recursos minerais metálicos

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RECURSOS MINERAIS METÁLICOS
4ºAno – 1º Semestre
Unidade de Trabalhos Práticos nº4
Jazigos do Tipo Pórfiro
Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da
Universidade de Lisboa
Lisboa, 2006
_____________________________________________________________ UTP Jazigos do Tipo Pórfiro
JAZIGOS DO TIPO PÓRFIRO
1. Objectivos
O trabalho a desenvolver nas aulas tem por objectivo principal a caracterização:
1 - das várias paragéneses de alteração hidrotermal e posicionamento relativo das mesmas
nos halos concêntricos de alteração/mineralização típicos destes depósitos;
2 - das diferentes tipologias de minério, salientando: a) a natureza disseminada da mineralização; b) a importância dos eventos de fracturação/mineralização; c) a zonação metalífera usual; e
d) o papel relevante do enriquecimento supergénico em alguns depósitos.
1. Jazigos do tipo pórfiro: o que são?
Os jazigos do tipo pórfiro são assim designados por se encontrarem invariavelmente
associados a rochas igneas de textura porfirítica, em que a mineralização ocorre disseminada ou em
redes de veios e filonetes (“stockwork”) no interior de extensas areas de alteração hidrotermal. Estes
jazigos encontram-se normalmente associados a intrusões instaladas a níveis crustais superficiais (<4
km).
2. Padrões de alteração hidrotermal e mineralização
Nos jazigos do tipo Pórfiro é possível identificar um conjunto de zonas de mineralizaçãoalteração características. Embora cada jazigo seja um caso particular, é possível defenir uma
zonalidade grosseira do centro do sistema para a periferia de acordo com a seguinte ordem:
Zona Sódica-Cálcica: Caracterizada pela paragénese oligoclase, albite, actinolite e esfena.
Zona Potássica: Caracterizada pela paragénse quartzo + ortoclase + biotite ± albite ± sericite ±
anidrite ± apatite.
Nos jazigos do tipo Pórfiro Cuprífero (Fig. 1), esta zona coincide normalmente com dois halos
mineralizados distintos:
1: um núcleo de baixos teores de Cu (< 0.3%), caracterizado por apresentar pirite e
calcopirite numa proporção grosseira de 1:2, com pequenas quantidades de magnetite e molibdenite.
Esta última é muitas vezes recuperável economicamente, e ocorre frequentemente em veios distintos
dos que contêm a calcopirite;
2: uma capa externa onde a proporção de pirite e calcopirite é semelhante e aproximadamente
igual a 1% da rocha (ore shell). Pequenas quantidades de molibdenite estão disseminadas na rocha e
também presentes ao longo de filonetes quartzosos. A bornite pode também ocorrer sob a forma de
grãos discretos ou finos intercrescimentos com calcopirite.
Zonas Filítica e Argilítica: A alteração filítica (sericítica) caracteriza-se pela associação de quartzo +
sericite + pirite ± turmalina ± albite ± clorite, enquanto que a argilítica, frequentemente associada a
zonas de elevada permeabilidade, compreende a paragénese quartzo + caulinite ± clorite.
Nos Pórfiros Cupríferos estas zonas estão compreendidas entre a porção externa do ore shell
e a base da capa rica em pirite (pyrite shell), onde os teores de Cu decrescem habitualmente para
valores entre 0.1 e 0.5%. A proporção entre pirite e calcopirite é aproximadamente de 10:1, e o primeiro
sulfureto, ocorrendo sob a forma de grãos euédricos a subeuédricos disseminados na matriz e no seio
de filonetes e veios de quartzo, pode constituir cerca de 10% do volume total da rocha. A capa externa
da pyrite shell pode conter mais de 25% de pirite; neste halo, são comuns os veios quartzosos ricos
em pirite com possança centimétrica.
