Investigações recentes trazem novas esperanças para a Oftalmologia

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Hotel Tivoli Marina, Vilamoura |1 a 3 de Dezembro, 2011
Publicação de distribuição gratuita e exclusiva neste Congresso
Investigações recentes trazem novas
esperanças para a Oftalmologia
Dia 1
5.ª feira
Prof. Carlos Neves
Prof. Manuel Bicho
Prof. Miguel Seabra
Visão cromática, genética das complicações oculares da diabetes e novas terapias moleculares
no tratamento das doenças da retina são as propostas dos Profs. Carlos Neves e Manuel Bicho, da
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e Miguel Seabra, da Faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Nova de Lisboa, para as Jornadas de Investigação, que decorrem hoje, a partir das
15h00, na sala Gemini. Da investigação à prática clínica, saiba que novidades têm estes médicos e
investigadores para partilhar com a comunidade oftalmológica. Pág. 5
54.º Co n g re s s o Po r t u g u ês d e O ft a l m o lo g i a
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Sejam bem-vindos ao 54.º Congresso da SPO!
O
Congresso Português de Oftalmologia é o evento anual mais importante para a
nossa Sociedade. É uma oportunidade única de aprendizagem e de actualização científica, mas também de encontro, de partilha e de convívio.
Espero que este Congresso reforce a coesão e a união da família oftalmológica.
Desejo a todos uma boa estadia em Vilamoura e que tenham um óptimo Congresso.
Manuela Carmona
Presidente da SPO
A
todos os participantes no 54.º Congresso da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia: sejam bem-vindos! E obrigado pela colaboração de todos os intervenientes.
Este é um tempo de partilha de conhecimentos e troca de experiências, além de
uma oportunidade de convívio num ambiente de sol, que Vilamoura permite nesta
altura do ano.
Foto: Celestino Santos
Desejo a todos um óptimo Congresso!
Coordenada pelo Prof. Rufino Silva, a
sessão «À conversa com os especialistas»
sobre retina médica e edema macular
inaugura este 54.º Congresso Nacional de
Oftalmologia, hoje, pelas 9h00.
Patrícia Raimundo
A
bordar as principais patologias da retina «de uma forma prática
e com linhas orientadoras sobre o seu tratamento específico»
é o objectivo maior da primeira sessão «À conversa com os especialistas» deste Congresso, dedicada à retina médica e ao edema
macular, diz o Prof. Rufino Silva (à esq.), coordenador da mesa e do
Grupo de Estudos da Retina (GER).
«Recentemente, os oftalmologistas da área da retina tiveram
acesso a novos medicamentos que vieram alterar, de forma muito
marcada, a prática clínica dos últimos 30 anos», afirma Rufino Silva,
referindo-se à utilização dos anti-angiogénicos e dos corticóides no
tratamento das patologias da retina. «Assim, torna-se necessário discutir o papel de cada um destes fármacos e a forma como interagem
com os tratamentos até agora usados», alerta.
As opções de tratamento na retinopatia diabética, nas oclusões
venosas, na inflamação ocular, nos macroaneurismas e nas telaniectasias peri-foveais são os temas em destaque, discutidos por um pai-
Edição Diária do Congresso
Foto: DR
Especialistas conversam
sobre retina médica e
edema macular
Foto: CS
2
José Pedro Silva
Secretário-geral da SPO
nel de especialistas nacionais e internacionais. A sessão privilegia
ainda a discussão de casos clínicos que fazem parte do quotidiano
dos oftalmologistas.
O Prof. Jean-François Korobelnik (à drt.), do Departamento de Oftalmologia do Hospital da Universidade de Bordéus, em França, é o convidado estrangeiro da mesa e aborda o tratamento médico do edema macular nas oclusões venosas. Já Rufino Silva vai orientar a sua
apresentação para a presença da patologia na retinopatia diabética.
A abordagem cirúrgica no edema macular diabético é apresentada pelo Dr. João Figueira, dos Hospitais da Universidade de Coimbra, enquanto que o tema das doenças inflamatórias coriorretinianas
está a cargo da Dr.ª Susana Penas, oftalmologista no Hospital de São
João, no Porto. Outro dos tópicos da conversa, que promete apelar
à participação da assistência, é o edema macular nos macroaneurismas e nas telangiectasias, apresentado pelo Dr. Marinho Santos, do
Hospital Geral de Santo António, no Porto.
