Congresso de Viena

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ABACOONU 2016
Guia de Estudo
Congresso de Viena
CONGRESSO DE VIENA
A Europa após o Período Napoleônico
Laura Matos
Lucas Moreira
Monique Bagio
Níckolas Alves
Rodrigo Cruz
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“L'histoire est une suite de mensonges sur lesquels on est
d'accord.”
Napoléon Bonaparte
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Sumário
1.
Carta de Introdução ....................................................................................................... 6
2.
A Política da Revolução .................................................................................................. 7
2.1. O Antigo Regime ......................................................................................................... 7
2.1.1. O Absolutismo........................................................................................ 8
2.1.2. O Mercantilismo ................................................................................... 10
2.2. A Revolução Francesa............................................................................................... 10
2.3. O Período Napoleônico ............................................................................................ 20
2.3.1. Consulado ............................................................................................ 20
2.3.2. Império ................................................................................................. 21
3.
As Guerras Revolucionárias e Napoleônicas ................................................................ 23
3.1. Guerra da Primeira Coalizão..................................................................................... 23
3.2. Guerra da Segunda Coalizão .................................................................................... 24
3.3. Guerra da Terceira Coalizão ..................................................................................... 27
3.4. Guerra da Quarta Coalizão ....................................................................................... 28
3.5. Guerra Peninsular ..................................................................................................... 28
3.6. Guerra da Quinta Coalizão ....................................................................................... 29
3.7. Campanha da Rússia................................................................................................. 29
3.8. Guerra da Sexta Coalizão ......................................................................................... 34
3.9. Guerras Inglesas na Escandinávia ............................................................................ 38
4.
3.10.
Guerra Russo-Turca .............................................................................................. 39
3.11.
Guerra Finlandesa ................................................................................................. 40
Panoramas ................................................................................................................... 42
4.1. Áustria ......................................................................................................................... 42
4.2. Baviera ......................................................................................................................... 42
4.3. Brünswick-Lünenburg.................................................................................................. 42
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4.4. Dinamarca ................................................................................................................... 42
4.5. Ducado de Varsóvia ..................................................................................................... 42
4.6. Espanha ....................................................................................................................... 42
4.7. Estados Papais ............................................................................................................. 43
4.8. França .......................................................................................................................... 43
4.9. Noruega ....................................................................................................................... 43
4.10. Países Baixos ............................................................................................................. 43
4.11. Portugal ..................................................................................................................... 43
4.12. Prússia ....................................................................................................................... 43
4.13. Reino Unido ............................................................................................................... 44
4.14. Rússia......................................................................................................................... 44
4.15. Sardenha ................................................................................................................... 44
4.16. Saxônia ...................................................................................................................... 44
4.17. Suécia ........................................................................................................................ 44
4.18. Suíça .......................................................................................................................... 44
4.19. Württemberg............................................................................................................. 45
5.
Funcionamento do Comitê .......................................................................................... 46
6.
Bibliografia ................................................................................................................... 49
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1. Carta de Introdução
Estimados representantes plenipotenciários das nações europeias,
Saúdo antecipadamente a todos que virão à bela Viena em 18 de setembro em 1814 para
discutir a reorganização de nosso continente após tantas guerras provocadas por Napoleão Bonaparte e pelos revolucionários franceses.
O clima de instabilidade que tamanha violência - bem como os eventos anteriores a ela gerou coloca em risco a manutenção das coroas europeias e deixa um cenário de desequilíbrio militar aos nossos povos, desestabilizando a paz e a ordem entre nossas nações. Agora que Bonaparte
foi finalmente derrotado, é nosso dever como governantes europeus consertar os erros por ele deixados, oficializando ou rejeitando divisões territoriais, construindo novas alianças, escrevendo constituições e solucionando todos os demais problemas resultantes da obsessão de um homem por
poder.
Infelizmente, não poderei participar ativamente das discussões, visto que terei outros afazeres igualmente importantes para com o Império Austríaco, mas estarei presente sempre que minhas obrigações como governante permitirem.
Para auxiliar-vos em vossa árdua tarefa, envio-vos este dossiê, contendo diversas informações obtidas pelo governo austríaco que vos auxiliarão durante as negociações. Ele foi cuidadosamente elaborado por aqueles que escolhi pessoalmente para presidir as discussões do Congresso:
Laura Matos, Lucas Moreira, Monique Bagio, Níckolas Alves e Rodrigo Cruz. Eles poderão sanar vossas dúvidas a respeito dos antecedentes do comitê, de seu funcionamento e quaisquer outras.
Desejo-vos boa sorte e a benção de Deus, pois o futuro de nosso mundo está em vossas
mãos.
Atenciosamente,
Sua majestade o Imperador da Áustria, Rei da Hungria e Boêmia
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2. A Política da Revolução
O Antigo Regime
2.1.
D
esde a Idade Média, a França era dividida em três Estados:
1.
o Primeiro-Estado era composto pelos membros do clero. Administravam
tanto a Igreja Católica como alguns aspectos do reino. Além do registro de nasci-
mentos, mortes e casamentos, o clero cobrava um imposto de 10% conhecido como
dîme (dízimo);
2. o Segundo-Estado era composto pelos membros da nobreza, inclusive os membros
da família real (à exceção do rei). Além de não pagarem impostos, os nobres” podiam
carregar uma espada, caçar e cobravam impostos do Terceiro-Estado;
3. o Terceiro-Estado era formado por todos os demais, desde os camponeses até a burguesia. Apesar de representarem 97% da população, não possuíam nenhum dos privilégios dos outros Estados.
Acima de todos estes, estava o rei. Esta sociedade não permitia mobilidade social: reis eram
pais de reis, plebeus eram pais de plebeus. O clero e a nobreza representavam apenas 3% da população, mas mesmo assim intervinham mais na política francesa do que o Terceiro-Estado.
Os dois fatores mais importantes na caracterização do Antigo Regime são o absolutismo e o
mercantilismo.
O absolutismo é caracterizado pela concentração dos poderes governamentais em uma só
pessoa - no caso, o rei - ignorando completamente o processo democrático. O maior exemplo de
monarca absolutista é Luís XIV, famoso por sua frase "L'état c'est moi" (O Estado sou eu).
Já o mercantilismo era uma prática econômica que pode ser caracterizada por cinco fatores
principais:
1. o metalismo - prática que consiste no acúmulo de metais preciosos, muitas vezes
com a ideias de cunhar moedas;
2. a industrialização - bens manufaturados podem ser vendidos por preços mais altos
que suas matérias-primas;
3. o protecionismo alfandegário - taxação de produtos estrangeiros com a intenção de
fomentar a indústria nacional e impedir a fuga de capital do reino;
4. os pactos coloniais - acordos feitos entre colônias e metrópoles para que aquelas
comercializassem apenas com estas, garantindo às potências europeias a compra de
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produtos não encontrados na Europa por baixos preços enquanto vendiam suas próprias manufaturas a altos preços;
5. a balança comercial favorável - esforço para exportar mais do que importar, fazendo
com que a entrada de moedas no país seja maior do que a saída, deixando-o numa
boa situação financeira.
2.1.1.
A
O Absolutismo
o término da Baixa Idade Média, conforme houve a formação dos Estados Nacionais,
teve início o surgimento de uma nova forma de Estado que viria a ser característica
do Antigo Regime: o absolutismo.
A formação dos governos absolutistas é justifica por uma série de fatores. Primeiramente, o
poderio militar descentralizado que a nobreza possuía não era capaz de controlar grandes revoltas,
como as de Jacquerie e Watt Tyler. Além disso, a aristocracia vinha se enfraquecendo devido à crise
do feudalismo e às revoltas camponesas, que ameaçavam suas terras, seu poder e sua hegemonia.
Por esses motivos, a aristocracia necessitava de um Estado forte o bastante para garantir a
manutenção de seus diversos privilégios, por mais que perdessem sua autonomia política no processo. Essa nova condição permitiu que os nobres ocupassem cargos na administração e nas forças
armadas, além de serem beneficiados de diversas maneiras, por exemplo com a isenção de impostos
e o direito de cobrá-los.
Além das necessidades aristocráticas, o fato da burguesia ainda estar em seu surgimento
também contribuiu para que o regime absolutista tivesse a oportunidade de se desenvolver e estabelecer. Entretanto, a mesma burguesia precisava da autoridade real, visto que era incapaz de abrir
estradas, construir portos e executar outras atividades que seriam necessárias para o desenvolvimento do comércio. O regime emergente também beneficiar-se-ia das atividades mercantis, visto
que dariam ao monarca ótimas oportunidades para a tributação gerando recursos para a manutenção e o fortalecimento do Estado.
Na França, a consolidação do Estado nas mãos de um só homem pode ser analisada a partir
do reinado de Filipe IV, o Belo.
Filipe governou os franceses com uma mão de ferro. Cercado de legisladores que trouxeram
a ideia de onipotência real do direito romano, ele entrou em conflitos com a Igreja Católica por
lançar impostos sobre ela, impedir que recursos da destinados à Santa Sé deixassem a França, impor
o dízimo ao clero. Seu reinado também é marcado pela extinção da Ordem dos Pobres Cavaleiros
de Cristo e do Templo de Salomão e por ter sido a causa do Grande Cisma do Ocidente.
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No século XVI, a monarquia absolutista foi outra vez impulsionada, desta vez por Filipe VI,
primeiro rei da dinastia Valois. Foi em seu reinado que teve início a Guerra dos Cem Anos.
O Segundo-Estado, formado pelos nobres (bellatori), era o responsável pelos combates. Dito
isso, era responsabilidade do rei organizar de maneira unificada o poder militar descentralizado da
nobreza, fazendo com que aquele se impusesse sobre estes, implicando no aumento da influência
do poder da coroa, especialmente considerando uma guerra de um século. Todavia, esse não é o
único fator. O sentimento de nacionalidade francesa se solidificou, aumentando o reconhecimento
do monarca como soberano.
Espera-se que esta consolidação não se dê sem oposição, e assim ocorreu. A aristocracia
perdeu sua autonomia e a burguesia estava sendo submetida a diversas taxações e regulamentações. Mais tarde, isso culminaria nos setores descontentes da nobreza e na burguesia se afirmando
calvinistas, numa tentativa de impor sua autonomia aos demais nobres e ao rei, que eram católicos.
Diversos reis influenciariam o absolutismo, mas o seu ápice se daria apenas quando Luís XIV,
da casa de Bourbon, detivesse a coroa francesa, período que se deu entre 1643 e 1715, sendo assim
o segundo maior reinado da história.
Luís XIV tornou-se rei antes de ter completado 5 anos, tendo a França sido governada pelo
seu primeiro-ministro, o cardeal Jules Mazarin, até 1661.
Nesse período, ocorreu uma guerra civil conhecida como
"La Fronde", causada pela indignação de nobres e burgueses com o aumento de impostos promovido por Mazarin.
Luís XIV possui uma gama de marcos em seu reinado. Tomou a decisão de afastar o governo nacional de
Paris e, para tanto, ordenou a construção do Palácio de
Versalhes, que teve início em 1668, vindo a ser concluída
apenas em 1682. Possuindo 700 quartos, 2000 janelas,
1250 lareiras, 1800 acres de jardins e 1400 chafarizes, o
Palácio pode ser considerado símbolo do Antigo Regime,
uma moradia digna de um deus. E era isso que Luís acreditava. Por se identificar com o deus grego do Sol, Apolo,
Luís XIV
o monarca adotou um novo título: Rei Sol.
Um de seus ministros de maior destaque foi Jean-Baptiste Colbert. Sendo encarregado das
finanças do reino, foi graças a ele que ocorreram importantes projetos econômicos no país, como a
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implantação do absolutismo na economia, feita através de uma doutrina econômica que seria responsável pelo crescimento da economia francesa e beneficiaria a burguesia, da qual Colbert fazia
parte. Essa doutrina chama-se colbertismo, ou, de um modo mais geral, mercantilismo.
2.1.2.
