economia criativa como ferramenta de valorização do produto

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ECONOMIA CRIATIVA COMO FERRAMENTA DE
VALORIZAÇÃO DO PRODUTO: UM ESTUDO
COMPARATIVO EM DOIS SITES DE VENDA
CREATIVE ECONOMY AS A PRODUCT ENHANCEMENT
TOOL: A COMPARATIVE STUDY OF TWO SALES SITES
Danielle de Souza Ribeiro
Edson Trajano Vieira
Viviane Fushimi Velloso
1
2
3
Resumo
Gradualmente a internet é um veículo e vitrine para expor ideias, bens e
serviços para compra e venda, e a maneira de como expor as informações pode
determinar a visibilidade do site para que o mesmo seja acessado pelos
consumidores. Este artigo propõe unir dois conceitos em expansão: a internet e
a Economia Criativa. Considera-se que economia criativa seja o diferencial
determinante para impulsionar a visualização em um site de venda. Para tanto,
este artigo tem como objetivo relacionar e comparar o meio de apresentação de
conteúdo de dois sites e de seus acessos e o quanto a exibição dos parâmetros
criativos e inovadores colaboraram para a visibilidade dos sites. Para isso, foi
realizada uma pesquisa descritiva, de abordagem qualitativa, com delineamento
bibliográfico e documental. A análise dos dados coletado demonstrou a
significativa superioridade de acesso para o site que adota os recursos
disponíveis e usa a criatividade para alavancar sua visibilidade e, assim, garante
sua permanência na internet, enquanto o outro apresentou acesso reduzido por
não seguir os procedimentos e não ter um diferencial para seu destaque.
Recebimento: 18/5/2016 # Aceite: 24/7/2016
Economista e mestranda em Gestão e Desenvolvimento Regional na Universidade de Taubaté. Email: [email protected]
1
Economista, Doutor em História Econômica e professor e pesquisador do programa de mestrado
em Planejamento e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté e do Centro Universitário
Módulo. E-mail: [email protected]
2
Jornalista, Doutora em Ciências da Comunicação e professora e pesquisador do programa de
mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté. E-mail:
[email protected]
3
Conclui-se, então, que a criatividade é uma ferramenta para incentivar a
visualização e, por consequência, o acesso em sites e para garantir uma posição
nas buscas de clientes.
Palavras-chave: Economia Criativa; Criatividade; Visibilidade; Impulsionar Vendas
Abstract
Gradually the internet is a vehicle and showcase to expose ideas, goods and
services for sale, and the way of how to expose the information can determine
the site's visibility for it to be accessed by consumers. This article proposes to
unite two concepts in expansion: the internet and Creative Economy. It is
considered that creative economy is, determining the differential to drive the
display in a retail site. Therefore this article aims to relate and compare the
means of two sites content delivery and its access, and how to display the
creative and innovative parameters collaborate to the visibility of the sites. For
this was made a descriptive, qualitative approach, bibliographical and
documentary design. Analysis of the data collected showed the significant
superiority of access to the website that adopts the available resources and uses
creativity to boost their visibility and thus ensure their permanence on the
Internet, while the other had reduced access for not following procedures and
not having a differential for your attention. It follows then that creativity is a tool
to encourage the display and therefore access to sites and secure a position in
customer search.
Keywords: Creative Economy; Creativity Internet; Visibility; Boost Sales
Acervo On-line de Mídia Regional, ano 16, v. 11, n. 2, p. 18-33, jul/dez. 2016
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Introdução
A fonte do conhecimento nunca se esgota, há sempre uma nova maneira
de ver as coisas, assim como existe sempre outra forma de fazê-las. A arte de se
reinventar é uma característica do ser humano que busca encontrar um viés
diferente para todo o conceito já abordado. Dessa forma, a economia criativa
pode ser entendida como a capacidade de gerar riqueza a partir do
conhecimento intelectual associado à criatividade, assim como uma nova forma
de atingir um valor comercial por meio de ideias inovadoras (HOWKINS, 2013).
