apostólica

Propaganda
Sois uma Carta de Cristo, redigida por nós!
(2 Cor. 3, 3)
Introdução:
“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações,
conhecida e lida por todos os homens. É evidente que sois
uma carta de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita, não
com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de
pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações” (II
Cor.3,2-3)
O nome de Paulo aparece como autor de 13 Cartas do Novo
Testamento, escritas a diferentes comunidades, ao longo de uns
cinquenta anos.
Durante as viagens, Paulo mantinha contacto com as comunidades,
através de mensageiros e, a partir da segunda viagem, também
através de Cartas. Pedia que as suas Cartas fossem lidas nas reuniões
da comunidade (I Tes.5,27) e que fossem enviadas às outras
comunidades.
Escritos de circunstância
Paulo não nos deixou tratados teológicos. Deixou-nos Cartas, que são sempre escritos de circunstância,
endereçados a comunidades concretas ou a pessoas concretas. Paulo escreveu muitas cartas. Nem todas
foram conservadas.
Nas cartas aos coríntios, Paulo menciona duas outras cartas que não conhecemos, para a mesma
comunidade ( I Cor.5,9; II Cor,2,3-4.9). Na Carta aos Colossenses fala de uma carta escrita à comunidade de
Laodiceia, que não foi conservada (Col.4,16).
Escrever como quem cava
Hoje é fácil escrever. Basta ter uma caneta e uma folha de papel. Naquele tempo era diferente. As pessoas
não tinham o costume de escrever, nem as facilidades que hoje temos. Peles e pergaminhos custavam caro
e estavam reservados para os livros e documentos oficiais. Para os trabalhos vulgares usavam-se papiros e
cada folha custava um dia de trabalho. Não era fácil escrever nestas folhas. Recorria-se a escribas de
profissão. Quem queria escrever uma carta, costumava chamar uma pessoa especializada na matéria. Era o
que Paulo fazia. Ele mesmo ditava e o amanuense escrevia.
Na Carta aos Romanos, o secretário aproveitou um momento de folga, entre duas frases para mandar um
abraço: “Eu, Tércio, que escrevi esta carta, saúdo-vos, no Senhor”.
Escrever, no tempo de Paulo, era mais duro do que cavar à enxada. As 7101 palavras da Carta aos
Romanos deverão ter demorado umas cem horas a escrever.
No fim de cada carta Paulo assinava mesmo (cf. II Tes.3,17; Gal.6,11; Col.4,18). Parece que apenas a Carta a
Filémon foi escrita inteiramente pelo próprio Paulo, sem a ajuda de um secretário. No fim da Carta aos
Gálatas, Paulo pegou na caneta e escreveu com letras grandes: «Vede as grandes letras, com que vos
escrevi pela minha própria mão» (Gal.6,11). A assinatura «pela minha própria mão» era uma espécie de
marca registada. Distinguia as cartas de Paulo e impedia as falsificações.
Às vezes, segundo o costume da época, utilizava os serviços de um secretário amigo, a quem comunicava as
ideias que queria transmitir, mas era ele que redigia a epístola.
1
Paulo escreve as Cartas quase sempre na presença de companheiros de missão. Estes aparecem ao lado
dele na saudação inicial e nas saudações finais. A Carta aos Gálatas e a Carta aos Efésios não têm
saudações.
Selar a carta
Terminada a Carta, se era breve, dobrava-se a folha e era selada com pez ou cera. Na parte exterior
indicava-se a direcção e o nome do destinatário. Se se tratava de uma carta mais longa, o rolo era
introduzido num envelope que se selava. Faltava só encontrar um portador, visto que o correio imperial
não transportava senão missivas oficiais.
É igualmente sabido que as Cartas endereçadas de Paulo surgem quase todas (a excepção é a Carta aos
Romanos), depois do contacto pessoal de Paulo com as comunidades ou com as pessoas, a quem a Carta
é enviada.
É, portanto, inquestionável que as Cartas de Paulo não são tratados teológicos temáticos abstractos, mas
teologia “activa” e “interactiva”, que deixam ver Paulo como teólogo, mas sempre também como
apaixonado missionário, pastor, pai, apóstolo.
Por isso, é absolutamente de evitar dissociar o Paulo, teólogo da sua vida real, das suas comunidades
concretas, dos seus caminhos poeirentos. Uma vida tão intensa não pode ser simplesmente anestesiada e
dissecada. E é imperioso visitar e revisitar, frequentar, uma e outra vez, com redobrada atenção e amor, a
paisagem epistolar Paulina, em ordem a podermos compreender e receber o forte impacto da mensagem
cristã vivida e endereçada, que a atravessa.
Uso das cartas
Muito se tem escrito acerca do conteúdo, da forma e da autoria das Cartas ou Epístolas de Paulo.
