universidade federal rural do rio de janeiro mapeamento - R1

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO
MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE ROCHAS METAMÁFICAS E
METASSEDIMENTARES DO GREENSTONE BELT RIO DAS
MORTES NA REGIÃO DE SÃO TIAGO - CASSITERITA E
ESTUDO PETROGRÁFICO E GEOQUÍMICO DE DIQUES
METABÁSICOS E DE DIABÁSIO
FERNANDO DE SOUZA GONÇALVES VASQUES
ORIENTADOR: CIRO ALEXANDRE ÁVILA
(Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional – UFRJ)
PETRO-MIN: Grupo de estudos em Petrologia e Mineralogia
(Sediado no Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional)
MARÇO, 2007
RIO DE JANEIRO – RJ – BRASIL
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE AGRONOMIA
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA
MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO
MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE ROCHAS METAMÁFICAS E
METASSEDIMENTARES DO GREENSTONE BELT RIO DAS
MORTES NA REGIÃO DE SÃO TIAGO - CASSITERITA E
ESTUDO PETROGRÁFICO E GEOQUÍMICO DE DIQUES
METABÁSICOS E DE DIABÁSIO
FERNANDO DE SOUZA GONÇALVES VASQUES
APROVADA POR:
______________________________________________
Dr. CIRO ALEXANDRE ÁVILA (orientador – MN-UFRJ)
_______________________________
Dr. RUBEM PORTO JÚNIOR (UFRRJ)
______________________________
Dr. JÚLIO CÉZAR MENDES (UFRJ)
MARÇO, 2007
RIO DE JANEIRO – RJ – BRASIL
II
FICHA CATALOGRÁFICA
VASQUES, FERNANDO DE SOUZA GONÇALVES
MAPEAMENTO GEOLÓGICO DE ROCHAS METAMÁFICAS E METASSEDIMENTARES
DO GREENSTONE BELT RIO DAS MORTES NA REGIÃO DE SÃO TIAGO CASSITERITA E ESTUDO PETROGRÁFICO E GEOQUÍMICO DE DIQUES
METABÁSICOS E DE DIABÁSIO
XVI, 63 p., 29,7 cm (Instituto de Agronomia – Departamento de Geociências – UFRRJ,
Monografia de Graduação, 2007).
Monografia: Universidade Feral Rural do Rio de Janeiro, Departamento de Geociências.
1 – Anfibolito
2 – Petrografia
3 – Greenstone Belt Rio das Mortes
4 – Diques de metagabro e metadiabásio
5 – Diques de diabásio
6 – Geoquímica
I – DG/UFRRJ
II – Título (série)
III
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo o mapeamento geológico na escala 1:25.000 de
uma área de 108 km2, situada entre as cidades de São Tiago e Cassiterita, no intuito de se
estabelecer as relações geológicas entre as rochas do Greenstone Belt Rio das Mortes e as de
dois corpos plutônicos (Granitóide Ritápolis e Diorito Brumado), bem como o estudo e inserção
dos diques máficos (metagabros – metadiabásios e diabásios) no contexto geológico da borda
meridional do Cráton São Francisco. As relações de campo apontaram a seguinte estratigrafia: i)
Gnaisse bandado. ii) Seqüência Greenstone Belt Rio das Mortes. iii) Ortognaisse Granítico Fé. iv)
Diorito Brumado. v) Granitóide Ritápolis e pegmatitos. vi) Diques de metagabro – metadiabásio e
de diabásio. vii) Quaternário.
Rochas do pacote metassedimentar do Greenstone Belt Rio das Mortes, bem como
anfibolitos do pacote metavulcânico do mesmo greenstone ocorrem como xenólitos nas rochas do
Granitóide Ritápolis, enquanto no Diorito Brumado foram observados somente xenólitos de rochas
anfibolíticas. Diques e apófises do Granitóide Ritápolis cortam o Diorito Brumado e as rochas
anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das Mortes, enquanto diques de metagabro – metadiabásio
intrudem rochas anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das Mortes, o Ortognaisse Granítico Fé e o
Granitóide Ritápolis.
Dentro do contexto geológico, a seqüência Greenstone Belt Rio das Mortes é composta
por dois conjuntos distintos: metamáfico, com raros níveis metaultramáficos e delgadas camadas
metassedimentares; e metassedimentar com raras rochas metamáficas intercaladas. O conjunto
metamáfico é representado por anfibolitos (finos, porfiríticos e com granada) e metagabros
médios, sendo que os anfibolitos variam em granulação desde finos até médios e apresentam
marcante foliação metamórfica. Estes são compostos por plagioclásio e hornblenda, tendo como
minerais acessórios epidoto, titanita, allanita, zircão, minerais opacos, apatita, granada, clorita,
biotita, pirita e raro quartzo. Os metagabros apresentam granulação média, textura primária
reliquiar tipo ofítica (pseudotransformada) e são compostos por plagioclásio e anfibólio. A variação
de granulação e mineralógica dos anfibolitos pode estar associada a derrames basálticos com
diferentes espessuras e composições. Rochas metaultramáficas de granulação desde fina até
grossa ocorrem intercaladas com os anfibolitos e são representadas por serpentinitos e
hornblenditos (piroxenitos pseudotransformados). De forma semelhante, delgadas camadas de
filitos amarronzados, quartzitos e BIF também ocorrem associadas com o conjunto metamáfico.
No
pacote
metassedimentar
foram
identificados
filitos,
filitos
grafitosos,
filitos
amarronzados, gonditos e quartzitos. Estes ocorrem intercalados entre si formando uma
seqüência sedimentar, que está presente como um megaxenólito de cerca de 4 km 2 dentro do
Granitóide Ritápolis. As camadas desta unidade variam em relação a espessuras (desde
milimétricas até métricas), destacando-se um nível de gondito, que pode chegar a medir cerca de
4m. Os gonditos são compostos de óxidos-hidróxidos de manganês e foram explorados
economicamente.
IV
A associação espacial dos anfibolitos com as rochas metassedimentares, (gonditos, filitos,
quartzitos) sugere a interação de um ambiente vulcânico (representado pelos basaltos, hoje
anfibolitos) com um ambiente sedimentar, tipificado por camadas de pelitos e de precipitados
químicos (níveis manganesíferos e silicosos), hoje representados por filitos, gonditos e quartzitos.
A mineralogia dos anfibolitos é constituída de anfibólio, plagioclásio, titanita, epidoto,
quartzo, biotita, allanita, clorita, zircão, apatita e granada e admite-se que a s mesmas foram
metamorfisadas em condições de fácies anfibolito inferior. A ausência de actinolita na paragênese
das amostras estudadas sugere que condições retrógradas de fácies xisto verde não foram
alcançadas.
O estudo dos diques envolveu 22 corpos dentre os quais: 3 são intrusivos em rochas do
Ortognaisse Granítico Fé (FR-1, 2 e 3); 1 no Quartzo Monzodiorito Glória (FR-4 ou RM - 6); 1 em
rochas metaultramáficas do Greenstone Belt Nazareno (RM – 7); 1 em um migmatito de injeção
que envolve rochas do Greenstone Belt Rio das Mortes e do Granitóide Ritápolis (FR-5 ou BC–1);
1 em rochas metamáficas do Greenstone Belt Nazareno (RM-7); 3 em rochas metamáficas do
Greenstone Belt Rio das Mortes (FR-210, 211 e RM–5) e 13 no Granitóide Ritápolis, sendo 5 nas
rochas da fácies média (pontos FR – 15, 39, 132, 169 e RM – 1) e 9 nas rochas da fácies grossa
(pontos FR – 7, 9, 10, 12, 13, 14 e RM – 3, 4).
A mineralogia dos diques de metagabro – metadiabásio é composta de plagioclásio,
hornblenda, apatita, minerais opacos, biotita, epidoto, titanita, quartzo e clorita e restritamente,
actinolita. Já os diques de diabásio possuem mineralogia composta de plagioclásio, clinopiroxênio,
minerais opacos, olivina, clorita verde e vidro vulcânico. Os diques da área estudada foram
subdivididos em três grupos: o primeiro grupo corresponde aos diques com textura primária e
mineralogia magmática. O segundo aos diques com textura primária e mineralogia metamórfica e
o terceiro grupo aos corpos com textura e mineralogia modificadas.
Os diques com textura primária e mineralogia metamórfica teriam sido modificados em
condições de P e T condizentes com a fácies xisto verde ou no máximo epidoto anfibolito durante
o Evento Brasiliano, pois alguns destes apresentam actinolita. Neste sentido, os diques com
textura e mineralogia modificadas estariam relacionados a um intervalo temporal muito grande
entre 2121 ± 7 Ma e 567 Ma. Em relação aos diques com textura primária e mineralogia
metamórfica podem ser separados dois conjuntos distintos, um com tendência alcalina e outro
com tendência toleítica. Os diques com textura primária e mineralogia magmática estariam
associados ao magmatismo básico de idade mesozóica, relacionado à abertura da porção sul do
Oceano Atlântico.
V
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre ao meu lado durante todos os momentos de minha vida.
Aos meus pais, Ruth e Hélio, e meus familiares que sempre me apoiaram durante a
realização da minha graduação e por toda minha vida.
A Débora de Melo Lima, por estar sempre ao meu lado nos momentos mais felizes e nos
mais difíceis e também pela paciência e compreensão durante a realização desta monografia.
Ao professor e amigo Ciro Alexandre Ávila, pelo apoio, por todo o conhecimento adquirido
durante esses anos e por estar sempre me incentivando a seguir meus objetivos profissionais.
Ao professor e amigo Alexis Rosa Nummer, pelos ensinamentos, conselhos e incentivos
que me transmite e que sempre estarei seguindo.
Aos professores Renato Rodriguez Cabral Ramos, Angélica Freitas Cherman e Loiva Lízia
Antonello pela atenção, tempo e ensinamentos transmitidos.
Aos professores Rubem Porto Júnior e Júlio Cezar Mendes, por participarem da minha
banca de avaliação.
Aos professores do Departamento de Geociências da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro (UFRRJ), pelos inúmeros conhecimentos transmitidos.
Ao motorista Geel, por sempre nos guiar com segurança , para as áreas de trabalho.
Aos grandes amigos Anselmo Pereira, Felipe Abreu, Mônica Nicola e Nick Dourado pelo
apoio e amizade durante essa longa caminhada chamada monografia.
A todos aqueles que colaboraram, ajudaram e incentivaram, que não foram citados nesta
lista mas que estão com certeza no meu coração.
VI
SUMÁRIO
pág.
CAPA
CONTRA CAPA
FICHA CATALOGRÁFICA
RESUMO
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS
ÍNDICE DE FOTOMICROGRAFIAS
I
II
III
IV
VI
VII
IX
X
XII
XVI
1 – INTRODUÇÃO
1
2 – OBJETIVOS
2
3 - LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
3
4 - METODOLOGIAS DE TRABALHO
4.1 - MAPEAMENTO GEOLÓGICO
4.2 - COLETA E PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS DE ROCHAS
4.3 - ETAPA DE LABORATÓRIO
4.4 - ETAPAS DE ESCRITÓRIO
4
4
4
6
6
5 - NOMECLATURA ADOTADA PARA OS LITÓTIPOS
8
6 - GEOLOGIA REGIONAL
6.1 – ORTOGNAISSES E MIGMATITOS
6.2 – SUCESSÕES GREENSTONE BELT
6.3 – CORPOS SUBVULCÂNICOS FÉLSICOS
6.4 – CORPOS PLUTÔNICOS
6.5 – CRÁTON SÃO FRANCISCO
6.6 – CINTURÃO MINEIRO
11
11
11
12
12
12
13
7 - COMENTÁRIO DOS TRABALHOS PRÉVIOS NA ÁREA ESTUDADA
16
8 - GEOLOGIA DA ÁREA ESTUDADA
8.1 – INTRODUÇÃO
8.2 - GNAISSE BANDADO
8.3 - GREENSTONE BELT RIO DAS MORTES
8.3.1 – ROCHAS ANFIBOLITICAS
8.3.1.1 – PETROGRAFIA
8.3.2 – ROCHAS METAULTRAMÁFICAS
8.3.3 – GONDITO
8.3.4 – FILITOS: AVERMELHADO E GRAFITOSO
8.3.5 – QUARTZITO
8.4 - ORTOGNAISSE GRANITICO FÉ
8.5 - DIORITO BRUMADO
8.6 - GRANITÓIDE RITÁPOLIS
8.6.1 – INTRODUÇÃO
8.6.2 – ASPECTOS DE CAMPO
8.6.3 – FÁCIES FINA
8.6.4 – FÁCIES MÉDIA
8.7 - DIQUES DE METAGABRO – METADIABÁSIO E DE DIABÁSIO
8.7.1 – INTRODUÇÃO
8.7.2 – FEIÇÕES GERAIS
20
20
20
24
24
26
30
30
32
34
35
37
39
39
39
41
41
44
44
44
VII
8.7.3 – PETROGRAFIA
8.7.3.1 - DIQUES DE METAGABRO – METADIABÁSIO
8.7.3.2 - DIQUES DE DIABÁSIO
8.7.4 – GEOQUÍMICA
8.7.5 – DISCUSSÕES
46
46
47
48
55
9 – DISCUSSÕES FINAIS
57
10 – CONCLUSÕES
59
11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
60
ANEXO 1-MAPA GEOLÓGICO
ANEXO 2- MAPA DE PONTOS
VIII
ÍNDICE DE TABELAS
Pag
Tabela 1 – Relação das amostras coletadas em campo e as selecionadas
para análises.
5
Tabela 2 - Classificação do tamanho dos grãos das rochas ígneas
(Williams et al., 1970).
8
Tabela 3 - Critérios de distinção entre dioritos e gabros.
9
Tabela 4 - Nomenclatura dos diversos tipos de enclaves e suas principais
características segundo Didier & Barbarin (1991).
10
Tabela 5 - Dados de campo dos diques de metagabro – metadiabásio
estudados.
45
Tabela 6 - Resultado das análises químicas de elementos maiores (% p.),
menores (% p.) e traços (ppm), incluindo os ETR dos diques de
metagabro – metadiabásio e de diabásio.
50
IX
ÍNDICE DE FIGURAS
Pag
Figura 1 - Mapa de localização da área estudada.
3
Figura 2 - Diagrama QAP de Streckeisen (1976) para as rochas plutônicas.
9
Figura 3 - Localização do Cráton São Francisco e suas faixas móveis
envolventes de idade brasiliana.
13
Figura 4 – Mapa geológico esquemático da região entre as cidades de Lavras e
São João del Rei, borda meridional do Cráton São Francisco.
14
Figura 5 - – Mapa geológico de Ebert (1963).
17
Figura 6 – Mapa geológico de Quéméneur & Baraud (1983).
18
Figura 7 – Mapa geológico de Pires& Pires (1992).
19
Figura 8 – Diagrama QAP (Streckeisen, 1976) para as rochas do
Ortognaisse Granítico Fé.
36
Figura 9 – Diagrama SiO2 x Na2O + K2O (Le Maitre et al., 1989) para
os diques de metagabro – metadiabásio e diabásio.
51
Figura 10 – Diagrama Nb/Y x Zr/TiO2 de Winchester & Floyd (1977)
para os diques de metagabro – metadiabásio e diabásio.
51
Figura 11 – Diagrama Zr/TiO2 x SiO2 de Winchester & Floyd (1977)
para os diques de metagabro – metadiabásio e diabásio.
52
Figura 12 - Diagrama SiO2 x Na2O + K2O (Irvine & Baragar, 1971)
para os diques de metagabro – metadiabásio e diabásio.
52
Figura 13 – Diagrama AFM (Irvine & Baragar, 1971) para os diques de
metagabro – metadiabásio e diabásio.
52
Figura 14 - Diagrama MnOx10 - P2O5x10 - TiO2 de Mullen (1983) para os
X
diques de metagabro – metadiabásio e diabásio.
53
Figura 15 - Diagrama Nb x Zr x Y de Meschede (1986) para os diques de
metagabro – metadiabásio e diabásio.
53
Figura 16 - Diagrama Ti x Zr x Y de Pearce & Cann (1973) para os diques
de metagabro – metadiabásio e diabásio.
54
Figura 17 - Diagrama Zr/Y x Zr de Pearce & Norry (1979) para os diques
de metagabro – metadiabásio e diabásio.
54
Figura 18 - Diagrama Ti - Zr - Sr de Pearce & Cann (1973) para os diques
de metagabro – metadiabásio e diabásio.
54
XI
ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS
Pag
Fotografia 1 – Vista parcial de um morro ao fundo onde afloram rochas
gnáissicas bandadas.
21
Fotografia 2 – Blocos dispersos do gnaisse bandado, onde se destaca a
proeminente foliação.
21
Fotografia 3 – Foliação subvertical do gnaisse bandado, sendo truncada
por um veio granítico félsico.
21
Fotografia 4 - Gnaisse com aspecto migmatítico mostrando a presença
de bandas brancas e cinza claras.
21
Fotografia 5 - Gnaisse caracterizado pela presença de bandas cinza
claras com até 15 cm de largura.
21
Fotografia 6 - Saprólito com tonalidade marrom avermelhada originado
a partir da alteração intempérica do gnaisse bandado.
21
Fotografia 7 – Arqueamento na superfície do lajedo decorrente de feição
associada à presença de dobras abertas no Gnaisse bandado.
22
Fotografia 8 – Pegmatito intrusivo no gnaisse bandado dobrado isoclinalmente.
22
Fotografia 9 – Zona de cisalhamento dúctil dextral cortando tanto o bandamento
do gnaisse, quanto os veios pegmatíticos.
22
Fotografia 10 – Veios graníticos paralelos (A) e cortando (B) a foliação do
gnaisse bandado.
22
Fotografia 11 Possível xenólito do gnaisse homogêneo cinza escuro
envolvido pelo gnaisse bandado.
23
Fotografia 12 – Grande acumulação de blocos de diversos formatos
de rocha anfibolítica.
25
Fotografia 13 – Afloramento de rocha anfibolítica alterada e do saprólito
marrom em um corte de estrada secundária para o rio dos Peixes.
25
Fotografia 14 – Solo marrom claro oriundo da alteração intempérica
de blocos de rochas anfibolíticas.
25
Fotografia 15 - Rocha anfibolítica dobrada isoclinalmente, onde foi possível
de se caracterizar o processo de transposição da foliação.