M
O Mercantilismo
ercantilismo, em sua definição mais simplória e concisa é a teoria e prática econômica que defende o fortalecimento do Estado por meio da posse de metais preciosos, do controle governamental da economia e da expansão comercial. Se-
gundo Adam Smith, as principais características desse sistema seriam: a identificação de riqueza
com riqueza metálica e a ideia de que para deter metais era preciso manter a Balança Comercial
superavitária. Aceitos esses princípios, “(...) tornou-se necessariamente o grande objeto da Economia Política (dos mercantilistas), diminuir tanto quanto possível a importação de produtos externos
para o consumo doméstico, e aumentar tanto quanto possível a exportação do produto da indústria
doméstica”. Seus dois grandes mecanismos para enriquecer um país, portanto, eram restrições sobre importações e incentivos às exportações.
Além disso, Adam Smith denunciou a falsa identificação feita por muitos teóricos mercantilistas entre dinheiro e riqueza. Segundo o economista, o forte protecionismo alfandegário e comercial e a subordinação da economia das colônias à da metrópole não tinham como fim último o desenvolvimento da manufatura nacional, mas a maior acumulação possível de metais nobres, nada
favorável a classe burguesa.
2.2.
M
A Revolução Francesa
aio de 1770. O delfim Luís Augusto, com apenas 15 anos, estava se casando com
Maria Antonieta, uma arquiduquesa austríaca. Luís era um rapaz tímido e hesitante, tinha poucas das qualidades esperadas em um rei. Desde a morte de seu
pai em 1765, ele vinha sendo educado para assumir o trono da França. O casamento que protagonizava agora não se devia a amor, mas à aliança entre as casas de Bourbon e Habsburgo, e, por
consequência, entre a França e a Áustria.
A festa de casamento durou dias, embora anos de desgoverno monárquico tivessem resultado em miséria e fome para o povo francês. Há quase 10 anos, Luís XV, avô de Luís Augusto, perdeu
a Guerra dos Sete Anos contra o Reino Unido, por pouco não resultando na ruína francesa tanto em
termos monetários quanto em termos de prestígio, fazendo com que os cofres da nação estivessem
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vazios, apesar da população crescente. Com as pragas já tendo acabado, menos pessoas morriam
de doença e mais pessoas morriam de fome.
Quatro anos após o casamento, Luís XV morreu. Luís Augusto foi coroado Rei da França e
Navarra sob o nome Luís XVI. Tendo apenas 20 anos, o novo monarca se sentia despreparado para
o cargo, apesar de sua educação focada para este. Para um país com tantos problemas quanto tinha
a França, ele definitivamente não era o homem certo para assumir o posto de governante. Ao novo
rei é atribuída a seguinte citação: "Proteja-nos Senhor, pois reinamos jovens demais".
Enquanto rei e rainha começavam suas vidas como monarcas, uma nova era estava nascendo a 19 km do palácio real.
Em Paris, tinha início uma corrente de pensamento filosófico: o
Iluminismo.
O Iluminismo se baseava na ideia de não acreditar no que
foi dito por outros nem na autoridade. Ensinava a pensar por si
mesmo, a tentar por si mesmo. Desta forma, se opunha ao obscurantismo da Idade Média, que era contrário à difusão de conhecimento entre as massas. A nova filosofia era contrária ao
Luís XVI
Antigo Regime, pois este dizia ao povo que deveriam acreditar e seguir seus governantes e sacerdotes. Voltaire e Rousseau eram novas vozes que pregavam a liberdade, o controle do próprio destino
e, acima de tudo, a igualdade. As ideias revolucionárias do Iluminismo foram mais acolhidas pelas
classes altas, mas conseguiram se disseminar entre todos os níveis da sociedade. A vontade de igualdade colocaria em risco o estilo aristocrático de vida na França. A nova ideologia começava a questionar se coisas como a monarquia, a aristocracia, a hierarquia eram realmente algo natural.
Aqueles que desejassem ver a crença tornar-se realidade precisavam olhar à Oeste, pois do
outro lado do Oceano Atlântico 13 colônias lutavam em busca de liberdade, igualdade e fraternidade contra um dos mais antigos inimigos da França: o Reino Unido.
Luís XVI almejava vingança pelas derrotas sofridas por seu avô, tendo visto na Revolução
Americana a perfeita oportunidade para isso. A coroa francesa empregou na causa americana cerca
de 2 milhões de libras, que eram suficientes para alimentar e alojar 7 milhões de franceses durante
um ano. Esse investimento marcou o início do colapso financeiro francês, com a formação de dívidas
que a coroa não poderia pagar.
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As más colheitas e a corrupção resultaram no aumento do preço da farinha, atingindo o principal componente da dieta francesa: o pão. Obviamente, esses problemas não existiam dentro dos
muros do Palácio de Versalhes.
Enquanto a coroa vivia extravagantemente, queixas eram redigidas. Uma delas era dirigida
diretamente à corte real: "Vocês sabem por que há tanta gente necessitada? Porque a faustuosa
existência de vocês devora em um dia a substância de mil homens".
O autor dessa acusação era Maximilien de Robespierre, um estudante de direito. Sua história
e a de Luís já haviam se cruzado - quando aquele leu um discurso homenageando este após sua
coroação - e ainda se cruzariam novamente, em circunstâncias muito piores.
Tentando demonstrar sua liderança, o rei decidiu organizar reformas econômicas, mas sua
intervenção cobriu a população com pesados impostos, enquanto a nobreza e o clero ainda eram
isentos.
Com a economia arruinada e o povo instável, houve a impressão de que até mesmo os céus
desejavam punir a França, pois enviaram o inverno mais frio dos últimos 90 anos. Como se a crise
política não bastasse, uma séria escassez de comida atingiu o país.
Devido à horrível administração de Luís, o preço da farinha disparou e em pouco tempo um
pão custava um mês inteiro de salário. Para o povo francês, a farinha era a essência da vida e o pão
era a medida da existência. Cidadãos comuns consumiam pelo menos 1 kg de pão a cada dia, era
um alimento essencial cujo preço era imediatamente sentido por todos.
A economia francesa estava estraçalhada. Os bancos forçaram a coroa a contratar um ministro das finanças: Jacques Necker. Ele foi o ministro mais popular da primavera de 1789, por defender
que era um dever do governo garantir a existência de suprimentos suficientes para todos.
Motivado pela crise fiscal, Necker fez com que Luís, pela primeira vez em 175 anos, convocasse uma reunião dos Estados-Gerais, os representantes do reino.
Nesse parlamento de três câmaras, o clero e a nobreza sempre obtinham a maioria sobre a
plebe, pois os votos eram contados por câmara e não por cabeça. Pelo mesmo motivo, os dois primeiros estados aceitavam que o Terceiro-Estado tivesse mais deputados.
No dia 04 de maio de 1789, um homem cujo caminho já havia cruzado o do rei chegou para
lutar pelos interesses do Terceiro-Estado: Robespierre, um homem em quem os ideais revolucionários encontraram uma voz poderosa para lutar contra a sociedade injusta da França.
Nos Estados-Gerais, Robespierre e os demais deputados do Terceiro-Estado defendiam
agora a mesma ideia que Sebastien de Vauban havia sugerido para Luís XIV há cerca de um século:
taxar não apenas os plebeus, mas também a nobreza.
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O radicalismo crescia dentro do Terceiro-Estado, chegando ao ponto em que o rei, sentindose ameaçado, silenciou os deputados no dia 20 de junho, após um impasse de seis semanas.
Quando os representantes do povo francês chegaram para as discussões, encontraram as
portas trancadas e suspeitaram de um complô. Dirigiram-se então à Sala do Jogo da Pela e juraram
que não sairiam de lá até que tivessem uma nova constituição para o reino. Desse modo, declararam-se a Assembleia Nacional, os verdadeiros representantes do povo da França.
Inicialmente Luís legalizou a Assembleia Nacional, dando a impressão de que se rendia. No
entanto, o rei ordenou que suas tropas cercassem Paris e demitiu Necker, que era demasiadamente
simpático às massas.
Em resposta, os parisienses se mobilizaram e, no dia 14 de julho de 1789, tomaram a Bastilha, dando início à Revolução
Francesa.
A queda da Bastilha foi
motivada pela obtenção de pólvora, que era necessária para a
operação dos 28.000 mosquetes
que a Guarda Nacional - nome
dado à milícia burguesa que visava resistir ao rei e tentar controlar o povo - havia obtido no Arsenal dos Inválidos, o depósito de
O Juramento do Jogo da Pela
armas do exército. Porém, a Bastilha era uma masmorra marcada pelas torturas e mortes que ocorreram dentro de seus muros. Sua queda representava muito mais que a obtenção de pólvora, representava o povo francês apoiando a Revolução e dizendo à coroa que ela não poderia acabar com
a Assembleia Nacional, representava a queda do próprio Antigo Regime.
Apesar de suas tentativas de fortificar sua fortaleza e acalmar o povo, Bernard de Launay,
governador da Bastilha, não teve escolha que não levantar a bandeira branca em sinal de rendição.
Chegando ao Hotel de Ville, onde deveria ser preso por um conselho revolucionário, o governador foi afastado de sua escolta e morto. Teve início então uma tradição revolucionária: a exibição de sua cabeça cortada na ponta de uma lança.
Finalmente, o povo demoliu a Bastilha com as mãos nuas, descontruindo um passado tirânico pedra por pedra, tijolo por tijolo.
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A energia das ruas, que já havia se disseminado por toda a França, afetou intensamente a
Assembleia. Num evento que ficou conhecido como a Noite do Grande Medo (entre 04 e 05 de
agosto de 1789), todas as propostas do Terceiro-Estado foram aprovadas sem nenhum veto. Entre
elas estavam o fim dos direitos de nascimento, dos privilégios clericais e aristocráticos, supressão
das obrigações devidas à Igreja e à realeza, os direitos da nobreza seriam resgatados em dinheiro
pelos camponeses. A estrutura do Antigo Regime havia chegado ao fim.
Em 26 de agosto, foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, documento que pregava a igualdade, a liberdade, o direito de posse. Seu 11º Artigo permitia a liberdade
de imprensa, algo que há muito vinha sendo negado.
Essa nova liberdade de imprensa permitiu o nascimento do jornal L'ami du Peuple [O Amigo
do Povo]. Incendiário e provocador, o L'ami du Peuple fora fundado por Jean-Paul Marat, um homem em cuja visão todos estavam contra a Revolução, dando sempre uma resolução simples para
isso: sangue.
Ao saber de uma festa em Versalhes na qual a nova bandeira tricolor, símbolo da Revolução,
foi pisoteada, Marat rapidamente publicou sobre o insulto. No mesmo período Luís tentava cercar
Paris novamente. O jornalista tratou de atiçar a população contra a coroa.
05 de outubro de 1789 amanheceu sob furiosas badaladas.
Como protesto pela falta de pão, mulheres se agrupavam frente à
prefeitura de Paris. O medo das tropas e a indignação com a festa
ofensiva do rei permeavam a multidão. Em pouco tempo, milhares marchavam em direção à Versalhes, armados com lanças e revólveres. Uma horda - cujo núcleo era composto pelas robustas e
corajosas peixeiras conhecidas como poissardes - levava suas
queixas diretamente ao monarca. Num instante eram simples
pessoas do povo francês que mal sabiam escrever o próprio
nome, no seguinte eram as protagonistas do processo histórico
A Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão
que traria consequências inimagináveis para a França, para a Europa, para o mundo.
No palácio, a notícia sobre a turba enfurecida havia alcançado os aposentos da rainha. Segundo a lenda (provavelmente falsa), nesse instante ela disse "O povo não tem pão? Pois que coma
brioche".
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Quando as mulheres alcançaram Versalhes, Luís percebeu que a Revolução já não poderia
ser contida e concordou em subscrever a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. No entanto, a horda continua a crescer durante a noite e, pela manhã, mais de 20.000 pessoas estavam
acampadas nos jardins do palácio, exigindo a mudança da família real para Paris.
