Abel Costa Características de Transmissão: Atenuação e Dispersão AJC Página 104 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Os principais factores que determinam o desempenho da fibra óptica como meio de transmissão são: Atenuação Dispersão AJC Página 105 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa AJC A atenuação do sinal (também designada por perda ) é um dos parâmetros mais importantes da fibra, pois determina, em grande medida, a distância máxima entre o transmissor e o receptor. Dado que repetidores ( e mesmo amplificadores ópticos) são caros de fabricar, instalar e manter, o grau de atenuação da fibra tem uma grande influência no custo do sistema. Desde 1970, ano em que a histórica barreira dos 20 dB/km foi ultrapassada, registou-se um tremendo progresso no fabrico de fibras ópticas (à base de sílica), sendo hoje em dia as perdas da ordem de 0,2 dB/km. Em laboratório, o limite fundamental, em termos de atenuação, para este tipo de fibras foi praticamente atingido. Assim, intensa investigação está em curso para desenvolver fibras ópticas, fabricadas com outros materiais, que possam exibir perdas ainda substancialmente mais baixas, quando usadas a comprimentos de onda mais elevados - na região do infra-vermelho médio; foram já relatadas fibras com perdas de 0,01 dB/km @ 2,55 µm, com possibilidades de perdas ainda menores para comprimentos de onda entre 3 µm e 5 µm. A outra característica importante da fibra é a sua largura de banda, a qual é limitada pela dispersão do sinal no interior da fibra. Os mecanismos de distorção na fibra causam o alargamento dos sinais ópticos à medida que se propagam ao longo da fibra. Se os sinais viajarem uma grande distância é possível que interfiram com os seus vizinhos, podendo provocar sérias distorções que se traduzem em erros na recepção. Assim, a dispersão determina o número de bits de informação que se podem transmitir num dado período de tempo. Página 106 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Atenuação Uma fórmula simples relaciona a potência injectada e a potência na saída da fibra óptica: Pout = Pin10−α L 10 Unidades: o decibel (59) Pin Pout α (dB km ) . L = 10 log10 α L Pin Pout - coeficiente de atenuação em dB/km - comprimento da fibra - potência óptica injectada na fibra - potência óptica à saída da fibra AJC A atenuação das fibras ópticas, como no caso de condutores metálicos, é em geral expressa em unidades logarítmicas, o decibel dB . O decibel é usado para comparar dois níveis de potência, sendo definido, para um determinado comprimento de onda, como a razão da potência óptica na entrada da fibra Pin em relação à potência óptica no extremo da saída Pout : P dB = 10 log10 in Pout (60) Esta unidade logarítmica tem a vantagem de que operações de multiplicação e divisão reduzem-se a meras adições e subtracções, enquanto que potenciação e raízes reduzem-se a multiplicação e divisão, respectivamente. Em sistemas de comunicação por fibras ópticas é usual exprimir a atenuação em decibeis por unidade de comprimento (dB/km), representando-se pelo símbolo αdB de acordo com a eq. (59). De notar que quando se diz que a fibra introduziu uma perda de 3 dB/km tal significa que a potência óptica ao fim de um quilómetro de fibra reduziu-se para 50% do seu valor inicial. Página 107 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Vários mecanismos são responsáveis pela atenuação podendo agrupar-se em: Absorção “Scattering” Perdas por curvaturas: macro e micro-curvaturas Perdas por radiação devido a acoplamento de modos Perdas devido aos “leaky rays” Curvaturas macroscópicas Absorção Rayleigh scattering Curvaturas microscópicas AJC Estes mecanismos são influenciados pela composição material da fibra óptica, a técnica do seu fabrico e a sua estrutura de guia de onda. Página 108 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Absorção material A absorção é causada por três mecanismos diferentes: ¾ Absorção devido a defeitos da estrutura atómica ¾ Absorção extrínseca devido a impurezas ¾ Absorção intrínseca pelos átomos constituintes do material da fibra AJC A absorção material é um mecanismo de perda relacionado com a composição material e o processo de fabrico da fibra óptica, do qual resulta a dissipação, sob a forma de calor, de alguma da potência óptica transmitida. Defeitos da estrutura atómica são imperfeições no material que compõe a fibra, tais como a falta de moléculas, agrupamentos de densidade elevada de grupos de átomos, etc. Em geral, as perdas devido a estes defeitos são desprezáveis quando comparadas com a absorção extrínseca ou intrínseca. Todavia, a situação altera-se se a fibra for exposta a níveis intensos de radiação nuclear. Página 109 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa ¾ Absorção extrínseca: Espectro de absorção para o ião OH na sílica AJC A absorção extrínseca é causada pelas impurezas existentes no material da fibra. Resulta, essencialmente, de metais de transição (ferro, crómio, cobalto, níquel, etc), variando a sua concentração entre 1 a 10 partes por 109 átomos, provocando perdas entre 1 a 10 dB/km. Melhores técnicas de fabrico conduziram a níveis de concentração aceitáveis. Um outro mecanismo de absorção extrínseco é causado pela presença do ião OH (água). Concentrações de poucas partes por 109 do ião OH são necessárias para se obter valores de atenuação inferiores a 20 dB/km. Apesar do processo fundamental de absorção do ião OH ocorrer a 2700 nm (fora da banda de utilização da fibra em comunicações ópticas), o problema é que origina os chamados harmónicos de absorção, os quais ocorrem a 1380 (1º harmónico), 950 (2º harmónico) e 720 nm (3º harmónico), provocando picos de absorção (e portanto atenuação elevada) para estes comprimentos de onda. Existem janelas estreitas em torno de 1300 nm e 1550 nm as quais não são afectadas por este tipo de absorção (ver figura acima). Página 110 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa ¾ Absorção intrínseca Espectro de atenuação para vidro de sílica pura AJC A absorção intrínseca é devido à interacção da luz com um ou mais componentes do vidro de que é fabricada a fibra. É o principal factor que determina o limite inferior fundamental da absorção de uma fibra. Resulta de ressonância electrónica na região do ultra-violeta (absorção UV) e de ressonância atómica na região do infra-vermelho próximo (absorção IR). A absorção UV resulta da interacção do campo electromagnético com a estrutura electrónica da fibra; ocorre absorção quando um fotão interage com um electrão na banda de valência, excitando-o para um nível de energia superior. A absorção IR resulta da interacção do campo com a estrutura atómica da fibra, havendo transferência de energia do campo para as ligações químicas da estrutura. Ressonâncias entre o campo electromagnético e a estrutura da fibra conduz a regiões de atenuação elevada, pelo que são de evitar. Este mecanismo é menos significativo que a absorção extrínseca. Para uma fibra de sílica pura (sem impurezas), uma janela de baixa atenuação existe entre 800 nm e 1600 nm (ver figura). A absorção intrínseca é muito baixa comparada com outros mecanismos de perda. É, por esta razão, que as fibras ópticas são fabricadas de sílica e que os sistemas de comunicação por fibra óptica operam entre 800 nm e 1600 nm. Página 111 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa “Scattering” ¾ “Rayleigh scattering” ¾ “Mie scattering” AJC “Scattering” é um processo pelo qual toda ou parte da potência óptica num modo é transferida para outro modo. Provoca, frequentemente, atenuação porque a transferência é muitas vezes para um modo cuja propagação no núcleo é deficiente – os designados modos radiativos (ou “leaky modes”). Página 112 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa ¾ “Rayleigh scattering” Fibra multimodo “graded-index Fibra monomodo “step-index” AJC As perdas por “scattering” resultam de variações microscópicas na densidade do material, de flutuações na sua composição e de defeitos estruturais resultantes do processo de fabrico. Estes efeitos originam variações no índice de refracção, as quais ocorrem em distâncias pequenas quando comparadas com o comprimento de onda da radiação. Estas variações provocam o espalhamento da luz (do inglês “scattering” ), um fenómeno designado por “Rayleigh scattering”; este fenómeno é responsável pelo espalhamento da luz solar na atmosfera, dando origem à cor azulada do céu. O “Rayleigh scattering” produz uma atenuação proporcional a λ−4 , a qual se reduz drasticamente com o aumento do comprimento de onda, como se mostra nas figuras acima para o caso de fibras multimodo “graded index” e monomodo “step index”. “Scattering” também pode ocorrer quando as não-homogeneidades do material são comparáveis em dimensões com o comprimento de onda da luz. O espalhamento provocado por tais defeitos ocorre, em geral, no sentido da propagação, sendo designado po “Mie scattering”. Todavia, por controlo adequado durante o fabrico e por um aumento da diferença relativa do índice ∆ consegue-se reduzir a atenuação provocada pelo “Mie scattering” para níveis insignificantes. Página 113 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Perdas por curvaturas: Curvaturas macroscópicas Curvaturas microscópicas AJC Perdas radiativas ocorrem sempre que uma fibra sofre uma curvatura. As fibras podem ser sujeitas a dois tipos de curvaturas: - curvaturas macroscópicas, onde o designado raio de curvatura R (ver figura