o que podemos aprender do debate entre neodarwinista e os

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Vol. 6 fevereiro-julho - 2015 - ISSN 2317-4838
O QUE PODEMOS APRENDER DO DEBATE ENTRE NEODARWINISTA E OS
DEFENSORES DA TEORIA DO DESIGNE INTELIGENTE
Camila De Oliveira Sá1
Marco Antônio Barroso2
Mauro Bruno Da Silva Lacerda3
Christiano Demétrio de Lima Ribeiro4
Resumo: O presente projeto tem a intenção de, a partir da discussão gerada pela teoria da
evolução desenvolvida por Charles Darwin, demonstrar como o discurso científico pode
extrapolar os limites que o senso comum lhe atribui, caindo em uma espécie de dogmatismo
de tipo religioso. Como objeto de nossa pesquisa teremos o debate entre os neodarwinistas
e os adeptos da Teoria do Design Inteligente (TDI).
1 Introdução
A querela entre os neodarwinistas e os defensores da TDI se fundamenta em
lacunas, ou proposições filosóficas subentendidas, encontradas na própria obra de
Charles Darwin. Ao tratar da questão do “Deus Natureza” na ciência moderna, acentua
HOOYKAAS (1998, p.38)
No século XIX, Darwin se referiu à seleção natural da mesma
maneira antropomórfica, afirmando por exemplo, que ‘a seleção
natural escolhe, com infalível habilidade, as melhores
variedades’, de tal forma que o geólogo Charles Lyell sentiu-se
na obrigação indagar-lhe se ele não estaria deificando demais a
seleção natural.
No livro A origem das Espécies, Darwin defende que os organismos passam
pelo processo evolutivo que é determinado pelas condições às quais os indivíduos
são submetido. Segundo o naturalista, todas as espécies por mais adaptadas que
estejam tem seu crescimento limitado por diversos fatores, como por exemplo, a
escassez de alimento, a luta pelo espaço, agentes patogênicos que podem levá-los a
morte, entre outros:
Tudo que podemos fazer é ter sempre em mente e ideia de que todos os seres
vivos pelejam por aumentar em proporção geométrica, e que cada qual, pelo menos
em algum período de sua vida, ou durante alguma estação do ano, seja
permanentemente, ou então de tempos em tempos, tem de lutar por sua sobrevivência
e está sujeito a sofrer considerável destruição. (DARWIN, 2002, p. 93)
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Darwin afirma que a seleção natural é a preservação de variações que
melhorarão as condições de vida do indivíduo e a eliminação daquelas que não lhes
serão uteis. Essas características são adquiridas a partir do momento em que as
condições de vida, no ambiente, não o favorecem. Esse processo está diretamente
relacionado com o processo evolutivo. A evolução, por sua vez, tem como função
selecionar os mais aptos, de forma que eles sobrevivam, ou pelo menos, possam se
reproduzir mais. De acordo com o naturalista inglês, as espécies que sofrem mais
variações ou repressões da seleção natural, são encontradas de forma mais
abundante no meio.
Ao se referir a seleção natural, Darwin não busca explicar como se originaram
os mais variados seres que habitam a terra, mas sim como eles evoluem. Entretanto,
na conclusão de seu livro deixa clara sua posição em relação ao criacionismo:
Será que realmente acreditam que em numerosos períodos da história do
mundo determinados átomos elementares tenham subitamente atendido ao comando
de se reunirem, irrompendo sob a forma de tecidos vivos? Segundo sua crença, cada
suposto ato de criação redundaria no surgimento de um só individuo, ou de muitos.
(DARWIN, 2002, p. 376)
Em outro trecho, DARWIN (2002, p.377) propõe que todos os indivíduos teriam
um ancestral comum: “Por analogia, eu ainda poderia avançar um passo a mais,
chegando à ideia de que todos os animais descendem de um protótipo.” Embora o
naturalista inglês desconsidere a atuação de Deus no ato da criação, não consegue
propor uma solução simples e mecânica para o surgimento dos seres, ou até mesmo
para sua evolução. Coloca o poder de escolha “nas mãos" da natureza, deixando
lacunas que podem ser levadas ao âmbito religioso.
Segundo HELLMAN (1999, p.113), o elemento faltante à teoria da evolução,
que já havia sido trabalhada por vários autores, inclusive o avô de Darwin, Erasmus,
era o mecanismo da seleção natural. Ainda conforme o comentador, embora a teoria
da evolução, tal como proposta por Darwin, não soe nada ameaçadora “aos ouvidos
da maioria das pessoas” foi rapidamente identificada “como um real perigo pelo clero”,
pois colocava a teoria fixista, sustentada pela igreja aglicana, em xeque.