A (costumeira) indecisão do rei fez com que a turba ficasse ainda mais irada, até o ponto em
que invadiu Versalhes exigindo o sangue de Maria Antonieta. Os guardas foram massacrados e suas
cabeças exibidas em lanças. As mulheres só se acalmariam quando seus monarcas estivessem a caminho de Paris, onde poderiam ser dobrados à vontade do povo. A Assembleia se mudou com a
coroa, abandonando o château.
O poder agora pertencia ao povo. A França ganhava uma democracia, novas leis e um instrumento de justiça que se tornaria outro símbolo revolucionário: a guilhotina.
Em 1790, a Igreja foi alvo da Revolução. A Constituição Civil do Clero determinava a transferência dos bens eclesiásticos para o Estado. O Papa Pio VI condenou a medida, causando a divisão
do clero francês entre os juramentados (que aceitaram a constituição) e os refratários (que a rejeitaram).
Em maio de 1991, o país já havia se tornado uma monarquia constitucional, com um rei
obrigado a dividir o governo com a Assembleia Nacional.
O êxito da Revolução causou o levante de movimentos burgueses na Holanda, Bélgica e Suíça
e manifestações de apoio na Itália, Inglaterra, Alemanha e Áustria, alarmando os Estados absolutistas e levando os soberanos da Áustria e da Prússia a emitir a Declaração de Pillnitz, ameaçando uma
intervenção armada na França para restaurar a dignidade real e afastar a ameaça que era representada pelos “abomináveis princípios franceses”.
Luís sabia que a única forma de retomar o controle era com o auxílio de um exército estrangeiro. Logo, a família real fugiria do Palácio das Tulherias, onde estava alojado, e se dirigiria à fronteira mais próxima: a austríaca.
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Na noite de 21 de junho de 1791 o plano foi colocado em prática. Tudo estava dando certo,
até que chegaram à cidade de Varennes, 171 km distante de Paris e a poucos quilômetros da fronteira. Entretanto, os rumores da viagem foram mais velozes que a família. O monarca foi reconhecido e a jornada
teve fim.
A tentativa de abandono por parte da família real
rompeu definitivamente o laço entre o rei e o povo. Agora
Luís não era apenas um governante supérfluo, era um traidor.
Graças à curta aventura da coroa, o poder agora
pertencia integralmente à Assembleia Nacional, em cujo
coração estava Robespierre, cujos discursos clamavam por
liberdade, igualdade, fraternidade. Defendia o sufrágio
universal, pois o voto até então era censitário, e o fim da
escravidão que existia nas Índias Ocidentais, além de ser
Maria Antonieta
uma das poucas vozes que apregoavam contra a pena de morte. Numa nova era dominada pelo
Iluminismo, ele desejava descartar todos os resquícios de seu passado medieval.
Temendo que alguns membros fugitivos da família real lançassem uma contrarrevolução, a
Assembleia decidiu declarar guerra à Áustria, dando início à Guerra da Primeira Coalizão. O Incorruptível - como era conhecido Robespierre devido à fidelidade que tinha por seus ideais - opôs-se à
ideia por não acreditar que a França venceria, além de crer que uma vitória inimiga significaria o fim
da Revolução.
Em abril de 1792, a Assembleia declarou guerra à Áustria, governada por parentes de Maria
Antonieta. Se fossem derrotados, Luís XVI recuperaria seu trono e o sonho de liberdade, igualdade
e fraternidade teria um fim precoce. Suspeitava-se que a rainha ajudava o inimigo, revelando as
posições das tropas francesas, embora tanto ela quanto seu marido fingissem aderir à Revolução.
Eram agentes duplos tentando sobreviver, mas para aqueles que foram oprimidos a vida inteira pelo
Antigo Regime não passavam de mentirosos traidores.
As tropas revolucionárias já sofriam pesadas baixas na fronteira quando a Prússia decidiu se
juntar à Coalizão. O Duque de Brunswick, general prussiano, ameaçou invadir e destruir Paris caso
algum mal fosse feito ao rei ou à rainha, mas a tentativa não teve o resultado esperado.
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Em 10 de agosto de 1792, 27.000 pessoas atacaram os guardas reais no Palácio das Tulherias,
resultando em cerca de 800 mortes ao final do dia. Luís buscou refugiar-se na Assembleia, mas a
monarquia foi abolida. O rei perdeu seu título e a guilhotina bebeu do sangue de seus guardas.
Anteriormente Robespierre fora opositor da pena de morte, mas agora acreditava em outras
ideias, pois "o rei deve morrer para que a Revolução possa viver. Se o rei está certo, então a Revolução está errada".
Com o rei deposto, as diferenças na Assembleia Nacional, agora chamada Convenção Nacional, se acentuavam, revelando os dois principais grupos: os jacobinos e os girondinos.
Os girondinos eram representantes da alta burguesia e controlavam o governo, buscando
consolidar as reformas feitas até então. Haviam se aliado ao rei, mas isso tornou-se insustentável
após o início da Guerra da Primeira Coalizão. Eles sentavam-se à direita da Convenção.
Os jacobinos pertenciam à média e à pequena
burguesia. Buscavam o apoio dos sans-culottes - pequenos comerciantes e artesãos. Membros dos setores populares em geral - e defendiam os interesses do povo,
tonando-se progressivamente mais radicais. Eram a favor da morte de Luís. Entre seus membros, destacava-se
Robespierre. Dentre os jacobinos, o grupo mais radical
era conhecido como a Montanha. Eles se sentavam à esquerda da Convenção.
No centro, havia o Grupo da Planície, que normalmente apoiava quem quer que estivesse no governo.
Ao mesmo tempo que lutava com o exército aus-
Georges Danton
tro-prussiano na fronteira, o governo combatia os seus opositores, tendo encarcerado mais de mil
pessoas por supostamente desejar o retorno da monarquia absolutista. Enquanto Robespierre se
concentrava nestas questões internas, Georges Danton incentivava o povo a alistar-se e combater
os inimigos da nação nas fronteiras. Num dos momentos mais perigosos para a Revolução, quando
a Áustria e a Prússia invadem, ele se levanta perante os parisienses e grita "De l'audace, encore de
l'audace, toujours de l'audace et la France est sauvée"[Coragem, mais coragem, para sempre coragem e a França está salva].
Com a capital indefesa devido aos homens terem partido para combater os exércitos alemães, surgiu o medo de que os inúmeros prisioneiros políticos escapassem. Marat, sanguinolento
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como sempre, atiçou a população para que matassem os inimigos da Revolução. Se as guarnições
austro-prussianas alcançassem a cidade e tantos contrarrevolucionários estivessem lá, as consequências seriam inimagináveis.
Quando a coalizão alcançou Verdun, os sans-culottes temeram o pior. Seguindo os desejos
de Marat, invadiram as prisões e massacraram seus ocupantes. Luís foi preso e, em 20 de setembro
de 1792, a República Francesa foi proclamada.
Robespierre compreendeu que as coisas já haviam passado dos limites e que o povo não
poderia controlar a Revolução sozinho, era necessária uma liderança forte. Além disso, ele que outrora defendera a monarquia constitucional não via mais espaço para o rei. De maneira inédita, o
rei Luís foi levado a julgamento.
O veredicto já era conhecido por todos, só restava decidir a sentença. Os girondinos eram a
favor de poupar a vida do monarca, mas os jacobinos, sedentos por sangue, compunham a maioria.
10 horas e 22 minutos da manhã de 21 de janeiro de 1793. O mesmo homem que há poucos
anos reinava absoluto sobre a França e Navarra agora jazia morto e sem cabeça. Maria Antonieta
seguiria o destino de seu marido, sendo executada
em 16 de outubro do mesmo ano.
Os jacobinos temiam que a Revolução fosse
sabotada, o que os motivou a dirigi-la com cada vez
mais violência. Os girondinos, por sua vez, defendiam
a diminuição das brutalidades, com medo de uma
guerra civil.
Marat atacava os moderados girondinos e listava os nomes dos que acreditava que estavam envolvidos em complôs. Ele, que antes queria as cabeças de 200 homens, já exigia as de 200.000.
Os interioranos não concordavam com todo
esse extremismo. Em certo tempo, essa mensagem
chegaria até uma jovem chamada Charlote Corday
A Morte de Marat – J.-L. David
que, visando acabar com a matança, assassinou Jean-Paul Marat em julho de 1793.
Corday não negou o crime, mas quando indagada sobre o que a motivara a matar o "amigo
do povo", respondeu que era pela paz que aquela ação traria ao seu país. Charlote foi condenada à
morte e seu sonho de paz morreria com ela.
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Danton e Robespierre temiam pela Revolução e foram capazes de convencer a Convenção
Nacional a instituir uma forma de lei marcial que ficou conhecida como o Terror, que duraria de
julho de 1793 a julho de 1794.
Com a instauração do Terror, a constituição foi suspensa, assim como os direitos que ela
garantia. Suspeitos de atividade contrarrevolucionária eram presos, rapidamente julgados e guilhotinados. Qualquer simpatia com a monarquia era motivo de suspeita, e isso inclua usar as extintas
formas de tratamento "Monsieur" e "Madame" ao invés das novas "Cidadão" e "Cidadã".
A censura foi reativada. Um processo de descristianização teve início. Foi instituído um novo
calendário revolucionário. Insurreições eram brutalmente esmagadas. O Terror foi longe o suficiente para dividir os jacobinos. Robespierre ainda o apoiava, mas Danton acreditava que seu propósito já havia sido cumprido e temia que ele se voltasse contra os revolucionários.
Danton começou a organizar um clube para debater o fim do Terror, mas Robespierre enxergou isso como uma conspiração ao invés de uma simples divergência política. Para o Incorruptível, só havia uma forma de lidar com a potencial traição daquele que outrora fora seu amigo.
Quanto subiu à guilhotina, Danton supostamente gritou: "Meu único pesar é que vou antes
desse rato do Robespierre".
Finalmente, em 26 de julho de 1794, Robespierre proferiu seu último discurso. Ele anunciou
que detinha uma lista de traidores, mas não a revelou, incitando o pavor nos deputados, que temiam estar nela. No dia seguinte, 9 de Termidor do Ano II segundo o calendário revolucionário,
Robespierre foi preso antes de poder se manifestar na Convenção. Esse episódio recebe o nome de
Reação Termidoriana.
Em 28 de julho de 1794, o Terror morreu com Robespierre. Como dito certo tempo antes
por um homem de identidade desconhecida, a Revolução era como Saturno devorando os próprios
filhos.
Entretanto, a Revolução não morrera. Em 22 de agosto de 1795 foi aprovada pela Convenção
Nacional a Constituição do Ano III, que estabelecia um governo controlado por cinco diretores, denominado "Diretório".
O Diretório sofria oposição desde os nobres até os pobres, era incapaz de lidar com os problemas da França, fossem políticos ou econômicos, sustentando-se graças ao poder militar.
A burguesia estava descontente com esse governo, pois precisava de um estado forte que
garantisse seus direitos de posse e propriedade, além de conseguir conter as agitações sociais. Finalmente, ela desejava ampliar seus mercados, precisando da expansão militar.
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Enquanto isso, um jovem general corso ganhava prestígio entre os militares por suas vitórias
na Áustria, na Itália e pela Campanha que empreendia no Egito.
Esse general seria a peça chave para que a burguesia conseguisse o que queria. Afinal, a
única instituição capaz de atender seus desejos era o exército. Finalmente, no dia 9 de novembro
de 1799 (18 de Brumário do Ano VIII, segundo o calendário revolucionário) o general foi transformado em primeiro-cônsul da França, derrubando o Diretório através de um golpe de estado.
Seu nome era Napoleão Bonaparte.
2.3.
2.3.1.
