01-03 capa e editorial:Hipersuper 30-01-2015 DISTRIBUIÇÃO 10:42 Página 01 RETALHO Investimento no retalho duplica em 2014 TECNOLOGIA 2014 em revista O investimento imobiliário comercial superou no ano passado a média anual de 600 milhões de euros, dos últimos dez anos, segundo a C&W O último ano foi marcado pelas alterações legislativas nas actividades do comércio e por um avanço na tecnologia, sobretudo de pagamentos, disponíveis no retalho nacional PÁG. 04 PÁG. 10 Objectos e roupas inteligentes Seguindo o rasto à tecnologia, prevemos o quotidiano do futuro consumidor e as ideias revolucionárias que vão fazer parte deste. PÁG. 14 O Jornal de negócios para profissionais da distribuição e produção #319 FEV 2015 www.hipersuper.pt D i r e c t o r a : R i t a Go n ç a l v e s • A n o X X I I I • P r e ç o : 5 . 0 0 e u r o s • M e n s a l p a r a a s s i n a n t e s • U m a p u b l i c a ç ã o W O R K M E D I A ESPECIAL Vinhos e Charcutaria As principais tendências de consumo e as marcas líderes no retalho alimentar, em duas categorias que fazem um casamento perfeito: chacutaria e vinhos pág. 16 MARCAS “Lagar do Marmelo é o melhor do mundo” “Fazem parte da nossa estratégia novas aquisições na Península” PÁG. 30 Nasceu há cerca de um ano e factura 13 milhões de euros. A Brandcare comprou seis marcas de grande consumo à Colgate Palmolive e prepara agora o lançamento de novas fórmulas e embalagens Com 21% de quota de mercado, a Oliveira da Serra foi eleita a “escolha do consumidor 2014/2015”. O Lagar do Marmelo foi consideradado o melhor do mundo. pág. 26 Nuno Tavares, CEO da Brancare EDITORIAL 01-03 capa e editorial:Hipersuper Rita Gonçalves [email protected] 30-01-2015 10:42 Página 02 Fevereiro 2015 DIXIT Marcas portuguesas, com certeza! 1. É portuguesa e nasceu para comprar seis marcas a uma multinacional do sector grande consumo. Por isso, com apenas um ano factura já 13 milhões de euros. Três destas marcas são bem conhecidas dos portugueses e, apesar de nunca terem sido descontinuadas, vão receber agora uma lufada de ar fresco. Trazer valor acrescentado para as categorias de higiene pessoal e limpeza caseira é o objectivo desta recente empresa que exporta a partir do nosso País. Não perca a entrevista na pág.30. 2. Ainda no final do ano passado, o jornal Hipersuper lançou um canal de televisão, com transmissão no nosso site de informação, uma das grandes apostas do grupo Workmedia para este ano. Lançámos duas rúbricas: um programa de entrevistas (Pontos nos I) e um programa de debate (Conversas HS). O nosso primeiro entrevistado foi Âmandio Santos, Presidente da Portugal Foods. Já os protagonistas da primeira edição do debate Conversas foram dois profissionais com provas dadas no sector do grande consumo: João Castro e Pedro Guimarães. Não perca os vídeos em hipersuper.pt ou directamente no Youtube (Hipersuper TV). H “Inovar é transformar conhecimento em valor e é uma aposta fundamental, pois não basta, de todo, produzir conhecimento e ‘papers': é crítico produzir valor, produtos e serviços, pois a inovação não se pode medir em publicações; mede-se, ao invés, em bem-estar, em produtividade e em melhoria da vida das pessoas e das empresas” Luis Reis, CCCO da Sonae, in Diário Económico, 27 de Janeiro 2015 “Nada prova que o TI [Tecnologias de Informação] tradicional é mais seguro do que um serviço na cloud, até porque este último possui à partida mecanismos de segurança mais avançados” Laila Ferreira, Cloud Director da HP, in Expresso, 17 Janeiro 2015 “Angola tem atraído as nossas PME, mas desconhecia-se que, entre as exportações para África, a exposição ao mercado angolano era tão significativa, tal como não se sabia que o mercado moçambicano já era tão relevante para tantas PME portuguesas” Tiago Abade, gestor da PwC, in Expresso, 17 Janeiro 2015 ficha técnica Propriedade Workmedia, Comunicação, SA Propriedade & Editor Workmedia, Comunicação, SA • [email protected] • www.workmedia.pt Conselho de Administração Pedro Corrêa Mendes Director Administrativo e Financeiro Eduardo Portugal Ribeiro Sede Av. Guerra Junqueiro 10 – 6º Esquerdo, 1000-167 Lisboa Directora Rita Gonçalves - [email protected] Redacção Ana Monteiro - [email protected] Fotografia Frame It, Fotolia.com Paginação Paula Dias - [email protected] Publicidade Margarida Magalhães (directora) - 210994189 - [email protected], Teresa Albuquerque (comercial) - 210987574 - [email protected] Venda de informação (assinaturas) Graça Dias - 210992242 - [email protected] Estudo Gráfico Rui Camacho - 210987892 - [email protected] Impressão Fernandes & Terceiro, S.A. - Artes Gráficas, Rua Nossa Sra. da Conceição, 7 2794-014 Carnaxide Periodicidade Mensal Registo no ICS nº 114987 - Depósito Legal nº 44 403/91 Tiragem - 2.500 exemplares Assinatura €60 euros (anual) Reservados os direitos de reprodução, distribuição ou disponibilização a terceiros dos conteúdos publicados. 02 w w w . h i p e r s u p e r . p t 01-03 capa e editorial:Hipersuper 30-01-2015 10:42 Página 03 04-05 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:44 Página 04 photo: D.R. distribuição Fevereiro 2015 Investimento no retalho duplica em 2014. Em 2014, o investimento imobiliário comercial superou a média anual de 600 milhões de euros, dos últimos dez anos. Mais de metade do valor foi aplicado no retalho, o melhor ano de sempre para o sector, com destaque para o comércio de rua Ana Catarina Monteiro mailto:[email protected] E m 2015, vai haver mais tolerância a investimentos de risco devido à “falta de produto prime”, estima o estudo anual da Cushman&Wakefield sobre o mercado imobiliário nacional. Portugal está “mais atractivo” desde a saída “limpa” da troika, em Maio do ano passado. O País está a passar uma “imagem positiva” para o mercado externo, considera Eric van Leuven, Director-Geral da consultora, que aumentou o volume de facturação em 45%, face a 2013. Comparando com o ano transacto, os departamentos com melhores resul- tados em 2014 foram “os de investimento a retalho, que duplicaram a facturação, e o sector de escritórios, que triplicou o seu volume de negócios”. A empresa deu a conhecer os resultados obtidos no ano anterior, além das perspectivas para as actividades a desenvolver em 2015. No último ano, a imobiliária conseguiu dar resposta à subida da procura no mercado português, que “está mais competitivo”. Em 2014, o departamento de investimento da C&W esteve envolvido em mais de 40% das transacções registadas em Portugal, com destaque para a com- 04 w w w . h i p e r s u p e r . p t pra de vários imóveis de retalho e logística, da Blackstone à ESAF, o envolvimento na venda do Freeport, a venda do edifício Chiado 12 em representação da JPMorgan/Imopólis, e a transacção de quatro edifícios para reabilitação urbana. “O último quadrimestre de 2014 viu as primeiras grandes aquisições por parte de alguns fundos de private equity, nomeadamente Blackstone e Meyer Bergman”. COMÉRCIO DE RUA É O SECTOR MAIS DINÂMICO A taxa de desocupação no imobiliário reduziu 12,1% em 2014, com 80% do capital investido vindo do estrangeiro. EUA foi o país que mais apostou em Portugal, com um volume de investimento situado nos 330 milhões de euros, embora a China também tenha estado em destaque. Durante o último ano, Portugal também recuperou os investimentos institucionais, registando uma recuperação generalizada, ao nível de yields, entre os 100 e 175 pontos base (p.b.), face a 2012. Depois de, em Dezembro de 2013, o retalho ter registado o valor mínimo no que concerne ao consumo imobiliário, 56% do capital investido em 04-05 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:44 Página 05 2014 foi injectado dentro do sector, com destaque para os espaços de rua. O investimento no comércio de rua recuperou 100 p.b., o que equivale a um crescimento de 6%, principalmente nas zonas prime de Lisboa, nomeadamente, a Avenida da Liberdade e o Chiado. Pela mão da C&W, abriram a flagship store da Ermenegildo Zegna, e as lojas Cos, Hackett, Hugo Boss, Juliana Herc, Hackett, Tricana, Lacoste e Fendi Collection na Avenida Liberdade, onde as transacções realizadas somaram mais de 4 000 metros quadrados. A Intimissimi, Skunkfunk, BenefitCosmetics, Parisienne, Desatino abriram no Chiado, onde a equipa foi também responsável por várias operações que incluíram a venda da Casa da Sorte, com cerca de 60 metros quadrados e mais 30/40 metros quadrados de cave, a um investidor privado, e consequente arrendamento à marca histórica portuguesa Confeitaria Alcoa. A consultora foi ainda responsável pelos espaços Seaside, Vitrine, Fred Perry, que se instalaram na baixa lisboeta, onde tem trabalhado sobretudo na reabilitação de edifícios. CONSTRUÇÃO DE CENTROS COMERCIAIS EM 2015 O valor médio por negócio foi de 20 milhões de euros, face à média de 15 milhões de euros, na última década. O peso do investimento estrangeiro foi superior ao verificado nos últimos anos, pesando 80% no volume e 70% no número de negócios. Registou-se também um menor distanciamento entre o comércio alimentar e o não-alimentar, e os conjuntos comerciais “recuperaram visitantes e vendas”, com a procura por parte dos retalhistas a dar sinais de retoma, depois da construção ter estado praticamente parada no último ano. Apesar de não terem tido muito espaço para crescer, os centros comerciais registaram uma recuperação de investimento de 6,50%, na casa dos 125 p.b.. O Director-Geral anunciou a “construção de centros comerciais” para dar resposta à procura por parte de “grandes empresas”, que “não encontraram soluções no mercado”, mas escusou-se a revelar quais. Durante o ano que passou, em Portugal registou-se apenas a construção de um centro comercial. A partir da reconversão da galeria Jumbo, da Auchan, surgiu o Alegro Setúbal, no qual a equipa da C&W photo: DR distribuição esteve envolvida na comercialização. No entanto, as rendas “terão que subir para justificar as construções”, o que não deverá acontecer durante o ano, como a consultora prognóstica. “A representação de clientes internacionais continua em crescimento, sendo a Asics o mais recente cliente neste segmento, para a qual foram negociados dois importantes contratos em localizações prime nos centros Colombo e Vasco da Gama”. AVALIAÇÕES AUMENTAM 25% DEVIDO A TURISMO A empresa foi responsável também pela operação de arrendamento do espaço para logística, com 11 100 metros quadrados, da antiga propriedade da Garcias, em Alverca. A equipa de gestão de imóveis gere 37 edifícios de escritórios, seis centros comerciais e quatro unidades logísticas, totalizando cerca de 340 000 metros quadrados de área e um volume anual de rendas de 42 milhões de euros. A seguir ao retalho, o sector de escritórios foi o que registou mais investimento, com 18% do valor total a pesar nesta área, que deverá responder com uma “subida ligeira”, em parte devido à “escassez de oferta de qualidade para grandes ocupantes”. Em 2014, a consultora esteve ainda envolvida no arrendamento de 28 500 metros quadrados de novos escritórios, incluindo a conclusão do arrendamento da Torre Ocidente do Colombo, em Lisboa, a várias entidades. Neste momento, estão em comercialização cerca de 60 000 metros quadrados de escritórios, dos quais se destacam o Étoile 240, Avenida 252, Café Lisboa, Adamastor, Art’s Business Center e Parque Suécia, entre outros. A equipa de avaliações registou uma actividade no valor global de mais de 20 mil milhões de euros, o que equivale a um aumento de 25%, relativamente a 2013. É de salientar o sector do turismo, que teve um incremento de 10% no período homólogo. Fora do País, a empresa realizou diversos estudos de mercado, um pouco por toda a América Latina, como no Chile e Equador, tanto para investidores como retalhistas. POSSIBILIDADE DE NOVOS RECORDES EM 2015 No que diz respeito a previsões para 2015, a consultora estima que o investimento siga a mesma linha, de forma contínua, as rendas mantêm-se e há a possibilidade de se conseguirem novos recordes, com a “retoma de projectos que têm sido adiados”. Novos projectos serão anunciados no final de Fevereiro, sendo expectável que se pretenda “comprar mais”, e que os activos sejam “seguidos por outros com perfil de investimento semelhante”. A C&W prevê ainda cinco transacções de escritórios, já no primeiro semestre do ano. “Encaramos 2015 com renovada confiança embora ainda de forma prudente devido à fragilidade da recuperação económica em Portugal e na Europa, e às tensões geopolíticas. Pelo lado positivo, o excesso de liquidez em muitas geografias e a procura de rendibilidade irão continuar a beneficiar o mercado português que, embora pequeno, periférico, e em recuperação, é também percepcionado como sendo relativamente maduro, transparente e barato. Reabilitar continuará na ordem do dia, facilitado por um regime fiscal um pouco mais favorável e um processo de licenciamento um pouco mais flexível. Quanto aos escritórios, começam a escassear edifícios de qualidade e que ofereçam áreas amplas por piso, nomeadamente na zona do Parque das Nações. No entanto, a promoção de edifícios novos só se justificarão quando as rendas subirem pois ao nível actual a equação financeira não funciona. Prevemos ainda um continuado decréscimo das yields para produto prime, implicando ganho de valor”, conclui Eric van Leuven. H 05 w w w . h i p e r s u p e r . p t 06-09 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:45 Página 06 distribuição Fevereiro 2015 Marketing encontra “agulha no palheiro” da multi-canalidade em 2015. 2014 chegou ao fim e interessa agora perceber quais as mudanças esperadas para o comércio no novo ano. A arte de comunicar com os futuros clientes, sem demonstrar ansiedade em vender, vai estar em destaque em 2015 Ana Catarina Monteiro P ara atender às exigências do mercado moderno, a aposta está na criação e distribuição de conteúdo relevante e valioso, que é precisamente o que faz o marketing de conteúdos. As operações atraem e envolvem um determinado público-alvo, do qual se conhece a forma de pensar e agir, além dos gostos, interesses e estilo de vida. O Fórum Marketing de Conteúdos previu a actividade de mercado que se vai desenrolar ao longo do ano, com o objectivo de levar o consumidor à acção e fazer com que as empresas adquiram um cliente rentável. Muitas são as tendências, catalogadas por seis grandes pontos de interesse: medição, tecnologia, distribuição, personalização, cadeia de abastecimento e estrutura organizacional. 