A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO O EXERCÍCIO DA CIDADANIA NO ESPAÇO PÚBLICO: O CASO DA QUINTA DA BOA VISTA, RJ. TAIANY BRAGA MARFETAN1 Resumo O artigo propõe uma reflexão sobre as maneiras de ocupação da cidade contemporânea que possibilitem a convivência entre os diferentes grupos sociais, destacando a utilização dos espaços públicos. Através da etnografia e de entrevistas na Quinta da Boa Vista (RJ), busca-se compreender a importância de sua utilização na dinâmica de ocupação da cidade, e o papel social desta para tal. Nota-se que o local é importante para a sociabilidade e o lazer, porém, uma maior integração entre os gestores e os grupos que dele se utilizam deve ser feita, de maneira a facilitar a elaboração de políticas públicas que sejam de fato efetivas para aqueles que usufruem deste espaço, fortalecendo assim sua ocupação e o exercício da cidadania. Palavras-chave: Espaço Público; Cidadania; Políticas Públicas. Abstract The article proposes a reflection about the ways of occupation of the contemporary city that allow the coexistence between different social groups, highlighting the uses of public spaces. Through ethnography and interviews at Quinta da Boa Vista (RJ), this article sought to understand the importance of their use in the occupation of the city, and the social role of this for that. The site is important for sociability and leisure, however, greater integration between managers and groups who use it must be made in order to facilitate the development of public policies that are effective indeed for those that uses this space, strengthening its occupation and citizenship. Keywords: Public Space; Citizenship; Public Policy. 1- Introdução A cidade contemporânea situa-se no eixo de relações estabelecidas entre a sociedade e seu espaço através de sua apropriação2, e sua interdependência com o desenvolvimento social e político local e global. Portanto, a cidade atual se apresenta dentro de um complexo de relações integradas e interdependentes entre os atores sociais que nela se desenvolvem, transformando suas formas e funções, e sendo também transformados por ela. Harvey (2013), apresentando uma reflexão sobre as possibilidades de ação social no espaço urbano que levem aos “espaços de esperança”, destacou que as cidades são construções humanas e nestes espaços se imprimem as lógicas 1 Acadêmica do programa de pós-graduação (Mestrado) em Geografia da Universidade Federal Fluminense (POSGEO). E-mail de contato: [email protected] 2 No campo da Geografia, a apropriação caracteriza uma relação mais simbólica de utilização dos espaços, a partir das marcas do vivido, ou seja, mais caracterizada pelo valor de uso. O espaço apropriado, neste sentido, apresenta um atributo de possessão e de identificação, que se diferencia da mera ocupação física dos espaços (HAESBAERT, 2007). 1134 2 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO culturais das civilizações, que distinguem os homens dos demais animais. Desta maneira, ao produzirmos coletivamente nossas cidades, produzimos coletivamente a nós mesmos. Assim sendo, não podemos dissociar a sociedade de seu espaço físico para compreensão dos fenômenos relacionados, nem tampouco desconsiderar os impactos da esfera econômica e política a nível local e global na determinação das transformações do espaço urbano. Além disso, não podemos desconsiderar as ações coletivas na transformação do espaço urbano, pela busca de uma cidade mais democrática a todos. A análise da presente pesquisa sobre a cidade contemporânea partiu do espaço público, enquanto local de importância vital para a mesma, por guardar enquanto conceito a capacidade de possibilitar a convivência e a visibilidade de diversos grupos sociais, como destacado por Gomes (2013). Portanto, propõe-se uma reflexão sobre as maneiras de utilização dos espaços públicos que possibilitem uma melhor ocupação dos mesmos, e também buscando integrá-los na discussão sobre a elaboração de políticas públicas participativas, que facilitem uma gestão urbana democrática, fortalecendo assim a cidadania. O texto estrutura-se em três partes. Primeiramente, aborda o conceito de espaço público e suas características, inserindo-o na dinâmica da cidade contemporânea, passando pelos nexos de cidadania territorial e direito à cidade. Desta maneira, busca-se integrar os conceitos geográficos dentro da análise proposta. Em seguida, trata do caso da Quinta da Boa Vista e sua ocupação pela sociedade através da etnografia3 e de entrevistas com os frequentadores, buscando compreender a importância do uso deste espaço para eles e também o que deve ser feito em termos de políticas públicas para o fortalecimento desta dinâmica. Ao final, delineia um esforço de integrar o espaço público e sua ocupação com o fortalecimento da participação social e da cidadania dos grupos que deste se 3 A etnografia é um método de pesquisa em que o pesquisador, inserido no campo, observa e registra tudo aquilo que considera necessário para sua análise, através, por exemplo, de registros escritos e fotográficos. 