C u r s o de casos especiais
e m co ntactologia
As lentes de contacto não se esgotam no seu uso corrente
e também podem ser úteis no tratamento de patologias
como o queratocone, no período pós-transplante de
córnea e no âmbito da Oftalmologia Pediátrica. Estes
e outros temas estão hoje em destaque, no Curso
coordenado pelo Dr. Miguel Amaro.
Patrícia Raimundo
«N
ormalmente, as pessoas usam lentes de contacto para corrigir a miopia, o astigmatismo normal ou a hipermetropia. Mas
há casos especiais em que as lentes de contacto também podem
ser utilizadas, como, por exemplo, na presbiopia», alerta o Dr. Miguel
Amaro, coordenador da Unidade de Oftalmologia do Hospital de
Vila Franca de Xira e coordenador do Curso «Contactologia – casos
especiais», que decorre hoje, pelas 15h00. O principal objectivo é
expor situações específicas em que a contactologia poderá dar um
contributo positivo. A contactologia em Oftalmologia Pediátrica, tema
desenvolvido pela Dr.ª Ana Duarte, é uma delas. «A utilização de
lentes de contacto em crianças pode ser útil nas anisometropias e,
eventualmente, no futuro, a ortoqueratologia poderá ter um papel na
progressão da miopia», exemplifica Miguel Amaro.
A ortoqueratologia está na ordem do dia e o tema é desenvolvido
pelo próprio coordenador do Curso. A polémica em que as lentes de
contacto de uso nocturno estão envoltas torna importante esclarecer
algumas ideias relacionadas com a sua utilidade. «Estas lentes de
contacto, para além de produzirem alterações no metabolismo norPub.
mal do globo ocular, também estão a moldar a córnea, ou seja, podemos estar a induzir um possível dano permanente no olho», alerta.
No entanto, Miguel Amaro lembra que «não se pode fingir que estas
lentes não existem». «Temos de estar preparados para a sua utilidade e para as complicações que podem advir da sua utilização.»
O oftalmologista vai ainda explorar o tema da contactologia cosmética e discutir a oposição «pressão social versus riscos». Muito
actual, o tema ganhou ainda mais relevância com a recente moda
das lentes de contacto que dão a ilusão de aumentar o diâmetro do
globo ocular, impulsionada pela cantora Lady Gaga. «São lentes
com maior suporte escleral e que diminuem a transmissibilidade
de oxigénio para o olho, o que aumenta o risco de complicações»,
explica Miguel Amaro.
As lentes de contacto terapêuticas, a contactologia no tratamento do queratocone e no pós-transplante da córnea e as lentes monofocais e híbridas são temas que também fazem parte do Curso,
abordados, respectivamente, pelos Drs. Vítor Maduro, Helena Prior
Filipe,
Cristina
Tavares, Hugo Nogueira e Maria João Furtado.
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Foto: CS
Curso de Neuroimagem
privilegia patologias
neuroftalmológicas
C
Vanessa Pais
Segue-se a intervenção de Neill Miller, «expoente máximo da
neuroftalmologia e um especialista respeitadíssimo no mundo
académico», nota a coordenadora do Curso, que «vai apresentar
uma série de casos clínicos emblemáticos, nos quais a neuroimagem, nas suas várias vertentes (TAC [tomografia axial computorizada], angio-TAC, RMN [ressonância magnética nuclear], angio-RMN, espectroscopia e PET [positron emission tomography])
desempenham um papel fundamental para o rápido diagnóstico e
consequente tratamento de cada doente», afirma Eduardo Silva.
De acordo com este coordenador do Curso, Neill Miller «vai reger-se, seguramente, pelos Preferred Practice Patterns (boas práticas clínicas) da Academia Americana de Oftalmologia e transferir para os
nossos oftalmologistas algumas "pérolas" da clínica que, em muitos
casos, ajudam a um rápido diagnóstico de patologias dos sistema nervoso central e/ou órbita com rebate na qualidade visual do doente».
Tendo em conta o programa do Curso, os coordenadores esperam um
elevado número de participantes e uma interacção entre a assistência
e os palestrantes que maximize a partilha de informação.
