Campo na matéria II Aula 4 11 de setembro de 2012 1 Resumem da aula ante- campo magnetizante rior ~ ~ ≡ B −M ~ H µ0 com origem exclusiva no movimento das cargas (corrente real) A fim de explicar o magnetismo observado na matéria Ampère propões a existência de corrente internas, hoje conhecidas como correntes de ampere. Nossos cálculos mostraram que essas correntes de Ampère resultam numa corrente superficial que da origem a o momento magnético responsável pelo magnetismo na matéria ∆µm = im ∆A ˛ ~ · d~s = ic H (2) C ~ tem uma origem Assim vemos que o campo H ~ O física totalmente diferente de o campo B. ~ é produto das correntes resultantes campo H do movimento das cargas (“correntes verdadeiras”) em um meio condutor, enquanto o campo A partir dessa definição foi interessante intro~ B ( ) duzir a magnetização como sendo o momento ~ = µ0 H ~ +M ~ B magnético por unidade de volume resulta da contribuição das correntes verdadeiras e as correntes atômicas. Uma forma de endµm M= dV tender está diferença é dizendo que o campo ~ que mostramos estar relacionado à corrente su- H é um campo de origem externa aplicada ao ~ é o campo medido material, enquanto que B perficial via ~ é o campo próprio no material, entanto que M do material. im = 2πrM (1) Também mostramos que podemos escrever Uma análise mais detalhada da lei de Ampère ~ ~ evidencia que a corrente total pode ter duas uma relação simples entre M e H componentes ~ = χm H ~ M (3) it = i + im as corrente resultante do movimento de cargas onde constante χm é uma grandeza que carateo corrente real e a corrente de ampere, com isso riza o material e recebe o nome de suscetibilise faz necessário introduzir um novo campo, a dade magnética do material. A partir dessa 1 relação se chegou ao seguinte resultado ~ = µH ~ B onde µ = (1 + χm ) µ0 se conhece como permeabilidade magnética (absoluta) do material. As vezes resulta útil também falar da permeabilidade relativa do material Figura 1: Orbita de Bohr. e o momento de dipolo magnético associado a µ orbita e Km = 1 + χm µ0 ˛ 1 ~ ~µ = iA = i · ~r × d~r Finalmente, em base o valor da susceptibi2 C lidade magnética, classificamos os materiais como ~r = ~v dt magnéticos como: ˛ q µ ~= ~r × ~v dt 1. materiais ferromagnéticos: os dipoτ C los magnéticos atômicos tendem a se alinhar uns com outros quando sujeitos a um se m é a massa da partícula, sabemos que o momento linear está dado por p~ = m~v , dessa campo externo. forma 1 1 2. materiais paramagnéticas: os dipolos ~r × ~v = ~r × p~ = ~l m m se alinham ao campo externo aplicado po~ rém não se influenciam mutuamente de onde L é o momento angular. Como o momento angular ser conserva num movimento forma significativa. sob a ação de uma força central 3. materiais diamagnéticos: os momentos ˛ q ~1 são independente entre si, a tendencia dos τ ~µ = l 2m τ C momentos magnéticos é de se alinhar na ¸ direção oposta mas dt = τ , o período da orbita, C ~µ = γ~l 2 Razão giromagnética onde Consideremos um átomo clássico, uma partícula com carga q e massa M descrevendo uma orbita fechada em torno de um ponto O (núcleo), sob a ação de uma força central (força coulombiana). Seja τ o período da orbita, a corrente associada ao movimento da partícula i= q 2m Assim vemos que o dipolo magnético associado a uma corrente de ampère produzida pela circulação de uma carga q na orbita é proporcional ~l, o momento angular da orbita. A constante de proporcionalidade se chama razão giromagnética clássica. Para o caso de um eléγ= q τ 2 tron q = −e e m = me γe = − ser calculado com a teoria quântica. e 2me 3 Resultados quânticos O sinal (-) indica que o momento magnético é O momento magnético associado ao spin está antiparalelo ao momento angular. dado por É interessante fazer referencia a um experi~ ~µs = −2γe S mento realizado por A. Einstein e W. J. Haas ~ é o momento angular de spin. Diferenem 1915 os quais suspenderam um cilindro fino onde S ferro através de uma fibra de vidro, dentro temente de dos momentos angulares clássicos, de um solenoide, imantá-lo (pela passagem de o spin é diferente em alguns aspectos: corrente) e observaram a torção da fibra de 1. Só pode ser medida uma de suas compovidro provocada pela rotação do cilindro. O nentes efeito é bastante pequeno. Eles encontraram um resultado consistente com o que esperavam, 2. A componente medida é quantizada. γ = γe , mas não tinham feito a experiencia com cuidado.l Experiencias feitas alguns anos mais Resultados experimentais (e cálculos analítitarde dessa época mostraram que para mate- cos) mostram que a componente z do spin asriais ferromagnéticos (F e, N i, . . .) que nesses sume os seguintes valores materiais e h 1 γ = 2γe = − Sz = ms , para ms = ± me 2π 2 ou seja, o dobro da clássica. onde ms é chamado número quântico magnéA explicação para esse resultado veio com a tico