Conforme o comentador (HELLMAN, 1999, p.p.114-116), um dos principais
problemas com as ideias de Darwin veio do conceito de seleção natural, que é,
segundo ele, um conceito simples na formulação e multíplice na interpretação, devido
sua profundidade. A outra dificuldade da teoria em relação à seleção natural é que
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não há um selecionador ativo no processo de seleção. Sugere Hellman que o termo
preservação talvez explicasse melhor o mecanismo, que é a posteriori. Outro
problema na teoria da seleção natural diz respeito à soma de pequenas mudanças,
gradualismo, que no fim produzem grandes diferenças entre as espécies. Mas existem
algumas características em determinadas espécies que só se explicam com
mudanças ocorridas de uma única vez. Como forma de correção a esta parte da teoria,
alguns evolucionistas de primeiro momento e alguns neodarwinistas sugeriram o
conceito de “saltos na evolução”, que os biólogos contemporâneos Gould e Edridge
chamaram de “equilíbrio pontual.”
HELLMAN (1999, p.120-122) destaca ainda o embate entre o clero anglicano
e os evolucionistas, centrado principalmente nas críticas de cunho científico – como,
por exemplo, a de “uma hipótese alçada de forma muito pouco filosófica à dignidade
causal”. Não obstante, ressalta o historiador da ciência que nem todas as objeções
feitas a teoria formulada por Darwin se deram no campo da retórica e da religião;
muitas delas se deram no campo da crítica “sincera”, partindo de experimentos
científicos que demonstravam falibilidade em alguns pontos da teoria. Por exemplo,
entre as críticas encontrava-se a de Lord Kelvin, segundo seus cálculos sobre a idade
da terra, de aproximadamente 100 milhões de anos, era “muito estreito para prover
todo tempo necessário para a seleção natural realizar todo seu trabalho.” A outra
objeção girava em torno do desconhecimento do mecanismo pelo qual se realizavam
a variação e a modificação. Darwin desconhecia as “leis de variação da genética”, ou
seja, os trabalhos de Mendel sobre a hereditariedade.
Relativo ao desenvolvimento do evolucionismo darwinista no séc. XX, o
historiador da ciência lembra a descoberta dos geneticistas, que demonstraram que o
material genético podia, de fato, ser afetado pelo ambiente e provaram que as
mudanças podiam então ser transmitidas aos descendentes do organismo.
(HELLMAN, 1999, p.p.122-123). Destaca ainda o desenvolvimento da briga entre
criacionistas, adeptos da teoria do design inteligente, e darwinistas, em torno do
ensino de biologia, principalmente nos Estados Unidos. Alguns argumentos
criacionistas giram em torno da irredutibilidade de determinados organismos
complexos, como os dos olhos, que não poderiam ter sido criados em processos
demorados, pois já se encontram em espécimes rudimentares. Os adeptos dessa
teoria igualam, ainda, a teoria darwiniana ao acaso, o que retira desta última seu status
científico. (HELLMAN, 1999, p.p.124-128).
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Além disso, em cerca de 155 anos, o conceito de evolução influenciou muitas
de nossas concepções morais e sociais, de forma nem sempre tão evidente. Entre os
problemas apresentados pela teoria da evolução, em sua aplicação à sociedade,
encontramos, por exemplo, o perigo da “eugenia” e do “darwinismo social” ou
“sóciobiologia”. Em relação à questão ética podemos citar o problema dos graus de
liberdade presentes na natureza e na própria sociedade humana.
2 Justificativa
O presente projeto tem a intenção de, a partir da discussão gerada pela teoria
da evolução desenvolvida por Charles Darwin, demonstrar como o discurso científico
pode extrapolar os limites que o senso comum lhe atribui, caindo em uma espécie de
dogmatismo de tipo religioso. Como objeto de nossa pesquisa teremos o debate entre
os neodarwinistas e os adeptos da Teoria do Design Inteligente (TDI). As raízes dessa
contenda encontram seus primeiros momentos ainda na Inglaterra vitoriana, conforme
podemos ver em Hellman (1999), e encontra-se mais viva e presente nos Estados
Unidos, como acentuam ANDRADE E BARBOSA (2013, p.709), onde “a controvérsia
entre criacionismo e evolucionismo [...] ainda captura a imaginação de amplos
segmentos religiosamente orientados.” Essa realidade não se encontra todavia tão
distante de nós. Com o crescente número de jovens ingressantes nas universidades,
originários das camadas mais populares e que sofrem grande influência da “vivência
religiosa” em suas mais variadas formas, esse tipo de debate vem de aprofundando
também aqui no Brasil.
Conforme acentuam ANDRADE E BARBOSA (2013), a teoria do Design
Inteligente (TDI) tem como base o criacionismo. Embora possua essa base, ela busca
explicar de forma científica o surgimento do universo. Além disso, defende que a teoria
darwiniana não é capaz de explicar a complexibilidade dos sistemas existentes na
natureza. A teoria em estudo possui três diferentes explicações conceituais: a primeira
é vista pela perspectiva de seus proponentes; a segunda é analisada pelos analistas
e a última pelos críticos.