N
O Período Napoleônico
Consulado
o dia 9 de novembro de 1799, com o Golpe do 18 de Brumário, Napoleão Bonaparte
assume o governo do Estado e o processo revolucionário francês chega ao fim. Com
o término do Diretório e a instauração do Consulado, três cônsules assumiram o
governo, porém, apenas um mês depois, Napoleão tornou-se a principal figura da vida política francesa quando, após a votação da Constituição de 1799, foi eleito Primeiro-Cônsul da República, recebendo plenos poderes. A constituição instituiu também o Senado, os Tribunais, o corpo Legislativo
e Conselho de Estado, porém essas instituições democráticas nada puderam fazer quando a alta
burguesia passou a controlar a França, reprimindo e abafando quaisquer esforços de emancipação
e empoderamento das classes populares.
A severa repressão à imprensa e aos movimentos sociais não deu margem para a instauração
de oposições políticas ao governo e toda tentativa de mobilização foi severamente censurada. Para
evitar novas revoltas vindas das classes mais abastadas, Bonaparte permitiu que inúmeros aristocratas exilados –e mesmo alguns jacobinos- voltassem à França. Embora reprimisse as revoltas utilizando a polícia secreta, Napoleão também adotou medidas populares durante o Consulado. Dentre elas, acabou com as diferenças jurídicas entre as classes e aboliu o direito hereditário a cargos
do governo. O primeiro-cônsul foi de encontro aos ideais da Revolução quando atribuiu a alguns
aristocratas cargos de grande importância em Paris. Contudo, esses cargos eram agora atribuídos
por competência, não mais por hereditariedade. Mais além, adotou salários iguais para cargos semelhantes, independentemente do nascimento dos burocratas. O cônsul estabilizou o preço da moeda francesa criando, em janeiro de 1800, o Banco da França.
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Entretanto, mesmo após seu primeiro ano no poder, Napoleão continuava a ter inimigos
monarquistas. Na noite de Natal de 1800, uma bomba plantada por apoiadores da restituição do
poder à linhagem dos Bourbon quase o matou.
Ciente da força que a Igreja Católica exercia, estabeleceu um acordo com o Papa Pio VII permitindo que o clero retornasse do exílio e transformando o catolicismo na religião oficial do país.
Vale ressaltar que mesmo sendo o catolicismo a religião oficial, a tolerância religiosa foi severamente defendida por Napoleão. Por sua vez, a Santa Sé reconheceu o Consulado como governo
legítimo do Estado Francês.
Dois anos depois, os apoiadores de Bonaparte eram muito mais numerosos do que seus opositores e Napoleão tornou-se ícone do patriotismo da França. Tal reconhecimento rendeu-lhe o título de “Cônsul para a Vida”. Independentemente das medidas populistas adotadas, a concentração
de poder nas mãos do cônsul foi se tornando cada vez mais parecido com o poder de monarca.
Finalmente, em 1804, o líder francês instaura o Código Napoleônico e se autodeclara – e, tomando
a coroa das mãos do Papa, coroa a si mesmo – Imperador Napoleão I, o Imperador da França.
2.3.2.
C
Império
omo imperador, Bonaparte buscava reconstruir e modernizar a economia francesa e
também honrou as conquistas dos camponeses em relação à reforma agrária. Com
mais de 60% de aprovação no plebiscito que lhe deu plenos poderes, o governo “Re-
publicano” de Napoleão era visto como estável e isso assustava às demais monarquias europeias,
que se mostravam temerosas quanto a influência que um governo republicano bem-sucedido poderia exercer contra a monarquia.
O conceito de liberdade, igualdade e fraternidade foi utilizado de forma a ser útil na manutenção do poder napoleônico. Para Napoleão, a igualdade foi um conceito politicamente útil, bem
como a fraternidade. Provendo a igualdade jurídica, Napoleão garantia a igualdade. O nacionalismo
francês caracterizava a “fraternidade”. Ambos eram bastante positivos aos propósitos do Imperador. Quanto à liberdade e à liberdade de imprensa, os movimentos contrários ao império e as assembleias, estes eram ainda mais pressionados e censurados.
Apesar do despotismo, o líder francês ainda era visto como símbolo de uma Revolução por
grande parte da Europa. A economia francesa estava estável, a Igreja reconhecia o imperador da
França e a população tinha seus direitos civis garantidos. Isso aumentava a aprovação popular, e o
sentimento nacionalista francês crescia a cada batalha vencida pelo exército.
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Napoleão I, porém, começou a assimilar o nacionalismo a sua própria imagem, promovendo
a si mesmo como a própria França. Tal atitude ia de encontro ao significado primo do nacionalismo
e essa promoção minou parte do civismo da população. No geral, as políticas internas de Napoleão
lhe permitiram dominar a maior parte da Europa, com uma série de campanhas militares poderosas
e precisas. Naturalmente, ele estabeleceu suas próprias leis nos países invadidos. O imperador parecia acreditar que as reformas administrativas e jurídicas da revolução francesa poderiam ser carregadas para o resto da Europa através de patriotismo e liberalismo, conceitos que deram vida e
substancialidade, a princípio, legitimando o império de Napoleão e a Revolução Francesa. Portanto,
a regra imperial de Bonaparte era, ingenuamente, espalhar a ideia de nacionalismo e liberalismo.
Estes ideais tiveram efeitos contrários aos esperados e, em conjunto, foram derradeiros para as
derrotas de Napoleão. Em primeiro lugar, os indivíduos não-franceses do império, quando adotaram
o nacionalismo e o liberalismo, não foi em prol da causa francesa, e sim do seu próprio país. Em
segundo lugar, os governantes dos territórios anexados adotaram muitas das reformas militares e
administrativas que fizeram a França tão forte. Porém, tais mudanças não foram para apoiar o governo francês, mas sim para derrubá-lo. Finalmente, o grande poder e sucesso de Napoleão até
1808, aparentemente, o cegou para suas próprias limitações, fazendo que com se envolvesse em
uma guerra que se prolongou na Espanha, entre 1808 e 1814, e lançou uma desastrosa invasão da
Rússia, em 1812. Finalmente, a Sexta Coalizão foi capaz de derrotar o Imperador e trazer paz à Europa.
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3. As Guerras Revolucionárias e Napoleônicas
3.1.
C
Guerra da Primeira Coalizão
om a Revolução, a burguesia francesa tomou o poder das mãos do Rei Luís
XVI. Em 1791, absolutismo e poderes antigos caíram. Entretanto, por toda a Europa
ainda existiam monarcas dando continuidade às práticas do Antigo Regime e, em-
bora tenham demorado um pouco para ajudar, algumas potências beligerantes desejavam retornar
o rei ao trono, e em prol dessa causa formaram coalizões para lutar contra a França.
É nesse contexto que Áustria, Reino Unido, Prússia, Espanha e Países Baixos iniciam uma
guerra contra a França, visando restaurar o poder do rei e dar um fim às ideias da Revolução, assim
como a própria. Essa ficou conhecida como a Primeira Coalizão, a primeira de seis que surgiriam
durante esse período de embates.
Por volta de 1791, as monarquias europeias consideravam intervir na França, devido aos
acontecimentos ali ocorridos. O Sacro Imperador Romano-Germânico Leopoldo II, era um dos que
via com maior preocupação essa tendência francesa ao radicalismo. Assim, em agosto daquele
mesmo ano, Leopoldo, em conjunto com o Rei Frederico Guilherme II da Prússia, emitiu a Declaração de Pillnitz, após o contato com emigrados franceses. Nessa declaração se mostrava o interesse
dos europeus no bem-estar de Luís e sua família e que existiriam consequências caso isso não fosse
respeitado.
Os revolucionários franceses viram a declaração como uma séria
ameaça, além de diferenças ideológicas, interesses territoriais agravavam as diferenças entre os franceses e as monarquias europeias. Então,
a França declara guerra à Áustria em uma decisão da Assembleia Nacional em 20 de abril de 1792. Meses se passam até que, em 21 de janeiro
de 1793, o governo revolucionário executa Luís XVI, o que acabou unindo
os líderes europeus. Assim, é formada a Primeira Coalizão. Em resposta,
a França recrutou milhares de homens para o seu exército, que havia sido
desarticulado na Revolução.
Leopoldo II
No início do ano de 1793, a França sofreu sérios reveses ao ter
que lidar com a guerra e com revoltas tanto no Sul como no Oeste. Entretanto, unindo uma política
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de forte repressão e gigantescos exércitos, foi capaz de terminar o ano com as forças à frente, próximas a fronteira. No ano seguinte permaneceu capaz, embora a invasão de Piemonte tenha fracassado. Em 1795, a França conquista os Países Baixos e cria ali um Estado-Fantoche, chamado de República Batava.
A Prússia e a Espanha decidem aceitar a paz e cedem a margem esquerda do Reno à França
pelo Tratado de Basiléia. Já o Reino Unido tentou reforçar os rebeldes em Vendéia e não obteve
êxito, da mesma forma que tentou derrubar o governo de Paris, mas teve sua tentativa frustrada
por causa da guarnição militar chefiada por Napoleão Bonaparte. Nesse momento ocorre a fundação do Diretório.
Em 1796 foi confiado a Bonaparte o comando das tropas francesas que lutaram contra a
Áustria em região italiana, numa campanha que terminou bem-sucedida. No mesmo ano, a rebelião
na Vendéia foi finalmente esmagada.
Após essas derrotas, os austríacos foram derrotados e tiveram que assinar o Tratado de Campoformio que dava à França partes do território italiano e deu fim à Primeira Coalizão, embora o
Reino Unido permanecesse em guerra.
3.2.
A
Guerra da Segunda Coalizão
pós o fracasso da primeira campanha, as monarquias europeias se uniram mais uma
vez contra a França. Desta vez, a união ocorreu entre Reino Unido, Rússia, Áustria,
Portugal, Nápoles e o Império Turco-Otomano.
A Campanha do Egito, comandada por Napoleão, tem grande relevância nesse momento
histórico. Ela tinha o objetivo de destruir as forças inglesas do oriente. Em certo momento, o exército francês invade a Síria e lá é contaminado por uma peste. Por conta disso - e por problemas que
ocorriam na França - Bonaparte decide retornar ao país de origem com metade do contingente original. O restante dos soldados permaneceu no Egito e formou uma base francesa.
A destruição da armada francesa no Egito pelo Almirante inglês Horatio Nelson levou os
turco-otomanos a uma aliança com os britânicos, aliança esta que seria aderida pela Rússia, pela
Áustria e por outras nações.
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O czar Paulo I estava indignado com o controle francês da ilha de Malta, pois se considerava
o protetor dos cavaleiros da ilha. Além disso, via suas pretensões territoriais no leste europeu sendo
ameaçadas e acreditava que a única solução para parar os franceses e os poloneses era a guerra. A
Áustria apenas desejava seus territórios de volta. Todos estavam
preocupados com os estados-fantoche que se acumulavam ao redor da jovem República Francesa.
Entretanto, mesmo tendo se aliado, a unidade da Segunda
Coalizão não era sólida, contava com diversas alianças sem questões estratégicas fundamentais. Essa coalizão se demonstrava mais
franca ainda quando Reino Unido, Áustria e Rússia tinham interesses divergentes em questões territoriais de elevada importância,
entre elas: o futuro de Malta. Além disso, o modo de “parar” a
França não era consensual; enquanto o Reino Unido queria des-
Paulo I
truir a revolução na França, outros desejavam manter as táticas de guerra setecentistas e limitar
seus ganhos para definir um acordo de paz a posteriori.
A Coalizão planejava um ataque triplo. O Duque de York lideraria tropas anglo-russas através
da Holanda; Alexandre Suvarov comandaria tropas russo-austríacas pela Itália; e o Arquiduque Carlos lideraria suas tropas austríacas pelo centro. Os franceses, em número consideravelmente menor,
trabalhavam num plano elaborado pelo Diretório. Enquanto isso, os aliados ignoravam o plano do
Arquiduque, que desejava um comandante e um ataque centrais.
