A influência da iluminação e das cores no ambiente hospitalar

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A influência da iluminação e das cores no ambiente hospitalar: a saúde vista com outros olhos
janeiro/2013
A influência da iluminação e das cores no ambiente hospitalar: a saúde
vista com outros olhos
Deyse Koth – [email protected]
Pós-graduação em Iluminação e Design de Interiores
Instituto de Pós– Graduação - IPOG
Resumo
O objetivo do estudo é analisar a influência da iluminação e das cores no ambiente
hospitalar, tanto para o uso dos pacientes como dos próprios funcionários desses espaços.
Partindo de referencial teórico, percebeu-se que o sistema de iluminação e cor nos hospitais
brasileiros é precário, não existe a valorização adequada dos projetos nessas áreas; os
ambientes são tratados de igual forma, como se fossem únicos e não atendessem às diferentes
necessidades, assim, não se cria espaços adequados para o devido uso. A rede Sarah
Kubitschek, citada no trabalho é uma das poucas unidades hospitalares no Brasil que se
preocupa com os benefícios que um bom projeto de iluminação e cor traz para a recuperação
dos pacientes. A iluminação e as cores usadas de forma adequada trazem vitalidade ao
ambiente, ajudando de forma considerável no tratamento dos pacientes e no desempenho dos
funcionários nas suas funções.
Palavras-chave: Hospital; Iluminação; Cor.
1.Introdução
Aos dizeres de Luiz Carlos Toledo (2003):
Conhecer as diferentes partes que integram a edificação hospitalar, em todos os seus
aspectos (operacionais, dimensionais, infra-estrutura, ambientes e relacionais), é, a
nosso ver, uma das principais ferramentas com que conta o arquiteto para produzir
uma arquitetura hospitalar de qualidade.
A recuperação de um paciente exige espaço adequado para sua reabilitação, desta feita, um
espaço bem projetado, com um sistema adequado de luzes e cores é de fundamental
importância. MariliceCosti (s.d.) cita também que: “O hospital é um tipo de ambiente que
deve acolher, cuidar, tratar, dar segurança e conforto”.
Há alguns anos, os hospitais eram projetados apenas pensando na funcionalidade. Hoje, a
realidade está se modificando, o processo está evoluindo: busca-se funcionalidade e conforto
nos ambientes, tentando sempre projetá-los conforme sua necessidade e não tratando todos os
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espaços da mesma forma, já que estes possuem diferentes funções. Isso ajuda de forma
considerável no tratamento dos pacientes e no trabalho dos funcionários.
A iluminação nos hospitais é fundamental, o ideal seria sempre poder contar com iluminação
natural e artificial, todavia isto nem sempre é possível, mas ambas bem projetadas tem-se
resultados excelentes nos ambientes, visando a qualidade dos usuários. A iluminação é vital
na vida das pessoas. Resultado de uma boa iluminação pode gerar estímulos tranquilizadores
e acolhedores. Como comenta Grandjean (1998): “Os sistemas de iluminação bem
projetados, utilizando mais luzes indiretas, tornam o ambiente mais seguro e menos
estressante, para que os indivíduos sintam-se mais confortáveis”.(Grandjean,1998 apud
RIBEIRO, 2005)
A utilização das cores nos hospitais deve entrar na parte projetual desses ambientes, pois
ajudam no processo terapêutico, colaborando com o equilíbrio do corpo e da mente. O uso
adequado delas promove o bem-estar dos pacientes e até mesmo dos funcionários. A
cromoterapia, segundo Amber (2000, p.13), é “a ciência que emprega as diferentes cores
para alterar ou manter as vibrações do corpo naquela freqüência que resulta em saúde, bemestar e harmonia”.(Amber, 2000 apud GUSMÃO, 2010)
Para Boccaneraet al. (2007), “a cor é um fator importante no conforto do paciente e deve ser
corretamente aplicada nas paredes, no piso, no teto, na mobília e demais acessórios, para
tornar o ambiente hospitalar mais aconchegante para o paciente e
funcionários.”(Boccamera, 2007 apud GUSMÃO, 2010). A cor é a parte emotiva do processo
visual. As cores carregam significados, que estes criam sensações nos espaços que estas são
aplicadas.