do quadro seguinte) é grande quando comparado com o diâmetro da fibra; ocorre quando a fibra instalada tem de passar por uma esquina, por exemplo. - curvaturas microscópicas, resultam de flutuações aleatórias de pequena escala no raio de curvatura do eixo da fibra (ver figura de dois quadros à frente); podem resultar de quando as fibras ópticas são incorporadas em cabos. Página 114 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Perdas por curvaturas macroscópicas AJC Verifica-se que à medida que o raio de curvatura R decresce, as perdas aumentam exponencialmente até que um ponto, denominado de raio de curvatura crítico Rc , é atingido. Uma vez este limiar ultrapassado, as perdas tornam-se extremamente grandes. Qualitativamente estas perdas podem ser explicadas tendo em conta as distribuições do campo dos diferentes modos. Relembrar (ver figura) que qualquer modo guiado no núcleo apresenta “caudas” (do inglês “tails”) na bainha, as quais decaem exponencialmente em função da distância ao núcleo. Como estas “tails” se propagam em simultâneo com o restante campo no núcleo, tal significa que parte da energia de um modo se propaga na bainha. Ora, quando uma fibra é curvada, a “tail” do campo que viaja no extremo mais distante do centro de curvatura deve propagar-se com uma velocidade superior para acompanhar o restante campo no núcleo. Todavia, a uma certa distância crítica xc esta cauda teria de viajar a uma velocidade superior à velocidade da luz no vácuo, o que não sendo possível significa que a energia óptica contida além de xc (parte tracejada) é radiada, ou seja, há uma perda de energia do modo guiado. Matematicamente, esta perda pode ser expressa por um coeficiente de atenuação da radiação αr αr = c1 exp(-c2 R) (61) onde c1 e c2 são constantes independentes do raio de curvatura. Para fibras multimodo, o raio de curvatura crítico Rc pode ser estimado de 2 Rc ≅ ( 3n1 λ 4π n − n 2 1 (62) ) 1 2 2 2 Da expressão conclui-se que as perdas por curvaturas macroscópicas podem ser reduzidas se: i) as fibras apresentarem diferenças de índice de refracção maiores; ii) operarem a comprimentos de onda o mais curtos possíveis. É também possível estimar um raio de curvatura crítico para fibras monomodo Rc ≅ 20λ 1 (n1 − n2 )2 λ 2,748− 0,996 λc onde λc é o comprimento de onda de “cutoff” da fibra monomodo. Página 115 −3 (63) Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Perdas por curvaturas microscópicas AJC Uma outra forma de perdas resulta do acoplamento de modos devido a microcurvaturas aleatórias da fibra. Estas são causadas por não-uniformidades no fabrico ou por pressões laterais não-uniformes durante o fabrico do cabo de fibras. Este último efeito é muitas vezes referido por “cabling or packaging losses”. Um método de minimizar as perdas por microcurvaturas é pela extrusão de uma camada compressível em redor da fibra. Quando forças externas são aplicadas, a camada protectora será deformada mas a fibra tenderá a permanecer relativamente direita, sendo o impacto atenuado, conforme a figura seguinte ilustra. Página 116 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Atenuação total da fibra AJC Observar que o mínimo de atenuação para esta fibra ocorre a 1,55 µm, sendo de 0,2 dB/km. Tradicionalmente distinguem-se três regiões onde a atenuação apresenta valores atractivos; tais regiões designam-se por janelas de transmissão: Comprimento de onda Perdas 1a. Janela λ = 850 nm ≈ 3 dB/km 2a. Janela λ = 1300 nm ≈ 0,5 dB/km 3a. Janela λ = 1550 nm ≈ 0,2 dB/km No início, os sistemas de transmissão por fibra óptica operavam na janela de 850 nm devido à disponibilidade dos outros dispositivos, nomeadamente fontes de luz e fotodetectores; com o evoluir da técnica, novos materiais e novas estruturas foram sendo alcançadas, e o uso das regiões de menor atenuação (2a. e 3.a janelas) começaram a ser exploradas. Página 117 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Efeito da atenuação ¾ Num sistema óptico, o receptor necessita de um mínimo de potência óptica para operar a uma taxa de erros especificada ¾ A atenuação reduz a potência óptica disponível, degradando a probabilidade de erro ¾ A maioria dos sistemas de telecomunicações por fibra óptica especificam uma taxa de erros de 10-9 Probabilidade de erro vs. potência óptica recebida para várias taxas de transmissão AJC De notar que a taxa de erros (do inglês “bit error rate”) aumenta à medida que a potência óptica média diminui e que o débito binário é incrementado. Página 118 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Dispersão AJC A figura ilustra a distorção sofrida por vários impulsos na sua propagação ao longo da fibra. Pode-se observar que cada impulso vai alargando, chegando-se à situação em que