25
XII
Fotografia 16 – Bloco de rocha metamáfica de granulação média (metagabro),
que ocorre associado às rochas anfibolíticas.
27
Fotografia 17 – Xenólito arredondado de rocha anfibolítica do Greenstone Belt
Rio das Mortes no Diorito Brumado.
27
Fotografia 18 - Xenólito anguloso de rocha anfibolítica do Greenstone Belt
Rio das Mortes no Granitóide Ritápolis.
27
Fotografia 19 – Corpo pegmatítico (Peg) correlacionado ao Granitóide Ritápolis
cortando filito avermelhado (Fil) da unidade metassedimentar do Greenstone
Belt Rio das Mortes.
27
Fotografia 20 - Blocos de gondito com cerca de 50 cm de tamanho constituídos
de óxidos e hidróxidos de manganês.
31
Fotografia 21 - Trincheira realizada no gondito para medição da espessura
aproximada da camada.
31
Fotografia 22 – Afloramento de gondito (Gon) medindo cerca de 40 cm
de espessura entre camadas do filito avermelhado (Fil).
32
Fotografia 23 – Detalhe da frente da lavra de um gondito (Gon) na mina
abandonada do Lobo. O gondito mede cerca de 4 m de espessura e ocorre
entre camadas do filito avermelhado (Fil).
32
Fotografia 24 – Enclave xenolítico de gondito (Gon) envolvido por lajedos de
rochas da fácies média do Granitóide Ritápolis (Gran).
32
Fotografia 25 - Vista geral da mina do Lobo, mostrando pegmatito (Peg) no topo
do afloramento e gondito (Gon) na base. Caracterizou-se que o contato é tanto
intrusivo, quanto por falha entre as duas unidades.
32
Fotografia 26 – Tonalidades amarronzada e amarelada associada à alteração
intempérica do filito avermelhado.
33
Fotografia 27 – Blocos bastante alterados intempericamente e fragmentados
do filito realçando a tonalidade avermelhada.
33
XIII
Fotografia 28 – Afloramento e blocos de filito grafitoso alterado no leito da estrada
para o rio dos Peixes. Destaca-se a coloração acinzentada do filito grafitoso
33
Fotografia 29 – Afloramento de filito grafitoso com cerca de 40 cm de
espessura e coloração cinza entre camadas do filito com coloração amarelada.
33
Fotografia 30 – Veios de quartzo paralelos que cortam a foliação presente
do filito avermelhado bastante alterado intempericamente. A seta amarela
indica a direção do stike da foliação.
34
Fotografia 31 – Xenólito alongado de rocha gnáissica no Ortognaisse Granítico Fé (Gn).
35
Fotografia 32 – Xenólito de rocha anfibolítica (Anf) no Ortognaisse Granítico Fé (Gn).
35
Fotografia 33 – Dique pegmatítico subvertical cortando rochas do Ortognaisse
Granítico Fé.
36
Fotografia 34 – Bandamento em rocha do Ortognaisse Granítico Fé.
36
Fotografia 35 – Enclave xenolítico centimétrico de anfibolito (Anf) em rocha
da fácies média do Diorito Brumado (Dio).
38
Fotografia 36 – Diversos fragmentos do Diorito Brumado (Db) em meio a uma
apófise do Granitóide Ritápolis (Gr).
38
Fotografia 37 – Dique de rocha da fácies média do Granitóide Ritápolis (Gr)
cortando o Diorito Brumado (Db). Todo o conjunto é cortado por um pegmatito
(Peg) associado ao Granitóide Ritápolis.
38
Fotografia 38 – Contato entre rochas equigranulares da fácies fina (Ff) e média
(Fm) do Granitóide Ritápolis. Destaca-se que um dique hololeucocrático (Dh) de
cor branca corta rochas da fácies fina.
40
Fotografia 39 – Bloco da fácies média do Granitóide Ritápolis onde destaca-se
a presença de diversos fenocristais euédricos de feldspato.
40
Fotografia 40 – Detalhe da diferença de rugosidade da superfície evidenciando a
presença de um enclave autolítico da rocha da fácies fina (Ff) em rochas da fácies
XIV
média (Fm) do Granitóide Ritápolis.
40
Fotografia 41 – Diversos corpos pegmatíticos com direções e espessuras variáveis
cortando rochas da fácies média do Granitóide Ritápolis.
40
Fotografia 42 – Dique hololeucocrático da fácies média do Granitóide Ritápolis
intrusivo concordantemente a foliação do anfibolito (Anf) do Greenstone Belt
Rio das Mortes.
42
Fotografia 43 – Diversos corpos pegmatíticos (Peg) paralelos entre si cortando
rochas anfibolíticas (Anf) e gnáissicas do Greenstone Belt Rio das Mortes.
42
Fotografia 44 – Xenólito (Xen) com forma alongada de rocha anfibolítica do
Greenstone Belt Rio das Mortes em rocha da fácies fina do Granitóide Ritápolis.
42
Fotografia 45 – No topo da foto observa-se a presença de um pegmatito (Peg)
intrudindo gondito da seqüência metassedimentar do Greenstone Belt Rio das Mortes.
42
Fotografia 46 – Dique da fácies média do Granitóide Ritápolis intrudindo rochas
da fácies microporfirítica seriada do Diorito Brumado. Destaca-se, ainda, um
corpo pegmatítico tardio cortando o diorito e o granito.
43
Fotografia 47 – Aspecto contrastante da região de contato entre rochas da fácies
Média e fácies fina do Granitóide Ritápolis. Na fácies fina predominam os blocos
“in situ”, enquanto na fácies média um saprólito amarronzado.
43
Fotografia 48 – Blocos com formato arredodado e de diversos tamanhos de rochas
da fácies média do Granitóide Ritápolis próximos a lajedos de um dos picos elevados
da área.
43
Fotografia 49 – Grande elevação do Granitóide Ritápolis onde são observados diversos
blocos e lajedos de rochas da fácies média.
43
XV
ÍNDICE DE FOTOMICROGRAFIAS
Pag
Fotomicrografia 1 - Anfibolito fino do Greenstone Belt Rio das Mortes com grãos
de hornblenda orientados segundo a foliação.
28
Fotomicrografia 2 - Anfibolito porfirítico do Greenstone Belt Rio das Mortes com
um porfiroblasto de hornblenda.
28
Fotomicrografia 3 - Metagabro do Greenstone Belt Rio das Mortes com grãos de
hornblenda com forma tabular preservada.
28
Fotomicrografia 4 - Anfibolito fino do Greenstone Belt Rio das Mortes com
porfiroblasto de granada.
28
Fotomicrografia 5 - Anfibolito do Greenstone Belt Rio das Mortes com textura
granoblástica poligonal seriada marcada pela variação no tamanho da hornblenda.
28
Fotomicrografia 6 - Anfibolito do Greenstone Belt Rio das Mortes caracterizado
pela presença de bandas ricas em hornblenda e bandas ricas em plagioclásio.
28
Fotomicrografia 7 – Textura hipidiomórfica granular com cristais tabulares de
plagioclásio e grãos de anfibólio ocupando os espaços intersticiais.
47
Fotomicrografia 8 - Presença de hornblenda reliquiar (HB) e de actinolita metamórfica
(ACT) juntamente com minerais opacos substituídos por titanita (TT).
47
Fotomicrografia 9 - Textura sub-ofítica mostrando grão de clinopiroxênio rodeado e
infiltrado por grãos tabulares de plagioclásio.
48
Fotomicrografia 10 - Grão de olivina (OL) primário parcialmente substituído por um
argilomineral de coloração alaranjada (ARG).
48
XVI
1 - INTRODUÇÃO
O trabalho de levantamento geológico desenvolvido na região encontra-se associado a um
projeto de pesquisa coordenado pelo professor Ciro Alexandre Ávila do Departamento de
Geologia e Paleontologia do Museu Nacional. Este levantamento teve início em março de 2006,
durante a elaboração da presente monografia, requisito necessário para obtenção do grau de
geólogo, pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
A borda meridional do Cráton São Francisco é caracterizada regionalmente pela presença
de estreitas faixas de rochas vulcano-sedimentares do tipo greenstone belt (Schorsher, 1978;
Pires, 1978; Teixeira, 1992; Schrank, 1986) e por rochas de natureza gnáissica, geralmente
migmatizadas, com fácies metamórfica, variando de anfibolito a granulito e idades entre 3,0 e 2,4
Ga. (Teixeira, 1985; Carneiro, 1992; Noce, 1995; Teixeira et al.,1998). Dentro deste contexto
geológico, uma seqüência greenstone belt aflora de forma fragmentada desde a cidade de
Conselheiro Lafaiete até a cidade de Lavras, passando pela região ao norte da cidade de
Cassiterita, tendo recebido diversas designações, dentre as quais: Greenstone Belt Barbacena
(Pires,1978), Rio das Mortes (Quéméneur, 1987; Ávila et al., 2004), Itumirim - Nazareno (Teixeira,
1992), Itumirim - Tirandentes (Valença et al., 1998). Mais recentemente, Ávila et al., (2006) propôs
a subdivisão do Greenstone Belt Barbacena em três faixas distintas, denominadas de: Faixa Rio
das Mortes, Nazareno e Dores de Campos.
Nessa mesma região também afloram diversos corpos plutônicos composicionalmente
distintos,
incluindo
gabros,
dioritos,
quartzo
dioritos,
quartzo
monzodioritos,
tonalitos,
trondhjemitos, granodioritos e granitos (Teixeira et al .1997; Ávila et al. 1998b; Noce et al., 2000;
Ávila 2000; Toledo 2002; Ávila et al., 2003, 2006a; Cherman, 2004) que estão associados ao
Cinturão Mineiro. As feições de campo revelam um caráter posterior para esses corpos (em
relação às rochas da seqüência greenstone belt), evidenciado pela presença de enclaves
xenolíticos de rochas anfibolíticas, metaultramáficas e metassedimentares nos mesmos e pelos
enxames de diques e apófises associados a esses corpos, que cortam as rochas anfibolíticas e
metassedimentares do supracitado greenstone.
Nesse sentido, a presente monografia tem como principais objetivos caracterizar as feições
de campo e a composição petrográfica das rochas anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das
Mortes, bem como caracterizar a petrografia e geoquímica dos diques de metagabro metadiabásio e de diabásio encontrados na área estudada e intrusivos tanto nos copos plutônicos,
quanto nas rochas do Greenstone Belt Rio das Mortes.
1
2 - OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivos:
- Realização do mapeamento geológico na escala 1:25.000 de uma área de 108 km², enfocando
as relações entre as rochas do Greenstone Belt Rio das Mortes e os corpos plutônicos, que
ocorrem ao redor das mesmas;
- Estabelecimento da cronologia relativa entre as unidades mapeadas;
- Caracterizar a petrografia das rochas anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das Mortes;
- Descrever as feições de campo, petrográficas e geoquímicas dos diques de metagabro metadiabásio e diabásio, que são intrusivos nos litótipos Paleoproterozóicos;
- Propor um modelo evolutivo para as rochas anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das Mortes e
para os diques de metagabro - metadiabásio e diabásio no contexto geológico da borda
meridional do Cráton São Francisco;
2
3 - LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO
A área estudada está localizada no centro-sul do Estado de Minas Gerais, abrangendo
parte dos municípios de São João del Rei, Cassiterita, São Tiago e Ritápolis (Figura 1).
Figura 1 - Mapa de localização da área estudada
Com aproximadamente 108 km2, a área mapeada situa-se na porção norte da folha
topográfica São João Del Rei (IBGE na escala 1:50.000), abrangendo a região ao norte do Rio
das Mortes, sendo delimitada, geograficamente, pelos paralelos 21º0’00”S e 21º7’00’’S e
44º15’00’’W e 44º30’00’’W. Também foram estudados diques máficos que afloram desde o rio
Santo Antônio (próximo ao Vilarejo do Glória) até nas proximidades do rio do Peixe.
O acesso à área estudada, a partir da cidade do Rio de Janeiro, é feito pela rodovia Rio de
Janeiro - Belo Horizonte (BR-040) até a cidade de Barbacena, a partir de onde se utiliza a rodovia
MG-265 até a cidade de São João del Rei e a entrada para a cidade de Cassiterita (hoje
denominada Conceição da Barra de Minas). A partir da cidade de Cassiterita, utiliza-se a estrada
de chão em direção ao município de São Tiago, cruzando o Rio das Mortes e o Rio do Peixe. A
partir de São João del Rei utiliza-se a rodovia em direção à cidade de São Tiago, entrando a
esquerda na mesma em uma estrada de chão que leva à cidade de Cassiterita, passando pela
Fazenda da Cachoeira e por algumas das antigas minas de manganês desta região.
3
4 - METODOLOGIA DE TRABALHO
4.1 - MAPEAMENTO GEOLÓGICO
A metodologia utilizada para a realização da presente monografia baseou-se no
levantamento de campo, a partir do mapeamento de semi-detalhe de uma área de 108 Km² na
escala 1:25.000 (Anexo I - Mapa geológico), acompanhada da caracterização petrográfica das
principais unidades metaígneas e dos diques de metagabro e de diabásio. Dentro deste contexto,
foram realizados 19 dias de trabalhos de campo, subdivididos em 3 etapas não contínuas, sendo
a primeira em março de 2006 com 7 dias de duração, a segunda em maio de 2006 com 7 dias de
duração e a terceira em outubro de 2006 com 5 dias de duração, onde foram descritos, ao todo,
253 pontos geológicos (Anexo II - Mapa de pontos).
O levantamento realizado durante este trabalho foi baseado no acompanhamento de
contatos entre as diferentes litologias encontradas em campo, pois os corpos plutônicos
apresentam geometria bastante irregular. As principais dificuldades identificadas durante a fase de
mapeamento geológico estiveram relacionadas a: ampla distribuição de uma cobertura de solo
sobre as rochas, que mascarou a unidade litológica, bem como o contato entre os litótipos;
elevado grau de alteração intempérica das rochas estudadas, o que dificultou a amostragem para
os estudos petrográfico e geoquímico; e presença de diversos megaenclaves xenolíticos de
variados tipos litológicos no Granitóide Ritápolis.
Com relação aos diques de metagabro, metadiabásio e diabásio, foi realizado o
levantamento dos mesmos baseando-se nas seguintes informações: strike, dip, espessura,
mineralogia primária e metamórfica, rocha encaixante, foliação e extensão.
4.2 - COLETA E PREPARAÇÃO DE AMOSTRAS DE ROCHAS
O processo de coleta e seleção de amostras para serem estudadas em laboratório baseouse, principalmente, na escolha dos fragmentos de rochas mais representativos dos litótipos
aflorantes, buscando-se a seleção de amostras com estruturas, texturas, granulação e
associações mineralógicas típicas.
É de grande importância à escolha, na amostra, da superfície ideal, ao longo da qual será
proposto o corte para estudo petrográfico. Este deve ser direcionado perpendicularmente à
superfície de orientação mineral ou de foliação metamórfica, ou então, paralelo á superfície onde
ocorram minerais ou texturas de interesse especial.
Foram coletadas 69 amostras, tendo sido confeccionadas 62 lâminas petrográficas, das
quais 29 foram descritas no presente trabalho (Tabela 1).
Dentre os fragmentos de rochas laminados, foram selecionadas após a caracterização
petrográfica 29 amostras (Tabela 1) para a realização de futuros estudos geoquímicos,
principalmente aquelas que estavam em perfeito estado de preservação, não mostrando
evidências de alteração intempérica e/ou hidrotermal. Destas, 11 são do Granitóide Ritápolis, 11
de anfibolitos do Greenstone Belt Rio das Mortes e 8 dos diques de metagabro e diabásio.
4
Tabela 1 – Relação das amostras coletadas em campo e as selecionadas para análises
AMOSTRAS
FR – 1
FR – 2
FR – 3
FR – 4
FR – 5
FR – 7 A
FR – 7 B
FR – 9
FR – 10
FR – 11 A
FR – 11 B
FR – 12
FR – 13
FR – 14 A
FR – 14 B
FR – 16
FR – 22
FR -28
FR – 29
FR – 31
FR – 31 B
FR – 31 C
FR – 31 D
FR – 34
FR – 35 A
FR – 36
FR – 37
FR – 39
FR – 49
FR – 50
FR – 62 A
FR – 62 B
FR – 67
FR – 67B
FR – 68
FR – 68 A
FR – 68 B
FR – 69
FR – 79
FR – 93 A
FR – 93B
FR – 97
FR – 99
FR – 102
FR – 108
FR – 115
FR – 116
FR – 119
FR – 131
FR – 139
FR – 144 A
FR – 145
FR – 151
FR – 152
FR – 154
FR - 157
FR – 159
FR - 166
PETROGRAFIA
X
X
X
X
X
X
X
GEOQUIMICA
GEOCRONOLOGIA
Sim
Ar/Ar
Ar/Ar
Ar/Ar
Sim
Sim
Ar/Ar
X
X
X
X
X
X
Sim
Sim
Sim
Sim
X
X
Sim
Sim
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Sim
Sim
X
X
X
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
X
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Sim
Ar/Ar
Ar/Ar
Ar/Ar
LITOLOGIA
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Granitóide Ritápolis Fácies Grossa
Granitóide Ritápolis Fácies Fina
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Dique de Diabásio
Dique de Meta Gabro
Anfibolito
Anfibolito
Anfibolito
Anfibolito
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Granitóide Ritápolis Fácies Fina
Granitóide Ritápolis leucocrático
Granitóide Ritápolis Fácies Fina
Dique de Diabásio
Diorito Brumado
Granitóide Ritápolis Fácies Fina
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis Fácies Fina
Diorito Brumado
Diorito
Granitóide Ritápolis Leucocrático
Anfibolito
Anfibolito
Anfibolito
Anfibolito Fácies Grossa
Anfibolito Fácies Fina
Anfibolito
Anfibolito
Diorito Brumado
Diorito Brumado
Anfibolito
Ultramáfica
Anfibolito
Anfibolito
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Anfibolito
Anfibolito
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Piroxênio
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Anfibolito
Granitóide Ritápolis Fácies Média
5
Tabela 1 (continuação) – Relação das amostras coletadas em campo e as selecionadas para
análises.
