TÚLIO GUSTAVO VEIGA GAMA AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE DOR PÓS-OPERATÓRIA APÓS O USO DE DOIS MEDICAMENTOS INTRACANAIS Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Estácio de Sá, visando à obtenção do grau de Mestre em Odontologia (Endodontia). ORIENTADOR: Profº Dr. José Freitas Siqueira Júnior UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ RIO DE JANEIRO 2006 II Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) G184 Gama, Túlio Gustavo Veiga Avaliação da incidência de dor pós-operatória após o uso de dois medicamentos intracanais / Túlio Gustavo Veiga Gama. – Rio de Janeiro, 2006. 79 f. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado em Endodontia)– Universidade Estácio de Sá, 2006. Bibliografia: f. 52-62. 1. Dor pós-operatória. 2. Medicamentos - Utilização. 3. Endodontia. I. Título. CDD 617.9195 III DEDICATÓRIA À minha mãe, Nize Helena de Souza Veiga, que me formou, e me ensinou os valores da vida com o maior amor possível. “A mãe é a amiga mais fiel que podemos ter quando as provações da vida despencam sobre nós. Ela permanece ao nosso lado e se esforça com seus bondosos preceitos e conselhos para dissipar as nuvens de escuridão e trazer de volta a paz aos nossos corações”. (Washington Irving) Aos meus avós, Gustavo Veiga e Zurema Barbosa de Souza Veiga, que com tanto carinho me criaram. “Avô- Pai sem exigências. Avó- Mãe com açúcar”. (Lauro Muller) À minha namorada, Camila Santos Boasquevisque, por todo amor, companheirismo e consideração. Em memória de, Joanir de Almeida Gama e Pedro Gustavo de Souza Veiga, que me ensinaram o valor da vida. “Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. (Antoine de Saint-Exupéry) IV AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, José Freitas Siqueira Júnior, pelo cuidado, dedicação, ensinamentos e paciência. À minha co-orientadora Isabela das Neves Rôças Siqueira pelo estímulo e conhecimentos transmitidos. Aos professores Antônio José de Castro, Ernani da Costa Abad, que são meu modelo ético, pelo constante carinho e ajuda em todas as horas. Aos pacientes pela coleta de dados. V EPÍGRAFE “Se enxerguei mais longe, foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes” Isaac Newton VI ÍNDICE Página RESUMO.............................................................................................VIII ABSTRACT.........................................................................................IX LISTA DE FIGURAS............................................................................X LISTA DE TABELAS...........................................................................XI INTRODUÇÃO.....................................................................................1 PROPOSIÇÃO.....................................................................................21 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................22 RESULTADOS.................................................................................... 29 DISCUSSÃO....................................................................................... 38 CONCLUSÃO..................................................................................... 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................... 52 ANEXOS..............................................................................................63 Anexo 1. Ficha de endodontia.............................................................64 Anexo 2. Ficha de inscrição.................................................................66 Anexo 3. Questionário médico.............................................................67 VII RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar a incidência de dor pós-operatória (incluindo flare-ups) entre as sessões do tratamento endodôntico após o uso de um gel de digluconato de clorexidina a 0,12% ou da pasta HPG (hidróxido de cálcio, paramonoclorofenol canforado e glicerina) como medicação intracanal. Foram avaliados 138 casos de necrose pulpar e retratamento endodôntico de dentes com e sem lesão perirradicular. Todos os canais foram instrumentados por uma técnica padronizada e utilizando NaOCl a 2,5% como substância química auxiliar. Dos 138 casos, 69 foram medicados com HPG, e os outros 69 com digluconato de clorexidina a 0,12%. A incidência de dor pós-operatória de diferentes intensidades foi avaliada durante o período entre as consultas. Os dados revelaram ausência de dor em 84% dos casos medicados com clorexidina. Quatro casos (5.8%) foram classificados como flare-ups. Do total de casos medicados com HPG, houve 84% de ausência de dor, e nenhum caso de flare-up. Não houve diferença significante entre os grupos quando da análise total dos dados. Todas as possíveis combinações envolvendo os dois medicamentos, casos de tratamento e retratamento endodôntico e ainda a presença ou ausência de lesão perirradicular também resultaram em ausência de diferenças estatisticamente significantes quanto à incidência de dor. O baixo índice de dor pós-operatória observado neste estudo dá suporte ao emprego de estratégias antimicrobianas durante a execução do tratamento ou retratamento endodôntico, incluindo a utilização de diferentes medicamentos intracanais. Palavras-chave: dor pós-operatória; endodôntico. VIII medicação intracanal; tratamento ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the incidence of postoperative pain (including flare-ups) between the appointments of the endodontic treatment after root canal dressings with a 0.12% chlorhexidine digluconate gel or the HPG paste (calcium hydroxide, camphorated paramonochlorophenol and glycerin). Overall, 138 teeth were selected for this study and had their canals prepared by a standardized instrumentation technique using 2.5% NaOCl as irrigant. Of the 138 cases, 69 were dressed with HPG, and the other 69 cases were medicated with 0.12% chlorhexidine gel. The incidence of the different intensity levels of postoperative pain was registered for the period between appointments. Data revealed that, of the total number of cases medicated with chlorhexidine, pain was absent in 84% of the cases. Four cases (5.8%) were categorized as flare-ups. Of the total number of cases medicated with HPG, 84% showed no pain while flare-ups never occurred. There was no statistically significant difference between the groups when comparing the whole data. All possible combinations between medicaments, treatment and retreatment cases, or teeth with or without lesions, yielded no significant differences either. The low incidence of post-operative pain observed in the present study gives support to the use antimicrobial strategies during the endodontic treatment and retreatment, including the application of different intracanal medicaments between appointments. Keywords: postoperative pain; endodontic treatment; intracanal medication. IX LISTA DE FIGURAS Página Figura 1. Casos de tratamento medicados com clorexidina.................................32 Figura 2. Casos de retratamento medicados com clorexidina..............................33 Figura 3. Casos totais (tratamento + retratamento) medicados com clorexidina..34 Figura 4. Casos de tratamento medicados com HPG.......................................... 35 Figura 5. Casos de retratamento medicados com HPG....................................... 36 Figura 6. Casos totais (tratamento + retratamento) medicados com HPG............37 X LISTA DE TABELAS Página Tabela 1. Valores de P após análise estatística para múltiplas comparações utilizando o teste exato de Fisher e o Qui-quadrado com correção de Yates (p< 0,05)....................................................................................................................... 31 Tabela 2. Casos de tratamento medicados com clorexidina................................. 32 Tabela 3. Casos de retratamento medicados com clorexidina.............................. 33 Tabela 4. Casos de tratamento medicados com HPG.......................................... 35 Tabela 5. Casos de retratamento medicados com HPG....................................... 36 XI INTRODUÇÃO Durante o tratamento endodôntico, profissionais podem se deparar com situações não muito freqüentes, como a exacerbação aguda de uma patologia perirradicular entre as sessões do tratamento, principalmente no caso de pacientes que já chegaram ao consultório com algum tipo de sinal ou sintoma (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). Quando leva à necessidade de uma consulta emergencial, esta manifestação aguda entre as sessões do tratamento endodôntico é denominada flare-up (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). No flare-up há ocorrência de dor severa e/ou tumefação que se inicia em poucas horas ou alguns dias após o tratamento ter sido realizado, caracterizandose como um quadro de emergência e, assim, necessitando de atendimento imediato (SELTZER & NAIRDORF, 2004). Alguns fatores podem predispor à ocorrência do flare-up. Fatores relacionados ao paciente podem incluir: idade, sintomatologia prévia, elemento dental em questão, presença de lesões perirradiculares, tamanho destas lesões caso estejam presentes e reações adversas relacionadas a algum medicamento (TORABINEJAD et al., 1988). TORABINEJAD et al. (1988), em estudo retrospectivo com 2000 pacientes, evidenciaram que flare-ups ocorreram com maior frequência em pacientes na faixa etária entre 40 e 59 anos. De acordo com o estudo, pacientes acima desta faixa etária podem apresentar maior dificuldade em mobilizar respostas inflamatórias severas. Neste mesmo estudo, foi verificado que o menor índice de flare-ups está 1 relacionado aos pacientes na faixa etária abaixo dos 20 anos de idade. Pressupõe-se que estes pacientes tenham uma maior tolerância psicológica ao tratamento e à dor (TORABINEJAD et al., 1988). Ainda de acordo com o estudo de TORABINEJAD et al. (1988), os pacientes mais acometidos por flare-ups são mulheres com mais de 40 anos, o que pode estar relacionado às alterações hormonais. Outros estudos não encontraram relação entre a ocorrência de flare-ups e sexo e idade de pacientes (ALAÇAM & TINAZ, 2002). Segundo WALTON & FOUAD (1992), quando o fator idade foi relacionado a flare-ups, não houve tendência para qualquer faixa etária e nenhum padrão foi estabelecido. Com relação ao sexo, houve uma incidência duas vezes maior em mulheres, entretanto esta diferença não foi estatisticamente significante. Este estudo confirma os dados de MOR et al. (1992), que também não encontraram relação entre a incidência de flare-ups com sexo e idade de pacientes. ALAÇAM & TINAZ (2002), não encontraram diferenças na ocorrência de flare-ups quando compararam pacientes entre 9 a 39 anos de