GT 1: ENSINO DE GEOGRAFIA O ENSINO DA CLIMATOLOGIA NAS AULAS DE GEOGRAFIA DO SEGUNDO FUNDAMENTAL: UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA MUNICIPAL YAYÁ PAIVA DO MUNICÍPIO DE NÍSIA FLORESTA/RN Jailza dos Reis Inácio (Bolsista do PIBID, Graduação em Geografia, UFRN, [email protected]) Ramon César Ribeiro do Nascimento (Professor da Rede Municipal de Nísia Floresta, Graduação em Geografia, UFRN, [email protected]) RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido com base em um estudo de caso que diz respeito ao ensino de climatologia realizado pelos docentes de geografia no segundo fundamental da Escola Municipal Yayá Paiva que, por sua vez, fica localizada no município de Nísia Floresta/RN. Para tanto, foi coletado informações da escola, aplicado questionários com os professores de geografia e feito análise do livro didático utilizado por eles. Este estudo de caso tem como objetivos a caracterização da EMYP, a avaliação do ensino-aprendizagem dos conteúdos relacionados a climatologia e que são lecionados pelos docentes de geografia e avaliação do livro didático utilizado pelos mesmos. Dessa forma, a metodologia utilizada vincula-se à coleta de informações da escola, à aplicação de questionário com os professores e análise do livro de geografia. Quanto à aplicação dos questionários, observou-se que a maioria dos docentes de geografia do fundamental II da escola utiliza o livro didático, tanto para a explanação dos conteúdos, quanto para aplicação de atividades, porém, alguns deles procuram não ficar preso a esse recurso. Os professores disseram que os assuntos do livro costumam ser resumidos, tendo que recorrer a outras fontes, e que costumam fazer uso de aula expositiva. O livro didático utilizado pelos docentes de geografia da escola é de autoria dos geógrafos José William Vecentini e Vânia Vlach. Analisou somente a edições do sexto ano – “Geografia Crítica: o espaço natural e a ação humana” e sétimo ano – “Geografia Crítica: o espaço brasileiro”, onde são alentados aulas que envolvem a climatologia. Enfim, pôde-se perceber quão grande peso tem o livro didático, porém, os educadores da instituição não se prendem somente a esse recuso, utilizando-se de outros, como: montagem de calendários do tempo e de mine estações climatológicas de material reciclado. O livro apresenta um conteúdo razoável e bem ilustrado e a escola por ser prestigiada, faz com que muitos alunos migrem de outras instituições dos municípios vizinhos. Palavras-chave: Ensino. Climatologia. Docente. INTRODUÇÃO O presente artigo foi desenvolvido com base em um estudo de caso. O mesmo diz respeito ao ensino de climatologia realizado pelos professores de geografia da Escola Municipal Yayá Paiva. Esta escola, por sua vez, fica localizada no município de Nísia Floresta/RN. A coleta de informações da escola esteve sustentada a partir da quantidade de alunos e de onde vêm os mesmos; quantidade de funcionários; e quantidade e quais repartições. A aplicação dos questionários com os professores de Geografia do segundo fundamental foi feita por meio dos questionamentos sobre a frequência da utilização do livro didático com relação à explanação dos conteúdos e aplicação de atividades; à avaliação dos assuntos e exercícios de climatologia apresentados pelo livro didático; a qual maneira os conteúdos de climatologia eram lecionados; a utilização de outros recursos, além do livro didático, para apresentação dos assuntos de climatologia; e a avaliação do ensino-aprendizagem dos conteúdos de climatologia. A avaliação do livro didático esteve apoiada na análise da apresentação dos assuntos, dos exercícios e das imagens. Para atender tais propósitos, o texto foi dividido em três partes: “Caracterização do município de Nísia Floresta e da Escola Municipal Yayá Paiva”; “Questionário realizado com os professores de geografia do segundo fundamental da Escola Municipal Yayá Paiva” e “Análise do livro didático utilizados pelos professores de geografia da Escola Municipal Yayá Paiva”. OBJETIVOS Este estudo de caso tem como objetivos principais a caracterização da Escola Municipal Yayá Paiva, avaliação do ensino-aprendizagem dos conteúdos de climatologia lecionados pelos professores de geografia no segundo fundamental e análise do livro didático utilizado pelos mesmos. METODOLOGIA Para tanto atingir os objetivos então descritos empregou-se uma metodologia sustentada na coleta de informações da escola, aplicação de questionários com os professores de Geografia do segundo fundamental e análise do livro didático utilizado por eles para explanação dos conteúdos e aplicação de atividades. RESULTADOS E DISCUSSÕES Caracterização do Município de Nísia Floresta e da Escola Municipal Yayá Paiva O município de Nísia Floresta, criado segundo a Lei nº 242 de 18 de fevereiro de 1852, tem como coordenada geográfica 6º 05’ 28” sul e 35º 12’ 31” oeste. O mesmo fica a 35 km da capital do Rio Grande do Norte, Natal, faz parte da Mesorregião Leste Potiguar e da Micro Região de Macaíba, fazendo divisa ao norte com Parnamirim, ao sul com Senador Georgino Avelino, ao