de spin e h (h = 6, 63 × 10−34 J · s) é a descoberta do spin do elétron. Além do moconstante de Planck. mento angular orbital em relação ao núcleo Com isso, o momento magnético ao longo de atômico, o elétron tem um momento angular zé eh intrínseco, o spin, e como dizemos, comparáµs,z = ± 4πme vel ao de um giroscópio em rotação em torno de seu eixo. A magnetização em materiais fer- O valor absoluto da grandeza do lado direito romagnéticos pe devida quase que exclusiva- se chama de magneton de Bohr: mente ao spin. eh µB = = 9, 27 × 10−24 J/T O momento angular total J~ dos elétrons de 4πme um átomo é a resultante de seus momentos angulares orbitais e de spin, e a razão giromag- dessa forma o momento magnético de spin ao nética correspondente para o átomo como um longo do eixo z é igual a um µB . Como podemos associar um momento magnético ao elétron, então teremos associada uma energia magnética à partícula devido a presença de um campo externo todo é da forma ~µ = gγe J~ onde g é um número positivo da ordem da unidade, conhecido como fator g de Landé e pode ~ ext Ue = −~µe · B 3 O momento magnético associado á orbita do spin esta dado por ~ orb ~µorb = −γ L Resultados quânticos mostram que Lorb,z = ml h 2π para ml = 0, ±1, ±2 . . . (limite) onde ml e o numero quântico magnético orbital Figura 2: Força magnética exercida sobre elétrons atômicos que circulam em (a) sentido hoe limite e o valor máximo permitido. rário (b) anti-horário. Igualmente podemos associar uma energia potencial a este momento ~ ext U = −~µorb · B intenso. Esse efeito é conhecido como diamagnetismo de Lamor. 4 Teoria de Lamor do dia- Sabemos que para qualquer elétron dentro de um átomo, a força elétrica é a responsável pela força centrípeta, assim magnetismo Como já foi mencionado, é possível que um material tenha momento magnético resultante igual a zero. Independente de efeitos térmicos, podemos ter materiais onde o momento linear dos elétrons seja oposto, consequentemente o momento magnético terá sentido oposto, resultando num momento global nulo. Ou termos acoplamento locais de espin resultando num momento magnético nulo. Em qualquer um dos casos mencionado a aplicação de um campo magnético externo pode proporcionar energia ao sistema e alinhar os dipolos numa mesma direção. Ze2 4πε0 ro2 Ze2 = 4πε0 mro3 mr0 ω02 = ω02 (4) Vamos considerar os elétrons descritos na figura 2, os quais giram em sentidos opostos, mas com a mesma velocidade angular dada pela expressão anterior. Os momentos magnéticos estão dados por µ1 = iA (−e) ω0 ( 2 ) πr0 = 2π Quando se aplica um campo magnético externo este interatua com a orbita dos elétrons, devido ao fluxo magnético variável, de forma a se obter um momento magnético induzido. Segundo a lei de Lenz a direção desse momento magnético deve ser oposta à do campo magnético externo, pelo que se obtém uma susceptibilidade diamagnética débil. Esse efeito pode ser ocultado pelo paramagnetismo mais (−e) (−ω0 ) ( 2 ) πr0 2π Até aqui temos considerado que o campo externo B é zero. Ao aplicarmos um campo externo aparece uma força magnética dada por ( ) ~ o que produz um aumento na força q ~v × B centrípeta do elétron a e uma diminuição no µ2 = 4 isto é ωL ω, assim podemos despreciar ωL2 frente a ω 2 em 8, assim elétron b. Assim, para o elétron a temos Ze2 F1 = − − evB = −mr0 ω 4πε0 ro2 ω = ω0 + ωL = ω1 como v = r0 ω para o elétron a, para o elétron b F1 = −mr0 ω02 − er0 ωB = −mr0 ω 2 ω = ω0 − ωL = ω2 para o elétron b Assim, o momento magnético devido ao átomo a na presença do campo externo B é F2 = −mr0 ω02 + er0 ωB = −mr0 ω 2 dividindo por mr02 ambas equações µ1 = ω 2 − 2ωωL − ω02 = 0 (5) er2 (−e) ω1 ( 2 ) πr0 = − 0 (ω0 + ωL ) 2π 2 e para o elétron b e ω 2 + 2ωωL − ω02 = 0 (6) µ1 = onde eB 2m é a frequência de Lamor. Isto implica que o momento magnético total por átomo é (7) ωL = µ = µ1 + µ2 Somando ωL2 a ambos lados da equações 5 = −er02 ωL e2 r 2 B = − 0 2m ω 2 − 2ωωL + ωL2 = ω02 + ωL2 ou seja (ω − ωL ) = 2 ω02 + ωL2 (−e) ω2 ( 2 ) er02 πr0 = (ω0 − ωL ) 2π 2 Se n é o número de átomos por unidade de vo(8) lume, então o momento magnético por unidade de volume, que é a magnetização está dada por De 4 e 7 M = −n √ ωL πε0 r03 =B ω me Z e2 r02 B 2m e como M = χH = χ (B/µ0 ), então M µ0 Usando B = 100T , 1 mol ocupando ≈ 1cm3 ⇒ χ= = nµm H B 6×1022 atomos, assim cada átomo ocupa 1, 7× 10−29 m3 ∼ 2r0 , então é razoável supor r0 ∼ e2 r02 χ = −n ωL −10 1, 3 × 10 m. ω será máxima quando Z seja 2m −12 mínima⇒ Z = 1, com ε0 = 8, 85 × 10 F /m Para um átomo típico n ≈ 6 × 1028 e r0 ∼ e me = 9, 11 × 10−31 kg obtemos que 1, 3 × 10−10 m, onde ωL ≈ 8, 2 × 10−4 ω χm = −1, 8 × 10−5 5 que concorda na ordem de magnitude dos valores mostrado na tabela da aula anterior. Observe que esse susceptividade é independente da temperatura, o que está em acordo com os experimentos. 6