Para a Firjan (2010) - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro a economia criativa pode se enquadrar nas seguintes categorias: arquitetura e
engenharia; artes em geral; artes cênicas; biotecnologia; design; expressões
culturais; filme e vídeo; mercado editorial; moda; música; pesquisa e
desenvolvimento; publicidade; software, computação e Telecom, e televisão e
rádio. Dentre esses 14 seguimentos, abordar-se-á computação e
telecomunicação no que se refere à internet e a seu meio de divulgação para
aumentar a visibilidade em sites.
Conforme Vieira, Santos e Carniello (2016), o processo criativo é formado
pela criação, produção e distribuição dos produtos e serviços. Tem como
principal diferencial a utilização do capital intelectual voltado para a criatividade.
Considerado um setor em crescimento e em processo de exploração, apresenta
um bom incentivo salarial e profissional, uma vez que cria possibilidades
inéditas no âmbito trabalhista, além de contribuir para a inclusão social e
cultural.
Nesse contexto, este artigo tem como objetivo relacionar e comparar as
impulsões de visualização em dois sites, a partir da observação da criatividade
no uso dos recursos utilizados para montagem e divulgação de seus conteúdos.
O estudo torna-se importante por apresentar formas alternativas de se obter
destaque no mercado online, sem que o principal fator seja o valor financeiro,
mas sim, o valor racional e empreendedor. Dessa forma, procura-se elevar o
conceito empreendedorismo, conhecimento intelectual e a maneira de
condução do negócio online, um tema que se evidencia como fator de
desenvolvimento.
O artigo será dividido em cinco partes, sendo a primeira o referencial
teórico sobre o conceito de economia criativa, sua evolução no mercado
brasileiro, o ambiente da economia criativa e a sua relação com a internet. Em
seguida, será apresentado o método sobre os procedimentos para elaboração
do estudo. Na parte seguinte, será apresentada a contribuição da economia
criativa em um site de vendas a partir da originalidade. Como desfecho, as
considerações finais da pesquisa apresentarão as contribuições da economia
criativa, suas ferramentas e articulações para expor e aditar as visualizações e
acesso nos sites estudados.
Referencial teórico
Breviário da Economia Criativa
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Para Oliveira, Araújo e Silva (2013), o conceito de economia criativa teve
seu destaque no de 2000 e ainda mais forte com sua participação na
responsabilidade política na Secretaria de Economia Criativa no Ministério da
Cultura (SEC/MinC).
Por ser um tema corrente, seu conceito ainda está em formação; segundo
Howkins (2001), economia criativa é a equação entre a criatividade, o simbólico
e a economia. Pode-se dizer que se trata de uma atividade econômica que
contempla o conteúdo simbólico e tem como criatividade o motor mais
importante para gerar bens e serviços. Considera-se, pois, que a economia
criativa cresce a um nível maior que o restante da economia, pois produz uma
diversificação em suas atividades, uma vez que não depende de local, época,
tecnologia, tudo pode ser inovado e renovado (HOWKINS, 2001).
Os autores Oliveira, Araujo e Silva (2013) listam as contribuições que a
economia criativa pode oferecer a termos sociais: i) paga-se melhores salários;
ii) gera empregos de melhor qualidade; iii) proporciona elevado nível de
satisfação; iv) promove a inclusão social. Além disso, o conceito de criatividade,
para Oliveira, Araújo e Silva (2013), permite a classificação em três áreas, como
apresentado a seguir:
 Criatividade Artística: novas maneiras de compreender o mundo, com
comunicação via desenho, texto e imagem, imaginação e originalidade
sempre presente.
 Criatividade Científica: procura respostas para questões ainda não
decifradas, lida com a curiosidade e o anseio por novidades.
 Criatividade Econômica: sede por privilégios por meio de inovação à
tecnologia, utiliza o marketing e o âmbito empresarial.
Conforme Hui (HUI et al, 2005), não é simples entender a relação de
criatividade com crescimento econômico, para isto é necessário entender a
comunicação de quatros tipos de capital, são eles: social, cultural, humano e
estrutural. A partir desta interação, origina-se o capital criativo e toda sua
consequência na sociedade. Conhecido como modelos dos 5C’s, sustenta-se
com cinco pilares: capital humano, tecnologia, ambiente institucional, ambiente
social e diversidade.