1. MEDIÇÃO Nos Estados Unidos da América, um consumidor adulto passa em média 43 horas do seu tempo por mês numa aplicação móvel ou ‘browser’. No entanto, segundo dados da consultora Nielsen, apenas 39% dos anúncios presentes nas plataformas móveis, atingem o público-alvo. Eficácia é a palavra de ordem para o marketing em 2015 e o segredo está na medição. photo: © Julien Eichinger - Fotolia.com mailto:[email protected] Quando mais aprofundada a informação, maior a eficácia das campanhas O sucesso de uma campanha, ou de qualquer outra actividade de âmbito comercial de uma empresa, depende cada vez mais da forma como se trata a informação. Para aumentar a visibilidade junto dos públicos-alvo é necessário analisar detalhadamente o consumidor, planear as estratégias e, acima de tudo, medir os resultados de forma a tornar as estratégias mais e mais eficazes, quanto à receptividade pelo público. Segundo a empresa de marketing de conteúdos Return on Now, cujo Fundador é Tommy Landry, “em 2015, os negócios devem necessariamente envolver o planeamento e medição de conteúdos”. Laudry considera que ainda há muitos especialistas que “não compreendem o valor do marketing de conteúdos”, o que acontece quando 06 w w w . h i p e r s u p e r . p t “estratégias, meta e métrica de marketing ainda não estão bem definidas”. Depois de medir e analisar o mercado, a estratégia a assumir está mais livre de erros de cálculo. O planeamento estratégico especializado é factor determinante para que as iniciativas alcancem o sucesso pretendido. O Presidente da agência de marketing norte-americana Anvil Media, Kent Lewis, afirmou que, como os utilizadores das redes sociais estão a tornar-se cada vez mais sofisticados, a nível de soluções tecnológicas que simplifiquem e aumentem a velocidade com que se recebe a informação, “as opções de publicidade para uma segmentação de público ficam cada vez mais estreitas e focadas”. Lewis partilha também a opinião de que, em 2015, a informação vai ter um importante papel nos negócios. “Cresce a inclusão de dados “psicodemográficos” nos relatórios das pla- taformas de análise, que vão garantir mais informação e ajudar na segmentação das estratégias de marketing das empresas”. O advogado de análises da Google, Adam Singer, revelou, por sua vez, que a empresa lançou o MOOC (Massive Open Online Course) como um “recurso grátis e robusto”para ajudar os especialistas de marketing a obterem sucesso. A variedade de meios e canais de suporte criam ainda mais pressão sobre as equipas de trabalho, para quantificarem os seus esforços no meio digital. Com a tecnologia, o mercado exige mais análise. Algumas marcas já formalizaram os esforços nas operações, ao nível da medição. 2. TECNOLOGIA O marketing de conteúdos e as equipas de trabalho deste departamento vão unir forças em 2015, utilizando as 06-09 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:45 Página 07 distribuição Wearables, sistemas de mapeamento e codificação aproximam o online do offline Kurt Andersen, Director de Marketing na empresa de tecnologia Savo, pensa que em 2015 as decisões de marketing, tomadas por instinto, chegaram ao fim. “Tudo o que os especialistas em marketing fazem no mundo digital pode agora ser rastreado desde o primeiro click, seguindo todo o processo até ao momento em que fecham um acordo. Aqueles que não aceitarem primeiro este facto, não terão sucesso”. A tecnologia disponível faz com que as estratégias de marketing de conteúdos sejam mais criativas, inteligentes e segmentadas. Para potenciar o negócio, mais do que perceber exactamente como uma determinada tecnologia funciona, é necessário perceber quais as potencialidade de cada uma. O Director de E-commerce e Marketing da Saint-Gobain Distribution Denmark, Christian Agger, acredita que, em 2015, os sistemas de marketing vão começar a oferecer “originais modelos de previsão”, que vão ajudar os especialistas a encontrar a “agulha no palheiro”. Desta forma, o foco principal das operações de marketing passa a incidir apenas na construção e optimização de campanhas, baseadas na relevância, conveniência e na introspecção do consumidor. Agger sublinha ainda que, em 2015, as empresas vão “investir em tecnologia “wearable”, além de desfrutarem mais do iBeacon (sistema de mapeamento da Apple), o que vai trazer uma melhor experiência omni-canal, além de aproximar, ainda mais, os mundos online e offline”. Por sua vez, Jason Miller, Senior Manager da Content Marketing & Marketing Solutions, considera que o conhecimento de codificação será “uma necessidade”, que os especialistas em marketing digital devem juntar ao seu currículo. Sendo que a codificação pode influenciar, enfraquecer ou optimizar a estratégia de marketing da empresa, a “próxima maisvalia de um especialista de marketing será habilidade em perceber todo o processo de desenvolvimento de uma plataforma web”. 3. DISTRIBUIÇÃO (DE CONTEÚDOS) As empresas vão investir mais em promoção, em 2015, e dedicar mais photo: © maxsim - Fotolia.com novas tecnologias para melhor gerir o investimento, o que vai aumentar o impacto das operações. “Tudo o que os especialistas em marketing fazem no mundo digital pode agora ser rastreado desde o primeiro click, seguindo todo o processo até ao momento em que fecham um acordo. Aqueles que não aceitarem primeiro este facto, não terão sucesso”, Kurt Andersen, Director de Marketing na empresa de tecnologia Savo tempo na optimização das prestações nas plataformas móveis. Os conteúdos específicos nos canais que lhes garantirem mais potencial “Muitas marcas não chegaram ainda ao ponto em que tudo o que fazem passa pelas plataformas móveis. O digital é visto como apenas mais um canal. 2015 é seguramente o ano do mobile”, considera Jen Gray, VP, Marketing & Creative, da HelloWorld. Assim como o responsável, os especialistas partilham a opinião de que este ano as empresas devem trabalhar as suas plataformas móveis e deixar que os outros canais se desenvolvam a partir destas. O consumidor já não distingue a experiência digital, encarada tão naturalmente quanto uma experiencia física. A informação deve estar distribuída nas diferentes plataformas e, para isso, é necessário aproveitar a “passagem da palavra” que as redes móveis garantem, o que faz com que alcancem, de forma quase instantânea, outros canais e, consequentemente, outros públicos. Hoje em dia, vemos, frequentemente, publicitários e utilizadores comuns a partilharem vídeos do Youtube no Facebook. “Em 2015, o Facebook corre o risco de produzir efeitos negativos, com o excesso de notícias e informação partilhada, levando os utilizadores a recorrerem mais facilmente a outras plataformas, como o Google”, disse Karyn Gavzer, consultora da empresa KG Marketing & Training. Os dispositivos móveis fazem a informação circular e produzem por si só mais informação, acerca do cliente. As empresas vão dar prioridade a sistemas de análise a partir destes aparelhos, garantindo mais autonomia nas tecnologias, para oferecer experiências aos consumidores, com base na relevância, personalização e localização. Informações que estão disponíveis facilmente, a partir do momento em que o consumidor utiliza as plataformas digitais no smartphone, tablet ou outros equipamentos. “A introdução do Apple Pay ou de outras soluções de pagamento a partir da tecnologia NFC (Near Field Communication), combinados com os sistemas de geolocalização, fazem com que as acções de marketing “one to one”, em tempo real, se tornem possíveis. Os especialistas já podem utilizar as variáveis de tempo , proximidade e personalidade para criar ofertas mais competitivas que incrementem as vendas”, declarou Eric Lent, Chief Marketing & Consumer Technology Officer, da Herschend Family Entertainment. No final de contas, os técnicos de marketing têm que pensar em “multiplataforma, multi-canal, multi-dispositivos e multi-pontos de contacto”, como concluiu Tom Shapiro, CEO da StrataBeat. 07 w w w . h i p e r s u p e r . p t >>> 06-09 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:45 Página 08 distribuição Fevereiro 2015 >>> 4. PERSONALIZAÇÃO O Marketing de conteúdos começa na personalização em 2015. O objectivo é fazer chegar um certo conteúdo à pessoa correcta, no tempo, espaço e formato mais convenientes. Adequação e conveniência da informação a cada pessoa marcam o marketing do futuro De acordo com o estudo “Digital Roadblock: Marketers Struggle to Reinvent Themselves”, a personalização é a primeira capacidade do marketing no futuro. As empresas que “oferecerem experiências personalizadas aos consumidores vão conseguir mais receitas”, desempenhando performances mais competitivas, Facebook, e outras B2B (business to business), estão a impulsionar as expectativas do consumidor, de forma a que se comprometam mais com as marcas, a um nível personalizado”, relatou Steven Cook, Fundador da plataforma FortuneCMO.com. Brian Honigman, Consultor de Marketing da Honigman Media, afina pelo mesmo diapasão. Em declarações à Forbes sublinhou que “aqueles que não optimizarem constantemente os seus conteúdos ao longo das várias plataformas, atendendo às especificidades de cada comunidade e plataforma e transmitindo uma mensagem consistente da marca, vão-se perder no futuro”. O consultor considera que interessa às empresas “enquanto a maioria das marcas continua a focar-se essencialmente no digital, as mais inteligentes percebem que é muito mais fácil acabar com a desordem ao alavancar o jornal, onde não se vê tanta concorrência como nas restantes plataformas”, Joe Pulizzi, Fundador do Content Marketing Institute A personalização parte do conhecimento de cada consumidor. As características humanas passam a estar em destaque no apelo à compra. Os interactivo”, disse Doug Kessler, Director Criativo da Velocity Partners. A mesma opinião tem Pam Didner, Autor da Global Content Marketing. “A maior transformação ocorre nos técnicos de marketing, que voltam às origens ao terem que avaliar as audiências em cada segmento e determinar o que funciona e o que não”. As marcas têm que finalmente aceitar que perguntar aos consumidores como é que querem ser abordados é a melhor forma de os conhecerem. Há ainda quem sugira que para uma maior aproximação do público, em termos de personalidade, o nível de conhecimento e relacionamento com a equipa de trabalhadores de uma empresa é fundamental. Por isso, Jay Baer, Fundador da Convince & Convert, considera que “2015 é o ano dos conteúdos corporativos”. Frente à necessidade de produzirem mais e mais conteúdos, a resposta das empresas está na “descentralização da produção de conteúdos”, que deixa de ser feita apenas pelos especialistas em marketing. “Como a produção de conteúdos depende de uma perspectiva de utilizador, as iniciativas dentro da empresa expandem a estratégia”. photo: © vlights - Fotolia.com 5. CADEIA DE ABASTECIMENTO Como se vão comportar as empresas em cada um dos canais? Que meios vão privilegiar? Em 2015, o marketing associa-se ao jornalismo para impulsionar o perfil multi-plataforma, pretendido pelas empresas. garante a Adobe. “A comunicação de pessoa para pessoa vai dominar este ano. Operadoras B2C (business to consumer), como a empresa que oferece televisão via internet Netflix, a Amazon ou o “assegurarem que um pedaço do que produzem mora em cada canal, num formato que garanta maior visibilidade possível, de forma a que a empresa consiga agir mais rapidamente e repetir mais resultados”. 08 w w w . h i p e r s u p e r . p t conteúdos de cariz emocional são assim uma tendência, como também a interactividade. “Os orçamentos vão estar virados para a criatividade destinada à promoção, vamos assistir ao retorno do email e à elevação do Marcas deixam de pagar à comunicação social e passam a ter os seus próprios suportes Focada na empatia e na experiencia do consumidor, a indústria procura os recursos ligados directamente ao público. O jornalismo é caso disso, tendo também a vantagem das publi- 06-09 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:45 Página 09 photo: © underdogstudios - Fotolia.com distribuição cações estarem direccionadas para os vários nichos de públicos, consoante os interesses. Para acelerar a distribuição de conteúdos, as empresas deixam de pagar por publicidade nos jornais e especializam-se em jornalismo, sendo donas da própria produção. Editores das publicações serão recrutados pelas marcas, com “as empresas de tecnologia a dominar”. Para Joe Pulizzi, em 2015 vão surgir edições impressas, produzidas pelas próprias marcas. O Fundador do Content Marketing Institute reconhece que “enquanto a maioria das marcas continua a focar-se essencialmente no digital, as mais inteligentes percebem que é muito mais fácil acabar com a desordem ao alavancar o jornal, onde não se vê tanta concorrência como nas restantes plataformas”. A publicidade inerente às publicações editoriais das marcas ajuda transportar mais audiência para o negócio, sobretudo nos mercados mais segmentados. Pulizzi pensa também que “médias e grandes empresas vão começar a comprar a media especializada em nichos de “A palavra de ordem é agilidade”, disse Peter D. Moore, Presidente da Wild Oak. “Os profissionais têm que mudar a forma como encaram o trabalho para combinarem com o intenso mercado digital” mercado, uma vez que estão sedentos por criar relações reais com os seus segmentos de público”. Neste sentido, as marcas deixam de ver a produção de conteúdos no marketing como “campanhas”, estendendo a comunicação a processos mais inteligentes e prolongados, sendo que os conteúdos estão constantemente a serem produzidos. 6. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Os profissionais de marketing devem quebrar barreiras entre as equipas e departamentos, de forma a criar uma verdadeira presença no marketing digital. Uma boa dinâmica de grupo produz mais rentabilidade e confiança A estrutura é a base de uma empresa que, quando mais organizada estiver, maior dinamismo operações, além de maior rapidez no processamento dos conteúdos. As equipas de marketing necessitam de encontrar a estrutura organizacional correcta, promovendo a colaboração interna para maior eficácia dos trabalhos realizados. “A palavra de ordem é agilidade”, disse Peter D. Moore, Presidente da Wild Oak. “Os profissionais têm que mudar a forma como encaram o trabalho para combinarem com o intenso mercado digital”. A colaboração é fundamental entre as equipas, que actualmente estão em constante pressão pelo mercado. Às empresas é exigido crescimento, o mais rápido que consigam. Como resultado, procuram formas de melhorar a sua performance no mercado, dirigindo-se no caminho da colaboração interna, que permita ciclos de planeamento de menor duração, a utilização dos sistemas interactivos para uma maior aproximação. Mesmo se os indivíduos integrados nas equipas se tornarem mestres do marketing digital, a empresa vai cair se não forem capazes de trabalhar juntos. O CEO da Curata, Pawan Deshpande, considera que, neste caminho, “em vez de tentar publicar o máximo conteúdo, o mais rápido possível, estamos a mover-nos em direcção a um sistema de marketing sustentável e confiável”. O responsável revelou que a empresa está a construir uma cadeia de abastecimento de conteúdos (internos e externos). Para isso, “mantém contacto próximo entre as diferentes equipas de trabalho”, tanto as ligadas à publicidade como as de ‘social media’, que funcionam como “distribuidoras de conteúdos”. H 09 w w w . h i p e r s u p e r . p t 10-15 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:46 Página 010 distribuição Fevereiro 2015 2014 em revista. O último ano foi marcado pelas alterações legislativas nas actividades de comércio e por um avanço na tecnologia, sobretudo ao nível das soluções de pagamentos, disponíveis Ana Catarina Monteiro mailto:[email protected] P assamos a pente fino o ano de 2014 no sector da distribuição, num texto dividido em três temas: legislação, tecnologia e insígnias. ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO DO COMÉRCIO Fevereiro – Entrada em vigor das PIRC A 25 de Fevereiro de 2014 entrou em vigor o regime jurídico que impôs regras às práticas comerciais entre a distribuição e os fornecedores. O diploma das Práticas Individuais Restritivas do Comércio (PIRC) surgiu para combater os conflitos entre retalhistas e pequenos produtores. A distribuição representava, em Fevereiro do ano passado, cerca de 80% do comércio agro-alimentar e era dominado por dois grupos de distribuição com 50% de quota de mercado. Com o objectivo de garantir mais transparência nas relações comerciais e assegurar que os preços praticados fossem os mais justos para toda a cadeia de abastecimento, o regulamento gerou polémica junto dos distribuidores, que anunciaram “impactos negativos”. Apesar de o Governo a considerar um impulso para as exportações, a APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição) solicitou de imediato a revisão do regime, alegando que “as normas em causa do são fonte da maior turbulência no sector, alimentar e especializado, e geradoras de elevadíssima incerteza jurídica, a pior ‘inimiga’ da Economia”, pela voz de photo: © Natalia Merzlyakova - Fotolia.com no retalho nacional Ana Isabel Trigo Morais, Directora-Geral da associação. Junho - Agenda para a Competitividade do Comércio Mas as alterações ao sistema legislativo do comércio não ficaram por aqui. Em Junho do ano passado, o Governo aprovou um conjunto de 36 medidas com o objectivo de fazer com que os sectores do comércio, serviço e restauração “liderem o processo da retoma económica” até 2020, informou o ministério da Economia. Com a Agenda para a Competitividade do Comércio, Serviço e Restauração (ACCSR) 2014-2020, o Governo pretende aumentar os trabalhadores com altas qualificações no comércio e serviços para 28% (em 2013 o valor era de 23%), colocar a exportação de serviços a representar 14% do PIB e aumentar as empresas do comércio que recebem encomendas via Internet para os 35% (21% em 2013). Entre as medidas, destacou-se o apoio governamental a projectos de qualificação comercial que apostassem no emprego e que modernizassem os centros urbanos com oferta de proximidade. O incentivo à modernização do 010 w w w . h i p e r s u p e r . p t comércio foi de 40 milhões de euros, “20 milhões em incentivos mais 20 milhões de linha de crédito para estes projectos em ambiente rural e urbano”, explicou o ministério acerca da nova fase da Comércio Investe. As medidas previam ainda a introdução do livro de reclamações electrónico, a revisão do código da publicidade (adequado à economia digital e ao comércio electrónico) e a criação de processos de contratação. Dezembro – Lei da Fiscalidade Verde Já no final do ano, reacenderam as contestações dos comerciantes, desta vez por causa da Lei da Fiscalidade Verde, que vai aumentar as taxas sobre os sacos de plástico à venda ao público, que passam a custar dez cêntimos em Fevereiro. Neste momento, decorre o período de adaptação do comércio à nova lei, cujas contribuições revertem para a Autoridade Tributária e Aduaneira. Dezembro – Novas regras para a informação nos rótulos As novas regras relativas à declaração nutricional obrigatória em todos os géneros alimentícios pré-embalados, entram em aplicação apenas no final de 2016. No entanto, em Dezembro do ano passado, entrou em vigor a legislação relativa à prestação de informação nos rótulos, sobre os géneros alimentícios. Todos os estabelecimentos de restauração e cafetaria, desde as grandes empresas fornecedoras de estabelecimentos públicos (como escolas, hospitais, entre outros), ou empresas privadas, até aos estabelecimentos mais pequenos, são obrigados a prestar informação sobre os alergénios dos alimentos confeccionados e vendidos ao público. Nos produtos embalados ou pré-embalados, os alergénios passaram a ser destacados na própria lista de ingredientes, em vez de ter um resumo à parte. Na restauração e cafetaria, os estabelecimentos são obrigados a apresentar, de forma visível, a indicação de que dispõem da informação sobre os alergénios dos produtos à venda, assim como capacidade para responder aos clientes interessados. A lista de substâncias ou produtos que provocam alergias ou intolerâncias apresentada pelo Regulamento é constituída, nesta fase, por 14 alimentos e derivados com potencial 10-15 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:46 Página 011 alérgico, embora possa vir a ser alterada, à medida que novas informações forem surgindo. A lei indica ainda que os rótulos dos produtos têm que apresentar uma dimensão mínima de caracteres com vista a facilitar a leitura. Também nas vendas à distância, como a via online, são obrigados a disponibilizar toda a informação relativa ao género alimentício. A data de congelação da carne, preparados de carne congelada e produtos de pesca congelados não transformados, passa também a ser obrigatória, além da indicação da origem para todas as carnes (fresca, congelada, refrigerada, mesmo que picada e bovino). Esta regra entra em vigor a 1 de Abril 2015. Outra das alterações da declaração nutricional é que o sódio passa a aparecer como “sal”, embora possa ser complementado com a declaração de que o teor de sal se deve exclusivamente à presença natural de sódio. As declarações acerca de vitaminas ou sais minerais que não representem mais de 5%, não podem ser incluídas na informação nutricional, sendo que a referência ao colesterol deixa de ser permitida. O consumidor passam, assim, a ter “acesso a mais informação, mais clara, precisa, objectiva e assim poderá passar a fazer escolhas mais informadas”, como sublinhou Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas. TECNOLOGIA NO RETALHO NACIONAL Outubro – Primeiro ATM de bitcoins em funcionamento Em 2014, o primeiro ATM de bitcoins em Portugal começou a funcionar no centro comercial Saldanha Residence, em Lisboa. Na véspera da inauguração da máquina, que converte euros na moeda digital, o Banco photo: © mdorottya - Fotolia.com distribuição Em Junho do ano passado, o Governo aprovou um conjunto de 36 medidas com o objectivo de fazer com que os sectores do comércio, serviço e restauração “liderem o processo da retoma económica” até 2020 de Portugal emitiu um alerta a relembrar os consumidores para “os riscos de utilização e de comercialização de moedas virtuais”. A bitcoin é a primeira moeda electrónica com um software próprio oficial. A rede onde é distribuída é apenas composta por utilizadores, o que lhe confere uma base de segurança e liberdade. Nenhum banco ou processador de pagamentos é necessário para transaccionar a moeda, como é referido na página da Bitcoin Portugal. A alternativa aos meios de pagamentos convencionais permite pagar com qualquer dispositivo, e através de SMS, e-mail, redes sociais, com o telemóvel ou pessoalmente. Com este modo de pagamento é possível vender para qualquer parte do mundo e o comerciante pode ainda controlar as devoluções. Todas as tarefas são geridas pela rede, onde não existe nenhuma autoridade a controlar as transac- ções. Esta autonomia faz com que nenhum utilizador corra o risco de a sua conta ser bloqueada. Actualmente, mais de 21 mil estabelecimentos comerciais já dispõem de sistemas de pagamento através de bitcoins, via Coinbase, em todo o mundo. Alguns gingantes do retalho, como a Amazon, Overstock, CVS e Expedia, já adoptaram o sistema de pagamento, que transporta o dinheiro para o mundo virtual. A opção está a difundir-se rapidamente pelos pontos de vendas de todo o mundo. Durante o ano passado, a Overstock decidiu, inclusivamente, passar a pagar os bónus aos seus colaboradores com as moedas electrónicas. Segundo a Mashable, um indicador significativo que dá conta da evolução é o valor das transacções de 011 w w w . h i p e r s u p e r . p t >>> 10-15 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:46 Página 012 distribuição Fevereiro 2015 >>> bitcoins, durante os dias da Black Friday e da Cyber Monday. Em 2013, o número escalou de 99 (US) dólares, transaccionados em bitcoins em 2012, para os 6 296 dólares, na Black Friday. Por sua vez, 487 milhões de dólares foram transaccionados no dia de promoções, dedicado ao e-commerce. Em Novembro de 2013, o valor de cada bitcoin Ainda durante o mês de Outubro do ano transacto, a SIBS lançou o serviço MB WAY, que permite fazer compras e transferências bancárias instantâneas através de smartphone ou tablet, com sistema iOS ou Android, de forma segura, simples e cómoda. O ANO DOS GRUPOS DE DISTRIBUIÇÃO Janeiro - DIA abre primeiras lojas Clarel em Portugal A DIA Portugal inaugurou, no início nos, com uma área de vendas entre os 160 e os 260 metros quadrados, com um sortido de produtos com aproximadamente 5 000 referências”, organizado em seis secções: beleza, de 2014, as primeiras lojas da insígnia Clarel, cadeia de distribuição especializada na venda de produtos de cuidado pessoal, higiene, beleza e do lar. Lisboa, Odivelas e Vila Nova de Gaia receberam as primeiras quatro unidades da insígnia do Grupo Dia, fruto da aquisição da rede de lojas Schlecker, na Península Ibérica. No início de Fevereiro, foram inauguradas mais quatro lojas. Os estabelecimentos apostam numa “imagem moderna, funcional e agradável, estão localizadas em centros urba- higiene, infantil, animais, drogaria e alimentação. Actualmente, a insígnia tem 50 lojas em Portugal. photo: © fgnopporn - Fotolia.com SIBS lança solução de pagamentos móveis Ainda durante o mês de Outubro do ano transacto, a SIBS lançou o serviço MB WAY, que permite fazer compras e transferências bancárias instantâneas através de smartphone ou tablet, com totalmente seguro “porque o utilizador não tem de partilhar os seus dados bancários com o comerciante ou com o destinatário da transferência. Além do PIN que é sempre usado para validar as operações, é definido um montante máximo de utilização diário”. Como explicou Luís Flores, o serviço representa a “evolução natural do Multibanco e funciona como mais um canal para que os clientes bancários façam compras e transferências. sistema iOS ou Android, de forma segura, simples e cómoda. A empresa garante que o serviço está totalmente disponível a partir de Abril de 2015. “Trata-se da primeira solução de pagamentos móveis do sistema bancário português para fazer compras e transferências instantâneas, utilizando apenas o número de telemóvel ou email”, explicou Luís Flores, Administrador do Grupo SIBS. Com o MB WAY, basta introduzir o número de telemóvel ou o email para fazer a compra ou transferir dinheiro de forma instantânea. O serviço é 012 w w w . h i p e r s u p e r . p t Julho - Auchan abre primeira clínica de ‘telemedicina’ em Portugal O grupo Auchan, em parceria com uma empresa externa, abriu em Julho do ano passado, uma clínica médica, junto do Jumbo em Almada. A cadeia francesa queria avaliar a prestação do conceito, no qual um enfermeiro atende doentes sem marcação entre as 10 horas e as 24 horas, com o custo de 30 euros, sendo que o contacto com o médico é feito através de sistemas de telemedicina ou videoconferência. Para um serviço de saúde rápido e acessível, a Clínica do Centro dispõe de um enfermeiro para a colheita de sinais e sintomas, enquanto o médico faz o diagnóstico e a proposta de tratamento. A Saúde 3.0, que já havia estabelecido uma parceria com o grupo para os espaços de saúde, bem-estar e ópticas, ficou responsável por explorar o modelo de negócio. A Ordem dos Médicos (OM) pediu entretanto esclarecimentos à Entidade Reguladora da Saúde e à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo sobre as condições de licenciamento do projecto, que acredita ser uma “forma de vender gato por lebre e transformar a medicina num mero comércio, que será potencialmente prejudicial”. A entidade veio a público ameaçar instaurar processos disciplinares a todos os médicos que estejam a praticar “em primeira linha” a telemedicina em clínicas instaladas em espaços comerciais. Na perspectiva dos médicos, “associar a prestação de cuidados médicos a uma actividade de comércio a retalho constitui uma flagrante violação deontológica da profissão e a definitiva imposição de um modelo mercantilista na saúde”. No entendimento da OM, “a situação viola de forma objectiva os artigos 94º a 97º do Código Deontológico da Ordem dos Médicos (CDOM), que regulam a utilização da telemedicina, e não cumpre o dever de protecção de dados e confidencialidade defendido pela Comissão Nacional de Protecção de Dados. No entanto, há quem entenda que não tarda muito para este ser um modelo de negócio comum na sociedade. A oferta de serviços médicos nos supermercados é uma tendência internacional e começou nos Estados Unidos, em gigantes como a Walmart e a Target. Sem centros de saúde ou urgências hospitala- 10-15 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:46 Página 013 distribuição “Na morada certa, pode poupar € 350 por ano” revelou a organização sem fins lucrativos que, entre Julho e Setembro do ano passado, analisou mais de 40 mil preços para dois cabazes, sendo que cada um correspondia a um tipo de consumidor. Ao todo, foram seleccionados 83 produtos de características definidas, para um consumidor que privilegia as marcas de fabricante mais vendidas ou para quem combina marcas de fabricante com outras igualmente A Deco apurou ainda que o Pingo Doce aproximou-se do Jumbo e ultrapassou o Continente com os preços mais baixos. 78 concelhos do País e quatro lojas online foram analisados. Globalmente, os preços do hipermercado do grupo Auchan são em média 11% mais baratos do que a cadeia que ocupa o último lugar do ranking, a SPAR. Agosto - Continente estreia listas de compras através de códigos de barras O Continente, do grupo Soane, foi a primeira marca do retalho a lançar uma aplicação que permite criar listas de compras, automaticamente e em qualquer lugar, através da leitura dos códigos de barras dos diferentes produtos. A aplicação é ainda a única em Portugal. “O funcionamento é simples. Para a utilizar, o cliente necessita de ter instalada no seu smartphone a aplicação Listas Continente.pt. Em seguida, basta ler o código de barras do produto que pretende e adicioná-lo à sua lista de compras. A grande vantagem é que o pode fazer em qualquer local, como por exemplo na comodidade de sua casa. Uma simples ‘visita’ à dispensa ou ao frigorífico permitirá ao cliente identificar os produtos que estão a terminar, ler os códigos de barras das embalagens e adicionar os respectivos produtos à lista de compras. Depois de criada a lista, o utilizador pode, em qualquer altura, enviá-la para o carrinho da loja online. Por fim, só tem de aceder à loja online no seu computador, finalizar a encomenda e aguardar pela entrega em casa”, explicou o grupo em comunicado. A aplicação encontra-se disponível gratuitamente para os sistemas operativos iOS e Android. Mas as novidades da Sonae não se ficaram por aqui. Já no final do ano, a retalhista lançou um novo formato de negócio, virado para os animais. Dezembro – Novo conceito de loja Sonae A primeira loja ZU abriu na galeria do Continente de Matosinhos, no Porto, em Dezembro de 2014. O projecto nasceu com o objectivo de responder à necessidade das famílias em encontrar produtos e serviços especializados para cães e gatos. Com o novo conceito de ponto de venda, a Sonae, que detém a cadeia de hipermercados Continente, passou a comercializar “uma alargada gama de produtos das melhores marcas”, no que concerne a alimentação, produtos de higiene, têxteis, brinquedos e acessórios para cães e gatos. Para já, a retalhista não prevê, ainda, a expansão geográfica do modelo de photo: D.R. res acessíveis a qualquer cidadão, o conceito ganhou fama por todo o mundo, à excepção da Europa. negócio mas já pensa no aumento da oferta. O grupo prevê o “alargamento da actividade a curto prazo”, e pretende passar a disponibilizar outros tipos de serviços para os animais, sendo que está confirmado um alargamento da oferta “ainda no primeiro trimestre de 2015”, com o lançamento de serviços veterinários, banhos, tosquias e treinos. A insígnia promete revolucionar este segmento de mercado, proporcionando importantes mais-valias, que o grupo prevê que atinjam o reconhecimento das famílias, brevemente. Marcas próprias da Sonae ganham 10 novos destinos O ano foi positivo para o grupo, que além de alargar a oferta ganhou mais destinos para onde exportar os produtos. A retalhista alargou a actividade internacional durante os primeiros nove meses de 2014, aumentando a exportação de produtos na área alimentar. Ao todo, dez geografias foram acrescentadas ao portefólio de operações, o que fez com que “o volume de exportações aumentasse significativamente face ao mesmo período do ano anterior”, segundo Luis Moutinho, CEO da Sonae MC.. A aposta da Sonae MC no “wholesale” destaca os produtos das marcas por si desenvolvidas, nomeadamente a Continente, a Continente Gourmet, a