bactérias fitopatogênicas exóticas

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PALESTRA exóticas.
Bactérias fitopatogênicas
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BACTÉRIAS FITOPATOGÊNICAS EXÓTICAS
Irene Maria Gatti de Almeida
Centro Experimental Central do
Instituto Biológico
Campinas - SP
E-mail: [email protected]
Atualmente, grande parte das espécies vegetais
cultivadas em um país provém do exterior, resultado
de séculos de intercâmbio de materiais, devido à
necessidade de se conseguir o máximo possível de
variabilidade genética; entretanto, existe um risco
muito grande da introdução simultânea de patógenos
exóticos.
A necessidade de se preocupar com a sanidade das
espécies vegetais importadas é clara pois, a introdução de um patógeno exótico junto com determinada
espécie vegetal não exclui a possibilidade de que ele
venha a se adaptar a outras culturas, tornando-se
portanto um risco potencial. O grande risco da introdução de patógenos exóticos é que não se pode prever o
comportamento e a adaptabilidade desses organismos
nessas novas áreas. Esses microrganismos podem,
portanto, causar desde prejuízos severos a praticamente nenhum dano perceptível, em função de práticas
de cultivo, condições ambientais, variabilidade
patogênica e variedades utilizadas. Na grande maioria
dos casos, os prejuízos causados obrigam a adoção
de métodos de controle, onerando os custos de
produção. Como normalmente os métodos químicos
de controle apresentam baixa eficiência e a
erradicação dificilmente é conseguida, esforços
devem ser, portanto, dirigidos para eliminar ou
restringir a possibilidade de introdução desses organismos no nosso país.
A introdução de um novo patógeno em uma
determinada área normalmente se dá por meio de
material vegetal (frutas, sementes, tubérculos,
mudas, estacas, gemas, etc.) infestado/infectado,
mesmo que aparentemente sadio. É importante
lembrar que existe também o risco de se introduzir
patógenos ainda não assinalados, existentes em
plantas nativas utilizadas para fins de melhoramento e cuja fitossanidade nem sempre é totalmente
conhecida.
Atualmente, são reconhecidos 26 gêneros de
bactérias fitopatogênicas, sendo que representantes
de muitos desses gêneros (incluindo espécies,
subespécies e patovares) já foram assinalados em
nosso país. Alguns desses patógenos são responsáveis por graves prejuízos econômicos, chegando a
constituir fator limitante à exploração comercial de
diversas culturas de importância econômica. Entretanto, diversas doenças de etiologia bacteriana e importantes economicamente, que ocorrem em outros
países, ainda não foram assinaladas no Brasil e sua
introdução em áreas indenes constitui uma ameaça
real.
É importante ressaltar que embora uma determinada bactéria fitopatogênica já esteja ocorrendo no
Brasil, a introdução de material vegetal no país
contendo esta bactéria deve ser evitada por causa da
variabilidade do patógeno.
Tabela 1 - Bactérias fitopatogênicas de importância econômica ainda não assinaladas no Brasil.
Patógeno
Doença causada
Principais
hospedeiros
Região/país
de ocorrência
Agrobacterium rubi
Candidatus Liberobacter asiaticum
Candidatus Liberobacter africanum
Clavibacter michiganensis
subsp. sepedonicus
Curtobacterium flaccumfaciens pv.
poinsettiae
Erwinia rhapontici
Galha
"Greening"
"Greening"
Podridão anelar
kalanchoe, rosa
Citrus spp.
Citrus spp.
batata
Europa, América do Norte
Ásia, Oceania
África, Oceania
Ásia, Europa, Américas
Queima bacteriana
bico-de-papagaio
Podridão do colo
cebola, jacinto
Erwinia amylovora
"Fire blight"
Rosáceas
Nova Zelândia, Inglaterra,
Estados Unidos
Europa, América do Norte,
Israel
Ásia, Europa, América do Norte,
América Central, Oceania
Biológico, São Paulo, v.63, n.1/2, p.45-47, jan./dez., 2001
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I.M.G. de Almeida
Cont. Tabela 1 - Bactérias fitopatogênicas de importância econômica ainda não assinaladas no Brasil.
