Arquitetura da Cena Arquitetura Teatral História dos palcos Tipos de palcos Qual a origem do teatro? ❖ O homem como um ser mimético – reprodução de sons, gestos, operações mentais e emocionais; reprodução do que percebe a sua volta. ❖ Necessidades de sobrevivência – jogos cenográficos de mimetização com outros homens, animais, cenários e elementos da natureza, visões e sonhos. ❖ Para saciar a fome, proteger-se, comunicar-se, provocar, festejar, celebrar a vida, falar com os deuses, etc. “A origem do teatro, manifesto em gestos, sons, ritmos e disfarces, é provavelmente a mesma de todas as artes, na consagração do homem com o indizível, o invisível, o amor e seus medos.” – João Acir, 1977, p.78 ❖ As tribos selvagens imitam o animal sagrado no totem que a representa. ❖ Na antiguidade, o sacerdote era considerado como intérprete dos deus deuses, conjurando em seu nome e rodeando-se de cenografia para sua função. ❖ As danças sacerdotais são conhecidas em todos os lugares e tempos. ❖ A bíblia fala dos levitas dançando ante a arca. ❖ Na América e na África, danças de máscaras representam a aparição misteriosa de um animal, um espírito, um antepassado ou um deus, com carrancas de terror e mistério, em pantomimas estranhas, raízes comuns a todos os povos. ❖ A mitologia indiana explica como Krishna ensinou aos homens a música e a dança, únicos meios de dar ideia aos mortais das paixões e ações dos deuses. ❖ Na mitologia japonesa, Amaterasu, deusa do sol, se esconde em uma profunda cova por conta das ofensas do irmão. Entristecidos pela escuridão, os deuses tocaram pífaros e tambores, e a deusa Ameno-Uzume, com uma guirlanda de flores, cantou e dançou para atrair a curiosidade de Amaterasu. ❖ No Egito existiram também as representações dramáticas de fundo religioso centradas em temas de sua espiritualidade. ❖ O ponto de convergência entre o mundo complexo da arte oriental e a primeira cultura grega, base da arte ocidental, parecer ser a ilha de Creta onde, em torno de 2000 a.C., se processou uma cultura tão peculiar. Os restos desta cultura mostram a existência de um espetáculo religioso no qual o touro, animal sagrado, intervém rodeado de lutadores acrobatas. ❖ Estes exercícios se davam nos pátios centrais de algumas construções e também em superfícies retangulares de dimensões mais reduzidas (13x10m), limitadas por paredes de pedra, e que possuem em dois lados contíguos arquibancadas para espectadores e uma espécie de tribuna de honra. ❖ O lirismo coral religioso é apontado como a origem do teatro grego. Aparece nas composições e ritos em honra a Artemísia ou Apolo e, as mais populares e expressivas, dedicadas a Dionísio. ❖ O culto a Dionísio era celebrado em Atenas três vezes ao ano. Essas festas eram oficiais e a organização de espetáculos dramáticos se convertia em função do estado. As festas duravam 6 dias, onde havia usualmente uma procissão, concurso de coros ditirâmbicos e os três últimos dias eram dedicados às representações teatrais. ❖ Em 535 a.C., o concurso das primeiras festas dionisíaco de Atenas foi vencido por Téspis que em carros transportava os cantores e atores com as caras pintadas com as cores do vinho, segundo Horácio. ❖ Atribui-se a Téspis a transformação dos cantos trágicos corais, por associar a estes um narrador que conversava com o coro e procurava responder suas perguntas, ficando assim estabelecido o diálogo com a introdução do ator. ❖ Em propriedades rurais no interior da Grécia, existiam as eiras, pisos circulares onde grãos eram moídos por uma mó girada por uma parelha de bois. Até hoje nós utilizamos este mesmo tipo de processo para realizar a moenda de grãos. Durante as colheitas, várias festas e rituais religiosos eram realizados nela ou em um terreno circular. A eira dos bois criava um círculo de terra batida onde os festivais agrícolas eram realizados: a festa de Komos, origem da comédia. Estes festejos se davam com as danças fálicas festivas, logo o primeiro cenógrafo pode ter sido a pessoa chamada para decorar o local da festa ou mesmo somente pode ter esculpido o grande falo. ❖ Contudo, o teatro como entendemos hoje só é considerado como consolidado quando, à organização dos espetáculos dramáticos convertidos em acontecimento, se juntaram os aportes de Ésquilo e Sófocles, e a construção de teatros de caráter permanente, substituindo as representações ambulantes ou sobre tablados de madeira. ❖ Foi então que se dotou o ator de uma máscara com uma boca desenhada de grande tamanho, com