VI COLÓQUIO VAZIANO DE BELO HORIZONTE “ÉTICA E RAZÃO MODERNA” Comunicações aprovadas FERNANDES, Caroline Ferreira. (Mestranda em Filosofia – FAJE) Resumo: Esta comunicação tem como escopo fundamental relatar acerca dos fundamentos de uma crise de sentido e, consequentemente, de uma crise ética que vivemos na contemporaneidade a partir dos escritos de Lima Vaz, em especial, o artigo “Ética e Razão Moderna”, tema desse colóquio. Nosso intento é mostrar o contexto histórico e os problemas filosóficos para a constatação dessa crise, nas palavras de Vaz, “uma breve descrição da situação espiritual do Ocidente”, mostrando ainda, que se a transformação do espírito se dá na história, a resposta a essa crise se dará em um processo de rememoração e de um reconhecimento ético das virtudes. MARIZ, Débora. (Doutoranda em Filosofia – UFMG) Resumo: A proposta dessa comunicação é demonstrar a possibilidade de uma justificação e fundamentação racionais da ética, bem assim o seu sentido, segundo o pensamento do filósofo Henrique C. de Lima Vaz. A partir de um exame da fenomenologia do ethos, como objeto da ciência Ética, será abordada a questão do sentido de uma justificação e fundamentação racionais da ética, na realidade contemporânea, em que se destaca uma crise dos valores espirituais marcada pela crescente produção e consumo de bens materiais que configuram o universo simbólico, no mesmo momento em que se enfraquece o caráter hierárquico e normativo dos bens que conferem ao ser humano uma vida humanamente digna. Nessa realidade, em que avultam as consequências de uma intervenção da ciência no cotidiano da humanidade, cujas consequências se revelam em ordem planetária, o risco cada vez mais presente de uma inviabilização da sobrevivência e da convivência pacífica da humanidade, seja pelos efeitos devastadores da submissão da natureza à intervenção da ciência, com a destruição do meio-ambiente ou ainda pela desumanização das guerras, da miséria e da desigualdade social, evidencia-se o sentido de uma ética que seja justificada e fundamentada racionalmente, como forma de sua universalização e balizamento da conduta humana em todas suas relações. Nesse sentido, o pensamento de Lima Vaz é construído a partir de dois caminhos convergentes que são o histórico e o teórico, e que culminam apontando a Antropologia Filosófica e a Metafísica como base de tal justificação e fundamentação racional, cuja universalidade decorre do fato mesmo de ser, a Ética, fundamentada na razão filosófica, igualmente universal. NASCIMENTO, Maria Lourdes. (Mestranda em Filosofia – FAJE) Resumo: A passagem da universalidade nomotética à universalidade hipotética constitui o grande desafio da reflexão política contemporânea, cuja sociedade está constituída sobe a égide dos valores liberais engendrados pela sociedade moderna, que, por conseguinte, suscita o problema da relação entre ética, política e democracia. Esta passagem deverá ser compreendida como sendo a separação entre ética e política ocorrida na modernidade e causa direta da crise contemporânea, crise de sentido, imanente à sociedade que, como fim, possui valores de satisfação das necessidades econômicas. ASSUMPÇÃO Gabriel Almeida. (Bacharel Psicologia - UFMG, Mestrando Filosofia – UFMG) Resumo: Pretendemos mostrar como a reflexão antropológica vaziana permite tanto salvaguardar um lugar à liberdade quanto mostrar a complexidade do ser humano, sendo um fundamento para a sua ética. De grande importância para essa reflexão sobre ética e psicologia é o papel da razão: Kant teve o mérito de mostrar que a razão não se reduz ao discurso científico moderno, protegendo a moral do determinismo da ciência ao cindir o uso teórico e prático da razão. Assim, a razão prática pura não se reduz ao raciocínio meios-fins. Será enfatizada, dessa forma, a importância da herança kantiana no pensamento de Vaz. O filósofo brasileiro Henrique Vaz, em sua Antropologia Filosófica, mostra o estado de crise das ciências humanas por não disporem de uma imagem de definida de ser humano. Por meio da disciplina filosófica que se põe a sistematizar, pode-se tentar elucidar melhor quais as diferentes concepções de ser humano ao longo da história da filosofia e da ciência ocidentais e, a partir disto, tentar desenvolver uma reflexão que consiga responder à pergunta: ‘o que é o homem?’. Isto seria bem-vindo em um tempo no qual o que se diz sobre o ser humano sofre grande fragmentação – decorrente tanto da cultura de massas quanto na crise no significado da existência, uma crise de sentido para o ser humano. A ênfase na importância de se responder a essa pergunta é ilustrada por Vaz, na Antropologia I e no seu artigo “Morte e vida da filosofia”, no fato de que três perguntas kantianas culminam numa última – ‘o que é o homem?’. No caso da psicologia, essa questão sobre o ser humano se mostra demasiado fragmentária, posto que cada teoria psicológica dispõe de uma concepção antropológica própria. Vaz propõe uma visão mais unitária do homem, em contraposição aos recortes antropológicos que se impõem pela ciência, quando da delimitação que um método impõe. Além disso, a escolha pelo método resulta, em muitos casos, num cerceamento da liberdade. A grande maioria das escolas de psicologia é determinista, o que será ilustrado com um texto de Skinner (Para além da liberdade e da dignidade). Em contraposição ao determinismo skinneriano, enfatizaremos o legado kantiano na obra de Vaz, bem como outras importantes origens e as inovações vazianas em sua filosofia.