Esta pesquisa tem o objetivo de demonstrar que a iluminação e as cores não são simples
detalhes, mas sim, elementos que podem proporcionar estímulos e sensações aos usuários do
ambiente.
Levando em conta a iluminação e o uso da cor em ambientes hospitalares, cabe ao arquiteto o
desafio de transformar estes espaços, deixando-os funcionais e ao mesmo tempo acolhedores,
que faça com que os pacientes possam recuperar-se da melhor maneira possível.
2. O sistema de iluminação e cor nos hospitais brasileiros
É realidade constante e contínua que grande parte dos hospitais brasileiros é desprovida de
qualquer projeto de cor e iluminação. Pelo que se percebe, todos os ambientes são tratados da
mesma forma, como se tivessem sempre a mesma função, todavia, em razão dos
conhecimentos já amealhados, se sabe que esta não é a maneira adequada, visto que cada
ambiente tem a sua necessidade e o seu desempenho.
Ainda, tem-se conhecimento que o sistema de saúde, que é de suma importância para a
população, deveria ser tratado com mais zelo, isto porque, a saúde possui peculiaridades e
aqueles pacientes que lá estão, precisam ser acolhidos para que tenham uma excelente
recuperação.
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Sabe-se que há séculos atrás, os hospitais não eram vistos com “bons” olhos pelas pessoas,
sobre o tema:
Durante a Idade Média a imagem dos hospitais era usualmente associada com a morte.
O objetivo era o confinamento das pessoas doentes, visando mais proteção dos que
estavam fora dos hospitais do que o atendimento aos pacientes. Havia pouca
esperança de recuperação. (Miquelin, 1992 apud LUKIANTCHUKI; CARAM, s.d.)
Em razão disto, nessa época não se tinha preocupação com o conforto e o bem-estar dos
pacientes, e, infelizmente, ainda que se tenham algumas poucas alterações, o sistema de
saúde, salvo nos hospitais particulares, a passos muito lentos, busca melhoria para sua
estrutura física.
A arquitetura hospitalar sofre uma revisão a partir da década de 80. Nesta época surge uma
nova preocupação, a busca pela humanização do espaço hospitalar, levando em conta a
iluminação e ventilação natural, que até antes eram abolidas.
Atualmente, existem hospitais preocupados com a importância da sua estrutura não apenas no
corpo médico, mas também com a ambientação, buscando o bem-estar dos pacientes. A
exemplo, cita-se o arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, que faz trabalhos nos hospitais da
rede Sarah Kubitschek, trazendo uma instituição de caráter abrangente envolvida também
com os problemas econômicos, sociais e culturais do país.
Segundo Santos e Bursztyn (2004):
Ao projetar hospitais feitos para curar, Lelé devolve ao edifício hospitalar a
capacidade de contribuir para o processo da cura. Ao projetá-los com essa finalidade
resgata um objetivo que surge no final do século XVIII e que não vem sendo
enfatizada por boa parte da arquitetura hospitalar contemporânea. (SANTOS, M,:
BURSZTYN, I., 2004)
Analisando os projetos de Lelé nos hospitais da rede Sarah Kubitschek percebe-se que o
arquiteto não traz cores neutras para o paciente se acalmar. Na rede desses hospitais é o
contrário, sempre existe a presença de cores vibrantes.
Lukiantchuki e Caram, (s.d.) analisam e escrevem sobre o supracitado:
Lelé acredita que a vibração da luz natural conduz à calma com maior eficiência.