Assim, a definição de criatividade, para Hui (HUI et al, 2005), considera a
valorização de coisas criadas, ligadas e modificadas a partir de ideias. Tal
descrição pode ser exemplificada na Figura 1:
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Figura 1: Modelo dos 5C’s
Fonte: Hui et al, 2005.
Contudo, Levinton e Hofmann (2002) denominam a Economia Criativa
como Indústria Criativa, embora seja um tema recente, categorizam os termos
da economia criativa como arte, mídia, arquitetura etc. tendo com principio
básico o potencial intelectual:
A economia criativa é um conceito em evolução baseado em ativos
criativos que potencialmente geram crescimento e desenvolvimento
econômico. Ela pode estimular a geração de renda, a criação de
empregos, ao mesmo tempo em que promove inclusão social,
diversidade cultural e desenvolvimento humano. Ela abraça aspectos
econômicos, culturais e sociais que interagem com objetivos de
tecnologia, propriedade intelectual e turismo. É um conjunto de
atividades econômicas baseadas em conhecimento com uma dimensão
de desenvolvimento e interligações cruzadas em macro e micro níveis
para a economia em geral. É uma opção de desenvolvimento viável que
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demanda respostas de políticas inovadoras e multidisciplinares, além de
ação interministerial. No centro da economia criativa, localizam-se as
indústrias criativas (UNCTAD, 2010, p. 40).
Segundo Florida (2011), o processo de mudança que acontece na
sociedade dá-se de forma progressiva e a principal mudança é a busca da
sociedade pela criatividade, a capacidade de inovar, de fazer diferente, de olhar
por outro viés. Assim, as transformações aplicadas à economia influenciam o
sucesso dos setores, sejam quais forem, uma vez que a criatividade, com base
em Florida (2011), não tem segmento definido, é multidimensional.
Isso interfere na forma como as pessoas são reconhecidas e deixam de
prevalecer alguns rótulos, sejam pelo país de origem, pelas amizades ou pelo
local de trabalho. O sentido de identidade agora é outro, busca-se fazer sua
própria personalidade, embasado em preferências, atitudes e pensamentos e,
então, forma-se uma comunidade, pessoas com a mesma visão, mesma
similitude (FLORIDA, 2011).
O Ambiente da Economia Criativa
Com o crescimento do interesse por economia criativa, o mercado torna-se
cada vez mais competitivo. Nesse sentido, para que as empresas obtenham seu
diferencial, o objetivo dinâmico desse cenário, no qual a determinante de
sucesso ou fracasso deixa de ser o capital, evidencia-se pela capacidade de
fazer, gerar e consolidar riqueza através de ideias de valor (NONAKA e
TAKEUCHI, 2008).
Pode-se considerar que a economia criativa possui três aspectos que
podem ser abordados a seguir, segundo UNCTAD (2010), e são eles:
 Aspectos Econômicos: todo produto e serviço proveniente da economia
criativa beneficia diretamente a economia nacional, pois gera receita,
crescimento, inovação e desenvolve o local em que é praticada. Ainda
não se sabe ao certo exatamente o tamanho da contribuição em um
país, por exemplo, pois seu crescimento e diversidade são exponenciais
e o próprio governo não possui uma forma de categorizar e mensurar
tal fato, sendo a principal medida a participação no Produto Interno
Bruto (PIB).
 Aspectos Sociais: a economia criativa impacta diretamente a geração de
emprego, apesar de exigir uma alta capacidade intelectual e
qualificação na mão de obra, contribui para as mais diversas áreas da
indústria criativa, o que garante a satisfação dos trabalhadores que se
aventuram neste novo segmento. Outro ponto é a inclusão social que a
economia criativa dispõe ao poder interagir com a comunidade com
estímulos, motivação e habilidades, exemplos práticos seriam oficinas
de artesanatos, artes e literatura nas escolas.
 Aspectos Cultuais: está diretamente ligado a valores e tradições locais.
Com a economia criativa, gera-se um valor econômico neste conceito, e
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é a partir da cultura que a indústria criativa cria forma e se alastra,
consolidando suas contribuições.
