Ministério da Saúde Direcção-Geral da Saúde Assunto: Para: Contacto na DGS: Circular Informativa Infecções respiratórias superiores sazonais Nº: 5/DIR DATA: 16/02/07 Todos os serviços de saúde Drª Cristina Costa – [email protected] No INFARMED: [email protected] Especialistas da Direcção-Geral da Saúde, do INFARMED e do INSA analisaram, conjuntamente, os dados relativos à procura dos serviços de urgência do Serviço Nacional de Saúde (hospitais e centros de saúde) durante o período de 1 de Janeiro a 15 de Fevereiro de 2007, no Continente, assim como a informação epidemiológica resultante dos dispositivos de vigilância da síndrome gripal. Reconheceram que apesar do pico verificado a 5 de Fevereiro, a procura dos serviços de urgência revelou uma tendência semelhante à ocorrida no mesmo período do ano anterior (1294987 ocorrências em 2006 e 1181916 em 2007). No que se refere à vigilância da gripe verificou-se a partir da primeira semana de Fevereiro de 2007 uma actividade caracterizada por um período epidémico, de intensidade moderada, cuja incidência máxima registada na 6ª semana do ano, através da Rede de Médicos-Sentinela, foi de 104,9 casos por 100 000 na população em observação, sendo o vírus predominante A(H3N2). Por outro lado, durante o mês de Janeiro de 2007 não se verificou actividade gripal, observando-se uma taxa de incidência cujos valores foram muito semelhantes ao período homólogo de 2006 onde essa taxa não ultrapassou os 37.3 por 100 000 – detecções esporádicas de vírus A(H1N1) e B. A análise do consumo de medicamentos durante o mês de Janeiro de 2007 quando comparado com igual período do ano anterior, evidencia um crescimento significativo no consumo de expectorantes (53%), analgésicos e antipiréticos (30%), anti-histamínicos não sedativos (45%) e antibióticos, designadamente quinolonas (30%), associação de penicilinas com inibidores das lactamases beta (22%), e macrólidos (22%). Regista-se, igualmente, um aumento no consumo de anti-inflamatórios (29%), incluindo inibidores selectivos de COX-2 (39%). Como se sabe, esta altura do ano caracteriza-se por uma elevada frequência de infecções respiratórias superiores, na sua maioria de etiologia não bacteriana, não se justificando, por isso, terapêutica antibiótica. Tendo em atenção o consumo de medicamentos verificado, as características sazonais do aumento da procura dos serviços em função das patologias envolvidas e sendo Portugal um dos países com maior prevalência de resistência aos antibióticos, a Direcção-Geral da Saúde e o INFARMED consideram fundamental o respeito pelas boas práticas clínicas, baseadas na melhor evidência científica, nomeadamente no que se refere à utilização criteriosa e adequada de antimicrobianos. Junta-se modelo de folheto que poderá ser reproduzido e difundido junto dos utentes dos Serviços de Saúde. Francisco George Director-Geral da Saúde Vasco Maria Presidente do Infarmed 1 INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS SUPERIORES O QUE TODOS DEVEM SABER E FAZER Se tem tosse, queixas nasais (nariz entupido, espirros e/ou pingo nasal), sem febre ou com febre baixa (até 38º), de aparecimento súbito, o mais provável é que tenha uma doença provocada por um vírus, ou virose. Sabe que os antibióticos não ajudam a combater as viroses? Os antibióticos são medicamentos muito úteis, devendo ser utilizados criteriosamente nas infecções provocadas por bactérias. Estes medicamentos não ajudam a resolver mais rapidamente as infecções virais e podem ter efeitos indesejáveis. Para além disso, nas viroses, os antibióticos podem ser mais prejudicais que benéficos. Tomar antibióticos desnecessariamente aumenta o risco das bactérias adquirirem resistências. Portugal é dos países que apresenta maior taxa de resistência aos antibióticos, o que está relacionado com a sua utilização indevida. O QUE DEVE FAZER • • • • Ingira bastantes líquidos para evitar a desidratação Tome paracetamol se tiver febre, dores de cabeça e/ou musculares Utilize atmosfera húmida (respirar o vapor de água quente, por ex. no banho), especialmente antes de se deitar para tornar as secreções respiratórias mais líquidas e fáceis de eliminar pela tosse Se tiver dúvidas, consulte a Linha Saúde Pública – 808 211 311, ou o seu médico O QUE NÃO DEVE FAZER • • • • Não pressione o seu médico nem o farmacêutico para lhe receitar medicamentos desnecessários Não se auto medique Não utilize sobras de antibióticos utilizados para outras situações Nunca utilize medicamentos aconselhados por outras pessoas