É Continente, a Área Viva, a Entre os mercados de exportação estão Cabo Verde, China Continental, Chipre, Croácia, Eslovénia, Macau, São Tomé e Príncipe, Sérvia, Tailândia e Timor, entre outros. Novembro – Jumbo continua a ser o mais barato Depois de visitar 500 supermercados, em todos os distritos de Portugal, a Deco Proteste verificou que o Jumbo tem os preços mais baratos. Dezembro – Intermarché entrega prémios à produção nacional A cadeia de hipermercados Intermarché lançou um concurso para premiar os três projectos que melhor combinaram inovação, sustentabilidade e respeito pelas origens, em Portugal. Os vencedores da primeira edição do Prémio Intermarché Produção Nacional foram conhecidos numa cerimónia, no Centro Cultural de Belém. A Atlantic Sun Farms Portugal, na categoria de Legumes e preparados de legumes, a Cooperfrutas – Cooperativa de Produtores de Fruta e Produtos Hortícolas de Alcobaça, na categoria de Frutas e preparados de fruta, e a Fio Dourado – Transformação e Comercialização de Produtos Olivícolas, na categoria de Produtos Processados, foram as empresas vencedoras. O Intermarché assegurou o escoamento dos produtos dos premiados, durante um ano, sendo que a margem é repartida entre o produtor e a cadeia de distribuição, que garantiu também a visibilidade dos projectos e dos produtos em diversos meios, incluindo em loja. A primeira edição do Prémio Intermarché Produção Nacional contou com o Apoio Institucional do Ministério da Agricultura e do Mar e do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, e teve como parceiros associados a Confederação dos Agricultores de Portugal, a Faculdade de Medicina Veterinária, o Instituto Superior de Agronomia e a Quercus. H 013 w w w . h i p e r s u p e r . p t 10-15 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:46 Página 014 distribuição Seguindo o rasto à tecnologia, conseguimos prever como será o quotidiano do futuro consumidor e as ideias ‘revolucionárias’ que vão fazer parte deste. Há mudanças radicais nos Objectos, casas e roupas inteligentes. Assim será o futuro para o consumidor. photo: © lassedesignen - Fotolia.com hábitos dos consumidores. Fevereiro 2015 Ana Catarina Monteiro mailto:[email protected] A Ericsson é uma operadora que desenvolve software de comunicação e, ao longo do ano de 2014, desenvolveu vários estudos através da sua plataforma ConsumerLab Analytical, que permitiram prever o comportamento do consumidor nos próximos anos. Os inquéritos, realizados a proprietários de smartphones com sistemas iPhone e Android, permitiram descobrir que os consumidores prevêem um futuro com muitas mais facilidades provocadas pela tecnologia, desde a gestão de contas até ao aumento da longevidade humana. As informações foram recolhidas a Os inquéritos, realizados a proprietários de smartphones com sistemas iPhone e Android, permitiram descobrir que os consumidores prevêem um futuro com muitas mais facilidades provocadas pela tecnologia partir de amostras que vão desde os cerca de 5 000 até aos mais de 9 000 indivíduos, de países como Brasil, China, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Estados Unidos da América, Reino Unido, México, Rússia, África do Sul, Austrália, Japão, entre outros. 014 w w w . h i p e r s u p e r . p t 1. TRANSMISSÕES ONLINE O ‘download’ de conteúdos está cada vez mais em desuso. O excesso de oferta faz com que os consumidores consigam alcançar a informação, que fluiu directamente dos canais, sem necessidade de ocupar espaço na memória dos dispositivos. Actualmente, três quartos da população mundial já assiste regularmente a vídeos em streaming. As previsões apontam para que, em 2015, mais pessoas assistam a vídeos via stream, sem armazenar a informação no próprio computador. O número de utilizadores cresce em relação à televisão, sendo que cada um, pelo menos uma vez por semana, consome conteúdo audiovisual online. 2. CASAS INTELIGENTES Cerca de metade dos proprietários de smartphones gostaria de ter à dis- 10-15 distribuicao:Hipersuper 30-01-2015 10:46 Página 015 distribuição 3. PERCEPÇÃO TECNOLÓGICA Mais de dois terços da população mundial acredita que, em 2020, a tecnologia ‘wearable’ estará bem presente na sociedade. As análises recolhidas durante o último ano mostram que a ideia de acessórios de moda ou peças de vestuário, que se fundem com dispositivos tecnológicos, agrada a 40% dos proprietários de smartphones no mundo. Os indivíduos representados nesta percentagem gostariam ainda que este tipo de roupa inteligente lhes permitisse comunicar mentalmente com as outras pessoas. 4. SERVIÇOS ÚTEIS Mais de 70% dos proprietários de smartphones acredita que mapas que apresentem o volume de trânsito nas estradas, aplicações que comparam uso de energia e verificadores de qualidade da água vão tornar-se comuns daqui a cinco anos. Mais uma vez, os indicadores remetem para o uso doméstico da tecnologia. As inovações permitem à população ter mais controlo sobre os recursos utilizados no dia-a-dia. Por outro lado, à medida que os equipamentos têm mais autonomia, o consumidor não tem que se preocupar tanto com a rentabilidade de sistemas, como o abastecimento energético das casas, passando a economizar mais tempo e dinheiro. 5. CONVENIÊNCIA ECONÓMICA Metade daqueles que possuem um dispositivo móvel mostra receptividade quanto à ideia de alugar aparelhos pessoais, equipamentos de lazer e quartos a hóspedes, por ser conveniente e economizar dinheiro. Com o mundo interligado, a elevada acessibilidade à informação gera a sensação de segurança na partilha de serviços entre as pessoas. A evolução sugere mais comunicação e informação discriminada nas redes, o que diminui o medo de correr riscos nos intercâmbios realizados entres as populações. photo: © destina - Fotolia.com posição sensores domésticos que detectem problemas de água, electricidade ou, até mesmo, quando os membros da família entrem e saem de casa. O mercado já não está muito longe de garantir este tipo de serviços, de forma eficiente, revelam a pesquisa da fonte. Futuramente, este conceito pode ser comum às habitações urbanas. As soluções de pagamento a partir de dispositivos móveis, em alguns países como os Estados Unidos, já foram adoptados por grande parte dos estabelecimentos comerciais. 6. CARTEIRA DIGITAL As soluções de pagamento a partir de dispositivos móveis, em alguns países como os Estados Unidos, já foram adoptados por grande parte dos estabelecimentos comerciais. A Ericsson deu a conhecer que 48% da população mundial prefere usar o telemóvel para pagar bens e serviços, em vez de dinheiro. Uma grande parte dos indivíduos considera que, em 2020, todos os pagamentos serão feitos através dos dispositivos móveis. Este pensamento expressa-se junto de 80% da população. 7. INFORMAÇÕES CODIFICADAS 56% dos proprietários de smartphones, por sua vez, defende que a comunicação nas redes deve ser criptografada. Uma vez que o fluxo aumenta, a informação está mais exposta, incluindo a privada. A criptografia sugere um código para transmitir informação. Desta forma, a informação fica mais segura, uma vez que o remetente decide quem pode ter acesso ao conteúdo. A chave de segurança apenas é legível para o destinatário. 8. VIDA PROLONGADA A inovação tenoclógica equivale a mais qualidade de vida. Muitos equipamentos são desenvolvidos nesse sentido. Na globalidade, os consumidores pensam que, no futuro, serviços como pratos que pesam os alimentos, medidores de pulso e outros serviços que orientem a prática de exercício físico ajudarão a prolongar a vida humana. Dois anos é o tempo máximo que uma única aplicação permitirá viver a mais, considera o consumidor. 9. ROBOTS DOMÉSTICOS 64% dos consumidores acredita que, para ajudar nas actividades domésticas, em 2020 será comum o uso de robots. Espera-se que as lojas tenham várias versões à disposição. Actualmente, nos Estados Unidos da América, retalhistas, como a Amazon, já vendem drones directamente ao público. Os aparelhos voadores estão à disposição de qualquer um, podendo contribuir para as actividades domésticas, inclusivamente. 10. CRIANÇAS CONECTADAS 46% dos proprietários de smartphones diz que as crianças esperam que todos os objectos estejam conectados quando forem mais velhas. Para a geração que nasceu integrada no mundo virtual o termo ‘aldeia global’ faz cada vez mais sentido, à medida que a proximidade entre pessoas e objectos aumenta. No futuro, pessoas e objectos, como livros ou mesmo casas, estarão conectados automaticamente às redes. É assim que os mais novos vêm o mundo para o qual se caminha. H 015 w w w . h i p e r s u p e r . p t 16-22 especial:Hipersuper 30-01-2015 10:47 Página 016 especial Fevereiro 2015 photo: © karandaev - Fotolia.com VINHOS Geração do milénio está a revolucionar o consumo. A alteração de perfil do consumidor é "uma das principais mudanças" a ter em conta no mercado de vinhos e obriga as marcas a "dar resposta a novas tendências". Saiba quais Rita Gonçalves mailto:[email protected] 016 w w w . h i p e r s u p e r . p t O perfil do consumidor de vinho está a mudar, fruto do actual contexto económico, da renovação das gerações de consumidores mas também de novas modas que vão surgindo pela mão dos fabricantes. "A alteração de perfil do consumidor é uma das principais mudanças a ter em conta no mercado de vinhos e obriga as marcas a dar resposta a novas tendências de consumo", explica em entrevista ao HIPERSUPER Pedro Guerreiro, director de marketing do grupo JMV – José Maria Vieira, que detém os néctares Borges, Gatão e Lello, entre outros. Quais? A geração Y, também designada de geração do milénio ou geração da Internet, que corresponde actualmente a cerca de 20% da população mundial. "As mulheres interessam-se cada vez mais por vinho, um pouco por todo o mundo. A autenticidade, a simplicidade e a acessibilidade serão determinantes para a afirmação das marcas junto destes consumidores que prometem revolucionar a forma como o vinho é consumido actualmente". O crescimento dos vinhos no segmento 'popular premium' e acima (a partir de €3), explica, "dependerá muito no futuro da geração Y e também das mulheres. Ao mesmo tempo, os apreciadores de vinho têm um perfil conservador, que valoriza menos a modernidade e mais a tradição. A chave do sucesso está na forma como as marcas conseguem 16-22 especial:Hipersuper 30-01-2015 10:47 Página 017 especial ESTRATÉGIAS PARA 2015 ADEGA MÃE Quatro anos após o lançamento da Adega Mãe, do gupo empresarial conhecido pela marca de bacalhau Riberalves, a marca duplicou a facturação de 2013 para 1,3 milhões de euros, revelou em entrevista ao HIPERSUPER, Bernardo Alves, director-geral da Adega. Presente em 10 países, a Adega Mãe exporta 60% da produção para os EUA, que se assumiu como uma das mais importantes geografias para a marca, mas também Angola e Brasil. Produzir vinhos de qualidade e diferenciadores, que expressem as características dos néctares da região de Lisboa, a preços competitivos em relação à qualidade, é a estratégia para conquistar novos consumidores em 2015. Acções no ponto de venda mas também iniciativas nas redes sociais, são a aposta da marca para inluenciar a decisão do consumidor na loja. BACALHÔA "Work smart not hard". Eis a frase que resume a estratégia da Bacalhôa Vinhos de Portugal. "Não vamos traçar um caminho contra as tendências. Por isso, apostaremos em promoções, na melhor relação qualidade/preço, mas não cometeremos excessos. Temos de garantir um bom rácio de retorno do investimento, caso contrário, não será nem saudável nem sustentável", explica ao HIPERSUPER Miguel Deslandes, Brand Manager. Para dar resposta a um consumidor cada vez mais exigente e informado, a empresa vai ainda apostar na comunicação para "facilitar o acesso à informação, aproximar as marcas do consumidor e simplificar o processo desde a escolha ao consumo do vinho. Muitas vezes, a decisão de compra é tomada antes do ponto de venda, daí termos que estar presentes também nos locais onde este novo consumidor vai procurar informação. JOSÉ MARIA DA FONSECA António Maria Soares Franco, administrador, deposita grandes expectaticas em 2015. "Marca o arranque da JMF Distribuição em Portugal. É o passo fundamental para estarmos mais próximos de clientes e consumidores e, assim, reforçar a importância das nossas marcas no País". A empresa lançou ainda uma nova marca – Ripanço – um novo vinho alentejano que presta homenagem à técnica de vinificação ancestral cujo nome serve de inspiração à marca. A reaproximação ao mercado, a eficiência na gestão dos momentos promocionais, a oferta de valor acrescentado, a inovação e o reforço da relevância das marcas core – Periquita, BSE, Lancers – junto do consumidor. Eis as linhas estratégicas que guirão as acções da empresa este ano. "A activação das marcas passa pelo reforço da visibilidade no ponto de venda, tanto na localização, como na comunicação e promoção". Presente em 70 países, a JMF planeia crescer lá fora, sobretudo nos mercados com maior potencial – Brasil, Angola, EUA, Canadá, China e Norte da Europa. JOSÉ MARIA VIEIRA Para tentar influenciar a decisão do comprador na loja, a JMV aposta na simplicidade e na acessibilidade, "os dois principais argumentos de venda das marcas mais fortes. Num contexto em que os consumidores dedicam menos tempo à escolha, mas são cada vez mais exigentes, importa estar presente em todos os canais de forma diferenciada", sublinha Pedro Guerreiro, director de marketing do Grupo JMV. A vocação exportadora deste grupo teve início em no séc. XIX e continua a ser um dos pilares. Com presença em mais de 50 países, o objectivo é "consolidar as marcas e assegurar o seu contínuo crescimento". O Grupo JMV – que detém a Borges e os cafés Torrié, facturou 50 milhões de euros em 2014. PARRAS VINHOS A Parras Vinhos vai lançar em Janeiro uma garrafa mini (250 ml) com abertura fácil, um projecto em exclusivo para as lojas Pingo Doce. "A nossa estratégia passa por trabalhar marcas diferentes em diferentes canais", revela Marta Ramalho, directora de marketing. "Nas marcas presentes no 'off trade' vamos continuar a apostar em acções promocionais, satisfazendo o consumidor com base na equação custo-benefício. No canal Horeca, a ideia é consolidar as marcas presentes, com a opimização da rede de distribuição e consequente presença num maior número de pontos de venda". Estar mais perto do consumidor é a estratégia para 2015. "Proporcionar experiências com a marca, dar a conhecer através de apresentações de produto e acções dirigidas no ponto de venda. A ideia de dar a conhecer os produtos ao maior número possível de pessoas, pô-las em contacto com a marca, a sua qualidade intrínseca e com os seus valores". As acções estão focadas em degustações, sejam no ponto de venda, em feiras, restaurantes ou eventos". Lá fora, "a estratégia é aumentar o desempenho das nossas marcas nos diferentes mercados onde operamos, consolidando e aumentando a notoriedade das mesmas. Nas marcas de segmento Premium, a estratégia passa pelo desenvolvimento de vendas, de penetração de mercado, conquistando clientes novos nos mercados onde já operamos, nomeadamente nos grandes centros urbanos. Tentamos desviar-nos de um confronto face à concorrência, criando ferramentas de diferenciação e de benefício para o cliente, com uma distribuição selectiva. Por outro lado, para as marcas de consumo de massas, de posicionamento competitivo, a estratégia passa por conquistar novos mercados com os produtos atuais, através de uma estratégia de maior agressividade, com aposta em promoções nas vendas, como forma de introdução face à concorrência". A Parras alcançou um volume de negócios de 20 milhões de euros em 2014. mais 25% face a ano anterior. Em 2015, prevê crescer 25%. PRIME DRINKS Encontrar soluções novas e diferenciadoras que valorizem as nossas marcas em contextos cada vez mais complexos. A frase de Catarina Santos, directora de marketing da distribuidora familiar, aliçercada em três accionistas. "Num mercado cada vez mais competitivo é a capacidade de gestão, aliada um grande conhecimento do sector, uma equipa especializada e um portefólio de marca incontornável, que fazem da Prime Drinks uma referência na distribuição de bebidas alcoólicas em Portugal. Com marcas nacionais e internacionais, a empresa trabalha o portefólio de "forma transversal, através de um plano estratégico de marketing e trade marketing diferenciador, suportado em ferramentas de 'business intelligence'". Desenvolver acções "interessantes e valorizadas" pelo consumidor, "aportando valor" para as marcas, e também "valorizadas pelos clientes e diferentes canais de distribuição", é o objectivo da empresa. Este ano, a Prime vai consolidar o portefólio de Quinta das Murças, projecto do Esporão no Douro. "Não só na gama de Assobio, reforçada com um branco e um rosé, mas também na gama superior". A distribuidora fechou 2014 com mais de 20 milhões de garrafas vendidas, mais 8% face ao ano anterior.O volume de negócios liquído superou os 50 milhões de euros, mais 7%. 