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UTP Jazigos do Tipo Pórfiro _____________________________________________________________________
Zona propilítica: A paragénese que normalmente caracteriza este tipo de alteração hidrotermal
consiste em clorite + epídoto + carbonato ± quartzo.
Nos Pórfiros Cupríferos a mineralização nesta zona , compreende veios de pirite (2-6% da
rocha) que, localmente, podem conter também calcopirite, galena, tetraedrite e, por vezes, calcocite.
3. Importância económica, classificação, caracterização.
Do ponto de vista económico estes jazigos constituem fontes importantes de Cu, Mo, Au, W e
Sn e em geral caracterizam-se por tonelagens elevadas (em média entre 50 a 500 Mt) e baixos teores
(<1%), parâmetros que condicionam a sua exploração a métodos de extracção a céu aberto (open pits).
A classificação deste tipo de jazigos é essencialmente baseada no conteúdo em metais. As
características dos principais tipos de jazigos to tipo Pórfiro encontram-se sumarizadas na Tabela I.
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Tabela I – Características das principais classes de jazigos do Tipo Pórfiro
Tipo
Ambiente
Metais
Pórfiro
geotectónico
Zonas de
Cu-Au Cu-Au
R.igneas
Prof.
Modo de
ocorrência
Mineralogia
minérios
ganga
Alteração
Zonação
Dimensão
Teores Tonelagem
irregular
Cu
biotite
epizonal a
veios
alcalinas
sódica
calcopirite
feldspato-K (albite, epidoto, concêntrica 0.5-1%
sub"stockworks"
subducção arco- gabro, diorite
bornite
Au
pirite
volcânico
monzonito- volcânica disseminados calcocite
diopsido,
(> 0.3 g/t)
magnetite
brechas
sienitos
actinolite,
rara galena
Ag
sericite
nefelínicos
escapolite,
sphalerite
(>2 g/t)
oxidadas
prenite)
granada
teluredos
(melanite)
potássica
tetraedrite
Au nativo e clinopiroxena (c/ anidrite ±
melanite ±
(diopsido)
prata nativa
diopsido)
anidrite
filítica
propilítica
>10 Mt
Ass.
Geoq.
Cu, Au, Mo,
Ti, V, P, F,
Ba, Sr, Rb,
Nb, Te, Pb,
Zn, PGE
potássica
(c/ ±anidrite)
filítica
(c/ carbonatos)
argilítica
propilítica
argilítica
avançada
(caulinite +
pirofilite)
cilindrica
Zonas de
Mo
(Cu, W) subducção arcocontinental ou
colisão
continentecontinente
quartzo
veios
Intermédias a epizonal a
potássica
molibdenite
sub"stockworks" calcopirite pirite feldspato (c/ ±anidrite)
félsicas
K biotite
brechas
(granodiorito - volcânica
silicificação
scheelite
sericite argilas
granito)
galena
filítica
calcoalcalino
calcite
(c/ carbonatos)
metaluminosos
anidrite
argilítica
Tipo I
irregular
pobres em F
propilítica
(<0.1%)
cone
invertido
cilindrica
irregular
0.1-0.2%
>100 Mt
Mo, Cu, W,
Pb, Zn, Ag
Rifting em
c. continental
espessa
pós-orogénicos
quartzo
epizonal a
veios
Félsicas
greisenização
molibdenite
pirite
sub"stockworks" volframite
>75% SiO2
(c/ topázio)
volcânica
brechas
Tipo S
topázio
cassiterite
silicificação
ricas F
esfalerite
(± magnetite)
fluorite
texturas
galena
± rodocrosite
potássica
solidificação
monazite
filítica
spessartina
unidireccionais
argilítica
(quartz em
propilítica
pente)
cone
invertido
0.1-0.3 %
>100 Mt
Mo, Sn, W,
Rb, Mn, F
profunda
veios
Félsicas
scheelite pirite pirrotite greisenização
a sub"stockworks"
Tipo S
(c/ topázio +
magnetite
e/ou
volcânica disseminados volframite
ricas F
fluorite +
arsenopirite
brechas
texturas
micas Li-F)
quartzo
molibdenite
solidificação
feldspato K potássica local.
