INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA DISCIPLINA DE GEOGRAFIA INTRODUÇÃO Seja bem vindo à ECEME, sou o Capitão Marcelo instrutor do Curso de Preparação à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (CP/ECEME). Esta é a video aula de Introdução aos estudos de Geografia e complementa as video aulas anteriores e se destina a você aluno do CP/ECEME e aos Oficiais participantes do PEP. As questões que apresentaremos a seguir dizem respeito a como, a partir de quais fontes e com qual precisão pode-se adquirir conhecimento em Geografia. Tais medidas visam fornecer ferramentas para ajudá-lo na resolução de problemas e, por conseguinte, a obter sucesso no Concurso de Admissão à ECEME. Primeiramente, é importante destacar que os procedimentos de estudo devem estar em uníssono com o Plano de Disciplina (PLADIS) do Curso, o Guia do Aluno, o EB aula e os conteúdos desta disciplina peculiar que tem por missão explicar um mundo complexo e em constante mudança. Utilizamos como fonte para confeccionar a presente aula as pesquisas de opinião aplicadas nos alunos concludentes do CP/ECEME e aprovados no Concurso de Admissão. Além disso, todos os conceitos e questões que serão apresentados a seguir podem ser encontrados no material didático disponibilizado pelo CP/ECEME. Vamos dar início a nossa aula mostrando o objetivo dela: - Apresentar a importância de um estudo orientado da Geografia para a solução de problemas durante a preparação para o Concurso de Admissão à ECEME. Para alcançarmos tal objetivo nos basearemos no seguinte sumário: 1. INTRODUÇÃO 2. DESENVOLVIMENTO - Os Fundamentos Conceituais - A Seleção de Fontes de Estudo - O uso do PLADIS 3. CONCLUSÃO DESENVOLVIMENTO Cada ciência possui um olhar específico sobre a realidade. A Geografia, por conseguinte, busca compreender a sociedade através de uma perspectiva que lhe é própria. Partiremos das seguintes questões: Qual é o fundamento teórico do estudo da Geografia? Qual é a razão de ser de tal disciplina? A Geografia é a ciência que tem por preocupação compreender os usos e apropriações (políticas, culturais, econômicas, etc) que as sociedades fazem do território. A sua etimologia nos fornece uma boa dica do que precisamos saber quando estudamos tal matéria. Formada pelos sufixos Geo (Terra), uma forma latina da palavra grega Gaia, e Graphos (escrita) ela pode ser definida como “a escrita do homem sobre a terra”. O que isso significa? Significa que o homem imprime no espaço geográfico a sua marca quando constrói cidades, hidrelétricas, usinas e fábricas. Assim a constante transformação da natureza pelo trabalho humano está na alma da Geografia. A Geografia, portanto, estuda a realidade de uma sociedade através do seu espaço geográfico, ou seja, a partir da ação modeladora da humanidade sobre a superfície terrestre. É por tal dinamismo que sempre quando buscamos conhecimento na área de Geografia temos a impressão de que estamos defasados em relação à realidade. As divisões e os limites entre os países, por exemplo, nada têm de naturais. São resultado, isto sim, de processos históricos, conflitos, disputas, guerras, negociações, acordos, etc. que os instituíram como limites políticos. Vamos nos basear agora, a partir do exemplo da atual divisão territorial do Sudão no continente africano, em alguns conceitos que poder ser obtidos através do estudo da UD III de Pladis do CP/ECEME, quais sejam: relações internacionais, novos atores, realismo e idealismo. Comentário: Em fevereiro de 2011 foi anunciada a criação do Sudão do Sul após aprovação de 98% em referendo realizado no país. Em guerra civil por mais de cinco décadas, a região, de maioria cristã-animista, demandava autonomia da região norte, de maioria muçulmana, alegando receber menos recursos e investimentos. Os conflitos persistentes no país têm chamado atenção da comunidade internacional para resolução da questão. É, todavia, problemática a ingerência no país e a criação de um novo Estado no continente africano. O referendo para separação do país foi, em grande medida, desenvolvido por esforços da comunidade internacional. Questiona-se se a contínua ingerência no país a ponto de provocar sua separação não violou a soberania de Cartum e se os povos do sul apresentavam coesão suficiente para sua autodeterminação. O artigo 1º do Capítulo I da Carta das Nações Unidas define como objetivo fundamental da organização: “desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos e autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas para reforçar a paz universal”. O