017 w w w . h i p e r s u p e r . p t >>> 16-22 especial:Hipersuper 30-01-2015 10:47 Página 018 especial Fevereiro 2015 >>> apresentar o terroir, a memória e a ligação à Naturezaa esses novos públicos". Pedro Guerreiro destaca mais uma tendência, relacionada com os atributos dos néctares. "As características intrínsecas dos vinhos estão a alterar-se. Os néctares mais leves, frescos e frutados, com presença menos marcante da madeira, serão mais procurados". Por outro lado, segundo o director de marketing da JMV, a capacidade de compra nos mercados ocidentais não vai crescer. "O 'value for money' continuará a ditar as regras no momento da compra". Por último, o responsável destaca o papel das marcas nesta transformação. "Cada vez mais, as marcas serão mais reponsáveis, garantindo a devida segurança alimentar, preservando a saúde e observando preocupações sociais e ambientais". A profusão de novos pontos de consumo – como wine bars e modernas tabernas – e a facilidade de beber vinho a copo, praticamente inexistente há 10 anos, "rejuvenesceram o consumidor" e criaram "momentos de consumo difersificados", explica Miguel Deslandes, brand manager da Bacalhôa. Há também no mercado nacional uma tendência para o consumo de "vinhos mais jovens". Nos brancos e rosés "a preferência recai sobre as colheitas mais recentes", no caso dos tintos também, mas a escolha vai para "vinhos com 2, 3 anos, mais evoluídos, frutados e aromáticos". MAIS CONSUMO NO LAR Com menos dinheiro no bolso, os consumidores estão a consumir mais vinho em casa, explica, por sua vez, Catarina Santos, directora de marketing da Primedrinks. "Os hábitos de consumo mudaram em resposta ao contexto vivido e à quebra de rendimentos: cada vez mais pessoas consomem dentro de casa, mesmo que optando por refeições embaladas ou pré-cozinhadas; levam comida para o emprego e quando consomem fora, bebem menos e procuram produtos mais baratos, como a água, cerveja ou refrigerantes em detrimento do vinho. Cortou-se na refeição, no aperitivo e no digestivo. Estas mudanças terão uma reversão lenta, com a retoma das condições económicas e algumas delas poderão tornar-se permanentes". No entanto, quando se fecha uma porta abre-se uma janela. "Também existem áreas de oportunidade, fruto da exigência da vida actual, alguns consumidores procuram nos produtos de qualidade, uma recompensa. São consumidores informados, exigentes, apreciadores e que procuram propostas únicas e diferenciadoras". As promoções têm sido a arma de arremesso de muitos produtores para seduzir os consumidores (ver texto na pág. XX). Como explica Luís Vieira, administrador da Parra Vinhos, apesar de mais sensível às promoções, o consumidor está também disposto a despender um valor mais elevado nos produtos que oferecem uma boa relação custo-benefício. "O consumidor gosta de sentir que está a fazer um boa compra, independentemente do posicionamento do produto. Procura produtos autênticos e exclusivos e mostra cada vez mais interesse pelos produtos Premium". 018 w w w . h i p e r s u p e r . p t 3 PERGUNTAS A... DORA SIMÕES, PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DA COMISSÃO VITIVINÍCOLA REGIONAL ALENTEJANA Quais os objectivos dos néctares alentejanos para o novo ano? O Alentejo tem a maioria das suas exportações para mercados extra comunitários, nos quais são feitos notáveis esforços comerciais por parte dos agentes económicos, pelo que se espera que se mantenha um aumento das exportações. Esperamos também que se verifique durante este ano um aumento das vendas em 2015, e que se consiga aumentar também o valor médio por garrafa para estes mercados. Lá fora, a estratégia passa por conquistar novas geografias ou o contrário? A CVRA tem, desde há 25 anos, apostado na promoção dos vinhos do Alentejo e através desse exercício constante e consequente, em conjunto com os esforços promocionais dos produtores, obtido bons resultados que em muito contribuem para a notoriedade da região. A estratégia de promoção genérica da região, continuará a ser de concentração nos seus quatro principais mercados – Brasil, EUA, Suíça e Angola - tendo-se aumentado o valor da verba investida em alguns deles. Acrescendo ainda a promoção no mercado nacional, com acções que visam o aumento da notoriedade dos vinhos do Alentejo e o incremento da sua base de consumidores e também uma série de acções ao longo do ano de formação para o retalho e restauração e grupos grupos profissionais de interesse, como é o caso do turismo. Quais as principais tendências de consumo neste sector? Torna-se no momento actual mais difícil a diferenciação dos produtos, uma vez que o consumidor se encontra focado no preço. Apesar desta complexa condicionante, é necessário adaptar as estratégias e a comunicação por forma a que se possa conseguir diferenciar os nossos vinhos valorizando-os aos olhos do consumidor. Há, no entanto, outras tendências que são orientadoras da nossa estratégia e de muitos produtores, tanto para a exportação como para o mercado nacional, como é o caso do grupo de consumidores Millennials, com comportamentos muito específicos de consumo e bons influenciadores na internet, junto dos quais pretendemos intensificar a promoção e divulgação. Como explica resumidamente o administrador da JMF, o perfil de consumo é agora "mais exigente e procura qualidade a preço competitivo. É uma evolução natural, à medida que o mercado amadurece, e vai ao encontro da nossa estratégia". A directora de marketing da Primedrinks acredita que no actual contexto é expectável "a quebra de consumo e um downgrade crescente, mais evidente em categorias em categorias que não constituem bens de primeira necessidade, como as bebidas alcoólicas. Também a transferência de consumo de fora para dentro do lar deverá manter-se". Há mais uma tendência, com potencial para as mais antigas regiões produtoras do Mundo. "Existe actualemente uma tendência para o regresso às origens, de valorização das denominações de origem e dos vinhos com características únicas. Neste sentido, os vinhos do velho mundo, onde Portugal se insere, têm oportunidades de crescimento", diz António Soares Franco. APORTAR VALOR ÀS MARCAS O mercado nacional de vinho vendeu menos 1,9% em quantidade no ano passado, ou seja menos 178 mil caixas de 9L, segundo dados da Nielsen, citados pela Prime Drinks. "Esta quebra não foi compensada pela variação de 1,7% em valor, agravada pelo aumento do nível promocional", sublinha a direc- tora de marketing da distribuidora, Catarina Santos. "A manter-se o actual contexto promocional e de crescente competitividade", a "consistência, a determinação e os níveis de inovação e de diferenciação" serão determinantes para "aportar valor às marcas". No capítulo da produção, como explica Pedro Guerreiro, a vindima de 2014 foi "um pouco mais baixa do que no ano anterior, afectando sobretudo as regiões vitivinícolas a norte, sendo que o decréscimo mais relevante ocorreu no Minho e no Douro, segundo dados do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV). A par da diminuição de stocks, que ocorre por efeito do crescimento das vendas sobretudo nos mercados externos durante os últimos anos, prevê-se, a curto prazo, uma pressão sobre os preços e, a longo prazo, a necessidade de investir mais na plantação e reconversão de vinhas. Regista-se ainda uma transferência de consumo para os mercados emergentes. No Ocidente há um progressivo decréscimo que tem vindo a ser compensado pelo crescimento de mercados onde o consumo de vinho era muito baixo". Vasco d'Avillez, presidente da CVR Lisboa, acrescenta ainda que, apesar de em 2014 os vinhos terem vendido praticamente o mesmo no mundo, conseguiram aumentar o preço médio, o que é muito positivo". H 16-22 especial:Hipersuper 30-01-2015 10:47 Página 019 especial 25% do vinho vendido em promoção em 2014. Rita Gonçalves mailto:[email protected] S e, em dois anos, o peso das promoções nas vendas a retalho em Portugal alcançou mais de dez pontos percentuais, como disse Luís Moutinho, CEO da Sonae MC, qual o impacto das reduções de preço no sector do vinho? “Segundo dados da consultora Nielsen, 25% dos vinhos vendidos no mercado global, foi efectuado em situações promocionais em 2014”, revela ao HIPERSUPER Dora Simões, Presidente da Direcção da CVRA (Comissão Vitivinicola Regional Alentejana), acrescentando que a “alta percentagem de ocasiões promocionais ao longo do ano tem um impacto significativo no decréscimo dos preços médios no retalho e na restauração”. Esta tendência mostra que o consumo neste e noutros sectores “está sujeito a um consumidor disposto a pagar menos pelos bens e só adquirindo nessa situação”. Desta forma, como o “consumidor está focado no preço, torna-se mais difícil diferenciar os produtos”, sublinha Dora Simões. Vasco d'Avillez, que preside a Comissão Vitivinícola de Lisboa (CVR Lisboa), explica, por outro lado, que os néctares desta região tem já um “binómio preço/qualidade muito apurado e competitivo e que, por isso, não recorrem a promoções frequentes no mercado nacional”, apenas em situações pontuais e mais junto dos vinhos leves. Lá fora, pelo contrário. “No mercado de exportação, as promoções são muito importantes e têm lugar sobretudo quando falamos em mercados como o do Reino Unido”. A promoção feita nos mercados internacionais é genérica. “Traduz-se em congregar grupos de produtores interessados em determinados mercados externos ou no caso do mercado português fazemos promoções nas duas maiores cidades do País e se possível no Algarve”. DUAS TENDÊNCIAS Há duas tendências, no campo promocional, que têm vindo a ganhar terreno na maioria dos mercados, diz Pedro Guerreiro, director de marketing do grupo JMV, que detém a Sociedade dos Vinhos photo: © danr13 - Fotolia.com Portugal regista um nível de promoção alargada em categorias como os vinhos e as bebidas espirituosas acima da média dos restantes bens de grande consumo, revela Catarina Santos, directora de marketing da Prime Drinks Borges: a primeira está relacionada com a procura de vinhos “a preços muito competitivos” e a segunda com a procura de vinhos “vistos como luxos que compensam”. As promoções visam responder a estas duas tendências, “pelo que prevemos que o seu peso no total de vendas possa ser crescente”. No entanto, ressalva Pedro Guerreiro, a “nossa experiência ensina que o consumidor é sensível às promoções mas a força da marca e a confiança que gera, continuam a ser decisivos no momento da compra”. Miguel Deslandes, brand manager da Bacalhôa Vinhos de Portugal, sublinha, por sua vez, que o mercado está “bastante atomizado” e tornou-se um enorme “campo de batalha, uma batalha disputada ao cêntimo”. O que obriga a um “aumento do esforço promocional, onde vários produtores vêem a sua rentabilidade descer para níveis históricos. Esta tendência obriga-nos a repensar toda a estratégia comercial, a melhorar a eficiência da produção e a evoluirmos e abordarmos o mercado de forma mais inteligente. No entanto, isto não significa um corte nos investimentos, mas sim uma melhor e maior análise desses investimentos”. Novos desafios vão surgir para os produtores de vinho, com um consumidor cada vez menos fiel às suas marcas de sempre, mais experimentalista e oportunista, explica, por outro lado, António Maria Soares Franco, administrador da José Maria da Fonseca, grupo com vinhos com quase 200 anos de história. “O aumento significativo da pressão promocional tem um forte impacto no comportamento do consumidor e na forma como ele se relaciona com as marcas. Isso é evidente nas principais categorias de bens de consumo e o vinho não é excepção. “O aumento do peso das promoções coloca também forte pressão na rentabilidade do negócio, provocando uma diminuição do preço médio por litro. É fundamental que esta diminuição de valor não se acentue, pois coloca em causa todo o negócio da vitivinicultura”. BENEFÍCIO OU DEGRADAÇÃO? O administrador da Parra Vinhos, Luís Vieira, revela, por sua vez, que as promoções podem ter bons resultados nas vendas. “Projectos de novas marcas que crescem com essa estratégia muito vocacionada para o cliente que adere a promoções, aliados a uma boa estratégia de comunicação, reflecte-se bastante positivamente nas vendas”. Apesar de o cliente estar “mais atento às promoções” está também “mais conhecedor da qualidade dos vinhos”. Mesmo com as promoções, o consumidor “procura acima de tudo uma boa relação qualidade-preço. Se a produção consegue garantir a qualidade pretendida, ao aliarmos acções promocionais no ponto de venda, então encontramos o ponto de equíbrio do negócio, e tem sido essa uma das nossas vantagens competitivas”. Em jeito de conclusão, Catarina Santos, directora de marketing da Prime Drinks, revela que Portugal apresenta actualmente um dos mais elevados níveis de actividade promocional na Europa, “aumentando o nível de promoção alargada em categorias como os vinhos e as bebidas espirituosas acima da média dos bens de grande consumo. Importa salientar que este aumento do nível promocional não se traduz necessariamente num incremento de vendas mas antes numa perda de valor. O impacto reflecte-se na redução da fidelidade às marcas e no valor construído. Se no imediato a redução de preços pode parecer beneficiar o consumidor, no médio e longo prazo, traduzse numa degradação de valor, impactando inevitalvemente o consumidor no futuro”. H 019 w w w . h i p e r s u p e r . p t 16-22 especial:Hipersuper 30-01-2015 10:47 Página 020 especial Fevereiro 2015 As marcas líderes no retalho em 2014. Alentejo, Beiras e Douro. Estas são as únicas regiões que viram aumentar o consumo em 2014. Rita Gonçalves mailto:[email protected] C 1. CORRENTE A maior categoria de vinhos no retalho alimentar em Portugal alcançou vendas de 115 milhões de euros no ano passado, menos 5% face ao período homólogo, segundo os mais recentes dados da consultora Nielsen. Também em volume a categoria caiu 3% para 87,5 milhões de euros. As marcas de fabricante perderam 5% de quota de mercado para uma participação total de 78%. Lezíria, Festão, Olaria, Alandra e S. M. Penaguião, são, respectivamente, as marcas líderes em valor. Um total de 66% dos lares nacionais compraram a categoria no último ano e despenderam 3,37 euros por cada visita ao supermercado. 