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utilizada na Lua, têm algo em comum:
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Edição Diária do Congresso
Fonte: NASA, alunagem, Julho de 1969
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oordenado pela Dr.ª Ivone Cravo, actual responsável pelo
Grupo Português de Neuroftalmologia da SPO, e pelo
Prof. Eduardo Silva, oftalmologista nos Hospitais da Universidade de
Coimbra, o Curso de Neuroimagem, que decorre hoje, conta com
a participação da Dr.ª Luísa Biscoito, neurorradiologista no Hospital de Santa Maria, em Lisboa; e do Prof. Neil Miller, do Wilmer Eye
Institute, Johns Hopkins Hospital, nos EUA. O objectivo é «oferecer, tanto aos oftalmologistas mais jovens como aos seniores,
uma versão actualizada da neuroimagem através de uma vertente
clínica e educativa», sublinha Ivone Cravo.
Neste sentido, «a primeira parte do Curso será dedicada à patologia neuroftalmológica de urgência, importantíssima para todos
os oftalmologistas», refere a coordenadora. Com a contribuição
de Luísa Biscoito, e a sua larga experiência neste tipo de patologias, «serão analisadas as indicações dos diferentes exames de
imagem ao dispor, os protocolos que devem ser observados e
far-se-á também uma análise das omissões ou erros mais frequentemente cometidos», adianta Ivone Cravo.
O papel da neuroimagem nas várias
patologias neuroftalmológicas será
vincado no Curso de Neuroimagem,
às 9h00, na sala Vega.
Destaque de Capa
Te m a s de Fisiologia e Genética em destaqu e
na s J o rnadas de Investigação
A Fisiologia e a Genética encontram-se
hoje, a partir das 15h00, na sala Gemini,
nas Jornadas de Investigação, para rever
questões como a visão cromática, apresentar
novidades ao nível das complicações oculares
da diabetes e novas terapias moleculares no
tratamento das doenças da retina.
Vanessa Pais
Vanessa Pais
E
ste ano, as Jornadas de Investigação, que decorrem logo à
tarde, reúnem investigadores da área da Fisiologia, como o
Prof. Carlos Neves (à esq. na foto), oftalmologista, docente e investigador na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e da
Genética, como os Profs. Manuel Bicho (à drt. na foto), coordenador
do Laboratório de Genética da mesma Faculdade, e Miguel Seabra,
director do Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
A primeira intervenção está a cargo de Carlos Neves, que irá
abordar o tema da visão cromática. Segundo este investigador,
a sua comunicação «não terá como intenção apresentar novidades, mas fazer uma revisão ao nível da fisiopatologia da visão
cromática, tendo, por isso, um cariz mais pedagógico, embora
seja dirigida a todos os oftalmologistas». A escolha deste tema
«prende-se com o facto de já não ser abordado neste tipo de
reuniões há bastante tempo, pelo que é algo que, provavelmente,
os oftalmologistas não têm muito presente».
Entre outros aspectos, Carlos Neves vai focar-se «nos mecanismos da fototransdução cromática e da percepção da cor». Apesar
de a visão cromática não ser uma área em que este oftalmologista
desenvolve investigação, está muito relacionada com a Fisiologia,
que é a área a que se dedica, sendo nessa qualidade que pretende
dar o seu contributo nas Jornadas de Investigação.
Diabetes e complicações oculares: papel da Genética
A «genética das complicações oculares da diabetes» é o tema
que traz Manuel Bicho a estas Jornadas. «Vou abordar um assunto que foi falado no Congresso da Sociedade Portuguesa de
Oftalmologia, que decorreu em Évora, em 2006, para o qual fui
convidado, e que era, na altura, uma das novidades ligada à retinopatia, nomeadamente o papel do factor do epitélio pigmentar,
inibidor de proteases e antagonista do VGF [vascular growth factor], cujos anticorpos monoclonais são utilizados no tratamento do
cancro», adianta Manuel Bicho.
O papel da neo-angiogénese na osteoporose e a sua relação
com a angiogénese e vasculogénese retiniana será outra das novidades que este investigador irá partilhar com os oftalmologistas.
«Chegou-se à conclusão de que há variantes genéticas associadas a várias doenças monogénicas, nomeadamente genes associados aos síndromas pseudoglioma e osteoporose e vítreo-reti-
nopatia exsudativa familiar, que codificam proteínas associadas
ao PEDF [pigment epithelium-derived factor] que são passíveis de
bloquear na retinopatia diabética», afirma o investigador, que pretende, nestas Jornadas, «enfatizar o papel da Genética na identificação de novos alvos terapêuticos, mas com a consciência de
que o conhecimento nunca está completo».