bismutio n.
unidireccionais
biotite
bismutinite
argilítica
(quartz em
muscovite
cassiterite
filítica
pente)
fluorite
propilítica
topázio
cone
invertido
cilindrica
irregular
0.2-0.3%
>100 Mt
W, Mo, Sn,
F, Zn, Pb,
Cu
cone
invertido
cilindrica
irregular
0.2-0.5 %
>10 Mt
Sn, Ag, W,
Cu, Zn, As,
Pb, Rb, Li,
F, B
Cu
veios
Cu
Zonas de
calcoalcalinas epizonal a
calcopirite
sub"stockworks" molybdenite
(Mo,Au, subducção arco- metaluminosas
volcânica disseminados
Ag)
continental ou
oxidadas
bornite
brechas
arco-volcânico
Tipo I
calcocite
cinturas
diorito-qz,
tetraedriteorogénicas
granodiorito,
tenantite
qz-monzonito
enargite
Au nativo
electrum
arsenopyrite
galena
esfalerite
Mo
Mo
Mo
(Sn,W)
ou
Climax
W
W (Mo,
Sn, Ag)
Extensão
moderada
c. continental
espessa
pós-orogénicos
Sn
Sn
(Ag, W)
Extensão
c. continental
espessa
pós-orogénicos
Félsicas
Tipo S
ricas F, B
profunda
veios
cassiterite
a sub"stockworks"
estanite
volcânica disseminados calcopyrite
brechas
esfalerite
galena
sulfosais de
Sn e Ag
quartzo
biotite
sericite
feldspato K
pirite
magnetite
chlorite
calcite
epidote
anidrite
barite
turmalina
pirite
arsenopirite
topázio
fluorite
turmalina
muscovite
zinwaldite
lepidolite
greisenização
(c/ topázio)
turmalinização
filítica
(c/ turmalina)
propilitica
Cu
Cu
Proximal
0.5 %
>150 Mt Cu-Cu, Mo, Au,
Mo
Au >100 Mt Ag, Bi, W,
B, Sr
(<0.002Cu-Mo
0.016%)
Distal Pb,
>500 Mt
Zn, Mn, V,
Au
Sb, As, Se,
(0.002Te, Co, Ba,
0.38 g/t)
Rb, Hg
Ag
(<1-1.2 g/t)
É ainda comum sistematizar os jazigos do tipo Pórfiro Cuprífero em três grandes grupos, a
saber: plutónicos, vulcânicos, e hipabissais.
Os Pórfiros Cupríferos plutónicos associam-se a batólitos calco-alcalinos de grandes
dimensões (com uma área aflorante geralmente superior a 100 km2) que intruem rochas vulcânicas comagmáticas, ou ocorrem na proximidade destas. A instalação dos batólitos processou-se, regra geral,
em níveis crustais relativamente profundos (2-4 km). Os plutões encerram unidades litológicas
texturalmente distintas: hipidiomórficas com granularidade média a grosseira, faneríticas e porfiríticas. A
instalação dos plutões é tipicamente diapírica; o ascenso sequencial de pulsações magmáticas e os
subsequentes fenómenos de diferenciação são responsáveis pelos contactos bruscos e graduais
característicos destes depósitos. As brechas são frequentes e ocorrem preferencialmente em estreita
associação com o cortejo tardio de filões porfiríticos; as estruturas brechóides mineralizadas contêm,
regra geral, abundante especularite e turmalina. A mineralização associa-se privilegiadamente a um
dos diferenciados ígneos grosseiros, podendo igualmente ocorrer de modo secundário em litologias
ígneas suas derivadas.