se verifica sobreposição com os impulsos vizinhos, tornando-se por vezes indistinguíveis na recepção. Tal efeito é conhecido como interferência intersimbólica - ISI (do inglês “Intersymbol Interference”). Página 119 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa A dispersão é consequência de dois efeitos: Dispersão intramodal (ou cromática) Dispersão intermodal Dispersão Total (ps/nm.km (ps/nm.km ou ou ns/nm.km) ns/nm.km) Dispersão Dispersão Modal Modal (apenas (apenas fibras fibras multimodo) multimodo) Dispersão Dispersão Cromática Cromática Dispersão Dispersão Material Material Dispersão Dispersão Guia Guia de de Ondas Ondas (( ≈≈ 00 @ @ 1330 1330 nm) nm) (apenas (apenas fibras fibras monomodo) monomodo) AJC Dispersão intramodal ou cromática traduz-se no alargamento do impulso, ocorrendo num único modo. É o resultado da velocidade de grupo ser função do comprimento de onda (relembrar que a velocidade de grupo é a velocidade com que a energia de modo viaja na fibra); assim, o efeito da dispersão cromática é tanto mais pronunciado quanto maior a largura espectral da fonte óptica. Esta largura espectral é a banda de comprimentos de onda em que a fonte emite. É, em geral, caracterizada pela largura espectral rms (“rootmean-square”) σλ. Para fontes LED é aproximadamente 5% do comprimento de onda central; por exemplo, para um LED com pico de emissão a 850 nm, a sua largura espectral típica é da ordem dos 40 nm. No caso de díodos laser, os valores típicos oscilam entre 1 a 2 nm. Dispersão intermodal (ou, abreviadamente, dispersão modal ou de modos) resulta do facto de cada modo de propagação ter um valor diferente da sua velocidade de grupo para a mesma frequência. Assim, como os diferentes modos, que constituem um impulso, viajam ao longo da fibra a diferentes velocidades de grupo, a largura do impulso depende dos tempos de transmissão do modo mais rápido e do modo mais lento. De referir que é este mecanismo o responsável pela diferença básica, em termos de dispersão, dos três tipos de fibras até aqui estudados: fibras multimodo “step-index”, fibras multimodo”graded-index” e fibras “singlemode”. Página 120 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa AJC A figura ilustra o efeito da dispersão em cada um dos três tipos de fibra já estudados. Observar que o maior alargamento do impulso transmitido ocorre na fibra multimodo “step-index”, notando-se uma melhoria significativa na fibra “graded-index”. Por fim, a fibra “single-mode” apresenta a menor dispersão, sendo, por isso, a que tem maior largura de banda. Todavia, o alargamento dos impulsos depende da distância percorrida no interior da fibra; assim, a dispersão de uma fibra é usualmente especificada como o alargamento temporal do impulso na unidade de comprimento - p. ex., ns/km ou ps/km. Página 121 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa As duas principais causas de dispersão intramodal (ou cromática) são: Dispersão material Dispersão de guia de onda (do inglês “waveguide dispersion”) Dispersão Dispersão Material Material Resulta Resulta da da variação variação do do índice índice de de refracção refracção com com oo comprimento comprimento de de onda onda + Dispersão Dispersão de de Guia Guia de Onda de Onda Resulta Resulta da da dependência dependência das das propriedades propriedades da da fibra fibra com com oo comprimento comprimento de de onda onda = Dispersão Dispersão Cromática Cromática AJC A dispersão material resulta da variação do índice de refracção do núcleo em função do comprimento de onda, o que provoca a dependência da velocidade de grupo de um dado modo do comprimento de onda; ou seja, o alargamento do impulso ocorre mesmo quando diferentes comprimentos de onda seguem o mesmo percurso. É também referida como dispersão de cores ou espectral, dado que é o mesmo fenómeno que ocorre na decomposição do espectro da luz branca pelo prisma óptico. “Waveguide dispersion” é um fenómeno relacionado com a estrutura de guia de onda da fibra. Ocorre, essencialmente, em fibras monomodo dado este tipo de fibras apenas confinar cerca de 80% da energia óptica do modo no núcleo. A dispersão de guia de onda resulta, assim, dos 20% da energia que se propaga na bainha a uma velocidade superior à do núcleo. Depende do desenho da fibra, assunto já brevemente abordado anteriormente. Em fibras multimodo, onde a maioria dos modos propaga-se longe do “cutoff”, este efeito é desprezável quando comparado com a dispersão material. Página 122 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Dispersão material ¾ ¾ ¾ Resulta das várias componentes espectrais emitidas pela fonte óptica, as quais se propagam com diferentes velocidades de grupo A fonte óptica apresenta, em geral, um espectro