Comecemos por esclarecer o vocabulário.
As Cartas ou Epístolas pertencem ao género literário de um texto destinado a ser lido e/ou publicado,
dirigido a uma pessoa individual ou a um grupo. Já encontramos esse género literário estabelecido no séc.
IV a.C.
Geralmente distingue-se entre Carta e Epístola. A Carta é mais pessoal. E a Epístola mais literária, uma
espécie de «ensaio».
Quanto à forma e conteúdo, as Cartas ou Epístolas de Paulo hoje incluídas no cânone do Novo Testamento
podem ter tido uma origem ligeiramente diferente daquela que conhecemos. Tanto quanto podemos
avaliar, são textos dirigidos a comunidades concretas e/ou a pessoas singulares e tratam de problemas
específicos ligados à vida dessas mesmas comunidades. Não está posta de lado a possibilidade de todas ou
pelo menos algumas delas terem passado por um ou vários processos de redacção final.
O seu processo de composição e de difusão poderá ter passado por um período lento em que as diferentes
comunidades partilhavam entre si as Cartas recebidas, usando-as até nas suas reuniões de oração
comunitária.
Os estudiosos indicam o ano 96, provavelmente cerca de 30 anos depois da morte de Paulo, como aquele
em que temos a primeira notícia da existência de uma colecção das Cartas de Paulo.
Qualquer que tenha sido a forma de circulação ou de redacção final - com atribuição do título dos
destinatários tal como hoje os conhecemos o certo é que, já em meados do séc. II da nossa era, elas faziam
2
parte do ritual litúrgico de muitas igrejas particulares; e a partir do séc. IV, passaram a integrar o cânone do
Novo Testamento.
A pseudo-epigrafia
A dificuldade em compreender este processo leva-nos a tocar outra questão relacionada com a autoria das
Cartas: a questão da pseudo-epigrafia.
Trata-se de um "fenómeno" comum e corrente em muitos textos bíblicos, sobretudo do Antigo
Testamento. Dito de um modo simples, entendemos por pseudo-epigrafia a atribuição de um texto a um
determinado autor, o qual, embora não o tenha realmente produzido, deu origem a uma comunidade ou a
uma escola de pensamento que atribui todo o material produzido ao seu mestre ou guia espiritual. E o
caso, por exemplo, da atribuição de quase todos os Salmos ao rei David ou de todo o Pentateuco a Moisés.
Segundo os estudiosos, com Paulo deve ter ocorrido um processo semelhante. Era comum ao tempo, que o
autor ditasse as linhas fundamentais do texto a ser produzido e que, depois, um secretário ou um pequeno
grupo de discípulos se encarregasse de lhe dar a forma final.
Não existe unanimidade em afirmar que tivesse sido este o processo de produção das Cartas de Paulo.
Mas existe um conjunto de estudos sérios acerca da autoria de cada Carta, que levantam questões
pertinentes quanto à autoria pessoal do Apóstolo em relação a algumas delas.
Dado que na teologia de Paulo se entra por caminhos concretos e por Cartas endereçadas, convém
começar por enumerar as sete Cartas autênticas de Paulo, aquelas que consensualmente se atribuem a
Paulo:
Cartas autênticas






1 Tessalonicenses,
1 e 2 Coríntios,
Gálatas,
Filipenses,
Filémon
Romanos
A primeira Carta aos Tessalonicenses terá sido escrita de Corinto, no ano 50 ou 51 e a última (Romanos)
terá sido escrita também de Corinto, talvez no Inverno de 55-56.
Cartas editadas



2ª Carta aos Tessalonicenses
Efésios
Colossenses
São hoje consideradas Cartas editadas tardiamente, depois da morte do Apóstolo, pelos seus discípulos.
Mais tardias ainda serão as chamadas Cartas Pastorais



I Timóteo
II Timóteo
Tito
3
Existem como que dois Paulos: o conflituoso e o combativo. O primeiro usa facilmente o estilo vivo da
diatribe cínico-estóica; o segundo desenrola a teia da sua reflexão interior ou a sua elevação para Deus,
como quem desenrola o fio de uma meada, numa frase densa e muito rica, onde os pensamentos se
juntam, acumulam e se completam. Paulo tanto usa a diatribe, como cita as escrituras e até uma ou outra
palavra de Jesus.
Uma questão de estilo
Paulo tem um estilo inconfundível e uma forma própria de escrever:
1. Começa sempre com uma referência ao seu nome e à sua autoridade apostólica, uma pequena oração e,
muitas vezes, algumas referências a nomes individuais;
2. Segue-se o desenvolvimento do tema da Carta propriamente dito;
3. No final há também sempre uma referência a pessoas concretas, uma saudação particular ou uma
bênção.
