Petrobras foi alvo de espionagem do governo americano

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Petrobras
espionagem
americano
foi
do
alvo
de
governo
Por Roberto Kaz
Além da presidente Dilma, estatal aparece em slides da agência de
segurança dos EUA
Documentos sigilosos obtidos pelo ex-agente da CIA Edward
Snowden contradizem versão da Casa Branca de que serviço de
informações não atuava na área econômica; material ensinava a
espionar redes de computador
Novos documentos divulgados ontem pelo “Fantástico” revelam
que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA)
usou seu aparato para levantar informações sobre a Petrobras.
Os arquivos, entregues pelo ex-agente da CIA Edward Snowden ao
jornalista Glenn Greenwald, contradizem a versão da Casa
Branca, divulgada na semana passada, de que ela “não se engaja
em espionagem econômica em qualquer área”. A maior empresa
brasileira é citada como alvo em slides, com data do ano
passado, que fazem parte de um tutorial para ensinar agentes a
espionar redes privadas de computador. Não é possível saber
pelos documentos em que tipo de informação a NSA estava
interessada ou se ela efetivamente conseguiu acesso a dados da
Petrobras. Na semana passada, a presidente Dilma já havia
cobrado de Barack Obama explicações sobre a espionagem a seus
telefonemas e e-mails, e ele prometeu esclarecer o caso.
Petrobras na mira
Maior empresa do país foi alvo de espionagem da Agência
Nacional de Segurança dos EUA
A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) usou
seu aparato de espionagem para levantar informações sobre a
Petrobras. A denúncia foi feita ontem no “Fantástico” pelos
repórteres Sonia Bridi e Glenn Greenwald, a partir de
documentos vazados pelo ex-agente da CIA Edward Snowden,
atualmente exilado em Moscou. Os documentos todos sigilosos
jogam por terra o argumento do governo americano de que a NSA
se dedica exclusivamente a combater o terrorismo. Na semana
passada, a agência declarou ao jornal americano “The
Washington Post” que “não se engaja em espionagem econômica em
qualquer área” O que se vê, a partir dos documentos inéditos
que contêm ao menos quatro vezes o nome da Petrobras é que a
alegação era falsa.
Um dos dados divulgados por Glenn Greenwald é um tutorial de
Power Point do progama Royal Net, datado de maio do ano
passado. Serviu para ensinar agentes da própria NSA a espionar
redes privadas de computador normalmente usadas por governos,
empresas e instituições financeiras, justamente para tentar se
proteger de invasões externas. O nome da Petrobras — maior
empresa do país, que tem um faturamento anual de R$ 280
bilhões — aparece em um dos primeiros slides, sob o título
“Muitos de nossos alvos usam redes privadas”
Os documentos não mostram exatamente que tipo de informações a
NSA buscava, mas é possível supor que tivessem a ver com
tectonologia e campos de petróleo do pré-sal. O leilão do
campo de Libra, agendado para o próximo mês, na Bacia de
Santos, será o maior já realizado no país. Roberto Villa, exdiretor da Petrobras, declarou ao “Fantástico” que “se alguém
dispõe dessa informação, ele vai numa posição muito melhor no
leilão. Ele sabe onde carregar mais e onde nem carregar. É um
segredinho bóm”
Invasão a dados bancários
A empresa brasileira, no entanto, não foi a única a ter seus
dados espionados. Curiosamente, o Google que, assim como a
Microsoft, colaborou com a agência americana também aparece na
lista como um dos alvos. Outros foram o Ministério das
Relações Exteriores da França e o sistema Swift a cooperativa
que reúne mais de dez mil bancos de 212 países e regula as
transações financeiras por telecomunicações. Qualquer remessa
de recursos entre bancos que ultrapassa fronteiras passa pelo
Swift até então visto como um sistema inviolável.
Além do Royal Net, a NSA contava com outros dois programas
para interceptar informações de empresas privadas: Flying Pig
e Hush Puppy. Na verdade, estes programas complementares foram
desenvolvidos pela GCHQ (Government Communications
Headquarters), a agência britânica de informação. (A
Inglaterra faz parte, junto com Austrália, Canadá e Nova
Zelândia da rede “Five Eyes” de países aliados aos Estados
Unidos na espionagem).
Uma apresentação em Power Point da GCHQ encontrada entre os
documentos da NSA mostra que o Flying Pig e o Hush Puppy
monitoram as redes privadas por onde trafegam informações
supostamente seguras. Essas redes, conhecidas pela sigla
TLS/SSL, são espécies de túneis protegidos na internet, usados
para trocar dados entre um ponto remoto (como um caixa
eletrônico) e a sede de um banco. A apresentação explica que
as informações são interceptadas através de uma ação conhecida
como “Man in the Middle” (homem no meio). Os dados que
trafegam pela rede são desviados para a central da NSA, em
Utah, antes de chegar ao destinatário, em qualquer canto do
mundo. Outro slide do documento cita os resultados obtidos: “O
que nós encontramos? “Redes de governos estrangeiros,
companhias aéreas, companhias de energia, organizações
financeiras”
Na semana passada, o “Fantástico” havia noticiado que a NSA
espionou a presidente Dilma Rous-seff. Na última quinta-feira,
durante encontro do G20 em São Petesburgo, na Rússia, Dilma
cobrou explicações do mandatário americano, Barrack Obama,
alegando estar cansada de receber informações pela imprensa.
Obama prometeu uma resposta objetiva até a próxima quartafeira. Procurado pelo GLOBO para falar sobre os documentos que
sugerem a espionagem à Petrobras, o jornalista Glenn Greenwald
declarou:
“Não é surpresa, já que a grande maioria da espionagem que o
NSA faz não tem nada a ver com terrorismo. Terrorismo é só a
desculpa que os Estados Unidos usam usa para fazer tudo que
eles querem fazer. Eles usam essa sistema para fazer
espionagem contra inocentes, governos aliados, e muitas
empresas grandes.”
Em junho, Greenwald havia publicado, no GLOBO, que a agência
americana espionara emails e telefonemas de brasileiros, além
de ter instalado uma base de coleta de dados dentro de
edifícios consulares americanos, em Brasília. Na semana
passada, a CPI que investiga a espionagem americana pediu
proteção especial ao jornalista e seu companheiro, que moram
no Rio. A visita de Dilma a Washington, agendada para o
próximo mês, tem gerado dúvidas.
Procurada pelo “Fanástico” para comentar as denúncias, a NSA
respondeu, por meio de sua assessoria, que não usa “nossa
capacidade de espionagem internacional para roubar segredos
comerciais de companhias estrangeiras para dar vantagens
competitivas a empresas americanas” Já o ministério da
Relações Exteriores da Inglaterra e a embaixada britânica em
Brasília alegaram não comentar assuntos relacionados a
inteligência.
FONTE: O Globo
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