1134 3 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO utilizam, destacando assim a importância desta ação para um efetivo “direito à cidade”, como apontado por Lefebvre (2001), à todos. 2- O espaço público-político na cidade contemporânea Para introduzir a discussão sobre o conceito de espaço público, Gomes (2012) apresenta que estes locais são caracterizados a partir de duas concepções. A primeira diz respeito a concretude desta área, sendo exemplificada enquanto uma praça, rua, jardim, equipamentos urbanos ou parques. A segunda concepção apresenta referência a um espaço abstrato, teórico, fundamento da vida política e democrática. Assim, podemos delimitar o espaço público através de sua concepção material, física, por ser um tipo de espaço inserido na lógica cidade contemporânea de utilização pública, por todos os tipos de atores sociais. O espaço público pode ser caracterizado então por ser um local de uso público. Innerarity (2006) destaca que o espaço público é a esfera de deliberação em que se articula o comum e onde são tratadas as diferenças. Esta concepção também é apresentada em Castro (2004), que reforça a vertente política do espaço público, destacando que tais espaços, em sociedades democráticas, são vistos como espaços políticos, nos quais há visibilidade das tensões inerentes aos seus processos de transformação e utilização. Para a autora, é igualmente importante caracterizá-lo como espaço da norma, uma vez que é o local de encontro de diferentes e desta maneira, torna-se necessário a delimitação de regras de convivência e utilização destes espaços pelos diversos grupos sociais que nele se manifestam. As normas instituídas resultam de uma relação de isonomia entre os diversos grupos sociais, como aquela da liberdade positiva, em que estes podem usufruir livremente enquanto espaço democrático na cidade. Parkinson (2012) também irá ressaltar essa vertente política existente no espaço público, uma vez que afirma que a democracia ali se efetiva através das lutas sociais, tornadas ativas e visíveis. 1134 4 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Podemos então relacionar o espaço público como sendo o local de atuação primordial da política nas cidades contemporâneas por possibilitar o convívio entre os diferentes e por materializar as práticas sociais impressas pelos diversos atores sociais, sendo as mesmas reguladas por normas de convívio estabelecidas no pacto social da política através das instituições públicas. A cidadania, enquanto conjunto de direitos (civis, políticos e sociais), e também de deveres, tendo seu estudo sendo pioneiramente desenvolvido por Marshall (1996), é um importante termo de análise dentro da compreensão sobre a ocupação dos espaços públicos e a determinação de ações para os mesmos a partir dos atores que dele se utilizam, fortalecendo também a democracia. Os direitos políticos são estimulados através da ocupação dos espaços públicos, pois sua característica de possibilitar uma maior notoriedade às ações dos diferentes atores sociais favorece a ocupação desses espaços na arena política. Os direitos civis, tão recentes na história do Brasil, principalmente no que tange à isonomia, têm nestes locais um palco para sua manifestação, ainda que tal expressão de diferenças não se dê sem conflitos. Os direitos sociais são efetivados nesses espaços, principalmente no que tange ao direito ao lazer, já que possibilitam sua pelos mais diversos atores sociais que habitam a cidade. Em síntese, o espaço público se configura como um local capaz de possibilitar a relação entre diferentes indivíduos que habitam a cidade e de possibilitar a visibilidade, o diálogo e a ação. Desta maneira, é favorável ao exercício da cidadania, que pode ser reforçada neste tipo de espaço urbano. A seguir, é apresentada a relação entre essa discussão sobre o fortalecimento da cidadania e da democracia, através da ocupação dos espaços públicos, tendo a Quinta da Boa Vista sido o local escolhido para a compreensão deste fenômeno urbano, político e social. 3- A utilização da Quinta da Boa Vista, seus atores sociais e possibilidades de intervenção A Quinta da Boa Vista está situada na Zona Norte da Cidade do Rio de Janeiro, e bem próxima ao centro, como mostra o mapa a seguir. 1134 5 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Imagem 1: Mapa das Regiões Administrativas da Cidade do Rio de Janeiro. Fonte: Armazém de dados da Prefeitura do Rio de Janeiro (2011) - Acesso em Julho de 2015. O bairro de São Cristóvão é o local da cidade em que se situa a Quinta da Boa Vista. De acordo com o mapa acima, São Cristóvão está na VII Região Administrativa, em verde e com o número 7, fazendo fronteira com diversos bairros da Zona Norte a oeste e sul, com a Região Portuária ao norte, e com o Centro e a Baía de Guanabara a leste. Assim, a região localiza-se num local estratégico da cidade e próximo ao Centro. A Quinta da Boa Vista é um Parque Público Municipal, como consta no site da Fundação Parques e Jardins, que administra a área. O local, além da centralidade, é interessante para a análise, uma vez que é muito utilizado por cidadãos de diferentes grupos sociais da cidade do Rio de Janeiro, e bem dotada de serviços de lazer e transportes públicos, o que facilita a sua ocupação. A área se torna um objeto de estudo ainda mais interessante porque sua gestão é compartilhada por órgãos municipais (Zoológico e área verde), estaduais (Polícia Militar) e federais (Museu Nacional e Horto Botânico), o que nos remete ao problema do pacto federativo e da gestão dos espaços públicos no Brasil (RODRIGUES, 2004)4. 