leste com o Oceano Atlântico e ao oeste com São José do Mipibu. O município tem uma área de 306,05 km², o que corresponde 0,59 da superfície do estado que, por sua vez, encontra-se cortada pelas rodovias federais BR-101 e estaduais RN-313, RN-063 e RN-002. Segundo o ultimo senso feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), Nísia Floresta conta hoje com uma população de 23.784 habitantes, gerando uma densidade demográfica de 77,26 hab/m² (IDEMA, 2008). A Escola Municiapal Yayá Paiva encontra-se situada no centro de Nísia Floresta, mas precisamente, na Rua João Batista Godim Nº 101. A mesma oferece o Ensino Fundamental e Médio do 6º ao 3º ano para alunos oriundos dos distritos do próprio município e de cidades vizinhas como São José do Mipibu, Senador Georgino Avelino e Parnamirim. Em nível de população escolar no presente ano letivo (2012), a escola possui 1.950 alunos distribuídos em 60 turmas, das quais 33 delas são destinadas ao Ensino Fundamental II e 27 ao Ensino Médio. A escola conta com 55 professores distribuídos pelos diferentes departamentos curriculares e com 50 funcionários distribuídos pelas várias funções. A mesma possui vinte e duas salas de aula; um laboratório de informática; um laboratório de biologia; uma sala da direção; uma secretaria que atende os professores; uma cozinha; dois pátios; uma sala especializada para a digitação e xerox das diversas atividades desenvolvidas no âmbito escolar; uma biblioteca; e um auditório. A escola também disponibiliza de vários recursos didáticos, como um retroprojetor, dois leitores de CD/DVD, três televisores, uma filmadora, duas caixas de som amplificadas, três microfones, e três projetores multimídia. Escola Municipal Yayá Paiva, Nísia Floresta/RN Fonte: Pesquisa de Campo, 22 de junho de 2012. Questionário Realizado com os professores de geografia do segundo fundamental da Escola Municipal Yayá Paiva Desde o século passado, o governo federal orienta, direciona, avalia e amplia o acesso aos livros didáticos, nesses ultimos anos, primordialmente para os alunos regulamente matriculados nas diferentes redes públicas de ensino. Ao mesmo tempo, observa-se que existem dificuldades de acesso a outros recursos pedagógicos, principalmente as novas Tecnologias de Informação e de Comunicação para a maioria das escolas (FORTUNA, 2010, p. 5). Em relação aos questionários aplicados com os professores da Escola Municipal Yayá Paiva, pode-se perceber que a maioria deles utiliza o livro didático, tanto para a explanação dos conteúdos, quanto para aplicações das atividades, porém, alguns deles procuram não ficar preso somente a esse recurso, fazendo uso de outras fontes didáticas. No entanto, houve um dos professores que afirmou pouco utilizar o livro didático da escola. Quando perguntado a respeito dos assuntos de climatologia abordado pelo livro didático, os professores disseram que eles costumam ser resumidos, tendo que muitas vezes recorrer a outras fontes. Houve um dos profissionais que alegou que os conteúdos são complicados de entender e conseqüentemente difíceis de lecionar. Quando a questão fora de qual maneira os conteúdos vinculados à climatologia eram lecionados, pode-se perceber que a maioria dos professores faz uso de aula expositiva, algumas vezes por meios de apresentação de assuntos e imagens por via de slides. Vale salientar que um dos profissionais relatou que procura aproximar a teoria com a prática, buscando através de atividades lúdicas, como a confecção de um calendário climatológico e uma mini estação climatológica feita em material reciclado, fazendo assim os alunos se envolverem mais com o conteúdo ministrado em sala de aula. O calendário fora colocado no mural da sala, e todas as vezes que havia aula de geografia, um representante do município de Nísia Floresta e outro de São José do Mipibu se dirigiam até o mesmo e colocavam uma imagem de um sol, caso tivesse feito sol; com imagem de uma nuvem, caso estivesse chovendo; e uma imagem de ambos, caso estivesse intercalando um e outro naquele dia. A mini-estação, como bem foi dito, foi construída em material reciclado e era constituída de um tanque de evaporação que correspondia a uma bacia de alumínio, onde o nível de água era marcado por uma fita milimetrada, lembrando que a água da mesma era trocada diariamente, devido ao foco de dengue; de um pluviômetro, construído com garrafa pet; de um barômetro, feito com casca de ovo; e um instrumento feito com fio de cabelo, porém não dera certo, devido à alta intensidade do vento. É bom deixar claro, que os discentes costumam dirigir-se até a estação para verificar os registros de cada instrumento. Deve-se explorar o imaginário dos alunos para construir com eles as mediações que permitam como objetivo maior a possibilidade de “[...] com os pés solidamente ligados aos seus lugares, aos poucos descobrirem o mundo e redimensionarem a experiência com o seu próprio lugar, isto é, redescobrirem seus próprios lugares e o mundo [...]” (BRASIL, 1998; 31-32 apud FORTUNA, 2010, p. 2-3). Quanto à utilização do material, além do livro didático, os