princípio de autodeterminação defende a soberania dos países, mas não é claro em relação aos mecanismos de execução deste princípio e não ampara abertamente a independência dos povos. Podemos entender o que aconteceu no Sudão à luz de duas perspectivas diferentes: a realista e a idealista. Invoca-se a perspectiva realista em Relações Internacionais, a qual defende que Estados são autointeressados e mantém esferas de influência para manutenção de seu poder na seara internacional. Desta maneira, a fomentação da independência do país viria, em grande medida, de interesses de países como China e Estados Unidos que mantêm investimentos no Sudão e estão vinculados à extração de petróleo sudanês, lhes preocupando, portanto, a estabilidade da região e o aumento de suas influências. Utilizando-se de uma perspectiva idealista das Relações Internacionais, que argumenta a necessidade de proteção de valores universais, o envolvimento das Nações Unidas no país seria justificado pela devida responsabilidade em proteger direitos imperativos, jus cogens, e evitar a violação contínua de direitos humanos por parte do Governo do Sudão. Desta maneira, o Sudão do Sul teria obtido sua independência de forma justa e historicamente justificada de acordo com a reivindicação de seu povo, cabendo ao norte respeitar a autonomia do país. A separação do sul do Sudão, no entanto, trará amplas consequências para o futuro da economia de todo o Sudão. Afinal, o norte e o sul ainda são interdependentes economicamente. A maior reserva de petróleo está no sul, por outro lado, é o norte o mais rico e que abriga as refinarias, os gasodutos e o porto para escoar a produção. Comentário: Por causa da natural propensão à mudança da ciência geográfica, o primeiro passo que o todo Oficial que planeja alcançar sucesso no Concurso de Admissão é obter um sólido embasamento conceitual (bagagem cultural) nos assuntos pertinentes à seleção intelectual. Isso nos leva a um segundo questionamento. Como adquirir, seguramente, embasamento conceitual na disciplina de Geografia? Uma resposta rápida e direta é selecionando corretamente as fontes de consulta. Mas vamos por partes! Como priorizar as fontes certas? Bem, o estudo de Geografia deve ser auxiliado pela consulta regular a um bom Atlas geográfico. O mapa ou representação cartográfica é a linguagem geográfica por excelência. Por isso, uma sugestão é a consulta ao Atlas Geográfico do IBGE.. O estudo de Geografia deve iniciar-se sempre pelos Conteúdos Básicos das Unidades Didáticas. Uma das formas de acessá-los é através da página do CP/ECEME. Basta no menu contido na página do CP/ECEME clicar no item publicações onde será aberta uma página com todas a publicações disponíveis para download. Lá o senhor encontrará a Publicação de Geografia, Volumes I e II, do CP/ECEME que é a referência para o correto entendimento dos conceitos geográficos que serão necessários para a resolução dos problemas propostos. Já sabemos, então, como acessar a nossa PUB e outras documentações pertinentes ao seu estudo http://www.ensino.eb.br/cpeceme. A partir delas, o aprofundamento será realizado através das demais fontes disponibilizadas. Além disso, é interessante estudar com um computador conectado a internet, com o cuidado para não dispersar o foco do estudo, a fim de que nenhuma dúvida fique sem resposta. Para tanto você pode utilizar em suas pesquisas sites governamentais ou de notória credibilidade. Sugerimos o site do IBGE (http://www.ibge.gov.br), o Clipping do Ministério do Planejamento (http://clippingmp.planejamento.gov.br/) e o site da Revista Exame (http://exame.abril.com.br/) Agora, Vamos aplicar alguns procedimentos citados em questões de Geografia? GEOGRAFIA SAÚDE Analisar as principais endemias rurais ocorrentes no Brasil (malária, febre amarela e doença de chagas) e concluir sobre as medidas em curso para a erradicação das mesmas. Comentários sobre o caso 1. Precisamos conhecer mais sobre as Endemias Rurais. Certo?! Pesquisando no EB aula e nas fontes disponíveis o senhor pode concluir que entende-se por endemia qualquer fator mórbido ou doença espacialmente localizada, ilimitada no tempo, presente entre os membros de uma população e em épocas determinadas. Delimitando espacialmente a questão, o senhor descobrirá que a área rural brasileira ocupa uma grande extensão do território, com precária infraestrutura sanitária, expondo a população local às endemias. As principais endemias no Brasil são malária, febre amarela, doença de Chagas e esquistossomose. Veja também, a título de