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UTP Jazigos do Tipo Pórfiro _____________________________________________________________________
Nos jazigos de Pórfiros Cupríferos vulcânicos, as rochas suporte da mineralização são
quase sempre do tipo calco-alcalino, isto é, andesitos, latitos, dacitos e riólitos, o que sugere certa
contemporaneidade entre o desenvolvimento do jazigo mineral com os últimos estádios da evolução
das cinturas orogénicas. São contudo conhecidos alguns jazigos em que ocorrem rochas de natureza
alcalina, geralmente associadas a plutonitos mais profundos. Nos edifícios vulcânicos calco-alcalinos, a
instalação das rochas intrusivas é frequentemente condicionada pela presença de zonas de falha
regionais e/ou pela existência de um padrão regular e radial de fracturas em torno do edifício vulcânico.
Os corpos brechóides são comuns nestes depósitos e, frequentemente, encontram-se mineralizados
contendo, em geral, abundante magnetite; a natureza destas brechas é variável, incluindo tefritos
primários piroclásticos, pseudo-brechas de alteração, brechas ígneas e aglomerados de produtos de
escorrência (particularmente importantes na base do edifício vulcânico). Nos centros vulcânicos
alcalinos, os núcleos intrusivos estão geralmente instalados ao longo de estruturas regionais; a
instalação das rochas intrusivas características dos níveis mais superficiais é normalmente controlada
por zonas de falha. As brechas intrusivas e extrusivas (vulcânicas) são também comuns e, geralmente,
encontram-se mineralizadas.
Os Pórfiros Cupríferos hipabissais associam-se a stocks calco-alcalinos constituídos por
diferentes rochas porfiríticas cuja distribuição se encontra relacionada com a instalação múltipla e
sucessiva de pequenos corpos intrusivos hipabissais (0.5 a 2 km2) de geometria cilíndrica. São ainda
comuns nestes depósitos, numerosos diques de rocha porfirítica que, instalados preferencialmente em
níveis crustais muito superficiais, antecedem ou são posteriores à mineralização. Esta pode ocorrer
unicamente no seio do stock ou na rocha encaixante, ou em ambas. As brechas intrusivas são também
comuns e características, incluindo as geradas por colapso (relacionadas com perturbação estrutural
intensa e localizada) e explosão (relacionadas com a libertação rápida e intensa de voláteis); a
brechificação é geralmente multifásica e faz-se acompanhar por intensa alteração hidrotermal. Este tipo
de depósitos compreende quase exclusivamente os jazigos presentes nos E.U.A..
4. Enriquecimento supergénico
O enriquecimento supergénico é um fenómeno relativamente comum em muitos jazigos do tipo
Pórfiro. A paragénese secundária desenvolvida em ambiente redutor compreende essencialmente
covelite, calcocite e digenite (Cu).
Nas zonas mais superficiais, os processos de alteração e enriquecimento secundário podem
dar lugar a paragéneses oxidadas mais ou menos ricas em hematite, goethite e vários minerais
hidratados de cobre, tais como a antlerite - Cu3(SO4)(OH)4, atacamite - Cu4Cl2(OH)6, calcantite CuSO4.5H3O, krohnkite - Na2Cu(SO4)2.2H2O, brocantite - Cu4(SO4)(OH)6, natrocalcite Na2Cu4(SO4)4(OH)2.2H2O, crisocola - Cu4H4Si4O10(OH)8, turquesa - CuAl6(PO4)4(OH)8.4H2O, cuprite
- Cu2O; cuprocopiapite - CuFe4(SO4)3(OH)4.7H2O, lindgrenite - Cu3(MoO4)2(OH)2, pisanite (CuFe)SO4.7H2O, jarosite - KFe3(SO4)2(OH)6 e, por vezes, cobre nativo.
As zonas de enriquecimento supergénico são, em muitos depósitos, alvo de exploração intensa, dado constituírem com frequência áreas de teor elevado e de fácil desmonte. Constituem, por outro lado, excelentes guias de prospecção mineira.