AMOSTRAS
FR – 196a
FR – 196B
FR – 199
FR – 201
FR – 205
FR – 210
FR – 214
FR – 215 A
FR – 215B
FR – 215 C
FR – 234
FR – 240 A
FR – 240 B
FR – 240 C
PETROGRAFIA
GEOQUIMICA
GEOCRONOLOGIA
LITOLOGIA
Serpentinito/anfibolito
Anfibolito/Metagabro
Anfibolito
Anfibolito
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Dique de Metadiabásio
Gnaisse Fino
Gnaisse Fino
Gnaisse Bandado Fino
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Granitóide Ritápolis Médio Máfico
Granitóide Ritápolis Médio Félsico
Granitóide Ritápolis Fácies Média
Algumas das amostras selecionadas para geoquímica foram também analisadas por
Sm/Nd, Rb/Sr, Ar/Ar e U/Pb e Pb/Pb. Porém os resultados isotópicos não serão abrangidos na
presente monografia.
4.3 – ETAPAS DE LABORATÓRIO
As etapas de laboratório envolveram: a seleção das amostras para laminação; escolha do
corte a ser efetuado na amostra; caracterização petrográfica com a descrição detalhadas das
laminas; e seleção de amostras de rochas anfibolíticas para análise geoquímica (elementos
maiores, menores e traços) e isotópica por Sm/Nd - Rb/Sr e seleção de rochas dos diques de
metagabro, metadiabásio e diabásio para análise química e isotópica por Ar/Ar.
4.4 – ETAPAS DE ESCRITÓRIO
Inicialmente as atividades de escritório consistiram da ampliação do mapa topográfico do
IBGE (folha São João del Rei na escala de 1:50.000) para a escala de 1:25.000, bem como da
inserção no mesmo dos contatos geológicos entre os litótipos da área estudada baseado nos
mapas de Ávila (2000) e Ribeiro et. al. (2003). Posteriormente procedeu-se o levantamento
bibliográfico do contexto geológico local e regional.
Na segunda etapa dos trabalhos de escritório, os resultados geoquímicos das amostras
dos diques de metagabro - metadiabásio e de diabásio foram trabalhados no programa Newpet e
os resultados obtidos foram utilizados na inserção e correlação da evolução geológica destes com
a borda meridional do Cráton São Francisco.
A terceira e ultima etapa de escritório consistiu da elaboração final do mapa geológico e de
sua digitalização, bem como da confecção do relatório final da presente monografia. As
6
referências bibliográficas foram realizadas segundo as normas da Revista Brasileira de
Geociências, tendo como base o volume 35, número 1 de março de 2005.
7
5 - NOMECLATURA ADOTADA PARA OS LITÓTIPOS
Neste capítulo serão apresentadas as definições das principais terminologias utilizadas na
presente monografia.
A escolha da denominação a ser utilizada para as unidades litoestratigráficas mapeadas,
no contexto da área estudada, baseou-se nas premissas sugeridas no código Brasileiro de
Nomenclatura Estratigráfica (Petri et al., 1986), onde o primeiro nome, normalmente, abrange a
classificação petrográfica do tipo litológico em questão, seguido de um segundo nome, que
compreende a denominação de uma localidade ou ponto geográfico presente na área da unidade
mapeada. A denominação de parte das rochas encontra-se acompanhada pelo prefixo “meta”,
devido as mesmas apresentarem a coexistência de minerais reliquiares e relações primárias entre
os grãos, com minerais tipicamente desenvolvidos durante o metamorfismo.
Para a classificação de granulação das rochas ígneas, fez-se uso dos intervalos sugeridos
por Williams et al. (1970), os quais foram reproduzidos na tabela 2. A separação em campo entre
as rochas máficas, principalmente basaltos, diabásios e gabros baseou-se na diferença de
granulação, onde os basaltos apresentam a mesma variando de afanítica a fanerítica fina,
enquanto os diabásios e gabros possuem granulação variando de fanerítica média a grossa. Esse
conceito foi adaptado de forma semelhante para as rochas anfibolíticas e, consequentemente,
para seus protólitos, onde anfibolitos finos corresponderiam a possíveis basaltos metamorfisados,
enquanto anfibolitos grossos seriam equivalentes a diques ou sills de gabros ou diabásio.
Tabela 2 - Classificação do tamanho dos grãos das rochas ígneas (Williams et al., 1970).
GRANULAÇÃO
TAMANHO DOS CRISTAIS
Muito grossa
> 3 cm
Grossa
5 mm a 3 cm
Média
1 a 5 mm
Fina
< 1 mm
Para a distinção entre as rochas gabróicas e dioríticas foram utilizados critérios
recomendados por Williams et al. (1954) e Streckeisen (1976), que levaram em consideração:
composição do plagioclásio (o teor de anortita); mineral máfico presente; índice de cor;
composição química; relações com outras rochas; e o tamanho do corpo (Tabela 3).
Para a classificação e nomenclatura das rochas ígneas plutônicas (Figura 2) foi utilizado o
diagrama QAP de Streckeisen (1976). O termo “granitóide” refere-se a todas as rochas do
diagrama QAP com porcentagem modal de quartzo entre 20% e 60%, incluindo desta maneira os
campos referentes aos tonalitos/trondhjemitos, granodioritos, monzogranitos, sienogranito e álcali
feldspato granitos.
8
Tabela 3 – Critérios de distinção entre dioritos e gabros.
DIORITO
GABRO
Composição do plagioclásio
An < 50
An > 50
Natureza do mineral máfico
Anfibólio ± Biotita
Piroxênio ± Olivina
Índice de cor
< 40%
> 40%
Associado à hornblenditos,
Associado à piroxênitos e
granodioritos e tonalitos
anortositos
SiO2 > 52 %
SiO2 < 52 %
Normalmente formam corpos
Formam corpos que variam
menores
amplamente
Relações com outras rochas
Composição química
Tamanho do Corpo
Q
1
60
60
3a
2
3b
5
4
20
6
5
11
A
10
7
8
9
12
13
14
65
10
15
90
5
P
Figura 2 - Diagrama QAP de Streckeisen (1976) para as rochas plutônicas. 1 - Granitóide rico em
quartzo. 2 - Álcali-feldspato granito. 3a – Sienogranito. 3b – Monzogranito. 4 – Granodiorito. 5 –
Tonalito/trondhjemito. 6 - Álcali-feldspato quartzo sienito. 7 – Quartzo sienito. 8 – Quartzo
monzonito. 9 – Quartzo monzodiorito/quartzo monzogabro. 10 – Quartzo diorito/quartzo gabro. 11
– Álcali–feldspato sienito. 12 – Sienito. 13 – Monzonito. 14 – Monzodiorito/monzogabro. 15 –
Diorito/gabro.
Quanto ao grau de desenvolvimento de faces cristalinas nos grãos, foram adotadas as
denominações utilizadas por Williams et al. (1970): o termo idiomórfico, refere-se a um grão
limitado, por faces cristalinas; hipidiomórfico, aqueles parcialmente limitados por faces cristalinas;
e xenomórfico a um grão de forma irregular e sem faces cristalinas definidas.
Lacroix (1890 in Didier & Barbarin, 1991) propôs o termo enclave para descrever diversos
tipos de fragmentos litológicos que podem ser encontrados em rochas ígneas. Posteriormente
Didier & Barbarin (1991) sugeriram a subdivisão dos enclaves de acordo com sua natureza e
9
características petrográficas em sete tipos diferentes. No presente texto foi utilizada a subdivisão
proposta na Tabela 4.
Tabela 4 - Nomenclatura dos diversos tipos de enclaves e suas principais características segundo
Didier & Barbarin (1991).
Termo
Natureza
Contato
E
Xenolítico
Pedaço de rocha encaixante (hornfels)
Penetrante
N
Xenocristal
Cristal isolado estranho a rocha
Penetrante
C
Surmicáceo
Resíduo de fusão (restito)
Penetrante, com uma crosta biotítica
L
Schlieren
Enclave “rompido”, “dilacerado”
Gradual
A
Microgranular félsico
Dilaceração de margens mais finas
Penetrante ou gradual
V
Microgranular máfico
Bolhas de magmas coesos
Predominantemente anguloso
E
Cumulático (Autolítico)
Ruptura e dilatação de cumulados
Predominantemente gradual
Ulbrich et al. (2001) sugeriram que corpos ígneos plutônicos poderiam ser divididos em
fácies de acordo com as características discriminatórias dos mesmos, sejam a mineralogia, a
coloração, a abundância de xenólitos, zonas de borda e de centro, relações de idades e
segregação de corpos pegmatíticos. No presente trabalho foi proposto à subdivisão do Granitóide
Ritápolis em pelo menos duas fácies texturais e/ou de granulação, designadas respectivamente
de fácies fina e fácies média, sendo que ambas variam de equigranulares a porfiríticas.
10
6 - GEOLOGIA REGIONAL
Até o inicio dos anos 50, as rochas supostamente “arqueanas” da região de São João Del
Rei foram agrupadas em um único conjunto litológico, inicialmente denominado por Bastos &
Erichsen (1927) de “Gnaisses, Mica Xistos e Granitos”, denominação esta, modificada, a seguir,
por Erichsen (1929) para Complexo Cristalino. Em seu trabalho pioneiro, Barbosa (1954) propôs a
subdivisão deste complexo em diversas séries, dentre as quais se destacam as séries Mantiqueira
e Barbacena.
Segundo Barbosa (1954) a Série Mantiqueira corresponderia à associação de gnaisses e
migmatitos, enquanto a Série Barbacena a uma associação de rochas do tipo xistos verdes (micaclorita-talco-anfibólio) xistos e calcários.
Com a evolução do conhecimento geológico da região (Pires, 1977 e 1978; Quéméneur &
Baraud, 1982; Trouw et al., 1986; Pires et al., 1990; Ávila, 2000; Ribeiro et al., 2003), os
significados e as abrangências litológicas das séries Mantiqueira e Barbacena foram sendo
modificados, como pode ser caracterizado a seguir.
6.1 - ORTOGNAISSES E MIGMATITOS
Posteriormente aos trabalhos de Erichsen (1929) e Barbosa (1954), o termo Mantiqueira foi
a principal denominação utilizada para agrupar os migmatitos e gnaisses presente ao norte e ao
sul dos metassedimentos das megasseqüências São João Del Rei, Carandaí e Andrelândia.
Exceções a esta denominação ficaram restritas aos trabalhos de Teixeira (1982), Quéméneur &
Baraud (1982 e 1983), Machado Filho et al. (1983) e Teixeira (1985). Porém, permanece até o
presente momento, a problemática referente à hierarquização estratigráfica do termo associado
aos gnaisses e migmatitos, variando o mesmo entre série, grupo, supergrupo e complexo.
Trabalhos isotópicos têm mostrado que grande parte dos ortognaisses associados à série, grupo
ou complexo Mantiqueira seriam ortoderivados e teriam se cristalizado no Paleoproterozóico
(Figueiredo & Teixeira, 1996; Ávila, 2000; Cherman, 2004) e não no Arqueano como sugerido por
Pires (1977).
6.2 - SUCESSÕES GREENSTONE BELT
As rochas metamáficas e metaultramáficas (com os pacotes metassedimentares
associados) que compõem as sucessões greenstone belt foram agrupadas com gnaisses,
migmatitos e granitos por Erichsen (1929) no Complexo Cristalino e, posteriormente, separadas
por Barbosa (1954) na Série Barbacena. Desde então, varias nomenclaturas foram utilizadas,
predominando os termos: Supergrupo Rio das Velhas e Formação ou Grupo Barbacena (Door et
al., 1958; Ebert et al., 1958; Pires, 1977). Posteriormente Pires et al. (1990) sugeriram o abandono
dos termos Formação e/ou Grupo Barbacena e o uso da designação Greenstone Belt Barbacena
para representar as rochas metamáficas, metaultramáficas e metassedimentares que ocorrem de
Lavras a Conselheiro Lafaiete.
11
Na presente monografia, as rochas vulcânicas metaultramáficas, metamáficas e as rochas
metassedimentares associadas, que afloram entre Cassiterita, São Tiago e Ritápolis foram
designadas de Greenstone Belt Rio das Mortes. Desta forma, segue-se a proposta de Ávila (2000)
para a separação das rochas metamáficas e metassedimentares estudadas daquelas do
Greenstone Belt Barbacena.
6.3 - CORPOS SUBVULCÂNICOS FÉLSICOS
Erichsen (1929) foi o primeiro a descrever a presença de rochas subvulcânicas félsicas, do
tipo granófiros, na região de Tiradentes. Ribeiro (1997) relatou a presença de rochas metafélsicas,
que incluiriam as rochas em questão, a sul da Serra de São José e a norte da Serra do Lenheiro.
Dutra (1998) e Ávila et al. (1999a) apresentaram as características petrográficas e geoquímicas
das rochas desses corpos a admitiram que os mesmos seriam cogenéticos entre si e relacionados
a partir de uma evolução contínua, envolvendo cristalização fracionada, enquanto Ávila et al.
(2000a) definiram que as citadas rochas teriam se cristalizado durante o paleoproterozóico.
6.4 - CORPOS PLUTÔNICOS
Guimarães & Guedes (1944) descrevem a presença de uma grande variedade de rochas
plutônicas graníticas nos arredores de São João Del Rei, chamando a atenção para a presença de
pelo menos três tipos litológicos diferentes, que incluiriam gnaisses granodioríticos, quartzo
dioritos e granitos.
Ebert (1956) e Ebert et al. (1958) agruparam sob a denominação de rochas graníticas
diferentes litologias, desde trondhjemitos até granitos, destacando que o Quartzo Diorito de
Ibitutinga corresponderia a um termo intermediário entre os gabros da Formação Barbacena e os
trondhjemitos de idade pós Formação Barbacena.
Quéméneur & Baraud (1982 e 1983) dividiram as rochas graníticas da região de São João
Del Rei - Lavras em granitos velhos e granitos novos. Neste sentido o Granito de Bom Sucesso
pertenceria ao grupamento dos corpos velhos, enquanto o Batólito de São Tiago incluiria os
granitos Tabuões, Ritápolis e Cassiterita e pertenceria ao grupamento dos corpos novos.
Ávila (1992; 2000) e Ávila et al. (1993a, 1993b; 1998; 2003; 2006) apresentaram dados de
campo, petrográficos, geoquímico e geocronológico que mostraram que a evolução dos corpos
plutônicos máficos e félsicos seria mais complexa e estaria associada a pelo menos dois
conjuntos de corpos com idades distintas e com fontes com graus de contaminações diferentes.
Associaram, ainda, a evolução destes corpos com o Cinturão Mineiro, que corresponderia a um
arco magmático.
6.5 - CRÁTON SÃO FRANCISCO
A área estudada na presente monografia está localizada no extremo sul da província São
Francisco, entre a mesma e a província Mantiqueira, situando-se na borda meridional do Cráton
12
São Francisco. Este cráton foi definido por Almeida (1977) e se estende desde o litoral norte da
Bahia até a parte centro-sul de Minas Gerais, estando circundado por faixas móveis de idade
brasiliana em todo seu entorno (Figura 3).
Figura 3 – Localização do Cráton São Francisco e suas faixas móveis envolventes de idade
brasiliana.
Este cráton compreende: i) unidades Arqueanas (gnaisses, enderbitos, charnockitos e
migmatitos dos complexos metamórficos; anfibolitos, komatiítos, dacitos, andesitos e rochas
metassedimentares do Greenstone Belt Rio das Velhas; e granitos sin a tardi tectônicos); ii)
unidades Paleoproterozóicas (quartzitos, BIFs, mármores e filitos do Supergrupo Minas; granitos,
gabros, dioritos, anfibolitos do Cinturão Mineiro; anfibolitos, xistos, serpentinitos, pelitos e gonditos
dos greenstones belts Rio das Mortes e Nazareno); iii) unidades Paleo-Meso-Neoproterozóicas
(quartzitos, filitos, xistos e mármores das megasseqüências São João Del Rei, Carandaí e
Andrelândia).
6.6 – CINTURÃO MINEIRO
Segundo Pires et al. (1990), a região de Lavras, São João Del Rei e Tiradentes é
constituída por uma associação de rochas do tipo granito-greenstone, tipificada por litótipos
vulcânicos e sedimentares do Greenstone Belt Barbacena e por corpos intrusivos plutônicos
paleoproterozóicos, representados por granitos, dioritos e gabros.
13
Dentro do contexto evolutivo da borda meridional do Cráton São Francisco, o Cinturão
Mineiro insere-se como um arco magmático, com idade paleoproterozóica e que engloba rochas
do embasamento Arqueano parcialmente retrabalhadas no Paleoproterozóico (Figura 4), bem
como corpos plutônicos e subvulcânicos de natureza cálcio–alcalina, além de intrusões alcalinas e
diques máficos (Teixeira et al., 2000).
Utilizando-se da concepção de arco magmático proposta por Teixeira (1985), Quéméneur
et al. (1994) subdividiu o plutonismo associado ao Cinturão Mineiro em duas suítes: tonalítica e
granítica, podendo ambas serem enquadradas como cálcio-alcalinas.
Figura 4 – Mapa geológico esquemático da região entre as cidades de Lavras e São João del Rei,
borda meridional do Cráton São Francisco.
A suíte Tonalítica é composta por dioritos, tonalitos e trondhjemitos, sendo representada
por dois maciços de dimensões relativamente grandes, o complexo Tonalítico-Trondhjemítico Alto
Maranhão e o Trondhjemito Tabuões. Inclui também, provavelmente, varias intrusões menores de
composição mais máfica como os dioritos de Rosário, Ibituruna, Ibitutinga, Tiradentes e o Gabro
de São Sebastião da Vitória. A suíte granítica é representada por granitos, adamelitos e
granodioritos e compreende os grandes maciços de Porto Mendes, Ritápolis e Ressaquinha, além
14
de corpos menores como os granitos de Perdões e Quilombo e os granodioritos de Lavras e
Campolide. Quéméneur et al. (1994) propuseram que a suíte tonalítica seria de margem
continental ativa e estaria associada à fusão de rochas máficas – ultramáficas de uma placa
oceânica subductante, enquanto a suíte granítica seria composta de granitos colisionais e intraplaca. Neste contexto, as duas suítes estariam relacionadas aos estágios evolutivos de um
cinturão com formação de um arco magmático continental e seqüencialmente da colisão de dois
continentes.