E a partir deste conjunto de características, ligadas a uma linha de pensamento que reflecte uma constante
de temas e ideias, que os estudiosos duvidam da autoria pessoal de Paulo em relação a algumas cartas.
Um consenso muito amplo, que reúne as mais antigas tradições cristãs e os recentes dados das ciências
hermenêuticas e históricas, afirma claramente que as Cartas de Paulo são os primeiros escritos cristãos
que chegaram até nós.
Ao todo, treze Cartas. No fim do séc. II, a colecção das treze “Cartas de Paulo” (lista que incluía
frequentemente Hebreus) estava feita e era aceite em toda a Igreja como Palavra de Deus (ver 2 Pe 3,1516).
Esperar-se-ia que a nossa cultura, que vibra com a arqueologia das origens e o retorno às fontes, nos
tivesse impelido para uma apropriação apaixonada e competente desse conjunto de textos fundamentais
da identidade crente. Há que reconhecer, porém, que o grande Paulo permanece um autor desconhecido,
mal amado e distante, mesmo para a maioria dos cristãos.
O uso litúrgico aproxima-nos, evidentemente, dos seus textos, lidos e relidos ao longo do ano. Mas a
verdade é que, no contexto litúrgico, lêem-se trechos seleccionados ou sublinham-se frases teológicas,
demasiado densas para o desbravar, necessariamente contido, de uma celebração.
A reactivação dos escritos de Paulo
Para chegar a Paulo é preciso atravessar uma floresta de ideias-feitas e preconceitos. Paulo é, como hoje se
diz, um autor com “má imprensa”. É corrente ouvir que ele é um legalista, que perpetuou modelos
patriarcais que desvalorizavam as mulheres, que tem uma fobia às questões do corpo e da sexualidade, que
é um conservador em termos sociais, etc, etc. Já no séc. XIX, Ernest Renan escrevia num best-seller sobre
Jesus: «O verdadeiro cristianismo, aquele que perdurará para sempre, vem dos Evangelhos e não das 13
cartas de Paulo. Paulo é um perigo, um escolho… Paulo é a causa dos principais defeitos da teologia cristã».
E essa opinião deixou sementes. Muitas vezes se vê opor-se a linguagem de Jesus, parabólica e aberta, ao
discurso teológico e pretensamente estreito de Paulo, num conflito de interpretações superficial e
descabido.
Mas também se dá um facto paradoxal: multiplicam-se hoje os ensaios e leituras sobre Paulo e as suas
Cartas, por parte de importantes nomes do pensamento contemporâneo. Se é verdade que, de Santo
Agostinho a Lutero, de Karl Barth ao nosso Teixeira de Pascoaes, na teologia, na filosofia, nas expressões
4
iconográficas ou na literatura, a pessoa e o pensamento de Paulo nunca deixaram de ser referenciais,
também é verdade a surpreendente efervescência do panorama actual.
O filósofo Alain Badiou publicou, no início dos anos 90, uma reflexão entusiasta sobre a figura de Paulo a
que intitulou “São Paulo. A fundação do Universalismo”. A universalidade que Paulo prega não vem do que
é já inerente e consubstancial ao indivíduo (a sua pertença a uma família, a una nação, a uma língua…
traços que são necessariamente particularistas), mas de um Evento. O que produz a verdade sobre o
homem e sobre todos os homens é agora um Evento e uma Proclamação que contrastam com a
multiplicidade dos particularismos: a Morte e a Ressurreição de Jesus. A verdadeira universalidade
constrói-se no compromisso com esse acontecimento que para Paulo é a chave de toda a história.
Em 1998, o filósofo italiano Giorgio Agamben orientou um seminário no Colégio internacional de filosofia,
em Paris, onde escolheu comentar a Carta de São Paulo aos Romanos, porque, segundo ele, a hora da
plena legibilidade dos escritos de Paulo finalmente chegou.
II. BREVE APRESENTAÇÃO DAS CARTAS
Há ainda muita discussão, em curso, quanto às datas de composição das Cartas, quanto à autoria e quanto
à inclusão de algumas delas no grupo a que pertencem. Só a título de exemplo: alguns autores afirmam que
Rom. 16 inicialmente pode ter feito parte de uma Carta dirigida à comunidade de Efeso como uma espécie
de carta de apresentação da diaconisa Febe; segundo outros, 1 Cor pode ser o resultado da fusão de duas
Cartas separadas e 2 Cor. pode ter nascido de três textos independentes, o mesmo sucedendo com a Carta
aos Filipenses ... Como se pode ver por esta pequena amostra, os temas em discussão são ainda muitos e
demasiado tecnicistas para o grande público. Por isso, mais do que as discussões quanto ao seu conteúdo,
apresentamos um pequeno resumo de cada Carta.