complementação, a página 119 do Atlas Geográfico Escolar do IBGE onde podemos analisar algumas representações contendo a distribuição espacial de algumas Endemias no Brasil (SLIDES 14, 15 E 16). Por fim, cabe citar que o Departamento Nacional de Endemias Rurais do Ministério da Saúde é, atualmente, o órgão responsável pelo combate às endemias rurais. Vejamos outro caso concreto o de número 2: GEOGRAFIA ARMAS Justificar a inserção do Brasil no processo de globalização, a partir de 1970 até os dias atuais, à luz das expressões políticas e econômicas. Comentários sobre o caso 2. Qual o conceito-chave implícito nessa questão? “A globalização configura-se num processo que tem uma base histórica e está diretamente relacionada às mudanças na estruturação da produção na sociedade capitalista. Seus aspectos se associam às transformações das técnicas e das formas de produção, localização, circulação e acumulação dentro do capitalismo.” O processo de globalização constitui-se também num processo de fragmentação nos aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais. É caracterizada por aspectos como a flexibilização do trabalho, a compartimentação da produção, a formação de blocos regionais e o aumento das desigualdades sociais, dentre outros. A inserção do Brasil no processo de globalização tem uma base histórica e está diretamente relacionada às mudanças na estruturação da produção na sociedade capitalista. A partir de 1970 ocorreu a expansão das empresas multinacionais, fruto das condições econômicas da época, acarretando um largo movimento de internacionalização de capitais produtivos. As grandes corporações dos países desenvolvidos passaram a instalar filiais em países subdesenvolvidos e a investir na produção de bens para além de suas fronteiras nacionais. Obviamente, existem outros temas e conceitos importantes e que necessariamente surgirão quando analisarmos um determinado problema. Veja o seguinte esquema: • TEMAS • Globalização e “Novos Temas” • Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável • Industrialização e Urbanização • Agricultura • Dinâmica Populacional • Redes de Infraestrutura Importante! Os livros didáticos de Geografia, além de constituírem fonte de consulta mais cara se comparada aos artigos de sites e ao Almanaque Abril, têm a desvantagem de ficarem desatualizados, pois muitas das edições mais novas têm mais de 5 anos. O senhor pode utilizar contextualizando suas informações os livros que constam do PLADIS. Preste atenção no próximo no caso concreto 3: GEOGRAFIA ARMAS Estudar o processo de urbanização, ocorrido no Brasil, a partir da década de 1950 até o início do século XXI, nas expressões econômica e psicossocial, concluindo sobre o agravamento dos “problemas urbanos” nas regiões metropolitanas brasileiras. Comentários sobre o caso 3. Vamos explorar, desta vez, um trecho de uma introdução dada numa de nossas avaliações: “O processo de urbanização ocorrido no Brasil e no mundo têm uma base histórica e está diretamente relacionado a crise do sistema colonial e a industrialização.” Percebam que foram citados termos e conceitos desconexos no tempo e no espaço. Qual a relação de causa e efeito entre a crise do sistema colonial e a urbanização? Tal fato demonstra a necessidade de maior aprofundamento teórico, que é oriundo da leitura organizada dos livros de nossa bibliografia. Vejamos algumas outras respostas convenientes com a teoria: Urbanização é o aumento proporcional da população urbana em relação à população rural. Segundo esse conceito, só ocorre urbanização quando o crescimento da população urbana é superior ao crescimento da população rural. Região Metropolitana, por definição, é uma área estabelecida por legislação estadual que corresponde a um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com serviços públicos e de infraestrutura comuns. Dentre os atuais problemas urbanos podemos destacar a crise de habitação, a violência, alto custo de vida, favelização, o aparecimento de movimentos sociais e de grupos de pressão, a deficiência no saneamento básico e a insuficiência de leitos hospitalares e escolas públicas de qualidade para todos. Podemos citar também a saturação da infraestrutura de transportes, a especulação imobiliária, o aumento do custo dos serviços públicos, os elevados custos de produção e o crescimento da demanda de consumo de energia. O aprendizado da Geografia deve ser fundamentado teoricamente e baseado na constante atualização através da leitura de jornais, revistas e periódicos. Veremos a seguir como podemos proceder