Segundo Noce et al. (2000), o Cinturão Mineiro desenvolveu-se como uma faixa marginal à
plataforma arqueana e inclui uma extensa área do embasamento Arqueano retrabalhado. O
cinturão incorpora diversos plutons Paleoproterozóicos, assim como seqüências supracrustais. A
evolução do Cinturão Mineiro proposta por Noce et. al. (2000) processou-se em três estágios. O
primeiro estaria relacionado a uma margem continental passiva (2,42 Ga), enquanto o segundo a
uma evolução de uma margem convergente do tipo andina (2,2 a 2,1 Ga), culminando com um
terceiro estágio relativo a uma colisão continental (2,1 a 2,0 Ga). Alckimin (2004) ressalta que esta
zona
convergente
sofreu
um
retrabalhamento
relacionado
ao
Evento
termo-tectônico
Transamazônico e posteriormente ao Evento termo-tectônico Brasiliano.
15
7 - COMENTÁRIO DE TRABALHOS PRÉVIOS NA ÁREA ESTUDADA
As publicações mais relevantes que abrangem o mapeamento geológico da área estudada
na presente monografia foram aquelas elaboradas por Ebert (1963), Quéméneur & Baraud (1982),
Pires et al. (1990) e Toledo (2002). Destaca-se que Ebert (1963) utilizou as designações “Série
Barbacena” para os para-gnaisses e rochas metabasíticas, que se extendem da região de
Conselheiro Lafaiete até a região de Nazareno e “Formação Lafaiete” para os mica-xistos,
quartzitos e queluzitos encontrados nessa mesma área de abrangência. Posteriormente
Quéméneur & Baraud (1982) reuniram os anfibolitos e os gonditos, que ocorrem entre as cidades
de São João del Rei e Lavras no Complexo Conselheiro Lafaiete e os gnaisses, xistos, gabros e
pegmatitos no Complexo Barbacena. Mais recentemente Pires et al. (1990), Pires & Pires (1992) e
Toledo (2002) utilizaram a denominação Greenstone Belt Barbacena para designar uma
seqüência de rochas metaultramáficas, metamáficas e metassedimentares, que ocorrem
associadas entre si desde Conselheiro Lafaiete até Lavras.
No presente trabalho optou-se pela não utilização da designação de Greenstone Belt
Barbacena para as rochas anfibolíticas e metassedimentares intercaladas, pois Ávila (2000)
propôs a separação das mesmas em pelo menos duas faixas distintas. Posteriormente Ávila et al.
(2004) propuseram a utilização da denominação de Greenstone Belt Rio das Mortes para designar
uma seqüência de rochas metamáficas (intercalada com diversos pacotes de rochas
metassedimentares, incluindo gonditos, filitos amarronzados, filitos grafitosos e quartzitos), que
ocorre ao norte da Zona de Cisalhamento do Lenheiro. De forma semelhante, Ávila et al. (2004)
sugeriram a designação de Greenstone Belt Nazareno para uma faixa representada por
abundante vulcanismo ultramáfico de composição komatiítica com subordinados anfibolitos e
rochas metassedimentares, que ocorre ao sul da Zona de Cisalhamento do Lenheiro.
Em relação ao grande corpo granítico estudado, as diferenças nas designações são ainda
maiores, tendo o mesmo sido englobado na fase granítica pós-Barbacena (Ebert, 1963) e no
Batólito de São Tiago (Quéméneur & Baraud, 1982), ou então foi denominado de Granito Ritápolis
(Quéméneur & Baraud, 1982), Granito Santa Rita (Pires & Porto Júnior, 1986) ou Granitóide
Ritápolis (Ávila, 2000).
Em relação ao trabalho de Ebert (1963) existe uma grande divergência conceitual quanto à
proposta de definição e posicionamento da “Formação Lafaiete”. Segundo este autor, a
“Formação Lafaiete” englobaria mica xistos, quartzitos e ultrabasitos, bem como uma camada
espessa de carbonatos de Mn. Esta unidade foi separada da “Série Barbacena” e admitida como
mais nova que a fase granítica pós-Barbacena, enquanto a “Formação Barbacena” seria mais
velha que a fase granítica. No presente trabalho, diverge-se desta proposta em duas linhas:
Primeira: A unidade metassedimentar estudada é claramente cortada por pegmatitos e diques de
granitóide, ocorrendo inclusive como xenólitos no mesmo. Desta forma, a mesma não poderia ser
mais nova que a fase granítica pós-Barbacena, que neste caso englobaria o Granitóide Ritápolis.
Pires (1977) já havia observado fato semelhante na região de Conselheiro Lafaiete, o que levou o
16
mesmo a propor a não utilização do termo “Formação Lafaiete”. Segunda: Gonditos, filitos
avermelhados e grafitosos da unidade metassedimentar encontram-se associados espacialmente
e intercalados com anfibolitos do Greenstone Belt Rio das Mortes. Neste sentido, não se pode
separar temporalmente os anfibolitos dos filitos e gonditos como proposto por Ebert (1963).
Comparando-se o mapa elaborado na presente monografia com aquele publicado por
Ebert (1963 – Figura 5), observou-se algumas divergências, que correspondem a:
i) As rochas consideradas na presente monografia como pertencentes ao Greenstone Belt Rio das
Mortes apresentam geometria (em mapa) distinta daquela proposta por Ebert (1963),
principalmente no que diz respeito aos seguintes pontos: a) presença de um outro nível de
anfibolitos acima da ocorrência de gonditos próxima ao rio dos Peixes (Anexo I – Mapa
geológico); b) ausência de uma faixa de rochas anfibolíticas ao longo do rio das Mortes.
ii) Os enclaves xenolíticos do Diorito Brumado presentes no Granitóide Ritápolis não foram
mapeados por Ebert (1963).
Figura 5 – Mapa geológico de Ebert (1963).
Em relação aos mapas propostos por Quéméneur & Baraud (1983 – Figura 6) e Pires &
Pires (1992 – Figura 7) também foram caracterizadas algumas divergências, representadas por:
i) Os megaenclaves do Diorito Brumado presentes no Granitóide Ritápolis também não foram
identificados.
17
ii) Não foi identificada uma faixa de rochas anfibolíticas, que ocorre ao norte do enclave xenolítico
onde estão localizadas as principais minas de manganês.
iii) Não foi identificada uma faixa de rochas anfibolíticas, que ocorre ao sul do Granitóide Ritápolis
e que se estende até o povoado de Caburu.
iv) Quéméneur & Baraud (1983) definiram a existência de um corpo gabróico a oeste da área
estudada. Na presente monografia este corpo gabróico não foi identificado.
Figura 6 – Mapa geológico de Quéméneur & Baraud (1983).
Em relação ao trabalho desenvolvido por Toledo (2002) caracterizou-se algumas
divergências, representadas por:
i) Toledo (2002) seguindo a proposta de Quéméneur & Baraud (1983) mapeou um corpo gabróico
a oeste da área estudada, designando o mesmo de Metagabro Rio dos Peixes. Este não foi
identificado na presente monografia.
ii) Toledo (2002) caracterizou a presença de uma faixa de um biotita tonalito ao norte do Rio das
Mortes. No presente trabalho esta faixa não foi observada.
18
iii) Não foi identificada uma faixa de rochas anfibolíticas, que ocorre ao norte do enclave xenolítico
onde estão localizadas as principais minas de manganês.
iv) A forma do Granitóide Ritápolis é bastante diferente entre os dois mapas.
Figura 7 – Mapa geológico de Pires& Pires (1992).
19
8 – Geologia da Área Estudada
8.1 - Introdução
Como resultado final do levantamento geológico realizado entre as cidades de Cassiterita,
São Tiago e Ritápolis, foram definidas sete (7) unidades de mapeamento na escala 1:25.000 que
correspondem a:
1 – Gnaisse bandado, localmente com aspecto migmatítico;
2 - Greenstone Belt Rio das Mortes: composto de rochas anfibolíticas, metaultramáficas de
granulação fina, quartzitos, gonditos, filitos avermelhados e filitos grafitosos.
3 - Ortognaisse Granítico Fé (2191 ± 9 Ma);
4 - Diorito Brumado (2131 ± 4 Ma);
5 - Granitóide Ritápolis: fácies fina, fácies média (2121 ± 7 Ma) e pegmatitos associados;
6 - Diques de metagabro- metadiabásio e de diabásio;
7 - Depósitos do Quaternário.
8.2 – Gnaisse bandado
Esta unidade está localizada na porção norte-noroeste da área mapeada (Anexo I – Mapa
geológico) e foi estudada nos pontos FR- 213, 214, 215, 216, 217, 221 (Anexo II – Mapa de
pontos). O gnaisse aflora principalmente em grandes lajedos (Fotografia 1) ou em blocos
(Fotografia 2), que por estarem fortemente foliados foram facilmente diferenciados dos blocos do
Granitóide Ritápolis, que são mais homogêneos.
O gnaisse possui granulação fina a média, está fortemente foliado (Sn = 79/74 - Fotografia
3), localmente bandado com camadas brancas e cinza claras (Fotografia 4). As camadas brancas
são compostas por quartzo e feldspato e as cinza claras por quartzo, feldspato e biotita, sendo
que as últimas podem atingir até 15 cm de largura (Fotografia 5). Quando alterado, o gnaisse
bandado proporciona a formação de um saprólito avermelhado (Fotografia 6) e de um solo branco
avermelhado, que se diferencia do solo do Granitóide Ritápolis, que é muito branco.
As rochas desta unidade apresentam-se deformadas, com dobras abertas (Fotografia 7) ou
fechadas (Fotografia 8), estas últimas responsáveis por um leve arqueamento que pode ser
observado principalmente nos grandes lajedos. As dobras fechadas podem inclusive ocasionar a
transposição da foliação e o aparente aumento na espessura das camadas, enquanto o
bandamento metamórfico pode ser cortado por zonas de cisalhamento dúcteis dextrais (Fotografia
9). Veios félsicos de aspecto granítico e pegmatítico podem estar concordantes a foliação do
gnaisse ou cortando a mesma (Fotografia 10), indicando a presença de pelo menos duas
gerações distintas.
Existem duas possibilidades para o posicionamento estratigráfico do gnaisse bandado:
i) Este seria mais velho que as rochas do Greenstone Belt Rio das Mortes, correspondendo ao
embasamento das mesmas;
20
Fotografia 1 – Vista parcial de um morro
ao fundo onde afloram rochas gnáissicas
bandadas.
Fotografia 4 – Gnaisse com aspecto
migmatítico mostrando a presença de
bandas brancas e cinza claras.
Fotografia 2 – Blocos dispersos do
gnaisse bandado, onde se destaca a
proeminente foliação.
Fotografia 5 – Gnaisse caracterizado pela
presença de bandas cinza claras com até
15 cm de largura.
Fotografia 3 – Foliação subvertical do
gnaisse bandado, sendo truncada por um
veio granítico félsico.
Fotografia 6 – Saprólito com tonalidade
marrom avermelhada originado a partir da
alteração
intempérica
do
gnaisse
bandado.
21
Fotografia 7 – Arqueamento na superfície do
lajedo decorrente de feição associada à
presença de dobras abertas no Gnaisse
bandado.
Fotografia 9 – Zona de cisalhamento dúctil
dextral cortando tanto o bandamento do
gnaisse, quanto os veios pegmatíticos.
B
A
Fotografia 8 – Pegmatito intrusivo no gnaisse
bandado dobrado isoclinalmente.
Fotografia 10 – Veios graníticos paralelos (A) e
cortando (B) a foliação do gnaisse bandado.
ii) Este seria mais novo que as rochas do Greenstone Belt Rio das Mortes e a deformação
presente no mesmo, poderia estar relacionada aos ortognaisses Paleoproterozóicos mais
antigos (ortognaisses velhos de Cherman 2004), cujas idades são mais antigas que 2.170 ±
4 Ma.
Foi observado no ponto FR-215 a presença de um gnaisse muito homogêneo, com cerca
de 50 cm de largura (Fotografia 11), de coloração cinza escura, composto de quartzo, feldspato e
biotita, que encontra-se falhado e boudinado juntamente com o gnaisse bandado. Sugere-se na
presente monografia que o gnaisse homogêneo poderia corresponder a um xenólito dentro do
gnaisse bandado, o que indicaria que este último seria ortoderivado e que existiria um
embasamento gnáissico no qual o mesmo teria intrudido. Caracterizou-se que ambos os tipos de
22
gnaisses são cortados por diques e veios pegmatíticos, possivelmente relacionados ao Granitóide
Ritápolis (Fotografias 3, 4, 8, 9 e 10).
Fotografia 11 – Possível xenólito do gnaisse homogêneo cinza escuro envolvido pelo gnaisse
bandado.
23
8.3 – Greenstone Belt Rio das Mortes
Trabalhos detalhados em Greenstone Belts Arqueanos (Condie, 1989) evidenciaram a
subdivisão dos mesmos em duas grandes unidades: uma dominantemente vulcânica na base e
uma predominantemente sedimentar no topo. A unidade vulcânica pode ainda ser subdividida de
acordo com o tipo de magmatismo em ultramáfica (komatiítica – basáltica komatiítica), máfica
(basáltica toleítica) e félsica (cálcio-alcalina: andesítica-riolítica).
A partir dos trabalhos desenvolvidos na presente monografia, caracterizou-se a presença
predominante de rochas anfibolíticas e metassedimentares e a quase completa escassez de
rochas
vulcânicas
metaultramáficas.
Neste
sentido,
admite-se
que
a
área
estudada
compreenderia a unidade vulcânica basáltica de afinidade possivelmente toleítica, que
metamorfisada geraria os anfibolitos, enquanto os representantes da unidade sedimentar teriam
sido transformados em filitos, gonditos e raros quartzitos.
Dentro do contexto geológico da área estudada, a seqüência Greenstone Belt Rio das
Mortes foi mapeada nas porções leste e sul (Anexo I - Mapa geológico) e é admitida como a
unidade mais antiga (com exceção do gnaisse bandado anteriormente descrito), pois rochas da
mesma ocorrem como xenólitos no Diorito Brumado e no Granitóide Ritápolis.
A seqüência Greenstone Belt Rio das Mortes compreende diversos litótipos, representados
por:
- Rochas anfibolíticas: pontos FR – 16 a 24, 26 a 30, 64 a 70, 72, 74 a 79, 81, 83 a 90, 97, 102,
108, 116, 119, 121, 126, 135, 145, 159, 196 a 202, 208, 209, 212, 224 e 231;
- Rochas metaultramáficas: pontos FR – 99, 103, 107, 108, 117 e 120;
- Gonditos: pontos FR – 29, 65, 67, 71, 73, 111, 122, 123, 148, 160, 161, 163, 164, 165, 200, 204,
248 a 250, 252 e 253;
- Quartzito: pontos FR – 64, 66 e 249;
- Filito avermelhado: pontos FR – 98, 100, 101, 110, 118, 123, 124, 125, 146, 147, 148, 177, 185,
188, 189, 193, 222, 224 e 225;
- Filito grafitoso: pontos FR – 70, 101, 123, 124, 125 e 162.
8.3.1 – Rochas anfibolíticas
As rochas anfibolíticas predominam espacialmente na área estudada (Anexo I - Mapa
geológico) e são encontradas, principalmente, como blocos (Fotografia 12) ou afloramentos em
avançado estado de alteração intempérica (Fotografia 13) e, mais raramente, como afloramentos
frescos. O solo associado a este litótipo apresenta coloração variando de marrom escura até bege
clara (Fotografia 14) e se caracteriza pela ausência de grãos de quartzo.
As rochas anfibolíticas quando frescas são pretas esverdeadas, tendendo a tonalidades
cinza esbranquiçadas quando alteradas, devido principalmente a caulinização do plagioclásio.
Estas são faneríticas (finas a médias) e apresentam alternância de bandas ricas em minerais
24
máficos (hornblenda, epidoto e rara biotita) e bandas mais claras, com elevado conteúdo de
plagioclásio.
A partir dos trabalhos de campo, foi possível a subdivisão das rochas anfibolíticas em 2
grupos texturais - granulométricos distintos:
1 – Inequigranular porfirítica, de distribuição muito rara e caracterizada pela presença de
fenocristais de plagioclásio;
2 – Equigranular fina e média, onde se observou que os grãos de plagioclásio e hornblenda
possuíam o mesmo tamanho.
As rochas anfibolíticas apresentam marcante foliação metamórfica, que varia amplamente
(010/90, 140/40, 160/85, 170/60, 170/70, 270/40, 295/52, 325/50, 340/90, 345/50, 350/65, 355/60),
possivelmente em função de um evento de transposição (Fotografia 15). Porém destaca-se a
direção 170/70-350/60, que inclusive é muito próxima à direção da faixa greenstone em mapa.
Fotografia 12 – Grande acumulação de
blocos de diversos formatos de rocha
anfibolítica.
Fotografia 14 – Solo marrom claro oriundo da
alteração intempérica de blocos de rochas
anfibolíticas.
Fotografia 13 – Afloramento de rocha
anfibolítica alterada e do saprólito marrom
em um corte de estrada secundária para o rio
dos Peixes.
Fotografia 15 – Rocha anfibolítica dobrada
isoclinalmente, onde foi possível de se
caracterizar o processo de transposição da
foliação.
25
Apesar da ausência de feições primárias típicas de rochas vulcânicas, tais como pillows,
vesículas e vidro vulcânico, sugere-se que as rochas anfibolíticas estudadas corresponderiam a
antigos derrames basálticos metamorfisados. Toledo (2002) encontrou metabasaltos com
pseudomorfos de clinopiroxênio em rochas próximas à área estudada. A associação em campo de
rochas anfibolíticas com escassas rochas metaultramáficas sugere que durante o processo de
formação do Greenstone Belt Rio das Mortes, pode ter ocorrido uma intercalação entre magmas
básicos e ultrabásicos, porém o primeiro teria predominado largamente. De forma semelhante, a
associação de rochas anfibolíticas com gonditos, filitos grafitosos, quartzitos e filitos avermelhados
sugere intervalos de quiscência do vulcanismo, onde os sedimentos químicos se precipitariam
(níveis manganesíferos que metamorfisados e depois alterados intempericamente formariam os
gonditos) e os terrígenos seriam depositados (pelitos que metamorfisados gerariam os filitos).
