A VERDADE EM SUA DESCOBERTA Ricardo Davis Duarte[1

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A VERDADE EM SUA DESCOBERTA
Ricardo Davis Duarte1
RESUMO: Descobrir a verdade deve ser o alvo de todos. Este artigo discute, sobre a
construção do conhecimento pela verdade do que se descobre da coisa em si. As idéias
verdadeiras existem a partir de um ponto discutido ou verdade alcançada. É preciso querer
verdade e descobrir o verdadeiro que lhe finaliza como autentica ao em vez de falseada
com poder a consciência de soma a sabedoria. O incomodo que move o homem a
descoberta da verdade é a necessidade de se saber mais sobre o objeto, como ser, e suas
partes como variantes, dando explicações lógicas diante da interpretação que se tem dele,
com aplicação ao seu significado à realidade. Mas, é preciso ter cuidado para que as
verdades descobertas, avaliadas e justificadas não se tornem dogmas a nossa mente como
definição das coisas a que não se deva contrariar.
PALAVRAS-CHAVES: Verdade, opiniões, coisa, conhecimento.
ABSTRACT: Discovering the truth should be the target of all. This article discusses the
construction of knowledge about the truth of what you discover the thing itself. The ideas
are true from one point discussed or actually achieved. You have to want to discover the
real truth and it ends up as the authentic instead of distorted consciousness in power sum of
wisdom. The discomfort that drives a man to discover the truth is the need to learn more
about the object, how to be, and parts of the variants, giving logical explanations on the
interpretation one has of it, applying its meaning to reality. But be careful that the truths
discovered, evaluated and justified not become dogmas our minds as the definition of
things that one should not contradict.
KEYWORDS: Indeed, opinions, anything, knowledge
1 O autor é Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Recife; Mestre em Teologia pelo Seminário de Formação Acadêmica Teológico
Evangélico do Recife; graduado em Filosofia pelo Instituto de Ensino Superior de Salgueiro – ISES – Pós-graduado em Filosofia pelo Instituto de Ensino Superior de
Salgueiro – ISES; Escritor do livro “Vida Abundante Em Jesus” (Teologia básica); Escritor do livro “Uma Filosofia Popular No Sertão” (Literatura filosófica): Escreveu
o livro de poesias: Poesias sob o luar do sertão; Escreveu o Artigo Cientifico “A Pessoa do Líder e Sua Ação Sobre o Grupo” na Revista Cientifica Ágora da
Faculdade de Filosofia – ISES em Salgueiro, ISSN 1984-185x, p. 16 a 32; É Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil; Professor de Filosofia Social, Filosofia da
Religião, Filosofia da Estética, Teoria do Conhecimento e Problemas da Metafísica, no ISES – Salgueiro – PE
Não podemos tratar das idéias como uma formação de conceitos a que devamos
aprender o satisfatório sobre o objeto observado, por isso, a filosofia em sua
instrumentalidade, sempre estará à procura de novos métodos para a construção e
renovação das idéias com objetivo a torná-las indicadoras, mas nunca finalizadoras a
construção do conhecimento. No livro Filosofando, de Maria Lucia e Maria Helena, (2003,
pág.52), é tratado que pelo esforço psicológico saímos à procura do objeto, através da
capacidade intelectual:
É por isso, portanto, o conhecimento; esse esforço psicológico pelo qual
procuramos nos apropriar intelectualmente dos objetos. Quando falamos em
conhecimento, podemos nos referir ao ato de conhecer ou ao produto do
conhecimento: o primeiro diz respeito a relação que se estabelece entre a
consciência que conhece e o objeto a ser conhecido, enquanto o segundo é o que
resulta do ato de conhecer, ou seja, o conjunto de saberes acumulados pela
tradição.