Sendo assim, a principal essência da Economia Criativa é a criatividade,
esta que deve ser gerida como uma sequência de atitudes inovadoras, seja
individual, em grupo, dentro ou fora da organização e cultura. Porém, a prática
das regras e burocracias da sociedade empresarial dificulta a configuração de
um ambiente mais propício à criatividade. A carga horária trabalhista, a
competência do funcionário, medida pela hora que trabalha, se chega cedo e
sai tarde, em vez de ter seu reconhecimento por produtividade, limita a
criatividade, que não tem hora marcada para aflorar (KLAUS, PINHEIRO e BESSI,
2015).
Nesse sentido, a criatividade e a economia, em determinados conceitos e
posturas, tornam-se exclusivas. Porém, cabe ao administrador coordenar essa
questão, criando ambientes e condições para que essa prática de união possa
ocorrer. Só é possível compreender a administração da criatividade quando se
entende a economia da criatividade pelo sentido da capacidade intelectual do
indivíduo.
Dessa forma, o processo criativo auxilia na passagem de informação de
uma base à outra, expressões criativas têm maior facilidade nas intermediações,
por exemplo, comerciais, e provoca ainda maior interação social, se ligado ao
conhecimento pessoal (KLAUS, PINHEIRO e BESSI, 2015).
A atualidade da Economia Criativa no Brasil
Segundo Rodrigues e Reschke (2015), o Brasil alcançará a marca de 1
milhão de empregos formais relacionados à Economia Criativa, tais como
arquitetura, artes, engenharia, moda, gastronomia, o que significa um
crescimento de 90% em relação a dez anos anteriores. Isto se dá ao
reconhecimento deste novo setor que tem como principal característica a
criatividade como forma de informação e renda. Vale lembrar que a economia
criativa sempre existiu, mas nunca foi reconhecida com seu real valor e
importância para a economia do país. Há uma participação no PIB de cerca de
126 milhões de reais em 2013, um aumento de 76% em relação a 2004. E ainda
há espaço para pessoas que quiserem se aventurar neste setor de extrema
expansão.
Ainda, segundo as mesmas autoras, o grau de escolaridades dos
profissionais criativos é elevado a nível universitário e sua renda média é de R$
5.400, em comparação com os R$ 2.100 da remuneração nacional. O
empreendedorismo está totalmente ligado a esta nova fase, o indivíduo deve
empreender, pois precisa se reinventar a todo momento.
A seguir, o Gráfico 1 mostra os estados brasileiros que mais oferecem
vagas de emprego na área de Economia Criativa.
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Gráfico 1: Estados que mais empregam trabalhadores criativos
Estados que mais empregam Trabalhadores Criativos
CE
21000
DF
22000
PE
24000
BA
SC
PR
RS
MG
RJ
29000
44000
50000
58000
78000
107000
348000
SP
Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da revista Você S/A, 2015.
Nota-se que São Paulo tem folga neste ramo, com 348.000 vagas, mais que
o dobro do segundo colocado que é Rio de Janeiro, com 107.000, seguido de
Minas Gerais, com 78.000 e Rio Grande do Sul, com 58.000. O estado com
menos demanda para a economia criativa é o Ceará, com 21.000 oportunidades.
A seguir, na Quadro 1, podem-se observar as principais competências que
o profissional deve ter e obter sugestões a respeito de como ele pode
desenvolvê-las:
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Quadro 1: Habilidades Essenciais, as principais competências das atividades
criativas e como desenvolvê-las
Característica
TALENTO
CONEXÃO
DISCIPLINA
COLABORAÇÃO
INICIATIVA
FLEXIBILIDADE
Por quê
Talento como formação e a exploração
de um repertório de conhecimento
Na economia criativa, o trabalho é
normalmente uma construção coletiva
na qual profissionais unem talentos
diversos para concluir um projeto. A
internet é um mercado global
Em um projeto criativo, que reúne
diversas contribuições, gestão de
tempo e de dinheiro são fundamentais
A troca de informações é fundamental.
A criatividade aumenta quanto mais se
trocam experiências. Nem toda troca
deve pressupor dinheiro ou lucro:
ajudar faz parte dessa carreira
Pense como empreendedor. Esse é um
mercado em que pequenas e médias
empresas predominam
A instabilidade da demanda faz parte
da carreira criativa. O profissional se
defronta com o trabalho por projetos e,
em muitos casos, pela informalidade.
