o grupo de apoio como fator relevante para mulheres com câncer

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O GRUPO DE APOIO COMO FATOR RELEVANTE PARA MULHERES COM
CÂNCER DE MAMA
THE SUPPORT GROUP AS IMPORTANT FACTOR FOR THE WOMEN WITH
BREAST CANCER
Raquel Soares Martins
Discente do curso de enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UnilesteMG.
Geórgea Silva Pereira
Discente do curso de enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - UnilesteMG.
[email protected]
Ricardo Alexandre da Silva Cobucci
Enfermeiro. Especialista em Docência do Ensino Superior. Docente do Centro Universitário do Leste
de Minas Gerais - UnilesteMG.
RESUMO
O grupo de apoio é uma instituição que visa trabalhar o paciente com um todo, fortalecendo seu lado
psico-emocional e esclarecendo aspectos importantes sobre a doença. O estudo tem como objetivo
investigar a contribuição do grupo de apoio para mulheres com diagnóstico de câncer de mama.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagem descritiva e exploratória. A pesquisa foi
realizada com 8 mulheres que freqüentavam regularmente a Associação de Assistência a Pessoas
com Câncer (AAPEC) situado em Ipatinga-Mg, durante 5 dias alternados, previamente estabelecidos
conforme o calendário de atividades do grupo de apoio, em agosto de 2008. Como instrumento de
coleta de dados foi utilizado uma entrevista semi-estruturada. Após a coleta das informações,
algumas narrativas foram escolhidas para exemplificar e ilustrar a discussão dos dados. As narrativas
escolhidas foram transcritas e empregadas no estudo de acordo com a divisão dos seguintes temas:
Aceitação da doença e tratamento, avaliação do estado emocional, aceitação da família em relação
ao diagnóstico de câncer de mama e atividades realizadas no grupo de apoio. A conclusão mostra
que para todas as mulheres que fizeram parte da pesquisa, o grupo de apoio teve fundamental
importância em sua vida social e familiar, contribuindo também para melhora do seu estado
emocional.
PALAVRAS-CHAVE: Câncer de mama. Grupo de apoio. Emocional. Família
ABSTRACT
The support group is a space that seeks to work the patient with a whole, strengthening his psicoemotional side and explaining important aspects on the disease. The study has as objective
investigates the relevance of the support group for women with breast cancer diagnosis. It is treated of
a qualitative research with descriptive and exploratory approach. The research was accomplished with
8 women that frequented the Association of Attendance regularly to People with Cancer (AAPEC)
located in Ipatinga-Mg, for 5 alternate days, previously established according to the calendar of
activities of the support group, in August of 2008. As instrument of collection of data was used a semistructured interview. After the collection of the information, some narratives were chosen to exemplify
and to illustrate the discussion of the data. The chosen narratives were transcribed and maids in the
study in agreement with the division of the following themes: Acceptance of the disease and
treatment, evaluation of the emotional state, acceptance of the family in relation to the breast cancer
diagnosis and activities accomplished in the support group. The conclusion shows that for all of the
women that were part of the research, the support group had fundamental importance in his/her social
life and family, also contributing to improvement of his/her emotional state.
Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG-V.3-N.1-Jul./Ago. 2010.
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KEY WORDS: Mamma Cancer. Support group. Emotional. Family.
INTRODUÇÃO
O câncer é definido como um grupo de doenças que se caracterizam pela
perda do controle da divisão celular e pela capacidade de invadir outras estruturas
orgânicas. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2005, de um total de
58 milhões de mortes ocorridas no mundo, o câncer foi responsável por 7,6 milhões,
o que representou 13% de todas as mortes (CUFFA et al, 2005; BRASIL, 2008).
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo.
Estima-se que o número de novos casos de câncer de mama esperados para o
Brasil em 2008 é de 49.400, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil
mulheres (BRASIL, 2008).
Esse câncer é o mais temido pela maioria das mulheres por se tratar de uma
doença complexa e de alta freqüência no universo feminino. Muitas das
preocupações das portadoras da doença giram ao redor do acometimento
psicológico e até mesmo da própria imagem corporal (CAMARGO; MARX, 2000;
SERVANTES, 2002).