Carta
Grupo de cartas
Data provável
Autor
Romanos
1 Coríntios
2 Coríntios
Gálatas
Maiores
Maiores
Maiores
Primeiras
Paulo
Paulo
Paulo
Paulo
1 Tessalonicenses
2 Tessalonicenses
Primeiras
Primeiras
55-59 (56 Corinto)
54-56 (Éfeso)
57 Éfeso)
48-62 (52-53 em
Éfeso)
50 (em Corinto)
70
Efésios
Filipenses
Colossenses
Filémon
Cativeiro
Cativeiro ?
Cativeiro
Cativeiro?
60 (Roma)
58-63 (54-57 Éfeso)
60 (Roma)
(54-55 em Éfeso?
Roma)
desconhecido
Paulo
Paulo (?)
Paulo
1 Timóteo
2 Timóteo
Tito
Pastorais
Pastorais
Pastorais
62 (Roma) – 100
62 (Roma) – 100
62 (Roma) - 100
desconhecido
desconhecido
desconhecido
Paulo
desconhecido
Cativeiro: ÉFESO, CESAREIA OU ROMA?
Todas estas datações são mais que discutíveis. As que apresentamos aqui são as que reúnem maior
consenso. A título de exemplo, diremos que alguns autores "empurram as datas da composição das Cartas
a Timóteo, Tito e Filémon para os anos 100 e 150: 1 Tessalonicenses; 1 e 2 Coríntios; Gálatas; Filipenses;
Filémon; Romanos. Por isso, mais do que as discussões quanto ao seu conteúdo, apresentamos um
pequeno resumo de cada Carta.
5
1. Carta aos Romanos: A justificação pela fé
Escrita muito possivelmente em Corinto entre os anos 55 e 59 (provavelmente 58). Prepara a viagem de
Paulo a Roma, levando "à frente" a sua apresentação pessoal aos cristãos da cidade que ainda não o
conheciam. Na primeira parte (cap. 1 a 11), o Apóstolo explica o mistério da justificação através da fé que
Cristo conquistou para nós, colocando em pé de igualdade judeus e gentios; e revela, ao mesmo tempo, o
mistério da conversão final de Israel a partir dos dados do Antigo Testamento, confirmado por Cristo no
Evangelho. A segunda parte trata questões relacionadas com a vida espiritual, acrescentando uma
doxologia final e uma referência ao «mistério oculto desde os tempos antigos», do qual falará mais
pormenorizadamente nas cartas aos Efésios e aos Colossenses.
DIVISÃO E CONTEÚDO
Introdução: 1,1-17;
I. O Evangelho da Salvação: 1,18-11,36;
II. Vida de acordo com o Evangelho: 12,1-15,13;
Conclusão: 15,14-16,27.
Nota-se, neste elenco, o lugar privilegiado que ocupa a Carta aos Romanos. É a última Carta autêntica de
Paulo e a única que escreve a uma comunidade, que ainda não conhece pessoalmente.
O que escreve não tem, por isso, tanto a ver com a situação da comunidade cristã de Roma, mas com as
preocupações e anseios que Paulo vive nessa altura, depois de dar por terminada a sua missão na parte
oriental do Império Romano (cf. Rom. 15, 19 e 23) e antes de partir para Jerusalém, na mais arriscada das
suas viagens, a viagem da comunhão das Igrejas em Cristo, a viagem da unidade, a verdadeira viagem da
sua vida.
A Carta aos Romanos é o último escrito, saído da mão de Paulo, obra madura, amadurecida nas esperanças
e nas dores, súmula das suas Cartas anteriores e de todas elas a mais extensa (7101 palavras) e completa,
que bem podemos considerar o testamento espiritual do Apóstolo. De facto, Paulo vive, anuncia, ensina e
escreve a unidade e a liberdade de todos em Cristo e é por esta realidade que dará a vida.
É quase um aforismo dizer-se que a história da teologia cristã se revê na história da interpretação da Carta
aos Romanos. Ou que «as grandes horas da história» são as da Carta aos Romanos (P. Althaus). É sabido
que Agostinho consumou a sua conversão quando – como ele conta nas Confissões VIII, 12) – motivado
pelo canto de uma criança que repetia “toma e lê”, pegou nas Cartas do Apóstolo, abriu à sorte e à sorte
leu Rm 13, 13b-14 (…). Nascia assim um dos teólogos mais influentes do Cristianismo.