Nos pontos FR - 68 e FR – 201 foram identificados blocos de uma rocha metamáfica de
granulação média (diabásio/gabro - Fotografia 16) associada aos anfibolitos. Desta maneira,
admite-se a presença de prováveis sills de diabásio e/ou gabro intrusivos nas rochas vulcânicas
basálticas, sendo que estes poderiam ser de mesma idade que as rochas vulcânicas ou até mais
jovens e associados ao plutonismo do Cinturão Mineiro. Dentro deste contexto, Toledo (2002)
sugeriu a correlação genética entre metagabros e anfibolitos na região da mina do Volta Grande,
que é muito próxima à área estudada. Porém Valença et al. (2000) apresentaram idade de 2220 ±
3 Ma para o Gabro de São Sebastião da Vitória, que ocorre ao sul da área estudada, estando o
mesmo associado à evolução Paleoproterozóica do Cinturão Mineiro.
Dentro do contexto geológico da área estudada (com exceção do gnaisse bandado
anteriormente descrito), a seqüência Greenstone Belt Rio das Mortes é admitida como a unidade
mais antiga, pois rochas anfibolíticas ocorrem como xenólitos na fácies microporfiritica seriada do
Diorito Brumado (Fotografia 17) e nas fácies fina e média (Fotografia 18) do Granitóide Ritápolis,
bem como rochas metassedimentares (gonditos e filitos) foram mapeadas como xenólitos na
fácies média do Granitóide Ritápolis. Destaca-se, ainda, que corpos pegmatíticos interpretados
como geneticamente relacionados ao Granitóide Ritápolis por diversos autores (Quéméneur &
Baraud, 1982; Pires & Porto Júnior, 1986; Quéméneur, 1987; Ávila, 2000; Ribeiro et al., 2003)
cortam as rochas metassedimentares (gonditos, filitos) e anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das
Mortes em diversos pontos (Fotografia 19).
8.3.1 – Petrografia
As rochas metamáficas estudadas mostram ampla variação textural e mineralógica,
admitindo-se que a mesma estaria relacionada a diferentes tipos de protólitos. Essa mesma
observação foi realizada por Toledo (2002) ao estudar as rochas anfibolíticas do Greenstone Belt
Rio das Mortes (a oeste da área mapeada na presente monografia). Neste sentido, Toledo (2002)
separou as rochas metamáficas em: metabasaltos, anfibolitos de granulação fina e xistos máficos.
26
Fotografia 16 – Bloco de rocha metamáfica
de granulação média (metagabro), que
ocorre associado às rochas anfibolíticas.
Fotografia 18 - Xenólito anguloso de rocha
anfibolítica do Greenstone Belt Rio das
Mortes no Granitóide Ritápolis.
Fil
Fotografia 17 – Xenólito arredondado de
rocha anfibolítica do Greenstone Belt Rio das
Mortes no Diorito Brumado.
Peg
Fil
Fotografia 19 – Corpo pegmatítico (Peg)
correlacionado ao Granitóide Ritápolis
cortando filito avermelhado (Fil) da unidade
metassedimentar do Greenstone Belt Rio das
Mortes.
A partir dos trabalhos petrográficos foram individualizados quatro tipos distintos de rochas
metamáficas, designadas de:
1) Anfibolitos finos (Fotomicrografia 1);
2) Anfibolitos porfiríticos (Fotomicrografia 2);
3) Metagabros médios (Fotomicrografia 3);
4) Anfibolitos com granada (Fotomicrografia 4).
De uma maneira geral, as rochas anfibolíticas estudadas são constituídas de anfibólio
(pleocroísmo de marrom pálido a verde oliva) e plagioclásio. Podem ainda serem encontrados
minerais opacos, titanita, epidoto, quartzo, biotita, allanita, clorita, zircão, apatita e granada.
Segundo Toledo (2002) a variedade verde pálida do anfibólio corresponde a um Mg-hornblenda,
enquanto a variedade verde oliva é uma Fe-hornblenda.
27
Fotomicrografia
1
–
Anfibolito
fino
do
Fotomicrografia
–
3
Metagabro
do
Greenstone Belt Rio das Mortes com grãos
Greenstone Belt Rio das Mortes com grãos
de hornblenda orientados segundo a foliação.
de hornblenda com forma tabular preservada.
Fotomicrografia 2 – Anfibolito porfirítico do
Fotomicrografia
Greenstone Belt Rio das Mortes com um
Greenstone
porfiroblasto de hornblenda.
porfiroblasto de granada.
Belt
4
–
Rio
Anfibolito
das
fino
Mortes
do
com
Os anfibolitos finos são representados pelas amostras FR – 16, 22, 29, 67b, 69, 97, 116,
119, 199 e 212 e são constituídos por hornblenda verde oliva, plagioclásio, minerais opacos,
quartzo, titanita, epidoto, biotita, allanita, clorita, zircão e apatita. Predominam as texturas
granoblástica
poligonal
(Fotomicrografia
5),
lepidoblástica
(Fotomicrografia
1)
e
granolepidoblástica. A primeira é representada pelo arranjo de grãos poligonais de hornblenda e
plagioclásio com granulação semelhante, enquanto a segunda pela orientação da hornblenda e
por grãos poligonais de plagioclásio. A última textura corresponde à junção das duas anteriores,
podendo inclusive apresentar bandas ricas em hornblenda e bandas ricas em plagioclásio
(Fotomicrografia 6). Os minerais opacos estão orientados segundo a foliação e podem estar
envoltos por titanita, correspondendo provavelmente a ilmenita. Apatita e zircão são raros, mas
28
estão presentes nas amostras FR-16, 22 e 29. Em algumas amostras dos anfibolitos finos as
bordas dos grãos de hornblenda estão sendo transformadas em biotita, podendo esta feição estar
relacionada a um pulso metamórfico retrógrado.
Fotomicrografia 5 – Anfibolito do Greenstone
Fotomicrografia 6 – Anfibolito do Greenstone
Belt
textura
Belt Rio das Mortes caracterizado pela
granoblástica poligonal seriada marcada pela
presença de bandas ricas em hornblenda e
variação no tamanho da hornblenda.
bandas ricas em plagioclásio.
Rio
das
Mortes
com
Os anfibolitos com granada são representados pelas amostras FR – 79 e 102 e são
constituídos por hornblenda verde oliva, plagioclásio, granada e minerais opacos, enquanto
quartzo, titanita, epidoto e clorita são mais restritos. Nestas rochas foram observadas as texturas
granoporfiroblástica e granolepidoblástica, onde a primeira é representada por porfiroblastos de
granada de até 2 cm, repletos de inclusões de hornblenda e plagioclásio. A granada está
associada aos minerais opacos, clorita e ao epidoto, estes dois últimos possivelmente
relacionados à transformação retrógrada desta. A presença de bandas ricas em granada e
hornblenda contrasta com as bandas ricas em plagioclásio e quartzo.
Os metagabros são representados pelas amostras FR – 67 e 159 e se caracterizam pela
presença de grãos tabulares de hornblenda verde com até 3mm de largura, possivelmente
pseudomórficos de um clinopiroxênio. Quando deformados, os grãos de hornblenda começam a
se recristalizar, formando um mosaico de grãos granoblásticos (sob os peseudomorfos) ou
poiquiloblástico, tipificado pela recristalização conjunta desta com o plagioclásio. Destaca-se que
em grande parte das amostras permanece preservada uma textura primária, pois os grãos de
anfibólio e plagioclásio não estão orientados segundo a foliação. O plagioclásio parece ocorrer
preenchendo os espaços intersticiais do anfibólio e os minerais opacos são envolvidos por titanita.
Os anfibolitos porfiríticos são mais raros, estão representados pelas amostras FR – 68a,
69b e são compostos de hornblenda verde clara, plagioclásio, minerais opacos e titanita. O
plagioclásio está ligeiramente epidotizado e com aspecto poligonizado. Essas rochas são muito
semelhantes às amostras de metagabro, porém os grãos de hornblenda não apresentam aspecto
29
tabular, possivelmente por estarem em um estágio mais avançado de transformação metamórficadeformacional, gerando uma pseudo textura poiquiloblástica.
Cabe ressaltar que a partir das atividades de campo é possível de se identificar e separar
metagabros, anfibolitos (finos + médios + porfiríticos) e anfibolitos com granada. A separação dos
anfibolitos finos dos anfibolitos porfiríticos não é possível de ser efetuada em campo devido à
proximidade de granulação entre seus representantes e ao predomínio de hornblenda nas
amostras.
Segundo Toledo (2002) as rochas anfibolíticas foram submetidas a três eventos
metamórficos deformacionais. O primeiro evento foi responsável pela transformação da
mineralogia primária dos basaltos e diabásios em Mg-hornblenda/Fé hornblenda, plagioclásio
(oligoclásio/andesina) ± clorita ± epidoto ± biotita ± titanita ± ilmenita em condições de fácies
anfibolito inferior. Segundo Bucher & Frey (1994) a associação de granada com a paragênese
encontrada poderia indicar uma fácies metamórfica mais elevada (fácies anfibolito médio), bem
como a presença de ilmenita. Nas amostras estudadas caracterizou-se que grande parte dos
cristais de ilmenita estariam sendo substituídos integralmente ou parcialmente por ilmenita, bem
como a granada estaria sendo alterada para clorita e epidoto. Essas transformações apontam
para condições de equilíbrio típica para a fácies anfibolito inferior nas amostras estudadas. A
ausência de actinolita nas amostras sugere que condições retrógradas de fácies xisto verde não
foram alcançadas nas rochas anfibolíticas da região estudada.
8.3.2 – Rochas Metaultramáficas
As rochas metaultramáficas mostram distribuição bastante restrita não sendo possível
separá-las em mapa Estas ocorrem sempre associadas com as rochas anfibolíticas e são
representadas
por
metapiroxenitos,
destacando-se
a
ausência
de
serpentinitos.
Os
metapiroxenitos apresentam granulação fina, coloração preta (quando frescos) e marrom ou
avermelhada (quando alterados), são compostos de piroxênio, anfibólio, raro feldspato, epidoto e
talco, bem como mostram um bandamento, que varia de verde claro a verde escuro,
possivelmente associado à transformação do piroxênio/anfibólio em epidoto.
8.3.3 – Gondito
O gondito é uma rocha preta, composta por óxidos e hidróxidos de manganês
(possivelmente substituindo antigos cristais de granada - espessartita, conforme identificado no
ponto FR – 160) e quartzo. Este ocorre em diversos locais da área estudada (Anexo I – Mapa
geológico) sob a forma de blocos (Fotografia 20) ou afloramentos (Fotografia 21) e foi subdividido
de acordo com a sua associação litológica, pois ocorre juntamente com anfibolitos, filito
avermelhado - grafitoso do Greenstone Belt Rio das Mortes ou como enclave xenolítico dentro das
rochas da fácies média do Granitóide Ritápolis.
30
O gondito associado às rochas anfibolíticas (pontos FR - 29, 65, 67, 71, 73, 111, 200)
ocorre na porção oeste da área estudada (entre os córregos do Marmelo e Gongo Fino: Anexo I –
Mapa geológico) e foi observado principalmente sob a forma de blocos e mais raramente em
afloramentos, onde a espessura não ultrapassa a cerca de 30 cm. Nos pontos FR - 71 e 73 foram
observados vários blocos acumulados, possivelmente devido à catação manual.
Fotografia 20 – Blocos de gondito com cerca
Fotografia 21 – Trincheira realizada no
de 50 cm de tamanho constituídos de óxidos
gondito
e hidróxidos de manganês.
aproximada da camada.
para
medição
da
espessura
O gondito associado ao filito avermelhado - grafitoso (pontos FR – 122, 123, 148, 160, 161,
163, 164, 165, 250, 252, 253) ocorre em duas situações distintas:
i) nos pontos FR – 122 e 123 (próximo ao rio dos Peixes) o gondito e o filito avermelhado grafitoso apresentam espessuras bastante reduzidas, variando desde centimétricas até
métricas e estão associados a espessos pacotes de rochas anfibolíticas e raros níveis de
quartzitos;
ii) nos pontos FR – 148, 160, 161, 163, 164, 165, 250, 252, 253 o gondito ocorre como xenólito
dentro do Granitóide Ritápolis (Anexo I – Mapa geológico) e está associado a espessos
pacotes do filito avermelhado - grafitoso, que podem atingir até cerca de 30 m. O gondito
varia em espessura de cerca de 40 cm no ponto FR - 148 (Fotografia 22) a até cerca de 4 m
nas minas abandonadas do Lobo (Fotografia 23) e da Cachoeira. Nestas ocorrências as
rochas anfibolíticas são muito raras ou estão ausentes.
A presença de diversos enclaves xenolíticos de gondito dentro do Granitóide Ritápolis
(Ponto FR – 204) está relacionada geomorfologicamente à pequenas elevações, onde blocos do
gondito são rodeados por lajedos do Granitóide Ritápolis (Fotografia 24). Normalmente o gondito
apresenta foliação metamórfica marcante e concordante com a foliação regional, que varia de
310/85 a 350/85, porém localmente o mesmo apresenta valores discrepantes (Sn = 280/60), que
podem estar relacionados a processos de movimentação dos xenólitos durante a cristalização do
magma granítico.
31
O gondito é cortado por corpos pegmatíticos (Fotografia 25) e por veios de quartzo, que
podem estar concordantes ou discordantes à foliação metamórfica.
Gon
Fil
Fil
Gran
Gon
Fotografia 22 – Afloramento de gondito (Gon)
Figura 24 – Enclave xenolítico de gondito
medindo cerca de 40 cm de espessura entre
(Gon) envolvido por lajedos de rochas da
camadas do filito avermelhado (Fil).
fácies média do Granitóide Ritápolis (Gran).
Fil
Fil
Gon
Peg
Gon
Figura 23 – Detalhe da frente da lavra de um
Fotografia 25 – Vista geral da mina do Lobo,
gondito (Gon) na mina abandonada do Lobo.
mostrando pegmatito (Peg) no topo do
O gondito mede cerca de 4 m de espessura e
afloramento
ocorre entre camadas do filito avermelhado
Caracterizou-se que o contato é tanto
(Fil).
intrusivo, quanto por falha entre as duas
e gondito (Gon)
na
base.
unidades.
8.3.4 – Filitos: avermelhado e grafitoso
Os filitos da área estudada podem ser subdivididos em dois tipos distintos: filito
avermelhado e filito grafitoso. O filito avermelhado é fino, laminado, com camadas desde
milimétricas até centimétricas e encontra-se normalmente muito alterado com tonalidades
variando entre amarronzado, amarelado e cinza claro (Fotografia 26), ocorrendo em diversos
32
locais da área estudada sob a forma de blocos (Fotografia 27) ou afloramentos, enquanto o filito
grafitoso também é fino, laminado, possui coloração variando de cinza clara a escura e foi
observado principalmente em afloramentos ao longo das estradas vicinais (Fotografia 28 e 29),
podendo atingir até 1,5m de espessura .
Fotografia 26 – Tonalidades amarronzada e
Fotografia 27 – Blocos bastante alterados
amarelada associada à alteração intempérica
intempericamente e fragmentados do filito
do filito avermelhado.
realçando a tonalidade avermelhada.
Fotografia 28 – Afloramento e blocos de filito
Fotografia 29 – Afloramento de filito grafitoso
grafitoso alterado no leito da estrada para o
com cerca de 40 cm de espessura e
rio dos Peixes. Destaca-se a coloração
coloração cinza entre camadas do filito com
acinzentada do filito grafitoso.
coloração amarelada.
Os filitos foram subdivididos de acordo com a sua associação litológica, pois ocorrem
juntamente com anfibolitos e gonditos do Greenstone Belt Rio das Mortes ou como três grandes
corpos xenolíticos dentro da fácies média do Granitóide Ritápolis (Anexo I – Mapa geológico). Na
porção oeste da área mapeada os filitos encontram-se relacionados às rochas anfibolíticas e
possuem espessura variando desde centimétrica até métrica, estando sempre relacionados a
33
níveis de gondito. Quando presente como xenólito nas rochas da fácies média do Granitóide
Ritápolis (Anexo I – Mapa geológico), os filitos estão localmente associados a espessas camadas
de gondito, como pode ser observado nas minas do Lobo e da Cachoeira.
Caracterizou-se que a foliação metamórfica e o acamamento sedimentar das rochas desta
unidade de mapeamento são paralelos e não variam de forma acentuada (Sn = 10/90, 130/50,
150/70, 155/35, 310/80, 328/57, 330/55, 345/65), indicando que possivelmente os xenólitos destas
rochas quase não foram rotacionados pelo magma gerador do Granitóide Ritápolis.
Caracterizou-se que corpos pegmatíticos relacionados ao Granitóide Ritápolis cortam os
filitos em diversos pontos da área (Fotografia 19), destacando-se a mina do Lobo, enquanto em
um único ponto (FR – 222) observou-se a presença de diversos blocos de rochas da fácies média
do Granitóide Ritápolis em meio a afloramentos do filito avermelhado. Veios de quartzo de
diversas espessuras truncam a foliação dos filitos (Fotografia 30).
Fotografia 30 – Veios de quartzo paralelos que cortam a foliação presente do filito avermelhado
bastante alterado intempericamente. A seta amarela indica a direção do stike da foliação.
8.3.5 – Quartzito
Camadas quartzíticas são de distribuição bastante restrita na área estudada e foram
encontradas nos pontos FR – 66 e FR – 249. No ponto FR – 66, o quartzito apresenta coloração
branca acinzentada, granulação fina e ocorre espacialmente relacionado a delgadas camadas de
gondito e filito avermelhado em meio a rochas anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das Mortes.
Este apresenta níveis de magnetita, podendo corresponder a um BIF. No ponto FR – 249 o
quartzito apresenta coloração branca amarronzada, granulação fina, está dobrado (Sn = 310/85) e
encontra-se associado a uma delgada camada de gondito, que ocorre juntamente com filitos
avermelhados. Esta ocorrência corresponde a um xenólito no Granitóide Ritápolis.