idade e outro grupo de pacientes acima dos 40 anos de idade. Os resultados do estudo de MOR et al. (1992) também revelaram que o maior índice de flare-ups foi relacionado a dentes não-vitais. Também observou-se que a probabilidade da ocorrência de flare-ups não diferiu após a primeira, segunda ou terceira consulta do tratamento endodôntico. De acordo com alguns estudos (TORABINEJAD et al., 1988; WALTON & FOUAD, 1992), um paciente que reporta dor e/ou edema previamente ao 2 tratamento endodôntico tem mais chances de ter um flare-up do que outros pacientes que não apresentam tais sinais e sintomas. A intensidade da dor préoperatória usualmente determina o nível de dor em um flare-up (TORABINEJAD et al., 1988). WALTON & FOUAD (1992), avaliando a relação de sinais e sintomas pré-operatórios com índices de flare-ups, chegaram à conclusão que o fator mais importante no aparecimento de dor pós-operatória está relacionado à dor severa prévia, que resultou em um índice de flare-ups de 19%, seguida de edema localizado ou difuso, com uma ocorrência de 15%. Para SIQUEIRA et al. (2002), a ocorrência do flare-up foi relacionada com casos de dor prévia, porém apenas em dentes sem lesão perirradicular. Outros estudos não encontraram relação entre sinais e sintomas prévios com a incidência de flare-ups. Segundo ALAÇAM & TINAZ (2002), não houve diferença estatisticamente significante para ocorrência de flare-ups quando foram comparados casos com e sem sintomatologia prévia ao tratamento endodôntico. Outro fator relevante na predisposição aos flare-ups diz respeito ao elemento dentário envolvido e sua localização na arcada. Segundo TORABINEJAD et al. (1988), os dentes inferiores são mais acometidos do que os superiores, não havendo diferença significante em relação a anteriores ou posteriores. O dente mais acometido neste estudo foi o primeiro molar inferior. Entretanto, quando se avaliou o grupamento dentário, o primeiro premolar inferior foi o mais acometido, provavelmente devido à sua complexa anatomia interna. HARRISON et al. (1983) não encontraram diferença em relação à incidência de flare-ups quando compararam dentes anteriores e posteriores; 3 superiores e inferiores; unirradiculares e multirradiculares. Estes achados corroboram os de WALTON & FOUAD (1992), que também não encontraram diferença estatisticamente significante entre os grupos dentários. Outros estudos demonstraram um maior número de flare-ups em incisivos laterais superiores, seguidos pelo primeiro premolar inferior (MORSE et al., 1986). A provável explicação para um maior acometimento dos dentes inferiores pode estar relacionada ao fato de no osso mandibular existir uma lâmina cortical mais densa, o que dificultaria a expansão do exsudato inflamatório (TORABINEJAD et al., 1988). Este mesmo princípio explicaria também o achado de TORABINEJAD et al. (1988), que verificaram um maior índice de flare-ups para lesões perirradiculares pequenas quando comparadas às lesões maiores. Esta relação com a falta de espaço para uma dissipação do exsudato inflamatório através do osso foi confirmada por SIQUEIRA et al. (2002). No estudo de TORABINEJAD et al. (1988), ainda percebeu-se uma inversa proporcionalidade entre o tamanho da lesão perirradicular e a intensidade do flare-up. Quanto menor a lesão, maior a intensidade do flare-up. Em lesões perirradiculares maiores, o índice de flare-up foi bem menor (TORABINEJAD et al., 1988). O estado de saúde geral do paciente parece estar relacionado à ocorrência de flare-ups. Dentre estes fatores destacam-se os processos alérgicos. Um número grande de fármacos é usado na terapêutica endodôntica e muitos deles têm o potencial de desencadear um processo alérgico em pacientes, fator este comprovado por TORABINEJAD et al. (1988). Segundo estes autores, nestes casos, pode-se prevenir o flare-up com o uso de anti-histamínicos utilizados 4 sistemicamente. Entretanto, WALTON & FOUAD (1992) não encontraram qualquer relação entre tendências a alergias por parte dos pacientes e a ocorrência de flare-ups. A presença de fístula em dentes com infecção endodôntica indica uma tentativa do sistema imune em exteriorizar o exsudato inflamatório, reduzindo a pressão tecidual. Isto, na maioria das vezes, dá ao paciente um grande conforto com relação à dor. TORABINEJAD et al. (1988) confirmaram que a presença de fístula antes do tratamento diminui a probabilidade da ocorrência de flare-ups. Segundo SIQUEIRA et al. (2002), um maior índice de dor em casos sem lesão perirradicular associada pode ser atribuído à falta de espaço para alívio da pressão quando a reabsorção óssea local está ausente. Para estes casos, a formação de uma fístula como cronificação da infecção resultaria em alívio dos sintomas (SIQUEIRA et al., 2004-b). ALAÇAM & TINAZ (2002) observaram baixa incidência de dor em casos com fístula. Entretanto, a principal causa para o acontecimento de flare-up está relacionada a procedimentos realizados pelo profissional. A sobreinstrumentação é uma das principais causas de dor entre as sessões do tratamento endodôntico. Além da agressão mecânica provocada pelo transpasse da lima endodôntica através do forame apical, em casos de necrose pulpar ou retratamento, ocorre também a agressão biológica. No caso da sobreinstrumentação, a intensidade da agressão é proporcional à intensidade da resposta inflamatória. Portanto se o transpasse ocorre com instrumentos de maior calibre (geralmente maiores do que 25 mm), os sinais e sintomas tendem a ser piores. Conseqüentemente haverá um 5 alargamento do forame apical maior do que o necessário, favorecendo o influxo de exsudato e sangue para dentro do sistema de canais radiculares (CHAVÉZ DE PAZ, 2002). Com isto ocorrerá o suprimento nutricional para microrganismos ramanescentes permitindo que estes sobrevivam e proliferem. Em casos de necrose pulpar, esta sobreinstrumentação causa acentuada extrusão apical de detritos contaminados, tornando-se ainda mais deletéria, pois rompe o equilíbrio anteriormente estabelecido entre a resposta imunológica e bactérias infectanto o canal. Isto ocorre devido ao aumento do número de irritantes nos tecidos perirradiculares, que acarretará uma resposta inflamatória aguda para que possa haver o restabelecimento do equilíbrio. Detritos contaminados extruídos para os tecidos perirradiculares podem ser responsáveis por inflamações perirradiculares persistentes e conseqüente fracasso na terapia endodôntica (SIQUEIRA, 2005). Elementos dentários que necessitam de retratamento por fracasso na terapia prévia em combater microrganismos têm que ser diferenciados na terapia endodôntica por apresentarem infecção. A região apical do canal tem se mostrado um dos locais com melhores requisitos para colonização microbiana, pois há um íntimo contato com os tecidos perirradiculares através do forame apical e de foraminas. Este complexo tem sido chamado de zona crítica apical (SIQUEIRA et al., 2004-c). O fracasso da terapia endodôntica pode estar relacionado à presença de microrganismos na região apical do canal, fazendo com que seja necessária uma instrumentação em todo o comprimento do canal principal, o que pode 6 favorecer a conseqüente extrusão apical de detritos ou de material obturador contaminado. Tem sido demonstrado que a incidência de dor pós-operatória é maior em casos de retratamento do que em casos de tratamento (TORABINEJAD et al., 1988). Nos casos de retratamento endodôntico, há a remoção de material obturador do interior do sistema de canais radiculares seguido de uma nova instrumentação. A partir desta manipulação, detritos e restos do material obturador tendem a ser forçados em direção aos tecidos perirradiculares. Este evento é agravado pelo fato de que se um retratamento endodôntico está sendo realizado, provavelmente houve um fracasso no primeiro tratamento, aumentando a probabilidade de que microrganismos resistentes ao primeiro tratamento e até mais virulentos estejam ali presentes. Há a possibilidade também que, através de uma infiltração coronária, novos microrganismos estejam presentes no canal radicular. Um fator que também contribui para uma exacerbação inflamatória em casos de retratamento endodôntico diz respeito ao uso de solventes como eucaliptol, xilol e outros, que são tóxicos aos tecidos perirradiculares. O desequilíbrio harmônico entre o hospedeiro e a microbiota local também pode ser interrompido caso seja realizada uma instrumentação incompleta do canal radicular (SIQUEIRA et al., 2002). Este fator atingiria uma microbiota associada a uma infecção primária onde existe o estabelecimento de um consórcio microbiano em equilíbrio. Um preparo químico-mecânico incompleto nestas condições pode desequilibrar esta comunidade eliminando algumas 7 espécies que inibiam outras, favorecendo a proliferação de espécies que antes estavam inibidas (SUNDQVIST, 1992). Estas espécies podem causar uma exacerbação inflamatória caso estejam em grande número ou tenham um potencial de virulência suficiente para isto. Além disso, outra mudança ambiental que pode ser ocasionada pela instrumentação incompleta é a entrada de oxigênio no canal radicular, favorecendo a proliferação de bactérias facultativas (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). O oxigênio e seus produtos realizam um importante papel como determinantes ecológicos no desenvolvimento da microbiota endodôntica. A entrada de oxigênio no canal radicular pode alterar o potencial de oxirredução no ambiente causando proliferação excessiva de bactérias facultativas com risco de exacerbação inflamatória e conseqüente dor. Entretanto, devido à falta de evidência científica e pela falta de estudos mais criteriosos, estas hipóteses ainda tratam-se de especulações (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). Tem sido demonstrado que um melhor prognóstico endodôntico é conseguido quando os procedimentos intracanais ficam confinados ao interior do sistema de canais radiculares (SIQUEIRA, 2005). RICUCCI & LANGELAND (1998), em estudo através de cortes histológicos, mostraram que a partir de uma instrumentação e obturação limitada ao interior do sistema de canais radiculares haveria uma resposta dos tecidos perirradiculares de melhor qualidade. Fatores iatrogênicos que podem ocasionar flare-up ainda incluem a sobreobturação e o extravasamento de solução irrigadora e/ou de medicação intracanal (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). Isto ocorre quando materiais 8 obturadores, instrumentos, medicações intracanais ou soluções irrigadoras são utilizados além do limite apical atingindo os tecidos perirradiculares. Em vista disto, além de procedimentos clínicos cautelosos e criteriosos, torna-se importante na prevenção de flare-ups, a escolha