Grande impacto para o Cristianismo e para a civilização ocidental teve outra vez a Carta aos Romanos,
quando Lutero começou a proferir sobre ela as suas primeiras lições, na Universidade de Wittenberg, em
1515-1516…
A Carta aos Romanos marcou indelevelmente a Igreja primitiva, mas também a Idade Média e a Idade
Moderna. E marcará também seguramente todos aqueles que ousarem confrontar-se com ela de forma
séria (…). Lagrange, em 1916, disse depois de ler a Carta aos Romanos o resultado foi arrasador. Karl Adams
disse que era “uma bomba no recreio dos teólogos».
2. Primeira aos Coríntios: Carismas para a edificação comum
Foi escrita durante a Terceira Viagem Apostólica, à volta dos anos 55 a 57. A comunidade de Corinto vivia
uma situação complicada motivada por divisões e discórdias às quais era necessário por cobro: uns eram de
Apoio, outros de Pedro, outros de Paulo. Além disso, estava marcada por situações de escândalo público, a
que era necessário pôr cobro. E a carta mais rica em indicações acerca das dificuldades vividas no seio de
uma comunidade concreta inserida num ambiente pagão.
6
DIVISÃO E CONTEÚDO
Prólogo: 1,1-9;
I. Divisões na igreja de Corinto: 1,10-4,21;
II. Escândalos na igreja: 5,1-6,20;
III. Resposta a questões concretas: 7,1-11,1;
IV.A Assembleia Litúrgica: 11,2-34;
V. Os carismas: 12,1-14,40;
VI.A ressurreição dos mortos: 15,1-58;
Epílogo: 16,1-24.
3. Segunda aos Coríntios: Em defesa do seu ministério
Escrita na Macedónia, pouco depois da primeira, durante a viagem que levou Paulo de Efeso a Corinto. Tito,
seu colaborador, trouxe-se-lhe as boas notícias de Corinto acerca da transformação em que a comunidade
se empenhara a partir das indicações e admoestações da primeira Carta. Contudo, existiam ainda
contendas e problemas, que Paulo tenta resolver e sanar antes de visitar a comunidade pessoalmente.
Trata-se de uma verdadeira manta de retalhos, com junção de várias cartas. Veja-se por exemplo como II
Cor.7,5 é a continuação de II Cor.2,12-13.
DIVISÃO E CONTEÚDO
Prólogo, que tem uma saudação e uma bênção (1,1-11).
I.Paulo faz a apologia do seu comportamento em relação aos coríntios (1,12-7,16). Começando por se
defender das acusações de inconstância e de leviandade que lhe fazem (1,12-2,17), sublinha, depois, a
grandeza do ministério apostólico (3,1-6,10) e termina com um apelo à confiança afectuosa dos seus
destinatários (6,11-7,16).
II.Paulo dá instruções relativamente à colecta em favor da igreja de Jerusalém (8,1-9,15).
III.Defesa de Paulo, que faz novamente a sua apologia, em tom polémico e cáustico, defendendo a
autenticidade do seu ministério contra uma minoria de agitadores que trabalham no seio da comunidade
(10,1-13,13).
4. Carta aos Gálatas: A liberdade em Cristo
Os habitantes da Galácia foram evangelizados por Paulo durante a Segunda e Terceira Viagem Missionária.
Os cristãos vindos do judaísmo tinham começado a exercer ali uma influência negativa. A comunidade vive
a tensão que esteve por trás do Concílio de Jerusalém e que pretendia obrigar os cristãos vindos do
paganismo a submeter-se aos ritos judaicos. Outra tensão tinha a ver com a "salvação pelas obras", sem
qualquer referência à Graça. Mais ainda, os judeo-cristãos procuravam impugnar a autoridade de Paulo, a
quem não reconheciam o direito de se intitular apóstolo. Paulo terá escrito a Carta em Efeso,
provavelmente entre os anos 48 e 62. A doutrina principal é a seguinte: O cristão salva-se pela fé em Jesus
Cristo e não pela Lei de Moisés.
DIVISÃO E CONTEÚDO
Introdução: 1,1-10;
I.Origem divina do Evangelho: 1,11-2,21;
II.O Evangelho faz-nos filhos de Deus: 3,1-4,7;
III.O Evangelho faz-nos livres: 4,8-5,12;
IV.Vida cristã, caminho de liberdade: 5,13-6,10;
Conclusão: 6,11-18.
7
5. Carta aos Efésios: A Igreja, Corpo
Nesta carta, Paulo trata o grande tema da Redenção e o desafio que se coloca a todos os cristãos na sua
tentativa de aprofundamento do mistério e Deus. Éfeso, que mais tarde viria a ser a sede do ministério de
São João, foi evangelizada por Paulo durante a sua Terceira Viagem Apostólica, tendo permanecido aqui
cerca de 3 anos. A carta foi provavelmente escrita em Roma entre os anos 61 e 63, durante o primeiro
cativeiro de Paulo. Esta autoria pessoal paulina tem sido contestada e alguns afirmam que não foi dirigida
unicamente à comunidade de Éfeso, mas também, provavelmente, à comunidade de Laodiceia (ver Col.