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5. Caracterização sumária de alguns jazigos do tipo Pórfiro Cuprífero
As características mais pertinentes dos depósitos do tipo Pórfiro serão documentadas por uma série de
amostras (e lâminas delgadas polidas) de Pórfiros Cupríferos dos jazigos de Sierrita-Esperanza, Ray e
Silver Bell, todos eles localizados no estado do Arizona (E.U.A.) e alguns exemplares representativos
dos domínios mineralizados dos Jazigos de Climax e Henderson (Pórfiros Molibdeníferos), no Colorado
(E.U.A.).
5.1. Jazigo de Sierrita-Esperanza
As rochas ígneas hospedeiras da mineralização cuprífera neste depósito compreendem essencialmente quatro fácies, a saber.
1 - Monzonito quartzífero de Harris Ranch (referenciado por HRQM). Este litótipo ocorre
preferencialmente no sector SW do depósito de Sierrita. Trata-se de uma rocha leuco-mesocrata,
hipidiomórfica de granularidade média a grosseira, essencialmente constituída por quartzo + ortoclase
+ anfíbola + biotite ± sericite ± pirite disseminada. Apresenta-se frequentemente recortada por
filonetes preenchidos por quartzo, pirite e calcopirite aos quais se associam por vezes sericite ± clorite.
Na proximidade de alguns filonetes é também notório o aumento relativo de quartzo e sericite,
traduzindo a preponderância dos fenómenos de silicificação e sericitização ao longo do tempo.
2 - Diorito quartzo-biotítico (referenciado por BQD). A intrusão tardia presente no sector NW
do poço do depósito de Sierrita é, na sua essência, constituída por esta rocha, embora existam
pequenas intrusões dioríticas dispersas por todo o Couto Mineiro. Trata-se de uma rocha
melanocrática, hipidiomórfica de granularidade fina, extremamente silicificada, cuja matriz é, regra
geral, rica em anfíbola biotitizada. Este litótipo encontra-se frequentemente recortado por diferentes
famílias de filonetes mineralizados, cuja cronologia relativa nem sempre é fácil de estabelecer. De entre
estes, salientam-se, pela sua abundância relativa, os preenchidos por:
- quartzo + calcopirite + molibdenite ± pirite (sistema mais precoce, frequentemente
associado a domínios de alteração potássica);
- quartzo + sericite + pirite ± clorite (cujo desenvolvimento é correlacionável com os
processos conducentes à alteração filítica);
- quartzo + calcocite, aos quais não se associa (pelo menos de modo evidente) nenhuma
associação hidrotermal particular. Registe-se, contudo, a presença de clorite muito fina nos encostos
de alguns filonetes deste tipo, em certos exemplares.
- gesso, de desenvolvimento bastante tardio.
3 - Granodiorito de Ruby Star (referenciado por RSG). Este litótipo ocorre preferencialmente
em pequenas intrusões circulares no sector NNE do depósito de Sierrita. Trata-se de uma rocha leucomesocrata, hipidiomórfica de granularidade fina a média caracterizada pela associação de quartzo +
feldspato (ortoclase ?) + plagioclase + anfíbola + biotite ± clorite ± epídoto ± sericite. Em
amostras sujeitas a alteração supergénica são ainda abundantes os óxidos de manganês e minerais de
argila.