Os adeptos da teoria argumentam que apesar da TDI ter embasamento
teológico não deve ser colocado como uma teoria religiosa, já que busca intermediar
concepções científicas e religiosas, de forma que é um emergente programa de
pesquisa científica. Além disso, de acordo com Michael Behe, muitos sistemas
bioquímicos são resultado de planejamentos, portanto não é obra do acaso. Esse
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planejamento, segundo ele, é feito por um agente inteligente que antes mesmo de
produzir o que planejara, já sabia como seria depois de pronto. Dessa forma, pode-se
dizer que esse planejamento é uma construção premeditada das partes que irão
constituir um sistema. A TDI defende a existência de um agente inteligente que
“pensou” a complexibilidade irredutível de várias máquinas moleculares. É importante
ressaltar que a teoria darwiniana não consegue explicar tal complexibilidade. O que
seria essa complexidade irredutível? Segundo Behe, essa complexibilidade deve estar
presente em um sistema que é composto por partes complementares, caso uma
dessas partes seja retirada o mesmo não funcionaria de forma eficiente. ANDRADE E
BARBOSA afirmam que, para se inferir a participação de um objeto ao design devese observar se ele possui três características: contingência, complexibilidade e
especificação. A contingência tem função de garantir a importância do objeto
analisado, mostrando que esse não é obra do acaso. A complexibilidade mostra que
ele é formado por estruturas que não podem ser facilmente estudadas. E a
especificação, assegura a veracidade de que o objeto seja composto de acordo com
os padrões de inteligência.
A segunda explicação proposta é a dos teóricos que não se identificam como
adeptos da TDI nem como críticos. Eles defendem que essa teoria nada mais é do
que uma reformulação da teoria criacionista sem embasamento bíblico e com
linguagem científica. Além disso, os autores ANDRADE e BARBOSA (2013, pag. 720)
explicam que para “Karl Giberson e Donald Yerxa, o design inteligente nada mais é
do que uma colisão de pensadores que se organizaram em um movimento cuja
perspectiva é antievolucinista”. Além disso, ela não é vista como um novo paradigma,
mas como argumentos que se empenham na defesa da insuficiência da teoria
darwiniana para explicação da complexa estrutura que compõe o universo. A terceira
explicação é feita por críticos que defendem que a teoria do design inteligente é, de
forma disfarçada, o criacionismo propriamente dito. Além disso, defendem que pelo
fato de ter caráter antievolucionista pretende ocupar o lugar da teoria darwiniana.
Segundo Andrade e Barbosa, os críticos acreditam que a TDI é uma ameaça
ao sistema político, social e a científico. Há ainda indagações sobre a real condição
da teoria do design inteligente. Os críticos defendem que por buscar resolver os
enigmas propostos através da existência de um Deus cristão ela é de caráter religioso,
embora tenha disfarce científico. Já os simpatizantes a essa teoria defendem que,
mesmo tendo embasamento teológico não é de cunho religioso.
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Por outro lado, críticas severas também são levantadas contra o
neodarwinismo. Temos nessa corrente o caso clássico de Richard Dawkins. Alguns
pensadores atuais, como John F. Haught acreditam que o neodarwinismo, defendido
por Dawkins, é, na verdade um fundamentalismo contrário ao cristianismo. Além de
que, não é uma teoria científica e sim um pensamento filosófico. Esses estudiosos
defendem também, que apesar da interpretação e discussão mal feitas por Dawkins
sobre o darwinismo, ele não deve ser negado, mas também não deve ser postulado
como um dogma.
Estudiosos, como Álvaro Valls, interpretam os pensamentos de Dawkins como
respostas aos esforços criacionistas de implantar suas teorias, que não possuem
fundamentação científica, no currículo escolar e como verdades únicas. Já o filósofo
Luiz Felipe Pondé, afirmam que os livros de Dawkins são uma espécie de autoajuda
para os ateus inseguros, já que não possui novos conceitos ou definições sobre a
evolução. Pondé afirma também, ao passo que se deixa de crer em Deus passa-se a
crer em coisas secundárias como, por exemplo, o bem-estar da humanidade. Para
ele, Dawkins se vale de meios científicos para chegar a ideais políticos. Dawkins
temendo que a religião interferisse no processo científico formulou teses
fundamentalistas que negavam a existência de Deus. (Cf. IHU on-line, 2007, p.p.177).
Ao passo que existem aqueles que criticam o “fundamentalismo” de Dawkins,
existe os que o defendem. É o caso de Michel Onfray, que se baseia no fato de que é
fácil ser seguidor de uma religião, pois essa trará respostas para os conflitos e
dificuldades do dia-a-dia, fato que não ocorre com os ateus. Além disso, ele afirma
que as suas teorias e as que vão contra os conceitos religiosos são uma espécie de
luzeiro para humanidade. (Cf. IHU on-line, 2007, p.p.1-77). De forma contraditória,
tanto o pensamento de Dawkins como de Onfray podem levar a um dogmatismo ateu,
que se encaixaria na categoria de pseudociência, como defende Luc Ferry (2011).
A partir das leituras realizadas até o presente momento, pode-se perceber ama
grande gama de partícipes no debate ora estudado. O que se pode apreender, durante
o desenvolvimento da primeira parte do presente projeto, foi que o debate entre os
neodarwinistas e os adeptos da teoria do designe inteligente é apenas o
desdobramento, no campo das ciências biológicas, da velha contenda entre ciência e
religião. Pretende-se agora, com a prorrogação do projeto, ampliar e atualizar a
discussão em torno ao debate naturalismo versus criacionismo, trazendo à baila
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autores como o próprio Michel Onfray, ou também os autores presentes na coletânea
Ciência e Religião, organizada por Peter Harrison, Marcelo Gleiser, que se coloca
como um naturalista moderado, que acusa a corrente liderada por Dawkins de
dogmática – e os humanistas, representados por Luc Ferry.