A participação dessas mulheres em grupos de apoio direcionados á pacientes
com câncer de mama torna-se extremamente relevante para a auto-aceitação e para
a progressão positiva do tratamento, já que elas compartilham experiências
relacionadas à enfermidade e tornam-se mais conscientes e confiantes perante o
câncer (CAVALCANTI; FERNANDES; RODRIGUES, 2001; PINHO et al, 2007).
De acordo com dados de um estudo sobre mulheres que freqüentam grupos
de apoio realizado por Cavalcanti, Fernandes e Rodrigues (2001) as participantes
relatam que através da comunicação puderam aliviar suas tensões, trocar
experiências com mulheres que se submeteram ao mesmo tratamento, tirar dúvidas
sobre o câncer e manter-se informadas sobre assuntos do seu interesse.
Já os resultados do estudo de Rezende e Botega (1998) mostram um enorme
índice de desconfiança e rejeição por parte das mulheres, já que para elas se expor
representava uma ameaça de mais perdas. No entanto, para algumas delas o grupo
de apoio ajudou na aproximação desses sentimentos.
Entender como os grupos de apoio podem contribuir para a estruturação da
vida de mulheres que se encontram acometidas pelo câncer de mama é
extremamente importante, uma vez que a maioria delas ao receberem o diagnóstico
da doença sofrem um abalo psico-emocional que acaba por desestruturar seu bemestar psicológico, bem como sua vida familiar e social.
Os benefícios oferecidos pelo estudo se mostram através da identificação da
importância dos grupos de apoio na vida das pacientes com câncer e também como
forma de incentivo à participação dessas pacientes em grupos de apoio. Também
colabora para o aprendizado de profissionais de enfermagem em relação à
abordagem de fatores que podem interferir a portadora e ao tratamento de mulheres
com esse diagnóstico, vizando um atendimento holístico, com isso a melhora da
assistência prestada.
Sendo assim foi objetivo do estudo avaliar as interferências do grupo de apoio
na aceitação da doença, do regime terapêutico, se eles realmente contribuem para a
melhora do estado emocional e de que forma contribui para a aceitação familiar do
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paciente com câncer de mama. Além disso, identificar os benefícios do grupo de
apoio na vida de mulheres com o diagnóstico de câncer de mama.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo qualitativo com abordagem descritiva e exploratória.
Segundo Polit, Beck e Hungler (2004), os estudos qualitativos são realizados através
da coleta e análise de materiais subjetivos, narrativos, usando procedimentos
flexíveis que evoluem no campo de estudo.
A pesquisa foi realizada com 8 mulheres que freqüentavam regularmente a
Associação de Assistência às pessoas com Câncer (AAPEC), situado em IpatingaMG. Como critérios de inclusão, foram selecionadas mulheres com câncer de mama
que estavam em tratamento no Centro de Oncologia e Radioisótopos ou que já
haviam se submetido ao tratamento oncológico para câncer de mama e que
atualmente participavam das atividades do grupo de apoio. O método de seleção
das mulheres foi por conveniência.
Utilizou-se como instrumento de coleta de dados uma entrevista semiestruturada, como também um gravador para que não houvesse perda de
informações relevantes durante a entrevista. O tempo médio das entrevistas foi de
20 minutos por mulher.
A coleta de dados foi realizada durante cinco dias alternados, previamente
estabelecidos conforme o calendário de atividades do grupo de apoio, em agosto de
2008. Nesse período foram entrevistadas todas as mulheres com o diagnóstico de
câncer de mama que se encontravam no grupo de apoio e que se interessaram em
fazer parte do estudo. A coleta dos dados foi feita durante as oficinas recreativas
realizadas na própria AAPEC. A entrevista foi direcionada de acordo com os
seguintes temas: aceitação da doença e tratamento; avaliação do estado emocional;
aceitação da família em relação ao diagnóstico de câncer de mama e atividades
realizadas no grupo de apoio.
O conteúdo das informações colhidas foram analisadas e algumas delas
foram selecionadas para fazerem parte do estudo. As narrativas escolhidas foram
transcritas e empregadas no estudo de acordo com a divisão dos temas utilizados
na orientação das entrevistas.