Os franceses obtiveram um ótimo resultado contra a Itália: suas forças tomaram Nápoles e
a transformam na República Partenopeia. Então, necessitando de um plano de ação para salvar a
Itália, Suvarov assume o comando no local. Ele ganhou uma série de vitórias contra a França, mas
alguns integrantes da Coalizão eram contra a sua liderança, visto que não respeitava muitas opiniões
destes, mas mesmo assim conseguiram libertar a Itália.
O general francês Jean-Baptiste Jourdan liderou seu exército para atacar o Arquiduque na
Alemanha, mas foi parado. Enquanto isso, o general francês André Masséna, que havia pausado sua
campanha bem-sucedida na Suíça para monitorar Jourdan, assumiu as forças deste e formou o Exército do Danúbio.
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O Exército tentou proteger Zurique, mas não obteve sucesso. Tentou retomar a cidade, mas foi derrotado novamente. Devido ao tamanho do sucesso de Suvarov, ele foi enviado para a Holanda, entretanto, enquanto percorria o caminho até o país, Masséna conseguiu uma vitória importante em Zurique. Suvarov fez o
melhor que pode para modificar essa situação, mas a
falta de suprimentos e outros fatores não o ajudaram.
Só restava a ele retirar seu exército e retornar.
Quando o Arquiduque Carlos chegou à Holanda,
a guerra não havia terminado totalmente. Os ingleses
Napoleão cruzando os Alpes - J.-L. David
haviam desembarcado e articulado com os russos, mas
foram interrompidos. Enquanto Suvarov tinha conse-
guido um exército de coalizão de sucesso, no Norte a relação entre os dois aliados era fraca e os
seus recursos inadequados. Quando finalmente conseguiram uma oportunidade contra a marinha
dos batavos, York retirou-se e assinou a Convenção de Alkmaar, um tratado de paz realizado em 18
de outubro de 1799, dando fim aos conflitos na República Batava.
O czar Paulo I poderia ter visto os sucessos na Itália como algo grandemente positivo, mas
os fracassos na Suíça e na Holanda afetaram sua moral de tal modo que ele deixou a coalizão. Enquanto isso, algo de extrema importância ocorria na França: Napoleão Bonaparte tornava-se Primeiro-Cônsul.
O novo cônsul decidiu atacar a Itália através da Suíça. Contudo, antes que pudesse dar início
ao plano, a presença francesa na região foi encerrada devido a uma série de fatores, fazendo com
que fosse obrigado a reiniciar o processo. Bonaparte avançou em maio de 1800, ao cruzar os alpes
pelo passo do Grande São Bernardo (cena retratada por Jacques-Louis David). Em 14 de julho ocorreu a Batalha de Marengo, que resultou numa importante vitória para os franceses e garantiu o
cargo de Primeiro-Cônsul a Napoleão.
O general francês Jean Moreau conseguiu uma série de vitórias contra os austríacos antes
de um armistício, quando as forças foram assumidas pelo Arquiduque Carlos. No entanto, Moreau
também o derrotou e em pouco tempo atingiu Viena, obrigando os austríacos a iniciar negociações
de paz. Em fevereiro de 1801 foi confirmado o Tratado de Lunéville, concedendo vitória total aos
franceses. O Tratado definia a transferência para a França de diversos territórios, como a Bélgica, a
margem esquerda do Reno, estados-satélites recém-criados, entre outros.
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Uma força anglo-otomana foi capaz de libertar o Egito, mas teve como consequência a saída
do Império Otomano da guerra. Após as complicações com a Segunda Liga da Neutralidade Armada,
o Reino Unido e a França concordaram em estabelecer um tratado de paz. O Tratado de Amiens foi
concluído em 27 de março de 1802 e definia coisas como o reconhecimento britânico das fronteiras
“naturais” da França e das repúblicas satélites, o retorno das terras coloniais para a França e troca
da retirada das tropas desta dos estados-satélite.
Seguiu-se ao Tratado de Amiens o único ano pacífico em meio às guerras do início do século
XIX.
3.3.
A
Guerra da Terceira Coalizão
Terceira Coalizão foi formada, principalmente, pelo Império Austríaco, pelo
Império Russo e pelo Reino Unido. Cada um, por sua vez, tinha um objetivo distinto
para travar uma guerra contra o Império Francês: os austríacos desejavam retomar
os territórios perdidos com o Tratado de Lunéville, os russos lutavam contra a supremacia francesa
na Europa, os ingleses eram os únicos que permaneciam em Guerra contra a França desde a Segunda Coalizão para barrar as pretensões imperialistas de Napoleão na Europa.
Em outubro de 1805, Bonaparte é derrotado pela Marinha Britânica na Batalha de Trafalgar,
o que é de suma importância por demonstrar a superioridade do Reino Unido nos mares e evidenciar que o exército Francês não era invencível.
Contudo, nesse mesmo ano começa a investida do Império Austríaco contra a França, mas
com uma manobra espetacular de guerra, Napoleão derrota a investida na chamada Batalha de Ulm
e, além disso, vence o Exército Russo na Batalha de Austerlitz. Desta forma, o Império Austríaco foi
obrigado a ceder territórios para Napoleão (estes se localizavam no Norte da Itália, na Baviera e em
outras partes da Alemanha).
A Confederação do Reno foi formada, sendo composta pelo território então dominado pelo
Sacro Império Romano-Germânico.
Em suma, a Guerra da Terceira Coalizão é vista por Napoleão como uma prova de sua superioridade – em terra - perante os seus inimigos, além de garantir um maior território ao Império
Francês.
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3.4.
Guerra da Quarta Coalizão
O
s principais combatentes desta guerra foram o Império Russo, a Prússia e a Grã-Bretanha, além, obviamente, da França.
Com o aumento do poder napoleônico na Europa (que agora tinha acesso a
Confederação do Reno), a Prússia se sentia ameaçada, vindo a declarar guerra ao Império Francês
em 1806. O Império Russo e o Reino Unido pretendiam manter sua hegemonia no continente e
diminuir o controle de Napoleão no mesmo.
No entanto, a genialidade militar do imperador francês entrou em prática nas Batalhas de
Jena e Auerstedt, dominando a Prússia. Ele então nomeia seu irmão, Jerônimo Bonaparte, como Rei
do Reino de Vestfália (território a Oeste do Rio Elba). Ademais, era hora, na visão de Napoleão, de
expulsar o Império Russo da Prússia e diminuir a influência russa na Europa.
O Império Francês conseguiu este feito com sua vitória em Eylau e com as Batalhas de Friedland e Heilsberg, obrigando o czar Alexandre I a ratificar o Tratado de Tilsit, que, além de indicar
que o Império Russo agora era aliado da França, cedia territórios da Prússia para Napoleão.
Por fim, numa tentativa de derrotar seu principal inimigo, Bonaparte e seus aliados declaram
o Bloqueio Continental contra a Grã-Bretanha.
3.5.
E
Guerra Peninsular
m 1807, Napoleão, visando expandir seu território e isolar mais ainda o Reino Unido
com o Bloqueio Continental, invadir o Reino de Portugal. Tendo em vista que o Reino da Espanha era
seu aliado, parecia algo que não traria consequências muito devastadoras.
Com isso em mente, Napoleão envia suas tropas à Espanha
para executar o plano. Sob esse contexto, o Império Francês decide também tomar o país, vindo a invadir Madrid. Entretanto, o
povo espanhol não aceita esse domínio e começa a se organizar
em guerrilhas com o intuito de retomar a nação.
Em 1808, Napoleão nomeia seu irmão José Bonaparte Rei
da Espanha. Porém, no mesmo ano Madrid é retomada pelos espanhóis. Assim, o imperador francês, decide ir pessoalmente a
José Bonaparte
Madrid e retoma, com sua imensa força militar, o Reino da Espanha.
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Entretanto, as guerrilhas continuam e o Império Francês tem uma grande dificuldade para
derrotá-las.
A tomada do Reino da Espanha por Napoleão pode ser considerada o início da queda deste.
3.6.
E
Guerra da Quinta Coalizão
m 1809, o Império Austríaco declara guerra a Napoleão em conjunto com o Reino
Unido e, formando a Quinta Coalizão.
O imperador francês é obrigado a lidar com uma guerra de duas frentes: de
um lado estão a Áustria e o Reino Unido, do outro estão as guerrilhas espanholas, as quais Napoleão
não conseguia derrotar definitivamente e tornar-se-ão uma pedra no sapato até 1814.
Porém, a Quinta Coalizão fracassa como as anteriores. Napoleão derrota os Austríacos na
Batalha de Wagram (1809), obrigando-os a assinar o Tratado de Schönbrunn.
A Áustria cedeu Salzburgo à Baviera, a Galícia Ocidental ao Ducado de Varsóvia, a cidade de
Ternopil ao Império Russo e o Trieste e uma parte da Croácia a sul do rio Sava à França.
A Áustria reconheceu as conquistas anteriores de Napoleão, assim como seu irmão José Bonaparte como rei da Espanha. O país também concedeu a França uma indenização avultada e o
exército austríaco seria reduzido a 150.000 homens (uma promessa não cumprida).
A Grã-Bretanha permaneceu em guerra contra a França.
3.7.
A
Campanha da Rússia
aliança entre franceses e russos forjada na Paz de Tilsit em 1807 havia começado a
se deteriorar. A imposição do Bloqueio Continental aos russos era uma ordem de
suicídio para os grandes proprietários de terras, que estavam impedidos de exportar
os produtos da terra e das minas para o seu principal mercado consumidor.
Temendo uma guerra civil, o czar reabriu parcialmente as fronteiras russas, favoreceu o comércio dos neutros e impôs taxas altíssimas sobre os produtos luxuosos franceses.
Essas medidas trouxeram grandes consequências para o Império Francês, pois sua indústria
atravessava uma terrível crise no início de 1811. Como forma de compensar isto, Napoleão anexou
as cidades hanseáticas, Bremen, Hamburgo, assim como Oldemburgo, que pertenciam ao cunhado
de Alexandre, gerando novas queixas.
Não sendo isso o suficiente, a formação do Ducado de Varsóvia, por mais que a partir do
território anteriormente prussiano, já havia gerado tensões entre os dois países devido ao medo do
czar de uma possível ascensão de um movimento nacionalista polonês.
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Apesar de Napoleão não desejar a guerra, esta tornou-se inevitável quando se viu sozinho
com o Imperador de Todas as Rússias, que quebrou tratados e defendeu os ingleses.
Em 27 de abril de 1812, Bonaparte garantiu uma audiência ao embaixador russo Alexandre
Kurakin. O czar havia instruído Kurakin que não haveriam negociações com a Rússia se as tropas
francesas não recuassem da Prússia à outra margem do Reno.
"O que as pessoas de São Petersburgo fizeram com suas cabeças para imaginar que podem
me intimidar com ameaças?", Napoleão supostamente respondeu. Kurakin argumentou que a aliança franco-prussiana era direcionada contra a Rússia. O Imperador dos Franceses lhe informou que
agora também tinha uma aliança com a Áustria. Posteriormente, Bonaparte disse lamentar que o
czar exigisse a movimentação das tropas francesas quando as russas estavam na fronteira do Ducado de Varsóvia.
O czar sabia como deveria enfrentar as tropas francesas. Através de espiões, os russos sabiam as posições das forças inimigas em território alemão, bem como suas movimentações. Além
disso, receberam a informação de que a melhor maneira de combater o Grande Exército seria evitar
os grandes confrontos e castigá-los com marchas e contramarchas.
Já Napoleão tinha um plano bem claro: avançar rapidamente em território russo, forçar Alexandre a combatê-lo, obrigá-lo a recuar até a antiga Moscóvia, desvincular a Polônia (que serviria
de fronteira para a Alemanha) da Rússia, restaurar sua autoridade e completar o sistema continental.
Em 24 de junho de 1812, um exército diferente cruzou o rio Niemen, em Kovno. Além de ser
o maior que a Europa já vira, o Grande Exército de Napoleão contava com homens de diversas etnias
e nacionalidades, entre elas: franceses, poloneses, holandeses, belgas, austríacos, bávaros, prussianos, italianos e outras.