Qualquer pessoa sensível se emociona quando contempla uma obra de arte, do mesmo
modo que se emociona ao ouvir uma música agradável. E toda emoção positiva que
ajuda na cura dos pacientes se torna terapêutica. (LUKIANTCHUKI, MarieliAzoia;
CARAM,Rosana Maria, s.d.)
A obra de arte está sempre presente nas obras de Lelé, fazendo assim com que o paciente não
se sinta oprimido. Desta forma, o arquiteto faz com que o projeto seja algo que ajude na
recuperação dos pacientes, não fazendo com que os mesmos se sintam mais adoecidos.
2.1 O projeto X a administração do hospital (valores/ custos)
A estrutura hospitalar é complexa, com um custo altíssimo para mantê-la, o que acaba
fazendo com que a administração defina prioridades outras que não àquela relacionada à
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estrutura física do local. Conforme Sherif (1999): “Mais que em outras atividades, os
hospitais estão intimamente relacionados com a economia obtida na construção, operação e
manutenção dos prédios.”(Sherif, 1999 apud PECCIN, 2002)
Em razão disto, muitas vezes a administração peca, não valorizando a importância da
execução de um bom projeto.
Ao não se executar o projeto da forma tal e qual como lançada pelo profissional habilitado
(arquiteto), a administração do hospital acredita estar fazendo “economia”, contudo, não é isto
que ocorre.
Como se sabe, um hospital tem várias necessidades e muitas vezes é projetado sem que estas
necessidades realmente sejam apreciadas, isto porque, os administradores pensam em
diminuir custos/gastos.
Ao realizar esta “manobra” o espaço “perde” seu real valor, não conseguindo atender as
necessidades, o que, de certa forma, prejudica os usuários.
Vânia Paiva Martins (2004) é clara ao escrever que um espaço bem projetado ajuda no
processo de cura dos pacientes:
São empreendimentos que exigem grandes investimentos na construção, na compra de
equipamentos e, principalmente, na manutenção dos custos operacionais. No setor
público, esses custos operacionais crescem proporcionalmente às transformações
construtivas executadas sem planejamento. Além disso, os problemas iniciais de
projeto, decorrentes de soluções arquitetônicas inadequadas ao clima, são agravadas
com as ampliações para o atendimento da demanda crescente de pacientes e o
acompanhamento de novas tecnologias e equipamentos. Dessa forma, o hospital do
futuro, além de viabilidade econômica-financeira, deve atender aos requisitos de:
expansibilidade, flexibilidade, segurança, eficiência e, sobretudo, humanização. Nesse
ponto, o conforto ambiental aparece como forte aliado nos processos de cura de
pacientes.
Ademais, em um hospital bem projetado, principalmente no que tange ao projeto de
iluminação, pode-se ter economia. Segundo Adriana Peccin (2002): “a racionalização do
projeto de iluminação artificial também pode proporcionar economia de energia ao
hospital”.
3. A iluminação nos hospitais
No Brasil para a elaboração de projetos de iluminação em hospitais, o profissional deve estar
atento às recomendações da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), através da
NBR 5413 – Iluminância de interiores, no item 5.3.28 – Hospitais.
Em relação aos novos conceitos e materiais existentes no mercado, há a necessidade de
pesquisas mais aprofundadas e específicas para cada atividade realizada nos espaços.
Acerca da importância do projeto, Fábio Bitencourt (s.d.) cita:
A elaboração de um projeto de iluminação para ambientes hospitalares é um processo
complexo que deve buscar, invariavelmente, satisfazer à diversidade de critérios
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técnicos e às compatibilidades físico-funcionais. A solução projetual deve atender
prioritariamente às demandas da atividade ali desempenhada, compatibilizando a
possibilidade de realização da função assistencial com outros requisitos pertinentes à
arquitetura e ao conforto humano.
A iluminação nos hospitais não deve ser uniforme e desinteressante. Sempre que possível,
deve existir variação de luz, entretanto, não é isto que ocorre. Segundo MariliceCosti (s.d.):
“Não é o que se verifica na maioria dos hospitais públicos que devido à carência de
recursos, revela ambientes empobrecidos e monótonos”.