Para que o estudo pudesse ser realizado foi necessária à permissão da
diretoria do grupo de apoio AAPEC, que se fez através da assinatura do Termo de
Autorização da Instituição pela assistente social. A pesquisa foi realizada apenas
com mulheres que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde
continham as devidas orientações sobre como seria realizada a pesquisa, assim
como os objetivos, benefícios, garantia de sigilo e responsabilidades do
pesquisador. As mulheres foram identificadas na pesquisa através do uso das
iniciais dos seus nomes. Todos os aspectos contidos nos cuidados éticos
apresentados pelo estudo respaldaram-se na Resolução 196⁄96 do Conselho
Nacional de Saúde (CNS).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise das entrevistas permitiu compreender a relevância do grupo de
apoio na vida das mulheres portadoras do câncer de mama. As faixas etárias das
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mulheres que participaram variam de 27 a 58 anos. As entrevistas foram realizadas
a partir de um roteiro contendo os seguintes temas: 1. Aceitação da doença e
tratamento, 2. Avaliação do estado emocional, 3. Aceitação da família em relação ao
diagnóstico de câncer de mama, 4. Atividades realizadas no grupo de apoio.
1- Aceitação da doença e tratamento
Receber o diagnóstico de câncer de mama é um processo difícil para a
maioria das mulheres. A surpresa de descobrir-se acometida pela doença faz com
que surjam sentimentos de revolta que acabam despertando também o medo da
morte. Nesse momento, o encaminhamento dessas mulheres a grupos de apoio
direcionados a pacientes com câncer de mama pode facilitar o enfrentamento da
doença e do regime terapêutico.
Os grupos de apoio ajudam à mulher na aceitação do câncer e das
particularidades da sua doença. É um ambiente onde elas compartilham
experiências de vida relacionadas à enfermidade e é onde também buscam meios
para solucionar seus problemas (CAVALCANTI; FERNANDES; RODRIGUES, 2001),
como nos relatos a seguir:
No inicio da doença fiquei muito deprimida e sensível, e o grupo de apoio me
ajudou a superar. (L.S.S.T-27 anos).
Eu acho que se não fosse o grupo de apoio eu não teria conseguido, porque
passar pelo tratamento é muito dolorido, você perde cabelo e fica um pouco
deprimida, a força que a gente recebe aqui ajuda muito a melhorar isso.
(T.A.S - 37 anos).
Através das narrativas percebe-se que o câncer de mama provoca alterações
na vida das mulheres que convivem com a doença. Notou-se que as dificuldades da
aceitação da doença e do tratamento acabam sendo menores quando essas
mulheres participam de grupos de apoio, pois neles elas conseguem estabelecer
relacionamentos significativos que acabam estimulando mudanças de atitudes e
comportamentos, contribuindo satisfatoriamente para sua aceitação como portadora
do câncer e consequentemente para a adesão ao tratamento.
Os sentimentos de medo da morte e ansiedade se tornam presentes no
momento do diagnóstico de forma que podem contribuir negativamente para a
adoção de estratégias para o tratamento, pois elas sabem que a partir dali suas
vidas poderão sofrer mudanças significativas e isto as deixa temerosas, conforme
relata Silva (2005). O autor inda discorre que assumir o tratamento não é fácil, uma
vez que, o paciente pode passar por procedimentos e por efeitos adversos, gerando
revolta, impotência, entre outras manifestações como a seguir:
Antes de ir para o médico eu sempre pedi a Deus para não ser nada grave.
Eu não sou adivinha mais você senti quando tem algo errado. Eu já
desconfiava, doía sempre no mesmo horário (M.F.S – 40 anos).
Foi muito difícil, na hora fica complicado de encarar, minha vida mudou
completamente”(T.A.S – 37 anos).
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A descoberta do câncer de mama é uma realidade dolorosa, que na maioria
das vezes leva a sentimentos de revolta. O diagnóstico e o tratamento podem ser
traumatizantes pelo fato desta ser uma doença ameaçadora a sua vida (BARBOSA;
XIMENES; PINHEIRO, 2004).
O tratamento do câncer se dá por vários métodos de abordagem terapêutica,
onde cada um pode gerar manifestações adversas específicas que podem debilitar
os indivíduos. As técnicas vão desde aplicação de medicamentos como a
quimioterapia, a cirurgias de ressecção de membros como a mastectomia, sendo
estas as formas mais temidas pelas mulheres que as leva a terem sentimentos que
podem gerar receios ao tratamento, segundo Barbosa, Ximenes e Pinheiro (2004).