Observem que o conhecer está intrinsecamente ligado à consciência e ao objeto em
si. Assim, o texto diz do que se percebe do que em si, e o que já se conhece em si a partir
do que está fora de si. À citação, eu quero fazer por minhas palavras um acréscimo, dizendo
que tal busca a idéia sobre o objeto do conhecimento feita pela nossa capacidade intelectual
é de forma continua num esforço incansável. Em Fenomenologia, de João Ribeiro Jr.,
(RIBEIRO JR, 1991, pág. 23), lemos do que ele pensa e interpreta de Husserl quando diz,
“O fenômeno é a aparente, é a aparência. Mas, note bem! A aparência não no sentido de
ilusão, como oposta a realidade, senão no sentido do dado à mera presença na mente, ao
que Husserl chama de consciência pura de algo”. Pensar o outro, ainda que seja uma idéia
construída do imaginário, como ele mesmo cita o “saci”, diz-se como fenômeno percebido
a consciência tanto quanto qualquer objeto presente a sua frente, mas que nunca lhe seja
atribuído a realidade física do que se pensa do objeto fictício, o saci, por exemplo. Então,
existindo o que se pensa à mente, apenas como imagem a minha consciência, mostra-me a
consciência pura, “dando conta de algo a ela presente”. Entendemos com isso, que João
Ribeiro Jr. diz do objeto, como sendo o que se procura conhecer dele como coisa em si, e,
sendo o que é enquanto estiver presente à consciência. A coisa em si, passa a ser como
idéia, por existir à consciência em sua forma e conceito, ainda que seja o que, quando real,
independente do que se diz como idéia.
Jacob Bazarian (BAZARIAN, 1988, pág. 52), diz que o mundo em sua existência –
Os objetos, os fatos, fenômenos e etc. – é definido em duas categorias gerais e abstratas: “O
ser e o pensamento”. Jacob diz que o ser é o que se denomina por coisas materiais, “a
matéria, a natureza, o mundo exterior, a realidade e todos os objetos, fatos e fenômenos
materiais que existem fora de nosso pensamento”, e sobre o pensamento ele também diz:
... é uma categoria filosófica para designar a consciência do sujeito, a mente, o
espírito, a alma e todos os fenômenos ideais e espirituais que existam dentro do
nosso pensamento, de nossa consciência, dentro do sujeito, isto é, os
conhecimentos sensíveis e racionais, tais como sensações, idéias, conceitos,
pensamentos etc.
Jacob entendeu com isso que, “A relação entre a matéria e a consciência é a
questão fundamental da filosofia pela simples razão de que é tão universal e avassaladora
que abrange todos os problemas filosóficos...”. Com isso ele diz que a solução cientifica da
questão fundamental da filosofia, ou seja a relação entre o ser e o pensamento, tem
importância para o desenvolvimento tanto da filosofia como de todas as ciências com
intenção a construção de uma teoria cientifica do conhecimento.
A partir desta discussão, é preciso dizer que as idéias verdadeiras existem a partir de
um ponto discutido ou verdade alcançada. É preciso querer verdade, e descobrir em seus
encontros das partes de variação ou não, o verdadeiro que lhe finaliza como autentica ao em
vez de falseada com poder a consciência de soma a sabedoria. Sem verdade alcançada não
há poder de consciência para acumulo de sabedoria. Talvez por esta razão que Heráclito
disse em um de seus fragmentos traduzido por Emanuel Carneiro Leão, (LEÃO, 1991, Pág.