A caminho da cura para a coroideremia
Miguel Seabra, no âmbito do tema «Novas terapias moleculares no
tratamento das doenças da retina», irá partilhar com os oftalmologistas o percurso de uma investigação que lhe permitiu descobrir
o gene cuja mutação é a causa da coroideremia, uma doença genética da retina. No passado mês de Outubro, em parceria com a
Universidade de Oxford, no Reino Unido, este investigador iniciou
um ensaio clínico de fase I que irá consistir na aplicação de uma terapêutica de substituição do gene mutado por uma cópia saudável.
«É a primeira vez que podemos falar em cura desta doença
rara, que se estima que afecte uma em cada 100 mil pessoas, e
que existam entre 100 a 200 casos em Portugal, sendo causadora
de cegueira até à meia-idade (cerca dos 40/50 anos) e podendo
ser identificada muito cedo, mesmo na infância ou adolescência»,
explica Miguel Seabra.
Nas Jornadas de Investigação, este investigador irá ainda falar
sobre «outro tipo de terapias – numa fase mais experimental –,
nas quais se inclui a terapia por células estaminais, através da
qual se pretende povoar a retina de células que se diferenciem,
fazendo renascer a retina, mesmo nos casos em que está praticamente degenerada», sublinha Miguel Seabra.
Miguel Seabra
recebe prémio
Seed of Science 2012
A investigação desenvolvida pelo
Prof. Miguel Seabra nos últimos
20 anos, que pode levar à cura
da coroideremia, foi reconhecida
com o prémio Seed of Science
2012, na categoria de Ciências
da Saúde. O contemplado diz
estar «bastante satisfeito com
o facto de esta investigação
estar a ter resultados práticos
e o reconhecimento geral
do público». O prémio será
entregue no dia 26 de Maio
de 2012, durante a V Gala da
Ciência, que vai decorrer no
Casino da Figueira da Foz.
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Co nferências sobre abordagem da retina
e cirurgia refractiva
Entre as 11h30 e as 13h00, o Dr. Didier Ducourneau e os Profs. Richard Spaide e Joaquim
Murta proferem três conferências subordinadas, respectivamente, às temáticas da retina
médica, retina cirúrgica e cirurgia refractiva. Ao Visão SPO, os conferencistas adiantaram as
ideias-chave do que vão apresentar.
Foto: DR
«Nos últimos dez anos, desenvolveu-se uma tendência, para
efectuar intervenções sistemáticas, o que quer dizer que a
intervenção não dependia das
características clínicas de cada
descolamento. Foi assim que a
vitrectomia sistemática ganhou
uma popularidade muito importante. No entanto, esta atitude
não é corroborada por nenhum
estudo multicêntrico estatisticamente significativo.
A European VitreoRetinal Society realizou, neste ano de 2011,
a maior parte dos estudos estatísticos sobre a cirurgia do descolamento de retina. Perto de oito mil casos foram recolhidos e
encaminhados para 180 cirurgiões de 48 países. O estudo estatístico efectuado pelo Institut National de Statistique et d’Etudes
Economiques Français foi capaz de identificar, pela primeira vez,
uma série de orientações estratégias altamente significativas. A
partir delas conclui-se, por exemplo, que:
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- Os riscos de falha de um descolamento de retina estão correlacionados com a existência prévia de uma hipotonia significativa
ou de um descolamento da coróide, do tamanho das lágrimas, do
estádio de retinopatia vítreoproliferativa [PVR, na sigla inglesa] e
da integralidade do descolamento;
- A vitrectomia sistemática, bem como a retinopexia pneumática sistemática ou o recuo sistemático permitem resultados muito
melhores do que uma estratégia adoptada em função dos sinais
clínicos do descolamento da retina, incluindo as variáveis independentes estatisticamente correlacionadas com as falhas;
- As características do equipamento de vitrectomia e os seus parâmetros de controlo também são importantes. Os aparelhos equipados com uma bomba Venturi demonstraram, neste estudo, que
estão relacionados com um risco de falha 2,9 vezes superior ao
dos aparelhos equipados com uma bomba peristáltica (p = 0,006);
Deste estudo depreende-se que o descolamento da retina é demasiado complexo para ser tratado uniformemente. A qualidade do
cirurgião na sua análise semiológica, o seu interesse pelas leis físicas
e a sua capacidade de adaptar o acto cirúrgico de forma gradual,
sem procurar proteger-se pelas atitudes sistemáticas, são o segredo
para obter taxas de falha mais baixas no descolamento da retina.»