3.1 Luz natural: benefícios para a utilização no ambiente interno
A luz natural deve ser usada para redução de consumo de energia elétrica, porém, existe
também outro fator importantíssimo, explica-se: os pacientes que estão internados em
hospitais, geralmente possuem pouco contato com o exterior, em razão disto, o contato com o
meio externo é salutar para a recuperação.
Conforme Adriana Peccin (2002): “Dentre os benefícios da iluminação natural, um dos
principais refere-se à sincronia dos mecanismos fisiológicos dos usuários.”Afirma também
MariliciCosti (s.d.): A luz natural é fundamental para a recuperação do paciente. É
comprovado que existe redução no tempo de internação quando o paciente tem noções de
temporalidade, quando pode observar a variação da luz durante o dia e tiver visão para o
exterior.
O contato com o exterior proporciona a continuidade no ritmo biológico humano. A luz
natural, portanto é um fator determinante na recuperação dos doentes e também para a
eficiência de energia elétrica do edifício como complementa Vera Lucia Dutra Mascarello
(2005):
Permitir o contato visual com o exterior e utilizar adequadamente a luz natural são
fatores fundamentais, tanto para a manutenção dos níveis de conforto visual e
psicológico do usuário como para o aumento da eficiência energética dos edifícios,
pois um projeto de iluminação natural bem planejado diminuirá a necessidade de uso
de iluminação artificial e de ar-condicionado.
3.2 O sistema artificial
A iluminação artificial altera a qualidade de vida das pessoas, consequentemente como elas se
sentem. Essa sensibilidade mostra que a qualidade da luz é mais importante que sua potência.
Na hora de projetar a iluminação artificial de um hospital deve-se levar em conta dois fatores:
a quantidade e a qualidade da iluminação.Vânia Paiva Martins (2004), menciona que:
Quanto à quantidade, deve-se lembrar que a percepção individual varia segundo os
locais e a atividade, se contínua ou intermitente. Já a qualidade depende do índice de
expressões e temperatura de cor. Por exemplo, a luz branca natural, cujo espectro é
contínuo e completo, tem índice de expressão de cores igual a 100.
Segundo Mauri Luiz da Silva (2004) o índice de reprodução das cores (IRC) tem a seguinte
definição:
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O IRC serve para medir o quanto a luz artificial consegue imitar a luz natural. (...)
Porém, em linguagem fácil, que é nossa proposta, 100% seria alguma coisa como dia
claro de sol no verão por volta do meio-dia. Desta forma, quanto mais próximo de 100
for o IRC de uma fonte de luz artificial, mais próxima da luz natural estará, ou seja,
reproduzirá mais fielmente as cores e, quanto menor for este índice ou mais longe dos
100%, pior será a reprodução de cores. (SILVA, 2004, p. 39)
O ideal nas áreas onde existem pacientes é usar o IRC mínimo de 80 a 90, isto para que a
pessoa apresente sua coloração normal ao ser realizado um diagnóstico ou até mesmo quando
ela já estiver internada seja fiel e não distorcida, podendo causar um diagnóstico falso.
Deve-se lembrar sempre que a área de visão de um paciente geralmente é o teto e quando a
luz é direta acaba criando desconforto e ofuscamento. Segundo MariliciCosti (s.d.):
A iluminação deve ser indireta e a luminária ser adequada a tal campo de visão.
Lâmpadas e luminárias têm que ter um perfeito casamento. Nem todas as luminárias
podem receber lâmpadas eficientes. Este é um dos erros mais comuns, depois do
famoso apagão.
Para fazer um bom uso da luz artificial, deve-se ter cuidado com o brilho excessivo da fonte
de luz, tamanho e posição inadequados, contraste em excesso entre os pontos de luz e sombra,
entre outros.