3 TEORIAS NEODARWINISTAS, O QUE ELAS PODEM NOS MOSTRAR?
Richard Dawkins é um dos mais importantes defensores da teoria de Darwin,
escritor de grandes obras e reconhecido no meio acadêmico. Em seu livro “O gene
Egoísta” tenta demonstrar por meio de exemplos práticos que os seres vivos não são
altruístas, ou seja, por mais que se sacrifiquem em prol de outrem não o estará
fazendo por simples bondade. Ao contrário disso, fará porque o resultado de seu ato
proporcionará - mesmo que de maneira indireta - benefícios a ele ou a sua espécie,
de forma mais especifica aos seus genes.
O autor afirma de forma categórica que a vida surgiu a partir do caldo primordial,
no qual se podia encontrar “máquina de sobrevivência” que se alimentavam das
substâncias que estavam nele presente. Contudo, à medida que o tempo passava
diminuíam a quantidade de nutrientes presentes nesse habitat, levando a competição
por alimento por parte dessas máquinas. Essa competição, para Dawkins, gerou a
necessidade da evolução. (DAWKINS, 1979, pag. 69-70)...
Essa evolução levou a criação de um mecanismo que possibilitaria a
memorização de fatos, lugares, à movimentação dos seres vivos, entre outras coisas
relacionadas à sobrevivência do indivíduo. Para aperfeiçoá-lo e deixá-lo mais potente
houve a formação de neurônios. Com a finalidade de simplificar o entendimento
referente à evolução dos sistemas de regulagem das máquinas de sobrevivência
comparou-as com computadores, que ficaram mais eficientes à medida que a
evolução tecnologia ocorria. (DAWKINS, 1979, pag. 71-75)..
O autor indica que o gene é responsável pelo controle do comportamento dos
indivíduos, contudo não interfere nas ações, pois o tempo em que age é muito inferior
ao qual as mudanças ambientais estão submetidas. Afirma que eles podem apenas
tentar prever as situações pelas quais o indivíduo passará a fim de ajudá-lo a se
preparar. Essas previsões, feitas pelos genes, são originadas de dados que foram
coletados pelo gene ao longo de gerações. A partir da explicação do nosso autor é
possível perceber que há uma “deusificação” dos mecanismos gênicos, os colocando
como uma espécie de criador dos seres vivos, logicamente são estritamente
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necessários para a existência de todos os seres viventes. Dawkins coloca sobre ele
um caráter intencional, como se fosse capaz de criar, definir aquilo que irá acontecer
com a máquina de sobrevivência que o possui. Essa afirmação pode ser elucidada no
seguinte trecho:
[...] o comportamento animal, altruísta ou egoísta, está sob o
controle dos genes apenas em um sentido indireto, embora
assim mesmo muito poderoso. Ditando a maneira pela qual as
máquinas de sobrevivência e seus sistemas são construídos, os
genes exercem o poder final sobre o comportamento.
(DAWKINS, 1979, pag.83).
Ao usar a palavra DITANDO o autor revela que os genes podem sim fazer
escolhas que interferirão na maneira como o indivíduo agirá, mesmo que essa ocorra
indiretamente.
O autor diz que todos os genes encontrados na natureza são egoístas, pois
essa característica está ligada ao instinto de sobrevivência do animal. Ele descarta a
possibilidade de que exista algum gene capaz de agir altruisticamente. Um gene
indicará se um indivíduo deve agir de forma altruísta para com outro indivíduo se a
relação custo e benefício for favorável à ele, como mostra o trecho de DAWKINS
(1979, pag. 120). “Então, para que o comportamento altruísta evolua, o risco líquido
para o altruísta deve ser menor do que o benefício líquido para o receptor multiplicado
pelo parentesco”. Ou seja, só valeria a pena ter comportamentos que favoreçam o
outro indivíduo se esse possuir um grau de parentesco próximo para com o agente da
ação possibilitando a perpetuação dos genes que possui e ainda se as possibilidades
de sobrevivência de ambos forem relativamente boas.
O pesquisador afirma que
Assim como podemos utilizar uma régua de cálculo sem notar
que na realidade estamos usando logaritmos, da mesma
maneira um animal poderá estar programado antecipadamente
de tal forma que comporte-se como se tivesse feito um cálculo
complicado. (DAWKINS, 1979, pag.121, grifo meu).
Ao afirmar que os animais poderiam estar programados de forma antecipada
para realizarem atos altruístas para com seus parentes, deixa brechas para o
planejamento, uma vez que não deixa claro que tipo de programação foi feita. Apenas
afirma que existe uma programação, mas quem teria feito essa programação? Seria
um agente inteligente? Não há resposta para essas questões no decorrer do texto.