Dr. Didier Ducourneau, fundador e ex-presidente da European VitreoRetinal
Society e actual presidente da European Vitreoretinal Services Company
Edição Diária do Congresso
Limites da cirurgia refractiva por laser
«A cirurgia refractiva por laser pode ser uma técnica muito
segura, desde que sejam rigorosamente respeitados todos os
critérios de inclusão. Quando tal não se verifica, rapidamente
passamos "do paraíso ao inferno", conforme indica o título que
escolhi para a minha conferência. São precisamente esses
casos (diagnóstico deficiente de avaliação pré-operatória,
inobservância do cumprimento dos critérios de inclusão para
este tipo de cirurgia, não consideração das características
particulares do doente, etc.) que ditam complicações graves
como as que continuam todos os dias a entrar-nos pela porta
do consultório.
A Oftalmologia, e particularmente a cirurgia refractiva, exige
uma precisão e criteriosos métodos de diagnóstico e tratamento,
pois o mínimo erro pode comprometer o procedimento cirúrgico,
mesmo com técnicas consolidadas. Deve-se cumprir todos os
critérios que nos permitam afastar complicações evitáveis.
Ectasias, infecções, cortes irregulares, complicações relacionadas com a formação do lentículo, proliferação epitelial são
as complicações major da cirurgia refractiva por Excimer laser,
quando descurados os seus limites. É preciso ganhar consciência de que nem todos os doentes são candidatos a este tipo de
cirurgia e de que existem outras abordagens a considerar.
Por outro lado, na minha conferência, vou aproveitar também para enquadrar esta questão com as pressões económicas. Todos sabemos que os equipamentos são caros e que
os contratos de manutenção são elevadíssimos, mas não podemos ultrapassar a barreira de segurança, prejudicando os
doentes, devido a pressões de ordem financeira.» Prof. Joaquim Murta, director do Serviço de Oftalmologia dos Hospitais da
Universidade de Coimbra
Foto: CS
Estratégias no
descolamento da
retina – evolução nos
últimos anos
OCT no estudo da
coróide e da retina
«A tomografia de coerência óptica (OCT, na sigla inglesa) permite obter imagens transversais da retina,
mas este estudo da coróide apresenta limitações, na
maioria dos casos, devido à dispersão e absorção da
luz. Mais recentemente, têm sido usadas novas técnicas para obter melhores imagens. A OCT com imagem
melhorada em profundidade, permite que a coróide
possa ser avaliada de forma mais detalhada, uma vez
que usa uma metodologia de detecção diferente que
permite uma penetração mais profunda nos tecidos.
Devido à falta de outros meios no mercado, a OCT
está a ser bastante usada não só na avaliação da coróideia, mas também no estudo da esclera em míopes
e da estrutura do nervo óptico no glaucoma e em outras doenças. Hoje em dia, a OCT está na origem de
muitas das novas descobertas no campo das doenças
oculares. A minha intervenção vai passar pela abordagem do estudo das doenças mais comuns e deixar em
aberto possibilidades de futuro.
A denominação das camadas exteriores da retina
muda frequentemente ao longo dos anos muito devido
à comercialização do domínio espectral da OCT. À medida que os dispositivos comerciais ficam disponíveis,
os oftalmologistas usam as respectivas terminologias
para terem uma denominação standard. Uma revisão
cuidada dos nomes convencionais usados mostra que
a terminologia atribuída à fronteira entre os segmentos
internos e externos dos fotorreceptores foi baseada
num erro. Quais são então os nomes correctos das
membranas? A minha intervenção passará também
por responder a esta questão.» Dr. Richard Spaide, do
Vitreous, Retina, Macula Consultants of New York, nos EUA
Pub.
Os últimos
avanços no
diagnóstico e
tratamento dos
tumores da retina
estão em destaque
na conferência da
Prof.ª Zélia Corrêa,
que decorre hoje,
às 17h00, na sala
Vega.
