POR UMA AMPLIFICAÇÃO DA ABORDAGEM CIENTÍFICA DO CONCEITO DE ECOSSISTEMA FLÁVIO PIETROBON 1 NILTON SOUSA 2 ROSANGELA MACHADO 3 1 – Doutorando em Modelagem Computacional no LNCC e Prof. Assistente da UESC / BA o 2 – Doutor em Psicologia - IP / UFRJ e Prof . Adjunto DEPSI / UFRRJ 3 – Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente – UESC / BA Resumo Ao aceitarmos o desafio de tecer idéias sobre uma abordagem integrada entre três expressões fundamentais do pensamento, ou abstração humana, a saber, a religião, a filosofia, e as ciências (sendo as artes a quarta forma de expressão), com relação ao processo de análise dos efeitos das ações humanas sobre ecossistemas, pensamos inicialmente em focar o desenvolvimento deste artigo na questão de integração do ser humano com seus meios: ambiente, sócio-político, econômico, principalmente, e em uma análise ainda que breve, sob a ótica das “ciências”, da teia de relações que conectam estes “meios” e viabilizam a troca de informações e quantidades físicas entre eles. O rumo de construção da “sopa de idéias” associada àquela proposição mostrou, contudo, um resultado distinto, indicando a possibilidade de ampliar o conceito de ecossistema, para integrar as contribuições de diversos saberes e viabilizar o estabelecimento de um método de análise e síntese dos fenômenos envolvidos no conceito de ecossistema e suas relações com sistemas que lhe são externos e com os quais permuta massa, energia, informações, populações e possui conexões. Artigo A ecologia (oicos + logia: reflexão sobre Nossa Terra), inicialmente um ramo da biologia, se apresenta cada vez mais como ciência multidisciplinar, que trata de uma pletora multifacetada e multirelacionada de objetos que assumem o caráter de populações, ocupação espacial, quantidades físicas, processos físicos, químicos, mecânicos, sócio-antropo-psicológicos, e relações. Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ – 1º Seminário – Ano 2007 Página - 19 A ecologia, como outras ciências multidisciplinares, lida com problemas complexos, relacionando elevado volume de dados, de acoplamento entre variáveis e de fluxo de informações entre segmentos de seus objetos de estudo. Os ecossistemas por sua vez, concepção que viabiliza o estudo e análise da ecologia, caracterizam a forma como se relacionam populações e recursos em certa região e quais os mecanismos de relação entre estes. Ao meditar a respeito desta característica da ecologia, sobre a importância do conceito de ecossistema para esta ciência, e sobre suas expressões à luz das macro-áreas do conhecimento humano: a religião, a filosofia, a ciência e as artes; pensamos que o desafio da compreensão da biosfera e a gestão ambiental são na verdade maiores do que usualmente concebemos. Analisar, compreender e propor soluções para problemas no âmbito da ecologia exige a integração de profissionais de formações diversas, e está associado com a necessidade de resolver a complexidade da teia de relações comportamentais, permuta ou variação de massa, energia e quantidades físicas, e de requisito de recursos. A solução dos problemas de relacionamento entre populações e destas com o meio ambiente em que desenvolvem suas atividades exige a consideração de um tratamento adequado, uma metodologia de solução, e uma abordagem para a proposição, o desenvolvimento e a análise da solução associada com a elevada magnitude de informações em questão. O conceito de ecossistema, uma abstração que viabiliza o estudo de populações, recursos, e processos associados, determina um sistema definido por fronteiras materiais ou sutis, porém sempre delimitando uma região volumétrica do espaço. Nesta região convivem populações de espécies humanas e animais, vegetais, e microrgânicas. Parte destas populações caracteriza os produtores primários capazes de fazer fotossíntese ou quimiossíntese, outra parte integra o conjunto dos consumidores, e uma última parte caracteriza os decompositores. Nesta cadeia alimentar, composta pelos indivíduos das populações do ecossistema, ocorre a maior parte dos processos de transferências de massa e energia, de elaboração de compostos orgânicos complexos e de redução de compostos a recursos bio-químicos simples, capazes de serem absorvidos por seres vivos. As populações se deslocam no espaço associado ao ecossistema e através das suas fronteiras. A presença de um fluido adequado (no caso da maior parte dos organismos terrestres a água) e de uma fonte de energia (estelar, geotermal, química, gravitacional, por exemplo), são fatores de catalização dos processos e relações físico-químicas e biológicas em um ecossistema. O papel das populações humanas neste conjunto de fatores tem sido considerado como integrante dos consumidores. Será este o seu único papel ? Onde, nesta concepção de ecossistema, se enquadra o conjunto das ações humanas de extração de recursos minerais, vegetais, alimentos, manufatura, processamento e produção industrial, relação do setor de serviços com esta concepção de ecossistema ? E as demais intervenções humanas modificadoras do espaço associado ao ecossistema, tais como barragens, estradas, vias e terminais de transporte, somente para Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ – 1º Seminário – Ano 2007 Página - 20 citar alguns ? Certamente este conjunto diversificado de ações não se encaixam no papel de consumidores... Na atual concepção, um ecossistema fica localizado então pela sua abrangência geográfica e espacial, e pela sua caracterização geofísica e ambiental, ou seja, pela caracterização dos solos, rochas, gases, fluidos, energia, e relações entre as populações abrangidas pelo ecossistema. As ações humanas compõem aquele conjunto de relações desprezadas na análise fundamentada no conceito de ecossistema. COMPLEXIDADE DE UM ECOSSISTEMA Naturalmente temos, enquanto seres humanos, a tendência a simplificar os objetos e problemas de nossa observação diária, tentando por meio da capacidade de abstração da mente humana elaborar analogias com padrões já conhecidos, propondo soluções para os problemas ou reconhecendo objetos, formas e cores com base nestes padrões. Sendo resultado do processo evolutivo humano e da automatização de funções, e tendo nos ajudado enquanto espécie a sobreviver em um ambiente naturalmente hostil, segundo Sagan [1], compensando a nossa ausência de garras e presas, placas ósseas e exoesqueletos, força muscular e vôo, esta característica associativa permitiu aprendizado rápido e desenvolvimento do raciocínio abstrato. Por outro lado nos faz ser como eternas crianças, nunca velhos, de acordo com Platão [2] “jovens, o quanto sois, por vossas almas”, sem conhecimento cristalizado ou imutável pelo tempo. Deste aspecto do comportamento humano, característica peculiar à nossa espécie, até onde conhecemos as demais, resulta o método científico de observação dos fenômenos, processo, populações e objetos, análise de amostra a partir de simplificação representativa do que observa; ensaio ou simulação que possa reproduzir esta situação ideal simplificada em qualquer localidade em condições semelhantes, e extensão da conclusão ou solução para a totalidade do sistema a que corresponde o que é observado. Sob o ponto de vista das ciências, as teorias justificam a análise e estudo dos seus objetos de observação e interesse. As ciências são construídas pela proposição de teorias fundamentadas em hipóteses, as quais exigem verificação por uma abordagem definida e comprovação para que tenham validade, verificando assim a validade da teoria como modelo universal para o problema que aborda. O método científico moderno, originado no racionalismo decartiano, segmenta o sistema observado e suas relações em compartimentos ou subsistemas mais simples, para descrever um fenômeno, processo, população ou objeto observado. O método particiona assim um continuum com infinitos pontos espaciais e/ou temporais de observação em um conjunto discreto e finito do qual observa uma parcela, localização da observação e análise do fenômeno, extrapolando os resultados obtidos ou inferindo a validade destes resultados para o todo. Ao tratar de problemas derivados de sistemas complexos, envolvendo inter-relações entre seus subsistemas, o procedimento de análise e resolução, Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ – 1º Seminário – Ano 2007 Página - 21 para ter validade, deve considerar relações importantes ou dependências entre os processos associados ao problema abordado, ao qual a solução é condicionada. Usualmente estas inter-relações e dependências múltiplas entre as partes do sistema complexo são desprezadas ou supostas irrelevantes, tomando o subsistema isoladamente, representação simplificada do todo. Tal premissa está fundamentada em ser válida a observação e análise de um subsistema para todas as partes do todo do sistema. Mas, e sendo o sistema complexo? Esta abordagem, válida para uma gama imensa de fenômenos e objetos de estudo, incorre em sub ou