4,16).
DIVISÃO E CONTEÚDO
Apresentação: 1,1-2.
I. A Igreja e o Evangelho (1,3-3,21):
A graça de Deus: 1,3-14;
Cristo, Senhor do mundo e da Igreja: 1,15-23;
A obra de Cristo: 2,1-22;
Lugar de Paulo no plano de Deus: 3,1-21.
II. Exortação aos baptizados (4,1-6,20):
Viver na unidade: 4,1-16;
Instruções várias: 4,17-5,20;
Cristo e a Igreja. Consequências: 5,21-6,9;
Combater inimigos espirituais: 6,10-20.
Saudação final: 6,21-24.
6. Carta aos Filipenses: Alegria no sofrimento
A comunidade de Filipos foi uma das que organizou uma colecta a favor de Paulo aquando da sua prisão em
Roma. É sem dúvida uma das comunidades mais queridas do Apóstolo, se bem que se não possa falar do
seu "amor exclusivo" por nenhuma delas. A Carta é, sobretudo, um agradecimento comovido por aquele
gesto de solidariedade. Foi escrita em Roma, à volta do ano 63.
DIVISÃO E CONTEÚDO
Introdução: 1,1-11;
I.Prisão de Paulo: 1,12-26;
II.Deveres da comunidade: 1,27-2,18;
III.Solicitude pela comunidade: 2,19-3,1;
IV.O Apóstolo, modelo da comunidade: 3,2-4,1;
Conclusão: 4,2-23.
7. Carta aos Colossenses: Cristo, em primeiro lugar!
É mais uma das Cartas do Cativeiro, escrita em Roma à volta do ano 60. Tal como fizera na carta aos Efésios,
Paulo toca alguns dos temas centrais do mistério de Cristo, numa tentativa de responder às questões e
dúvidas levantadas no seio da comunidade por alguns hereges que se tinham insinuado no seu interior
«com aparência de piedade» (ver 2 Tim. 3,5). E de novo a questão da salvação pela Lei, a observância dos
ritos judaicos, o gnosticismo, o ascetismo falso, a circuncisão, etc.
DIVISÃO E CONTEÚDO
Introdução: 1,1-23;
I. O Evangelho de Paulo: 1,24-2,5;
II. Fidelidade ao Evangelho: 2,6-23;
III. Viver segundo o Evangelho: 3,1-4,6;
Conclusão: 4,7-18.
8
8. Primeira aos Tessalonicenses: Trabalhos, conflitos e vinda de Jesus!
Tessalónica, a actual Salónica, na Grécia, foi contactada por Paulo durante a sua Segunda Viagem
Apostólica. Não tendo podido permanecer muito tempo lá por causa da perseguição dos judeus, dirigiu-se
à comunidade através desta carta escrita em Corinto no inicio dos anos 50. Os estudiosos pensam que esta
é a primeira Carta de Paulo. Os grandes temas são, naturalmente, o da confirmação da fé da comunidade e
o da morte iluminada pela Ressurreição de Cristo e pela sua Segunda Vinda.
DIVISÃO E CONTEÚDO
I. Acção de graças (1,2-3,13), em 3 secções:
Saudação inicial (1,1)
Acção de graças pelo trabalho dos missionários e pela resposta dos tessalonicenses (1,2-2,16).
Missão de Timóteo, cujo êxito suscita reconhecimento a Deus (2,17-3,10).
Voto final (3,11-13).
II. Prática cristã «no Senhor Jesus Cristo» (4,1-5,24), em 4 secções:
Dois aspectos fundamentais da vida cristã: santificação e caridade (4,1-12).
Dois aspectos da expectativa escatológica: os mortos antes da parusia e o Dia do Senhor (4,13-5,11).
Outros conselhos úteis à vida cristã (5,12-22).
Voto final (5,23-24).
Saudação final (5,25-28)
9. Segunda aos Tessalonicenses: Trabalhar para comer
Também foi escrita em Corinto, pouco depois da Primeira, numa tentativa de responder a questões ligadas
a uma falsa interpretação daquela. Uma das preocupações centrais é "fazer voltar ao lugar" todos aqueles
que já iam descuidando os seus deveres normais, a partir de uma falsa esperança e interpretação da
escatologia, que julgavam estar iminente
DIVISÃO E CONTEÚDO
Saudação inicial: 1,1-2;
I. Deus, conforto na tribulação: 1,3-12;
II. A vinda do Senhor: 2,1-3,5;
III. Vida desordenada e inactiva: 3,6-15;
Saudação final: 3,16-18.