Como fazer
Identifique seu talento
Conecte-se: Na rede, há
cesso para fornecedores e
clientes
que
viabilizam
compra e venda de produtos
e serviços
Exercite a capacidade de
organização
Aprenda a trabalhar em
equipe e com profissionais
de diferentes formações
Encontre
maneiras
de
transformar
seu
conhecimento num produto
e ou serviço novo e útil para
a sociedade
Liberte-se, o profissional
dessa área deve ser como
um freelancer
Fonte: Elaborado pela autora, com base em Você S/A, 2015.
A Internet e a Economia Criativa
De acordo com Silva (2008), as Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC) foram determinantes para a evolução da economia criativa no que tange
ao acesso e à propagação da Internet (comercialização dos bens e serviços).
A Internet é uma vitrine de ideias e talentos que são vendidas em nível
mundial, são indústrias criativas online, às quais qualquer pessoa com um
computador e internet podem ter acesso, pesquisar, comparar, comprar e
negociar. O acesso é direto, não há intermediadores de vendas, cada indivíduo
com sua respectiva criatividade pode criar seu produto ou serviço e
imediatamente disponibilizar na rede e ter seu reconhecimento e popularidade.
A partir disso, inicia-se um processo de profissionalização, pois indivíduos
começam a se especializar em seu negócio, movimentando a internet e
contribuindo para a economia, deixam de ser iniciantes e passam a se tornar
capacitados profissionais (NICOLACI-DA-COSTA, 2011).
Segundo Schuelter (2014), quando uma empresa decide comercializar seus
produtos ou serviços na internet, é necessário criar um site e este deve ter
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algumas informações importantes para que tenha sucesso. A primeira parte é
saber responder aos seguintes questionamentos:
 Qual o principal objetivo para minha empresa ter um site?
 Meus concorrentes se posicionam de que forma na internet?
 Qual é o resultado esperado de um site para meu negócio?
 Existem atividades que são feitas no dia a dia e que poderiam ser
aprimoradas ou automatizadas com um site?
A partir das respostas, é possível compreender os mecanismos e recursos
da internet que serão utilizados, como apresentado no Quadro 2:
Quadro 2: Definição de Estrutura de Site
TÉCNICAS
DADOS
INSTITUCIONAIS
ESTRUTURA
Para se ter credibilidade, é
necessário o maior número de
informações da empresa
Considerada a parte mais importante,
é a descrição do produto a ser
comercializado.
PRODUTOS E
SERVIÇOS
BLOG
Canal alternativo de Informação, cria
mais acesso e é possível publicações
de artigos constantes
Tenha um espaço no site para
cadastro de currículo
TRABALHE
CONOSCO
CONTATO
OPT-IN DE E-MAILS
REDES
SOCIAIS
SITE RESPONSIVO
CMS - SISTEMA
DE GESTÃO DE
CONTEÚDO
Expor os meios de contatos que são
possíveis para a obtenção de
atendimento
Ter um campo exclusivo para e-mail
Interatividade com o cliente criando
conteúdo e valor ao site mantê-lo
sempre atualizado
Ter outras formas de acesso e não
ficar engessado à visualização no
computador
Ter um sistema para gerenciar os
acessos, vendas e até mesmo
possíveis vendas.
EXEMPLO
Razão Social; CNPJ; Endereço; Telefone;
E-mail; Contato; Prêmios; Quadro de
Funcionários, Etc.
Detalhamento de informações,
boas fotos e vídeos como ilustração.
Destaque para acesso a informações,
ex: Tel, chat, formulários
Blog do Site
Torna-se ágil a captação de currículos,
caso seja solicitado. Criar um mural de
vagas também é interessante
Telefone, Skype, Endereço, E-mail,
Mapa de Localilzação, Etc
O cliente poderá efetuar um cadastro
sem compromisso, interessante para
enviar as newsletter
Facebook, Google+, Instagram, Etc
Dispositivos Móveis, como Smartphone
e Tablet
Mais utilizado: WordPress
Fonte: Administradores, 2014.
Método
Com o objetivo de comparar a influência da economia criativa em cada um
dos sites analisados, este trabalho apresenta natureza explicativa, pois foi feito
um estudo com registros e interpretações dos fenômenos técnicos, originados
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na pesquisa de abordagem qualitativa com conceitos teóricos de autores
renomados da área a fim de descrever e explicar o estudo.