super valorização de parcelas do fenômeno, processo ou objeto de observação, quando aplicada a problemas complexos, afetando a compreensão do problema estudado. A simplificação do todo em parcelas menores do problema, e tratáveis por procedimentos clássicos, pode gerar um acúmulo de erros de aproximação na análise e compreensão do problema, e no estabelecimento de uma ou de um conjunto de soluções do mesmo, ao serem desprezadas ou subestimadas as relações entre os subsistemas do todo observado. A análise do escoamento de um rio, a título de exemplo, é um problema complexo cujo regime é dependente da quantidade de chuva e de evaporação, de infiltração de água do rio no solo, das condições e geometria do canal de fluxo, do regime de escoamento, do tipo de solo e clima regional, dentre outros fatores. Desprezar uma destas quantidades físicas, relacionar ou simplificar sua magnitude e relações ao estudar o rio implica em efetuar uma análise, do seu escoamento, de utilidade limitada ou equivocada. O escoamento de um rio é, portanto, um problema que relaciona o escoamento superficial, na calha do rio, com uma infiltração de água no solo, sendo o sentido de troca de massa entre estes subsistemas dependente do volume de água no rio, da quantidade de água no solo, da posição relativa do nível da água no rio e do nível do lençol freático no solo, que dependem da época e estação do ano, clima regional, evaporação, tipo e porosidade do solo, dentre outros parâmetros e variáveis sazonais [3]. E qual é a importância deste estudo? A água é essencial à vida, à satisfação das necessidades básicas humanas, como higiene, saúde, transporte, e à produção econômica. Sua disponibilidade e qualidade são condicionantes para os processos orgânicos dos seres vivos e a troca de substâncias no interior destes e destes para o ecossistema em que se encontram, bem como no ecossistema e deste para o seu exterior. Processos industriais também requisitam adequada disponibilidade e condição de uso da água dos rios. Contudo, e apesar desta importância, a análise de ecossistemas ainda não utilize modelos precisos de simulação, mensuração e projeção da quantidade e qualidade da água em sistemas de bacias hidrográficas e em aqüíferos. O estabelecimento de modelos que reproduzam a complexidade deste sistema, bacia – aqüífero, é pré-requisito para a perfeita compreensão do problema de transporte de poluentes e contaminantes por fluxo de água em rios, para o estudo da captação de água dos rios, e projeção de recarga de aqüíferos, fenômenos diretamente relacionados ao estudo do ecossistema em que está inserido o rio e/ou o aqüífero [4]. Sob o ponto de vista da ciência, as relações em um ecossistema e entre ecossistemas é em última análise um estudo das relações de troca de quantidades físicas, da relação entre populações, de concentrações de Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ – 1º Seminário – Ano 2007 Página - 22 substâncias, e de conservação de massa e energia. Além desta característica, um ecossistema é um volume espacial limitado por certa fronteira, integrado por diversos ambientes naturais, comportando uma diversidade característica de populações vegetais, animais, e humanas, e comportando ambientes artificialmente modificados pela ação humana. A magnitude de variáveis e quantidades físicas envolvidas na análise e na solução de problemas relacionados a certo ecossistema e a relação entre ecossistemas torna elevado, sob a ótica das ciências exatas e tecnológicas, o número de variáveis e de equações de um modelo matemático, etapa necessária para o desenvolvimento de um modelo computacional de análise do problema em questão. A modelagem física ou experimental para problemas da ecologia envolvendo ecossistemas apresenta-se proibitiva devido aos custos e/ou riscos acidentais envolvidos. Não é possível simular o resultado de um vazamento radioativo, por exemplo, em um modelo físico, exceto se adotadas medidas de segurança elevadas, e caras. O investimento na construção de um modelo físico em escala de previsão climática, outro problema exemplo, também se torna proibitivo face ao requisito das instalações e maquinário envolvido, face aos custos relativamente reduzidos de uma simulação por computador. Estudar um ecossistema é, portanto, um problema complexo, vulnerável, quando efetuado por abordagem racional clássica, a erros de análise ou solução, sub ou super quantificação de soluções, projeções e estimativas, exigindo uma abordagem de