10. Primeira a Timóteo: Recomendações a um jovem bispo
Juntamente com São Lucas, Timóteo é um dos companheiros mais queridos de Paulo. Acompanha-o na
Segunda Viagem Apostólica e também na prisão em Roma. Uma vez posto em liberdade, acompanhou
Paulo à Asia Menor, onde este lhe confiou o cuidado da comunidade de Éfeso. Nesta Carta, Paulo pretende
encorajar o Bispo Timóteo nas suas lutas contra as falsas doutrinas que grassavam na sua comunidade, e
explicar-lhe algumas questões práticas referentes ao culto, às qualidades necessárias dos ministros e à
organização da Igreja. E uma das Cartas mais marcadas por preocupações pastorais.
DIVISÃO E CONTEÚDO
Saudação inicial e acção de graças: 1,1-20.
I.A organização eclesial (2,1-4,16).
II.Conselhos a várias classes de pessoas (5,1-6,19). Mas a sequência dos temas é a seguinte:
Combater as falsas doutrinas: 1,3-20;
Organização do culto: 2,1-15;
Qualidades para o episcopado: 3,1-7;
9
Qualidades do diácono: 3,8-13;
Hino ao mistério da piedade: 3,14-16;
Contra os falsos mestres: 4,1-5;
Timóteo como modelo: 4,6-16;
Instruções para vários grupos cristãos: 5,1-6,19.
Saudação final: 6,20-21.
11. Segunda a Timóteo: Reacender o dom
Constitui o que normalmente se designa por testamento espiritual de Paulo. Preso de novo, agora na prisão
Mamertina em Roma, o Apóstolo sente que o seu fim está próximo. Assim, ao mesmo tempo que pede a
Timóteo para se dirigir quanto antes a Roma, exorta os discípulos à constância na fé, fala-lhes dos perigos
da apostasia e previne-os acerca das más influências de alguns falsos apóstolos. Percebe-se uma certa
amargura que terá acompanhado os últimos dias do Apóstolo, motivada «por aqueles que buscam o seu
próprio interesse»(FI 2,21). E como elas são ainda actuais, estas amarguras de Paulo! Pelo menos, vive a
alegria de constatar a fidelidade e verdade da fé de Timóteo, seu discípulo predilecto (FI 2,20).
DIVISÃO E CONTEÚDO
Saudação e acção de graças (1,1-5), que introduzem o tema central, enquadrado por duas exortações
solenes a Timóteo, para que renove a graça do ministério pastoral que lhe foi confiado (1,6-18; 4,1-5).
Parte central: é um aprofundamento da missão de Timóteo (2,1-13), contraposta à dos falsos mestres
(2,14-26) e exercida num ambiente de indiferença e hostilidade (3,1-17). O testemunho do próprio Paulo,
que se sente já no crepúsculo de uma vida inteiramente dedicada ao Evangelho e espera concluí-la na
fidelidade à sua missão (4,6-8), constitui exemplo e encorajamento para todos os pastores.
Conclusão: tem algumas recomendações e pedidos (4,9-18) e uma saudação final (4,19-22).
12. Carta a Tito: escolher bem os colaboradores
Esta carta, cuja data deve ser muito próxima da Primeira a Timóteo, é dirigida a Tito, convertido pela
pregação de Paulo, seu companheiro em muitas viagens e responsável pela Igreja de Creta. E mais uma das
Cartas Pastorais, na qual Paulo toca as maiores dificuldades da comunidade daquela ilha, marcada por
vícios, mentiras e heresias que minavam a sua fidelidade. O Apóstolo dá instruções pastorais concretas a
Tito, no sentido de responder a estas dificuldades.
DIVISÃO E CONTEÚDO
Saudação inicial (1,1-4);
Orientações a Tito sobre os critérios de escolha dos responsáveis das comunidades (1,5-9);
Aviso contra os falsos mestres (1,10-16);
Ensinamentos sobre o modo de comportamento de várias categorias de crentes (2,1-15);
Elenco de deveres sociais (3,1-11);
Recomendações de carácter pessoal (3,12-14);
Saudação final (3,15).
13. Carta a Filémon: um bilhete postal que é um tratado sobre a amizade
Mais do que uma carta, é quase um "bilhete-postal", mas, ao mesmo tempo uma jóia de conteúdo
escriturístico. Tem apenas 25 versículos. A intenção central é interceder em favor do escravo Onésimo que
havia fugido de casa do seu amo Filémon. A fuga tinha-lhe permitido sublimar a escravidão humana,
dando-lhe um conteúdo diferente a partir da sua conversão a Cristo, o que o levou a regressar (ver 1 Cor
7,20-24).
10
DIVISÃO E CONTEÚDO
Apresentação e saudação: v.1-3;
Acção de graças: v.4-7;
Corpo da Carta: v.8-22;
Saudação final: v.23-25.