Estas situações podem ser entendidas perante as verbalizações a seguir:
Foi muito dolorido, perdi cabelo, o médico pediu para fazer quimioterapia para
reduzir o nódulo, mas não deu e tive que tirar a mama (L.S.S.T – 27 anos);
Foi muito difícil ver meu cabelo cair, no inicio tinha vergonha das pessoas e
não gostava quando elas sentiam pena de mim (T.A.S -37 anos);
Fiz seis sessões de quimioterapia, que não é fácil, fiquei careca, caiu tudo
que era pelo do corpo inteiro, eu vomitava demais, passava muito mal e fiquei
muito inchada (J.L.G – 46 anos).
Desta forma, afloram nestas mulheres sentimentos de revolta, angustia e o
medo que precisam ser melhor compreendidos para que recebam apoio de todos
que estão ao seu redor durante o enfrentamento da doença.
2- Avaliação do estado emocional
Além da dificuldade na aceitação da doença e do tratamento do câncer, outro
fator que se torna preocupante é o abalo psico-emocional causado nas mulheres
portadoras da doença. O câncer acaba despertando sentimentos de medo, perda e
angústia e a maioria das mulheres chegam a ficar deprimidas, principalmente,
quando precisam se submeter à mastectomia. Esse conjunto de fatores acaba
constituindo um desgaste psicológico inevitável.
De acordo com Pinho et al (2007) o fato de estar com câncer gera uma
associação direta com o medo da morte, amedrontando e abalando
psicologicamente essas mulheres, como se observa nos relatos abaixo:
No início minha vida mudou, fiquei muito chateada, triste e com medo, queria
saber por que isso foi acontecer comigo (T.A.S – 37 anos)
Nossa foi um choque muito grande, fiquei desesperada. Eu achei que ia
morrer (L.S.S.T – 27 anos).
O câncer de mama provoca diversas alterações na vida das mulheres que
convivem com a doença. Diante deste impacto nota-se que o estado emocional
dessas mulheres torna-se extremamente alterado. Durante esse período os grupos
de apoio é um papel fundamental para a mudança do quadro psicológico dessas
mulheres.
Para Hoffmann, Muller e Frasson (2006) “em momentos de dependência e
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fragilidade, o apoio de outras pessoas fortalece a autoconfiança, o que possibilita um
melhor enfrentamento das situações de sofrimento”, reafirmadas nas falas a seguir:
Sem o grupo minha melhora seria lenta, o remédio ajuda, mais esse apoio
que temos aqui complementa. (M.F.S – 40 anos).
O pessoal aqui me acolheu muito bem, elas me fizeram acreditar que tudo ia
dar certo, e até agora ta dando (E.P.G. – 35 anos).
É um lugar que tem pessoas que querem te ajudar, pessoas como eu que
também tiveram câncer, e com certeza isso ajuda muito, de todas as formas
possíveis. (J.L.G – 46 anos)
Diante das circunstâncias nota-se a importância do grupo de apoio na
melhora do estado psico-emocional dessas mulheres, pois o impacto causado pela
doença acarreta alterações em seu estado emocional dificultando a aceitação do
câncer e gerando uma explosão de sentimentos, e a participação delas nos grupos
de apoio amenizam esses sentimentos negativos, fortalecendo assim seu
psicológico, contribuindo para a melhora da qualidade de vida dessas mulheres.
3- Aceitação da família em relação ao diagnóstico do câncer de mama
Outro aspecto importante é a aceitação da família em relação ao diagnóstico
de câncer, pois a princípio ela também apresenta certa resistência para aceitar o
fato. Sabe-se que o apoio familiar é muito importante para que a mulher consiga
vencer as dificuldades do tratamento, então, durante esse processo é importante
que a família também conheça os grupos de apoio, pois neles elas poderão adquirir
mais informações, esclarecendo dúvidas e aspectos importantes sobre a doença.