34
8.4 – Ortognaisse Granítico Fé
O Ortognaisse Granítico Fé ocorre fora da área mapeada na presente monografia, porém
as rochas deste corpo são cortadas por três (3) diques metamáficos, que foram alvo de estudos
de campo e petrográficos. Por esta razão suas rochas não estão presentes no mapa geológico
elaborado. Segundo Ávila (2000), o Ortognaisse Granítico Fé apresenta em mapa forma alongada
segundo a direção NNE/SSW (Figura 4) e é delimitado ao sul por rochas metaultramáficas
vulcânicas e metassedimentares do Greenstone Belt Nazareno e por rochas do Granitóide Cruz
das Almas e a norte por gnaisses e anfibolitos do Greenstone Belt Rio das Mortes. Assim como as
intrusões vizinhas de idade Paleoproterozóica (Diorito Brumado e Quartzo Diorito Glória), este
corpo apresenta xenólitos de gnaisses (Fotografia 31), anfibolitos (Fotografia 32) e piroxênitos,
que se assemelham, respectivamente, às litologias típicas do Greenstone Belt Rio das Mortes
(Ávila, 2000) e aos corpos piroxêníticos-gabróicos que se agrupam nas vizinhanças (Ávila et al.,
1999). Diversas gerações de injeções pegmatíticas cortam as rochas do Ortognaisse Granítico Fé
(Fotografia 33), destacando-se que a biotita dos corpos pegmatíticos está orientada segundo a
foliação presente no ortognaisse, indicando que o pluton Fé e os pegmatitos são pré ou sin
tectônicos em relação à foliação principal.
As rochas do Ortognaisse Granítico Fé afloram em grandes lajedos, são brancas a
acinzentadas, hololeucocráticas, finas a médias (0,2 a 4,0 mm), variam de monzograníticas a
sienograníticas (Figura 8; Ávila, 2000) e são compostas por quartzo, microclina, plagioclásio,
biotita, epidoto, tendo como minerais acessórios e secundário titanita, muscovita, allanita, clorita,
zircão, carbonato, hornblenda verde, fluorita, apatita, minerais opacos (ilmenita, molibdenita, ouro,
pirita e calcopirita), estiplomelana e granada (Ávila, 2000). Esse corpo normalmente mostra um
bandamento (Fotografia 34) representado por níveis brancos (quartzo e feldspato com raríssima
biotita) e cinza esverdeados, este último decorrente da presença de biotita, titanita, granada e
epidoto. A textura é predominantemente inequigranular xenoblástica e subordinadamente
porfiroblástica com megacristais de pertita e feldspato de até 4 mm.
Gn
Anf
Gn
Fotografia 31 – Xenólito alongado de rocha
Fotografia 32 – Xenólito de rocha anfibolítica
gnáissica no Ortognaisse Granítico Fé (Gn).
(Anf) no Ortognaisse Granítico Fé (Gn).
35
Fotografia 33 – Dique pegmatítico subvertical cortando rochas do Ortognaisse Granítico Fé.
Fotografia 34 – Bandamento em rocha do Ortognaisse Granítico Fé.
Figura 8 – Diagrama QAP (Streckeisen, 1976) para as rochas do Ortognaisse Granítico Fé.
36
8.5 – DIORITO BRUMADO
O Diorito Brumado ocorre na porção sudeste da área estudada sob a forma de 6
fragmentos descontínuos em meio à rochas da fácies média do Granitóide Ritápolis (Anexo I –
Mapa geológico). As rochas deste corpo ocorrem como grandes blocos dispersos em meio a um
solo marrom claro, apresentam cor cinza esverdeada, são equigranulares, médias e compostas
por anfibólio, biotita, feldspato, raro quartzo e epidoto. Destaca-se a intensa transformação do
anfibólio para biotita, o que inclusive pode acarretar na designação do mesmo em campo como
um biotita tonalito. Porém com a observação mais detalhada de diversos afloramentos e lajedos,
caracteriza-se a ampla transformação do anfibólio em biotita.
Um dos grandes problemas de se identificar em mapa a área de distribuição do Diorito
Brumado refere-se ao seu elevado estado de alteração intempérica, que mascara quase que
completamente a estrutura primária da rocha, formando um solo marrom claro, tipicamente distinto
do solo originado a partir do intemperismo de rochas anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das
Mortes (mais escuro e argiloso) e de rochas do Granitóide Ritápolis (branco ou avermelhado e
com grande quantidade de quartzo). Neste sentido, o saprólito originado a partir de rochas do
Diorito Brumado possui coloração marrom escura, apresenta normalmente escassos grãos de
quartzo e placas de um mineral micáceo com de até 3 mm, provavelmente uma biotita.
Segundo Ávila (2000), as rochas do Diorito Brumado quando plotadas no diagrama QAP,
reúnem dioritos, quartzo dioritos e tonalitos e são compostas por hornblenda verde, actinolita,
plagioclásio (desde albita até labradorita), biotita, quartzo, microclina (muito rara), epidoto, zircão,
apatita, allanita, titanita, magnetita, ilmenita, pirita, calcopirita, molibidenita, blenda, galena, mica
branca, clorita e carbonato. Essas rochas apresentam coloração verde amarronzada, granulação
variando de fina à grossa e conspícua orientação dos seus minerais. Ávila (2000) subdividiu as
rochas deste corpo em quatro diferentes fácies texturais, três das quais são hipidiomórficas
equigranulares e, respectivamente, de granulação grossa, média e média/fina, enquanto a quarta
fácies é microporfirítica seriada.
No presente trabalho, foram observadas as seguintes feições de campo que apontam
claramente para o posicionamento estratigráfico do corpo em questão:
i) O Diorito Brumado possui enclaves xenolíticos centimétricos de rochas anfibolíticas do
Greenstone Belt Rio das Mortes (Figura 35).
ii) O Diorito Brumado ocorre como enclaves xenolíticos em rochas da fácies média do Granitóide
Ritápolis (Figura 36).
iii) O Diorito Brumado é cortado por diques da fácies média do Granitóide Ritápolis (Figura 37).
iv) O Diorito Brumado é cortado por corpos pegmatíticos associados ao Granitóide Ritápolis
(Figura 37).
Neste sentido, as feições de campo apontam que o Diorito Brumado é mais novo que as
rochas anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das Mortes e mais velho do que as rochas da fácies
37
média do Granitóide Ritápolis e que os corpos pegmatíticos associados, de forma semelhante ao
proposto por Ávila (2000) para a região próximo ao vilarejo de Itutinga.
Os megaenclaves xenolíticos de rochas do Diorito Brumado dentro do Granitóide Ritápolis
possuem forma predominantemente sub-arredondada com tamanhos bastante variados, podendo
alcançar até cerca de 2,5 km².
Db
Anf
Gr
Db
xenolítico
Fotografia 36 – Diversos fragmentos do
centimétrico de anfibolito (Anf) em rocha da
Diorito Brumado (Db) em meio a uma apófise
fácies média do Diorito Brumado (Dio).
do Granitóide Ritápolis (Gr).
Fotografia
35
–
Enclave
Db
Peg
Gr
Fotografia 37 – Dique de rocha da fácies média do Granitóide Ritápolis (Gr) cortando o Diorito
Brumado (Db). Todo o conjunto é cortado por um pegmatito (Peg) associado ao Granitóide
Ritápolis.
38
8.6 – Granitóide Ritápolis
8.6.1 - Introdução
O corpo em questão recebeu várias designações durante os trabalhos prévios efetuados
no mesmo, que são representadas por:
i) Granito Santa Rita (Guimarães & Guedes, 1944; Pires & Porto Júnior, 1986; Porto Júnior, 1988;
Pires et al., 1990; Pires & Pires, 1992).
ii) Granito Ritápolis (Queménéur & Baraud, 1982 e 1983; Quéméneur, 1987; Quéméneur, & Vidal,
1989; Queménéur & Garcia, 1993; Queménéur et al., 1994; Lagache & Quéméneur, 1997;
Teixeira et al. 1997; Noce et al. 1997).
iii) Unidade granodiorítica – granítica (Ávila, 1992).
iv) Metagranitóide Ritápolis (Ávila et al., 1998c, 1998d e 1999c).
iv) Granitóide Ritápolis (Ávila, 2000; Ávila et al., 2003, 2005, 2006).
A designação Granitóide Ritápolis proposta por Ávila (2000) encontra-se associada à
ampla variação petrográfica de suas rochas, desde tonalíticas até sienograníticas, fato este já
caracterizado, em parte por Ávila (1992 e 2000).
8.6.2 – Aspectos de campo
No contexto do presente trabalho, a área de exposição do Granitóide Ritápolis é bastante
extensa, margeando, em grande parte, as rochas do Greenstone Belt Rio das Mortes (Anexo I –
Mapa geológico).
Devido às variações texturais e de granulação, as rochas do presente corpo foram
subdivididas em duas fácies distintas, designadas de:
i) Fácies Fina: pontos FR – 31, 33, 34, 37, 38, 40, 42, 43, 44, 46, 48, 49, 51, 53, 55, 95, 105, 136,
137.
ii) Fácies média: pontos FR – 31, 36, 41, 47, 54, 57, 58, 60, 82, 92, 96, 106, 112, 113, 114, 115,
128, 129, 130, 131, 133, 134, 138, 139, 140, 141, 142, 144, 149, 150 – 158, 166, 171, 172,
173, 174, 178, 179, 180, 184, 187, 190, 194, 195, 198, 202, 203, 205, 206, 207, 209, 213,
218 a 221, 223, 226, 228, 230, 232 a 245, 247, 251.
Observou-se, ainda, a presença de rochas da fácies grossa nas proximidades da cidade de
Ritápolis, encaixantes de diversos diques de metagrabro – metadiabásio, que foram estudados na
presente monografia. Destaca-se que as rochas de fácies grossa presentes no mapa geológico
(Anexo I) foram mapeadas por Souza (2007) e não foram estudadas na presente monografia.
Em relação as duas fácies mapeadas, caracterizou-se que tanto as rochas da fácies fina,
quanto às da fácies média abrangem litótipos equigranulares (Fotografia 38) e inequigranulares,
com ambas podendo ser inclusive porfiríticas, com amplo intervalo de granulação dos fenocristais
de feldspato (Fotografia 39). Ainda dentro do contexto faciológico, definiu-se a presença de
39
enclaves autolíticos de rochas da fácies fina nas rochas da fácies média, indicando claramente
que as rochas da fácies média seriam mais novas do que as da fácies fina (Fotografia 40).
Foi também observado em quase todos os afloramentos estudados, que rochas da fácies
fina e da fácies média são cortadas por corpos pegmatíticos de diversas gerações (Fotografia 41),
que inclusive podem estar mineralizados em tantalita e cassiterita.
Ff
Fm
Fm
Ff
Fm
Dh
rochas
Fotografia 40 – Detalhe da diferença de
equigranulares da fácies fina (Ff) e média
rugosidade da superfície evidenciando a
(Fm) do Granitóide Ritápolis. Destaca-se que
presença de um enclave autolítico da rocha
um dique hololeucocrático (Dh) de cor branca
da fácies fina (Ff) em rochas da fácies média
corta rochas da fácies fina.
(Fm) do Granitóide Ritápolis.
Fotografia 39 – Bloco da fácies média do
Fotografia 41 – Diversos corpos pegmatíticos
Granitóide
com
Fotografia
38
–
Contato
Ritápolis
onde
entre
destaca-se
a
direções
e
presença de diversos fenocristais euédricos
cortando
de feldspato.
Granitóide Ritápolis.
rochas
espessuras
da
fácies
variáveis
média
do
Foram observados vários enclaves xenolíticos de rochas anfibolíticas e metassedimentares
do Greenstone Belt Rio das Mortes e de rochas dioríticas do corpo Brumado em ambas as fácies
40
do Granitóide Ritápolis. Os xenólitos variam amplamente em forma e tamanho, onde alguns
apresentam cerca de 2 cm e forma oblata e outros podem atingir até 3 km2 em mapa (Anexo I –
mapa geológico)
Admite-se que o Granitóide Ritápolis, junto com seus corpos pegmatíticos, marca
claramente o último pulso magmático félsico da área estudada, sendo que ambos são cortados
somente por diques de metagabro - metadiabásio. Nesse sentido, as principais feições de campo
correspondem a:
i) Diques e apófises do Granitóide Ritápolis são intrusivos em rochas anfibolíticas do Greenstone
Belt Rio das Mortes (Fotografia 42);
ii) Pegmatitos são intrusivos em rochas anfibolíticas e gnáissicas do Greenstone Belt Rio das
Mortes (Fotografia 43);
iii) Rochas anfibolíticas ocorrem como xenólitos no Granitóide Ritápolis (Fotografia 44);
iv) Diques e apófises do Granitóide Ritápolis são intrusivos em filitos avermelhados do Greenstone
Belt Rio das Mortes;
v) Pegmatitos são intrusivos em filitos do Greenstone Belt Rio das Mortes (Fotografia 19);
vi) Pegmatitos são intrusivos em gonditos do Greenstone Belt Rio das Mortes (Fotografia 45);
vii) Gonditos ocorrem como xenólitos no Granitóide Ritápolis (Fotografia 24);
viii) Pegmatitos são intrusivos em filitos grafitosos do Greenstone Belt Rio das Mortes;
ix) Diques e apófises do granito são intrusivos em rochas do Diorito Brumado (Fotografia 46);
x) Pegmatitos são intrusivos em rochas do Diorito Brumado (Fotografia 46);
xi) Dique de metagabro - metadiabásio cortam rochas da fácies média do Granitóide Ritápolis.
8.6.3 – Fácies Fina
As rochas estudadas da fácies fina do Granitóide Ritápolis ocorrem na porção sul do
referido corpo e são brancas acinzentadas, holocristalinas, leucocráticas, faneríticas finas e
localmente porfiríticas, destacando-se fenocristais de feldspato de cerca de 2 mm. Estas rochas
são observadas sob a forma de blocos de diversas dimensões (Fotografia 47) ou então afloram
em um grande lajedo, principalmente, nas proximidades do Rio das Mortes. Quando alteradas as
rochas da fácies fina apresentam coloração esbranquiçada, onde pode ser observada uma
marcante foliação, impressa a partir da orientação dos grãos de biotita. Sua mineralogia é
representada por quartzo, biotita e feldspato, este último compondo a matriz ou como fenocristal.
8.6.4 – Fácies Média
As rochas da fácies média do Granitóide Ritápolis ocorrem no restante da área estudada e
são brancas acinzentadas, holocristalinas, leucocráticas, faneríticas médias com cristais variando
entre 1 e 4 cm. Normalmente as rochas desta fácies são porfiríticas, destacando-se a presença de
fenocristais de até 6 cm de comprimento. Destaca-se que a porcentagem de fenocristais varia
amplamente, desde cerca de 5% até cerca de 50% da rocha.
41
As rochas da fácies média ocorrem sob a forma de blocos quase “in situ” (Fotografia 48) ou
grandes lajedos espalhados por quase toda a área e que geomorfologicamente correspondem a
grandes elevações (Fotografia 49). Sua composição mineralógica é basicamente a mesma da
fácies fina, destacando-se a presença de granada em alguns locais.
Anf
Xen
Fotografia 42 – Dique hololeucocrático da
Fotografia 44 – Xenólito (Xen) com forma
fácies média do Granitóide Ritápolis intrusivo
alongada de rocha anfibolítica do Greenstone
concordantemente a foliação do anfibolito
Belt Rio das Mortes em rocha da fácies fina
(Anf) do Greenstone Belt Rio das Mortes.
do Granitóide Ritápolis.
Peg
Anf
Peg
Anf
Fotografia 43 – Diversos corpos pegmatíticos
Fotografia 45 – No topo da foto observa-se a
(Peg) paralelos entre si cortando rochas
presença de um pegmatito (Peg) intrudindo
anfibolíticas
gondito da seqüência metassedimentar do
(Anf)
e
gnáissicas
Greenstone Belt Rio das Mortes.
do
Greenstone Belt Rio das Mortes.
42
Fotografia 46 – Dique da fácies média do
Fotografia
Granitóide Ritápolis intrudindo rochas da
arredodado e de diversos tamanhos de
fácies microporfirítica seriada do Diorito
rochas
Brumado.
Ritápolis próximos a lajedos de um dos picos
Destaca-se, ainda,
um
corpo
pegmatítico tardio cortando o diorito e o
da
–
48
fácies
Blocos
média
com
do
formato
Granitóide
elevados da área.
granito.
–
Fotografia 47 – Aspecto contrastante da
Fotografia
região de contato entre rochas da fácies
Granitóide Ritápolis onde são observados
média e fácies fina do Granitóide Ritápolis.
diversos blocos e lajedos de rochas da fácies
Na fácies fina predominam os blocos “in situ”,
média.
49
Grande
elevação
do
enquanto na fácies média um saprólito
amarronzado.
43
8.7 – DIQUES DE METAGABRO – METADIABÁSIO E DE DIABÁSIO
8.7.1 – Introdução
Neste conjunto foram incluídos diversos corpos tabulares, que compreendem rochas
basálticas metamorfisadas e não metamorfisadas. De acordo com os dados de campo e
petrográficos obtidos, optou-se, no presente trabalho, pela separação entre diques metabasíticos
e diques de diabásio, por se admitir que os primeiros teriam sido modificados por pelo menos um
evento metamórfico regional, enquanto os diques de diabásio, com mineralogia e textura
magmáticas preservadas, posicionaram-se posteriormente a qualquer evento dessa natureza.
Destaca-se, ainda, que os diques metabasíticos podem estar localmente deformados e foliados,
enquanto os diques de diabásio encontram-se destituídos de feições deformacionais.
Os diques de metagabro - metadiabásio e de diabásio foram estudados na presente
monografia no intuito de se descrever a evolução petrográfica e geoquímica dos mesmos, bem
como caracterizar a presença de diferentes grupamentos ou gerações. Neste sentido, os corpos
estudados estão distribuídos por uma área muito mais ampla do que aquela mapeada na presente
monografia, que abrangeu principalmente as rochas anfibolíticas a noroeste do Granitóide
Ritápolis. Desta forma, foram estudados corpos de metagabro - metadiabásio e de diabásio que
afloram por quase toda a folha topográfica São João del Rei (IBGE na escala 1:50.000), com
exceção daqueles intrusivos nas rochas metassedimentares das megasseqüências São João del
Rei, Carandaí e Andrelândia, que foram previamente caracterizados por Ribeiro (1992).
Regionalmente foram realizados vários trabalhos referentes à distribuição e separação de
famílias de diques máficos ao longo da borda meridional do Cráton São Francisco (Teixeira, 1989;
Noce & Karfunkel, 1991; Pinese et al., 1992; Ribeiro, 1992; Silva et al., 1992; Pinese et al., 1997).
Porém somente um trabalho relativo a diques de metagabro - metadiabásio foi realizado na área
estudada (Ávila et al., 1996), que descreveram a petrografia de um metagabro intrusivo em um
migmatito de injeção (mistura de rochas do Granitóide Ritápolis e anfibolitos do Greenstone Belt
Rio das Mortes), caracterizando-se que sua mineralogia seria metamórfica. Na presente
monografia, este corpo corresponde ao ponto FR-5.
