiológico e a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar no que diz respeito à qualidade de assistência prestada ao paciente que já está debilitado em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. A importância da orientação para os alunos durante a formação acadêmica sobre as medidas preventivas de controle de infecção para ser aplicada durante a sua vida profissional são fundamentais. Aliado a isso, através da realização desta pesquisa ficou demonstrado que só através de uma mudança de atitude e conscientização dos profissionais da saúde sobre a higienização das mãos, a prática de técnicas assépticas e a necessidade de educação continuada poderão evitar os altos índices de infecção hospitalar. Espera-se que este estudo ofereça auxílio para outros e que possa mostrar novos caminhos que levem o profissional a exercer suas atividades diárias com consciência, responsabilidade e ética, oferecendo uma assistência humanizada da melhor forma possível. 69 REFERÊNCIAS ABEGG, Patricia Terron Ghezzi M; Silva, Ligiane de Lourdes da. Controle de infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva: estudo retrospectivo . Semina cienc. biol. saude; 32(1): 47-58, jan.-jun. 2011. 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