69), “muito saber não ensina sabedoria”. Querer verdade para a construção do
conhecimento pela definição do que é verdadeiro e falso é o desejo de todo filosofo em sua
instrumentalidade a filosofia. Agora, fazer desta verdade o caminho a construção da
sabedoria é o que de mais importante há ao ser humano ainda que se diga não seu poder em
saber das coisas em si suficiente a que lhe coloque como suficientemente sabedor das
coisas. Ortega (ORTEGA Y GASSET, 1989, pág. 32, 33), diz:
O essencial do homem é, em troca, não ter outro remédio que esforçar-se em
conhecer, em fazer ciência, melhor ou pior, em resolver o problema de seu
próprio ser e para isso o problema de que são as coisas entre as quais
inexoravelmente tem que ser. Isto: que necessita saber, que necessita – queira ou
não – afanar-se com seus meios intelectuais, é o que constitui indubitavelmente a
condição humana. Em troca, definir o homem dizendo que é animal inteligente,
um animal que sabe, homo sapiens, é sobremaneira perigoso, porque, por menor
que seja o rigor que usemos ao empregar essas palavras, se nos perguntarmos: é
o homem, mesmo o maior gênio que já existiu, de verdade e em toda a plenitude
do vocábulo, inteligente? De verdade entende com plenitude de entendimento,
de verdade sabe algo com inalterável e integral saber? Logo advertiremos que é
coisa sobremaneira duvidosa e problemática. Em troca, repito, é inquestionável
que necessita saber.
Ortega não diz que não podemos saber, ou que não tenhamos a capacidade racional,
mas que o homem em sua aquisição a verdade não deve interpor esta busca pela idéia de é
sabedor o suficiente a construção do conhecimento necessário e suficiente ao saber pleno.
Ao homem cabe fazer de todas as crenças dignas de questionamento, já que o entendimento
a que se deve ter do que se descobre pode ser falseada pelas impressões erradas que se tem
do objeto em sua verdade alcançada.
Diremos então, que o saber verdade à construção do conhecimento pelas idéias que
se formam; não deve inibir a busca continua a novas verdades em sua forma verdadeira,
mas conduzir nossa mente a que compreendamos qual o agente a esta busca. Quando
dizemos do agente falamos do incomodo que se tem diante da dogmática que se forma
Portanto, que se faça presente, A Verdade Em Sua Descoberta, como o verdadeiro das
verdades alcançadas.
1. A BUSCA PELA VERDADE
Segundo Antonio Joaquim Severino (SEVERINO, 2007, pág. 19), o homem se
esforça por perceber a realidade, fazendo por consciência uma busca a sua compreensão
com profundidade. Ele diz:
... o que se pode afirmar com segurança, com base nos estudos antropológicos é
que os homens têm uma tendência “espontânea” a “descobrir” o que é o mundo
que os circunda, a conhecer, a compreender esse mundo e a si mesmos nesse
mundo, a natureza e a sociedade. Portanto, para os homens, conhecer é um
impulso como que natural e instintivo no sentido em que ele brota
espontaneamente, confundindo-se na sua origem, com o próprio impulso da
vida. A consciência emerge e se desenvolve como estratégia da vida, integrando
o equipamento de ação do homem com vistas a sua sobrevivência. O pensar
surge, assim, concomitante ao agir...
Severino faz-nos entender que é espontâneo a busca do homem à compreensão da
vida. Ele busca compreender o sentido da existência em todos os ângulos. Na seqüência da
sua explanação ele diz ainda:
O homem não consegue viver e existir apenas como um fato bruto, ele sente a
necessidade inevitável de compreender sua própria existência. Portanto, o
esforço despendido pela consciência no seu refletir filosófico não é mero
diletantismo2 intelectual, nem puro desvario3 ideológico, nem tentativa de
representação do mundo para fins pragmáticos. É antes a busca insistente de
significado mais profundo da sua existência, sem duvida alguma para torna-la
mais adequada a si mesmo!
Está no ser humano o querer verdade.
Quando buscamos verdade, não podemos admitir a ignorância como resposta
definitiva ao que nós queremos para o saber, pois caso for, será o mesmo que concordar
com o não saber o que, do que e para o que, da coisa que é. Chauí diz em seu livro Convite
a Filosofia (CHAUÍ, 2004, pág. 88), “Ignorar é não saber alguma coisa. A ignorância pode
ser tão profunda que nem sequer a percebemos ou sentimos, isto é, não sabemos que não
sabemos, não sabemos que ignoramos”.