Outro fator importante é a preocupação constante nos hospitais referente à assepsia. Já que se
a luminária não tiver boas condições de assepsia poderá estar limitando o processo criativo do
arquiteto de iluminação.
Levando-se em conta esses fatores, ter-se-á um ambiente bem projetado, corretamente
iluminado, auxiliando o trabalho dos profissionais da saúde, e, ainda auxiliando na
recuperação dos pacientes.
4. A cor nos hospitais
A cor hoje, deve ser vista como um elemento importante ao se projetar hospitais, pois esta
proporciona tranquilidade e bem-estar e, se não usada adequadamente, pode transmitir
sensações erradas para o espaço, agitando ou inibindo as pessoas. Luiz Cláudio Rezende
Cunha (2004) afirma que:
O ser humano possui facilidade para se adaptar às mais diversas situações ambientais,
por isso, em muitos hospitais, o que acontece é uma aceitação dos funcionários e
pacientes às instalações, mesmo não contando com o auxílio destas para o
desempenho de suas atividades, o que provoca uma queda na produtividade. Portanto,
nos hospitais, onde pessoas são por diversas vezes, atendidas com risco de vida, as
equipes trabalham sob tensão, e os fatores ambientais não podem ser mais um motivo
de estresse.
As cores claras devem ser usadas em ambientes sombrios, em que a luz do sol incide pouco.
Locais muito escuros deixam as pessoas deprimidas e cansadas. Nos hospitais as tonalidades
quentes ou frias devem ser equilibradas.
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O espaço deve ser bem tratado, as cores devem fazer com que os pacientes mantenham-se
despertos e os funcionários com uma boa produção. Assim o local fica com aspecto animado
e vivo, e consegue-se perceber isto a olhos claros.
Conforme cita Fábio Bitencourt (s.d.): “A cor pode ser entendida como um poderoso idioma
que pode afetar não apenas as nossas sensações psicológicas, mas também a percepção de
tempo, volume, forma, espaço e perspectiva”.
Percebe-se com isso que cada vez mais as cores podem contribuir para o conforto dos
usuários nos hospitais. Segundo Harlley Alves (s.d.): “A cor é instrumento que auxilia na
recuperação dos pacientes, favorece o trabalho dos profissionais e influi na imagem interna
do hospital”.
Aos dizeres de Ribeiro (2005): “A cor fornece imperiosa impressão do ambiente, sendo
necessário saber como aplica-lade forma apropriada, na quantidade e intensidade de seu uso
e, ainda, a combinaçãopara complementação dos ambientes”.
Para o uso das cores deve levar-se em conta cada espaço e sua função. A cor verde está ligada
à esperança e há quem diga que ela teria um aspecto antibacetericida e antigermicida, por isso
é tão vista nos hospitais.
Nas salas de espera o ideal seria o uso de cores mais frias, pois ajudam a diminuir a ansiedade
e o nervosismo. Já na circulação o adequado seria o amarelo, para um ar menos depressivo.
Deve-se tomar cuidado com o azul, pois é uma cor que instiga a retração.
De acordo com Boccanera (2004), “Seria interessante que o hospital fosse um local que se
assemelhasse à casa dos pacientes e profissionais e a cor pode auxiliar nessa sensação de
familiaridade”.(Boccamera, 2004 apud GUSMÃO, 2010)
4.1A influência das cores no estado psicológico/clínico dos pacientes
A cor é uma necessidade vital para o ser humano. Sua ação não é apenas decorativa, atua
psicologicamente e tem um caráter cultural muito forte. Os estudos de cromoterapia nos
revelam a influência da cor na vida das pessoas, servindo para estabelecer equilíbrio e
harmonia do corpo, da mente e das emoções. Intensifica com a luz, que amplia o sentimento
de alegria e bem-estar e pode agir terapeuticamente na cura de pacientes se usada de forma
correta.