de radiação alargado sobre uma gama de comprimentos de onda A “largura” espectral pode ser definida quer como r.m.s. ou como F.W.H.M. σ r.m.s. F.W.H.M. AJC Largura espectral de um LED: ≤ 120 nm Página 123 Largura espectral de um Laser MM: ≤ 5 nm Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Na fibra óptica, a velocidade de propagação varia com o comprimento de onda ¾ Em resultado, um impulso (composto por vários λs) sofrerá um alargamento temporal à medida que se propaga no interior da fibra ¾ Baínha Núcleo λ1 + λ2 Baínha T1 T2 t=0 Largura do impulso na saída (≈ T2 – T1) Largura do impulso na entrada AJC Nota: Os impulsos representados são idealizações; na realidade, apresentam distorções do seu formato bem como transições entre estados não-instantâneas, além da sua atenuação e alargamento. Página 124 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Atraso de grupo τg por unidade de comprimento L τg L Velocidade de grupo Vg = 1 1 dβ λ2 dβ = =− Vg c dk 2πc dλ dβ V g = c dk −1 (64) (65) Atraso total das componentes espectrais dum modo à distância L δτ = dτ g dλ δλ (66) Se a fonte é caracterizada pelo seu valor rms σλ , o alargar do impulso é σg = dτ g dλ σλ = − Lσ λ 2πc 2 dβ 2d β 2λ + λ dλ dλ2 (67) Designa-se por Dispersão o factor D= 1 dτ g L dλ (68) AJC No caso da largura espectral da fonte não ser elevada, o atraso por unidade de comprimento ao longo do percurso é aproximadamente dτg / dλ. Para componentes espectrais as quais estão distantes δλ, espraiando-se por uma zona δλ/2 à esquerda e à direita de um comprimento de onda central λ0 , a diferença total numa distância L é dada pela eq. (66). Se a largura espectral da fonte δλ poder ser caracterizada pelo seu valor rms σλ então resulta a eq. (67). O parâmetro D, designado por dispersão, define o alargamento do impulso em função do comprimento de onda; é medido em ps / nm . Km . Resulta da dispersão material e da dispersão de guia de onda. Na maioria dos livros de texto sobre comunicações ópticas é comum analisar a contribuição individual de cada um dos termos da dispersão, considerando o outro nulo, sendo depois adicionados os resultados assim obtidos para se obter a dispersão total do modo. O valor assim obtido representa uma boa estimativa da dispersão intramodal total. É com esta perspectiva que serão analisados os quadros seguintes. Todavia, na realidade os dois mecanismos responsáveis pela dispersão intramodal total estão intrinsecamente relacionados. É apenas por simplificação da análise e obtenção das expressões que são considerados em separado. Página 125 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Dispersão material τ mat = n − λ L c dn dλ (69) Para uma fonte com largura espectral rms σλ vem σ mat = dτ mat L λ d 2n = Dmat (λ ) L σ λ σλ = − dλ c dλ2 (70) onde Dmat(λ ) é a Dispersão Material AJC No cálculo da dispersão material, considera-se uma onda plana propagando-se num meio dieléctrico de extensão infinita, com um índice de refracção n(λ) no núcleo. Em tal caso, a constante de propagação β é dada por β = 2πn(λ) / λ (71) De notar que se escreveu explicitamente a dependência do índice de refracção em função do comprimento de onda. Página 126 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa AJC O gráfico acima representa a eq. (70) para um comprimento unitário L e uma largura espectral unitária da fonte óptica de σλ , considerando o caso de fibra de sílica. De reparar, que a dispersão material pode ser reduzida quer pela utilização de fontes com larguras espectrais reduzidas ou pela operação a comprimentos de onda mais elevados ( ≈ 1,3 µm ). Página 127 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Dispersão material: sumário ¾ Resulta das diferentes velocidades de grupo das várias componentes espectrais injectadas na fibra pela fonte óptica ¾ Em meios dieléctricos (caso do vidro), o índice de refracção varia com o comprimento de onda ¾ A velocidade de propagação varia com o índice de refracção ¾ A velocidade de propagação varia com o comprimento de onda ¾ Se a variação do índice de refracção com λ é não-linear, então ocorre dispersão ¾ A condição para a ocorrência de dispersão é. d 2n ≠0 dλ 2 AJC Página 128 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Compensação da dispersão material: ¾ Usar laser SM com uma largura espectral estreita • Por exemplo, “Distributed Feedback Laser (DFB)” tem uma largura espectral típica de 10-30 MHz (relembrar que 1 GHz ≈ 0,006 nm) ¾ Operar a comprimentos de onda a que corresponde valores mínimos da dispersão material • Para fibras de sílica, existe uma região em torno dos 1330 nm que apresenta uma dispersão material muito baixa AJC Página 129 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Dispersão de guia de onda ¾ Resulta