O avanço teve um início sob um calor ardente num país deserto. Após o calor, uma chuva
abundante, responsável pela devastação dos caminhos. Os cavalos começaram a morrer e a empestear o ar.
Mesmo reconhecendo o mal tempo e tendo sido avisado por um general que as longas marchas estavam forçando a cavalaria demasiadamente, Bonaparte só pensava em alcançar os russos
e forçá-los ao combate. Obter uma vitória rápida para obrigar Alexandre a negociar.
Contudo, os russos recuavam em direção ao interior do país e deixaram o Grande Exército
capturar a cidade de Vilna em 27 de junho praticamente sem luta. Num tenebroso sinal do que
ainda havia por vir, uma tempestade elétrica congelante cujo granizo matou um bom número de
homens e cavalos. Além disso, os soldados já desertavam em busca de comida e saque. Apesar de
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tudo, Napoleão manteve-se confiante. "Eu vim de uma vez por todas para acabar com esses bárbaros do Norte. A espada foi sacada. Eles devem ser empurrados de volta em seu gelo, para que nos
próximos 25 anos eles não venham se ocupar com os assuntos da Europa civilizada".
O Grande Exército chegou a Vitebsk cerca de um mês após atravessar o Niemen, com apenas
5/6 do tamanho que tinha então. De maneira semelhante ao ocorrido em Vilna, os russos abandonaram a cidade, incendiando as lojas militares e uma ponte enquanto saíam.
Visando forçar os russos ao combate, Bonaparte executa a Manobra de Smolensk: uma operação que pretendia manter os russos presos ao norte do rio Dnieper enquanto a maior parte do
Grande Exército se posicionava a sul, tomava a cidade de Smolensk sem luta e forçava os russos a
combatê-los, pois caso contrário perderiam suas comunicações com Moscou. Entretanto, a manobra falhou graças ao sacrifício da 27ª Divisão do General Neverovski - que protegia a retaguarda do
contingente principal liderado pelo comandante-em-chefe das forças russas, Marechal Barclay de
Tolly, e pelo General Pyotr Bagration - em Krasnoi no dia 14 de agosto, que permitiu que os exércitos
de Bagration e de de Tolly alcançassem a cidade a tempo. A Batalha de Smolensk, a primeira grande
batalha da Campanha da Rússia, ocorreu nos dias 16 e 17 de agosto, tendo acabado com de Tolly
dando a ordem de evacuação, deixando para trás uma cidade em chamas.
Não eram apenas os soldados russos que destruíam as próprias cidades. Muitos camponeses
queimavam suas plantações para impedir que os franceses pudessem se aproveitar delas. A tática
da terra-arrasada dos russos definitivamente foi um dos principais fatores a influenciar a Campanha.
Como se os problemas logísticos não fossem o suficiente, o calor do verão torturava o Grande Exército, que morria lentamente devido a doenças transmitidas por insetos, como o tifo, e pela água,
como disenteria.
Contudo, a ideia de ceder espaço para ganhar tempo usada por de Tolly vinha sendo percebida tanto pelos demais generais quanto pela corte russa como medo de lutar. Devido a isto, de
Tolly foi substituído como comandante-em-chefe pelo marechal Mikhail Kutuzov.
Por mais que Kutuzov entendesse e concordasse com as decisões que vinham sendo tomadas por de Tolly, a moral dos homens era um outro fato de grande importância.
Para restaurar a moral de seus homens, que fora abalada pelo recuar incessante de de Tolly,
Kutuzov percebeu que uma batalha precisaria acontecer antes que alcançassem Moscou. Portanto,
o marechal parou sua retirada na cidade de Borodino, onde ocorreria o dia único mais sangrento de
toda a história militar. Nas palavras de Napoleão: "De todas as minhas 50 batalhas, a mais terrível
foi a que lutei em Moscou (Borodino)".
A escolha de Borodino se deveu a alguns fatores:
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1. Bloqueava as estradas que ligavam Smolensk a Moscou;
2. As margens íngremes do rio Kolocha poderiam promover proteção aos russos, deixando-os em lugares mais altos que os franceses;
3. Inexistência de lugares melhores.
A posição russa estava ancorada numa pequena fortaleza temporária, erguida próxima à vila
de Shevardino. Ela era defendida pelas tropas sob o comando do príncipe Gorchakov. A resistência
dos russos era tão grande que só recuaram quando Kutuzov ordenou pessoalmente. O reduto foi
destruído, coberto pelos mortos e feridos de ambos os exércitos.
No dia anterior à Batalha de Borodino, Napoleão rejeitou a estratégia proposta pelo general
Louis-Nicolas Davout a respeito de atacar o flanco esquerdo russo, que agora estava sem a proteção
do Reduto de Shevardino. Para Bonaparte, seria arriscado demais separar metade de sua infantaria
do corpo principal e marchar por território desconhecido durante a noite. No final das contas, o
Grande Exército atacou o inimigo frontalmente.
Às 17h, ao custo de 28 mil homens, sendo 48 deles generais, os franceses venceram a Batalha
de Borodino. Os russos haviam recuado e deixado o caminho até Moscou aberto para evitar um
segundo dia de batalha, mas estima-se que perderam entre 45.000 e 50.000 homens, incluindo 23
generais, entre eles, Pyotr Bagration. Devido a tantas perdas, Napoleão decidiu permitir que os russos escapassem ao invés e persegui-los.
No dia 14 de setembro, Moscou foi ocupada pelas tropas de Napoleão. As esperanças do
imperador se concentravam em conseguir dialogar com o czar Alexandre para obter a paz e, no
mínimo, poder reconstruir seu exército.
Na noite seguinte, um incêndio tomou conta da cidade. A princípio, Bonaparte acreditou que
se devesse à imprudência das tropas. No entanto, após alguns agentes da polícia russa terem sido
interrogados, descobriu-se que a antiga cidade havia sido incendiada por ordem do governador, que
por sua vez também tomara o cuidado de retirar as bombas d'água antes da evacuação.
Moscou esteve em chamas por quatro dias. Contudo, Napoleão lá permaneceu durante um
mês. Alguns dos benefícios que viu na ocupação eram alimentar seu exército e beneficiar-se do
efeito que ela teria sobre a moral de seus homens.
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Quando os flocos de neve já haviam começado a cair, o Grande Exército deixou Moscou. Seu
comandante havia percebido que não conseguiria
resistir ao inverno russo, e bateram em retirada no
dia 19 de outubro, com cerca de 100 mil homens e
500 canhões.
Ao longo de um mês e meio as tropas francesas foram atacadas de surpresa pelo inimigo, cuNapoleon's Retreat from Moscow - A. Northen
jas posições eram desconhecidas. Além disso, en-
frentavam a fome e o frio. Lentamente, o Grande Exercito foi perdendo homens, canhões, cavalos,
carroças.
No fim de novembro, o exército se deparou com o rio Berezina, palco de um dos cenários
mais dramáticos da Campanha. Com 120 mil russos os emboscando pela retaguarda, pela outra
margem do rio e chegando pelo Norte, os franceses, que contavam com apenas 30 mil soldados
realmente aptos para o combate, foram obrigados a abrir caminho à força.
A ponte de Borissov apresentava rupturas em três pontos e as baterias do almirante Tchitchakov mantinham-na sob fogo pesado. Ninguém considerava a possibilidade atravessar aquela
ponte, contudo, mostrava-se necessário iludir os russos quanto à reparação da passagem enquanto
uma outra era construída na aldeia de Studianka, a cinco
léguas dali.
Assim foi feito. A retirada dos franceses deu-se
entre 25 e 29 de novembro. Cerca de 11 mil homens ficaram para trás por não terem atravessado a ponte erguida em Studianka enquanto era possível.
Em 5 de dezembro, Napoleão deixou seu exército
sob o comando do Marechal Murat e partiu para Paris,
A Travessia do Berezina
devido a notícias duma tentativa de golpe de estado promovida pelo general Malet.
No dia 14 de dezembro, uma sombra daquele que outrora fora o maior exército que a Europa
já vira havia cruzado o Niemen.
Com a bravura revigorada pela derrota sofrida por Bonaparte, a Áustria, a Prússia e a Suécia
se aliaram mais uma vez à Rússia e ao Reino Unido.
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Napoleão cometera o mesmo erro que Carlos XII da Suécia cometeu um século antes, apesar
de conhecer sua história e, inclusive, ter levado a versão escrita por Voltaire durante a Campanha.
A mesma tática da terra arrasada que foi utilizada por Pedro, o Grande foi utilizada por Alexandre I.
Deu-se o mesmo desfecho em ambas as campanhas: o início do fim de seus impérios.
Mapa mostrando o trajeto de Napoleão durante a Campanha da Rússia
3.8. Guerra da Sexta Coalizão
A
sexta coalizão formada para combater a França foi criada em junho de 1812, sendo
composta pelo Império Russo, pelo Reino Unido, pela Espanha e por Portugal. Contudo, o desmantelamento que o Grande Exército sofreu em decorrência da Campa-
nha da Rússia fez com que a Áustria, a Prússia e a Suécia se juntassem à nova aliança, que visava
(novamente) derrubar Napoleão de uma vez por todas.
Inicialmente, o rei da Prússia, Frederico Guilherme III, não tomou a decisão de se juntar à
nova coalizão. Os seus exércitos estavam agindo de maneira independente. O general David Yorck,
por exemplo, que estava sob o comando do marechal francês MacDonald, encontrou-se com os
russos e decidiu trocar de lado. Frederico Guilherme apontou-o como traidor. Contudo, o rei se via
cada vez mais pressionado a fazer como Yorck e, em março de 1813, a Prússia declarou guerra à
França. As medidas tomadas no país para formar um exército - como cancelar todas as isenções do
serviço militar obrigatório, formar unidades de voluntários e a criação de milícias - não se deviam
ao nacionalismo alemão (que era restrito às elites intelectuais), mas a servir ao rei e a vingar suas
humilhações. Rapidamente o exército prussiano era composto por 270 mil homens.
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Foi impressionante o fato de Napoleão ter sido capaz de erguer um exército de 170 mil homens no começo de 1813, mesmo quando se leva em conta que era formado em sua maioria por
soldados e oficiais inexperientes. Apesar de não terem as habilidades necessárias para viver fora de
sua terra, terem poucos equipamentos e vigor insuficiente para realizar as longas marchas exigidas
pelo imperador, sua moral era boa. Ademais, o comandante corso voltaria a mostrar no próximo
ano a mesma elegância que demonstrara no início de sua carreira.
O plano de Bonaparte consistia em avançar na Alemanha e derrotar seus inimigos antes que
fossem capazes de se agrupar. O imperador foi capaz de tomar Dresden e derrotar os aliados em
Lützen e Bautzen, onde o Marechal Ney, ferido pela guerra, permitiu que a coalizão escapasse. A
força bruta de Napoleão não era capaz de golpear definitivamente.
O Armistício de Pläswitz permitiu a Bonaparte treinar mais suas tropas inexperientes. Entretanto, os aliados haviam aceito o acordo pelo mesmo motivo e, em pouco tempo, os franceses teriam que se opor a grandes forças.
Contudo, é mais importante demarcar que, devido a negociações malsucedidas entre Napoleão e os austríacos, mais um inimigo havia se juntado à coalizão em agosto de 1813.
A coalizão planejava destruir os exércitos subordinados a Bonaparte enquanto evitavam
combatê-lo frente a frente. Schwarzenberg comandava 240.000. Bernadotte, 120.000. Blücher,
95.000 e Benningsen, 60.000.
Bernadotte e Blücher foram capazes de derrotar Oudinot e Macdonald. Quando Napoleão
conseguiu derrotar Schwarzenberg, já não estava bem o bastante para vencê-los. Conforme Bonaparte tentava combater Blücher, este o recusava, enquanto isso, Bernadotte derrotava Ney. Conforme a chamada "Guerra da Libertação" - como é chamada esta porção da Guerra da Sexta Coalizão
- progredia, os Estados da Confederação do Reno se libertavam do domínio francês e se juntavam
à aliança. Ao longo desse processo, os
exércitos da coalizão cercaram o Imperador, dando início à maior batalha
vista até então: a Batalha de Leipzig.