Sempre haverá argumentos que comprovem a existência do egoísmo então a
teoria de Dawkins não pode ser falseada. Pelo fato de não ser falseada é considerada
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uma não ciência, ou filosofia da ciência. Como o próprio autor afirma, “Não sou filosofo
o suficiente para discutir o que significa, mas felizmente não importa para nossos
propósitos aqui [...]” (DAWKINS, 1979, pag. 73). Além disso, ficam as seguintes
indagações flutuando no decorrer do texto:
- Os animais tem consciência de sua individualidade?
- Se não possuem tal conhecimento pode-se afirmar que são realmente
egoístas?
- Será que conseguem reconhecer o que são e fazem separação de si próprio
com o meio? Ou não possuem identidade própria?
Embora Dawkins fale sobre comportamento animal não se pode observar
respostas para questionamentos como os que foram explanados acima que surgem
durante a leitura de seu livro.
4 PLANEJAMENTO INTELIGENTE, O QUE ELE PODE NOS MOSTRAR?
Michael Behe tenta demonstrar falhas na teoria da evolução proposta por
Darwin a nível bioquímico, de forma que tais falhas fortaleçam a Teoria do Design
Inteligente (TDI).. Essa teoria defende a existência de um agente inteligente que
“pensou” a complexidade irredutível de várias máquinas moleculares, as células. É
importante ressaltar que a teoria darwiniana clássica não consegue explicar tal
complexidade. De acordo com Behe sistemas que possuem complexidade irredutível
não podem ter sido originados através da seleção natural. Ainda segundo ele, a
complexidade consiste em um sistema que é composto por partes complementares
que não funcionaria no caso de uma das partes serem retiradas, ou ainda se
exercesse alguma função não exerceria de forma eficiente (ANDRADE e BARBOSA,
2013, Pag.6).
O surgimento da vida é um tema de extrema importância e interesse comum a
estudantes ou mesmo a leigos. A biologia busca responder a seguinte questão:
mesmo que a vida evolua por meio da seleção natural como ela teria surgido em seu
nível básico, o molecular? De acordo com Behe, seria através do planejamento
inteligente. No entanto o que seria o planejamento inteligente? Behe nos responde
que “O planejamento é tão somente o arranjo intencional de partes”. Dessa forma
pode-se supor que tudo, ou quase tudo foi planejado em algum momento, entretanto,
não se pode deixar de questionar se realmente a ideia de planejamento é válida nos
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mais variados objetos e arranjos e se esta ideia realmente explica o surgimento da
vida. (BEHE, 1997, Pág.169 - 196).
Em sua obra, Michael Behe analisa a pesquisa de Stanley Miller e os resultados
que ele obteve através de experiências que simulavam a Terra primitiva, obter vários
tipos de aminoácidos utilizando apenas vapor d’agua poucos elementos químicos e
uma fonte de energia. Essa é uma descoberta e tanto, que emocionou cientistas, que
não tiveram dificuldades em imaginar que processos naturais poderiam unir os
aminoácidos para formarem proteínas e com isso a evolução da vida. Outros cientistas
deram continuidade ao trabalho de Miller e conseguiram sintetizar bases pertencentes
aos ácidos nucléicos em laboratório. Embora as descobertas de Miller e colaboradores
tenham sido reais e por terem se tornarem famosas no mundo, seus resultados vieram
carregados de problemas que só podem ser compreendidos quando pensamos além
da simples produção do elemento. Outros cientistas tentaram e obtiveram mais
sucesso com experimentos, conseguindo reproduzir moléculas de RNA, mas junto
com os avanços foram encontrados novos problemas, como a utilização de materiais
já prontos, que favoreceriam a produção de algumas moléculas, que provavelmente
não seriam encontradas no oceano primordial ou nos primórdios da Terra. Mas o
grande empasse enfatizado por Behe é como tiveram origem os sistemas
bioquímicos. Para aceitar a sua origem evolutiva seria necessário que houvesse
pesquisas que demonstrassem como ocorreu de fato. Entretanto, é difícil encontrar
um ponto de partida que possibilite tais estudos, tornando as tentativas de explicações
desses eventos situações raras que correm o risco de serem incoerentes (BEHE,
1997, Pág.170-173).
Behe afirma que:
Dizer que a evolução não pode explicar tudo na natureza não
equivale a dizer que a evolução, a mutação aleatória e a seleção
natural não ocorram. Elas foram observadas (pelo menos nos
casos de microevolução). em muitas ocasiões diferentes.
(BEHE, 1997, pag.179).
O autor não nega a evolução, mas não consegue percebê-la em níveis
moleculares ou mesmo demonstrá-la. Contudo, indica que Darwin não conhecia
profundamente a complexidade dos sistemas da vida e por isso defende sua teoria
com tanto entusiasmo, sem conseguir dar uma explicação plausível para a origem da
vida ou mesmo da visão ou mecanismos biológicos complexos. Segundo BEHE
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(1997, pag. 177)., “Darwin nunca imaginou a complexidade estranhamente profunda
que existe até nos níveis mais básicos da vida”.
Esquece, no entanto, que o evolucionista embora defendesse que os seres
vivos possuíam uma origem comum não busca explicar como esta evolução ocorreu.
