título do resumo - Anais Unicentro

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IDENTIFICAÇÃO DE ESTRELAS BE'S NO AGLOMERADO NGC 1893
Leandro Cesar Mehret (Telescópios na Escola/CNPq - UEPG), Jonathan
Cristiano Costa, James Armstrong, Marcelo Emílio (Orientador), e-mail:
[email protected]
Universidade Estadual de Ponta Grossa/
Observatório Astronômico/Ponta Grossa,PR.
Astronomia – Astrofísica Estelar.
Palavras-chave: fenômeno Be, fotometria, fluxo luminoso.
Resumo:
O NGC 1893 é um aglomerado aberto jovem com formação estelar
contínua. Aglomerados jovens apresentam com maior frequência estrelas do
tipo Be, fato que motiva a busca por estrelas Be neste aglomerado.
Observou-se o NGC 1893 utilizando-se o telescópio Faulkes Norte
localizado no Havaí. Ao todo foram feitas 63 imagens, 9 imagens com cada
um dos 7 filtros (U, B, V, R, I , H-alpha e H-beta). Realizou-se a fotometria
utilizando o programa Starfinder e determinou-se o fluxo luminoso e as
posições x,y no sistema de referência da câmera CCD. Para cada imagem
efetuou-se uma consulta ao banco de dados astronômicos VizieR, e
encontrou-se algumas estrelas de referência. Utilizando-se o programa
Astrometrica, fez-se a correlação entre as imagens e o catálogo. Como
resultado, obteve-se um modelo que permite a identificação dos objetos das
63 imagens do aglomerado NGC 1893 através de uma relação linear. Este
modelo permitiu a obtenção da ascensão reta e declinação das demais
estrelas de cada imagem.
Introdução
O objeto NGC 1893 (RA 05h 22m 44s, DEC +33º24'42''), localizado na
constelação do Auriga, é um aglomerado aberto jovem (possui log idade
igual a 7,027) com formação estelar contínua, distante a 3.280 parsecs. Este
aglomerado está imerso na nebulosa IC 410 e associado a outras duas
nebulosas, SG 129 e SG 130 [2].
Aglomerados jovens associados a nebulosas e com formação de
estrelas (como é o caso do NGC 1893) fornecem importantes informações
relativas aos processos de formação e evolução estelar [4]. Estes
aglomerados apresentam com maior frequência estrelas do tipo Be.
Atualmente, segundo o catálogo WEBDA (Web Database for galactic open
clusters), o NGC 1893 contém 4 estrelas do tipo Be identificadas.
Estrelas Be são estrelas quentes, com alta velocidade de rotação, que
ejetam matéria formando um disco gasoso ao seu redor. Tipicamente, as
estrelas Be apresentam as seguintes características: tipo espectral entre O e
A, classe de luminosidade entre V e III [3], linhas de emissão de Balmer (H-
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alfa, H-beta, H-gama ou H-delta) e excesso de fluxo luminoso no
infravermelho, causado por um envelope circunstelar produzido por ejeção
de matéria.
A identificação e caracterização de novas estrelas Be é importante
para entender a natureza deste fenômeno, que preserva muitas das
características iniciais da formação do aglomerado. Isso motiva a busca por
mais estrelas Be no aglomerado NGC 1893.
Materiais e métodos
Observou-se o aglomerado NGC 1893 em 12 de setembro de 2008, através
do telescópio Faulkes Norte, cuja objetiva mede 2 m de diâmetro. Este
telescópio localiza-se no Observatório de Haleakala, no Havaí. Ao todo
foram feitas 63 imagens, cobrindo todo o aglomerado. Utilizaram-se sete
filtros na obtenção das imagens: U, B, V, I, R, H-alfa e H-beta. Com cada
filtro foram feitas nove imagens, totalizando as 63 imagens de todo o
aglomerado.
Após a aquisição das imagens, realizou-se a fotometria,
primeiramente utilizando-se o programa Starfinder. Para cada uma das
imagens, este programa obteve o fluxo luminoso e as posições x e y das
estrelas (posições relativas ao sistema de coordenadas da imagem). Em
seguida, realizou-se a fotometria utilizando-se outro software, o
Astrometrica, que retornou além do fluxo luminoso e das posições x e y em
pixels, as coordenadas astronômicas ascensão reta e declinação para cada
estrela. O Astrometrica identificou um número menor de estrelas em relação
ao Starfinder. Por isso as estrelas identificadas pelo Astrometrica foram
utilizadas como estrelas de referência, utilizadas para identificar as demais
estrelas do aglomerado.