Envolvendo 570.000 homens, a
Batalha de Leipzig, também chamada
de Batalha das Nações, exibiu Napoleão tentado controlar três exércitos
da coalizão durante três dias. Apesar
A Batalha de Leipzig
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de ter conseguido escapar, um acidente destruiu uma passagem vital para a fuga, fazendo com que
muitos ficassem para trás. Uma vitória gigantesca para a Sexta Coalizão, Leipzig foi responsável por
deixar Bonaparte sem aliados remanescentes. O Imperador agora seria obrigado a recuar até o
Reno, precisando lutar por sua passagem numa batalha em Hanau. Alguns acreditam que uma vitória francesa em Leipzig, ou mesmo uma retirada completada, seria suficiente para impulsionar
seu suporte e desafiar severamente a coalizão, mas a História é feita de fatos, não suposições. O
Imperador havia falhado e seus aliados os deixaram.
Ao fim de 1813, a maior parte da Europa já havia deixado de ser francesa. A maioria dos
membros da coalizão estava disposta a negociar, pois a França poderia servir como um contrapeso
para o poder russo, que ameaçava dominar o continente. Napoleão recusou sua oferta, que faria
com que as fronteiras francesas recuassem até o Reno e os Alpes, uma oferta generosa. Porém, para
o contentamento do czar, é atribuída a Napoleão a seguinte citação: "A morte não é nada, mas viver
derrotado e sem glória é morrer diariamente". O governo de Bonaparte havia sido construído sobre
o princípio de vitória militar, ele era um homem cuja mente fora utilizada para a conquista.
Quando a coalizão começou as preparações para lutar contra a França, o Imperador decidiu
aceitar seus termos. Quando não concordaram em retornar a eles, Napoleão taxou-os de traidores.
No início de 1814, os inimigos da França já marchavam pelos Pirineus e pelo Reno. O Imperador
colocou Fernando VII novamente no trono espanhol e soltou o Papa Pio VII de seu cativeiro na esperança de facilitar negociações de paz com as potências, mas não adiantou.
A coalizão debatia o que desejava. A França não apenas poderia ser
um contrapeso, sua força deveria ser garantida para equilibrar o poder dos
russos, mas era necessário decidir quem deveria governá-la. A república foi
o que começara tudo aquilo, logo estava fora de questão. Se o Rei de Roma
- filho de Napoleão e Maria Luísa da Áustria - herdasse o trono de seu pai,
seria uma regência demasiadamente austríaca. Se o novo rei fosse Bernadotte (que fora apontado por Carlos XIII da Suécia como herdeiro de seu
trono em 1810), seria demasiadamente russo. O reestabelecimento da
casa de Bourbon através da coroação de Luís XVIII aparentou ser a melhor
Papa Pio VII
opção.
A campanha francesa em 1814 pode ser chamada de desesperada, mas Napoleão venceu
algumas batalhas. Bonaparte conseguiu uma série de vitórias contra Blücher, afastando-o. Então
voltou-se contra Schwarzenberg, obtendo uma vitória em Montereau. Voltou-se contra Blücher novamente, que se aproximava da capital. Schwarzenberg conseguira derrotar Macdonald, mas a
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quantidade de derrotas sofridas pela coalizão fez com que seus membros redobrassem seus esforços e buscassem a unidade.
Napoleão estava sendo capaz de se aproveitar da separação entre as tropas inimigas, mas
os aliados perceberam isso. Tornou-se óbvio para todos que não importava a habilidade de Napoleão como comandante, era impossível que estivesse em dois lugares ao mesmo tempo. Apesar da
maestria que demonstrava para a batalha, eram exércitos demais para Bonaparte enfrentar. Lutar
uma guerra em muitos fronts provou-se uma desvantagem terminal.
O Imperador ainda desejava lutar por melhores termos, mas seu tempo e seus recursos já
haviam se esgotado. O povo francês já havia se cansado de tanta guerra, tanto consumo de suas
finanças. Blücher e Schwarzenberg alcançaram Paris, que havia sido deixada por Napoleão sob uma
ordem de mobilização em massa, que falhou. Conforme Bonaparte se preparava para marchar visando salvar a capital, os defensores desistiram quando o Marechal Mortier se rendeu. Paris foi
tomada pela coalizão. Por mais que o imperador desejasse retomá-la, seus marechais recusaram-se
a marchar para fazê-lo.
Talleyrand, que outrora foi um dos homens mais próximos de Napoleão, colocou o Senado,
que até então não passara de uma marionete de Napoleão, contra seu Imperador e conseguiu com
que decretassem a queda de Bonaparte e seus herdeiros e restaurasse a dinastia dos Bourbon. Napoleão, numa última tentativa, abdicou do trono francês em pró de seu filho, que reinou de jure como
Napoleão II por dois dias. Entretanto, a coalizão não aceitou essa
solução, não desejavam negociar com nenhum outro Bonaparte.
Em 6 de abril, o homem que dominou a Europa por tantos anos abdicou de seus direitos, bem como os de seus herdeiros, como Imperador dos Franceses, decisão oficializada pelo Tratado de Fontainebleau, de 11 de abril de 1814. O Tratado de Fontainebleau possui
21 artigos, foi assinado por representantes de Napoleão, da Áustria,
da Rússia e da Prússia e estabelece o que deveria ser feito com NaCarlos João, Príncipe Herdeiro da Suécia. Anteriormente conhecido como
Jean-Baptiste Bernadotte.
poleão agora que a guerra chegava a seu fim. O Reino Unido não
assinou o Tratado por nunca ter reconhecido o governo de Napo-
leão como legítimo, e concordar com o documento equivaleria a fazê-lo.
Tanto o homem que dominou a Europa quanto sua família poderiam "manter seus títulos e
qualidades para aproveitar durante suas vidas". Ademais, foi dado a ele o título de Príncipe de Elba,
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uma ilha próxima à costa italiana que seria independente a partir de então. Segundo André Maurois,
concederam a César o reino de Sancho Pança.
Quanto à França, o Tratado de Paris de 1814 foi assinado em 30 de maio. Entre outras coisas,
ele definia como seriam as fronteiras europeias, o estabelecimento de uma federação para os Estados alemães, etc. Em seu artigo XXXII lia-se:
Todas as potências envolvidas em qualquer lado da presente guerra devem, num espaço de
dois meses, enviar plenipotenciários à Viena, para o propósito de regular, em congresso geral, as
decisões que devem completar as provisões do presente tratado.
Pela primeira vez seria realizada uma conferência com o intuito de discutir e resolver os problemas da comunidade internacional: o Congresso de Viena.
3.9. Guerras Inglesas na Escandinávia
A
o fim do século XVII, uma grande riqueza havia sido adquirida pelo Reino da Dinamarca e Noruega graças a um comércio crescente, viabilizado por uma marinha
mercante defendida por uma esquadra comparável em tamanho à própria Marinha
Real Britânica. Contudo, quando a Segunda Liga da Neutralidade Armada (pacto que visava manter
a segurança da marinha mercante de países neutros) foi estabelecida em 1800 entre DinamarcaNoruega, Suécia, Prússia e Rússia, o Reino Unido se viu ameaçado, julgando a Liga como aliada secreta de Napoleão, e um ataque britânico logo se tornou inevitável.
A primeira batalha entre a Inglaterra e a Dinamarca-Noruega ocorreu em 03 de março de
1801, mas ao final do mês uma grande frota inglesa fora avistada rumando à Copenhague. A batalha
de Copenhague ocorreu no dia 2 de abril de 1801, sendo que as preparações dinamarquesas foram
difíceis, especialmente porque o corpo principal da marinha estava atracado e desequipado. Graças
à engenhosidade do Vice-Almirante inglês Horatio Nelson, a Dinamarca-Noruega aceitou um armistício e a revogação de sua participação na Liga da Neutralidade Armada, o que ocorreu em 9 de
abril. A paz "definitiva' veio em outubro. O país permanecia neutro, mas já não tinha aliados.
No início de 1807 a Dinamarca-Noruega era basicamente o único país que manteve uma
posição de neutralidade, o que vinha se tornando cada vez mais insustentável devido às restrições
que as partes impunham ao comércio neutro. Temendo que a marinha Dano-Norueguesa caísse nas
mãos dos franceses, o Reino Unido planejava outro ataque, tendo o objetivo de tomar a esquadra
para si. Em julho de 1807 foi enviada uma nova frota para atacar o Reino da Dinamarca e Noruega,
deixando para este uma única possibilidade de aliança: Napoleão.
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Por uma segunda vez os ingleses atacaram Copenhague, em setembro de 1807. Por mais que
os defensores estivessem melhor preparados que em 1801, os bombardeios ingleses os forçaram à
rendição incondicional. Além disso, a Dinamarca-Noruega foi forçada a entregar sua esquadra aos
ingleses.
A perda de sua marinha foi um evento catastrófico para o reino, que não possuía condições
de construir uma nova. No entanto, canhoneiras são barcos que podiam ser construídos rapidamente e por todo o país, e assim foi feito.
As canhoneiras eram colocadas ao longo da costa e esperavam a passagem de navios britânicos. A pirataria foi legalizada. Através dessa "guerra de guerrilhas em alto mar", a DinamarcaNoruega consegui capturar 10 navios de guerra e diversos navios mercantes dos ingleses.
A paz chegou em 15 de janeiro de 1814, pelo Tratado de Kiel, que definia, entre outras coisas,
que após mais de 3 séculos de união a Dinamarca e a Noruega seriam separadas.
O Rei Frederico VI não desejava entregar sua amada Noruega, mas foi esta a condição imposta pelos suecos para que houvesse paz. Contrários àquilo, os noruegueses instituíram uma constituição em 16 de maio de 1814 e resistiram à invasão sueca (que ocorreu em 29 de maio), mas
foram forçados a assinar um armistício em 8 de agosto do mesmo ano. Ficou acordado que a Noruega seria um país independente governado por Carlos XIII, Rei da Suécia.
3.10. Guerra Russo-Turca
D
urante mais de dois séculos, os russos e os otomanos lutaram pela hegemonia do
Mar Negro e de seus arredores. Originalmente, o objetivo da Rússia era obter o
controle dos estreitos de Bósforo e Dardanelos e, desta forma, garantir seu acesso
ao Mar Mediterrâneo, obtendo uma saída para um mar quente. O expansionismo russo foi justificado pela defesa dos cristãos ortodoxos dominados pelos turcos, pela liberação dos povos balcânicos e pela prevenção de incursões da Turquia ou dos tártaros da Criméia e de pilhagens no sul ucraniano e russo. Já os turcos visavam manter suas possessões e consideravam a Rússia como o agressor.
É válido ressaltar a importância da Guerra Russo-Turca de 1806-1812 devido à Campanha da
Rússia promovida por Napoleão. O fim da guerra era algo proveitoso para os ingleses, por exemplo,
que se beneficiariam grandemente de uma Rússia mais forte lutando contra o iminente ataque do
Grande Exército.
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Devido às derrotas russas em Austerlitz e ao encorajamento por parte do Império Francês, o
governo otomano depôs os hospodars [uma espécie de lorde] pró-russos da Moldávia e da Wallachia, estados vassalos do Império Otomano. Os franceses ocuparam a Dalmácia e o Império Russo,
para prevenir uma possível invasão, mobilizou suas tropas para a Moldávia e para a Wallachia. A
reação do sultão Selim III foi bloquear a passagem dos navios russos pelo estreito de Dardanelos e
declarar guerra ao seu vizinho em 1806.
A guerra veria seu fim em 1812, quando o comandante russo Mikhail Kutuzov conseguiu
cercar os turcos e fazê-los render-se. Para isso, ele foi contra o desejado pelo czar e os manteve
vivos e saudáveis. Devido a um grande número de reféns, o Império Otomano foi obrigado a se
render, resultando no Tratado de Bucareste, que foi assinado em 28 de maio de 1812.