2. ALENTEJO Galitos é a marca líder em vinhos do Alentejo no retalho alimentar. Este néctares aumentaram em 6% as vendas no ano passado para 108,5 milhões de euros. Em quantidade, as vendas subiram 3% face a 2013. As marcas de fabricante, que lideram em absoluto a categoria com 93% de quota, cresceram 7% face a 2013. Monte Velho, Porta da Ravessa, Eugénio de Almeida e Real Lavrador, completam o Top 5 das marcas mais vendidas nos supermercados. No ano passado, 46% dos lares nacionais compraram vinho alentejano, em média, seis vezes e despenderam 5,56 euros por visita. 3. VERDES A terceira maior categoria do sector do vinho no retalho, em valor, alcançou vendas de 39, 3 milhões de euros em 2014, menos 3% face ao ano anterior. Em volume, os verdes perderam 6% para quase 14 milhões de litros. As marcas de fabricante, que lideram a categoria com 88% de quota de mercado, 020 w w w . h i p e r s u p e r . p t photo: D.R. onheça as marcas de vinho líderes no retalho alimentar, em 11 categorias, de acordo com os mais recentes dados da consultora Nielsen. perderam 2% da participação no período analisado pela consultora. Casal Garcia está no top das vendas, seguida de Muralhas, Gazela, Augusta e Cruzeiro. 27% dos lares nacionais compraram em média quatro vezes vinho verde no ano passado e gastaram 4,72 euros por visita. 4. SETÚBAL Os néctares de Setúbal também perderam vendas no retalho alimentar em 2014. A categoria atingiu vendas de 26,7 milhões de euros, menos 2% face a 2013. As marcas de fabricante dominam esta categoria com 93% de quota de mercado. J.P., Adega de Pegões, D. Ermelinda, Fonte de Nico e Vinhas de Pegões, constituem as marcas de fabricante mais vendidas nos supermercados. Um total de 25% dos lares nacionais compraram vinho de Setúbal no último ano. Por cada visita à loja gastaram 4,14 euros. 5. DOURO Os néctares da mais região demarcada mais antiga do mundo cresceram dois dígitos no último ano. A categoria subiu 10% em valor para 26,4 milhões de euros e em volume cresceu 11% para 5,6 milhões de euros. Em dimensão, é a quinta maior categoria na venda de vinho a retalho. Quer as marcas próprias quer as de fabricante estão a ganhar quota. Esteva, Planalto, Duas Quintas, Papafigos e Porca de Murça, são as marcas de fabricante líderes em valor. Os vinhos de marca dominam esta categoria com 91% de quota. As marcas próprias cresceram 4% para uma participação de 9%. Em Portugal, 18% dos lares compraram vinho do Douro no último ano e despenderam 6,11 euros por cada visita à loja. 6. TEJO Os vinhos do Tejo estão a perder vendas no retalho alimentar. O volume de negócios caiu 2% no ano passado para 7,7 milhões de euros. Em quantidade, as vendas derraparam 7%. As marcas dos distribuidores estão a perder quota de mercado mas as marcas de fabricante aumentaram a participação em 2% para um total de 71%. Plexus, Xairel, Catapeireiro, Cabeça de Toiro e Quinta da Alorna, lideram, respectivamente, a categoria em valor. 13% dos lares nacionais compraram estes néctares no último ano e gastaram 3,51 euros por cada visita à loja. 7. DÃO Cabriz, Grão Vasco, Casa Santarém, Duque Viseu e Udaca. Estas são, respectivamente, as marcas de fabricante líderes da categoria de vinho do Dão no retalho alimentar. Estas marcas perderam 10% de quota de mercado no ano passado para uma participação de 84%. A categoria perdeu 8% das vendas no ano passado para 7,4 milhões de euros. 10% dos lares nacionais compraram vinhos do Dão em 2014 e despenderam 4,50 euros por cada visita à loja. 8. ESTRANGEIRO O vinho estrangeiro no retalho alimentar movimentou no ano passado 7,1 milhões de euros em Portugal, menos 20% face a 2013. Em volume, estes néctares perderam 18% das vendas para 5,6 milhões de litros. Quer as marcas de fabricante quer as dos distribuidores perderam quota de mer- 16-22 especial:Hipersuper 30-01-2015 10:47 Página 021 especial 9. LISBOA O volume de negócios dos néctares de Lisboa aumentaram em 9% para 6,6 milhões de euros. As marcas de fabricante estão especialmente dinâmicas, aumentaram em 20% a quota de mercado para um participação global de 91%. Mundus, Aba da Serra, Pancas, Prova Régia e Bucelas, constituem o Top 5 das marcas líderes. As marcas dos distribuidores perderam 44% de quota da sua já reduzida partipação na categoria (9%). 13% dos lares nacionais compraram a categoria no último ano e gastaram 3,59 euros por cada visita à loja. 10. BAIRRADA Os néctares da Bairrada também registaram um ano abaixo da linha de água. Perderam vendas em quantidade (-19%) e em valor (-12%). Os vinhos desta região alcançaram um volume de negócios de 1,2 milhões de euros no ano passado. As marcas de fabricante perderam 4% de quota mas ainda lideram a categoria com 55% de participação. Marques photo: D.R. cado para, respectivamente, 59% e 41% de participação. Sorbello, Finca Flichman, Jacobs Creek, Los Vascos e Robert Mondavi, são as marcas líderes no retalho alimentar. Um total de 205 dos lares compraram a categoria no último ano e gastaram 1,86 euros por cada visita à loja. Marialva, Frei João, Groval, Cave São João e Principal, são, respectivamente, o TOP 5 das marcas líderes. No ano passado, 5% dos lares portugueses compraram a categoria e despenderam 3,27 euros por visita. 11. BEIRAS É a categoria que mais cresce no retalho alimentar, embora represente apenas 890 mil euros, a mais pequena do sector. Em valor, as vendas subiram 36% e em volume 46% para 467 mil litros. As marcas dos distribuidores contribuem para o dinamismo, a quota destas marcas subiu 187% para uma participação de 42%. Quinta Valodeiro, Caravana Real, Catonede, OM e Fuas, constituem, respectivamente, as marcas líderes em valor no retalho alimentar. Um total de 7% dos lares nacionais comprou a categoria no último ano e despendeu 2,84 euros por cada visita à loja. H 021 w w w . h i p e r s u p e r . p t 16-22 especial:Hipersuper 30-01-2015 10:47 Página 022 OPINIÃO especial Jorge Monteiro presidente da ViniPortugal Fevereiro 2015 A estratégia de promoção dos Vinhos de Portugal para 2015-2017 Na assembleia-geral de Outubro, a ViniPortugal aprovou o Plano Estratégico para a Marca Wines of Portugal para o período 2015 – 2017. Mais importante que uma nova estratégia o grande objectivo foi de, partindo da estratégia para o período 2012 – 2014, reflectir sobre o que foi feito e quais os resultados alcançados, procurando-se melhorar ou corrigir os aspectos menos positivos. Por um lado, verificou-se na generalidade dos mercados, um progresso traduzido, quer por uma maior notoriedade dos nossos vinhos quer pelo aumento das exportações e, por outro lado, a avaliação das acções implementadas permitiram introduzir modificações, substituindo algumas acções com resultados menos interessantes dando lugar a novos formatos. No que se refere aos países, objecto da intervenção da marca Wines of Portugal, passou-se de 10 para 11, deixando-se cair a Finlândia, cujo comportamento das exportações portuguesas não apresentavam reacções ao trabalho que estava a ser feito. Mas, em contrapartida, o Plano passou a abranger o Japão e a Coreia do Sul. Quanto ao primeiro destes mercados três razões foram determinantes: trata-se do 5º maior importador mundial de vinho, com mais de 30.000 escanções (sommeliers) excelentes veículos de promoção do vinho e pelo grau de conhecimento e reconhecimento que o consumidor japonês têm em relação a Portugal. Já a Coreia, 30º importador mundial do vinho, por ser um mercado fortemente influenciado pelo que se passa no país vizinho, o Japão, sendo certo que o nosso investimento neste último é residual, pelo menos por enquanto. Nos restantes países - EUA, Brasil, Canadá, Angola, China, Noruega, Suécia, Alemanha e Reino Unido podemos referir duas grandes alterações de carácter estratégico face ao período anterior: maior extensão territorial e maior proximidade aos importadores e distribuidores. Pela via da maior extensão territorial pretende-se chegar a cidades de 2ª linha, como por exemplo Dallas e Seattle nos EUA, Curitiba ou Victória no Brasil, Benguela em Angola, ou Xien ou Dalia na China, embora sem se abandonar as capitais ou grandes metrópoles onde continuamos a estar presentes. Mas pretende-se também reforçar a aproximação àqueles que são, em primeira estância, os decisores-chave na opção de compra por vinhos portugueses: importadores e distribui- 022 w w w . h i p e r s u p e r . p t dores. Pretende-se com estas acções aproveitar com maior eficácia o reconhecimento que os nossos vinhos têm tido na imprensa especializada, nomeadamente a americana. De facto, o acompanhamento junto de quem importa ou distribui é uma das nossas fragilidades reconhecida e que urge colmatar. Se bem que as melhores empresas assegurem esse acompanhamento, para traduzirmos em números o maior reconhecimento que os nossos vinhos têm, há que melhorar e reforçar colectivamente esse acompanhamento. Obviamente que não nos substituímos às empresas, mas iremos reforçar os efeitos da sua actuação no terreno. No que às restantes variáveis estratégicas diz respeito optou-se pela sua manutenção, em particular os valores da marca e a sua mensagem. Sendo um pequeno País, 12º produtor mundial, mas um grande consumidor, 3º mundial, Portugal terá como caminho para o sucesso a sua afirmação como produtor de “vinhos diferentes”. Não diferentes pelo seu solo ou clima, pois aqui todos os países ou regiões vitícolas se diferenciam uns dos outros, mas sim porque, por razões que não importa aqui apresentar, Portugal possui uma enorme diversidade genética da videira traduzida pela existência de mais de 250 castas autóctones (algumas ibéricas, mas a maioria portuguesas) das quais pelo menos 70 estão activamente presentes nos vinhos que exportamos. Se no plano da qualidade Portugal compete com os melhores do mundo, porque tem desvantagens competitivas evidentes – micropropriedade, ainda com alguma viticultura de subsistência, microempresas e baixos rendimentos por hectare, entre outros – Portugal só conseguirá ter sucesso se se afirmar como produtor de “vinhos diferentes”. Diferentes porque obtidos a partir de castas diferentes. Só assim conseguiremos colocar o nosso vinho no mercado a preços que remunerem adequadamente a actividade, desde a vinha até à saída do armazém. Mas, para isso, teremos de acreditar que a diferenciação é uma vantagem competitiva e que o nosso concorrente não é o vizinho nem a região vizinha, mas sim os produtores dos outros Países, sejam eles do dito “Velho Mundo” ou do “Novo Mundo” vitícola. Mas tal atitude passa, não pela mudança de estratégia colectiva, mas sim por se acreditar que essa estratégia é uma estratégia de valor. H 23-24 especial:Hipersuper 30-01-2015 10:48 Página 023 especial Fevereiro 2015 photo: © kuvona - Fotolia.com EMBALAGEM Formatos mais pequenos levam à venda imediata. Muito enraizada na cultura portuguesa, a charcutaria ocupa lugar de destaque nos supers e hipermercados de norte a sul do país Ana Catarina Monteiro mailto:[email protected] A s famílias portuguesas gastam em média 3,61 euros na compra de presunto, de cada vez que visitam o ponto de venda. O produto é consumido por 64% dos lares em Portugal continental, segundo os dados da consultora Nielsen, relativos ao ano de 2014. Dentro do segmento, o fiambre é a categoria mais vendida, sem contar com os queijos, com 82% das famílias portuguesas a comprarem o produto em cada ida ao supermercado. As qualidades produzidas a partir da carne de porco são as mais vendidas, com 70% da quota mercado. Já os de frango e peru detêm 7% e 23% das vendas, respectivamente. Ao longo do último ano, “cresceram os produtos com maior valor acrescentado e de maior conveniência”, tendência que Mário Dias, Director Comercial da A. Pires Lourenço & Filhos, S.A. consi- dera ser a mais forte nos produtos de charcutaria. Responsável apenas pela venda de presunto, a marca revelou que “sentiu um aumento da procura”, apesar dos entraves que condicionaram as vendas. “A taxa de IVA a 23%, os custos energéticos e a grande dependência de matérias-primas, provenientes de Espanha, continuam a criar vários constrangimentos ao sector”. A taxa aplicada à charcutaria está muito acima de outros países da Comunidade Europeia, mas “a elevada dinâmica promocional e os preços agressivos das principais cadeias retalhistas minimizaram o seu impacto, dando aos consumidores, permanentes possibilidades de aquisição a preços muito competitivos”, considera Rui Carvalho, Director Comercial da Porminho Alimentação S.A., que está presente em todos os segmentos do sector. 023 w w w . h i p e r s u p e r . p t >>> 23-24 especial:Hipersuper 30-01-2015 10:48 Página 024 especial Fevereiro 2015 >>> JERÓNIMO MARTINS APOSTA EM QUEIJOS “GOURMET” A Jerónimo Martins apostou no lançamento de novos produtos no sector do queijo, ao longo do ano passado, concretamente no segmento ‘gourmet’. O grupo registou um crescimento nas vendas dos queijos de qualidade ‘cheddar’, tendo lançado o Kerrygold Vintage White Cheddar, no formato de 200 gramas. O produto contem 32% de gordura e 1,9% de sal. A estratégia da empresa passa pela oferta de produtos “diferentes e com qualidade” e, por isso, apresenta agora “queijos com mais tempo de maturação”, revela Maria José Almeida, Directora de Marcas do grupo que detém a cadeia Pingo Doce. Em Novembro do ano passado, a retalhista acrescentou no linear a Gama Castelo, com “queijos azuis, de pasta mole”. O grupo mantêm-se “muito atento à concorrência, quer no tipo de produto, quer no tipo de formato”. A responsável revela que está “cada vez mais caro vender”, e diz que o consumidor “não se importa de pagar pela qualidade”, porém “não é fiel à marca” e está “muito atento ao mercado”. Assim, a aposta da Jerónimo Matins assenta em “produtos mais caros, embalagens mais pequenas, que promovam a venda imediata, e que, de forma geral, se adaptem às necessidades do consumidor”. As marcas portuguesas, no geral, apostaram na qualidade dos produtos para responder à procura, mas o preço é um factor relevante na hora da decisão de compra, o que levou a que o mercado fosse invadido por marcas importadas, com preços bastantes reduzidos. Bruno Costa, Director-Geral da Iguarias de Excelência, confirma que “existiu uma contínua pressão de produtos e marcas espanholas de baixa qualidade a colocaram o mercado sob pressão e com os preços a reflectirem isso”. Porém, o maior entrave para o crescimento do sector tem sido o facto de os mercados internacionais, com grandes oportunidades de crescimento para as empresas portuguesas, “se encontrarem fechados”. “Parece-nos, no mínimo, escandaloso que alguns países (dos quais Portugal até importa carne), mantenham fortes barreiras à importação de conservas de carne, como o presunto”, disse o responsável da Pires Lourenço. Preocupada com o preço e com a saúde, a população nacional tem seguido a tendência de cortar no sector da charcutaria, relacionando-o com níveis altos de gordura e sal. Em 2014, acentuou-se a procura pela informação nutricional “nos produtos de fatiados comercializados em superfícies comerciais”, sublinha Bruno Costa, o que levou os produtores a tomarem medidas quanto à confecção dos produtos. Como a Iguarias de excelência mantém o core business na venda de presuntos em peças inteiras para restauração e hotelaria, no sector “a questão não é tão comentada”, uma vez que, a relação mais próxima com os profissionais de cozinha leva a que a “preocupação pela qualidade dos ingredientes e a sua composição seja um tema permanente e de constante monitorização”. O segmento, no qual “a qualidade e o prestígio são os factores de escolha”, voltou a sentir uma evolução considerável com o volume de vendas a “crescer acima de dois dígitos” e o número de clientes a “aumentar proporcionalmente”. Por outro lado, para a Pires Lourenço, enquanto produtora exclusiva de presunto para o retalho, os “consumidores estavam afastados do consumo, por manterem ainda a mesma noção de este ser um produto salgado”, pelo que a empresa “tem vindo a baixar cada vez mais as dosagens de sódio” no produto final. O Director