Vanessa Pais
Foto: DR
Foto: DR
Avanços na abordagem
dos tumores da retina
O
retinoblastoma, o seu diagnóstico diferencial e os novos avanços terapêuticos são os assuntos escolhidos pela Prof.ª Zélia
Corrêa, do Serviço de Oncologia Ocular da Faculdade de Medicina
da Universidade de Cincinnati, e directora do Laboratório de Patologia Ocular da mesma instituição, nos EUA, para apresentar na conferência que profere logo à tarde, na sala Vega. De acordo com esta
professora e investigadora, «o conhecimento em Oncologia Ocular
tem evoluído no campo da Genética e da Biologia Molecular» e é
esse conhecimento que vai partilhar.
No entanto, alerta Zélia Corrêa, «tais avanços não têm impedido
que o crescimento neoplásico continue a ser um desafio para a Medicina moderna, sendo que a capacidade de o médico diagnosticar
precocemente e acompanhar correctamente o doente e sem demora
transcende a especialidade de Oftalmologia. No campo dos retinoblastomas, ao nível do diagnóstico, «a definição da herança genética
permite agora identificar, por exemplo, a probabilidade de a criança
desenvolver outros tumores primários e transmitir essa neoplasia para
os seus futuros descendentes», avança a investigadora.
Quanto ao tratamento dos retinoblastomas, este «tem sido revolucionado com o uso da quimioterapia intra-arterial superselectiva que
tem revelado resultados iniciais promissores», indica Zélia Corrêa.
Esta investigadora tem participado em estudos dedicados aos novos
protocolos quimioterápicos e ao uso da quimioterapia intra-arterial superselectiva com medicamentos alternativos como o topotecan (inibidor da topoisomerase, uma enzima essencial na duplicação celular),
pelo que, na sua conferência, vai partilhar esta experiência.
NOTA: A Prof.ª Zélia Corrêa terá mais duas intervenções neste Congresso: amanhã,
às 13h00, com a conferência «Diagnóstico diferencial das lesões fundoscópicas
suspeitas de malignidade em adultos», e no sábado, às 17h00, vai falar sobre
«Liderança nos jovens», uma intervenção integrada na sessão SPO Jovem.
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E x p o s i ç ão de sapatos com arte
D
Com lojas em Lisboa, Porto e Barcelona, a linha Art on Shoes
Alexandra Prieto Collection® proporciona, como se pode ler no site
www.alexandraprietocollection.com, sapatos concebidos de forma individualizada e personalizada, com acompanhamento da artista, e, para
ocasiões especiais, a possibilidade de uma mensagem inscrita nos
sapatos. Visite esta colecção no Congresso e obtenha a prova de que
a arte também se pode calçar.
Fotos: DR
urante todo o Congresso, estará patente, no hall junto à sala Neptuno, a exposição Art on Shoes, de Alexandra Prieto. «Trata-se de
uma colecção bastante interessante e original que consiste na concepção de sapatos baseados nas obras de arte da pintora, sendo que
a cada par de sapatos corresponde uma das suas obras», explica a
Dr.ª Ana Amaral, secretária-geral adjunta da Sociedade Portuguesa de
Oftalmologia e responsável pela organização desta exposição.
Mini-simpósio Allergan
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I m p l a nte intravítreo de dexametasona na s
oclus ões venosas
H
oje, entre as 17h00 e as 17h45, o Prof. Rufino Silva, chefe
de serviço de Oftalmologia nos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), e o Dr. João Figueira, também oftalmologista nos HUC, falam sobre «Ozurdex®, implante intravítreo
de dexametasona, nas oclusões venosas: evidências científicas e casos clínicos», no mini-simpósio promovido pela Allergan, a decorrer na sala Gemini.
Os especialistas vão fazer uma revisão ao nível da evidência científica existente sobre a utilização deste implante
intravítreo de dexametasona e discorrer sobre a experiência
que têm na sua utilização, através da apresentação de casos
clínicos. No final da sua intervenção, João Figueira fará uma
demonstração da técnica de aplicação do implante.
Com moderação da Dr.ª Manuela Carmona, presidente da
Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, às apresentações de
Rufino Silva e João Figueira, segue-se um momento de discussão que vai apelar à participação da assistência, colocando questões e/ou partilhando a sua experiência.