Quando aceitamos a ignorância como final de nossa busca por verdade, admitimos
não existir verdade conhecida ou entendida sobre o observável, com impedimento à
possibilidade de ser o que é como identificado e definido sobre a coisa, tornando-nos
ignorante de que não sabemos que de fato não sabemos tudo que haveremos de saber.
Em Manual de Iniciação à Filosofia de Affonso Henrique, (VIEIRA DA COSTA,
2007, pág. 78, 79), lemos sua referencia aos fragmentos de René Descartes em Meditações
Metafísicas, quando diz:
A meditação que fiz ontem encheu-me o espírito com tantas dúvidas, que
doravante não está mais em meu poder de as esquecer. E, no entanto, não via de
que maneira poderia resolvê-lo; e como se, de repente, tivesse caído em águas
muito profundas, encontro-me a tal ponto surpreso, que não posso nem colocar
meus pés no fundo, nem nadar para sustentar-se em cima d’agua. Esforçar-meei, não obstante, e seguirei em frente pela mesma via na qual encontrava-me
ontem, afastando-me de tudo aquilo que eu poderia imaginar a menor duvida, tal
como se conhecesse por isso absolutamente falso, e continuarei sempre nesse
Diletantismo – O mesmo que diletante – Pessoa que se dedica a um assunto ou um apreciador. Dicionário
Prático ilustrado – Lello & Irmãos Editores - 1974
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Desvario – Extravagância, desatino. Dicionário Prático ilustrado – Lello & Irmãos Editores - 1974
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caminho, até que eu tenha encontrado algo de certo, ou, pelo menos, caso nada
mais me seja possível, até que eu tenha aprendido, certamente, que não há nada
de certo no mundo.
René Descartes não se submeteu a profunda ignorância à verdade, mas ainda que
compreendesse depois de sua busca a verdade, que o certo não é do que se espera ser, ele
continuaria no caminho a procura da verdade.
No Manual de Iniciação à Filosofia de Affonso Henrique, (VIEIRA DA COSTA,
2007, pág. 79), lemos ainda que:
... O mistério é o que encanta e o que está em tudo quanto provoca espanto. O
espanto ele mesmo é um encantamento recheado de mistério.. É o que nos
desperta para a pergunta de por que as coisas são e não antes não são. As
perguntas, filosóficas por excelência, não pedem, no fundo, respostas, mas nos
convocam para pensá-las.
O saber verdade confere as coisas um sentido dentro da realidade, ditando a
ignorância o que é falso e o que é verdadeiro das coisas em sua existência. Ela provoca a
partir do que se apresenta como mistério em seu encantamento a nossa mente o desejo de
saber do que foi, do que é e do que significará em seu provável estado do que será a coisa
em si.
2. O INCOMODO QUE PROVOCA A BUSCA PELA VERDADE
Como já citei de Severino (SEVERINO, 2007, pág. 19), “O homem não consegue
viver e existir apenas como um fato bruto, ele sente a necessidade inevitável de
compreender sua própria existência”, está inserida ao homem o incomodo ao que se tem
por satisfatório. Chauí (CHAUÍ, 2004, pág. 88), diz que “o desejo a verdade muito cedo
nos seres humanos...”; é com esse pensamento que ela afirma que, quando ainda criança, o
ser humano fica decepcionado com as mentiras dos adultos e frustrado com a inconsistência
de seu mundo de ilusão, a ponto de lhe provocar conflitos. Já como adulto, o ser humano
fica desiludido e decepcionado quando enfrenta determinadas situações as que lhe prove o
seu “saber adquirido, as opiniões estabelecidas e as crenças enraizadas na consciência...”
(CHAUÍ, 2004, pág. 89), isto lhe incomoda e faz-lhe sair a procura do verdadeiro de suas
opiniões.