de um material que seja o menos citotóxico possível e que seja biocompativel com os tecidos perirradiculares. Um procedimento que ainda é comum no tratamento endodôntico e que pode colaborar para o aparecimento de um flare-up é deixar o dente aberto para drenagem, o que negligencia os procedimentos de assepsia que regem os princípios biológicos do tratamento endodôntico. Deixar o dente aberto para drenagem é uma forma direta de permitir a reinfecção do sistema de canais radiculares e entrada de novos microrganismos. Se o dente é deixado aberto, mais células microbianas, produtos microbianos e substratos terão acesso ao canal radicular. A partir de uma drenagem via canal radicular e/ou mucosa, o ideal a ser realizado seria realizar o preparo químico-mecânico completo, seguido da utilização de uma medicação intracanal adequada e o selamento coronário devido. A partir do momento que o tratamento endodôntico foi finalizado e a infecção tratada, não haverá mais a formação de exsudato purulento (SIQUEIRA, 2003). A ocorrência de dor pós-operatória está relacionada à indução ou exacerbação da resposta inflamatória nos tecidos perirradiculares deflagrada pela intervenção endodôntica. A resposta inflamatória está relacionada a uma agressão sofrida pelo hospedeiro. Mediadores químicos como a histamina, bradicinina e prostaglandinas são liberados. Podem atuar diretamente sobre fibras nervosas diminuindo o limiar de excitabilidade, ou até mesmo causar dor indiretamente, 9 induzindo o aumento da permeabilidade vascular, produzindo edema que irá gerar dor, através da compressão de fibras nervosas (TROWBRIDGE & EMLING, 1997; SIQUEIRA, 2000). O agente agressor desencadeador destes eventos poderá ter uma origem física, química ou microbiana (SIQUEIRA et al, 2004-b), mas microrganismos parecem ser os principais causadores da dor de origem perirradicular (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). A intensidade de uma resposta inflamatória frente a uma invasão microbiana está relacionada à virulência bacteriana, número de microrganismos e ao sistema de defesa do hospedeiro (SIQUEIRA et al, 2004-b). Na cavidade oral existe um número estimado de 10 bilhões de células bacterianas, variando aproximadamente entre 700 espécies diferentes. Todos estes microrganismos têm as mesmas oportunidades para invadir o espaço do sistema de canais radiculares. O que faz com que de todo este número, apenas alguns microrganismos consigam penetrar nos canais radiculares, é o fato do canal radicular ser um ambiente em que existe uma seleção biológica que dita o tipo e o curso de uma infecção. Dentre estes fatores de seleção podemos citar o ambiente anaeróbico, a inter-relação entre microrganismos e disponibilidade de nutrientes (SUNDQVIST & FIGDOR, 2003). Existem diferentes tipos de infecção endodôntica que estão relacionados a diferentes situações clínicas. Uma infecção intra-radicular primária é a infecção inicial e a microbiota envolvida vai variar de acordo com o tempo da infecção (SIQUEIRA et al., 2004-a). O número de espécies bacterianas nestes casos pode variar de 4 a 7, com o número de células bacterianas aproximando-se entre cem a 10 10 milhões (SUNDQVIST & FIGDOR, 2003). Segundo SIQUEIRA et al. (2004-a), em uma infecção primária geralmente encontra-se a prevalência de bactérias anaeróbias estritas. A microbiota relacionada com a infecção primária está geralmente estruturada no sistema de canais radiculares através de um consórcio misto. Tratando-se de uma infecção mista de origem polimicrobiana, uma alteração de parte deste consórcio irá causar uma desarmonia nos microrganismos remanescentes. Isto pode ser causado por uma instrumentação incompleta do sistema de canais radiculares, que eliminaria espécies dominantes, deixando outras proliferarem no local (SUNDQVIST, 1992). Se ocorrer das remanescentes serem virulentas o bastante e estarem em número suficiente para causar dano aos tecidos perirradiculares, uma resposta inflamatória aguda poderá ocorrer. Lesões perirradiculares são formadas em resposta a uma infecção intraradicular e atuam como uma barreira contra a disseminação da infecção pelo osso alveolar até outros tecidos. Desta maneira, age prevenindo o ingresso de microrganismos a outros sítios do organismo. Contudo, durante uma fase de exacerbação ou de expansão do processo patológico, microrganismos podem invadir os tecidos perirradiculares (NAIR, 2006). A forma mais comum de infecção extra-radicular é o abscesso perirradicular agudo. NAIR (2006), evidenciou a presença de microrganismos em casos de exacerbações inflamatórias, abscessos e fístula. A maioria das vezes em que há um fracasso no tratamento endodôntico existe a relação com um tratamento insatisfatório, ineficaz em controlar a infecção 11 endodôntica. A maior parte dos fatores associados ao fracasso no tratamento está relacionada à persistência de uma infecção microbiana no sistema de canais radiculares e/ou tecidos periradiculares (NAIR, 2006). Entretanto mesmo nos casos onde o tratamento endodôntico foi executado dentro dos melhores padrões disponíveis existe a possibilidade do fracasso. Evidências científicas apontam para as causas microbianas como as principais relacionadas aos casos de fracasso (NAIR, 2006). O menor índice de fracassos no tratamento poderá ocorrer caso haja um número muito reduzido de microrganismos no momento da obturação dos canais radiculares. Se um número suficiente de microrganismos persiste no canal durante a obturação ou tem acesso a este depois da obturação, as chances de fracasso no tratamento aumentam bastante (BYSTRÖM et al., 1987; SJOGREN et al., 1997). Um tipo de discussão existente entre pesquisadores e clínicos, diz respeito ao tratamento endodôntico realizado em uma ou mais sessões. Segundo BERGENHOLTZ & SPÂNGBERG (2004), a escolha do número de sessões de tratamento deve estar diretamente relacionada ao diagnóstico endodôntico, avaliando-se a vitalidade do elemento em questão. O preparo químico-mecânico é uma das fases mais importantes da terapia endodôntica, que tem como objetivo reduzir ao mínimo ou, de preferência, eliminar totalmente microrganismos do sistema de canais radiculares, propiciando um bom reparo tecidual (LOPES et al., 2004). O preparo químico-mecânico baseia-se na desinfecção, limpeza e modelagem do sistema de canais radiculares, partindo do princípio que instrumentos endodônticos penetram no canal radicular a fim de 12 retirar o material necrótico existente, auxiliados por soluções irrigadoras. Dentre as soluções irrigadoras, podemos citar o hipoclorito de sódio (NaOCl) um composto halogenado encontrado em uma série de produtos com diversas concentrações e aditivos variáveis, sendo comumente utilizado na Endodontia como solução irrigadora devido à sua ação bactericida e solvente de matéria orgânica (SIQUEIRA & LOPES, 2004). Entretanto, alguns estudos comprovaram que mesmo após criterioso preparo químico-mecânico, microrganismos muitas vezes conseguem sobreviver e, além disso, conseguem crescer e se multiplicar em locais do sistema de canais radiculares, como istmos e ramificações, onde soluções irrigadoras e as limas endodônticas não conseguiram atuar, favorecendo a perpetuação de uma lesão perirradicular e o fracasso do tratamento (BARBOSA et al., 1997; SIQUEIRA & UZEDA, 1997). Mesmo quando um adequado preparo químico-mecânico é realizado, cerca de 1/3 a 1/2 dos canais radiculares continua infectado, com o número de células microbianas variando de 102 a 104 (SJOGREN et al., 1991; DALTON et al., 1998; SHUPING et al., 2000). Isto salienta a necessidade da utilização de um medicamento antimicrobiano entre as sessões com o intuito de eliminar microrganismos não afetados pelo preparo químico-mecânico. O modo como microrganismos colonizam o sistema de canais radiculares torna-se relevante no que se refere ao tratamento endodôntico e a necessidade de uma medicação intracanal. A maioria dos microrganismos que colonizam o canal radicular encontra-se suspensa na fase fluida do canal (NAIR, 2006). Além disso, podem ser vistas através de microscopia grandes aglomerações de células 13 bacterianas aderidas às paredes do canal radicular, muitas vezes organizando-se em biofilmes. Neste, haveria a presença de uma comunidade clímax, através do estabelecimento de um consórcio bacteriano em equilíbrio (SIQUEIRA et al, 2004a). Quanto maior o grau de organização deste consórcio, maior será seu potencial patogênico e mais difícil sua eliminação (SIQUEIRA et al, 2004-a). Um papel importante da medicação intracanal é impedir a proliferação de microrganismos que poderá ocorrer com o restabelecimento de um ambiente de anaerobiose após a colocação de um curativo selando coronariamente o elemento dentário, caso ainda existam microrganismos remanescentes ao preparo químicomecânico (SIQUEIRA & LOPES, 2004). Esta medicação poderá atuar de duas maneiras: como barreira química e/ou física. Estudos avaliaram a propriedade de alguns medicamentos em atuar como barreira física. ROACH et al., (2001) evidenciou que a associação entre hidróxido de cálcio em pasta e paramonoclorofenol canforado foi a que mostrou os melhores resultados, com a espécie Enterococcus faecalis levando 46 dias para recontaminar o sistema de canais radiculares. Já sem a presença de uma medicação intracanal, o sistema de canais radiculares foi totalmente recontaminado em 3 dias (ROACH et al., 2001). SIQUEIRA et al. (1998) avaliaram quatro medicações atuando como barreira física na prevenção da reinfecção do sistema de canais radiculares na ausência de um selador temporário. Evidenciaram que as os canais medicados com a pasta hidróxido de cálcio/ paramonoclorofenol canforado/ glicerina (HPG) foram os que levaram mais tempo para infiltrar (mais ou menos 17 dias) e após oito dias foi a medicação mais efetiva 14 contra recontaminação, com apenas 33% dos casos recontaminados. Segundo estes autores, o diferencial entre as pastas foi o tipo de veículo. Quando foi utilizado um veículo aquoso, este foi diluído pela saliva e a amostra foi mais rapidamente recontaminada. Todavia, com veículo oleoso, as medicações obtiveram um melhor resultado (SIQUEIRA et al., 1998). A atuação como barreira física não fica limitada apenas ao terço coronário do canal, pois as medicações intracanais também têm o papel de selar apicalmente o canal radicular impedindo a entrada de fluidos teciduais pelo forame apical e foraminas. Impedindo a percolação por fluidos teciduais apicais, evita o suprimento nutritivo a microrganismos que porventura venham a sobreviver nestas regiões após o preparo químico-mecânico do sistema de canais radiculares. Além disto ainda limita o espaço para a multiplicação destes microrganismos pela ação de preenchimento (SIQUEIRA & LOPES, 2004). WUERCH et al. (2004) avaliaram a capacidade da clorexidina em selar apicalmente o sistema de canais radiculares quando comparada ao hidróxido de cálcio. A clorexidina foi a que mostrou os melhores resultados, porém não foram estatisticamente relevantes. Uma barreira química é representada quando a medicação utilizada possui efeito antimicrobiano, eliminando microrganismos. Como exemplo disto, temos o tricresol formalina e o paramonoclorofenol canforado que, entretanto, não conseguem retardar por muito tempo a recontaminação caso haja infiltração por saliva (SIQUEIRA & LOPES, 2004). Quando SIQUEIRA et al. (2002) compararam o potencial antimicrobiano da pasta HPG em impedir a recontaminação do sistema de canais radiculares com saliva, esta medicação não foi mais efetiva do que o 15 hidróxido de cálcio com soro, talvez porque o efeito antimicrobiano do PMCC liberado pela pasta tenha sido neutralizado pela dissolução na saliva. A redução de inflamação perirradicular é outro efeito esperado de uma medicação intracanal. Este efeito ocorre indiretamente, através de seu poder bactericida, já que, diminuindo a quantidade de microrganismos em contato com os tecidos perirradiculares, também será reduzida a intensidade da resposta inflamatória (e de um possível flare-up), visto que esta é diretamente proporcional ao número e à virulência dos microrganismos presentes. A redução da inflamação perirradicular se dá também devido à capacidade da medicação intracanal em neutralizar produtos tóxicos oriundos do metabolismo bacteriano (SIQUEIRA, 2003; SIQUEIRA & LOPES, 2004). Com a compreensão da importância de uma medicação intracanal, algumas substâncias têm sido utilizadas para cumprir este papel. A mais utilizada nos dias de hoje é o hidróxido de cálcio (SIQUEIRA & LOPES, 2004). A primeira referência atribuída ao hidróxido de cálcio foi feita por Nygren em 1838, sendo utilizado para o tratamento de fístula dentalis. Codman, em 1851, empregou o hidróxido de cálcio em amputações radiculares de polpas vivas (FAVA, 1991). Apenas em 1920, através de BERNHARD W. HERMANN, o hidróxido de cálcio começou a ter seu uso difundido e pesquisado na forma de uma pasta chamada Calxyl (HERMANN, 1920). O hidróxido de cálcio apresenta-se como um pó branco, pouco solúvel em água (1,2 g/l de água) a uma temperatura de 25ºC. É uma base forte obtida pela calcinação do carbonato de cálcio (cal viva). Em solução aquosa, seu pH é de 16 12,8. O hidróxido de cálcio é biocompatível devido à sua baixa solubilidade. Isto porque na forma de suspensão saturada, esta substância possui um pH elevado, com grande potencial citotóxico. Entretanto com a incapacidade de penetrar nos tecidos em grande profundidade, esta citotoxicidade fica limitada à área de contato com a substância (SIQUEIRA & LOPES, 2004). As principais propriedades biológicas do hidróxido de cálcio, incluindo a atividade antibacteriana, derivam de sua dissociação em íons cálcio e íons hidroxila, onde os últimos são mais importantes. Uma vez na forma de pó, o hidróxido de cálcio tem sido associado a diversos veículos (BARBOSA et al., 1997; SIQUEIRA & UZEDA, 1997), que devem permitir sua aplicação e liberação no sistema de canais radiculares. Estes veículos devem possibilitar a dissociação do hidróxido de cálcio em íons cálcio e em íons hidroxila, mantendo desta maneira suas propriedades (PODBIELSKI et al., 2003). Em um estudo in vivo envolvendo 140 pacientes, WALTON et al. (2003) avaliaram a presença de dor pós-operatória na utilização da pasta de hidróxido de cálcio com glicerina. Neste estudo, 50% dos pacientes foram medicados com um placebo (algodão estéril na câmara pulpar) e os outros 50% receberam o hidróxido de cálcio, tanto em casos de necrose quanto em casos de polpa viva. Do total de pacientes, houve 27% de casos de dor moderada a severa após o uso de hidróxido de cálcio e 33% de casos de dor com o algodão estéril na câmara pulpar. Não houve diferença estatística entre os grupos. WALTON et al. (2003) chegaram a conclusão que o hidróxido de cálcio utilizado como medicação intracanal não age prevenindo ou reduzindo a incidência de dor pós-operatória. 17 Neste estudo, perceberam também que a dor diminui conforme o tempo passa, pois 30% destes pacientes apresentaram dor nas primeiras 4h, enquanto que passadas 24h do atendimento, apenas 16% dos pacientes ainda apresentavam dor. Com 48h do tratamento, apenas 8% ainda se queixavam de dor. Vinculado ao hidróxido de cálcio tem-se utilizado o paramonoclorofenol canforado (PMCC). O PMC foi introduzido na odontologia por Walkhof em 1891, tendo propriedades anti-sépticas do fenol e do íon cloro, que na posição para do anel fenólico, é liberado lentamente (SIQUEIRA & LOPES, 2004). Combinado com a cânfora em partes variáveis, o paramonoclorofenol forma uma mistura líquida bastante utilizada em Endodontia. A cânfora ainda diminui o poder cáustico do paramonoclorofenol, tornando a associação menos irritante (SIQUEIRA & LOPES, 2004). O PMCC tem sido associado ao hidróxido de cálcio na pasta HPG, a qual apresenta excelentes propriedades antimicrobianas (SIQUEIRA & LOPES, 2004). Um outro medicamento que vem sendo utilizado como medicação intracanal e que tem demonstrado eficácia é a clorexidina (FARDAL & TURNBULL, 1985; CERVONE et al., 1990; BARBOSA et al., 1997; SIQUEIRA & UZEDA, 1997). O digluconato de clorexidina é uma substância catiônica cuja estrutura química é representada por dois anéis clorofenólicos em suas extremidades e dois grupos bisguanidas, sendo um de cada lado da cadeia, que é composta por um hexametileno central (FAVA et al, 2001). Está disponível em três formas: sais de digluconato, cloridrato e acetato. Apresenta-se mais estável na forma aquosa, com o pH variando de 5 a 8. Acima disto há precipitação, enquanto 18 que em pH ácido, há deterioração da atividade, devido à perda da estabilidade da solução (SIQUEIRA & LOPES, 2004). Sua natureza catiônica minimiza sua absorção através da pele e das mucosas, incluindo o tracto gastrointestinal (LINDHE, 1999). Além de possuir a capacidade de adsorção (adesão de uma substância a outra superficialmente) a substratos aniônicos, ligando-se à hidroxiapatita do esmalte ou dentina e a grupos aniônicos ácidos de glicoproteínas, sendo liberada gradativamente conforme sua concentração diminui (substantividade) (FAVA et al., 2001). Tem comprovada ação bactericida (BARBOSA et al., 1997). Este efeito ocorre quando é empregada em altas concentrações, onde a injúria à membrana celular é maior, o que leva ao extravasamento de substâncias de alto peso molecular (FAVA et al., 2001). A clorexidina é atraída à superfície bacteriana, a qual é carregada negativamente. Na sequência do processo, a clorexidina promove distúrbios na membrana citoplasmática, induzindo a liberação de componentes citoplasmáticos de baixo peso molecular, como por exemplo íons potássio. Na membrana citoplasmática pode inibir ainda a atividade de determinadas enzimas como a adenosina trifosfatase (ATPase). Se o efeito cessa neste ponto, temos um efeito bacteriostático (FAVA et al., 2001). Neste estágio bacteriostático, os efeitos da clorexidina são reversíveis. Com a remoção da clorexidina por qualquer fator, as células voltam às suas funções normais. Contudo, quando empregada em altas concentrações realiza um dano maior à membrana celular, levando a um extravasamento de substâncias de alto peso molecular, como os ácidos nucléicos (SIQUEIRA, 1997). Em alta concentração, a clorexidina causa a precipitação de 19 compostos citoplasmáticos, provavelmente devido à reação com compostos fosfatados, como ATP e ácidos nucléicos, formando complexos que levam à morte celular (SIQUEIRA, 1997; FAVA et al., 2001). Um fator negativo da clorexidina é a sua capacidade de deixar manchas nos tecidos. Isto ocorre devido a fatores como: a degradação da molécula de clorexidina para liberar paracloranilina; a catálise de reações Maillard (reações amarronzadas não enzimáticas); desnaturação de proteína com formação de sulfeto metálico e precipitação de cromógenos relativos à dieta (LINDHE, 1999). Até o momento, desconhecemos quaisquer estudos que tenham comparado a incidência de dor pós-operatória após medicação intracanal com a pasta de hidróxido de cálcio/ paramonoclorofenol canforado/ glicerina (HPG) ou com clorexidina. 20 PROPOSIÇÃO Percebendo a importância de se utilizar uma medicação intracanal entre as sessões do tratamento endodôntico, bem como a necessidade de que o pósoperatório do paciente seja o mais confortável possível, o objetivo deste estudo foi comparar a incidência de dor pós-operatória de diferentes níveis de intensidade após o uso de duas medicações utilizadas entre as sessões do tratamento endodôntico – a pasta de hidróxido de cálcio/ paramonoclorofenol canforado/ glicerina (HPG) e o gel de clorexidina a 0,12%. 21 MATERIAIS E MÉTODOS Seleção de casos Este estudo envolveu pacientes encaminhados para a clínica de Endodontia da Universidade Estácio de Sá para tratamento ou retratamento endodôntico. A idade dos pacientes variou entre 9 e 72 anos, com uma média de 37 anos. De um total de 138 dentes, 69 apresentavam necrose pulpar e os outros 69 tinham indicação de retratamento. Os dentes foram divididos com relação ao tipo de tratamento (necrose ou retratamento) e com relação à ausência ou presença de lesão perirradicular detectada radiograficamente. A distribuição quanto à medicação intracanal a ser utilizada foi aleatória, até que se completasse um mesmo número de dentes para cada medicação. Os pacientes foram atendidos por alunos de graduação e pós-graduação. O diagnóstico de necrose pulpar foi feito por meio de testes de sensibilidade térmicos (frio e calor) e elétricos, quando necessário. O retratamento nos casos estudados foi indicado por diferentes motivos: necessidade protética, infiltração coronária ou fracasso do tratamento anterior. Procedimentos clínicos Em todos os casos, o procedimento anestésico utilizado foi anestesia troncular para dentes inferiores e infiltrativa para dentes superiores. Para isto, foi utilizado o cloridrato de lidocaína a 2% com adrenalina na concentração de 1:100.000, e para casos de contra-indicação a este vasoconstrictor, foi utilizada a mepivacaína a 3% sem vasoconstrictor. 