Sílabas gramaticais e sílabas métricas

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Sílabas gramaticais e sílabas métricas
Todas as palavras são compostas por sílabas que, por sua vez, são constituídas
por outros elementos ainda menores: a letra, se estivermos a pensar na palavra
escrita, ou o fonema, se estivermos a pensar na palavra falada.
No entanto, existem ainda dois tipos de sílabas: as sílabas gramaticais, mais
fáceis de identificar na palavra escrita, e as sílabas métricas, mais fáceis de
identificar na palavra falada.
Para melhor compreender, olhemos para a seguinte palavra:
televisão
Ora, qualquer um consegue identificar as quatro sílabas que compõem esta
palavra: te-le-vi-são. Estas são as sílabas gramaticais.
Mas como é pronunciada a palavra?
Mas no português falado, o mais comum é dizer "tle-vi-são". Assim, por muito
que a palavra "televisão" tenha quatro sílabas, a palavra pronunciada "tlevisão"
tem apenas três. E aqui se vê a importância de distinguir entre sílabas gramaticais
e sílabas métricas, ou seja, as sílabas que de facto pronunciamos ao falar.
Recorda que a poesia é escrita não para ficar bonita no papel, mas para atingir
um ritmo agradável, que é apreciado quando se recita o texto poético. Por esta
razão, a lírica não avalia o número de sílabas gramaticais do poema, mas sim o
número de sílabas métricas, aquelas que são pronunciadas e que, por isso, criam
o ritmo dos versos.
Agora que já vimos a importância das sílabas métricas para a poesia,
continuemos com a experiência. Olhemos para as duas frases que se seguem:
A Ana chegou tarde à escola.
A Lena chegou tarde à cantina.
Analisemos o número de sílabas gramaticais presentes:
A / A/na / che/gou / tar/de / à / es/co/la. = 11 sílabas gramaticais
A / Le/na / che/gou / tar/de / à / can/ti/na. = 11 sílabas gramaticais
Resta agora ler as frases e contar as sílabas métricas que encontrarmos:
A_A/na / che/gou / tar/de_à_es/co/(la). = 7 sílabas métricas
A / Le/na / che/gou / tar/de_à / can/ti/(na). = 9 sílabas métricas
Reparem como as vogais de duas palavras diferentes se unem quando estão lado a
lado, tornando-se numa única sílaba métrica. E, se disserem as frases em voz alta,
hão-de reparar que, na última palavra de cada frase, as sílabas átonas finais quase
que desaparecem. Por isso, elas não são contabilizadas quando fazemos a contagem
de sílabas métricas.
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A contagem das sílabas métricas realiza-se até à última sílaba acentuada do verso, ocorra ela na última, penúltima
ou antepenúltima sílaba gramatical da palavra (Ex.: mi/nhas / lá/(grimas); meu / de/se/(jo); meu / co/ra/ção).
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Hiato - quando duas vogais tónicas estão lado a lado, não pode haver contração das duas, pelo que ocorre um hiato,
ou seja, mantêm-se em sílabas independentes mesmo que uma das sílabas tónicas enfraqueça. O hiato diminuía a
fluidez do verso, razão porque os autores se esforçam por o evitar (Tu ontem... = tu / on/tem).
Diérese - Separação de duas vogais seguidas dentro de uma mesma palavra, de modo a que constituam duas sílabas
diferentes (Ex.: sa/u/da/de).
Sinérese - União de duas vogais, no interior de uma mesma palavra, que originalmente não formavam ditongo, de
modo que constituam uma única sílaba (Ex.: pie/da/de).
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Tal como acontece com as estrofes, também os versos recebem um nome
específico de acordo com o número de sílabas métricas que os constituem:
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monossílabo - uma sílaba
dissílabo - duas sílabas
trissílabo - três sílabas
tetrassílabo - quatro sílabas
pentassílabo ou verso de redondilha menor - cinco sílabas
hexassílabo - seis sílabas
heptassílabo ou verso de redondilha maior - sete sílabas
octossílabo - oito sílabas
eneassílabo - nove sílabas
decassílabo - dez sílabas
hendecassílabo - onze sílabas
dodecassílabo ou verso alexandrino - doze sílabas
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