Comercial considera que o 024 w w w . h i p e r s u p e r . p t panorama “está a alterar-se”, sendo que o presunto é o “produto de charcutaria mais saudável por não ser de produção complexa, recorrendo se apenas à cura da perna através da salga, e como tal contém um teor proteico muito acima de outros produtos da mesma ‘classe’”. Neste momento, o produto traz “mais benefícios que perigos” e os clientes sabem “identificar essa evolução”, o que se revê no crescimento de “11,5% em valor, face a 2013”, registado pela fornecedora. A acompanhar esta temática com interesse, Rui Carvalho defende que “o sabor é uma característica distintiva deste género de produtos, a qual se irá manter”, não sendo “líquido” que estes “sejam prejudiciais à saúde”. A Porminho não sentiu a influência da preocupação com a saúde no número de vendas, mas toma a posição que “cabe às autoridades competentes definir quais os parâmetros exigíveis na produção dos vários produtos, parâmetros esses que desde sempre cumprimos escrupulosamente”. No entanto, há outras medidas para combater a quebra nas vendas, frente à crescente preocupação do consumidor com o bem-estar físico, além do reforço da qualidade. “Adaptar à procura e aprender a comunicar os atributos do produto” é a estratégia defendida pela Pires Lourenço. “A actividade física é normalmente associada a uma preferência de consumo de alimentos com alto teor proteico para o fortalecimento muscular, e nesse aspecto o consumo de um produto que contém 28% de proteína só pode ser uma oportunidade para as empresas que se dedicam à produção de presunto”, defende Mário Dias. No que respeita a produtos de charcutaria mais “elaborados”, o Director acredita que, “com um consumidor que cada vez mais quer saber como o produto é feito e quais os ingredientes presentes na composição, seja necessário adaptá los a estas novas preocupações”. Além das estratégias de comunicação, a tendência é para a criação de formatos mais convenientes para o consumidor. No ano anterior, “foram lançadas embalagens de fatiados (presunto e enchidos) com menor gramagem” pela Iguarias de Excelência, seguindo “uma tendência global e com sucesso, visto que o consumidor aprecia uma redução do preço unitário, mesmo sendo aplicado o mesmo valor por quilograma, ou mesmo superior nalguns casos”. O mercado acolheu bem as soluções com menor gramagem da produtora. O Presunto Ibérico de Bolota Joselito Gran Reserva, continua a ser o mais vendido. Para a Porminho, embora que os formatos fatiados de “150 e 200 gramas continuem a liderar as vendas, há espaço de crescimento para formatos mais pequenos”. Para o Director Comercial da empresa, a tendência tem a ver principalmente com dois factos. “Por um lado as pessoas compram cada vez mais para consumir de imediato, não guardando ou armazenando produtos frescos, e por outro, os agregados familiares médios tem cada vez menos indivíduos, havendo cada vez mais pessoas a viver sós”. Esta é uma realidade que influência “decisivamente” a procura de formatos mais pequenos. No ano que completou 30 anos de existência, a Porminho realizou um volume de negócios global de “41 milhões de euros, registando um crescimento de 15%” em 2014. Na área de negócios de charcutaria “o desempenho foi mais relevante tendo crescido cerca de 22%”, revela o responsável. O consumidor continua com dois focos muito distintos, segundo o Director Comercial da Pires Lourenço, para a qual os “fatiados com menos de 200 gramas e pedaços com menos de 500 gramas” foram os produtos mais vendidos. “Por um lado, o consumidor vive na busca por produtos com baixos teores de gordura e açúcares. No entanto, tem o lado emocional, que apela à procura por produtos tradicionais e com o mínimo de aromatizantes e conservantes”. A procura de produtos de conveniência é, por isso, o factor que cruza estes dois focos do consumidor, pelo que “cerca de 35% das vendas” da empresa já se encontram na “Gama de Conveniência”, porém “as verdadeiras bandeiras que ajudam a manter o crescimento, mesmo num triénio que foi de crise” têm sido os produtos tradicionais. “Só produzimos Presunto, um produto natural e que tem sempre consigo uma forte ligação emocional. Por outro lado, a “democratização” do consumo (que em muitos casos veio da redução de gramagens), fez com que hoje tenhamos consumidores que não estavam neste produto, e isso é muito positivo”, revela o responsável. O mercado tradicional, que representa “cerca de 10% do volume de negócios” da Porminho, “mantem os adeptos e cujo volume de negócios está estável”. Em 2015, as tendências enumeradas “irão manterse”, nomeadamente, a procura de “produtos de conveniência e soluções económicas”. O mercado vai “assistir a um regresso do paradigma da qualidade e na aposta em marcas fortes”, revela o responsável da Iguarias, que prevê que a redução da oferta que “importamos” nos últimos anos, devido às dificuldades sentidas no mercado espanhol e que “empurraram algumas marcas” para o mercado nacional. A imagem, composição e ingredientes, e ainda a relação entre preço e posicionamento serão, os factores de decisão e distinção das marcas, que também pensam em ganhar mais visibilidade nos mercados internacionais. H 30-01-2015 11:16 Página 025 OPINIÃO 25-32 marcas:Hipersuper Fevereiro 2015 Vender produtos que não existem O que faz uma empresa que em 1994 começou a vender livros online e que 20 anos depois vende mais de 5 mil milhões de produtos num só ano? Esta fenomenal trajectória de crescimento pertence à Amazon. E este crescimento faz-se em várias frentes. Desde a expansão para novas linhas de produtos até à eficiência da entrega no próprio dia. Sempre tendo como objectivos a sinergia com recursos já existentes e erguer barreiras à entrada de novos concorrentes. Porque, como o Fundador e CEO Jeff Bezos gosta de relembrar em todos os relatórios de contas, a Internet ainda está na sua infância. Na sua visão o mercado do retalho online vai tornar-se absurdamente maior do que já é e, por esse motivo, a gestão de topo da Amazon toma decisões com base única e exclusivamente na performance a longo prazo. Actualmente, a Amazon já vende praticamente todas as marcas e produtos existentes nas categorias de maior procura. Para crescer, chegaram à conclusão que tinham que vender produtos que ainda não existem! Segundo consta, e os indícios são claros, a Amazon está a preparar uma plataforma para inventores. Existe uma onda de criadores e criativos, artistas digitais que desenvolvem novos produtos com base em novas ferramentas e tecnologias disponíveis. Impressão 3D, robots e drones, plataformas de crowdfunding, como KickStarter ou Indiegogo, são apenas alguns exemplos. E existem produtos desses com potencial de sucesso enorme. O smartwatch Pebble angariou $10 milhões em crowdfunding e em ano e meio vendeu cerca de 500 mil unidades. A Coolest Cooler é uma arca frigorífica portátil que angariou $13 milhões em pré-compras. Ainda não está em comercialização, mas percebe-se que a Amazon tenha todo o interesse em distribuir este e outros produtos do género. Os óculos Rift obtiveram $2,5 milhões em crowdfunding em Setembro de 2012 e em Março de 2014 a empresa foi comprada por $2 mil milhões. Estes são valores estratosféricos e a Amazon está atenta. O objectivo desta plataforma para inventores é ajudar os criativos digitais nas diferentes etapas do processo de criação. E, claro, poder ter estes produtos de elevada procura à venda na Amazon. Quanto mais proximidade houver na relação com estes criadores, mais a Amazon beneficia. E mais complica a vida aos seus concorrentes. No fundo, tudo se resume a sinergias e barreiras à entrada. Ainda não existem muitos pormenores públicos, mas esta abordagem não é nova para a Amazon. A iniciativa AWS, Amazon Web Services, proporciona serviços web para startups. No fundo, são serviços online estruturais para muitas startups de software, que não possuem escala para ter as suas próprias infra-estruturas e compram esses serviços à Amazon. Por exemplo, a maior parte das empresas que têm serviços de cloud no seu portefólio de produtos usa os serviços de cloud da Amazon. Estima-se que esta unidade de negócio represente uma facturação de $5 mil milhões. Agora, a Amazon prepara-se para fazer algo equivalente para empresas de hardware. Com a grande vantagem de poder comercializar os produtos que usam a sua plataforma. H Pedro Fernandes Director de Marketing da Edigma 025 w w w . h i p e r s u p e r . p t 25-32 marcas:Hipersuper 30-01-2015 11:16 Página 026 photo: Frame it marcas Fevereiro 2015 Otto Teixeira da Cruz, director comercial da Sovena Lagar da Oliveira da Serra é o “Melhor do Mundo”. Com 21% de quota de mercado, a Oliveira da Serra foi eleita a “escolha do consumidor 2014/2015” pelos portugueses. O lagar da marca do grupo Sovena ocupa o primeiro lugar do ranking do World’s Best Olive Oil Mills, na qualidade de melhor produtor de azeite do mundo. Ana Catarina Monteiro mailto:[email protected] O O sector de azeite está a “inverter a situação desfavorável” provocada pela quebra da produção, assistindo-se agora ao “aumento do preço dos azeites” portugueses no mercado global, disse Assunção Cristas, Ministra da Agricultura e do Mar, em visita ao Lagar do Marmelo da Oliveira da Serra, no dia 23 de Janeiro. A vigilância anti-furto proporcionada pelo Programa Campo Seguro, que tem como objectivo ser um instrumento de combate à criminalidade no mundo rural, expressou-se numa “subida de 40% a 50%” do preço do ‘líquido dourado’ em Portugal, que “compensou os produtores e diminuiu o impacto da quebra de produção”. De Janeiro a Dezembro de 2014, a balança comercial portuguesa sentiu o “aumento de 7,5% das exportações”, sendo que o sector do “azeite contribuiu com 100 milhões de euros” para este resultado. Para o mercado externo, a Ministra explicou que o azeite 026 w w w . h i p e r s u p e r . p t português “é vendido pelo dobro do preço”, com uma “qualidade reconhecida além-fronteiras”. As importações, por sua vez, abrandaram o ritmo. Em 2014, a Oliveira da Serra ganhou mais de 40 prémios em concursos mundiais, dos quais se destacam os Mário Solinas, Ovibeja, Sial Canadá, Oil China, Olive Japan, Copenhagen International Olive Oil Award, Concurso Nacional de Azeite Virgem Extra, Los Angeles Country Fair, Marco Oreggia e NY Olive Oil Competition. Estas distinções deram origem ao primeiro lugar no World’s Best Olive Oil Mills, ou seja, o melhor lagar do mundo, o que a administração da marca interpretou como o equivalente a “melhor produtor de azeite do mundo”. PRODUÇÃO NACIONAL CHEGOU ÀS 7 MIL TONELADAS Na campanha 2014/2015, foram processadas 51 mil toneladas de azeitona e mais de sete mil toneladas de azeite foram extraídas dos dois lagares do 25-32 marcas:Hipersuper 30-01-2015 11:16 Página 027 photo: Frame it marcas grupo Sovena em Portugal, o Lagar do Marmelo e o Lagar de Avis, detido anteriormente pela Lactogal. Ambas as plantações contaram com recurso a um sistema de GPS na sua origem. A marca detém um olival com mais de 10 milhões de oliveiras, numa extensão de mais de 10 000 hectares, distribuídos por 57 quintas e herdades, em território nacional, embora a produção total do grupo esteja espalhada por Portugal, Espanha e Marrocos, contando com uma área total de mais de 13 237 hectares, dos quais 11 242 estão preenchidos pelas oliveiras. A maior parte da área de plantação é portuguesa, correspondendo a 8 581 hectares plantados, numa área bruta de 10 269 hectares. Um número muito acima dos 1 636 hectares detidos em Espanha e dos 1 332 no país do norte de África. Além de unidades de embalamento em Espanha, Portugal, Estados Unidos e Tunísia, a Sovena possui também uma unidade de bio diesel, responsável pelo processamento de “75 mil toneladas de bio combustíveis”, no último ano. A Agrodiesel foi constituída em 2007, através de uma parceria com a Diester Internacional (empresa participada pela Bunge e pela Diester, operador europeu de biodiesel), abrindo portas ao mundo da energia para o grupo de gorduras alimentares Sovena que, por sua vez, pertence à empresa da área de alimentação e bebidas, a Nutrinveste. A fábrica foi instalada junto da fábrica Na campanha 2014/2015, foram processadas 51 mil toneladas de azeitona e mais de sete mil toneladas de azeite foram extraídas dos dois lagares do grupo Sovena em Portugal, o Lagar do Marmelo e o Lagar de Avis da Tagol, responsável pela extracção e refinação de oleaginosas e soja, e iniciou as operações em Dezembro do mesmo ano. O lagar do Marmelo tem uma capacidade de armazenagem de 5 600 toneladas de azeite, e uma produção que equivale à extracção de 2 600 toneladas de azeitona por dia. Além deste, a marca conta também com o lagar de Avis, em Painho, desde 2013, com capacidade para processar 900 toneladas diárias de azeitona, duplicando a capacidade de produção por campanha. O lagar foi reconstruído a partir da antiga fábrica de lacticínios da Lactogal, inactiva desde 2009, e está integrado no Projecto ELAIA, desenvolvido em conjunto entre o grupo e a Sociedade de Investimento Atitland. Com o objectivo de alargamento da actividade à produção própria de azeite, o programa abrange investimentos na requalificação e expansão da área de olival da empresa e na inovação em termos da laboração do azeite. Durante a visita ao Alentejo, Otto Teixeira da Cruz, Director Comercial da marca portuguesa de azeite, revelou que “60% do azeite consumido durante 2014 corresponde ao azeite virgem e virgem extra, e os restantes 40% correspondem ao azeite refinado”, sendo que “o principal cliente é a distribuição moderna”. O ano passado foi o “quarto ano consecutivo”, no qual a Oliveira da Serra “liderou as vendas no mercado”, com 21% de quota de mercado em volume e 23% em valor. “MARCA DE AZEITE COM MAIOR PRESENÇA NOS LARES” Segundo dados da Nielsen citados pela empresa, o cliente português consome dez litros de azeite por ano. O País regista um consumo médio de sete litros per capita. Otto Teixeira revelou que o “consumo tem crescido, correspondendo a uma média de 3% em volume, nos últimos oito anos“. O responsável apresentou também o azeite “primeira colheita 2014/15”, para o qual definiram a estratégia de lançamento para o mercado com um preço “mais baixo, acessível a todos os consumidores, criando a expectativa”. Durante o ano anterior, a marca apresentou as variedades “Oliveirinha”, destinado aos mais novos, além de recuperar a tradição de fritar com azeite com o lançamento de um produto para esse efeito e um novo formato para temperar saladas ou saltear pratos, o spray “Oliveira da Serra Q.B”. Foi lançada ainda, uma tampa “pop up”, num dos formatos convencionais. “Apostámos numa relação cada vez mais próxima com o consumidor e que nos valeu a eleição de Escolha do Consumidor 2014/2015. Uma relação construída também através da nossa página de Facebook, que tem mais de 310 mil fãs e que oferece diariamente dicas e receitas assinadas pelo Chef Vitor Sobral e que se podem preparar em apenas 15 minutos”, disse o responsável. Exportada desde o início dos anos 90, a marca era inicialmente orientada para o “mercado da saudade” e PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), mas a expansão geográfica tem assumido uma relevância cada vez maior. Um facto que levou a marca a expandir mercados e a estar hoje em latitudes tão distantes como a Rússia, a Índia ou a China. Actualmente, as exportações representam 10% do volume da facturação da empresa. Os países que mais apreciam o azeite da empresa portuguesa são o Brasil, com a marca de azeite Andorinha a liderar neste mercado, e os Estados Unidos da América, com a marca Olivari, que corresponde a uma parte da produção feita em Espanha. A “aposta constante” na modernização dos sistemas de produção, é levada a cabo pelo grupo através da parceria com várias universidades, em Espanha e Portugal, para investigação de novos e mais eficientes recursos, a nível dos gotejadores, qualidade dos sistemas de rega, sondas para optimizar a qualidade dos terrenos, entre outros estudos. Durante a visita ao lagar do Marmelo, houve ainda tempo para uma aula sobre os benefícios da dieta mediterrânica, dada por Assunção Cristas a uma turma de crianças de uma escola local, que tiveram depois a oportunidade de visitar as instalações do emblemático espaço da Oliveira da Serra. H 027 w w w . h i p e r s u p e r . p t 25-32 marcas:Hipersuper 30-01-2015 11:16 Página 028 marcas Fevereiro 2015 Três passos para a personalização do público. O marketing personalizado vai dominar em 2015. Para crescerem, as empresas têm que adequar a oferta a cada pessoa, ligando os consumidores às ofertas e serviços. Muitos profissionais já compreendem isto mas “apenas 6% estão a definir aquele especifico problema, ou que os produtos vão de encontro às necessidades exclusivas do consumidor, este vai atribuir mais valor aos emails de uma determinada empresa, sempre que aparecem na sua caixa de entrada. estratégias com foco na personalização”. Ana Catarina Monteiro E nquanto rede, a internet apresenta milhares de opções que podemos seguir, depois de uma pesquisa. Consoante aquilo que procurarmos, as palavras-chave encaminham a atenção do utilizador para temas relacionados, que vai descobrindo à medida que navega. A personalização começa aqui, como quando se selecciona um vídeo que o Youtube sugere ao lado do que já foi exibido. A partir daqui, desenrolam-se uma série de conexões de interesse, que fazem o indivíduo navegar para obter cada vez mais informação. Quanto mais longe o consumidor for nesta cadeia de informação, mais personalizados estavam os conteúdos, uma vez que o mantiveram sempre interessado. Segundo a página web Marketingprofs, 45% dos consumidores online prefere páginas com recomendações que lhe são directamente dirigidas. Para determinar o conteúdo que atende especificamente às características de cada um, o marketing personalizado corresponde à análise profunda do comportamento do indivíduo, de modo a recomendar-lhe o produto ou serviço que mais lhe interessa comprar. MAS COMO PODEM OS PRODUTOS E SERVIÇOS DE UMA EMPRESA SERVIR CADA ÚNICO CLIENTE? 