22 Todos os dentes tiveram seus canais instrumentados pela técnica dos Movimentos Contínuos de Rotação Alternada (M.R.A.), proposta por SIQUEIRA (SIQUEIRA, 1997). A técnica M.R.A. foi executada para canais retos como se segue. Após o acesso coronário, realizou-se o preparo dos terços cervical e médio do canal com o auxílio de brocas Gates-Glidden (Maillefer, Ballaigues, Suíça). Foram usadas as de número 2, 3 e 4 nas medidas de comprimento do dente na radiografia (CDR) subtraídas de 5 mm, 7 mm e 9 mm, respectivamente. A partir daí, o canal foi explorado com limas de pequeno calibre e o comprimento de trabalho (CT) e de patência (CP) determinados com o auxílio de uma lima tipo K nº 15, através de tomadas radiográficas ortorradiais e anguladas. Foi então realizado o preparo apical no CT, com limas sucessivas em ordem crescente, até o diâmetro final estabelecido previamente para o respectivo elemento dentário de acordo com os conceitos de instrumentação planejada (SIQUEIRA, 1997). Terminado o preparo apical, procedeu-se a fase step-back ou recuo escalonado, que possibilita a união do preparo apical ao preparo dos terços cervical e médio do canal. Utilizou-se seqüências de limas com incrementos de 1 mm no sentido crescente. A recapitulação da patência com uma lima de pequeno calibre foi feita periodicamente. Para canais curvos existiram diferenças em algumas etapas. Após o acesso e preparo da câmara pulpar, foi realizada a exploração dos canais radiculares por meio de limas de série especial tipo K números 06, 08 e 10 até o CDR – 1mm. A partir deste momento, iniciou-se o acesso radicular utilizando uma lima de NiTi número 15, a qual foi introduzida no canal radicular até encontrar resistência. 23 Neste ponto ela foi trabalhada em movimentos de rotação alternada. Posteriormente e da mesma forma, utilizou-se as limas de NiTi de número 20 até 40, seqüencialmente e no comprimento passivo. A partir deste momento, utilizouse uma broca diamantada tronco-cônica número 3083 (KG Sorensen, São Paulo, SP, Brasil) para o desgaste anticurvatura que foi realizado no segmento cervical do canal radicular com a força de corte sendo direcionada para a região volumosa da raiz, também chamada de zona de segurança. Este desgaste anticurvatura e pré-alargamento visa à facilitação do emprego das brocas de Gates-Glidden, sendo utilizadas para canais curvos as de número 2 e 3. Feito o preparo dos terços cervical e médio, obteve-se o CT e o CP por meio de uma lima de pequeno calibre. O preparo apical foi confeccionado no CT com limas de NiTi tipo K. A lima número 20 foi introduzida no canal até sofrer leve resistência e neste ponto utilizou-se a instrumentação planejada, aumentando-se o calibre da lima a cada troca, até que esta não encontrasse resistência das paredes do canal radicular. De acordo com a anatomia do canal, complementou-se o preparo apical até a lima nº 30, 35 ou 40 de NiTi. Feito o preparo apical, procedeu-se a fase step-back. Esta etapa consistiu na utilização de limas tipo K seqüencialmente em ordem crescente, recuando-se 1mm a cada troca de lima. O hipoclorito de sódio a 2,5% foi a substância química utilizada como auxiliar de instrumentação no preparo químico-mecânico de todos os dentes envolvidos. Após o término do preparo químico-mecânico, os canais foram preenchidos com solução de EDTA a 17% (Odachcam, Petrópolis, RJ, Brasil) a qual 24 permaneceu nos canais por 3 minutos. O EDTA foi utilizado com o intuito de remover a porção inorgânica da smear layer. Os canais foram então irrigados com 5 ml de hipoclorito de sódio a 2,5% para a remoção da porção orgânica desta camada, seguido da secagem com cones de papel absorventes estéreis compatíveis com o último instrumento utilizado no preparo apical. Nos casos de retratamento endodôntico, o procedimento clínico foi praticamente o mesmo, com exceção de que havia a necessidade da remoção prévia do material obturador do interior do sistema de canais radiculares, que foi realizada por meios mecânico e químico (Eucaliptol, Biodinâmica, São Paulo, SP, Brasil). O gel de clorexidina a 0,12% em natrozol foi preparado em farmácia de manipulação (Dermage, Rio de Janeiro, RJ, Brasil). A pasta HPG foi preparada utilizando-se uma gota de glicerina (Victoire Essências, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e uma gota de PMCC (Biodinâmica, São Paulo, SP, Brasil) que foram inicialmente misturadas em placa de vidro estéril. Em seguida, o hidróxido de cálcio foi agregado até que uma consistência cremosa fosse atingida. Tanto o gel de clorexidina quanto a pasta HPG foram introduzidos no canal radicular com o auxílio de espirais de Lentulo e limas endodônticas. Foi verificado o preenchimento de toda a extensão do canal radicular através de radiografia, sendo utilizado o óxido de zinco como radiopacificador para ambos os medicamentos. Em caso de necessidade, o medicamento foi aplicado novamente até o adequado preenchimento do canal. 25 Estes medicamentos permaneceram no canal por um período de no mínimo sete dias, quando foi avaliada a sintomatologia durante o tempo transcorrido. Caso houvesse algum quadro de dor leve, o paciente era orientado a tomar analgésicos comuns como a Dipirona Sódica, o Paracetamol ou o Ácido Acetilsalicílico. A incidência de dor após o uso da medicação foi classificada a partir do relato subjetivo dos pacientes no início da sessão de obturação, em quatro níveis: 1. Dor ausente. 2. Dor leve: de intensidade discreta e quando não houve necessidade de uso de analgésico por parte do paciente para alívio da dor. 3. Dor moderada: quando o uso de analgésico por parte do paciente foi necessário, sendo o mesmo eficiente para o alívio dos sintomas. 4. Dor severa: quando o uso de analgésico não foi suficiente para o controle da dor, sendo necessária consulta de emergência. Na consulta de obturação e após a avaliação do paciente, os medicamentos foram removidos através de irrigação abundante com solução de hipoclorito de sódio a 2,5% seguida de recapitulação da instrumentação realizada pela lima de patência no 15 e pela lima de memória respectiva para cada dente. A obturação do sistema de canais radiculares foi então realizada, utilizando-se guta-percha e cimento Sealer 26 (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil) por meio de técnicas de compactação lateral ou termoplastificada (modificada de Tagger). Análise dos dados 26 Foi utilizado o teste exato de Fisher, confirmado sempre que possível pelo teste do qui-quadrado com correção de Yates, com nível de significância estabelecido a 5% (p<0,05), para as seguintes comparações: Intragrupo (Clorexidina): 9 Tratamento em dentes com e sem lesão perirradicular. 9 Retratamento em dentes com e sem lesão perirradicular. 9 Tratamento e retratamento no total. 9 Tratamento e retratamento com lesão perirradicular. 9 Tratamento e retratamento sem lesão perirradicular. Intragrupo (HPG): 9 Tratamento em dentes com e sem lesão periradicular. 9 Retratamento em dentes com e sem lesão perirradicular. 9 Tratamento e retratamento no total. 9 Tratamento e retratamento com lesão perirradicular. 9 Tratamento e retratamento sem lesão perirradicular. Intergrupos (Clorexidina X HPG): 9 Tratamento em dentes com lesão perirradicular. 9 Tratamento em dentes sem lesão perirradicular. 9 Retratamento em dentes com lesão perirradicular. 9 Retratamento em dentes sem lesão perirradicular. 9 Tratamento no total. 27 9 Retratamento no total. 9 Total das duas medicações independente do tipo de tratamento ou da presença ou ausência de lesão perirradicular. 28 RESULTADOS Os dados estatísticos para todas as comparações estão representados na Tabela 1. Analisando-se os resultados obtidos do tratamento com o digluconato de clorexidina como medicamento, obteve-se de um total de 41 casos, 32 casos (78%) de dor pós-operatória ausente e 9 casos (22%) de dor de diferentes intensidades. Destes 9 casos sintomáticos, apenas 2 (4,9%) foram de flare-up (Tabela 2; Figura 1). No retratamento, de um total de 28 casos, 26 (92,9%) tiveram dor ausente e dois apresentaram flare-ups (7,1%) (Tabela 3; Figura 2). Analisando-se todos os casos de clorexidina, obervou-se de um total de 69 casos, 58 (84%) com ausência de dor e 11 (16%) com dor. Destes 11 casos sintomáticos, 4 (5,8%) foram classificados como flare-ups (Figura 3). Analisando-se os resultados obtidos do tratamento com o HPG, obteve-se de um total de 39 casos, 35 (89,7%) de dor ausente e 4 (10,3%) de dor presente, sendo que destes 4 casos, não houve flare-up (Tabela 4; Figura 4). No retratamento, de um total de 30 casos, 23 (76,7%) tiveram dor ausente e 7 (23,3%) dor presente. Destes casos de dor, não houve flare-up (Tabela 5; Figura 5). Analisando-se todos os casos de HPG, observou-se de um total de 69 casos, 58 (84%) com ausência de dor e 11 casos (16%) com dor. Destes 11 casos, não houve flare-up (Figura 6). 29 No geral, observou-se que dos 138 casos analisados, 116 (84%) apresentaram ausência de dor, com 58 casos apresentando dor ausente para cada medicação. Flare-ups ocorreram em 4 casos de clorexidina, não ocorrendo em qualquer caso de HPG (Figuras 3 e 6). A análise pelo método exato de Fisher confirmada pelo teste do quiquadrado revelou que não houve diferença estatística entre as duas medicações no que se refere à incidência de dor pós-operatória (Tabela 1). 30 Tabela 1. Valores de P após análise estatística para múltiplas comparações utilizando o teste exato de Fisher e o Qui-quadrado com correção de Yates (p<0,05). Fisher Qui-quadrado Clorexidina TC X TS RC X RS TXR TC X RC TS X RS 0,2 0,6 0,09 0,07 0,7 0,4 0,7 0,2 0,15 0,5 HPG TC X TS RC X RS TXR TC X RC TS X RS 0,4 0,5 0,1 0,3 0,3 0,9 1 0,25 0,5 0,5 Clorexidina X HPG TC X TC TS X TS RC X RC RS X RS TXT RXR Total X Total 0,09 0,6 0,2 0,3 0,1 0,09 0,6 0,2 0,8 0,5 0,6 0,3 0,2 0,8 Legenda: T- Tratamento com e sem lesão (total de casos) TC- Tratamento com lesão TS- Tratamento sem lesão R- Retratamento com e sem lesão (total de casos) RC- Retratamento com lesão RS- Retratamento sem lesão TOTAL- Tratamento + Retratamento 31 Figura 1. Casos de tratamento medicados com clorexidina. Tabela 2. Casos de tratamento medicados com clorexidina Dor Necrose com lesão Necrose sem lesão Total (n = 41) (n = 30) (n = 11) Ausente 22 (73,4%) 10 (90,9%) 32 (78%) Leve 5 (16,6%) 0 5 (12,2%) Moderada 2 (6,6%) 0 2 (4,9%) Severa 1 (3,4%) 1 (9,1%) 2 (4,9%) (flare-up) 32 Figura 2. Casos de retratamento medicados com clorexidina. Tabela 3. Casos de retratamento medicados com clorexidina Total (n =28) Retratamento com Retratamento sem lesão (n =18) lesão (n =10) Ausente 17 (94,5%) 9 (90%) 26 (92,9%) Leve 0 0 0 Moderada 0 0 0 Severa 1 (5,5%) 1 (10%) 2 (7,1%) Dor (flare-up) 33 Figura 3. Casos totais (tratamento + retratamento) medicados com clorexidina. 