em cada um desses pontos. Vamos para o nosso último questionamento!? Como selecionar as fontes corretas de consulta de Geografia constante do PLANO DE DISCIPLINAS? Sabemos que a leitura de todos os títulos fornecidos em nossa bibliografia é custosa em termos financeiros e praticamente inviável no tocante ao tempo disponível. Portanto, temos duas opções: ficar à deriva em meio a um mar de conceitos e não ter a carga de leitura necessária que nos dê a bagagem cultural fundamental ou aprender a elencar algumas fontes fundamentais que nos ajudarão a consolidar uma boa base conceitual para o Estudo da Geografia visando o Concurso de Seleção Como ele pode operacionalizar isso? Façamos uma reflexão usando o tema meio ambiente e o conceito de escala geográfica! Lendo alguns títulos da bibliografia básica e da essencial o senhor perceberá que podemos falar nos seguintes níveis de análise ou escalas: local, regional, nacional e global. Em termos globais, as sociedades precisam rever o seu relacionamento com o meio ambiente e estudar as consequências de sua interação desmedida com a natureza. Por questões territoriais, o meio ambiente é um tema estratégico para o Brasil, certo? Não restam dúvidas sobre isso. Sabemos também que uma ação poluidora ocorrida na cidade do Rio de Janeiro (escala local) pode ter repercussões regionais e até globais, vide os casos de um vazamento de petróleo numa plataforma contaminando toda a região da bacia de campos ou da emissão de gases e a destruição da camada de ozônio influenciando sobre desgelo das calotas polares. Um bom livro sobre tal assunto, constante de nossa bibliografia Essencial é “O Desafio Ambiental” do Professor Doutor Carlos Walter Porto-Gonçalves da Universidade Federal Fluminense. Sugerimos também a leitura dos livros Geografia Conceitos e Temas e a Nova (Des)ordem mundial dos geógrafos Rogério Haesbaert e Carlos Walter Porto-Gonçalves. 3. O USO DO PLADIS Consultar o PLADIS de Geografia, ficando atento aos objetivos gerais e específicos constantes de tal documento. Crie seus próprios hábitos de estudo, sendo disciplinado e perseverante! Para tanto, algumas dicas podem ser importantes. RESOLVA os objetivos do PLADIS como se fossem questões e solicite a um Oficial do QEMA ou a um Professor de Geografia para que façam a verificação do conhecimento. Vejamos: O USO DO PLADIS. UNIDADE DIDÁTICA IX – AMÉRICA LATINA: INTEGRAÇÃO REGIONAL E INSERÇÃO GLOBAL ASSUNTOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar a expansão do 5. O NARCOTRÁFICO NA tráfico internacional de AMÉRICA LATINA drogas e suas implicações nos países da região. Comentários Redigir é fundamental! Ajuda na organização do raciocínio no papel. A redação de uma questão de Geografia por semana baseada nos objetivos específicos será uma excelente maneira de consolidar não só o conhecimento, como também o método e a expressão escrita. Contudo, sabemos que é muito difícil que se atinja todos os objetivos do PLADIS até o final do Curso. Por isso, faça uma pesquisa selecione alguns para serem resolvidos integralmente. Os demais devem ser esquematizados ou discutidos. Cabe frisar que você terá aproximadamente 05 (cinco) meses para completar o seu treinamento, do término do CP/ECEME até a data de realização do Concurso de Admissão (CA). CONCLUSÃO Chegamos à conclusão de nossa vídeo aula de Geografia! Para auxiliar no seu estudo estamos disponibilizando os slides desta aula em PDF. O Concurso procura selecionar os futuros dirigentes da Força Terrestre. Portanto, nas funções que o senhor futuramente irá desempenhar como Oficial de Estado-maior precisará possuir embasamentos intelectual e cultural, conhecimentos interdisciplinares (economia, política, meio ambiente, ciência e tecnologia, etc.) e capacidade de resolução de problemas de forma sintética, clara, objetiva, coerente com a reduzida disponibilidade de tempo. A Geografia é a disciplina certa para isso! Portanto,os conceitos e procedimentos aqui apresentados devem ser identificados e assimilados para servirem de parâmetro para futuros estudos. Lembre-se! Na era da informação o que pesa é o conhecimento! Agora você já tem algumas sugestões de como combiná-lo, criá-lo e aplicá-lo em prol do Concurso. Por fim, de posse da base conceitual fornecida pelas fontes indicados pelo CP/ECEME, o Oficial poderá navegar criticamente por outras fontes disponíveis no EB aula ou na Internet aperfeiçoando sua capacidade de pesquisa o que o ajudará a analisar ou compreender geograficamente um problema de acordo com a intenção desejada. Bons estudos!