estudo integrada por contribuições de diversas disciplinas de áreas de conhecimento. PROPOSTA DE AMPLIFICAÇÃO DO CONCEITO DE ECOSSISTEMA A sociedade como um todo representa um complexo de relações e parâmetros que quando integrados e organizados harmoniosamente são benéficos a todos os componentes da ordem social. A ecologia, a economia, o desenvolvimento, são alguns dentre muitos dos macro-elementos que fazem parte desta teia de relações. O planejamento e efetivação do desenvolvimento econômico e social com caráter de sustentabilidade ambiental e de aperfeiçoamento da teia de relações e da organização da sociedade humana demandam elaboração de conhecimento, ainda hoje, passados 25 anos da Eco92. Produção mais eficiente e solução dos problemas sociais têm em comum a necessidade de elaboração de novas soluções, estabelecimento de relações ambientalmente saudáveis com os ecossistemas, desenvolvimento de novos produtos, processos, ocupações, e canais de propagação de informação, que respeitem e se ocupem destas relações. A resposta a estas demandas requer Inovação. Inovação social e inovação tecnológica, e aplicação de novas tecnologias, no sentido amplo, de aplicação do conhecimento, e não no sentido restrito, de construção de equipamentos e industrialização de produtos. Segundo Aurélio [5] e Houaiss [6], inovação é “o ato, ação ou efeito de inovar”, de introduzir novidades, ou seja, a disponibilização para um grupo ou para toda a sociedade daquilo que é visto recentemente ou pela primeira vez. Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ – 1º Seminário – Ano 2007 Página - 23 Houaiss aprofunda a definição e considera como inovação “a introdução de alguma novidade nos costumes, na ciência, nas artes, etc”, e por extensão em qualquer dos campos da ação ou de atividade humana. Considerar a complexidade de um ecossistema e sistematizar um método de análise, estudo, modelagem e simulação que considere novos parâmetros e variáveis, como: a totalidade das relações em um ecossistema e entre ecossistemas, as ações e intervenções humanas, balanço energético e de quantidades físicas, bem como as conservações de massas das populações e de recursos do ecossistema, exige uma abordagem inovadora. A premissa que consideramos é que da ampliação do conceito de ecossistema, para incluir as relações entre os diversos ecossistemas, as intervenções e ações humanas como catalisadoras de transformação, e novos parâmetros e variáveis, é possível aperfeiçoar o atual método científico aplicado a problemas da ecologia. Possivelmente a validação desta nova conformação do método venha a se mostrar promissora para a aplicação a outros sistemas complexos. Integrando agentes de inovação (organizações sociais, instituições de pesquisa científica e tecnológica, governos e setores de produção econômica) como agentes de desenvolvimento sustentável, e integrando profissionais em equipes multidisciplinares, resulta a possibilidade de aperfeiçoar o método de estudo aplicado a problemas complexos. A adoção de uma abordagem metodológica específica para problemas complexos exige uma mudança nos paradigmas e concepções de elaboração, uma alteração na forma de pensar, conceber idéias, e relacionar conceitos. Capra [7] postula que a sobrevivência da espécie humana exige a adoção de uma abordagem sistêmica de suas relações. Nestas se insere a relação humana com o meio ambiente. A ciência sozinha não será capaz de apresentar soluções para os problemas ambientais e estabelecer procedimentos e mecanismos de relação sustentável da sociedade humana com o meio ambiente, caso desconsidere a essência humana, egoísta, antropocêntrica, predadora, romântica, sensual (no sentido da satisfação dos sentidos). A contribuição da psicologia, da filosofia e do estudo da relação humana com seu divino, a religião, é exigência para a consideração dos processos, ações e intervenções humanas sobre os ecossistemas. Agimos como “eleitos”, “escolhidos” ou “donos” da biosfera, em nossas atividades e desenvolvimento. Parte desta concepção foi fundamentada em dogmas ou preceitos religiosos. Se por um lado teremos dificuldade para modificar aquela essência, por outro devemos considerá-la para aprender a apreender o resultado de nossa relação com a biosfera e outras populações que a habitam. A consideração desse fator pode agregar um novo processo de análise aos problemas ambientais. Para o desenvolvimento de modelos computacionais relevantes sob a ótica do tratamento de problemas