Acredita-se que o querer verdade não é resultado do incomodo ao que se descobre
como tal, mas a necessidade de saber mais sobre ele, o objeto, como ser, e em suas partes
como variantes, dando explicações lógicas diante da interpretação que se tem dele, para
então, aplicar o seu significado à realidade. Não se diz do percebido: Não é real; mas o que
é real do que se percebe. Para entender melhor a colocação, vejamos o que diz Susana de
Castro, organizadora da obra Introdução à Filosofia (CASTRO, 2008, pág..189, 190):
Imagine que alguém considere que devemos aceitar uma crença como justificada
se ela for certa, ou seja, se não pudermos imaginar sequer uma situação em que
ela seja falsa. Esta tese é muito difícil de ser sustentada, pelo menos quando
falamos de crenças derivadas de nossos sentidos. Alguém que leu Descartes ou
que assistiu Matrix, por exemplo, é alguém que pode facilmente imaginar que é
possível que o mundo que nos rodeia seja, digamos, uma ilusão gerada por um
computador, por Deus, por um demônio zombeteiro ou o que o valha. Se este é o
caso, então boa parte de nossas crenças são falsas, aí incluídas crenças como “há
um livro diante de mim”. A despeito desta possibilidade, nós aceitamos, em
muitos casos, que a crença na presença de livros e outros objetos revelados por
nossos sentidos é aceitável; melhor dizendo, aceitamos que estas são crenças
justificadas. Nós não podemos ter certezas, no sentido mais forte do termo, da
verdade de crenças empíricas. Mas podemos estabelecer que justificação em
patamares menos elevados do que o da certeza é suficiente para tais e tais
propósitos... Por que aceitamos como justificadas crenças que não sabemos
certas? Bem, infelizmente porque a certeza está relacionada à verdade, e a
verdade é algo que de nós se esconde... Muitas vezes, aquilo que num
determinado momento acreditamos ser verdadeiro passa a ser considerado uma
falsidade, num instante posterior... Isto não quer dizer que “a verdade não
existe” (uma corruptela4 para “nenhuma de nossas crenças é verdadeira” nem
que nossas teorias não podem ser verdadeiras, nem que a verdade é relativa. Isto
significa que aquilo em quer cremos e a verdade não há conexão necessária.
Existe uma grande diferença em duvidar e não acreditar. A duvida deve está sempre
presente às nossas opiniões, idéias, teorias e etc., mas a incredulidade a que exista verdade
não pode fazer parte de nossas certezas. Seria incoerência, já que ter a certeza do que se
mostra não combina com a incredulidade ao que seja possível da verdade como sendo.
Jacob Bazarian (BAZARIAN, 1988, pág. 133), diz que:
O que existe em si na realidade não pode ser verdadeiro ou errado.
Simplesmente existe. Verdadeiros ou errados só podem ser nossos
conhecimentos, nossas percepções, nossas opiniões, nossos conceitos ou juízos a
respeito do objeto. Em outras palavras, verdadeiro ou errado pode ser apenas o
reflexo subjetivo da realidade objetiva.
Corruptela – Corrupção; aquilo que é capaz de corromper; abuso ou modo errado de falar ou de escrever.