de a distribuição de energia do modo fundamental ser função do comprimento de onda ¾ É um problema em fibras monomodo, dado que em fibras multimodo a penetração dos modos na baínha ser relativamente pequena ¾ À medida que o comprimento de onda aumenta, verifica-se também um aumento da energia do modo que se propaga na baínha ¾ Mas o índice de refracção na baínha é inferior ao do núcleo, donde a velocidade de propagação ser superior ¾ Então, para uma fonte com largura espectral σλ diferentes “tempo de voo” ( ou atrasos temporais) existem → ocorrência de dispersão ¾ É possível projectar o perfil do índice de refracção núcleo-baínha de modo a haver compensação entre a dispersão material e de guia de onda para λ entre 1,3 a 1,6 µm AJC Página 130 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Dispersão de guia de onda L dβ L d (kb ) τ wg = = n2 + n2 ∆ c dk c dk L d (Vb ) ≅ n2 + n2 ∆ c dV (72) No caso da fonte ter uma largura espectral rms σλ σ wg = dτ wg σλ = − dλ = σ λ L Dwg (λ ) n2 ∆ L V σ λ d 2 (Vb ) cλ dV 2 (73) onde Dwg(λ) é a “Waveguide Dispersion” AJC Na eq. (72) o segundo termo entre parêntesis representa o atraso de grupo resultante da “waveguide dispersion”. Para fibras monomodo práticas, considerando ∆ = 0,01 e n2 = 1,5 tem-se σ wg L ≅− 0,003σ λ cλ (74) Comparando com a dispersão material (λ = 900 nm) σ mat L ≅− 0,02 σ λ cλ (75) torna-se evidente que, para comprimentos de onda pequenos, a dispersão material predomina. No entanto, para comprimentos de onda elevados ( 1,3 µm ), que corresponde à região de menor dispersão material na sílica, a “waveguide dispersion” pode ser o mecanismo dominante na distorção dos impulsos ópticos. Página 131 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa AJC A figura da esquerda representa o gráfico do parâmetro de guia de onda b e as suas derivadas d(Vb)/dV e Vd2(Vb)/dV2 em função do número V. A figura da direita ilustra a importância, em termos quantitativos, da dispersão material e da dispersão de guia de onda em função do comprimento de onda para fibras monomodo de silício - valores típicos. Página 132 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa “Polarisation Mode Dispersion - PMD” ∆τ pol ≈ DPMD L onde ( ps km ) <∆τpol> é o atraso de grupo diferencial médio (“average differential group delay”) DPMD é o parâmetro da PMD média (“average PMD”) AJC Os efeitos da birefringência da fibra nos estados de polarização são uma outra fonte de espalhamento dos impulsos em fibra monomodo. Tal é particularmente crítico em sistemas de longa distância, operando próximo do comprimento de onda de dispersão nula. Uma propriedade fundamental de um sinal óptico é o seu estado de polarização. Polarização refere-se à orientação do campo eléctric do sinal óptico, o qual pode variar significativamente ao longo da fibra. Como esquematizado na figura acima, a energia do sinal, para um dado comprimento de onda, distribui-se por dois modos de polarização ortogonais entre si (mesmo em fibras monomodo). Devido à variação da birefringência ao longo da fibra, cada modo de polarização propagar-se-á com velocidades ligeiramente diferentes, verificando-se a rotação da orientação da polarização com a distânica percorrida. A diferença dos tempos de propagação ∆τ entre os dois modos de polarização ortogonal resulta no espalhamento do impulso. Tal designa-se por “polarization-mode dispersion- PMD”. Ao contrário da dispersão cromática, PMD varia aleatóriamente ao longo da fibra. A principal razão é a sua dependência com a temperatura. Na prática, caracteriza-se a PMD como uma variável aleatória função do tempo. Assim, ∆τpol dada na expressão acima representa o valor médio do atraso de grupo diferencial entre as duas componentes de polarização do impulso. Valores típicos de DPMD situam-se na gama de 0,1 a 1 ps/√km. Página 133 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa ¾ Deve-se à assimetria cilíndrica no fabrico, a variações de temperatura, a curvaturas, etc., que originam a birefringência da fibra óptica ¾ O impulso óptico incidente na fibra excita múltiplos componentes de polarização distinta ¾ O impulso alarga-se dado que seus componentes de polarização viajam a velocidades distintas (dispersam-se) ao longo da fibra ¾ Tem um impacto enorme em sistemas com débito superior a STM-16 (2,5 Gbit/s) ¾ Valor médio (“average PMD”) é bem conhecido ¾ PMD instantânea varia de modo imprevísivel em torno da média, sendo por isso difícil a sua compensação ¾ Métodos para a compensação da PMD estão a ser investigados e desenvolvidos AJC Página 134 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Dispersão intermodal δTmod = Tmax − Tmin = L n12 L n1 L n1 ∆ − ≈ c n2 c c (76) Em fibras “step-index”, o alargamento rms devido à dispersão