Simpósio Alcon
N ova s p erspectivas clínicas e cirúrgicas
e m O ft almologia
«N
ovas perspectivas clínicas e cirúrgicas em Oftalmologia»
serão apresentadas amanhã, no Simpósio organizado pelos laboratórios Alcon, marcado para as 13h00, na sala Gemini. No
âmbito da perspectiva clínica, o glaucoma será a patologia versada, em três comunicações. «Qualidade de vida no glaucoma», será
o tema da conferência proferida pelo Dr. Fernando Neves da Silva,
especialista de glaucoma no Hospital de Barcelos e coordenador
do Serviço de Oftalmologia do Hospital Privado de Braga.
Segue-se a intervenção do Dr. José Maria Martínez de la Casa,
do Hospital Clínico San Carlos de Madrid, em Espanha, sobre
as repercussões clínicas da patologia de superfície ocular nos
doentes com glaucoma. A terminar a parte do Simpósio que é
Edição Diária do Congresso
dedicada à perspectiva clínica, o Dr. Aitor Lanzagorta, da Fundación Oftalmológica del Mediterráneo, em Valência, Espanha,
debruçar-se-á sobre o tema «Evolução do tratamento médico do
glaucoma: Travoprost/Timolol, primeira e única CF de PG multidoses e sem BAK. Agora com Polyquad».
Moderada pelo Dr. Fernando Vaz, do Hospital de Braga, a
perspectiva cirúrgica será subordinada ao tema «Objectivo
emetropia» e contará com a participação do Dr. António Limão, do Instituto de Microcirurgia Ocular, em Lisboa; do Prof.
António Marinho, do Hospital da Arrábida, em Vila Nova de
Gaia; e do Prof. Joaquim Murta, dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
SPO homenag e i a
sócios há m a i s
de 50 an o s
S
Concebida especialmente para homenagear os sócios da SPO há mais de 50
anos, a medalha é emoldurada com um disco de plácido e tem no centro uma
caravela, aproveitando parte do logótipo da SPO. A outra face tem o nome do
oftalmologista a quem será entregue e a inscrição: «Sócio há mais de 50 anos».
Os homenageados
Prof. António Queiroz Marinho
Presidente da SPO em 1975/76
Dr. João Eurico Lisboa
Presidente da SPO em 1987/88
Prof. João Ribeiro da Silva
Presidente da SPO em 1979/80 e em 1981/82
Prof. Joaquim Torres
Presidente da SPO em 1989/90
Dr. Adelino Dias Arede
AF_1:2anuncio_Bayer_210x130.pdf
1
11/21/11
5:53 PM
er sócio da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) há
pelo menos 50 anos é algo que merece ser assinalado. Por
isso, os membros da Comissão Central da SPO resolveram homenagear, com a entrega de uma medalha (na foto), cinco personalidades da Oftalmologia nacional, que são sócios da SPO
há 50 ou mais anos e estão entre os convidados de honra deste
Congresso. As medalhas serão entregues na cerimónia oficial de
abertura deste 54.º Congresso Português de Oftalmologia, que
decorre hoje, a partir das 19h00, na sala Gemini.
Criada em 1939, a SPO «foi sendo construída com altos e
baixos, com avanços e recuos, tornando-se naquilo que é hoje:
uma Sociedade forte, coesa, respeitável e, em grande parte, isso
deve-se ao esforço dos sócios, sobretudo dos mais antigos», considera a Dr.ª Manuela Carmona, presidente da SPO. É importante
referir que quatro dos cinco homenageados foram presidentes
desta Sociedade, sendo que todos eles dedicaram a sua vida à
Oftalmologia portuguesa.
Assim, Manuela Carmona, em nome da Comissão Central da
SPO, afirma que «a homenagem, embora não compense todo o
esforço que estes oftalmologistas desenvolveram em prol da especialidade, só poderia ter lugar no momento mais alto do Congresso,
a cerimónia oficial de abertura, durante a qual lhes será entregue
uma medalha concebida especialmente para a ocasião».
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NO ÂMBITO DO 54º CONGRESSO PORTUGUÊS DE OFTALMOLOGIA
5ª FEIRA, 1 DEZEMBRO 2011 | 13:00-14.00 | SALA GEMINI
Chairman: Prof. Rufino Silva - Portugal
The Features of VEGF Trap-Eye
Dr. Todd Katz - USA (Bayer HealthCare)
Clinical Results in wet AMD
Prof. Jean-François Korobelnik - France
Development in Other Indications
Dr. João Figueira - Portugal
Roundtable
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54.º Co n g re s s o Po r t u g u ês d e O ft a l m o lo g i a
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O que terão artistas como Picasso, Matisse, Close ou
Rembrandt a ver com o estudo da percepção visual? A
resposta é dada hoje, às 18h00, na sala Gemini, pela
Prof.ª Margaret Livingstone. Para já, propomos-lhe
«espreitar» alguns dos pormenores das obras mais
conhecidas destes pintores desmistificados pela
convidada norte-americana.