Patógeno
Doença causada
Principais
hospedeiros
Região/país
de ocorrência
Erwinia cypripedii
Erwinia herbicola pv. gypsophilae
Erwinia tracheiphila
Podridão mole
Galha
Murcha bacteriana
orquídeas
cravo, rosa
cucurbitáceas
Leifsonia xyli subsp. cynodontis
Pantoea stewartii
Pseudomonas asplenii
Pseudomonas savastanoi pv.
savastanoi
Pseudomonas syringae pv. passiflorae
Pseudomonas tolaasii
Rathaybacter iranicus
Rathaybacter rathayi
Subdesenvolvimento
Murcha bacteriana
Mancha foliar
Galha aérea
grama bermuda
milho
asplenium
oliveira
Mancha oleosa
Pústula bacteriana
Gomose
Gomose
maracujazeiro
cogumelos
trigo
gramas e centeio
Rathaybacter tritici
Rhizobacter dauci
Rhizomonas suberifaciens
Rhodococcus fascians
Gomose
trigo e gramas
Galha
cenoura
Engrossamento de raiz alface
Fasciação
brássicas, aster,
begônia, cravo,
crisântemo, flox,
kalanchhoe, tagetis
"Stubborn"
Citrus spp.
África do Sul, Ásia, Austrália
Europa, Estados Unidos
Ásia, Europa, América do
Norte, América Central, África
Taiwan
Ásia, Europa, Américas (Brasil?)
Estados Unidos
Ásia, Europa, África, Oceania,
Américas (Brasil?)
África, Oceania
Ásia, Europa, Oceania
Irã
Ásia, Europa, América do
Norte
Ásia, África, Austrália
Japão
Europa, América do Norte
Europa, América do Norte, Irã
Spiroplasma citri
Xanthomonas arboricola pv.
celebensis
Xanthomonas axonopodis pv.
vasculorum
Xanthomonas campestris pv.
aberrans
Xanthomonas campestris pv.
armoraciae
Xanthomonas campestris pv.
musacearum
Xanthomonas cassavae
Xanthomonas oryzae pv. oryzae
Xanthomonas oryzae pv. oryzicola
Xanthomonas vasicola pv. holcicola
Xylella fastidiosa
Xylophilus ampelinus
Estria bacteriana
bananeira
África, Ásia, Europa, América do
Norte, Amé-rica do Sul (Brasil ?)
Ásia, Oceania
Gomose
gramíneas
Ásia, África, Américas (Brasil?)
Mancha foliar
brássicas
África do Sul, Alemanha
Mancha foliar
brássicas
Estados Unidos, Índia
Murcha bacteriana
bananeira
África
Necrose bacteriana
Crestamento
bacteriano
Estria bacteriana
Mancha foliar
mandioca
gramíneas
África
África, Ásia, Oceania, Américas
gramíneas
gramíneas
Mal de Pierce
Crestamento
bacteriano
videira
videira
Ásia, Oceania
África, Ásia, Oceania, Europa,
América do Norte,
América do Sul
Américas
África, Europa
No Tabela 1 estão relacionadas as bactérias
fitopatogênicas que ainda não foram assinaladas no
Brasil, e potencialmente prejudiciais à exploração
comercial de culturas de interesse econômico.
A ocorrência de Pantoea stewartii (sin. Erwinia
stewartii), Pseudomonas savastanoi pv. savastanoi (sin.
Pseudomonas syringae pv. savastanoi) e Spiroplasma citri,
apesar de terem sido relacionadas como já assinala-
Biológico, São Paulo, v.63, n.1/2, p.45-47, jan./dez., 2001
Bactérias fitopatogênicas exóticas.
das no Brasil, não foram comprovadas através de isolamento e caracterização do agente causal, nem por
confirmação de sua patogenicidade através dos
postulados de Koch (BRADBURY , 1986; P EREIRA &
ZAGATTO, 1968). Da mesma maneira, a constatação de
Xanthomonas axonopodis pv. vasculorum foi baseada
somente em sintomas e desde a década de 30 não há
mais registros de sua ocorrência.
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