8.7.2 – Feições Gerais
Dentre os 22 corpos estudados (Tabela 5), 3 são intrusivos no Ortognaisse Granítico Fé
(pontos FR – 1, 2, 3), 1 no Quartzo Monzodiorito Glória (ponto FR – 4 ou RM - 6), 1 em rochas
metaultramáficas do Greenstone Belt Nazareno (ponto RM – 7), 3 em rochas metamáficas do
Greenstone Belt Rio das Mortes (pontos FR – 210, 211 e RM – 5), 1 em um migmatito de injeção
(ponto FR – 5 ou BC-1) e 13 no Granitóide Ritápolis, sendo 5 nas rochas da fácies média (pontos
FR – 15, 39, 132, 169 e RM – 1) e 8 nas rochas da fácies grossa (pontos FR – 7, 9, 10, 12, 13, 14
e RM – 3, 4). Nos trabalhos de campo foram coletadas as principais informações para o estudo
desses diques, que abrangeram: direção, espessura, mineralogia, rocha encaixante, aspectos
44
deformacionais e xenólitos, bem como amostragem para petrografia, geoquímica e isotopia (Ar/Ar)
(Tabela 1).
Em uma primeira avaliação de campo, utilizando-se somente as informações referentes a
direção dos dique (strike), foi possível uma separação preliminar dos mesmos em três diferentes
grupos:
1) strike variando de 105º-285º a 120º-300º (pontos FR-2 e 3). Estes corpos são intrusivos no
Ortognaisse Granítico Fé, possuem entre 2,5 e 5,0m de espessura, granulação fina, são
foliados e compostos de clorita e quartzo.
2) Strike variando de 170º-350º a 180º-360º (pontos RM – 1 e 5): O primeiro dique é intrusivo na
fácies média do Granitóide Ritápolis, possuindo inclusive xenólito do mesmo. Apresenta
cerca de 40 cm de espessura, granulação fina, suas rochas são levemente foliadas e é
composto de anfibólio, plagioclásio, clorita e quartzo. O dique RM – 5 é intrusivo em
anfibolitos do Greenstone Belt Rio das Mortes, apresenta granulação fina e textura primária
preservada.
3) Strike L-W (pontos FR – 1, 5, 7, 9, 10, 12, 39, 132, 210, 211 e RM – 4): Estes corpos em geral
apresentam textura primária preservada, não são foliados (as vezes somente nas bordas),
possuem granulação média, e mais raramente fina, e são compostos principalmente de
hornblenda e plagioclásio.
Tabela 5 – Dados de campo dos diques de metagabro – metadiabásio estudados.
Ponto
FR–1 ou SL-8
FR – 2
FR – 3
FR–4 ou RM-6
RM - 7
RM - 5
FR - 210
FR - 211
FR–5 ou BC-1
FR – 7
FR – 9
FR - 10
FR - 12
FR - 13
FR - 14
FR - 39
FR - 132
FR - 169
RM – 1a
RM – 1b
RM - 3
RM - 4
Strike
85-265/90
120-300/90
115-295/90
Não definido
Não definido
170-350
80-260
80-260
95-275/90
70-250/90
90-270
90-270
85-265/90
Não definido
Não definido
95-275
90-270
Não definido
180-360/70
180-360/70
Não definido
85-265
Espessura
2m
5m
2,5 m
Blocos
Blocos
Blocos
Blocos
Blocos
40m
70 m
Blocos
Blocos
40 m
Blocos
Blocos
Blocos
1,5 m
Blocos
40 cm (borda)
40 cm (centro)
Blocos
Blocos
Mineralogia
Hornb, plag
Clor, qtzo
Clor, qtzo
Indefinida
Indefinida
Hornb, plag
Hornb, plag
Hornb, plag
Hornb, plag
Hornb, plag
Hornb, plag
Hornb, plag
Hornb, plag
Hornb, plag
Hornb, plag
Clor, qtzo
Clor, qtzo
Indefinida
Indefinida
Indefinida
Hornb, plag
Hornb, plag
Rocha Encaixante
Ortognaisse Granítico Fé
Ortognaisse Granítico Fé
Ortognaisse Granítico Fé
Quartzo Monzodiorito Glória
Ultramáfica do G.B. Nazareno
Anfibolito do G.B. Rio das Mortes
Anfibolito do G.B. Rio das Mortes
Anfibolito do G.B. Rio das Mortes
Migmatito de Injeção
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápoli
Granitóide Ritápoli
Granitóide Ritápolis
Granitóide Ritápolis
Foliação
Incipiente
Marcante
Marcante
Não possui
Não possui
Não possui
Não Possui
Não Possui
Não possui
Marcante
Não possui
Não possui
Não possui
Não Possui
Não Possui
Marcante
Marcante
Não Possui
Incipiente
Incipiente
Não Possui
Não Possui
Granulação
Média
Fina
Fina
Fina
Fina
Fina
Média
Média
Média
Média
Média
Média
Fina
Média
Média
Fina
Fina
Fina
Fina
Fina
Média
Média
Obs: Hornb – hornblenda; Plag – plagioclásio; Clor – clorita; Qtzo – quartzo; G.B – Greenstone Belt
45
Em uma fase mais adiantada do trabalho, a partir da utilização conjunta dos dados de
campo e dos dados petrográficos foi possível a separação dos diques em três agrupamentos
distintos, representados por:
1) Corpos com textura primária e mineralogia magmática (pontos RM – 6 e 7).
2) Corpos com textura primária e mineralogia metamórfica (pontos FR – 1, 5, 7, 9, 10, 12, 13, 14,
169, 210, 211, RM – 1, 3, 4, 5).
3) Corpos com textura e mineralogia modificadas (pontos FR – 2, 3, 39, 132).
A partir da subdivisão acima proposta foram selecionadas algumas amostras para análise
química, com exceção dos corpos com textura e mineralogia modificadas, pois os mesmos não
apresentariam composição química próxima a aquela que refletisse a composição do magma
primário.
8.7.3 – Petrografia
8.7.3.1 - Diques de metagabro – metadiabásio
Os corpos de metagabro – metadiabásio são constituídos de plagioclásio, hornblenda,
apatita, minerais opacos, biotita, epidoto, titanita, quartzo e clorita e, restritamente, actinolita.
Alguns destes corpos (BC – 01, RM – 1 e FR 12) desenvolvem uma incipiente xistosidade nas
suas bordas, observada a partir da orientação de pequenas palhetas de biotita e clorita nas
proximidades do contato com a rocha encaixante, bem como da titanita, epidoto e quartzo. Nesta
região a granulação da rocha é muito fina, inferior a 0,5 mm. Porém na porção de granulação
média não foi caracterizada nenhuma evidência quanto à presença de orientação dos minerais.
Na grande maioria dos diques de metagabro – metadiabásio predominam as texturas subofítica e equigranular hipidiomórfica (Fotomicrografia 7), representada por grãos tabulares de
plagioclásio em meio a uma massa de grãos de hornblenda, que variam em tamanho entre 1 e 3
mm. Mais raramente, são encontrados pórfiros hipidiomórficos de plagioclásio com até 5 mm de
comprimento.
Nas rochas do dique BC-01 foram identificados dois tipos de anfibólios (actinolita e
hornblenda), onde a actinolita apresenta pleocroísmo desde verde pálido (quase incolor) até verde
claro e a hornblenda, de bege a marrom acastanhado (Fotomicrografia 8). No centro do corpo, os
grãos de actinolita possuem forma hipidioblástica, envolvem a apatita, bem como encontram-se
transformados em biotita e clorita. A actinolita pode ser observada formando grãos com contorno
triangular, provavelmente por estar subordinada aos espaços intersticiais entre os cristais de
plagioclásio. Admite-se, neste caso, que a actinolita tenha se formado, principalmente, a partir da
transformação pseudomórfica de cristais primários de clinopiroxênio, e mais raramente, da
hornblenda intercumulática, onde as substituições se processaram a partir do crescimento de
pequenos grãos durante o metamorfismo, sem ocasionar, assim, a alteração na forma original de
antigos cristais de clinopiroxênio. Nas bordas do corpo, onde as transformações metamórficas
46
foram mais intensas, a actinolita apresenta forma xenoblástica e é substituída quase que
completamente pela biotita. O segundo tipo de anfibólio foi observado em grande parte das
amostras estudadas no centro do corpo e corresponde à hornblenda. Esta apresenta cor
castanha, forma xenomórfica (possivelmente intercumulática), o que aponta para uma possível
origem primária da mesma. É substituída por actinolita e biotita e encontra-se, normalmente,
preservada nas proximidades dos grãos de titanita.
Fotomicrografia 7 – Textura hipidiomórfica
Fotomicrografia 8 – Presença de hornblenda
granular
de
reliquiar (HB) e de actinolita metamórfica
plagioclásio e grãos de anfibólio ocupando os
(ACT) juntamente com minerais opacos
espaços intersticiais.
substituídos por titanita (TT).
com
cristais
tabulares
Normalmente o plagioclásio apresenta forma hipidiomórfica, composição variando entre
An38 a An40 (andesina), possui inclusões de apatita, granulação entre 1 e 3 mm (mais raramente
os pórfiros chegam a atingir 5 mm de comprimento). Pode apresentar fraturas preenchidas por
biotita e clorita e variar desde límpido até fortemente epidotizado, indicando uma composição
primária mais cálcica. Nas amostras das bordas dos corpos, os grãos de plagioclásio perdem
completamente a forma original (ficam xenoblásticos), possuem granulometria inferior a 0,5 mm e
encontra-se fortemente epidotizados.
8.7.3.2 - Diques de diabásio
O primeiro corpo estudado (amostra RM – 6) ocorre sob a forma de blocos ao longo da
estrada que interliga a cidade de Coronel Xavier Chaves ao vilarejo do Glória, próximo à margem
do Rio Santa Antônio. Esses blocos encontram-se distribuídos dentro da área de ocorrência do
Quartzo Monzodiorito Glória. Suas rochas apresentam coloração preta, textura sub-ofítica
(Fotomicrografia 9), granulação média e são compostas de plagioclásio, clinopiroxênio, minerais
opacos, olivina, clorita verde, um mineral não identificado de coloração laranja (possivelmente um
argilomineral) e vidro vulcânico. O plagioclásio é observado sob a forma de grãos tabulares
alongados, hipidiomórficos, com contornos retos e granulometria homogênea. O clinopiroxênio
47
ocorre em cristais hipidiomórficos, corresponde à augita e parece estar, localmente, ocupando os
espaços entre os grãos de plagioclásio. Mais raramente ocorre sob a forma de fenocristais. A
olivina é observada como inclusão no clinopiroxênio ou dispersa na rocha, apresenta-se
parcialmente transformada em clorita e para um mineral de coloração laranja (Fotomicrografia 10),
provavelmente um argilomineral, enquanto o vidro vulcânico acha-se completamente alterado para
um argilomineral e possui aspecto intersticial, preenchendo os espaços presentes entre os grãos
de plagioclásio e clinopiroxênio.
sub-ofítica
Fotomicrografia 10 – Grão de olivina (OL)
mostrando grão de clinopiroxênio rodeado e
primário parcialmente substituído por um
infiltrado por grãos tabulares de plagioclásio.
argilomineral de coloração alaranjada (ARG).
Fotomicrografia
9
–
Textura
O segundo corpo (RM – 7) acha-se exposto sob a forma de blocos a noroeste da
confluência entre o Córrego do Brito e o Rio das Mortes Pequeno, próximo ao Gabro de São
Sebastião da Vitória e dentro da área de exposição das rochas metaultramáficas do Greenstone
Belt Nazareno. Seus blocos possuem coloração negra, granulação fina e são compostos
principalmente de plagioclásio, que ocorre sob a forma de cristais tabulares, retos, alongados e
hipidiomórficos. São encontrados ainda clinopiroxênio (representado pela augita), minerais opacos
e zeólita. Os blocos encontram-se bastante alterados, com o desenvolvimento de esfoliação
esferoidal.
8.7.4 – Geoquímica
Foram selecionadas oito amostras dos diques de metagabro - metadiabásio (BC – 1O, BC
– 1 O/P, BC – 1P, RM – 1a, RM – 1b, RM - 3, RM – 4 e RM - 5) e quatro de diques de diabásio
(RM – 6, RM – 7a, RM – 7b e RM – 7c) para análise geoquímica (Tabela 6). A seleção das
amostras para análise foi executada somente após a caracterização petrográfica das mesmas, no
intuito de minimizar os efeitos decorrentes de mudanças intempérica, hidrotermais e
metassomáticas. A única exceção foi à amostra RM – 7c, que seria correspondente a amostra RM
– 7a, porém com sutis modificações a partir de um início de alteração intempérica. Neste caso,
48
observou-se a importância da seleção de amostras com elevada integridade de seus minerais,
pois a amostra RM – 7c quase sempre plotou em campos bastantes distintos da amostra RM – 7a.
As amostras BC – 1O, BC – 1O/N e BC – 1P foram retiradas do mesmo corpo, porém em porções
distintas deste.
As análises químicas utilizadas na presente monografia foram realizadas no Lake-Field
Geosol e no laboratório de Fluorescência de Raios-X do Departamento de Geologia da UFRJ. No
Lake-Field Geosol utilizaram-se os seguintes métodos analíticos: espectrometria de fluorescência
de raios X com amostras fundidas em tetraborato de lítio para SiO 2, TiO2, Al2O3, Fe2O3, MnO,
MgO, CaO, K2O, P2O5, Cr2O3 e NiO; espectrometria por absorção atômica, após abertura total
com HF + HClO4, para Na2O; decomposição com HF + H2SO4 em cadinho de platina tamponado
para FeO, com evolução de CO2 e titulação do FeO com KMnO4 em presença de ácido bórico;
determinação de F por eletrodo de íon específico em fusão alcalina; e gravimetria para perda ao
fogo, com calcinação a 1.000C até peso constante; espectrometria de fluorescência de raios X,
usando técnica de pó prensado, para Cl, S, Th, Ba, Nb, Cs, U, Rb, Hf, Sr, Y e Zr. Os elementos
terras raras foram analisados por espectrometria de plasma (ICP), de pré-concentrados em resina
de troca iônica.
No Laboratório de Fluorescência de raios X do Departamento de Geologia, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, os elementos maiores e traços foram dosados através de
espectrômetro de fluorescência de raios X Philips PW2400, com tubo de Rh. A perda ao fogo foi
obtida através da obtenção do peso da amostra antes e depois da mesma ser aquecida a 950C
por meia hora. Os elementos maiores foram detectados a partir da fusão de 1,2 g de pó do
material com tetraborato de lítio. Os elementos traços foram determinados em 7g do pó da
amostra, prensada com 1g de aglutinante wax. Os elementos leves foram dosados com as
seguintes condições: detetor de fluxo, cristal analisador PET/Ge e potência do tubo 40 kV - 70 mA.
Os elementos pesados foram analisados com detetor selado, cristais analisadores LIF200/LIF220
e potência do tubo 50 kV - 50 mA. Com base em análises de padrões, o erro analítico relativo
estimado foi: Si, Al (<1%), Fe, Mg, Ca (1-2%), Ti, Na, K (3-5%), P e outros elementos traços (
6%). As curvas de calibração foram obtidas a partir da análise dos seguintes padrões
internacionais: NIM-P, 521-84n, GBW07112, GIT-IWG, ANRT, BE-N GIT, PM-S GIT, CRPG BR,
AN-G GIT, GBW07104, GBW07110, GBW07111, AC-E, GS-N, MA-N, CRPG GH.
Inicialmente as amostras selecionadas foram cortadas em slabs de 5 cm, retirando-se as
regiões mais alteradas. Posteriormente o slab foi quebrado com martelo e os fragmentos
encaminhados a um moinho de bola de tungstênio para serem pulverizados a -200 mesh.
A partir da análise dos diques pretendeu-se:
1) Classificar quimicamente as amostras selecionadas e seus protólitos.
2) Caracterizar o tipo de magma envolvido na geração dos diques de metagabro – metadiabásio e
dos diques de diabásio
49
3)Investigar, com base nas características químicas dos diques, o ambiente tectônico de formação
dos mesmos.
Em relação ao conteúdo de TiO2, podemos classificar os diques em muito enriquecidos (>
3 % de TiO2 - amostras BC, RM-6 e RM-7) e enriquecidos (1,8% a 2,7 – amostras RM -1, 3, 4, 5),
porém o conteúdo de CaO, MgO, Na2O, K2O, P2O5 permitem a separação dos corpos RM – 3, 4 e
5 do dique RM – 1.
Tabela 6 – Resultado das análises químicas de elementos maiores (% p.), menores (% p.) e
traços (ppm), incluindo os ETR dos diques de metagabro – metadiabásio e de diabásio.
SiO2
TiO2
Al2O3
Fe2O3
MnO
MgO
CaO
Na2O
K2O
P2O5
P.F.