Vanessa Pais
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ostrar como «algumas das grandes obras de arte têm
fornecido informações sobre a forma como vemos, algumas delas tão importantes que podem ser entendidas em
termos de neurobiologia básica» é o objectivo das conferências «O que a arte nos pode dizer sobre o cérebro» e
«Ausência de estereopsia e o talento artístico», proferidas
hoje, a partir das 18h00, pela Prof.ª Margaret Livingstone,
docente de Neurobiologia na Harvard Medical School, em
Boston, nos EUA. Pablo Picasso, Henri Matisse, Chuck Close
e Rembrandt serão alguns dos artistas cujas obras vão ser
analisadas pela conferencista.
«Há muito tempo que os artistas perceberam que a cor e a
luminosidade podem desempenhar um papel independente
na percepção visual», sendo que «muitas das técnicas desenvolvidas ao longo dos séculos podem ser entendidas em
termos de organização paralela do nosso sistema visual», explica Margaret Livingstone. Neste contexto, a convidada norte-americana vai mostrar, por exemplo, «como é que a segregação do processamento da cor e da luminosidade explica o
facto de algumas pinturas impressionistas parecerem tremeluzir, ou de algumas pinturas de pop art parecerem mover-se».
Margaret Livingstone vai explorar alguns dos princípios do
uso da luminosidade por Pablo Picasso e do uso da cor por
Henri Matisse, desmistificando, assim, «como os impressionistas pintaram o "ar", como é que as diferenças de resolução
no nosso campo visual tornam o sorriso de Mona Lisa ilusório
e produzem uma ilusão dinâmica nas pinturas e nos fotomosaicos de Chuck Close», por exemplo.
Rembrandt tinha ausência de estereopsia?
Na sua segunda conferência, Margaret Livingstone vai focar-se no papel da «estereopsia para a percepção da profundidade», enfatizando que «a ausência de estereopsia pode
não ser uma deficiência, mas um trunfo para alguns artistas».
Isto porque a esteropsia pode ser um «impedimento para um
artista que tenta retratar uma cena a três dimensões sobre
Fotos: DR
O que a arte pode dizer
s o b re a percepção visual…
Rembrandt, um dos artistas reconhecidos
pela sua visão astuta, representou, em muitos
dos seus auto-retratos, «os seus olhos exotrópicos de uma forma que seria incompatível com
a estereopsia normal»
uma superfície plana, tanto que os professores de arte, muitas
vezes, instruem os alunos a fechar um olho para nivelar aquilo
que vêem», indica a conferencista.
Curiosamente, Rembrandt, um dos artistas reconhecidos
pela sua visão astuta, representou, em muitos dos seus autoretratos, «os seus olhos exotrópicos de uma forma que seria
incompatível com a estereopsia normal». Perante isto, surge a
questão: «Será que o anglo utilizado para olhar para os seus
olhos foi aleatório, ou terá o desvio do seu olhar sido sistemático, como se fosse retratar com precisão uma característica
da sua fisionomia?»
Para tentar responder, Margaret Livingstone analisou várias
imagens em alta resolução de pinturas a óleo e gravuras do
portefólio de auto-retratos de Rembrandt. «Os seus olhos são
retratados como exotrópicos em 23 das 24 pinturas e em 35
dos 36 auto-retratos analisados; o olho do lado direito tende a
olhar para a frente enquanto o outro olho se desvia para fora,
sendo que em todas as 12 gravuras analisadas esta assimetria é revertida», explica a especialista.
Perante os resultados da sua análise, Margaret Livingstone
conclui: «Como as gravuras são feitas através do desenho
sobre uma placa de metal (usado para imprimir uma imagem),
o que se vê na impressão é uma inversão do que o artista
desenhou na placa. Assim, o facto de o olho desviado para
fora nas gravuras ser o oposto do das pinturas, sugere que
Rembrandt tinha estrabismo unilateral, caso contrário, o olho
desviado deveria ser aleatório.»
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