intermodal é σ mod ≈ L n1 ∆ 2 3c (77) No caso de fibras “graded-index”, com perfil optimizado, o alargamento é σ mod ≈ L n1 ∆2 20 3 c (78) AJC A dispersão intermodal ou de modos resulta das diferenças de propagação entre os vários modos de uma fibra multimodo. Dado que os diferentes modos viajam a velocidades de grupo distintas, a largura do impulso na saída depende dos tempos de transmissão do modo mais rápido e do modo mais lento. Usando a aproximação da óptica geométrica e com o auxílio da figura tem-se que o raio axial percorre a distância L no tempo mínimo dado por Tmin = distância L = velocidade (c n1 ) (79) O raio meridional extremo (injectado na fibra segundo θa ) exibe o tempo máximo do percurso Tmax = donde resulta a eq. (76) L n12 c n2 Página 135 (80) Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa AJC De referir que a dispersão intermodal não existe em fibras monomodo (apenas há a propagação de um único modo), sendo apenas importante para fibras multimodo. Página 136 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Dispersão em fibras multimodo “graded-index” 2 2 σ = σ intermodal + σ intramodal (81) AJC σintermodal é a largura rms do impulso devido à dispersão intermodal, e σintramodal é a largura rms resultante do alargamento do impulso em cada modo devido à dispersão material e de guia de onda. Todavia, como se trata de fibras multimodo, a dispersão de guia de onda é desprezável quando comparada com a dispersão material, donde σintramodal ≈ σmat . Para o caso de fibras multimodo “graded-index” a expressão que representa a contribuição da dispersão intermodal é dada pela eq. (78), considerando que o perfil do índice de refracção corresponde ao valor óptimo (de notar que α é função do comprimento de onda) α opt ≅ 2 − 12 ∆ 5 (82) A expressão para a dispersão intramodal é assaz complexa. Para os interessados sugere-se consultar o livro do Keiser, páginas 107-112. Página 137 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Redução da dispersão intermodal: ¾ Reduzir a diferença entre as velocidades de propagação dos diferentes modos • Utilizar fibras do tipo “graded index” ¾ Reduzir o número de modos a apenas um • Utilizar fibras monomodo AJC Página 138 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Fibras monomodo com dispersão modificada dispersão material DTotal = Dmat + Dwg = λ d 2n − c dλ2 dispersão "waveguide" n2 ∆ V d 2 (Vb ) − c λ dV 2 (83) AJC Como já anteriormente abordado, a dispersão de uma fibra monomodo de sílica apresenta valores mínimos a 1300 nm, enquanto que o seu mínimo de atenuação situa-se a 1550 nm. Idealmente, para se obter a máxima distância de transmissão com a máxima capacidade de transferência de informação, a fibra deve ter uma dispersão nula para o comprimento de onda de atenuação mínima. Como se pode ver da figura, para comprimentos de onda superiores a 1300 nm, as componentes Dmat e Dwg têm sinais opostos; em teoria, deveria ser possível cancelar uma com a outra, para um determinado comprimento de onda mais elevado. Na prática, tal é possível através do ajuste dos parâmetros de desenho da fibra, obtendo-se assim novos tipos de fibra monomodo designados genericamente por fibras monomodo com dispersão modificada. Página 139 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa AJC O gráfico mostra a dispersão intramodal total em função do comprimento de onda para fibras monomodo com diâmetros do núcleo de 4, 5 e 6 µm, respectivamente. Página 140 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Perfis do índice de refracção AJC A dispersão material é difícil de alterar, mas é possível a modificação da “waveguide dispersion” variando o perfil do índice de refracção de simples “step-index” para perfis mais complexos (ver figura). Várias configurações foram consideradas, quer alterando o perfil do índice de refracção do núcleo quer da bainha. A figura mostra os perfis de três grandes categorias de fibras monomodo: fibras optimizadas a 1300 nm (também designadas de fibras “standard” ou “non-dispersion shifted fibers”), fibras “dispersion-shifted” e fibras “dispersion-flattened”. O tipo de fibras com maior implementação em redes de telecomunicações são as fibras optimizadas a 1300 nm, com perfis do núcleo aproximadamente “step-index”, e baínha do tipo “matched-cladding” ou “depressed-cladding”. Página 141 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa Perspectiva tri-dimensional dos perfis do índice de refracção AJC A figura ilustra os perfis de vários tipos de fibra monomodo: (a) “matched-cladding 1300 nm optimized” (b) “depressed-cladding 1300 nm optimized” (c) “triangular dispersion-shifted” (d) “qraduple-clad dispersion-flattened” Página 142 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa AJC Características de dispersão típicas para fibras monomodo do tipo (a) “1300 nm optimized”, (b) “dispersionshifted” e (c) “dispersion-flattened” . Página 143 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa NãoNão-linearidades da fibra óptica Algumas características das fibras ópticas são dependentes da intensidade do sinal óptico, originando não-linearidades. As principais são: “Non-linear scattering”: “Stimulated Brillouin Scattering - SBS” ¾ “Stimulated Raman Scattering - SRS” ¾ Variação do índice de refracção com a intensidade do sinal óptico: “Self-Phase Modulation -SPM” “Cross-Phase Modulation - XPM” ¾ “Four-Wave Mixing - FWM” ¾ ¾ AJC As fibras ópticas nem sempre podem ser consideradas como canais de transmissão completamente lineares, ou seja, caracterizados pelo facto de um aumento da potência óptica no extremo da saída ser directamente proporcional à potência óptica injectada na entrada. Assim, à medida que a potência óptica e a distância de transmissão do sistema aumentam, os efeitos nãolineares da fibra devem ser considerados, além da atenuação e da dispersão. Dois mecanismos dominam as não-linearidades da fibra óptica: - “non-linear scattering” de fotões pela sílica ; - a dependência do índice de refracção da intensidade do sinal óptico. Página 144 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa “Non-linear scattering” ¾ SBS torna-se significativo a níveis de potência superiores a 12 dBm em fibras monomodo (menos em fibras “dispersion-shifted”) ¾ Uma cópia do sinal, transladada em frequência (cerca de 20 MHz a 1550 nm), é reflectida em direcção à fonte óptica ¾ SBS estabelece um limite superior na potência óptica que pode ser injectada na fibra; a acumulação de SBS pode ser evitada usando isoladores ópticos ¾ SRS necessita de potências da ordem de 30 dBm para ser importante, resultando numa interacção em ambos os sentidos AJC Os efeitos devido a “non-linear scattering” resultam na transferência de potência óptica de um modo ou para o mesmo modo ou para outros modos, podendo ocorrer quer no sentido oposto à propagação do sinal (“SBS”) ou em ambos os sentidos (“SRS”). Dependem criticamente da intensidade do sinal, tornando-se significativos acima de certos limiares de potência óptica. Os fotões incidentes interagem com a estrutura atómica da sílica, perdendo alguma da sua energia no processo. Esta energia aparece como uma vibração da estrutura cristalina da fibra - o fonão. No caso de SBS, o fotão incidente origina um fonão acústico ; no caso de SRS, dá origem a fonão óptico. À medida que a potência óptica é aumentada até ao “SBS threshold”, a potência transmitida atinge a saturação, sendo a restante potência reflectida em direcção à fonte. SBS efectivamente limita a potência óptica que pode ser injectada na fibra. O efeito de SRS é idêntico, podendo no entanto ocorrer em ambas as direcções, e tendo um limiar de potência bastante superior. Página 145 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa “Self-Phase Modulation” ¾ Para a sílica o índice de refracção aumenta com o aumento da intensidade do sinal ¾ O flanco posterior do impulso é “red-shifted”, enquanto o flanco dianteiro é “blueshifted” ¾ SPM e a dispersão em conjunto originam a compressão dos impulsos para comprimentos de onda superiores ao ponto de dispersão nula, enquanto que para comprimentos de onda inferiores provocam o alargamento dos impulsos AJC Página 146 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa “Cross-Phase Modulation” ¾ Em sistemas WDM (“Wavelength Division Multiplexing”) os vários canais propagam-se a diferentes velocidades devido à dependência do índice de refracção do comprimento de onda ¾ Quando ocorre sobreposição de impulsos de canais adjacentes, verifica-se um aumento da intensidade óptica o que pode excitar as não-linearidades da fibra ¾ O efeito é assim idêntico ao provocado por SPM AJC Página 147 Características Característicasde deTransmissão: Transmissão:Atenuação AtenuaçãoeeDispersão Dispersão Abel Costa “Four-Wave Mixing” ¾ Quando vários sinais se propagam simultaneamente através de um meio não-linear verifica-se o seu batimento ¾ Para sinais de entrada às frequências f1 e f2 , produtos cruzados incluem 2f1 - f2 e 2f2 - f1 ¾ Num sistema WDM estes produtos cruzados podem “cair” em cima de outro canal, provocando interferência não desejada AJC Como a fibra óptica é um meio não-linear, vários comprimentos de onda a propagarem-se simultaneamente no seu interior “misturar-se-ão” como acontece com duas portadoras num “mixer”. Todos os produtos resultantes deste batimento serão gerados, o que num sistema WDM, com espaçamento entre canais uniforme, verifica-se que os batimentos de 3a. ordem situam-se em canais adjacentes. Página 148