Defende-se que a cromoterapia é uma técnica que consiste na atribuição de significados às
cores que podem reverter problemas de saúde, promovendo o alívio sintomático através da
cor absorvida pelo corpo, por isso, a importância do seu uso adequado nos ambientes
hospitalares. Como trata Ondina Baleano (s.d.): “A cromoterapia traz benefícios aos
portadores de qualquer disfunção, começando por aliviar as dores e finalmente pela
recuperação dos pacientes, na maioria das doenças”.
Aos dizeres de Gusmão e Brotherhood (2010):
A Cromoterapia é uma terapia natural, recomendada como complemento da medicina
tradicional, que leva em conta todos os níveis do ser humano (físico, mental,
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emocional, energético e espiritual), e não apenas os sintomas físicos, já que corpo e
mente encontram-se intimamente interligados.
As principais propriedades usadas na cromoterapia estão relacionadas abaixo:
Vermelho: é a cor mais poderosa e deve ser usada com prudência. Estimula o sangue e
libera a adrenalina. Combate resfriados sem febre e ameniza dores reumáticas.
Intensifica as funções do corpo ao estimular o sistema nervoso e fortalecer a atividade
do fígado. É eficaz em distúrbios relacionados à pele e ao sangue. Retrata a saúde e a
ação construtiva, mas também a raiva, o mau-humor, o perigo e a destruição.
(GUSMÃO, Vania Costa; BROTHERHOOD, Rachel, 2010)
Bontempo (1998) recomenda utilizar essa cor para ativar o sistema digestivo e combater a
depressão, hipocondria, neurastelia e paralisia parcial ou total. (Bontempo, 1998 apud
GUSMÃO, 2010)
Laranja: tonifica, combate a fadiga, estimula o sistema respiratório e fixa o cálcio no
organismo. É antidepressivo, aumenta o otimismo, e estimula o apetite, promove a boa
digestão, beneficia a maior parte do sistema metabólico, rejuvenesce e vitaliza, e pode
elevar a pressão sanguínea. Associa-se às glândulas supra-renais e aos órgãos sexuais.
Esta cor é a combinação dos raios vermelhos e amarelos, e seu poder de equilíbrio é
maior que o das duas cores isoladas. É estimulante e expansivo. Combina a energia
física com as qualidades mentais, libera a energia, aviva as emoções e origina bemestar e satisfação.(GUSMÃO, Vania Costa; BROTHERHOOD, Rachel, 2010)
Amarelo: É estimulante, energizante, purificador e eliminador. Estimula a percepção,
o intelecto e o sistema nervoso central. Desperta esperança em doentes que desistiram
da cura, fortalece os olhos e os ouvidos, ajuda na cura da artrite e na regeneração de
problemas ósseos, combate à prisão de ventre, potencializa o fósforo e o sódio.
Indicado para obter concentração mental e fixar informações. Deve ser usado com
outras cores, pois o excesso pode gerar tensão. Isolado, pode causar a perda de
estabilidade, proteção, meta ou foco, o que estimula o nervosismo e a incerteza.