4. Pórfiro Monzonítico quartzífero de Ruby Star (referenciado por RSQMP). Este é, em
geral, o litótipo suporte da mineralização, representando muito provavelmente a diferenciação porfirítica
do granodiorito de Ruby Star. Trata-se de uma rocha leuco a mesocrata, hipidiomórfica de
granularidade média a grosseira e essencialmente constituída por quartzo + plagioclase + ortoclase
+ biotite ± anfíbola. A alteração hidrotermal de que foi alvo traduz-se pela deposição mais ou menos
intensa de quartzo + ortoclase + biotite ± calcopirite ± pirrotite ± magnetite, nas zonas profundas
do jazigo (correspondendo ao núcleo de alteração potássica), ou pelo desenvolvimento da paragénese
composta por quartzo + sericite ± clorite ± epídoto + pirite + esfalerite + bornite + calcocite ±
marcassite, nos sectores acima e em torno do núcleo central rico em calcopirite. O contacto entre
estes dois grandes halos de alteração hidrotermal é gradual e são relativamente comuns as zonas onde
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as duas associações mineralógicas ocorrem sobrepostas. As paragéneses de alteração propilítica e
argilítica estão relativamente mal representadas no depósito de Sierrita. É, no entanto, possível
observar o desenvolvimento da associação mineralógica característica da alteração argilítica em zonas
tectonicamente perturbadas.
A fracturação do pórfiro Ruby Star é também evidente a qualquer escala. As fracturas
encontram-se geralmente preenchidas, dando lugar a uma rede de filonetes geometricamente
semelhante à evidenciada pelo quartzo-diorito biotítico. Registe-se, no entanto, o desenvolvimento
pronunciado de filonetes quartzosos ricos em sericite grosseira, bem como a presença relativamente
frequente de veios tardios com gesso bem cristalizado.
Importa, por último, mencionar que a mineralização compreende a paragénese calcopirite +
molibdenite + magnetite + pirrotite ± pirite ± cubanite ± marcassite, nas zonas mais profundas e
ricas do depósito, a qual cede lugar a uma outra que, constituída por pirite + bornite + calcocite +
esfalerite ± calcopirite ± marcassite, tipifica os sectores acima e em torno dos núcleos de teor mais
elevado.
5.1.1. Questionário
1 - Como pode observar macroscopicamente ou com o auxílio da lupa, a matriz granular da rocha HRQM é
constituída por várias fases mineralógicas distintas. Uma análise textural cuidada permite perceber quais as
fases primárias relíquia e quais as que resultaram do intenso metassomatismo que caracteriza este tipo de jazigos minerais. Identifique os minerais não opacos presentes e discrimine-os neste óptica, explicitando os critérios adoptados.
2 - Confirme as relações geométricas e as associações secundárias de preenchimento das várias gerações de
filonetes observáveis no litótipo BQD explicitadas no texto de apoio.
3 - Observe atentamente as amostras do litótipo RSQMP que lhe foram distribuídas e descreva-as pormenorizadamente tendo em linha de conta a caracterização da alteração hidrotermal, bem como os aspectos de índole
geométrica e mineralógica evidenciados pelas diferentes gerações de veios.
5.2. Jazigo de Ray
Neste depósito, a mineralização associa-se preferencialmente a um pórfiro granítico,
denominado por "Granite Mountain Porphyry", o qual ocorre em uma série de pequenas intrusões
circulares e está representado pelas amostras R-6 e R-8; a associação mineralógica primária principal
comporta fenocristais de plagioclase, quartzo, feldspato potássico, biotite e magnetite. A esfena,
apatite, zircão, monazite e horneblenda ocorrem em quantidades acessórias. Reconhece-se ainda
outra rocha intrusiva, no caso um pórfiro quarto-monzonítico geralmente designado por Teapot
Mountain Porphyry, cuja relação (pelo menos espacial) com a mineralização não é evidente. Estas
rochas ígneas, de idade Triásica, intruem toda a série Pré-Câmbrica característica daquela zona que,
da base para o topo, compreende:
1 - a Formação de Pinal que consiste numa sequência metamorfizada de argilitos, arenitos e
conglomerados. A única amostra disponível na colecção (R9) consiste num quartzito de grão fino a
médio com uma matriz sericítica. Neste exemplar é notório o desenvolvimento de dois veios
quartzosos, um deles com abundante calcocite. Este sulfureto ocorre ainda disseminado na matriz da
rocha quartzítica.;
2 - o Nível Conglomerático de Scanlan, assente em discordância angular sobre a Formação
precedente;
3 - a Formação de Pioneer que abarca uma sequência metamorfizada de arenitos e níveis
argilíticos e que se encontra representada na presente colecção por uma amostra de quartzito (R4)
cortado por vários filonetes de quartzo hidrotermal. As frequentes disseminações de sulfuretos na
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matriz desta rocha metassedimentar fazem-se acompanhar por outros minerais indicadores da
alteração hidrotermal a que a rocha foi sujeita;
4 - o Nível Conglomerático de Barnes de idade Pré-Câmbrica Superior (amostra R5).