4 Além disso, o policiamento é feito pela Guarda Municipal (Município do Rio de Janeiro) e a Polícia Militar (Estado do RJ), e a conservação realizada pela Comlurb (Município do Rio de Janeiro), o que 1134 6 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 3.1- Metodologia A prática etnográfica é caracterizada como um método de análise típico das ciências sociais, uma forma de descrição densa5, e consiste em observar as formas de uso e apropriação do espaço, enquanto estratégia de apreensão da realidade cotidiana pelo pesquisador inserido no fenômeno a ser pesquisado, não de fora e de longe, mas sim “de perto e de dentro” , de acordo com Magnani (2002). Ele destaca que a etnografia urbana, através da perspectiva de perto e de dentro, é capaz de compreender os padrões de comportamento, não de indivíduos atomizados, mas dos múltiplos, variados e heterogêneos conjuntos de atores sociais cuja vida cotidiana transcorre na paisagem da cidade e depende de seus equipamentos. A etnografia na Quinta da Boa Vista está em andamento, e já ocorreu entre os meses de Março a Junho de 2015, sempre aos domingos, que é o dia da semana de maior ocupação do local por citadinos vindos das mais diversas localidades da cidade e também de outras cidades da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, uma vez que a localidade tem uma estação de trem e metrô que a integra com as mais diversas localidades da cidade e de seu entorno. As principais atividades registradas foram festas e piqueniques familiares, e destaca-se a utilização da área verde para as festas de aniversário infantis. Além disso, outras atividades menos recorrentes também foram presenciadas durante as idas à campo, como forrós, circos itinerantes e oficinas culturais diversas. mostra a complexidade da gestão compartilhada entre escalas decisórias diferentes. A autora ainda aprofunda esta discussão trazendo a importância do debate acerca das políticas públicas e a Geografia em Rodrigues (2014). 5 Como apontado nos estudos de Geertz (2008) acerca da cultura e do método analítico para sua compreensão. 1134 7 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Imagem 2: Festa de aniversário na Quinta da Boa Vista. Fonte: Fotografia da autora, 15 de março de 2015. Além da etnografia, ao longo da pesquisa, entrevistas estão sendo feitas com os frequentadores, de maneira a compreender a importância da utilização deste espaço para eles. As perguntas são semi-estruturadas, feitas em forma de conversa e não com um questionário pronto; porém, são orientadas para a compreensão da importância deste espaço para eles, dentro da dinâmica de uso e ocupação dos espaços públicos no Rio de Janeiro, e, o que deve ser feito para melhorá-lo em termos de políticas públicas6. De acordo com Egler (2013), é necessário se pensar em mudar a estrutura do pensamento, ao invés de pensar o planejamento sobre o espaço; a proposta é pensar a ação sobre a transformação do espaço, reunindo os mais diversos atores sociais que dele se apropriam, fazendo então uma reflexão participativa sobre o planejamento e as ações sociais de resistência social. A maioria dos entrevistados não utiliza a Quinta da Boa Vista com grande frequência, e justificam isto dizendo que se utilizam do espaço para uma finalidade específica (ida ao zoológico, museu ou uma festa familiar). Nos relatos, é frequente a queixa com relação aos equipamentos públicos de lazer e também aos poucos 6 Ações compreendidas para Egler (2013) enquanto deliberações dos atores sociais para as mais variadas áreas, como: meio-ambiente, saúde, planejamento urbano e regional, cultura, educação, geração de emprego e renda, direitos humanos, saneamento básico, entre outros. 1134 8 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO sanitários existentes, e a necessidade de melhor limpeza e manutenção dos mesmos, além de poucas rampas e equipamentos de acessibilidade para deficientes físicos. Destacou-se, em uma das falas, que há pouca diversidade de brinquedos públicos para as crianças, e que, para que elas possam desfrutar melhor do espaço, a maioria dos brinquedos é pago. Além disso, em algumas falas, os frequentadores também se queixaram da segurança, dizendo que sentem medo em alguns pontos mais distantes da entrada do parque. Portanto, nota-se a importância de aliar a necessidade dos frequentadores com os gestores do espaço, através de um canal de comunicação e participação, para que as ações empreendidas sejam de fato necessárias aos que do espaço se utilizam. 