dispositivo interno para ampliar sua voz, e calçaram-lhe sapatos de salto alto chamados coturnos (Cothurnus). Orkestra ❖ Extensão circular plana onde evoluía o coro e em cujo centro se erguia um pequeno altar a Dionísio. Ficava situada entre a skene, cena propriamente dita, e o théatron,destinado aos espectadores. ❖ A orkestra é a parte mais antiga do teatro grego. Skene, Paraskenia e Proskenion ❖ Corpo edificado retangular com até 6m de altura, decorado com colunas, sendo os intercolúnios abertos ou decorados. ❖ Dois extremos avançavam lateralmente sobre a orkestra; estes eram chamados paraskenia. Diante à skene, junto à orkestra, estava o proskenion que era a zona intermediária, mais baixa, facilitando as relações entre os personagens e o coro. Théatron ❖ Semicírculo, construído em elevação do terreno, ajustado à orkestra, onde se desenvolviam as arquibancadas dos espectadores. Estes ingressavam no espaço através de dois corredores laterais até a orkestra e daí se dirigiam aos assentos por escadas radiais. ❖ A pintura dos cenários e a troca de cenografia foram sugeridas por Sófocles, que viveu noventa anos do século V a. C. A escultura, arquitetura e o trabalho com cerâmicas tinha atingido um nível muito alto, que a cenografia certamente atingiria em questão de pouquíssimo tempo. ❖ Phormis de Siracusa utilizou painéis que podiam ser trocados durante a apresentação de um único espetáculo. ❖ Temos estes dados, pois Ésquilo os cita e ainda nomeia alguns pintores: Agatarcus de Samos segundo Vitrúvio foi um dos destaques, pelo seu trabalho detalhado das perspectivas e qualidade final das obras. Neste período Demócrito e Anaxágoras fizeram estudos e teorias à respeito da perspectiva. ❖ Vitrúvio chamava estes cenários de scaena ductilis (cena móvel ou conduzida), que podem ter sido utilizados tomando o espaço do proscênio ou ainda tenham criado um espaço de representação à sua frente. ❖ Vitrúvio e Pollux apontam textos onde descrevem prismas triangulares decorados em seus três lados. As mudanças de cena indicavam os momentos em que estes prismas eram girados sobre um eixo que os fixava no chão. Existiam muitas convenções no deslocamento destes eixos. ❖ A pintura de painéis era usada mais comumente com figuras de paisagens, vistas arquitetônicas ou urbanas. ❖ Outro tipo de maquinaria existente na Grécia antiga é bem mais sofisticado que o periacto e é denominado ekiclema. Deve datar do século V a. C. e uma de suas possibilidades era revelar o interior do palácio, gruta ou um templo. Era feito de um carro e uma plataforma rolante que avançava de uma porta. ❖ Pollux descreve bem estas máquinas e sobre o ekiclema ele diz serem plataformas construídas com madeira e rodas que saíam pelas portas do cenário trazendo personagens. ❖ O ekiclema pode ter também um piso circular com uma tela pintada dos dois lados para o momento de transformações. Assim, quando a base é girada, um personagem surge com outro fundo de cena pintada sobre esta tela. ❖ As portas surgem no período em que a skene já é feita de pedra e com isso possibilitam a construção de entradas e saídas fixas para os atores. Estas construções passaram a ser monumentais. ❖ Deste modo, o público já entendia que não era mais um ator que estava saindo de cena para se trocar e si um personagem indo em direção de algum lugar. ❖ Eram três as portas utilizadas e construídas de forma a fixar a porta principal, ricamente decorada e esculpida e as outras duas,menores com adornos mais simples. O palácio estava representado pela porta central e como a arquitetura grega não construía palácios, estes eram representados por entradas,ou portas de templos. A porta da direita do ator era os aposentos dos hóspedes ou a saída para outra cidade qualquer; e a porta da esquerda do ator era o gineceu. ❖ A Katablemata era uma estrutura de painéis pintados que ficavam sobrepostos ao fundo da cena no teatro grego. Com o decorrer da encenação, estes painéis eram trocados, revelando novos fundos e indicações para elenco e público. ❖ O Deus ex machina, na Grécia antiga eram máquinas (gruas) construídas com a função de elevar o ator e fazêlo surgir por trás da skene como se sobrevoasse os céus, descendo do Olimpo e entrando em contato com os mortais. O efeito causado pelos deuses ex machina era um furioso e catártico aplauso por parte da platéia, pois naquela época, estes personagens surgiam para solucionar questões onde o drama era insustentável e a ação parecia sem saída. Tipos de Palco