O topo da sequência Pré-Câmbrica encontra-se sublinhado por diferentes filões camada de
rochas doleríticas que, por vezes, constituem diques intrusivos naquela série. A presente colecção de
amostras e lâminas delgadas polidas do jazigo de Ray comporta duas amostras de dolerito, designadas
por R-1 e R-3. A observação cuidada destes exemplares e respectivas lâminas delgadas polidas,
permite concluir que os mesmos apresentam padrões de alteração hidrotermal distintos, isto é,
enquanto o dolerito representado pela amostra R-1 exibe uma associação mineralógica típica da
alteração filítica, a amostra R-3 encerra uma paragénese de alteração oxidada de mais baixa
temperatura.
5.2.1. Questionário
4 - Com base na observação macroscópica e microscópica da amostra R4, identifique os principais
sulfuretos presentes e o seu modo de ocorrência, bem como a associação mineralógica que caracteriza
a alteração hidrotermal.
5 - A amostra R-7 constitui um excelente exemplo de um litótipo mineralizado e alterado
hidrotermalmente da Formação de Pioneer. Examine cuidadosamente as lâminas delgadas polidas com
a referência R-7, e responda sucintamente às seguintes perguntas:
a) Qual a rocha original ?
b) Qual a associação mineralógica de alteração hidrotermal predominante ?
c) Identifique os principais minerais opacos presentes e estabeleça, com base em critérios texturais seguros, a cronologia relativa entre estes.
d) A zonação exibida pelo preenchimento dos filonetes presentes neste exemplar sugere, ou
não, carácter polifásico para o seu preenchimento ? Justifique.
Observe agora a amostra de mão R-7. Identifique os principais minerais que se associam ao
processo de alteração e enriquecimento supergénico.
6 - Examine com atenção o exemplar R-3 e respectiva lâmina delgada polida. Para além dos minerais
transparentes que, de modo geral, caracterizam a alteração filítica, identifique e caracterize:
a) a associação de minerais opacos presentes no exemplar amostrado ?
b) os minerais que permitem concluir que o litótipo em causa foi objecto de alteração tardia em
ambiente oxidante.
7 - Observe atentamente a amostra R-8, representativa do pórfiro granítico, e encontre as evidências necessárias à corroboração da seguinte afirmação: A alteração filítica sobrepõe-se parcialmente à
potássica e faz-se acompanhar por desenvolvimento de numerosos filonetes quartzosos mais ou
menos ricos em pirite que, por sua vez, afectam filonetes quartzosos com molibdenite e rara calcopirite.
8 - Observe detalhadamente a amostra R-6 e respectiva lâmina delgada polida e determine os tipos de
alteração hidrotermal a que a rocha foi sujeita, justificando concisamente a sua resposta.
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5.3. Jazigo de Silver Bell
As rochas aflorantes no Couto Mineiro de Silver Bell apresentam idades compreendidas entre o
Pré-Câmbrico e o Quaternário. Para a área de exploração de El Tiro, contudo, a distribuição das
principais unidades litológicas permite genericamente colocar em evidência duas sequências
sedimentares distintas, a saber:
1 - série de idade Paleozóica composta por alternâncias rítmicas de calcários, argilas e
arenitos;
2 - sequência sedimentar detrítica de idade Mesozóica essencialmente composta por arenitos e
conglomerados.