Dicionário Prático ilustrado – Lello & Irmãos Editores - 1974
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A duvida sobre a verdade obtida não é o desgosto pelo que se sabe, mas a
necessidade de entender qual o verdadeiro do que se descobre e define como verdade, tanto
que, Descartes declarou que toda verdade obtida deve se submeter à medida de averiguação
da dúvida. Falando ainda de Descartes, citamos de Chauí (CHAUÍ, 2004, pág. 126, 127 e
128), em seu livro Convite à filosofia, o que ele e Bacon pensaram sobre o erro e o
verdadeiro. Vejamos:
Antes de abordar o conhecimento verdadeiro, Bacon e Descartes examinaram
exaustivamente as causas e as formas do erro, inaugurando um estilo filosófico
que permanecerá na filosofia, isto é, a analise das causas e formas dos nossos
preconceitos... Bacon elaborou uma teoria conhecida como a crítica dos ídolos (a
palavra ídolo vem do grego eidolon e significa “imagem”... A demolição dos
ídolos é, portanto, uma reforma do intelecto, dos conhecimentos e da
sociedade... Descartes localizava a origem do erro em duas atitudes que chamou
de atitudes infantis ou preconceitos da infância: 1. a prevenção, que é a
facilidade com nosso espírito se deixa levar pelas opiniões e idéias alheias, sem
se preocupar em verificar se são ou não verdadeiras... 2. a precipitação, que é a
facilidade e a velocidade com que nossa vontade nos faz emitir juízos sobre as
coisas antes de verificarmos se nossas idéias são ou não são verdadeiras... Essas
duas atitudes indicam que, para Descartes, o erro situa-se no conhecimento
sensível (Isto é, sensação, percepção, imaginação, memória e linguagem), de
maneira que o conhecimento verdadeiro é puramente intelectual, isto é, fundadas
apenas nas operações de nosso intelecto ou entendimento e tem como ponto de
partida ou idéias inatas (existentes em nossa razão) ou observações que foram
inteiramente controladas pelo pensamento... Descartes também está convencido
de que é possível vencer os defeitos no conhecimento, por meio de uma reforma
do entendimento e das ciências... Esta reforma deve ser feita pelo sujeito do
conhecimento quando este compreende a necessidade de encontrar fundamentos
seguros para o saber...
Associando ao texto citado faço menção da idéia de Descartes que diz: “Penso, logo
existo”, afirmando que o pensamento é a única verdade indubitável, ou seja, o pensamento
é a única coisa real a que se deva acreditar ser, e o que será deve ser a partir do que se
pensa com consciência e razão, já que mesmo duvidando do que se pensa é preciso pensar
que se duvida que pensa, então, continuaremos pensando em busca de entendimento ao que
se pensa sobre a coisa em na consciência do que foi construído como conhecimento pelo
que se observa e averigua do tal objeto da realidade.
René Descartes acreditava que a reforma deveria ser feita pelo sujeito do
conhecimento imediatamente a sua compreensão de quando deveria ter diante da sua
necessidade “de encontrar fundamentos seguros para o saber”. O incomodo que provoca a
busca da verdade acontece diante da necessidade que temos de certezas ao saber.
3. A BUSCA PELA VERDADE IMPEDE A DOGMATIZAÇÃO
É preciso ter cuidado para que as verdades descobertas, avaliadas e justificadas não
se tornem dogmas a nossa mente como definição das coisas a que não se deva contrariar.
Jacob Bazarian (BAZARIAN, 1988, pág. 94 e 95), diz que existem dois tipos de
dogmatismo: O ingênuo que diz da concepção do homem inculto, ou seja, aquele que
“ignora que o conhecimento é essencialmente uma relação entre o objeto um sujeito... pode
descambar facilmente para o misticismo e irracionalismo”; o outro dogmatismo que ele se
refere é o absoluto ou sistemático. Este, pode ser distinguido como racional e irracional.
Lemos dele que o dogmatismo racional e o dogmatismo irracional significam:
DOGMATISMO RACIONAL: Doutrina, segundo a qual podemos conhecer a
verdade absoluta diretamente por meios racionais, mas considera a razão
faculdade supra sensível, independente de toda a experiência, inexplicável
portanto pela experiência. Essa concepção do dogmatismo racional é encontrada
nas formas platônicas, aristotélicas, escolástica ou cartesiana: reminiscência das
idéias eternas, como em Platão; encarnação inteligível pura, como em
Aristóteles; a fé, razão derivada da inteligência incriada, como em S. Tomás... e
outras doutrinas em que a razão aparece sempre como verdadeira participação no
Absoluto... DOGMATISMO IRRACIONAL: ... pregam a possibilidade de
alcançar a verdade absoluta de modo direto por meios irracionais ou supraracionais, através da intuição...