34 Figura 4. Casos de tratamento medicados com HPG. Tabela 4. Casos de tratamento medicados com HPG Dor Necrose com lesão Necrose sem lesão Total (n =39) (n =16) (n =23) Ausente 15 (93,8%) 20 (87%) 35 (89,7%) Leve 1 (6,2%) 3 (13%) 4 (10,3%) Moderada 0 0 0 Severa 0 0 0 (flare-up) 35 Figura 5. Casos de retratamento medicados com HPG. Tabela 5. Casos de retratamento medicados com HPG Dor Retratamento com Retratamento sem lesão (n =15) lesão (n =15) Ausente 12 (80%) 11 (73,3%) 23 (76,7%) Leve 0 3 (20%) 3 (10%) Moderada 3 (20%) 1 (6,7%) 4 (13,3%) Severa 0 0 0 (flare-up) 36 Total (n =30) Figura 6. Casos totais (tratamento + retratamento) medicados com HPG. 37 DISCUSSÃO Uma das primeiras discussões a respeito de flare-ups está relacionada com sua definição. Existem variações existentes em estudos com relação aos sinais e sintomas. Alguns autores consideram um flare-up quando há apenas dor entre as sessões do tratamento (HARRISON et al., 1981; HARRISON et al., 1983). Outros estudos consideraram flare-up quando existia celulite asssociada (MATUSOW, 1988). Quando evidenciaram 20% de flare-ups nos casos estudados, MORSE et al. (1986) consideraram apenas o edema como característica de um flare-up. O presente estudo considerou dor severa e/ou tumefação como flare-up. Utilizando a mesma definição, estudos mostraram uma taxa de 1,4 a 16% na ocorrência de flare-ups (BARNETT & TRONSTAD, 1989; TROPE, 1991; WALTON & FOUAD, 1992; IMURA & ZUOLO, 1995; SIQUEIRA et al., 2002;). Nossos achados estão de acordo com estes estudos, uma vez que apenas 4 de 138 casos (2,9%) apresentaram flare-ups. Apesar destes 4 casos terem sido tratados com clorexidina como medicação intracanal, não houve diferença estatisticamente significante entre as duas medicações testadas quanto à incidência de dor pósoperatória. Embora as razões para algumas exacerbações nem sempre sejam muito claras, várias hipóteses podem estar relacionadas. Injúrias microbianas são as maiores causadoras de dor pós-operatória incluindo flare-ups. Outras causas de flare-ups são injúrias mecânicas e químicas que estão geralmente associadas com fatores de origem iatrogênica. Dentre eles podemos citar a sobreinstrumentação, 38 extrusão apical de irrigantes ou medicamentos e perfurações (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). A sobreinstrumentação causa um dano físico aos tecidos perirradiculares. A resposta inflamatória neste caso será proporcional à agressão. Caso tenham sido utilizadas limas de grande calibre, os riscos para o desenvolvimento de um flareup aumentam (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). Além da agressão física aos tecidos perirradiculares, a sobreinstrumentação pode extruir detritos contaminados além do forame apical. Nos casos de necrose pulpar, microrganismos estão presentes no interior do sistema de canais radiculares, estando em maior número na luz do canal principal. Caso estes microrganismos sejam empurrados em direção aos tecidos perirradiculares, a resposta inflamatória poderá ser exacerbada. A exacerbação da resposta inflamatória terá fatores quantitativos, como o número de células bacterianas extruídas e fatores qualitativos como a virulência destes microrganismos. Embora nenhum caso de sobreinstrumentação tenha sido observado no presente estudo, existe a possibilidade de que possa ter ocorrido em alguns casos e passado despercebida. Alguns estudos demonstram que toda técnica de instrumentação, por mais cautelosa que seja, é passível de extrusão detritos contaminados via forame apical até os tecidos perirradiculares (FAIRBOURN et al, 1987; FAVIERI et al, 2000). Esta extrusão pode ocorrer até mesmo quando o instrumento endodôntico fica limitado ao interior do sistema de canais radiculares, aquém do término apical (ALOMARI & DUMMER, 1995; FAVIERI et al., 2000). Tal fato pode explicar muitos dos casos de dor pós-operatória observados neste estudo. 39 Entretanto, existem técnicas que extruem mais detritos e outras menos, que pode ser o diferencial para o desenvolvimento de uma resposta inflamatória de intensidades diferentes. No presente estudo, tentamos controlar os fatores bacterianos quantitativos relacionados à extrusão apical de detritos, realizando um preparo químico-mecânico cauteloso com irrigação copiosa e instrumentação no sentido coroa-ápice, exercendo movimentos de rotação alternada (SIQUEIRA, 1997) e sempre trabalhando com limas de pequeno calibre no forame apical. Tem sido demonstrado que a técnica coroa-ápice com rotação alternada utilizada neste estudo extrui uma quantidade baixa de material (FAVIERI et al., 2000), o que pode explicar os baixos índices de dor pós-operatória encontrados no presente estudo, independentemente do tipo de medicação intracanal. Dos 138 casos realizados, 22 apresentaram dor de intensidades variadas e, destes, apenas 4 caracterizaram verdadeiros flare-ups (Figuras 3 e 6). Apesar do índice de flare-up ter sido baixo quando comparado a outros estudos (BARNETT & TRONSTAD, 1989; TROPE, 1991; IMURA & ZUOLO, 1995; SIQUEIRA et al., 2002), sabemos que mesmo quando fatores quantitativos são controlados, ainda assim poderemos ter um quadro de flare-up. Uma quantidade pequena de detritos é usualmente extruída e se contiver cepas mais virulentas de microrganismos, pode ser suficiente para exacerbar uma resposta inflamatória (SIQUEIRA, 2003). Caso exista uma extrusão de detritos contaminados para os tecidos perirradiculares o hospedeiro estará diante de um novo desafio que será a presença de microrganismos nos tecidos perirradiculares caso não haja uma lesão 40 perirradicular preexistente (SIQUEIRA, 2003). Em casos de lesão perirradicular já estabelecida, a extrusão de detritos infectados faz com que o sistema imune do hospedeiro se depare com a entrada de novos patógenos ou com microrganismos em número ainda maior. Portanto, a presença ou ausência de uma lesão perirradicular poderá ser um fator determinante no tipo de resposta do hospedeiro e na ocorrência de um flare-up. Segundo alguns estudos (TORABINEJAD et al., 1988; SIQUEIRA et al. 2002), dentes sem lesão perirradicular tiveram maior índice de flare-ups. A alta prevalência de dor nestes casos pode ser atribuída a uma falta de espaço nos tecidos perirradiculares para difusão do edema, que realizaria a compressão de fibras nervosas. Analisando a incidência de flare-ups em relação à presença ou ausência de lesão perirradicular, MOR et al. (1992) não encontraram diferença que fosse estatisticamente significante. Apenas encontraram diferença quando analisaram dentes necrosados com dentes de polpa viva, havendo maior incidência de flare-ups em dentes necrosados. Em 236 casos relatados por HARRISON et al. (1983), quando utilizaram o formocresol comparado a um placebo como medicação intracanal, não foi encontrada diferença estatisticamente significante para a ocorrência de flare-ups com relação à presença ou ausência de lesão perirradicular. SIQUEIRA et al. (2002), quando utilizaram o HPG como medicação intracanal, encontraram ausência de dor em 71,7% dos casos quando não havia lesão perirradicular associada. No presente estudo, utilizando a pasta HPG em dentes sem lesão perirradicular associada (tratamento + retratamento) obtivemos 41 81,6% de casos com ausência de dor (Tabelas 4 e 5). Ao utilizarmos, a clorexidina como medicação intracanal encontramos a ausência de dor em 90,5% dos casos sem lesão (Tabela 2 e3). Na presença de lesão perirradicular, SIQUEIRA et al. (2002) encontraram ausência de dor em 77,6% dos casos medicados com HPG. Em nosso estudo, utilizando a clorexidina encontramos ausência de dor em 81,3% dos casos com lesão perirradicular. Nos casos medicados com HPG tivemos ausência de dor em 87,1% dos casos. Contudo, nossos achados revelaram que não houve diferença significativa quanto à ocorrência de dor pós-operatória em dentes com ou sem lesão, independentemente do tipo de medicação intracanal utilizada. A resposta dos tecidos perirradiculares aos procedimentos intracanais empregados está intimamente ligada ao limite apical em que eles foram trabalhados. A partir do momento que a anatomia dentária interna e externa é diferente para cada elemento dentário, bem como o diagnóstico de patologias pulpar e perirradicular, padronizar um limite de trabalho para todos os casos pode parecer um erro. Em vista disto, o limite de trabalho sempre estará relacionado ao diagnóstico de cada caso, que terá três variáveis: polpas vivas, polpas necrosadas e casos de retratamento. No presente estudo, foram selecionados apenas casos de necrose pulpar ou retratamento. Nestes casos, como há a presença de microrganismos no sistema de canais radiculares e provavelmente no terço apical do canal, fez-se necessária a limpeza e desinfecção de todo o seu comprimento. Para todos os casos deste estudo, utilizamos a mesma filosofia de limite de instrumentação, e devido à baixa incidência 42 de dor pós-operatória e particularmente de flare-ups, acreditamos que o limite de instrumentação empregado tenha sido compatível com a manutenção da integridade dos tecidos perirradiculares. Um dos requisitos para que microrganismos participem de um processo patológico perirradicular é que eles estejam em locais do sistema de canais radiculares onde possam ter acesso aos tecidos perirradiculares. Um destes locais, também chamado de zona crítica apical (SIQUEIRA et al., 2004-b), diz respeito ao terço apical do canal, que é extremamente complexo anatomicamente e se relaciona com os tecidos perirradiculares através do forame principal e foraminas. Segundo SIQUEIRA et al. (2004-b), bactérias que se estabelecem no terço apical de canais radiculares são predominantemente anaeróbios estritos. Através do método molecular da Polymerase Chain Reaction, foram encontradas espécies de Pseudoramibacter alactolyticus, Treponema denticola, Fusobacterium nucleatum, Porphyromonas endodontalis e Filifactor alocis (SIQUEIRA et al, 2004a). É através do forame apical e foraminas que microrganismos terão acesso a nutrientes, podendo sobreviver, proliferar e causar exacerbações inflamatórias. O prognóstico do tratamento dependerá da qualidade da limpeza desta região (SIQUEIRA et al., 2004-c). O término apical está diretamente relacionado com a resposta inflamatória do hospedeiro e com o nível de irritação que medicamentos podem causar (SIQUEIRA & BARNETT, 2004). Nos casos selecionados para nossa análise, utilizamos a filosofia de patência para todo o comprimento do canal 43 radicular e o comprimento de trabalho estabelecido 1 mm aquém do ápice radiográfico. Durante o preparo químico-mecânico do sistema de canais radiculares, o ideal é que a patência seja mantida pelo uso de instrumentos de pequeno calibre e de forma suave, realizando uma limpeza do término radicular, sem alargar o forame apical. Embora a patência seja controversa na endodontia (WU et al., 2000), este procedimento não parece ser um causador de flare-ups (TORABINEJAD et al., 1988). Com a realização da patência, as chances da permanência de tecido pulpar inflamado, sujeito à necrose e, conseqüentemente à posterior contaminação serão menores (SIQUEIRA, 2005). Apesar de não termos