(GUSMÃO, Vania Costa; BROTHERHOOD, Rachel, 2010)
A cor amarelo também, segundo Borrowski (2005) “auxilia nas situações de desespero e
melancolia”. (Borrowski, 2005 apud GUSMÃO, 2010)
Verde: É uma cor analgésica. Ajuda no equilíbrio hormonal, estimula órgãos
digestivos, é refrescante e antiinfecciosa. Deve ser utilizada com muito cuidado, pois
pode ser fatigante e estimular a depressão quando usada em excesso. Pode ser aplicada
para desequilibrar as vibrações causadas por uma doença. Útil em problemas de
coração, úlceras, dores de cabeça, casos de câncer etc. Alivia a insônia. Associada
afetivamente à paz, à natureza, à saúde, à abundância, à tranqüilidade, ao equilíbrio, à
esperança e à juventude. Harmoniza flutuações do estado de espírito e casos de
insatisfação e impaciência.(Borrowski, 2005 apud GUSMÃO, 2010)
Papali (2009) afirma que “o verde é a cor que ajuda a equilibrar a imunidade, por isso é
muito usado em hospitais e clínicas”. (Papali, 2009 apud GUSMÃO, 2010)
Azul: É a cor do
relaxante, calmante
em todo o sistema
(glândula tireóide),
equilíbrio, da harmonia e da expansão espiritual. Tem efeito
e analgésico. Atua no sistema nervoso, nos vasos sangüíneos, e
muscular. Ameniza as inflamações, auxilia na cura do eczema
em casos de dores de cabeça, enxaquecas e asma. Serve como
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fortificante da pele. Aumenta o metabolismo e promove o crescimento. (GUSMÃO,
Vania Costa; BROTHERHOOD, Rachel, 2010)
Borrowski (2005) complementa que pelo fato do azul “ser a cor mais curativa, é indicada
nas infecções com febre”. (Borrowski, 2005 apud GUSMÃO, 2010)
Segundo Gusmão e Brotherhood (2010) a cor índigo“atua na corrente sangüínea, e é
coagulante. É uma cor elétrica, fria e adstringente. Funciona como anestésico e chega a
causar total insensibilidade”.A cor violeta“tem ação calmante e é purificadora do sangue.
Previne processos infecciosos, elimina toxinas e estimula a produção de leucócitos.
Recomendada nos casos de pneumonia, tosse seca, asma, irritação da pele e dor ciática”.
Para Farina (1990):
O branco é sempre positivo e afirmativo. É a soma de todas as cores e o símbolo do
absoluto. A cor que apresenta maior sensibilidade na presença da luz. Está associada à
ordem, estabilidade, paz e harmonia. Permite boa iluminação, uma vez que absorve
pouca luz e transmite pouco calor ao ambiente interno, permitindo, desta forma, um
maior conforto. (Farina, 1990 apud GUSMÃO, 2010)
“Magenta é a cor que fortifica a aura e as radio- emanações do corpo químico. Leva à
consciência espiritual, auxilia como equilibradora emocional e é estimulante suprarenal”.(Borrowski, 2005 apud GUSMÃO, 2010)
Para Lacy (2000): “A cor preta é considerada impotente, quando usada com outra cor, do
contrário pode provocar inacessibilidade, prepotência e indiferença”.(Lacy, 2000 apud
GUSMÃO, 2010)
E a última cor nesse caso analisada é a marrom que para Farina (1990), “o marrom está
relacionado ao pesar, à melancolia e ao desconforto”.(Farina, 1990 apud GUSMÃO, 2010)
Por outro lado, Borrowski (2005) “acredita ser a cor da integração e do oferecimento.
Associa o marrom a outono, doenças, terra, melancolia e orações”.(Borrowski, 2005 apud
GUSMÃO, 2010)
Como se percebe todas as cores tem sua função e se bem aplicadas auxiliam no tratamento
dos pacientes. Por isso, a necessidade de projetar cada espaço de forma única.
5. A importância da iluminação e cor na recuperação dos pacientes
Um espaço bem projetado, nesse caso tratando-se da iluminação e cor nos hospitais, pode
ajudar na recuperação dos pacientes, trazendo vitalidade para os mesmos.
Para entender-se a importância da iluminação e da cor como conjunto, lê-se a citação de
Stephanie D’Ornelas (2011):
A cor não existe objetivamente, pelo menos não em qualquer sentido literal. O que
existe é a luz – que é detectada até mesmo pelas medusas, que não tem cérebro, o que
mostra a simplicidade da sensação.Obviamente você pode qualificar e identificar as
cores, mas elas são inteiramente fabricadas em nossos cérebros. E a luz, por incrível
que pareça, pode ser transformada em qualquer cor em nossa mente – como é possível
perceber em ilusões de óptica.
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A iluminação e a cor estão constantemente presente nos ambientes. Nos hospitais o uso
correto da iluminação e da cor faz com que os pacientes e funcionários sintam-se melhor.