Tot
S
F
Cr
Ni
Co
V
Rb
Ba
Sr
Y
Zr
Nb
U
Zn
Ga
La
Ce
Nd
Sm
Eu
Gd
Dy
Ho
Er
Yb
Lu
BC
010
49,5
3,0
13,9
3,9
0,24
4,8
7,7
2,6
1,5
0,39
1,63
99,97
0,14
0,085
64
442
285
26
210
26
12
26,910
71,240
35,200
6,666
1,884
5,251
4,025
0,754
1,774
1,218
0,152
BC010/N
47,7
3,4
13,9
4,2
0,22
5,5
8,1
3,9
0,57
0,35
1,88
99,94
0,009
0,085
23
94
287
23
197
30
16
25,070
65,190
32,990
6,439
1,694
4,881
3,882
0,718
1,644
1,121
0,148
BC
01P
48,1
3,2
13,8
3,3
0,22
6,2
7,1
3,8
0,88
0,37
2,02
100,01
0,089
0,092
34
233
193
22
188
28
12
26,070
67,230
34,280
7,216
1,761
5,243
4,347
0,818
1,948
1,368
0,166
RM
1a
51,94
2,65
13,79
13,77
0,24
2,93
5,53
4,04
2,59
1,11
0,9
98,6
5
0
47
228
110
607
211
43
363
27
101
20
-
RM
1b
53,49
2,31
14,05
13,07
0,23
2,69
4,85
4,42
2,57
0,99
0,7
98,7
4
0
24
194
120
616
181
46
407
29
100
21
-
RM
3
48,34
2,10
14,83
12,94
0,19
6,48
10,82
2,31
0,66
0,19
1,4
100,3
182
75
49
185
47
153
245
23
90
10
72
17
-
RM
4
48,78
1,81
14,37
12,48
0,19
7,24
11,37
2,33
0,36
0,16
1,4
100,5
223
100
54
155
30
114
256
18
83
9
70
17
-
RM
5
48,29
2,14
14,26
13,24
0,20
6,93
10,97
2,41
0,48
0,18
1,4
100,5
193
82
50
186
37
133
277
20
89
10
75
17
-
RM
6
50,42
3,96
13,49
13,59
0,18
4,49
7,73
2,88
1,87
0,60
0,7
99,9
20
33
36
358
39
486
570
26
235
18
74
19
-
RM
7a
51,11
4,06
13,10
12,88
0,15
4,81
8,27
2,56
1,57
0,51
0,2
99,0
86
61
45
403
31
401
633
23
266
18
79
18
-
RM
7b
51,20
4,00
13,21
12,67
0,16
5,01
8,40
2,54
1,57
0,48
0,5
99,2
88
57
37
370
30
400
664
24
267
17
77
19
-
RM
7c
50,65
1,07
16,67
10,24
0,16
6,73
10,50
2,37
1,02
0,11
1,1
100,6
191
47
44
95
39
310
358
21
71
6
59
16
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
Em relação à classificação química das amostras estudadas, caracterizou-se que no
diagrama SiO2 x Na2O + K2O (Le Maitre et al., 1989) as amostras dos corpos com textura primária
50
e mineralogia magmática (RM – 6, RM – 7a, RM – 7b e RM – 7c), bem como os corpos com
textura primária e mineralogia metamórfica (BC – 1O, BC – 1 O/P, BC – 1P e RM - 3, RM – 4 e
RM - 5) plotam no campo dos basaltos, com exceção das amostras RM – 1a e RM – 1b, que caem
no campo dos traquiandesitos basálticos (Figura 9). No diagrama Nb/Y x Zr/TiO2 de Winchester &
Floyd (1977) as amostras dos corpos com textura primária e mineralogia magmática (RM – 6 e
RM – 7a, RM – 7b) situam-se no campo dos álcali-basaltos (Figura 10), enquanto as amostras dos
corpos com textura primária e mineralogia metamórfica caem nos campos dos basaltos subalcalinos (RM – 1, 3, 4, 5) e dos álcali-basaltos (BC – 1O, BC – 1 O/P, BC – 1P). No diagrama
Zr/TiO2 x SiO2 de Winchester & Floyd (1977) as amostras de todos os corpos plotam no campo
dos basaltos sub-alcalinos, com exceção das amostras RM – 1a e RM – 1b que plotam no campo
dos traquiandesitos (Figura 11).
Figura 9 - Diagrama SiO2 x Na2O + K2O (Le Maitre et al., 1989) para os diques de metagabro –
metadiabásio e diabásio.
BC-1P
BC-1O
BC-1O/N
RM-1a
RM-1b
RM-3
RM-4
RM-5
RM-6
RM-7a
RM-7b
RM-7c
Figura 10 - Diagrama Nb/Y x Zr/TiO2 de Winchester & Floyd (1977) para os diques de metagabro
– metadiabásio e diabásio.
Em relação ao tipo de magma envolvido na formação dos diques estudados, caracterizouse no diagrama SiO2 x Na2O + K2O (Irvine & Baragar, 1971) que este seria sub-alcalino (Figura
51
12), com exceção para as amostras RM – 1a e RM – 1b que plotam no campo dos magmas
alcalinos. No diagrama AFM (Irvine & Baragar, 1971) todas as amostras plotam ao longo do trend
toleítico (Figura 13).
Figura 11 - Diagrama Zr/TiO2 x SiO2 de Winchester & Floyd (1977) para os diques de metagabro –
metadiabásio e diabásio.
BC-1P
BC-1O
BC-1O/N
RM-1a
RM-1b
RM-3
RM-4
RM-5
RM-6
RM-7a
RM-7b
RM-7c
Figura 12 - Diagrama SiO2 x Na2O + K2O (Irvine & Baragar, 1971) para os diques de metagabro –
metadiabásio e diabásio.
Figura 13 - Diagrama AFM (Irvine & Baragar, 1971) para os diques de metagabro – metadiabásio
e diabásio.
52
Em relação ao ambiente evolutivo, caracteriza-se no diagrama MnOx10 - P2O5x10 - TiO2
de Mullen (1983) que as amostras dos corpos com textura primária e mineralogia magmática
plotam nos campos do toleíto de ilha oceânica (RM – 7a e RM – 7b) e no campo dos álcalibasaltos de ilha oceânica (RM – 6) (Figura 14), enquanto as amostras dos corpos com textura
primária e mineralogia metamórfica plotam nos campos dos toleíto de ilha oceânica (BC-010, BC010/N, BC-01P), no campo dos MORB (RM-3, 4 e 5) e no campo dos álcali-basaltos de ilha
oceânica (RM – 1a e RM – 1b). No diagrama Nb x Zr x Y de Meschede (1986) (Figura 15), as
amostras dos corpos com textura primária e mineralogia magmática plotam no campo dos álcali
basaltos intra-placa (RM – 6, RM – 7a e RM – 7b), enquanto as amostras dos corpos com textura
primária e mineralogia metamórfica plotam nos campos dos álcali basaltos intra-placa (BC-010,
BC-010/N, BC-01P, RM – 1a e RM – 1b) e no campo dos MORB tipo E (RM – 3, 4 e 5).
Figura 14 - Diagrama MnOx10 - P2O5x10 - TiO2 de Mullen (1983) para os diques de metagabro –
metadiabásio e diabásio.
BC-1P
BC-1O
BC-1O/N
RM-1a
RM-1b
RM-3
RM-4
RM-5
RM-6
RM-7a
RM-7b
RM-7c
Figura 15 - Diagrama Nb x Zr x Y de Meschede (1986) para os diques de metagabro –
metadiabásio e diabásio.
De acordo com os gráficos Ti x Zr x Y de Pearce & Cann (1973) (Figura 16) e Zr/Y x Zr de
Pearce & Norry (1979) (Figura 17), todos os diques podem ser classificados como basaltos intraplaca, com exceção das amostras RM – 1a e RM – 1b no primeiro gráfico, que plotam no campo
53
dos basaltos cálcio-alcalinos. No diagrama Ti x Zr x Sr de Pearce & Cann (1973) (Figura 18),
todos os diques podem ser classificados como MORB, com exceção das amostras RM – 1a e RM
– 1b que plotam fora dos campos delimitados.
Figura 16 - Diagrama Ti x Zr x Y de Pearce & Cann (1973) para os diques de metagabro –
metadiabásio e diabásio.
BC-1P
BC-1O
BC-1O/N
RM-1a
RM-1b
RM-3
RM-4
RM-5
RM-6
RM-7a
RM-7b
RM-7c
Figura 17 - Diagrama Zr/Y x Zr de Pearce & Norry (1979) para os diques de metagabro –
metadiabásio e diabásio.
Figura 18 - Diagrama Ti - Zr - Sr de Pearce & Cann (1973) para os diques de metagabro –
metadiabásio e diabásio.
54
8.7.5 – Discussões
Caracterizou-se que a utilização somente do strike dos diques não permite uma subdivisão
mais precisa dos mesmos, pois famílias distintas apresentam a mesma direção. Neste contexto,
torna-se necessária a utilização conjunta de dados de campo, petrográficos e geoquímicos para
que seja possível a divisão dos diques em grandes famílias.
Dentro do contexto atual da área estudada, foi possível a separação dos diques em pelo
menos três famílias:
1) Corpos com textura primária e mineralogia magmática.
2) Corpos com textura primária e mineralogia metamórfica.
3) Corpos com textura e mineralogia modificadas.
As relações de campo mostram que os diques com textura e mineralogia modificadas
intrudem o Ortognaisse Granítico Fé (2191 ± 9 Ma), que balizaria a idade máxima dos mesmos.
De forma semelhante, os diques com textura primária e mineralogia metamórfica intrudem rochas
anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das Mortes, o Ortognaisse Granítico Fé (2191 ± 9 Ma) e o
Granitóide Ritápolis (2121 ± 7 Ma), balizando sua idade máxima como 2121 ± 7 Ma. Por
apresentarem evidências de minerais metamórficos, admite-se que estes diques teriam idade
mínima entre 604 e 567 Ma (Sollner & Trouw, 1997; Trouw & Pankhust, 1993), que estaria
associada à idade do último evento metamórfico desenvolvido na região.
A partir dessas considerações, pode-se sugerir que a intrusão do magma pai dos diques
de metagabro - metadiabásio, que cortam as rochas da área estudada, teria transcorrido após
2.121  7 Ma. A ausência na literatura sobre a área em questão, de dados referentes à existência
de um pulso metamórfico associado ao Mesoproterozóico, proporciona a correlação das
transformações metamórficas ao Evento Brasiliano.
Admite-se desta maneira, que os diques com textura primária e mineralogia metamórfica
teriam sido modificados em condições de P e T condizentes com a fácies xisto verde ou no
máximo epidoto anfibolito durante o Evento Brasiliano, pois alguns destes apresentam actinolita.
Neste sentido, os diques com textura e mineralogia modificadas estariam relacionados a um
intervalo temporal muito grande entre 2121 ± 7 Ma e 567 Ma.
Em relação à caracterização dos diques com textura primária e mineralogia metamórfica
podem ser separados dois conjuntos distintos representados pelas amostras RM – 1a e RM – 1b,
que apresentam tendência alcalina e pelas amostras RM – 3, 4, 5 e BC – 1O, BC – 1O/N, BC –
1P, que apresentam tendência toleítica. Essa separação remete-nos a necessitar de datações
isotópicas para uma melhor aproximação dos mesmos com os eventos de abertura das bacias
Meso-Neoproterozóicas (São João del Rei, Carandaí e Andrelândia). Em uma suposição,
poderíamos correlacionar os diques com tendência toleítica a abertura da bacia São João del Rei,
enquanto os diques com tendência alcalina poderiam estar relacionados a abertura da Bacia
55
Carandaí. Essa proposição é evidenciada pelos diques de metadiabásio presentes na Serra do
Lenheiro, cuja orientação é E-W e que cortam arenitos da Bacia São João del Rei (Ribeiro, 1992).
Em relação aos diques com textura primária e mineralogia magmática, pode-se afirmar que
a idade máxima para os mesmos estaria relacionada à idade do Quartzo Monzodiorito Glória
(2189 ± 29 Ma). Porém a presença de textura e minerais ígneos preservados, bem como o fato
desses diques não apresentarem nenhuma feição metamórfica ou deformacional, leva-nos a
considerar que os mesmos teriam cristalizado após o encerramento do evento metamórficodeformacional associado à Orogênese Brasiliana, que ocasionou a paragênese metamórfica das
rochas das Bacias São João Del Rei, Carandaí e Andrelândia. Sendo assim, admite-se que a
formação desses diques poderia estar associada ao magmatismo básico de idade mesozóica,
relacionado à abertura da porção sul do Oceano Atlântico.
56
9 - DISCUSSÕES FINAIS
A metodologia de mapeamento utilizada na presente monografia baseou-se na
caracterização das principais unidades metaígneas, bem como dos diques de metagabro –
metadiabásio e de diabásio na escala 1:25.000. Devido à geometria bastante irregular dos corpos
plutônicos que intrudem o Greenstone Belt Rio das Mortes (Anexo I – Mapa geológico) e visando
facilitar a caracterização e os contatos das rochas estudadas, foi realizado o levantamento a partir
do acompanhamento dos contatos entre as diferentes litologias encontradas em campo.
Através da realização deste levantamento, foi possível a definição de sete (7) unidades de
mapeamento na escala 1:25.000, representadas por i) Gnaisse bandado; ii) Greenstone Belt Rio
das Mortes; iii) Ortognaisse Granítico Fé; iv) Diorito Brumado; v) Granitóide Ritápolis; vi) Diques
de metagabro - metadiabásio e de diabásio; vii) Depósitos do Quaternário.
A partir das relações de campo foi possível a inferência de um provável seqüênciamento
cronológico, com apenas uma dúvida em relação ao gnaisse bandado, já que há duas
possibilidades para o seu posicionamento estratigráfico: i) Este seria mais velho que as rochas do
Greenstone Belt Rio das Mortes, correspondendo ao embasamento das mesmas; ii) Este seria
mais novo que as rochas do Greenstone Belt Rio das Mortes e a deformação presente no mesmo,
poderia estar relacionada aos ortognaisses Paleoproterozóicos mais antigos (ortognaisses velhos
de Cherman 2004), cujas idades são mais antigas que 2170 ± 4 Ma.
Com exceção do gnaisse bandado, a seqüência Greenstone Belt Rio das Mortes é
admitida como a unidade mais antiga, pois rochas anfibolíticas ocorrem como xenólitos na fácies
microporfiritica seriada do Diorito Brumado e nas fácies fina e média do Granitóide Ritápolis, bem
como rochas metassedimentares (gonditos e filitos) foram mapeadas como xenólitos na fácies
média do Granitóide Ritápolis. De forma semelhante, corpos pegmatíticos interpretados como
geneticamente relacionados ao Granitóide Ritápolis por diversos autores (Quéméneur & Baraud,
1982; Pires & Porto Júnior, 1986; Quéméneur, 1987; Ávila, 2000; Ribeiro et al., 2003) cortam as
rochas metassedimentares (gonditos, filitos) e anfibolíticas do Greenstone Belt Rio das Mortes em
diversos pontos.
Através do mapeamento geológico e petrografia as rochas metamáficas foram subdivididas
em quatro tipos distintos: i) Anfibolitos finos; ii) Anfibolitos porfiríticos; iii) Metagabros médios; iv)
Anfibolitos com granada. A mineralogia dessas rochas é constituída de anfibólio, plagioclásio,
titanita, epidoto, quartzo, biotita, allanita, clorita, zircão, apatita e granada e admite-se que a s
mesmas foram metamorfisadas em condições de fácies anfibolito inferior. A ausência de actinolita
na paragênese das amostras estudadas sugere que condições retrógradas de fácies xisto verde
não foram alcançadas.
Dentre os corpos plutônicos estudados, o Diorito Brumado é considerado como o mais
antigo, pois este ocorre como enclaves xenolíticos em rochas da fácies média do Granitóide
Ritápolis, bem como é cortado por corpos pegmatíticos associados a este granitóide.
57
Com relação ao mapa geológico apresentado nesta monografia, este diverge nos
seguintes pontos dos mapas propostos por Ebert (1963), Quéméneur & Baraud (1983), Pires &
Pires (1992) e Toledo (2002):
1) As rochas consideradas na presente monografia como pertencentes ao Greenstone Belt Rio
das Mortes apresentam geometria (em mapa) distinta daquela proposta por estes autores,
principalmente no que diz respeito à presença de uma outra faixa de anfibolitos acima da
ocorrência de gonditos próxima ao rio dos Peixes (Anexo I – Mapa geológico), bem como
pela ausência de uma faixa de rochas anfibolíticas ao longo do rio das Mortes.
2) Os enclaves xenolíticos do Diorito Brumado presentes no Granitóide Ritápolis não foram
mapeados por nenhum desses autores
3) Não foi identificada uma faixa de rochas anfibolíticas, que ocorre ao sul do Granitóide Ritápolis
e que se estende até o povoado de Caburú.
4) Quéméneur & Baraud (1983) e Toledo (2002) definiram a existência de um corpo gabróico a
oeste da área estudada. Na presente monografia este corpo gabróico não foi identificado.
5) Toledo (2002) caracterizou a presença de uma faixa de um biotita tonalito ao norte do Rio das
Mortes. No presente trabalho esta faixa não foi observada.
Caracterizou-se que a utilização somente do strike dos diques não permite uma subdivisão
mais precisa dos mesmos, pois famílias distintas apresentam a mesma direção. Neste contexto,
torna-se necessária a utilização conjunta de dados de campo, petrográficos e geoquímicos para
que seja possível a divisão dos diques em grandes famílias. Dentro desse contexto foi possível a
separação dos diques em três famílias: 1) Corpos com textura primária e mineralogia magmática.
2) Corpos com textura primária e mineralogia metamórfica. 3) Corpos com textura e mineralogia
modificadas.
58
10 – CONCLUSÕES
O mapeamento geológico da área abrangendo os municípios de Cassiterita, São Tiago e
Ritápolis possibilitou a identificação de sete unidades distintas de mapeamento: i) Gnaisse
Bandado; ii) Greenstone Belt Rio das Mortes; iii) Ortognaisse Granítico Fé; iv) Diorito Brumado; v)
Granitóide Ritápolis; vi) Diques de metagabro - metadiabásio e de diabásio; vii) Depósitos do
Quaternário.
Dentre as rochas metamáficas do Greenstone Belt Rio das Mortes foram individualizados
quatro tipos litológicos distintos: i) Anfibolitos finos; ii) Anfibolitos porfiríticos; iii) Metagabros
médios iv) Anfibolitos com granada. É importante ressaltar que através de atividades de campo foi
possível de se identificar e separar metagabros, anfibolitos (finos + porfiríticos) e anfibolitos com
granada. A separação entre anfibolitos finos e anfibolitos porfiríticos não é possível de ser
efetuada em campo devido à proximidade de granulação entre seus representantes e ao
predomínio de hornblenda nas amostras.
Estudos petrográficos e geoquímicos desenvolvidos nos diques metamáficos possibilitaram
a subdivisão destes em três gerações distintas: i) Corpos com textura primária e mineralogia
magmática; ii) Corpos com textura primária e mineralogia metamórfica; iii) Corpos com textura e
mineralogia modificadas. A primeira geração é a mais nova e deve estar relacionada a abertura de
Gondwana, tendo em vista que seus representantes não apresentam evidências de feições
metamórficas. A segunda e a terceira gerações devem estar associadas ao intervalo temporal
entre 2121 ± 7 Ma e 540 Ma, pois representantes das duas gerações são intrusivos no Granitóide
Ritápolis, cuja idade de cristalização é de 2121 ± 7 Ma (Ávila, 2000), bem como apresentam
mineralogia metamórfica, que teria se desenvolvido durante o Evento Brasiliano, por volta de 540
Ma.
59
11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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