Como analisado em trecho do livro “A Origem das Espécies”:
Analisando-se o problema da origem das espécies, é
perfeitamente concebível que o naturalista, refletindo sobre as
afinidades mútuas dos seres vivos, [...] chegue à conclusão de
que
as
espécies
não
devam
ter
sido
criadas
independentemente, mas que, assim como as variedades,
descendam de outras espécies. Não obstante, tal conclusão,
mesmo que bem fundamentada, seria insatisfatória, a não ser
que se pudesse mostrar como teriam sido modificadas as
incontáveis espécies existentes neste mundo, até chegarem a
alcançar a perfeição estrutural e de coadaptação que tão
efetivamente excita a nossa admiração. (DARWIN, 2002, pag.
38).
É possível perceber que o naturalista deseja compreender como a vida surgiu
no planeta, mas o mesmo nos mostra que isso, pelo menos na sua época, era algo
quase que impossível devido à falta de informações em relação ás interações entre
os indivíduos, o grande número de espécies que foram “perdidas” ao longo do tempo,
entre outros fatores. Behe afirma que alguns cientistas admitem que a ciência não
possa explicar o surgimento da vida, porém uma vez que existe vida se torna fácil
imaginar a sua evolução, enquanto químicos buscam respostas a nível molecular para
a origem da vida, biólogos e evolucionistas mantem o espirito de pesquisa de 1950 e
a imaginação corre solta, bioquímicos nos mostraram que o organismo no nível celular
resiste à explicação pela teoria de Darwin, ao fazer esta observação Behe mascara
fatos e importantes descobertas ao comparar pesquisas atuais com pesquisas que
ocorreram no século passado (BEHE,1997, Pág.174-177)..
Embora a maior parte de trabalhos publicados com ênfase em bioquímica
apresentem estudos complicados, difíceis e interessantes, nenhum deles refuta a
ideia do Autor Michael Behe. Dizer que a evolução não explica tudo na natureza não
é o mesmo que dizer que a evolução, a mutação e seleção natural não sejam um fato,
pois foram observados e confirmam uma convincente ascendência comum, porém a
pergunta fundamental é: Como a seleção natural e mutações construíram estruturas
tão complexas? Nenhuma publicação na JM solucionou o problema ou se quer
mencionou o assunto, isto é uma forte indicação que o darwinismo não é a teoria
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adequada para compreendermos a origem de sistemas bioquímicos complexos
(BEHE,1997, Pág.178-179).
Para o defensor do planejamento inteligente, seria improvável que o acaso
interferisse sobre os elementos químicos interatuantes. Mas, desconsidera que por
serem tão complexos qualquer que seja a alteração a qual forem submetidos pode
gerar mudanças radicais no sistema (BEHE, 1997, pag.192). Behe critica a postura
de muitos bioquímicos que ao invés de buscarem as respostas que já estão claras no
planejamento, passam seu tempo buscando dentro das células, onde provavelmente
verão suas tentativas frustradas. Usa como argumento do planejamento a ausência
de provas que o contradigam. Contudo, se esquece de que a tecnologia existente não
possibilita a criação de modelos que exemplifiquem tal fato. Explica também, que
antes de inferir que houve planejamento deve ser questionado se existem evidências
plausíveis que indiquem se ele ocorreu (como por exemplo, a organização de partes
com a finalidade de transmitir uma mensagem, a função daquele sistema que é
definida pela lógica de funcionamento interno). caso não haja, essa possibilidade deve
ser descartada. Ou seja, se não houver um número aceitável de provas que indiquem
que o planejamento ocorreu não se pode indicá-lo (BEHE, 1997, pag.214).
Entretanto, o planejamento se torna mais claro a partir do momento em que
pesquisadores conseguem produzir células, moléculas, e proteínas que são
produzidas pelo corpo humano. Deixando implícito que mais importante que saber
quem planejou é identificar que algo foi planejado (BEHE, 1997, pag. 202).
O autor acredita que na medida em que a complexidade e interdependência
das estruturas crescem há uma diminuição considerável das chances de não haver
planejamento. Essa explicação pode ser considerada precipitada, já que a evolução
não precisa ocorrer de forma gradual e por processos visíveis. Pode ter ocorrido de
forma que os cientistas ainda não conseguiram observar. Já que, as pesquisas nem
sempre vão pelo caminho que os fatos ocorreram (BEHE, 1997, pag.205).
Uma grande crítica ao planejamento é a falta de evidência empírica de que ele
ocorreu. Tendo em vista que se estuda o objeto já pronto dessa forma é fácil concluir
que houve de fato planejamento. Mas, a hemoglobina mostra que não é verdadeira a
afirmativa anterior, pois essa já está pronta, entretanto a justificação de planejamento
é fraca. Já que antes dela existia uma menos complexa, a mioglobina, com
características similares que poderia facilmente ter dado origem a ela por meio da
evolução. (BEHE, 1997, pag. 209).
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Elliot Sober e Richard Dawkins usam a analogia para explicar a evolução.