Tanto a iluminação natural, como a artificial devem estar ligadas com as cores dos espaços.
Se cada ala fosse analisada de forma individual, conforme a sua função, ter-se-ia
ambientesmais agradáveis, proporcionando aos usuários mais conforto e bem estar, auxiliando
na sua recuperação.
A iluminação, as cores e a humanização no ambiente hospitalar são determinantes para o
sucesso e o bom funcionamento dos estabelecimentos de saúde, haja vista contribuírem para
melhora do paciente. Segundo o fisioterapeuta, Paulo Edson Reis Jacob Neto (s.d.): “As cores
possuem certas vibrações energéticas, que produzem mudanças químicas no organismo,
interferindo na parte física e mental”.
Como já relatado a iluminação artificial é indispensável nos hospitais, pois ajuda no equilíbrio
fisiológico e psicológico dos usuários. O ideal sempre é pensar na iluminação antes da seleção
das cores e dos materiais. Sempre que possível deve-se integrar essas duas condicionantes nos
projetos, para que se possa obter um ótimo resultado para os ambientes, consequentemente
favorecendo os usuários.
Não se pode deixar de aduzir acerca da importância da iluminação natural nesses ambientes.
O ideal seria somente o uso da iluminação artificial à noite e em dias nublados. Segundo
Corbella (2003): “a iluminação natural traz benefícios para a saúde, porque dá a sensação
psicológica do tempo, tanto cronológico quanto climático, no qual se vive”. (Corbella, 2003
apud MARTINS, 2004)
Um hospital bem projetado sempre poderá ajudar na reabilitação dos pacientes; tornando o
espaço agradável e confortável certamente a recuperação será significativa.
6. Conclusão
Conclui-se que os projetos de iluminação e cores em grande parte dos hospitais acaba sendo
tratado de forma singular em todos os ambientes, não levando em conta a função e a
necessidade de cada espaço. Pois muitas vezes acabam tendo que cortar custos, com isso os
projetos ficam prejudicados.
Tratando-se de iluminação natural e artificial, conclui-se que os espaços não podem ser
monótonos, deve-se ter cuidados especiais dependendo da utilização de cada ambiente.
A cor nos ambientes proporciona bem-estar e tranquilidade. Como o hospital é um local onde
se vivencia todos os tipos de emoções, estas devem ser muito bem aplicadas para que não
proporcione efeitos contrários, que possam estar atrapalhando no tratamento ou até mesmo no
bom funcionamento dos funcionários nas suas funções.
Por fim, conclui-se que um hospital que tem um bom projeto de iluminação e cores pode
ajudar na recuperação dos pacientes, trazendo avanços significativos no seu tratamento. Os
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dois sistemas citados trazem a humanização ao ambiente, que são sucesso para o bom
funcionamento dos hospitais. Sempre que bem projetado um hospital ele poderá estar
ajudando na reabilitação dos pacientes, fazendo com que o espaço seja agradável e
confortável.
Sugere-se, portanto, que novos estudos sejam realizados a respeito da influência da
iluminação e cor na recuperação dos pacientes, visto que é um assunto bastante amplo
podendo trazer bons resultados para a recuperação dos usuários.
7. Referências
ABNT – NBR 5413. Iluminância de Interiores – Hospitais. Associação Brasileira de
Normas Técnicas, Rio de Janeiro, 1992, 6p.
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BALEANO, Ondina. Histórico. RJ. Disponível em: <http://www.cromoterapia.org.br/>.
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BITENCOURT, Fábio. A cor como promotor de conforto nos ambientes de saúde.
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março de 2012.
_________ Iluminação hospitalar. A luz em ambientes hospitalares como um
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Disponível
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<http://www.lumearquitetura.com.br/pdf/ed27/ed27-Aula-Rapida-IluminacaoHospitalar.pdf>. Acesso em 03 de março de 2012.
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