Posteriormente à fotometria, para cada imagem construíram-se dois
gráficos: ascensão reta versus coordenada x e declinação versus
coordenada y. Para todas as imagens, os gráficos obtidos foram
aproximadamente linhas retas, evidenciando uma relação linear existente
entre as coordenadas da imagem e as coordenadas astronômicas.
Após a obtenção dos gráficos, realizou-se a regressão linear dos
mesmos, para obter as equações das retas que relacionam os dois sistemas
de coordenadas. Esta etapa foi feita utilizando-se o software Qtiplot. Ao final,
obteve-se para cada imagem a equação da reta que relaciona as
coordenadas astronômicas com as coordenadas da imagem.
Utilizando-se das equações encontradas, através do programa IDL,
elaborou-se um programa que converte as coordenadas da imagem x e y
em coordenadas astronômicas. Com isto, consultando-se um banco de
dados astronômicos, é possível identificar cada objeto, e, a partir do fluxo
luminoso obtido para cada filtro, é possível identificar quais estrelas
possuem alta emissão nas linhas de Balmer (H-alfa e H-beta), encontrando
assim potenciais estrelas Be.
Anais do XIX EAIC – 28 a 30 de outubro de 2010, UNICENTRO, Guarapuava –PR.
Resultados e Discussão
Com o telescópio Falkes obtiveram-se 63 imagens do aglomerado NGC
1893. Para cada imagem, o software Astrometrica identificou algumas
estrelas de referência, mostradas na Figura 1.
Figura 1 – Estrelas de referência encontradas pelo Astrometrica para uma imagem feita
com o filtro B.
Para cada uma das estrelas de referência, o Astrometrica realizou
uma busca no banco de dados astronômicos VizieR, e obteve algumas
informações como ascensão reta (RA), declinação, posição x, posição y e
fluxo luminoso.
Utilizando-se as estrelas de referência, para cada imagem,
construíram-se gráficos relacionando a ascensão reta com a coordenada x
da imagem e a declinação com a coordenada y da imagem.
Efetuando-se a regressão linear com o Qtiplot, obtiveram-se
equações do tipo RA = A*x + B e Dec = C*y + D, relacionando os dois
sistemas de coordenadas. Os coeficientes angular e linear de cada equação
foram determinados pela regressão linear, com erro da ordem de 10-5 horas
para a ascensão reta e 10-4 graus para a declinação.
Utilizando os coeficientes determinados pela regressão linear, através
do software IDL, construiu-se uma tabela contendo todas as estrelas
detectadas no aglomerado, suas coordenadas x e y, ascensão reta,
declinação e fluxo luminoso.
Conclusões
Através da fotometria das imagens, obteve-se um modelo que possibilita a
identificação dos objetos mostrados nas 63 imagens do aglomerado. Este
modelo baseia-se na relação linear entre as coordenadas astronômicas
(ascensão reta e declinação) e as coordenadas da imagem (x e y). Isto
permitiu a construção de uma tabela contendo todas as estrelas
identificadas no aglomerado e seu fluxo luminoso.
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O próximo passo será identificar possíveis estrelas Be. Para isso,
será necessário construir diagramas relacionando os diferentes filtros. Cada
região do aglomerado foi fotografada utilizando-se vários filtros, por isso as
mesmas estrelas serão identificadas em várias imagens, com diferentes
valores de fluxo luminoso para os vários filtros. Dessa forma, será possível
determinar quais delas possuem alta emissão em H-alfa, constituindo assim
estrelas Be em potencial.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro (processos
480658/2008-0 e 577665/2008-1), à UEPG pelo incentivo à pesquisa, ao
Observatório Astronômico da UEPG e o Observatório de Haleakala (Havaí)
pela infra-estrutura disponibilizada, e também à UNICENTRO e toda a
comissão organizadora do XIX EAIC pela oportunidade.
Referências
[1] Carmo, T. A. S. Espectroscopia de estrelas Be nos aglomerados NGC
4755 e NGC 6530. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de
Ponta Grossa, 2008.
[2] Marco, A.; Bernabeu, A.; Negueruela, I. Photometric and spectroscopic
study of the young star cluster NGC 1893. The Astronomical Journal. 2001,
121, 2075.
[3] Ostlie D. A.; Carroll B. W. An introduction to Modern Stellar Astrophysics.
Addison-Wesley, 1996.
[4] Sharma, S.; et al. Star formation in young star cluster NGC 1893. Mon.
Not. R. Astron. Soc. 2007.
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