Utilizam como exemplo uma fechadura composta por 19 discos em cada disco pode
aparecer uma das 26 letras do alfabeto. Para Behe, o que eles propõem é falho, pois
as possibilidades de sequências são diversas e a probabilidade de uma sequência
específica aparecer nos discos é pequena e torna-se ainda menor se for regida pelo
acaso. Dessa forma, o indivíduo poderia ter sua vida comprometida (BEHE, 1997, pag.
222)..
É possível perceber que Sober é adepto do uso de analogia para explicar a
evolução, pois o leitor pode compreender melhor o que o autor está dizendo. E os
argumentos se tornam mais evidentes quando são usados exemplos do cotidiano para
demonstrar aquilo que em termos científicos tornar-se-ia complexo: “E Sober pensa
que a analogia é tão convincente que, baseada nela, a evolução darwiniana leva o
prêmio de inferência à melhor explicação.” (BEHE, 1997, pag. 222).
Outro questionamento muito comum feito por darwinistas seria o porquê de
erros em estruturas e desenvolvimento de sistemas se há o planejamento. Segundo
Kenneth Miller o planejamento deveria criar seres perfeitos, enquanto a evolução não
tem essa obrigação. Mas Behe responde da seguinte forma: “o argumento baseado
na imperfeição ignora a possibilidade de que o planejador possa ter numerosos
motivos, e, muitas vezes, a excelência em engenharia ocupa um papel secundário”.
(1997, pag. 225)..
Ou seja, a forma como o agente inteligente pensou aquilo que produziria é
desconhecida, portanto não se pode dizer que as possíveis falhas não poderiam ter
sido também planejadas por ele da mesma forma que uma indústria de eletrônicos
fabrica produtos com algum tipo de falha, com menor potencial de durabilidade por
questões de mercado. Ou ainda, de acordo com o ponto de vista daquele que planejou
as falhas identificadas pelos pesquisadores não é tido como algo imperfeito. Para
Behe (1997, pag. 226). o mais importante não é o ponto de vista daquele que planejou
e sim identificar se algo foi ou não planejado.
Behe explica que, certamente existirá muitos conflitos antes de a comunidade
científica aceitar as evidências de que houve planejamento inteligente. Mas essa
resistência não é um fato que fora observado apenas na TDI, existiu também naquelas
propostas por Galileu e Copérnico de que o Sol era o centro do universo e a Terra
girava em torno de seu eixo. A teoria de Darwin também sofreu essa resistência, no
geral todas as ideias novas causaram espanto à sociedade, já que a partir delas aquilo
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que se conhecia tornava-se estranho, as certezas eram destruídas (BEHE, 1997,
pag.247)..
Além da estranheza natural a qual o planejamento é colocado, existem outros
fatores que, segundo Behe, estão diretamente ligados a sua não aceitação. Dentre
elas, uma que se destaca é o chauvinismo, está relacionado a um patriotismo
exagerado, negação de ideias contrárias, podendo ser demonstrado de forma
agressiva. Outro motivo é o conflito existente entre religião e ciência, que é enfatizado
pela mídia. Já que essa teoria leva a existência de um agente inteligente, um
planejador que poderia ser Deus faz com que a comunidade científica não a aceite.
Além disso, alguns cientistas temem que se busquem explicações no sobrenatural,
deixando de lado aquelas que estão claras na natureza. Mas, em contrapartida para
demonstrar que isso provavelmente não ocorrerá o autor busca demonstrar que outras
teorias que levavam ao sobrenatural não buscaram usá-lo como resposta para o
questionamento cientifico. Como é o caso da teoria do Big Bang. (BEHE, 1997,
pag.235).
Embora a teoria do Big Bang esteja em conformidade com algumas crenças
religiosas; como a judaico-cristã, a asteca, a hindu; ela não impõe qualquer crença e
está calcada em dados obtidos a partir de observações. No entanto, Einstein e Hoyle
modificaram suas descobertas e fórmulas para indicar que o universo não havia tido
um começo, tentando manter a ideia de que ele era infinito em tamanho e idade.
(BEHE, 1997, pag.247).
Francis Crick afirma que a vida na Terra pode ter iniciado a partir do momento
em que alienígenas enviaram esporos para semeá-la. Embora não fale diretamente
de planejamento, indica a existência de um agente pensante que implantou a vida no
planeta. Como diria Behe “projetar a vida, caberia observar, não requer
necessariamente poderes sobrenaturais; na verdade, exige um bocado de
inteligência”. (1997, pag.250).. Ou seja, o planejador não precisa ser necessariamente
Deus, o que realmente importa é a capacidade que possua de raciocinar e criar.
(BEHE, 1997, pag. 249).
Ainda segundo o defensor do planejamento inteligente, muitos cientistas se
perdem do foco enquanto elaboram sua pesquisa devido a sua fidelidade àquilo que
acreditam, desconsiderando a veracidade dos fatos. (BEHE, 1997, pag.236).. No
entanto os indícios do planejamento devem ser superiores a ideias de alguns
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pesquisadores. Mas não deve ser mais importante do que as evidências científicas e
jamais devem ser calcados em ideologias e achismos.