4- A necessidade da gestão democrática da cidade e de seus espaços públicos De acordo com o Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001), em seu quarto capítulo que trata da “gestão democrática da cidade”, destaca que, Os organismos gestores das regiões metropolitanas e aglomerações urbanas incluirão obrigatória e significativa participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade, de modo a garantir o controle direto de suas atividades e o pleno exercício da cidadania (p. 34-35). Assim, torna-se necessário pensar em estratégias que possibilitem uma maior participação direta da sociedade na elaboração de políticas públicas que sejam de fato relevantes para as suas necessidades. Seldin (2013), ao debater a necessidade de se pensar a participação social na elaboração de políticas públicas culturais para o espaço urbano, destacou que essas deverão ser de proximidade e reconhecimento das diferenças, e devem ser calcadas numa cultura participativa e multiespacial, buscando o desenvolvimento humano nos espaços formais e informais. Estas políticas devem ser formuladas de acordo com os processos já existentes de produção cultural e de transformação urbana, já que as revitalizações efetivas só ocorrem quando há uma apropriação popular e participativa no espaço público urbano e quando há o entendimento de que este nunca será totalmente 1134 9 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO planejado, controlado e predeterminado, devendo, no entanto, ser incentivado e estimulado. No caso do Rio de Janeiro, uma série de intervenções culturais7 e de cunho político, como debates, vêm ocorrendo com o objetivo de possibilitar uma maior ocupação do espaço público, através de estratégias de participação popular, e de fortalecer estas práticas enquanto primordiais para uma maior cidadania e direito à cidade8; movimento contrário a lógica de mercantilização do espaço que vem privatizando cada vez mais os locais de lazer das grandes cidades, inseridas nos moldes da cidade corporativa9. Durante a pesquisa na Quinta da Boa Vista, uma série de eventos culturais de incentivo a participação popular no espaço público foram presenciados, como o chamado “Forró na grama da Quinta da Boa Vista”, que através de sua página eletrônica em redes sociais, cria eventos convidando as pessoas a participar e ocupar o gramado do local para dançar e se encontrar, apresentando a utilização do espaço público de suma importância na dinâmica do lazer no Rio de Janeiro. O idealizador do projeto foi entrevistado, e destacou que o local é de suma importância para a cidade por ser uma área pública, democrática, de fácil acesso e próxima ao centro, e desta maneira, é ocupada por diversos grupos sociais advindos dos mais diferentes bairros da cidade e também de fora dela. Mas, para ele, é necessário que a população cobre dos gestores melhor manutenção da área verde, dos lagos, o fortalecimento do policiamento e também a limpeza dos banheiros, para estimular sua utilização e fortalecendo a democratização do espaço. 5- Conclusão O presente artigo apresentou uma reflexão sobre a importância dos espaços públicos na cidade contemporânea, e sua ocupação pelos diferentes grupos sociais que habitam a cidade. Através da etnografia na Quinta da Boa Vista (RJ) e de entrevistas com os frequentadores do espaço, a pesquisa, que se encontra em 7 Coletivos como o “Faz na Praça” e também o “Norte Comum” são exemplos de iniciativas populares empreendidas com o objetivo de fortalecer a ocupação dos espaços públicos na Cidade do Rio de Janeiro, promovendo festas, exibição de filmes, debates, aulas de história da cidade ao ar livre e também intervenções urbanísticas e estéticas nas praças. 8 Tema desenvolvido em Lefebvre (2001). 9 Como apresentado em “Condição Pós-moderna”, Harvey (2005). 1135 0 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO andamento, busca compreender a importância da ocupação deste local para os que dele se utilizam, e também, o que é necessário ser feito em termos de políticas públicas para facilitar seu acesso e ocupação, buscando estratégias de participação social na elaboração destas políticas, rumo a uma gestão mais democrática da cidade. Entendemos que lugares como a Quinta da Boa Vista apresentam importância primordial para esta construção, uma vez que guardam como conceito a livre ocupação e portanto o uso público; imprimem maior visibilidade às ações sociais e facilitam o encontro de grupos distintos de cidadãos. Desta maneira, a análise apresentada pretende contribuir nesta reflexão sobre as estratégias de participação social na elaboração de políticas públicas que sejam de fato necessárias para estes espaços, buscando fortalecer a ocupação e a gestão democrática do espaço público e da cidade, integrando os mais diversos atores sociais neste processo, na construção e efetivação da cidadania e democracia urbanas. Referências Bibliográficas BRASIL. Estatuto da Cidade: Lei 10.257/2001 que estabelece diretrizes gerais da política urbana. Brasília, Câmara dos Deputados, 2001, 1ª edição. CASTRO, Iná. Espaços públicos: Entre a publicidade e a política. ALCEU, v.4, n.8, p. 141-155 - jan./jun. 2004. EGLER, Tamara. Prólogo. 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