profissionais certificaram de que faziam uso de outros recursos, tais como: recursos audiovisuais, matérias da internet, reutilização de materiais que possivelmente iriam para o lixo, climogramas, textos, mapas e o laboratório de informática da escola. Um dos professores avaliou a relação ensino-aprendizagem como um tanto limitada devido à falta de recursos, prejudicando assim, tanto a aprendizagem do aluno quanto o ensino do professor. Outro profissional afirmou que o conteúdo não é levado como de grande importância pelos discentes, porém, houve um deles que informou que ao final de cada assunto ministrado busca fazer um debate dinâmico com intuito de analisar os argumentos defendidos pelos alunos. As novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) potencializam os processos de ensino do conteúdo em análise e os discentes têm a possibilidade de ampliar suas experiências no tocante à aprendizagem. [...] É indispensável o letramento digital, para que tanto alunos quanto professores possam utilizar de forma satisfatória as novas tecnologias, usufruírem de suas qualidades e tomarem ciência de seus limites para determinados conteúdos. (FORTUNA, 2010, p. 6) Análise do livro didático utilizados pelos professores de geografia da Escola Municipal Yayá Paiva A coleção do livro didático utilizado pelos professores de geografia do Yayá Paiva é de autoria dos geógrafos José William Vecentini e Vânia Vlach. Analisou somente a edições do sexto ano – “Geografia Crítica: o espaço natural e a ação humana” e sétimo ano – “Geografia Crítica: o espaço brasileiro”, onde são alentados aulas que envolvem a climatologia. De um modo geral, nota-se que os autores apresentam além dos assuntos, exercícios, imagens, mapas, gráficos e textos e atividades complementares. Em termos de matéria, acredita-se que o objetivo foi alcançado. Contudo, a utilização excessiva de imagens poderia ter sido substituída por uma presença maior de gráficos. Ainda é interessante ressaltar que, apesar dessa questão de atividades “decorebas” em livros didáticos ser quase que universal, é importante que exercícios que estimulem um maior senso crítico dos estudantes são mais convenientes que desses tipos. CONCLUSÕES Como se pode observar, a Escola Municipal Yayá Paiva apresenta-se bem estruturada, com um corpo de profissionais razoavelmente suficientes, possibilitando dessa forma, atender um considerável número de estudantes que, muitas vezes, deslocam-se de outros lugares. Vale chamar atenção que, devido o reconhecimento do ensino dessa escola, muitos alunos tem deixado de estudar em escolas municipais, estaduais e até privadas, como é o caso do Instituto Pio XII, no município de São José do Mipibu, para estudar no Yayá Paiva em Nísia Floresta. Pôde-se perceber ainda, quão grande peso tem o livro didático, seja para lecionar conteúdos, seja para realização de exercícios, nas aulas de climatologia dos professores de geografia da escola. Entretanto, muitos deles procuraram deixar claro que não costumam ficar amarradas somente a esse recurso, muito pelo contrário, geralmente buscam outros recursos didáticos para tornarem suas aulas mais produtivas. Algo que é interessante frisar é que um dos docentes relatou que os conteúdos de climatologia são difíceis de compreender, consequentemente difíceis de repassar e por isso não são tidos como de pouca importância diante os alunos. Isso mostra que provavelmente se ele não teve uma boa formação na faculdade de tal disciplina, não buscou interessar por tal ramo do conhecimento. Ainda é válido mencionar que com o passar dos tempos, os professores tem se adaptado cada vez mais às Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), porém, é importante que as mesmas não venham substituir por completo as atividades em sala de aula. Muitas vezes não é preciso muita tecnologia para que as aulas venham despertar interesses dos estudantes, mas a demonstração da importância do fato para vida do discente. Exemplo maior foi a mini-estação climatológica feita por em material reciclado por um dos profissionais. Apesar de pouco sofisticada, foi capaz de prender a atenção da meninada toda. REFERÊNCIAS FORTUNA, Denizart. As abordagens da climatologia nas aulas de geografia do ensino fundamental (segundo segmento): primeiras impressões. 4º Seminário de Pesquisa do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal Fluminense – UFF, Campo dos Goytacazes/RJ, março de 2010. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 22 de junho de 2012 às 17h50min. INSTITUTO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE – IDEMA. Perfil do seu município: Nísia Floresta. Natal, v. 10, 2008, p. 1-24. Disponível em: http://www.idema.rn.gov.br/contentproducao/aplicacao/idema/socio_economicos/arq uivos/Perfil%202008/N%C3%ADsia%20Floresta.pdf. Acesso em: 22 de junho de 2012 às 17h25min. VESENTINI, José William e VLACH, Vânia. Geografia Crítica: o espaço natural e a ação humana. 4 ed. São Paulo: Ática, 2009. _________. Brasil: paisagens naturais e ação da natureza. In: Geografia Crítica: o espaço brasileiro. 4 ed. São Paulo: Ática, 2009.