comparado o emprego ou não de limas de patência durante o tratamento, o baixo índice de dor pós-operatória e particularmente de flare-ups parece sugerir que a realização da patência e o limite de trabalho empregado estão de acordo com a manutenção da integridade dos tecidos perirradiculares. Quando analisamos o índice de dor pós-operatória e particularmente de flare-ups entre os casos de retratamento e tratamento em nosso estudo, evidenciamos que não houve diferença estatisticamente significante entre os dois procedimentos, independentemente da medicação utilizada. Alguns estudos apontam para um maior índice de flare-ups em casos de retratamento (MORSE et al., 1986; TORABINEJAD et al., 1988). Outros revelam maior incidência de dor pós-operatória nos casos de retratamento endodôntico acompanhado de lesão perirradicular (TROPE, 1991; IMURA & ZUOLO, 1995; TORABINEJAD, 1988). Neste estudo quando comparamos retratamentos com tratamentos, na ausência 44 ou presença de lesão, não encontramos diferença estatisticamente significante, confirmando os resultados de estudos que também não encontraram esta relação (SIQUEIRA et al., 2002). Em retratamentos endodônticos existe a particularidade da remoção de material obturador do interior do canal radicular por meio do uso de solventes, o que aumenta a probabilidade de irrritação dos tecidos perirradiculares caso haja extravasamento (BARBOSA et al., 1994). Além disso, resíduos de material obturador contaminado podem ser extruídos pelo forame apical até os tecidos perirradiculares, exacerbando a inflamação e causando dor (IMURA & ZUOLO, 1995). TORABINEJAD et al. (1988), evidenciaram que um maior número de flareups foi relacionado aos casos de retratamento endodôntico. WALTON & FOUAD, (1992) não encontraram diferença estatisticamente significante quando relacionaram tratamento e retratamento endodôntico à ocorrência de flare-ups. SIQUEIRA et al. (2002), utilizando a pasta HPG, encontraram 62,5% de casos sem dor para retratamento. No presente estudo, obtivemos 92,8% de ausência de dor quando os casos de retratamento foram medicados com clorexidina (Figura 2) e 76,7% de ausência de dor quando a medicação foi a pasta HPG (Figura 5). Visto o papel dos microrganismos na indução de uma patologia pulpar e perirradicular e consequentemente o seu envolvimento em exacerbações de resposta inflamatórias, ratifica-se a necessidade da utilização de uma medicação intracanal entre as sessões do tratamento, bem como a necesidade de que estas medicações através de suas propriedades não tenham participação na 45 exacerbação de respostas inflamatórias. O papel primordial da medicação intracanal refere-se à eliminação de microrganismos que sobreviveram ao preparo químico-mecânico. Além disto, deve funcionar como uma barreira físico-química contra a micro-infiltração coronária (SIQUEIRA & LOPES, 2004). Segundo TORABINEJAD et al. (1988), a utilização de uma medicação intracanal não tem relevância com relação à ocorrência de flare-ups. Em nosso estudo, de 138 casos estudados obtivemos 4 casos de flareups (2,9%). Esta baixa incidência leva-nos a crer que o uso da medicação pode auxiliar significativamente na eliminação microbiana e diminuir os riscos de flareup de origem infecciosa. O hidróxido de cálcio é uma das medicações mais utilizadas nos dias de hoje. Contudo, além de ser inativado pela dentina e dada a capacidade que alguns microrgansimos têm de se adaptar a um meio alcalino, o hidróxido de cálcio pode ter suas propriedades antimicrobianas limitadas quando utilizado como medicação intracanal (LIMA et al., 2001; PODBIELSKI et al., 2003). Microrganismos patogênicos pertencentes às infecções endodônticas não são capazes de sobreviver em um meio extremamente alcalino. A maioria das espécies microbianas consegue se manter viáveis até níveis de pH 9 e são raras as espécies que conseguem sobreviver em meios com alcalinidade superior. Dentre estas exceções está o Enterococcus faecalis, que pode sobreviver em pH de 11,5 (BYSTRÖM et al., 1985). Alguns microrganismos como o E. faecalis, são dotados de mecanismos que os permitem regular e manter o pH intracitoplasmático em níveis compatíveis com sua sobrevivência, mesmo que o meio externo ofereça 46 níveis altos de alcalinidade (BOOTH, 1985). Este mecanismo ocorre através de uma bomba de prótons ativa, que reduz o pH dentro do citoplasma da célula, por liberar prótons em seu interior (EVANS et al., 2002). Outro microrganismo que pode apresentar resistência ao hidróxido de cálcio é a Candida albicans. Os resultados do estudo de WALTIMO et al. (1999-a) mostraram que apenas quando foi associado com o NaOCl ou com a clorexidina, o hidróxido de cálcio apresentou eficácia contra as cepas deste microrganismo. Em outro estudo de WALTIMO et al. (1999-b), foi testada a susceptibilidade de algumas cepas de C. albicans e de uma cepa de E. faecalis. As cepas tiveram contato com o hidróxido de cálcio por 5 minutos a 6 horas. Quando comparadas ao E. faecalis, todas as espécies de C. albicans apresentaram resistência igual ou maior ao hidróxido de cálcio. Tentando maximizar o efeito antimicrobiano do hidróxido de cálcio o paramonoclorofenol vem sendo incorporado a este, apresentando excelentes resultados. Da combinação do hidróxido de cálcio com o paramonoclorofenol canforado, surge uma medicação com amplo espectro antimicrobiano. Adicionando-se aos efeitos do hidróxido de cálcio um maior raio de ação, eliminando microrganismos localizados em regiões antes inacessíveis, e tendo um poder antimicrobiano mais rápido do que na mistura do hidróxido de cálcio com veículos inertes (SIQUEIRA & LOPES, 1999). Embora o PMCC tenha alta toxicidade (SPANGBERG et al., 1979), estudos têm revelado uma resposta tecidual favorável à pasta HPG (TORNECK et al., 1973; HOLLAND et al., 1979). Acredita-se que a biocompatibilidade da pasta HPG deve-se a fatores como: a pequena concentração de PMCC liberado; à desnaturação protéica superficial do 47 tecido em contato com a pasta, causada por seu pH alcalino, servindo como barreira física para uma maior difusão e penetrabilidade tecidual pelo PMC; e à diminuição da irritação tecidual, uma vez que microrganismos são eliminados desfavorecendo á exacerbação de uma resposta inflamatória (SIQUEIRA et al., 2002; SIQUEIRA & LOPES, 2004). Como o efeito do HPG nos tecidos perirradiculares é relacionado ao seu poder antimicrobiano, isto gera um reparo natural e ausência de exacerbação inflamatória pela ausência de infecção (SIQUEIRA & LOPES, 1999). No presente estudo realizado não houve casos de flare-up quando esta medicação foi utilizada o que nos leva a crer que além de não representar uma fonte de agressão aos tecidos perirradiculares, provavelmente inibiu fatores microbianos predisponentes ao aparecimento de um flare-up. Na verdade, nenhum caso de flare-up foi observado neste estudo quando a pasta HPG foi utilizada (Figura 6). Visto que alguns microrganismos ainda podem apresentar resistência ao hidróxido de cálcio e que o paramonoclorofenol canforado ainda tem, mesmo que amenizadas, propriedades que podem levar a uma irritação dos tecidos perirradiculares, outras substâncias vêm sendo testadas. O digluconato de clorexidina a 0,12% na forma de gel, além da propriedade de substantividade, ainda apresenta-se biocompatível com os tecidos perirradiculares. O uso de uma medicação intracanal na forma de gel, proporciona uma maior concentração da substância utilizada e uma melhor utilização como barreira física, impedindo a reinfecção do sistema de canais radiculares (ROACH et al., 2001). BARTHEL et al. (2002), demonstraram que o uso da clorexidina na 48 forma de gel tem como uma das principais vantagens, o maior rendimento da medicação, por esta se adaptar melhor às irregularidades das paredes do sistema de canais radiculares, comparando-se com a utilização da clorexidina na forma de bastões de guta-percha. LENET et al. (2000) avaliaram o efeito da propriedade de substantividade da clorexidina em dentina bovina e viram que a clorexidina na forma de gel por 7 dias no canal radicular teve mantido seu efeito por aproximadamente 21 dias. Em nosso estudo, quando medicamos 69 canais radiculares com o gel de digluconato de clorexidina a 0,12%, apenas 5.8% dos casos foram classificados como flare-up. Visto que flare-ups são indesejáveis tanto para o paciente quanto para o profissional, e que os flare-ups podem ocorrer tanto por iatrogenias quanto por fatores relacionados ao paciente, a prevenção deste evento no tratamento endodôntico deve assumir fundamental importância. Segundo WALTON (2002), um modo de prevenir o flare-up é reconhecer primariamente aqueles pacientes predisponentes e a partir daí estabelecer um plano de tratamento mais cauteloso. Dentre alguns procedimentos profiláticos, podemos citar a terapia endodôntica baseada no tratamento da infecção, visto que microrganismos são os principais causadores de flare-ups (SIQUEIRA, 2003). De acordo com TORABINEJAD et al., (1988) o número de flare-ups pode ser reduzido tomando-se os seguintes cuidados: administração de um anestésico local de longa-duração; realizando-se completo preparo químico-mecânico em única consulta; aplicação de uma medicação antimicrobiana adequada; e realizando-se um trabalho psicológico com o paciente. Em vista disto, a terapia 49 endodôntica segue um padrão operatório a fim de prevenir e tratar este tipo de acontecimento. Isto se torna primordial, principalmente quando estamos diante de casos de infecção endodôntica. 50 CONCLUSÃO Devemos levar em consideração que os dados obtidos neste estudo podem estar relacionados a algumas variáveis que aqui não foram analisadas e que podem interferir nos resultados. Podemos citar algumas como: o relato subjetivo de dor, que pode variar de paciente para paciente; pequeno universo de casos analisados; não padronização do grupo de dentes a serem testados; não divisão dos pacientes com relação ao sexo, cor, raça, idade ou etnia. Através de vários estudos aqui citados, pode-se perceber que a ocorrência de dor pós-operatória e particularmente flare-ups além de estar relacionada com fatores proporcionados pelo profissional, ainda tem na sua etiologia fatores psicossomáticos dos pacientes, fatores sistêmicos e a história dental de cada indivíduo. Assim, ressalvadas as limitações do presente estudo, parece-nos lícito concluir que não houve diferença estatisticamente significante na incidência de dor pós-operatória após a utilização de dois tipos de medicação intracanal, independentemente da presença ou ausência de lesão perirradicular, tampouco entre casos de tratamento e retratamento. A baixa incidência de dor pósoperatória e particularmente de flare-ups observada no presente estudo reforça a necessidade de medidas antimicrobianas e estratégias terapêuticas definidas durante a execução do tratamento e retratamento endodôntico de dentes com canais infectados. 