O delineamento da pesquisa é bibliográfico por se remeter a livros e
artigos com o intuito de propor o embasamento teórico entre os autores, é
também documental por utilizar documentos derivados do site Google Analytcs,
que possibilitou o acesso a relatórios dos sites e, assim, conciliar e concluir o
estudo.
Resultados e discussão
Dois sites serão abordados por possuírem comercialização do mesmo
seguimento e estão online praticamente ao mesmo tempo (diferença de 3
meses). Será apresentado o site Z (início de suas atividades em 01 de fevereiro
de 2012) e o site I (início de suas atividades em 5 de maio de 2012), ambos com
foco em produtos de automação comercial com venda exclusiva online,voltada
para o consumidor final.
São expostos alguns fatores que comprovam a relevância e o alto nível de
acesso de um dos sites em relação ao outro, devido à abordagem de
informações como: nome do site, fácil visualização de informações relevantes,
ilustração com figuras, atualização constante nas redes sociais e blogs, recursos
como chat para aumentar o acesso ao atendimento. Dentre eles, vale destacar o
primeiro recurso, pois foi o responsável por maior destaque.
Apresentar-se-á, no período de um ano, a trajetória dos sites, e é possível
comprovar sua qualidade ou deficiência. Para isso, foi utilizada ferramenta do
Google que permite analisar sua a evolução: Google Analytics.
Logo no primeiro mês de operação do site, é visível a diferença de acesso
entre ambos (diferença de 1.888 visitantes). O site Z teve 80% a mais de acessos
do que o site I. A diferenciação se manteve, se comparado ao período de um
ano, enquanto o site Z teve o total de acesso de 75.998, o site I não representa
nem 10%, no total de 7.127.
Na tabela 1 são apresentados os dados dos dois sites, que demonstram a
diferença de qualidade e capacitação de novos clientes:
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Tabela 1: Comparativo por Categoria dos Sites Z e I
CATEGORIA
Site Z
Site I
1. Total de visitas no primeiro mês de
existência
2. Total de visitas no período de um ano: ago
de 2014 a ago de 2015
3. Total de visita para o site derivada de
pesquisa pelo Google
4. % de Tráfegos derivados de pesquisa
2.334
446
75.998
7.127
61.759
4.733
81%
66%
5. Novos visitantes
56.548
3.353
6. % de Novos visitantes
74%
47%
Fonte: Google Analytics. 2015.
A terceira categoria é a mais importante, pois representa os visitantes que
acessaram o site após procura por produto pelo Google, ou seja, o indivíduo
digita uma palavra na busca e o site aparece como opção para acesso; isso,
além de fortificar o site, oferece ao cliente a primeira chance de compra.
Comparando ambos os sites, a maior taxa, com 81% das pesquisas convertidas
em acesso, fica com o site Z, ao mesmo tempo em que o site I obtém 66% das
conversões de pesquisa em acesso.
Outra categoria interessante é a captação de novos clientes, percebe-se
que, no site Z, houve o acesso de 56.548 novos clientes, uma representação de
74% novos acessos de visitantes diferentes, enquanto o site I teve 47% de novos
acessos, representando um total de 3.353 no período de um ano.
No período de um ano, é possível perceber a sazonalidade e os meses que
têm maior captação de acesso e, assim, analisar os efeitos das decisões
tomadas. No próximo gráfico, pode-se ter como base o acompanhamento no
período de um ano do site Z.
O Gráfico 2 apresenta a baixa sazonalidade entre os meses, o que garante
ao site uma boa posição, visto que é bem frequentado. Teve como pico o mês
de dezembro, com 7.327 acessos. Esse fato pode ser uma consequência de final
de ano, época em que as empresas estão propensas a gastar mais e cumprir
com seu planejamento financeiro; há ainda a percepção de recebimento do
governo com verba a ser liquidada. Os menores acessos estão entre os meses
de janeiro (4.457) e fevereiro (4.765). Usualmente, em começo de ano, os
acessos são menores por conta de recessos e férias coletivas, empresas e
órgãos públicos estão iniciando seus planejamentos, retardando a procura por
sites de compras.
