O Teatro é feito por pessoas

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CONFERÊNCIAS · ÀS 4ª FEIRAS · DE 8 DE JUNHO A 6 DE JULHO DE 2005
18h30 · Pequeno Auditório · Entrada Gratuita Levantamento de senha de acesso, 30 min. antes do início da sessão, no limite dos lugares disponíveis
O Teatro é feito por pessoas
Por Jorge Silva Melo (Artistas Unidos)
8 de Junho
Diante da porta • A morte é privada, o cadáver é público (o patente como
cidadania)
Na tragédia grega, só vemos aquilo que é passível de interessar à
comunidade. A divisão entre privado e público é clara desde Ésquilo – e
tudo se passa do lado de cá da frontaria do palácio. Só o que é patente
pode ser assunto de análise democrática. O teatro é o espaço da clarificação.
Tudo é o que pode ser. Análise sumária de A Oresteia de Ésquilo.
15 de Junho
O segredo atrás da porta • A ameaça do passado e o drama burguês
(o subentendido como comunicação)
Com a ascensão da burguesia, cresce o recalcado. As origens (pecaminosas,
ardilosas) são uma ameaça à aparência. Os “bons costumes” escondem
lama. O teatro da ascensão social da burguesia supõe a ameaça de um
passado: erótico, criminoso, psicológico, genealógico, político: nada é o
que parece ser. Três peças: Os Espectros de Ibsen, O Leque de Lady
Windermere de Oscar Wilde, O Nosso Hóspede de Joe Orton.
Quem faz o teatro são pessoas de diferentes saberes. Há quem saiba
música e quem saiba carpinteirar, quem sabe escrever e quem tem voz
potente, quem sabe pintar e quem sabe gramática, quem sabe de sapatos
e quem sabe de métrica, quem sabe línguas e quem sabe contas, quem
sabe de costura e quem sabe de lavar lãs. No teatro o sapateiro sobe
acima da sandália. Pois ele é o encontro de todos estas pessoas com
saberes diferentes. Na sociedade actual, elas não se encontram, os
professores universitários nunca tomam a bica com o carpinteiro, nem
o poeta discute com a cabeleireira. Mas no teatro estas pessoas todas
vivem juntas, a pergunta do aderecista é tão justa como a do
dramaturgista, o saber do bilheteiro tão crucial como o do tradutor.
E nesse sentido o teatro propõe uma ilha dentro da sociedade. É a ilha
em que todos os saberes confluem para um momento pleno. Se
pensarmos no anfiteatro grego, vemos que a ilha é a imagem do palco.
E que a representação procura o momento certo num tempo certo. E
essa é a sua semelhança com a acção política: a procura do kairos.
Cinco aulas sobre os saberes do teatro e a sua oportunidade.
Jorge Silva Melo (Artistas Unidos)
Culturgest, uma casa do mundo.
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22 de Junho
A cena de rua segundo Bertolt Brecht • Um fantasma assola a cidade?
Nem dentro de casa, nem fora do palácio, no cruzamento da rua: três
formas de teatro que tomam a rua como espaço cénico: a zarzuela e a
transformação de Madrid, Brecht, Beckett e as estradas de Godot. Três
peças El Barberillo de Lavapiès, A Ópera dos Três Vintens de Brecht,
À Espera de Godot de Samuel Beckett.
29 de Junho
Debaixo da rua, o corpo • O teatro foge à razão?
E quando a razão não chega para nos aguentar? Antropologia, mitos,
primitivismo, o corpo injustificado e a revolta anti-colonial. Três peças As
Criadas de Jean Genet, As Bacantes de Eurípides, Ruínas de Sarah Kane.
6 de Julho
São Genebro • Vadios, meliantes e maltrapilhos, piolhos e actores
A história de Jacques Copeau: a “confraria” mendicante como exemplo
social. O Berliner Ensemble, ilha comunitária fora das leis comunistas.
A "troupe" como utopia de vida colectiva: o teatro é o lugar de uma verdade
social e não de uma fé privada.
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