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Alaçam T, Tinaz AC (2002). Interappointment emergencies in teeth with necrotic pulps. J Endod 28: 375-377. Al-Omari MA, Dummer PMH (1995). Canal blockage and debris extrusion with eight preparation techniques. J Endod 21:154-158. Barbosa SV, Burkard DH, Spangberg LS (1994). Cytotoxic effects of gutta-percha solvents. J Endod 20:6-8. 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Oral Surg Oral Med Oral Pathol 89:99-103. 62 ANEXOS 63 Nº de Matrícula Ficha de Endodontia Data do Exame Inicial ____/ ____/ _____ Nome do Paciente Idade _________ anos Sexo Masculino Feminino Telefone do Paciente Nome do Aluno Data do Início do Tratamento Data do Término do Tratamento Data Prevista para o 1º Controle Exames Subjetivo e Objetivo Queixa Principal (QP): 1: .......................................................................................................................................................................................................................................... 2: .......................................................................................................................................................................................................................................... 3: ........................................................................................................................................................................................................................................... Sinais e Sintomas: Dente: ............. Sintomático Assintomático Tecidos Adjacentes (Inspeção): ........................................................................................................................................................................................... Manifestação Dolorosa Pré-Operatória Localizada Difusa Espontânea Provocada Intermitente Fugaz Persistente Uso de analgésico Ao calor Ao frio À mastigação À percussão Ao esforço À palpação Postural Outros: ___________________ Intensidade da Dor: Leve (não requer analgésico) Moderada (analgésico resolve) Severa (analgésico não resolve) Testes Realizados (marcar, quando feito, positivo: “pos” ou negativo: “neg”): Sondagem Periodontal Elétrico Frio Palpação Calor Cavitário Percussão Aspectos Radiográficos Lesão Perirradicular diâmetro: ........ X ......... mm Outros (especificar): .................................................................................. Diagnóstico: Tratamento Indicado: Méd. Pré-Operatória: Procedimentos Canal Medicação Intracanal: CPC CT Instrumentação (Técnica) Medicação Sistêmica Preparo Apical Descrição da Intervenção (Resumo das Sessões, por data) ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ Pós-Operatório – Instrumentação Completa Sensibilidade Pós-Operatória Ausente Leve (Não requer analgésico) Moderada (Analgésico resolve) Severa (Analgésico não resolve) Severa (Analgésico não resolve) Obturação Canal Limite da Obturação Pós-Obturação Sensibilidade Pós-Operatória Ausente Leve (Não requer analgésico) Moderada (Analgésico resolve) Satisfatório Prognóstico Ótimo Bom Ruim Preparo para Retentor Intra Radicular Canal .............................. mm Canal .............................. mm Canal .............................. mm Selamento Provisório: ............................................................................................................................... Observações ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ ................................................................................................................................................................................................................................................ Assinatura do Professor Responsável Eu, ........................................................................................................, paciente da Clinica Odontológica da UNESA, estou ciente do prognóstico do tratamento endodôntico recebido, que mesmo nos casos classificados como “ótimo” não resultam em 100% de sucesso e autorizo a utilização incondicional do material biológico retirado durante a rotina do atendimento para compor material de pesquisa científica e para fins didáticos. Rio de Janeiro, RJ, ........../ ........../ ........... Assinatura do Paciente ou do Responsável: ............................................................................................................... Ficha de Inscrição RETRATO 3X4 Horário de Preferência para Atendimento Manhã Tarde Nº de Matrícula Categoria Noite Nome do Paciente Data de Nasciment o Nacionalidade 1 - Brasileira 2 Estrangeira Estado Civil 1 - Solteiro 2 - Casado 3 - Desquitado 4 - Divorciado Sexo 5 - Viúvo 6 - Outros 1 - Masculino 2 - Feminino Naturalidade Ocupação Nome do Pai Nome da Mãe Endereço Residencial Bairro CEP Cidade UF Telefone Residencial (DDD e Nº) Telefone Comercial (DDD, Nº e Ramal) Telefone de Recado (DDD e Nº) Nome de Contato Deveres e obrigações do paciente para com a Clínica Odontológica de Ensino do Curso de Odontologia da Universidade Estácio de Sá A fim de contribuir para o desenvolvimento da Ciência, em benefício do ensino, estou de pleno acordo em que professores e alunos façam em minha pessoa exames, diagnósticos, planejamentos e tratamentos, utilizando anestesia (local ou geral) e cirurgias (desde que haja indicação), enfim, todas as ações pertinentes ao Tratamento Odontológico, autorizando, desde já, que tais procedimentos sejam fotografados ou filmados. O atendimento clínico obedecerá, rigorosamente, ao horário estabelecido. Havendo 2 (duas) faltas consecutivas ou 3 (três) alternadas, tratamento será cancelado. o Assim sendo, por meio deste instrumento, autorizo e dou plenos poderes à Clínica Odontológica de Ensino para que, por meio de professores e alunos, execute os procedimentos odontológicos necessários e, conseqüentemente, faça estudos, trabalhos e pesquisas, com direito de retenção, para uso em quaisquer fins de ensino, conclaves científicos, divulgação em livros, revistas e jornais, no Brasil e no exterior, desde que seja preservada a minha identidade. Rio de Janeiro, Assinatura do Paciente de de Assinatura do Pai ou Responsável . Data Questionário Médico-Odontológico Nome do Paciente ______/ _______/ _______ Matrícula QUESTÕES MÉDICAS Nome do seu Médico Telefone do seu médico Data do último exame médico ______ / ______ / ______ QUESTÕES 0 1 - Você já foi hospitalizado(a)? Se positivo, qual o motivo? 0 2 - Você está sob cuidados médicos? Se positivo, qual o motivo? 0 3 - Você tem ou já teve doenças congênitas do coração? 0 4 - Você tem ou já teve doenças cardíacas (ex.: enfarte, angina, derrame, pressão alta, pressão baixa)? Você tem ou já teve respiração difícil quando deitado ou sem fazer esforço? Você tem ou já teve inchaço nos pés ou nos tornozelos? Você tem ou já teve dor, pressão ou mal estar no peito? 0 5 - Você tem ou já teve febre reumática? 0 6 - Você tem ou já teve endocardite bacteriana? 0 7 - Você tem ou já teve sopro no coração? 0 8 - Você tem ou já teve desmaios, convulsões ou epilepsia? 0 9 - Você tem ou já teve dor de cabeça freqüente (duas vezes ou mais por semana)? 10 - Você esteve ou está em tratamento nervoso? 11 - Você tem ou já teve problemas pulmonares (ex.: tuberculose, asma, enfisema, bronquite)? 12 - Você tem ou já teve hepatite, doenças hepáticas ou icterícia? 13 - Você tem ou já teve artrite ou dores articulares? 14 - Você tem ou já teve doenças sexualmente transmissíveis (ex.: sífilis, gonorréia, AIDS)? 15 - Você tem ou já teve diabetes? Seus ferimentos demoram a cicatrizar? Você urina mais de seis vezes por dia? Você sente sede a maior parte do tempo? 16 - Você tem ou já teve problemas sangüíneos (ex.: anemia, fragilidade capilar, coagulação, sangramento,hemo pticose, melena, hematemese, hemotúria, epistaxes)? 17 - Você tem ou já teve úlceras ou outros problemas estomacais? 18 - Você tem ou já teve reação alérgica a anestésicos, antibióticos (ex.: penicilina, tetraciclina), sulfa,analgésicos, ant i-inflamatórios, tranqüilizantes, outros (ex.: aliment os, iodo, poeira)? 19 - Você já sofreu transfusão sangüínea? 20 - Você está tomando algum medicamento? Se positivo, relacionar nas observações, no verso do questionário. 21 - Você teve um aumento ou diminuição acentuada de peso? 22 - Você teve uma variação recente no apetite? 23 - Você sofreu tratamento com raios X, rádio ou cobalto? 24 - Você está grávida? Se positivo, há quantos meses? 25 - Você já passou pela menopausa? 26 - Você está tomando algum hormônio? SIM NÃO NS QUESTÕES ODONTOLÓGICAS Nome do seu Dentista Data da última visita ao dentista Freqüência de visitas ao Dentist a ______ / ______ / ______ Data da última extração Causa provável das extrações ______ / ______ / ______ NÃO NS SIM QUESTÕES 0 1 - Você teve reações adversas durante ou após alguma extração dentária? 0 2 - Você teve sangramento excessivo após alguma extração dentária? 0 3 - Suas gengivas sangram? 0 4 - Você já teve algum abscesso periodontal ou GUNA? 0 5 - Você já fez algum tratamento periodontal? Se positivo, qual? 0 6 - Você já teve algum tratamento ortodôntico? Se positivo, em que data, condições e quanto tempo durou? 0 7 - Você já fez algum tratamento de canal? Se positivo, em que data? 0 8 - Você usa ou já usou alguma prótese dentária? Se positivo, por quanto tempo ou qual a idade da prótese em uso? 0 9 - Alguém em sua família tem ou teve doença periodontal? Se positivo, quem e qual doença? 10 - Alguém em sua família teve perda precoce de dentes? Se positivo, quem e quais causas prováveis? 11 - Você costuma respirar pela boca? 12 - Você range os dentes? 13 - Você escova os dentes periodicamente? Quantas vezes por dia? 14 - Alguém já lhe ensinou a escovar os dentes? 15 - Você usa o fio dental? 16 - Você utiliza flúor regularmente? 16 - Você usa ou já usou algum medicamento para tratar um problema dentário? Se positivo, que medicamento em que condição e quando foi tratado ? 17 - Você fuma? Se positivo, quantos cigarros por dia? 18 - Você é ex-fumante? Se positivo, há quanto tempo parou, por quanto tempo fumou e quantos cigarros costumava fumar? OBSERVAÇÕES DECLARAÇÃO DO PACIENTE Eu , aba ixo assinado(a), aut orizo a ut ilização de radiografias, de fot ografias, de result ados de exames e de informações cont idas nest a Ficha Clínica, como mat erial didát ico, de pesquisa ou publicação cient ífica, desde que minha ident idade e residência fiquem preservadas. Assinatura do(a) Paciente Assinatura do(a) Aluno(a) Assinatura do(a) Professor(a)