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Gráfico 2: Acompanhamento de Acesso ao Site Z
Fonte: Google Analytcs, 2015.
No Gráfico 3 podem-se observar os acessos ao Site I. A baixa de acessos se
mantém no mesmo parâmetro, com sua baixa nos meses de dezembro e
janeiro, sendo o menor este último, com 269 acessos.
Gráfico 3: Acompanhamento de Acesso Site I
Fonte: Google Analytcs, 2015.
É interessante observar que, mesmo o mês com maior acesso do site I, é
quase 5 vezes menor do que o mês de menor acesso do site Z. A diferença
entre os melhores meses entre o site Z e o site I é de quase 8 vezes maior,
7.327 e 951, respectivamente.
De forma geral, é nítida a diferença entre os acessos entre ambos os sites,
e isto se dá principalmente pela estrutura e informação que cada um se dispõe a
fornecer. Isso pode ser observado através da comparação feita, confrontando-se
as estruturas dos sites, ilustrado na tabela a seguir:
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Quadro 3: Comparação de Estrutura entre os Sites Z e I
TÉCNICAS
DADOS INSTITUCIONAIS
PRODUTOS E SERVIÇOS
BLOG
TRABALHE CONOSCO
CONTATO
OPT-IN DE E-MAILS
REDES SOCIAIS
SITE RESPONSIVO
CMS - SISTEMA
DE GESTÃO DE CONTEÚDO
SITE Z
SIM
COMPLET
O
SIM
NÃO
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SITE I
INCOMPLETO
INCOMPLETO
NÃO
NÃO
INCOMPLETO
SIM
INCOMPLETO
SIM
SIM
Fonte: Elaborado pelos autores.
O site Z não tem apenas um dos indicativos considerados essenciais para
ser ter um bom site, enquanto o site I tem apenas três técnicas das nove, motivo
pelo qual o acesso a ele e o interesse dos internautas é menor, se comparado
ao seu concorrente.
Considerações finais
A busca pelo sucesso e permanência no mercado é o objetivo de toda
empresa que tem seus ganhos a partir da comercialização de bens e produtos. A
concorrência está cada vez mais acirrada, por isso, a busca em fazer algo
inovador torna-se necessário para que seu propósito seja válido.
A inovação, atrelada à criatividade com ênfase em comercialização
econômica, é premissa da economia criativa que, neste estudo, é abordada
como fator ‘xis’ no comportamento de um dos dois sites de venda online. O
objetivo do estudo foi confrontar e contrastar as decisões criativas aplicadas aos
sites e analisar suas consequências no que tange à visualização e ao acesso por
parte dos clientes. Isso fica evidente na comparação entre o site Z e o site I,
sendo que este primeiro segue praticamente todos os itens do check-list de um
site propício, além de ter um motivo de destaque neste grande salto de
visualizações: o nome do site está totalmente ligado à busca que os indivíduos
fazem na internet.
Desse modo, automaticamente, o Google entende que o que o cliente
busca no site, apenas pelo fato de pesquisar uma só palavra, por uma
estratégia, é a mesma da loja online. Esse fato é caracterizado como uma ação
da economia criativa, pois potencializa e beneficia a estrutura do site,
proporcionando maior visibilidade e, por consequência, venda, em que 81% dos
clientes que trafegam no site encontraram o que foi pesquisado, isto se
converte em acesso e, por sua vez, em garantia de um site procedente e
capacitado para ocupar as primeiras posições de pesquisa.
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Enquanto o site I possui um nome qualquer, sem vínculo nenhum com o
nome de produto ou marca, além de não seguir os conceitos estabelecidos
como vitais para a prospecção de clientes e acessos, a percepção e conclusão
dos sites são ostensivas: o site Z possui mais visibilidade e, por consequência,
mais acessos, pois, além de ter uma marca de originalidade em seu nome que
contribui para seu posicionamento, tem todos os atributos a seu favor como, por
exemplo, blog, informações cadastrais completas, mapa indicando sua
localização, contato fácil e rápido, entre outros. De outro lado, o site I está na
contramão em não ter nem 50% dos requisitos básicos de um site apropriado,
pois não tem nenhuma singularidade que possa fazer a diferença e, dessa
forma, contribuir para a sua disseminação.
Referências
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