Análise da frequência de matérias relacionadas ao Zika vírus correlacionada ao conhecimento da população Renata Frederico de Mesquita. Sofia Ribeiro Lopes de Araújo e Thais Barbosa de Paula (orientadora). Introdução A questão que direcionou a pesquisa deste trabalho foi: “O viés da informação divulgada pela mídia afeta o comportamento da população, a propagação e a epidemiologia do vírus da Zika?”. A partir dessa questão, o grupo criou três hipóteses: de que a Zika está esquecida pela mídia; que o Governo não é transparente quanto aos dados passados sobre a epidemia; e que a população está mal informada sobre o assunto. Mídia Para falar sobre mídia o grupo utilizou o livro de Pierre Bourdieu “Sobre a televisão” que descreve características sobre a mídia. O autor diz que a mídia manipula, mas também é manipulada por organizações associadas, como um jogo de interesses; existe uma produção uniforme e coletiva na mídia; os jornalistas também são manipulados sem seu conhecimento; e a televisão faz o papel de quarto poder de influência. Segundo um outro artigo (Aguiar, 2016), na mídia existe uma escolha de palavras para fazer referência ao “medo” ou a um “risco” com foco na atenção do público, sendo assim a mídia tem muitas vezes um papel de generalizador de medo e não de informante apenas. Microcefalia A microcefalia é uma condição rara que afeta o desenvolvimento do crânio do paciente, que pode ter problemas de aprendizado, paralisia cerebral, epilepsia, problemas na audição e visão e convulsões ao crescer. Com a epidemia de Zika ocorreu um aumento dos casos de microcefalia, mas com outras manifestações, características do vírus da Zika (sendo dado o nome de síndrome congênita do Zika). Zika O Zika vírus surgiu inicialmente em Uganda no ano de 1947, identificado primeiramente em macacos, e em humanos foi descoberto em 1953 no mesmo lugar e na República Unida da Tanzânia. O vírus é transmitido por meio do mosquito do gênero Aedes infectado pelo vírus da Zika. A Zika é uma doença difícil de se identificar pelos seus sintomas (como por exemplo: febre moderada, conjuntivite, dor de cabeça, tosse, dor de garganta e vômito) serem muito semelhantes com os de dengue e por ele ser caracterizado como um vírus silencioso: os sintomas não aparecem, e quando aparecem as pessoas não costumam relacionar ao Zika vírus. Os gráficos 4 e 5 representam a noção dos entrevistados sobre prevenção e sintomas de Zika, que são os mais semelhantes com os de dengue. Aqueles entrevistados que utilizavam o R7 e a Band para se informar pareciam melhor informados que os demais entrevistados. O gráfico 6 mostra a distribuição regional de casos segundo os entrevistados, e existe um número muito alto para a opção nordeste, quando na verdade os casos não estão apenas concentrados na região. Os entrevistados também acreditavam que Zika não era tão grave no país, existia uma gravidade maior para política, é possível relacionar isso com a frequência de matérias relacionadas á Zika nos jornais analisados pelo grupo: Política tem o fator “medo” logo tem uma frequência maior nas grandes mídias. Jornal da Band Jornal Nacional Zika Política Zika Política Zika 758 minutos 5 minutos 372 minutos 9,5 minutos 523 minutos 5,2 minutos 12,6 horas --- 6,2 horas --- 8,71 horas --- 25 dias 2 dias 25 dias 6 dias 24 dias 4 dias Jornal da Cultura Política Metodologia Leitura de artigos sobre Zika e mídia. Análise diária de telejornais (Band, Cultura e Globo). Análise dos dados do MS (Boletins epidemiológicos). Conclusão Aplicação de 200 questionários elaborados pelo grupo. Análise diária de jornal impresso de 2015 e 2016 (Folha de SP). Análise de dados coletados (construção de gráficos). Resultados e discussão Os gráficos 1 e 2 são um comparativo entre Zika e política, em que a política tem maior frequência nas mídias, isso porque ganha maior importância devido a conotação de “medo” que lhe é dada. O gráfico 3 é da coleta de dados do Ministério da saúde, que são comparadas com os dados dos jornais coletados, e na época onde há um número crescente de casos tem uma falta de matérias nos jornais. Com esse trabalho, foi possível corroborar todas as hipóteses, de que a Zika está esquecida pela mídia tendo em vista que a presença de matérias sobre o assunto era mínima, afetando a própria epidemiologia do vírus; de que a população está mal informada sobre a epidemia de Zika apresentando dúvidas sobre a doença; e que o governo não é claro quanto às informações sobre a doença. Foi possível concluir que a mídia impressa transmite melhor as informações, servindo muitas vezes como fonte das demais. A Zika não é um problema exclusivo do Brasil, já se expandiu pra diversos países, e diante desse panorama as pesquisas sobre o vírus continuam. Referências: • BOURDIEU, Pierre. Sobre a Televisão, seguido de A influência do jornalismo e Os Jogos Olímpicos. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. ZORZETTO, Ricardo. Zika em expansão: Sequenciamento confirma que variedade em circulacao do pais veio de Polinesia e projeção estima que deve se espalhar por outros paises. Pesquisa Fapesp, v. 240, p. 42-47, fev 2016. • ZORZETTO, Ricardo. Zika em expansão: Sequenciamento confirma que variedade em circulacao do pais veio de Polinesia e projeção estima que deve se espalhar por outros paises. Pesquisa Fapesp, v. 240, p. 42-47, fev 2016 • AGUIAR, Inesita Araujo & Raquel Aguiar. A mídia em meio às “emergências” do vírus Zika: questões para o campo da comunicação e saúde, 10, p. 1-15, Jan. 2016.