O Tratado previa a transferência da Bessarábia para os russos, além de uma região considerável na Transcaucásia. Alexandre I aprovou” aprovou o acordo em 11 de junho, 13 dias antes da
esperava invasão do Grande Exército à Rússia, dando tempo suficiente para que muitos soldados de
Alexandre pudessem retornar dos Bálcãs para defender seu país.
3.11. Guerra Finlandesa
A
pós o Tratado de Tilsit, foi feito um tratado secreto entre os Impérios Francês e
Russo demandando que, caso o Reino Unido não se rendesse, a Rússia deveria cortar suas relações com o país e adotar o sistema continental, além de forçar a Suécia
e a Dinamarca a fazer o mesmo.
Napoleão ignorou a Suécia, então aliada dos ingleses, e a abandonou à vontade do czar. O
resultado foi um ataque britânico à Dinamarca, fazendo com que esta entrasse numa causa comum
com os dois impérios, buscando obrigar os suecos a se desvencilhar da Inglaterra, o que foi negado
pelo rei Gustavo IV Adolfo, resultando na Guerra Finlandesa e na Guerra Dano-Sueca.
A Suécia já não estava preparada para estas guerras, especialmente ao considerar que era
geograficamente cercada pelos seus inimigos, ou seja, seria forçada a dividir suas forças. Ademais,
as ordens com planos mal definidos que eram emitidas pelo rei impossibilitaram que as tropas suecas no front norueguês completassem qualquer objetivo. 10.000 ingleses foram ao seu auxílio, mas
dispensados quando seu comandante se recusou a cumprir as ordens estúpidas de Gustavo. Não
sendo esses, e muitos outros, fatores suficientes, o rei especulava conquistar a Dinamarca, o que o
levou a abandonar a Finlândia - considerada uma nação irmã da Suécia e que estava unida a ela há
mais de 600 anos - à mercê dos russos.
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Em fevereiro de 1808, 20.000 russos invadiram o país sem uma declaração formal de guerra.
Um ano mais tarde, a Rússia já estaria pronta para atacar os suecos por três direções diferentes. A
incapacidade que Gustavo IV Adolfo demonstrava para governar fez com que houvesse um golpe
de estado, resultando na sua deposição e na coroação de seu tio, outrora regente, como Carlos XIII.
Numa última tentativa desesperada, a Suécia tentou colocar os russos numa posição desfavorável para amenizar o tratado de paz que seria negociado, mas a execução do plano foi falha. Em
17 de setembro de 1809 foi assinado o Tratado de Friedrikshamn, que além de encerrar a Guerra
Finlandesa, transferia para a Rússia toda a Finlândia e outras regiões da Suécia, totalizando mais de
um terço de seu território e fazendo com que os rios Torneo e Muonio definissem a nova fronteira
entre os dois países.
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4.
Panoramas
4.1. Áustria
Os principais interesses do Império Austríaco recaem sobre a anexação de territórios na Itália
e o balanço de poder na Europa, de modo que sejam mantidos a paz e o status quo. Finalmente, a
Áustria demonstra interesse em recuperar a porção de seu território usada para compor o Ducado
de Varsóvia
4.2. Baviera
A Baviera, como um dos principais estados alemães, tem grande importância na formação
de uma Confederação Germânica. Além disso, a manutenção da condição de reino é interessante
ao país.
4.3. Brünswick-Lünenburg
O Eleitorado de Brünswick-Lünenburg, sendo um dos estados alemães, tem um papel relevante no que tange a constituição da Confederação Germânica. Também é objetivo do Eleitorado
sua elevação a Reino de Hanôver. É importante lembrar Eleitorado está em união pessoal com o
Reino Unido.
4.4. Dinamarca
Devido à posse de Holstein, a Dinamarca possui um papel a desempenhar no desenrolar das
discussões concernindo a Confederação Germânica. Além disso, a transferência da Noruega é um
tema importante da política dinamarquesa.
4.5. Ducado de Varsóvia
O principal objetivo do Ducado de Varsóvia é manter-se como um país independente ou, no
mínimo, uma região autônoma. O Duque de Varsóvia é o Rei da Saxônia, o que configura uma união
pessoal entra as duas nações.
4.6. Espanha
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Os principais objetivos da Espanha para o Congresso são a restauração oficial dos Bourbon
ao trono espanhol, a manutenção do território de Olivença e a posse de regiões na Itália que já eram
detidas pelo Reino antes dos conflitos.
4.7. Estados Papais
O envolvimento dos Estados Papais com o comitê está concentrado no reestabelecimento
da Santa Sé como território independente e na divisão dos territórios italianos.
4.8. França
O Reino da França tem como objetivos para o Congresso a restauração oficial dos Bourbon
ao trono, a devolução de territórios ultramarinos, a manutenção de suas fronteiras como eram antes da Revolução e a ausência de indenizações. Além disso, a França se mantém aliada da Saxônia
apesar do envolvimento desta com Napoleão.
4.9. Noruega
O Congresso de Viena permitirá aos noruegueses uma revisão do Tratado de Kiel e
da Convenção de Moss, que definiram a união sueco-norueguesa. A nação norueguesa terá a chance
de tentar ser uma com a Dinamarca novamente.
4.10. Países Baixos
O principal objetivo dos Países Baixos no Congresso de Viena é a sua formação, que incluiria
os territórios da Holanda, da Bélgica e de Luxemburgo. A posse deste último garantiria ao país um
papel nas discussões a respeito da Confederação Germânica.
4.11. Portugal
A política portuguesa se baseia em três principais tópicos: a devolução de Olivença por parte
da Espanha, a devolução da Guiana Francesa e a abolição do tráfico de escravos.
4.12. Prússia
A Prússia visa readquirir os territórios que “cedeu” ao Ducado de Varsóvia anteriormente,
bem como anexar a totalidade da Saxônia por seu envolvimento com Napoleão. O país também tem
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interesse em obter a margem esquerda do Reno e é um ator importante na formação da Confederação Germânica.
4.13. Reino Unido
A política britânica, de maneira singular, se concentra mais nos territórios que pode obter
fora da Europa continental do que nela. O Reino Unido visa adquirir uma série de territórios ultramarinos para fortalecer e expandir seu império colonial. Além disso, o país defende o balanço de
poder na Europa e o fim do tráfico de escravo. Finalmente, a união pessoal entre o Reino Unido e o
Eleitorado de Brünswick-Lünenburg não deve ser esquecida.
4.14. Rússia
O Império Russo deseja afirmar-se como principal potência europeia. Para isso, visa a anexação da Finlândia, da Bessarábia e da Polônia. Além das questões territoriais, a diplomacia russa
busca a formação de uma aliança que espalhe os valores cristãos pela Europa.
4.15. Sardenha
Os interesses do Reino da Sardenha se resumem ao estabelecimento das novas fronteiras na
Itália, a recuperação dos territórios de Piemonte e Sabóia e a obtenção de Gênova.
4.16. Saxônia
A Saxônia é um dos principais estados alemães, o que a torna importante no que tange o
estabelecimento da Confederação Germânica. O país deseja manter o status de reino obtido durante o Período Napoleônico e é relevante nas discussões a respeito do futuro da Polônia, visto que
estão em união pessoal.
4.17. Suécia
Os interesses suecos estão nas transferências territoriais escandinavas. Manter consigo a
Finlândia e obter a Noruega são o foco da diplomacia do país no Congresso.
4.18. Suíça
O papel suíço no comitê envolve a aquisição de novos cantões, entre eles Genebra, a redação
de uma constituição e o reconhecimento internacional de sua neutralidade.
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4.19. Württemberg
O Reino de Württemberg, como um dos estados alemães, possui papel relevante na formação da Confederação Germânica. Outro objetivo da nação é manter o caráter de reino concedido
por Napoleão.
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5.
O
Funcionamento do Comitê
lá, caros delegados. Temo que preciso quebrar a fidelidade histórica deste guia para
escrever sobre as especificidades que nosso comitê tem em comparação com o restante do evento.
O Congresso de Viena é, obviamente, um comitê histórico, o que significa que a fidelidade
histórica deverá ser respeitada conforme o designado pela Mesa Diretora. Por questões de viabilidade, não seguiremos os anos de 1814 e 1815 à risca.
Celulares e tablets são completamente proibidos durante as sessões, bem como o acesso à
internet. A máquina de escrever ainda não havia sido inventada, mas permitiremos que usem computadores para redação e consulta de documentos. Devido à inexistência de vitrolas ou projetores,
arquivos de áudio ou de vídeo não serão aceitos como documentos de trabalho pela impossibilidade
de os reproduzir. Letras de músicas são considerada documentos de texto.
Por mais que a caneta tinteiro só fosse ser produzida em massa e popularizada alguns anos
depois, não exigiremos que escrevam com penas. Canetas atuais serão permitidas.
O Congresso de Viena não produzirá uma resolução, mas sim um "Ato Final", que deverá
conter as decisões tomadas pelo comitê. O documento deverá ser redigido na forma de um tratado,
sendo que o cabeçalho será providenciado pela Mesa Diretora.
Cada delegado viverá um personagem histórico associado à sua representação. Cabe às duplas definir qual participante será qual personalidade a partir da lista a seguir. Não se esqueçam que
estes personagens servem unicamente para o propósito de aumentar o envolvimento dos senhores
com o comitê, pois todos ainda deverão defender apenas a política externa de seus respectivos
países, não o pensamento de cada indivíduo. A relação entre personagens e países é a seguinte:
País
Áustria
Baviera
Personagem
Príncipe Klemens von Metternich
Johann Freiherr von Wessenberg-Ampringen
Maximilian Graf von Montgelas
Joseph Carl Philipp von Wrede
Brünswick-
Ernst Friedrich Herbert zu Münster
Lünenburg
Adolfo Frederico, Duque de Cambridge
Dinamarca
Frederico VI, Rei da Dinamarca
Niels Rosenkrantz
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Ducado de
Varsóvia
Espanha
Stanisław Kostka Potocki
Fernando VII, Rei da Espanha
Dom Pedro Gómez Labrador, Marquês de Labrador
Estados
Cardeal Ercole Consalvi
Papais
Papa Pio VII
França
Noruega
Príncipe Charles Maurice de Talleyrand-Périgord
Emmerich Joseph Herzog von Dalberg
Christian Magnus Falsen
Johan Gunder Adler
Países
Guilherme I, Príncipe de Orange-Nassau
Baixos
Hans Christoph Freiherr von Gagern
Portugal
Prússia
Reino
Unido
Dom Pedro de Sousa Holstein, 1º Conde de Palmela
Dom António de Saldanha da Gama
Karl Augut Freiherr von Hardenberg
Wilhelm Freiherr von Humboldt
Robert Stewart, Visconde de Castlereagh
Arthur Wellesley, 1º Duque de Wellington
Rússia
Sardenha
Saxônia
Suécia
Suíça
Württemberg
Condessa Marie Walewska
Alexandre I, Imperador e Autocrata de Todas as Rússias
Conde Karl Nesselrode
Vítor Emanuel I, Rei de Sardenha
Carlos Félix de Saboia
Detlev Graf von Einsiedel
Frederico Augusto I, Rei da Saxônia
Carlos João, Príncipe Herdeiro da Suécia
Conde Carl Löwenhielm
Hans Reinhard
Charles Pictet de Rochemont
Georg Ernst Levin von Wintzingerode
Frederico I, Rei de Württemberg
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Finalmente, não se utilizem apenas deste guia para seus estudos. As informações aqui contidas servem apenas para dar-lhes um ponto de partida para suas pesquisas. Não esqueçam de buscar o posicionamento de seus países a respeito dos objetivos de outras delegações.
Caso possuam qualquer dúvida sobre o funcionamento, conteúdo ou qualquer coisa referente ao comitê, sintam-se livres para nos contatar pessoalmente, via facebook ou via whatsapp
(+5511971458796).
Vos espero em 1814.
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6.
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