1º passo Conhecer os clientes para criar experiência costumizada. Entrevistas, estudos de casos, inqué- photo: © Julien Eichinger - Fotolia.com mailto:[email protected] ritos ao consumidor e os testemunhos prestados através das ‘cookies’ presentes nos websites, são formas de produzir mais dados de valor sobre as pessoas que precisam dos serviços de uma determinada empresa. Os dispositivos móveis representam uma grande fonte de informação, sendo que, até 2017, são esperados mais de 268 biliões de downloads feitos através daqueles aparelhos. Desta feita, os downloads por telemóveis ou tablets, oferecem um rico amontoado de informação útil para o marketing personalizado. Tirar o máximo partido possível de dados para potenciar a expêriencia de compra do consumidor no canal online, é a arma das empresas, depois de já terem definido o público a atingir. 2ª passo Segmentar os contactos de email Neste momento, anunciar por email já não tinha muita importância para as estratégias de marketing das 028 w w w . h i p e r s u p e r . p t empresas. É muito fácil a publicidade ser arquivada ou apagada, sem nem sequer a mensagem ser aberta e lida. No entanto, este canal de propaganda volta a estar novamente presente na lista de tarefas dos profissionais, mas com outro cuidado. A mesma fonte revelou que os emails personalizados têm mais 25% de probabilidade em serem abertos, do que os que são enviados ao público em geral. Também o número dos que acedem ao conteúdo mostrado é 51% maior nos emails personalizados. É importante que as empresas abram novamente a caixa de entrada das suas plataformas para segmentar as suas listas de contactos. Os diferentes grupos podem ser categorizados por indústria, localização geográfica, registos de compras, entre outras. Depois da divisão, a empresa pode construir as mensagens para cada grupo, da melhor forma para vender o produto que mais se encaixa nas suas necessidades. Quando a empresa conseguir demonstrar que o seu serviço resolve 3º passo Estar onde o público-alvo está mais concentrado Com o marketing a tornar-se cada vez mais personalizado, uma empresa pode potenciar o seu lucro, com base na demografia dos seus consumidores. Por exemplo, um vendedor de águas pode conseguir bons resultados ao vender no meio da praça da cidade, durante um dia ameno, mas alcançaria melhores resultados se estivesse numa praia lotada num dia quente de Agosto. As empresas que usam o marketing personalizado segundo a concentração de consumidores, registam, em média, um crescimento de 19% no número de vendas. Conhecer os dados demográficos do público a atingir representa uma mais-valia para as empresas. As várias plataformas, incluindo as redes sociais, funcionam como ferramentas para os profissionais alcançarem o cliente perfeito. A plataforma MarketingProfs dá conta que o Facebook possui um fluxo de dados 500 vezes maior do que o New York Stock Exchange, a bolsa de valores em Wall Street. A plataforma social regista dados sobre as preferências, hábitos, interesses, entre outras informações, que podem ajudar a empresa a alavancar as vendas. Em 2015, prevê-se que as empresas tirem mais partido dos dados que têm à disposição, com o apoio das mensagens costumizadas, emails e campanhas individualizados e publicidade segmentada. Por isso, o marketing personalizado é a chave para o sucesso este ano. H 25-32 marcas:Hipersuper 30-01-2015 11:16 Página 029 25-32 marcas:Hipersuper 30-01-2015 11:16 Página 030 entrevista Fevereiro 2015 Nasceu há cerca de um ano e factura 13 milhões de euros. A Brandcare comprou seis marcas à Colgate Palmolive e prepara agora o lançamento de novas fórmulas e embalagens "Fazem parte da nossa estratégia novas aquisições na Península" Rita Gonçalves mailto:[email protected] D A Brandcare tem pouco mais de um ano. Como nasceu a empresa? Somos uma empresa recente, com um ano e pouco de história. Começámos em Dezembro de 2013. Quando adquirimos seis marcas à Colgate Palmolive. Duas portuguesas (Super Pop, Feno) e uma ibérica (Javisol) e duas espanholas (Cristasol e Tacto). Operam nas categorias de cuidado do lar e higiene pessoal. Exactamente. O sócio maioritário da empresa é o fundo de investimento Explorer Investments, líder de private equity em Portugal. Como é que isto aconteceu? Por que a Colgate Palmolive tinha umas marcas que não eram estratégicas nem nunca foram. Eu trabalhei durante 14 anos na Colgate, em Portugal e França. Depois fui para a Lactalis Nestlé, até surgir esta oportunidade. A Colgate sempre teve marcas locais não estratégicas. Embora, nenhuma estivesse descontinuada. Só que a Colgate não lhe ligava muito. Eles tem três prioridades: higiene oral, higiene oral e higiene oral. E depois higiene pessoal, como a quarta prioridade e parava por aí. A nível mundial, estas marcas não eram negócios estratégicos e a Colgate, como muitas outras multinacionais, tinha de conciliar as actividades core. Nós chegámos-nos à frente e propusemos comprar essas seis marcas. photo: D.R. uas portuguesas - Super Pop, Feno - uma ibérica – Javisol- e duas espanholas - Cristasol e Tacto. A Brandcare deu 13 milhões de euros para comprar estas seis marcas à multinacional de origem norte-americana. Nuno Taraves, CEO da Brandcare Como se concretizou o negócio? Estas marcas são nossas desde Dezembro de 2013 e acordámos com a Colgate uma coisa a que chamámos de TSA – Temporay Service Agreement. Na prática, eles estiveram a fazer a produção e a comercialização das nossas marcas mediante um 'fee' que era a sua remuneração. Foram, portanto, distribuidores das suas antigas marcas durante cerca de um ano. De Janeiro a Novembro. Porquê? Porque somos uma 'start up' e precisávamos de tempo para conceber o 'business plan', a estrutura, tudo. E porque optámos por não ter fábrica. É tudo feito em regime de outsourcing com fábricas especializadas na produção deste tipo de produto. 030 w w w . h i p e r s u p e r . p t Onde estão localizadas as fábricas? Essencialmente em Portugal, vamos trabalhar com quatro. Diria que 70% da produção é feita em Portugal. Alguns produtos, pelas suas características e preços, vamos produzir fora, uma em Espanha e outra cuja localização ainda está em negociação. problema que identificámos era ficar demasiado dependentes de um só fornecedor. E decidimos ter pelo menos dois a três. Se surgir um problema temos como contornar e até para estarmos mais abertos a melhorias. Tivémos que criar um 'back up plan', mesmo as multinacionais têm sempre um. Porque não ficaram a trabalhar em outsourcing com a própria Colgate? Porque a Colgate não faz regimes de produção em outsoursing para ninguém. Além de que iamos precisar de capacidade de I&D que eles também não estariam certamente interessados porque há conflitos de interesse entre as nossas marcas. Quais os critérios na selecção dos fornecedores? A selecção dos fornecedores foi um processo muito criterioso. Somos excolaboradores de multinacionais, habituados a respeitar parâmetros e requisitos rigorosos. Arranjámos um consultor especialista em auditorias de fábricas. A segunda fase foi a de negociação das condições de custo, capacidade de desenvolvimento de fórmulas e packaging e de Não é mais eficiente reunir a produção numa fábrica? Sim, até do ponto de vista de gestão. O 25-32 marcas:Hipersuper 30-01-2015 11:16 Página 031 entrevista Tiveram acesso à receita de fabrico. Mantivera-na? Sim, a 100% e todos os parâmetros de qualidade foram mantidos. Mas nós não vamos manter o produto exactamente igual. Aliás, na transição comprámos os stocks para o nosso armazém. Quando acabarem estes produtos e iniciarmos a nossa produção, vamos lançar, nalguns casos, melhorias de fórmulas e, noutros, novas embalagens, para conferir aos produtos um carácter de inovação. A curto, médio prazo. Porque estas são marcas com grande notoriedade mas que não estavam a ser trabalhadas e necessitam de 'refresh'. Preparámos a estrutura, a diferença face às start up é que temos já um volume de negócios significativo. Qual o valor do negócio? Isso é absolutamente secreto. Qual o volume de negócios das marcas que adquiriram? As marcas apresentam cerca de 13 milhões de euros em vendas liquídas. Como montaram a equipa? Eu e a directora financeira montámos tudo a partir de uma folha em branco. Procurámos pessoas que metessem a mão na massa e com experiência no grande consumo. Temos operação em Portugal e Espanha. Fazemos tudo a partir de Portugal e temos uma pequena estrutura de vendas em Espanha. Em Espanha, vendemos Cristasol, Tacto e Xampa e as restantes exclusivamente em Portugal. Por agora. Quantas pessoas trabalham na Brandcare? A estrutura tem 17 pessoas, e cerca de 11 colaboradores externos, que fazem o mechanding de activação das marcas. Apesar de termos um volume de negócios considerável, estamos a falar de higiene caseira, com margens curtas. A nossa estrutura é por isso pequena, estreita e trabalhadora. Quem são os consumidores destas marcas? Como são marcas antigas e tradicionais, há representação em todos os níveis etários, sócio-demográficos, diria até psicográficos porque são marcas líderes (Cristasol), ou segun- photo: D.R. desenvolvimento de ideias. E em terceiro os critérios de análise aos lotes. Fazemos análises a todos os lotes de produção. Não são muitas as empresas que o fazem. das marcas (Super Pop), ou sku mais vendidos (Feno) nas duas categorias. Como são marcas antigas, que não tiveram grande inovação, comunicação e promoção, ao longo dos anos. Estamos a falar de consumidores mais leais, com mais de 40 anos. O que queremos é manter este target e crescer sustentadamente em escalões imediatamente abaixo e junto dos novos públicos. No Feno, por exemplo, o capital das marcas está lá, a notoriedade também e estão indentificados valores como naturalidade, frescura, perfume associados ao produto que podem interessar públicos-alvo mais novos. E é para isso que vamos trabalhar. Planeiam crescer com a aquisição de novas marcas? Ambicionamos dois tipos de crescimento, o orgânico, comprámos estas marcas com potencial e agora temos de trabalhá-las. E pensamos na exportação. O crescimento não orgânico faz parte do nosso 'business plan', mas infelizmente não é como ir ao supermercado. Mas, sim, fazem parte do nosso plano outras aquisições na Península. Qual a estratégia adoptada para as novas marcas? Estas marcas não tinham foco, inovação, comunicação ou grande conteúdo. E agora passam da última prioridade da Colgate para uma empresa que foi criada para trabalhá-las. Vamos darlhes energia, como empresa pequena temos muito mais capacidade de reacção do que empresas grandes e complexas. O nosso timing tem de ser muito mais rápido do que o das multinacionais. E inovação e comunicação. Começámos no Verão do ano passado a comunicar algumas. Activamos o gingle do Feno e aumentámos a visibilidade de Super Pop. Agora, vamos apostar numa comunicação sustentada. Vão apostar em novos canais de distribuição? As marcas são vendidas em todo o lado. A distribuição ponderada está acima dos 80%. No retalho moderno e tradicional. Não estamos no Lidl ainda. Estes primeiros meses tem sido de transição. Herdámos os canais de distribuição que a Colgate trabalhava. Nos últimos três meses, fizemos os contratos com os retalhistas. A grande dificuldade foi em Espanha, um mercado muito fragmentado. Estamos em fecho de transição, o mês que vem já vai ser normal. Excluindo os factores exógenos, estimamos crescer a duplo dígito. Quais as expectativas para este ano? Fazer uma transição que corra bem para todos os parceiros ainda no primeiro trimestre. E colocar o plano de inovação na rua, lançar novos produtos ainda este ano. Qual a sua posição em relação às marcas brancas? O papel das marcas é merecer a confiança do consumidor. Trazer valor acrescentado para que os consumidores as comprem e recomprem. A marca deve ter uma estratégia de preço, o preço que é justo. Porque é o consumidor quem decide. Quais as vossas ambições no plano exterior? Trabalhar as marcas portuguesas em Espanha e o contrário. Actualmente, estamos presentes em Angola e Cabo Verde, mas queremos expandor nos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), nomeadamente em Moçambique. Ainda esta ano. Temos de conhecer e estudar o mercado e arranjar uma estratégia de entrada para as marcas portuguesas. A exportação representa cerca de 15% das nossas vendas. Qual a vossa estratégia no ponto de venda? A decisão de compra é tomada muitas vezes (60 a 70% dos casos) no linear. Temos de estar muito fortes no ponto de venda. Contratámos duas empresas para aumentar a nossa visibilidade, seja através de um espaço de linear justo, seja um espaço secundário – topos, folhetos, displays – e materiais de ponto de venda. Que balanço faz das categorias onde a Brandcare opera? Estão estáveis nos dois últimos anos, mas tem havido algum crescimento das marcas de fabricante. A área promocional cresceu bastante. Foi a forma como as marcas reagiram à crise. Mas estamos a falar de números ténues. Não há uma mudança estrutural, é conjuntural. Em que consiste a vossa estratégia promocional? Quando fazemos promoções temos de ter objectivos concretos, seja recompensar os consumidores leais, seja para chegar a novos consumidores, ou porque em determinado momento sentimos que temos de estar mais agressivos do que a concorrência, tem de haver sempre um objectivo. H 031 w w w . h i p e r s u p e r . p t 25-32 marcas:Hipersuper 30-01-2015 11:16 Página 032