Ambas as sequências sedimentares são intruídas por rochas ígneas geralmente porfiríticas e
de idade Mesozóica, apresentando-se todo o conjunto recortado por numerosos diques cenozóicos de
natureza andesítica. Dados geocronológicos permitiram estabelecer a sequência cronológica relativa à
instalação das mesmas que, do termo mais antigo para o mais recente, abarca os seguintes litótipos:
alaskito (plutão de grandes dimensões), pórfiros dacíticos (stocks com dimensões variáveis), pórfiros de
natureza sienítica-diorítica (diques), quartzo-monzonitos (stocks irregulares de pequena dimensão),
pórfiros quartzo-monzoníticos (diques e pequenos stocks) e, por último, pórfiros granodioríticos
(diques).
De todos estes litótipos só o alaskito e quartzo-monzonito estão representados na presente
colecção de amostras relativas aos jazigos do tipo Pórfiro Cuprífero. O primeiro, representa uma rocha
leucocrata, hipidiomórfica de granularidade média a grosseira, essencialmente constituída por quartzo,
ortoclase, plagioclase, biotite, traços de zircão, apatite e óxidos de ferro e titânio. A mineralização
cuprífera que se lhe associa é, na maior parte dos casos, resultado da acção dos processos de
enriquecimento supergénico, dado que em geral os teores em Cu relacionados com a mineralização
hipogénica raramente superam 0.2%. O pórfiro quartzo-monzonítico é uma rocha meso-leucocrata com
matriz hipidiomórfica de granularidade média a grosseira, essencialmente constituída por fenocristais
arredondados de quartzo , fenocristais euédricos a sub-euédricos de plagioclase, grãos anédricos de
ortoclase, biotite e anfíbola. A magnetite, zircão, esfena e apatite constituem os principais minerais
acessórios. Refira-se, por último, a presença de corneanas calcosilicatadas mineralizadas, resultantes
do metamorfismo de contacto de rochas carbonatadas da sequência sedimentar Paleozóica
(designadas por tactitos).
5.3.1. Questionário
9 - Observe atentamente as amostras com a 'referência' Alaskite e caracterize a alteração hidrotermal a
que a rocha foi sujeita.
10 - As amostras SB-8 representam o pórfiro quartzo-monzonítico no depósito de Oxide. Após a
observação cuidada deste exemplar diga, justificando, o tipo de alteração presente e identifique a
paragénese mineral que se lhe associa.
11 - A amostra de tactito disponível na presente colecção representa um minério de teor elevado,
característico da área de exploração de El Tiro. Depois de o observar atentamente descreva-o de
modo sucinto, referindo-se aos seguintes aspectos: mineralização e alteração supergénica.
12 - As amostras referenciadas por SB-7 materializam aspectos particulares do halo externo de
alteração filítica, localmente mascarados pelo desenvolvimento mais ou menos intenso da alteração
supergénica. Encontre as evidências mineralógicas e texturais que julgar pertinentes por forma a
justificar tal afirmação.
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_____________________________________________________________ UTP Jazigos do Tipo Pórfiro
8. Referências bibliográficas
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Hydrothermal Ore Deposits. 2nd Ed., Wiley-Interscience, 71-136.
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Deposits, Southwestern North America (Titley, S.R., ed.), Tucson, Univ. Arizona Press, 487-506.
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Henley, R. N.; McNabb, A., 1978 - Magmatic vapour plumes and ground-water interaction in porphyry
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Lowell, J. D.; Guilbert, J. M., 1970 - Lateral and vertical alteration-mineralization zoning in phorphyry ore
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monzonites and quartz diorite wall-rocks at the Sierrita Porphyry Copper Deposit, Arizona. Econ.
Geol., 77, 1621-1641.
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