complexos, em que o ambiental se insere, é necessário compreender como essa essência orienta nossas ações e como pode ser desenvolvida como equação de balanço de uma quantidade física acoplada com as demais do sistema ambiental. Para Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ – 1º Seminário – Ano 2007 Página - 24 essa compreensão precisamos, nas ciências exatas e tecnológicas, de uma interação com as humanas, filosofia e religião. PERSPECTIVAS DE RESULTADOS DESTA PROPOSTA A idéia é inovadora. Uma sociedade que almeja ser líder ou acompanhar a liderança da ciência, tecnologia e inovação, na nova revolução do saber humano, a Era do Conhecimento, precisa ser ousada e inovadora, discutindo os desafios de construção e desenvolvimento da sociedade de forma sistemática, ampla e participativa. A problemática ambiental está diretamente relacionada com a questão do desenvolvimento, e os ecossistemas estão diretamente impactados pelas decisões e direcionamento do desenvolvimento da sociedade humana. Solucionar este equacionamento exige uma abordagem metodológica inovadora, de análise e estudo dos problemas associados ao desenvolvimento sustentável, à preservação e uso dos recursos dos ecossistemas. A nova abordagem aqui proposta cumpre este papel. Propor esta e difundi-la significa contribuir para a elaboração de novos processos de desenvolvimento e produção, contribuir para inserir o custo ambiental de forma mais precisa como variável significativa da economia das organizações, e contribuir para a elaboração de novos sistemas computacionais habilitados a uma análise e estudo mais preciso dos ecossistemas, apropriando um novo conhecimento para a sociedade, conforme Albuquerque e Rocha Neto [8]. Quinn [9] apresenta uma argumentação interessante sobre as grandes mudanças da sociedade humana: “o mecanismo propagador de nossa cultura foi o crescimento populacional... o mecanismo propagador da Revolução Industrial foi o progresso”, no sentido de que embutindo uma visão ou caracterização social, toda mudança se autopropaga, tratando-se de transformação radical em relação à organização social que lhe é anterior. As mudanças pressupõem novos paradigmas, em que nenhum paradigma “tem condição de imaginar” ou elaborar “o paradigma seguinte. É quase impossível um paradigma” avaliar “que haverá outro, um dia”, em seu lugar. A nossa sociedade e nossa cultura foram, sem dúvida, bem sucedidas em ocupar toda a Espaçonave Terra, em dominar as outras espécies orgânicas e ecossistemas, possuindo incorporada em sua visão de mundo concepções mentais e idéias que se mostraram ao longo de cerca 12 mil anos, desde a Revolução Agrícola, bem sucedida em transformar-nos em donos do mundo, porém ao longo do século XX e nesta primeira década do século XXI apresenta um efeito letal, a capacidade de transformar-nos em devastadores do mundo e dos ecossistemas, uma característica inserida na codificação de nossas concepções de mundo, em um mecanismo análogo a uma doença genética. Inserir as ações humanas como catalisadoras de alterações e intervenções nos ecossistemas implica em esforço para “curar” esse defeito, e gerar um novo paradigma na pesquisa de sistemas complexos. Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ – 1º Seminário – Ano 2007 Página - 25 BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA 1. Sagan, Carl; Os dragões do Éden, Francisco Alves edt., 1980; 2. Platão; Timeu e Critias, Ed. Hemus, 1981; 3. Pietrobon-Costa, Flávio; Galeão, A. C. N. R.; Bevilacqua, L.; Um modelo estabilizado de escoamento convectivo dominante para acoplamento das equações de Navier-Stokes e Darcy, Anais do CMNE / XXVIII CILAMCE, Porto, Portugal,2007; 4. Pietrobon-Costa, Flávio; Galeão, A. C. N. R.; Bevilacqua, L.; A stabilized finite element coupled model for interface condition evaluation, Anais da 14th International Conference on Finite Elements in Flow Problems to be held in Santa Fe, New México, USA, 2007; 5. Holanda, Sérgio Buarque Ferreira; Novo Dicionário Aurélio; Edt. Positivo, 3ª edição; 6. Houaiss, Antônio; Koogan, Abrahão; Enciclopédia e dicionário ilustrado; Edições Delta, 1993; 7. Capra, Fritjof; As conexões ocultas, Ed. Cultrix, 2002; 8. Albuquerque, L.I.; Rocha Neto, I; Ciência, tecnologia e regionalização: descentralização, inovação e tecnologias sociais, Ed. Garamond, 2005; 9. Quinn, Daniel; Além da civilização, Ed. Fundação Petrópolis, 2001. Boletim Interfaces da Psicologia da UFRuralRJ – 1º Seminário – Ano 2007 Página - 26