III. ALGUNS DESAFIOS
1.
Ler as Cartas de Paulo: as sete que são com toda a certeza da
sua autoria.
2.
Criar uma lista de endereços, aos quais enviar, por email, ou
sms, diariamente um pensamento paulino, abrangendo as 13
Cartas de São Paulo;
3.
Uma “Carta” por mês… (do professor aos alunos, de um amigo a
outro amigo; da Escola a outra Escola, de uma Paróquia a outra,
de um grupo e outro grupo…) inspirados em II Cor.3,2-3: “A
nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações,
conhecida e lida por todos os homens. É evidente que sois uma
carta de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita, não com
tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra,
mas em tábuas de carne que são os vossos corações”.
4.
Um retiro com a Carta aos Romanos (ou outra);
5.
Transcrever algumas passagens das Cartas de São Paulo.
Convidar as pessoas a fazê-lo num livro aberto a todos…
Deixemos que a nossa vida seja página do evangelho em acção, livro
aberto da missão.
Deixemos que o nosso testemunho seja a primeira carta de
recomendação, a primeira forma de evangelização, o primeiro passo
da missão!
“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. É
evidente que sois uma carta de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o
Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações”
(II Cor.3,2-3)
11
TESTE – PROCURA DE MENSAGENS NAS CARTAS DE SÃO PAULO
“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. É
evidente que sois uma carta de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o
Espírito do Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações” (II
Cor.3,2-3)
Coloque a citação no respectivo texto:













Aspirai
às coisas do alto
e não às coisas
da terra.
Vós morrestes
e a vossa vida
está escondida
com Cristo em Deus
Rom.13,7
I Cor.13,1
II Cor.4,12
Gal.2,20; 5,1
Ef.5,8,28
Fil.1,21;2,5
Col.3,2-3
I Tes.2,13
II Tes.3,10
I Tim.2,1
II Tim.3,16-17
Tit.2,6-7
Film.1,17-19
Ainda que eu fale
as línguas dos homens
e dos anjos,
se não tiver amor,
sou como um bronze
que soa
ou um címbalo que
retine.
(…)
Ainda que eu tenha o
dom da profecia e
conheça todos os
mistérios
e toda a ciência,
ainda que eu tenha
tão grande fé
que transporte
montanhas,
se não tiver amor,
nada sou.
Exorta igualmente os
jovens a serem
moderados,
apresentando-te em
tudo a ti próprio como
exemplo de boas obras,
de integridade na
doutrina, de dignidade,
de palavra sã e
irrepreensível,
para que os adversários
fiquem confundidos,
por não terem nada de
mal a dizer de nós.
Já não sou
eu que vivo,
mas é Cristo
que vive em mim!
__________________
__________________
__________________
Na verdade,
quando ainda
estávamos convosco,
era isto que vos
ordenávamos:
se alguém não quer
trabalhar
também não coma
Se, pois, me consideras
em comunhão contigo,
recebe-o como a mim
próprio. E se ele te
causou algum prejuízo
ou alguma coisa te
deve, põe isso na
minha conta. Sou eu,
Paulo, que o escrevo
pela minha própria
mão: serei eu a pagar.
__________________
__________________
Recomendo, pois,
antes de tudo, que se
façam preces, orações,
súplicas e acções de
graças por todos os
homens, pelos reis e
por todos os que estão
constituídos em
autoridade, a fim de
que levemos uma vida
serena e tranquila, com
toda a piedade e
dignidade.
__________________
________________
É que outrora éreis
trevas, mas agora sois
luz, no Senhor.
Procedei como filhos
da luz!
(…)
Quem ama
a sua mulher,
ama-se a si mesmo.
Foi para a liberdade
que Cristo nos libertou
Toda a Escritura
é inspirada por Deus e
adequada para ensinar,
refutar,
corrigir
e
educar na justiça, a fim
de que o homem de
Deus seja perfeito e
esteja preparado para
toda a obra boa.
__________________
__________________
Não fiqueis
a dever nada a
ninguém, a não ser
isto: amar-vos uns aos
outros. Pois quem
ama o próximo
cumpre plenamente a
lei.
É que, para mim,
viver é Cristo
e morrer, um lucro.
(…)
Tende entre vós
os mesmos
sentimentos,
que estão em Cristo
Jesus!
__________________
__________________
Assim,
em nós opera a morte,
e em vós a vida.
Damos continuamente
graças a Deus, porque,
tendo recebido a
palavra de Deus, que
nós vos anunciámos,
vós a acolhestes não
como palavra de
homens, mas como ela
é verdadeiramente,
palavra de Deus!
__________________
__________________
(…)
12
Download