Em Filosofando, Introdução à Filosofia, Maria Lucia e Maria Helena, (ARANHA e
HELENA 2003, pág.54 e 55), diz que “dogmatismo é a doutrina segundo a qual é possível
atingir a certeza”. Pode-se aplicar aos religiosos, aos fanáticos ideológicos, aos políticos e
etc. Lucia faz referencia ao pensamento de Nietzsche quando diz “as convicções são
prisões”. Enquanto estivermos atrelados as nossas opiniões, presos as aparências das coisas
em si, sem olhar para a essência delas por meio do intelecto, estagnaremos nossa intenção a
procura da verdade. Chauí (CHAUÍ, 2004, pág. 98), diz que a verdade:
... exige portanto que nos libertemos das opiniões estabelecidas e das ilusões de
nossos órgãos dos sentidos. Em outras palavras, a verdade sendo o conhecimento
da essência real e profunda dos seres é sempre universal e necessária, enquanto
as opiniões variam de lugar para lugar, de época para época, de sociedade para
sociedade, de pessoa para pessoa. Essa variabilidade e inconstância das opiniões
provam que a essência dos seres não está conhecida e, por isso, se nos
mantivermos nos planos das opiniões, nunca alcançaremos a verdade.
É preciso se libertar de toda da satisfação ao obtido como respostas as nossos
questionamentos. A satisfação a verdade obtida fará de nossas descobertas uma finalização
ao que se diz como doutrina. George Herbet (MEAD, 1938, pág.93.), deixa claro que não
encerramos nosso trabalho de busca a verdade por construir uma idéia sobre o objeto, pois
“A investigação cientifica não termina com os seus dados; ela se inicia com eles”.
Sócrates tinha desconfiança das opiniões e crenças em suas definições, não por ser
contrario as suas verdades, mas por querer mais verdades e o seu verdadeiro, pois na
definição da verdade como sendo indubitável, existe a possibilidade do erro de
dogmatizarmos o conceito com sendo do que não sendo o que de fato significa à realidade.
Questionar sobre o que definimos da busca do verdadeiro em suas partes, não
impede o seu significado do que é em si como tal, em espécie, forma e conceito.
Mas dizer do que, como verdade indubitável do que sabemos do que falta saber do
que ainda não descobrimos, é fazer do que dizemos ser, a medida do que ainda não
descobrimos em sua totalidade como ser.
Não podemos tornar nossas verdades sobre a coisa como infalíveis, enquanto não
soubermos de sua verdade total e inequívoca, em suas partes e variações como qualidades
verdadeiras do ser completo e de seu significado justificado à realidade que se revela.
Concluímos dizendo: falar sobre a verdade é tão relativo quanto saber o que de fato
representa o verdadeiro da verdade, mas saber acerca do que é verdade é tão necessário
quanto entender que as aparências não retratam o que é da realidade revelada. O saber não
será enquanto não for descoberto, ainda que a verdade seja enquanto não encontrada.
Se não houver evidencias sobre o que descobrimos não haverá entendimento de que
o fato é verdade em sua demonstração como definição ao que representa na realidade
revelada. Aristóteles5: “Procurar a prova de assuntos que já possuem evidencia mais clara
de que qualquer prova pode fornecer e confundir o melhor com o pior, o plausível com o
implausível e o básico com o derivativo”.
5
Física – Livro VIII – Cap. 03.
Verdade não é tão simples de dizer quanto uma opinião que se tem, pois como
conhecimento das coisas que significam o que são, será universal e necessária de poder a
permanência do que se define com tal.
Como diz a filosofia antiga, verdade é saber sobre a coisa em sua propriedade
estrutural, em sua relação com o outro como objeto da realidade e em sua qualidade como
essência necessária.
Sem verdade, se não a descobrimos, somos meros expectadores num mundo sem a
certeza das coisas como são em seu ser.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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Tradução – Vozes – Petrópolis – 1991.
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