É importante que a família conheça o grupo para entender como ele funciona
e para acompanhar a mulher durante a doença. A participação ativa dos familiares
na vida dessas mulheres contribui tanto para sua aceitação quanto para a aceitação
dos familiares durante o tratamento, como mostra os relatos a seguir:
No início meu filho não queria aceitar, a palavra câncer no primeiro impacto
assusta, mais na medida que você vai conhecendo a doença você perde um
pouco do medo, hoje ele já entende isso e me da muito apoio (FS.M – 40
anos).
Minha família me incentiva muito a participar aqui no grupo, eles sabem que
quando to aqui eu fico bem. (M.F.S – 40 anos).
Meu marido e minha filha já vieram aqui no grupo para conhecer, minha filha
sempre que pode vai nas palestras comigo, é bom porque assim tenho mais
animação pra ir. (L.L.P 58 anos).
Os relatos condizem com Barbosa, Ximenes e Pinheiro (2004) em que
afirmam que “o suporte social contribui de maneira significativa para a recuperação e
manutenção da saúde das mulheres, além de ser um apoio para as mesmas
desempenharem seus papéis na família e na sociedade”.
A família que vai ao grupo de apoio não vai somente para conhecer e
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acompanhar a mulher, ela também pode participar das atividades, adquirir mais
informação sobre a doença, com isso contribuindo na sua aceitação frente ao
câncer. O apoio familiar é um elo importantíssimo para a melhora do quadro clínico
da paciente, pois é importante para ela sentir-se apoiada pelos entes queridos.
4- Atividades realizadas no grupo de apoio
De acordo com um estudo realizado, mulheres relatam que através da
comunicação puderam aliviar suas tensões, trocar experiências com mulheres que
se submeteram ao mesmo tratamento, tirar dúvidas sobre o câncer e manter-se
informadas sobre assuntos do seu interesse (CAVALCANTI; FERNANDES;
RODRIGUES, 2001), reafirmadas nas verbalizações a seguir:
Aqui no grupo tem muitas palestras falando do câncer, sobre dosagem de
medicação e alimentação, além disso, aprendi a fazer bísqui e pintura. Hoje
uma das minhas fontes de renda é o artesanato que aprendi aqui (L.S.S.T –
27 anos).
Dia e hora do grupo de apoio é sagrado, se eu deixo de vim eu pioro (M.F.S –
40 anos).
Eu venho nas palestras e no passeio, quando falam que vai ter passeio eu
sempre vou, eu gosto muito, o grupo tem me ajudado muito graças a Deus
(L.L.P – 58 anos).
“A possibilidade de dar ânimo e forças para outras mulheres que estão
vivenciando a mesma situação de doença é reconhecido pela mulher como uma
forma de vencer cada etapa da experiência” (BERGAMASCO; ANGELO, 2001).
O grupo de apoio possui oficinas recreativas e palestras onde as mulheres
aprendem a fazer artesanatos e obtêm todos os tipos de informações sobre o câncer
de mama, além de ter contato com outras mulheres que passaram ou passam pela
mesma experiência.
Com isso o grupo as ajuda não só com o fornecimento de suplementos
alimentares e medicamentos, mas também trabalha o lado emocional dessas
mulheres, uma vez que estas encontram-se emocionalmente abaladas.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados analisados no decorrer do estudo notou-se que
o grupo de apoio contribuiu satisfatoriamente para as mulheres com diagnóstico de
câncer de mama, uma vez que a interatividade delas com o mesmo em todos os
aspectos pesquisados foram importantes.
Notou-se que todas as mulheres apresentaram argumentos satisfatórios em
relação ao grupo no que se relaciona aos aspectos sociais e familiares, contribuindo
assim, para a melhora dos estados de saúde física e emocional, com conseqüências
positivas na qualidade de vida.
A assistência familiar recebida por essas mulheres também foi um ponto de
grande relevância para o enfrentamento da doença, já que todas as mulheres
entrevistadas relataram se sentirem mais seguras e encorajadas, sabendo que tem
o apoio de seus familiares.
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Sendo assim, conclui-se que o grupo de apoio é peça fundamental para a
melhora da expectativa de vida dessas mulheres, contribuindo positivamente para
seu bem estar, visando satisfazer a melhoria da qualidade de vida, buscando
trabalhar o paciente como um todo, apoiando-o, fortalecendo-o e esclarecendo os
aspectos importantes sobre a doença.
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