José Osvaldo de Meira Penna (2006). em seu livro “Polemos: uma análise
crítica do darwinismo” faz um debate entre a teoria de Darwin e aquilo que é proposto
pela Igreja. No decorrer de seu livro demonstra que em muitos momentos o
evolucionista usa argumentos baseados em suas próprias ideologias. Colocando a
seleção natural, a natureza, como entidades capazes de decidir qual seria o futuro
dos indivíduos, como se tivesse vontade própria. Afirma Darwin (2002, pag.40): “Por
fim, estou também convencido de que a seleção natural foi o principal meio de
modificação, mas não o único”.
Behe afirma que, “biólogos que trabalham no nível molecular ou acima podem
continuar suas pesquisas sem dar muita atenção ao planejamento, porque acima do
nível celular os organismos são caixas pretas e é difícil provar o planejamento”.
(BEHE, 1997, pag. 231).. Explica ainda que, mesmo tendo provas a nível bioquímico
não pode fazer generalizações, pois essas podem levar ao erro. Os organismos não
são conhecidos de forma tão detalhada a ponto de se poder afirmar categoricamente
a existência de planejamento. Mas ele deve ser levado em consideração quando os
estudos forem realizados a fim de que os cientistas produzam esquemas que possam
comprovar de forma sistemática suas descobertas.
Michael Behe inicia seu livro com a pergunta essencial de como surgiu à vida
e em meio a inúmeras analogias vai construindo uma linha de pensamento que o leva
a concluir a existência do planejamento inteligente e a comparar este descobrimento
ao de renomados cientistas de nossa história, porém muitos de seus pontos de
argumentos são fracos e algumas de suas analogias remetem a se tomar a linha de
pensamento pessoal do autor e não uma linha de pensamento propriamente científico.
Ao concluir o planejamento inteligente Behe desconsidera o tempo geocronológico da
Terra principalmente ao dizer que jamais um experimento foi capaz de criar vida a
partir da matéria em laboratório e também ao usar uma analogia que sugere a
evolução artificial. Crítico a cientistas que colocam sua ciência a frente do propósito
com que ela foi criada, Michael Behe conclui seu livro com uma certeza irredutível e
um tanto quanto mitológica que houve o planejamento a partir de um ser inteligente,
sua certeza baseia-se que a falta de evidências que comprovem a evolução
bioquímica se tornam uma evidência para a certeza do planejamento. No entanto, a
falta de característica não é característica, e o desfecho de sua obra ocorre
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semelhante a fábulas sem valor significativo a literatura científica, no âmbito de
trabalhos que acrescentem uma pesquisa sistemática e despretensiosa, ele apenas
questiona sem mostrar de fato onde o darwinismo falha ou o caminho para se provar
de fato a existência de um planejador inteligente.
CONCLUSÃO
A partir da leitura das obras dos autores é possível concluir que esses não
fazem ciência de fato, buscam com seus textos demonstrar que suas afirmações estão
corretas, que seu ponto de vista é o mais acertado e usam argumentos fracos. Com
tudo, os textos de Michael Behe, em comparação com os de Richard Dawkins, são
elaborados de forma negligente, com uso demasiado de analogias. Que por sua vez
não revelam ou dão respaldo ao que é defendido pelo autor. Durante a leitura do “O
Gene Egoísta”, foi possível perceber que não houve uma preocupação por parte do
autor em dizer se houve ou não um planejador, ele apenas se ocupa em demonstrar
que os seres vivos são egoístas e que passaram pelo processo evolutivo. Dawkins
deixa implícito em um pequeno trecho de seu livro, já citado acima, a possibilidade da
existência de um planejador, mas não discorre sobre o assunto. Além disso, é possível
perceber que há uma mistificação dos genes, pois em diversas ocasiões o autor trata
os genes como seres cheios de vontade. Admitindo que eles possam fazer escolhas
de como o indivíduo se portaria frente a outro, caso fosse seu parente ou não, ou
ainda que fosse capaz de calcular o grau de parentesco entre eles. (DAWKINS,1979,
pag. 129).
Alguns pensadores atuais, como John F. Haught, acreditam que o
neodarwinismo - defendido por Dawkins - é na verdade um fundamentalismo contrário
ao cristianismo. Além de que, não é uma teoria científica e sim um pensamento
filosófico, ideia que pode ser confirmada pelo trecho de Haught no qual afirma que “a
crítica da crença teísta feita por Dawkins se equipara, ponto por ponto, ao
fundamentalismo que ele está tentando eliminar”. Contudo, não se pode ousar dizer
que as explicações de Dawkins tem sido importante pra ciência e suas pesquisas tem
auxiliado no desenvolvimento da mesma. (IHU,2007, pag. 20). Entretanto a TDI é
também antievolucionista e criacionista. Além disso, ela não é vista como um novo
paradigma mas como argumentos que se empenham na defesa da insuficiência da
teoria darwiniana para explicação da complexa estrutura que compõe o universo. De
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acordo com Roney Seixas de Andrade e Wilmar do Valle Barbosa, a TDI é uma
ameaça ao sistema político, social e a ciência. ANDRADE, BARBOSA, 2013).
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