III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 001 - 004 COMPARAÇÃO DO COMPORTAMENTO DO NDVI E DO EVI2- UM NOVO ÍNDICE DE VEGETAÇÃO 1,2 2 CHRISTINA KELLY ALBUQUERQUE CARLA BERNADETE MADUREIRA CRUZ 2 RAFAEL SILVA BARROS 1, 2 ICMBio – APA da Bacia do Rio São João Universidade Federal do Rio de Janeiro- UFRJ Departamento de Geografia, Rio de Janeiro, RJ [email protected] 2 ABSTRACT - The aim of this paper was to compare the behavior of the new vegetation index EVI2 with the behavior of NDVI using data from HRG sensor and thereby investigate the potential of this new vegetation index for the discrimination of different targets. We also mean to evaluate the effect of atmospheric correction in the process. Without atmospheric correction, the EVI2 behavior was similar to the NDVI one, but when atmospheric correction was taken into consideration, the EVI2 distinguished better the differences among different targets. The results allowed us to affirm that the potential of EVI2 should be investigated more thoroughly due to its apparent ability to avoid the effects of saturation when vegetation’s biomass is high. Additionally, as EVI2 does not use the blue band, its use increases the chances of analysis performed with data from the HRG sensor. 1 INTRODUÇÃO Os Índices de vegetação, associados às diversas técnicas de processamento digital de imagens, às metodologias mais aprimoradas de classificação e à modelagem de dados ambientais, têm proporcionado maior detalhamento e precisão nos mapeamentos de uso e cobertura do solo. A correção atmosférica é uma importante etapa do processamento digital de imagens que deve ser aplicada visando explorar com maior eficiência as potencialidades de discriminação das classes de cobertura do solo que as imagens digitais possuem. A atmosfera interage com a radiação eletromagnética de modo seletivo, atuando de forma diferenciada dependendo do comprimento de onda. A absorção da radiação pelos gases e o espalhamento por aerossóis e moléculas são os principais processos que modificam a radiância solar refletida por um alvo quando visto do espaço. Os sistemas sensores são projetados para evitar as regiões de absorção atmosférica, deste modo, para os dados dos satélites de uso mais comum, como por exemplo, Landsat e Spot, há predominância do espalhamento atmosférico. A mudança de direção do fluxo da radiação eletromagnética proporcionada por este efeito possibilita a introdução no campo de visada do sensor de um quantitativo de radiação diverso do que foi refletida pela superfície imageada. Deste modo, diz-se que o espalhamento possui efeito aditivo ao sinal e isto ocorre de forma mais acentuada em comprimentos de onda curtos, como os da região do visível (Kaufman C.K. Albuquerque, C.B. M. Cruz, R.S. Barros 1988; Vermote et al., 1997; Song et al., 2001; Lu & Mausel, 2002; Antunes, 2003; Gao et al., 2009). Os efeitos atmosféricos podem tornar a distribuição relativa de brilho em uma dada banda diferente daquela observada em campo; causar distorções entre o brilho relativo dos pixels de uma banda em relação aos seus correspondentes em outra banda da mesma cena (Richards & Jia,(2006); provocar a diminuição da faixa de valores digitais possíveis de serem registrados pelo sensor; diminuir o contraste entre superfícies adjacentes, e alterar o brilho de cada ponto da imagem (Zullo et al., 1996). Consequentemente, os efeitos atmosféricos afetam a classificação de feições superficiais e, como a atmosfera atua de forma diferenciada na região espectral do visível e do infravermelho, qualquer modificação da espessura óptica, seja pela variação da composição do meio ou na geometria de iluminação e/ou visada, irá afetar os resultados dos índices de vegetação. (Kaufman, 1988; Moreira, 2000). O NDVI (Normalized Difference Vegetation Index) ainda é o índice de vegetação empregado com maior freqüência em pesquisas envolvendo o sensoriamento remoto da vegetação. Este índice é calculado pela diferença de reflectância entre a faixa do infravermelho próximo e a do vermelho. Essa diferença é normalizada pela divisão da soma das faixas do infravermelho próximo e do vermelho, conforme apresentado na equação 1. III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação NDVI= (NIR-RED)/ (NIR+RED) (1) Onde: NIR = Reflectância na faixa de infravermelho próximo RED = Reflectância na faixa do vermelho O valor de NDVI varia de -1 a +1. Os valores negativos representam as nuvens e valores ao redor de zero representam solo nu ou sem vegetação. O valor de NDVI maior do que zero representa a vegetação, de forma que valores altos podem ser usados para inferir presença de vegetação mais densa ou vegetação em pleno vigor do crescimento (Liu, 2007). Entretanto, sua eficiência diminui quando o alvo possui elevada biomassa devido ao fenômeno da saturação. Para melhorar a capacidade de detecção em regiões com maiores densidades de biomassa, e para reduzir a influência do sinal do solo e da atmosfera sobre a resposta do dossel foi desenvolvido o EVI (Enhanced Vegetation Index) (Ponzoni & Shimabukuro, 2007; Jensen, 2009). O EVI é um NDVI modificado, contendo um fator de ajuste para solos e coeficientes que descrevem o uso da banda azul para correção da banda vermelha quanto ao espalhamento atmosférico por aerossóis (Jensen, 2009). Entretanto, a utilização da banda do azul na sua formulação impede sua aplicação quando os dados disponíveis são provenientes de sensores que não operam nesta região espectral (Jiang et al., 2008). As imagens do satélite Spot 5 apresentam resolução espacial de 10 metros, tornando-se uma boa alternativa para mapeamentos em meso escala a um custo mais accessível quando comparado aos dados provenientes de satélites com maior resolução espacial. Contudo, o sensor HRG não opera na faixa espectral do azul, reduzindo o número de opções entre os índices de vegetação que poderiam ser utilizados nas análises a partir de seus dados. Jiang et al. (2008) desenvolveram um novo índice de vegetação baseado no EVI, denominado EVI2, e que não utiliza a banda azul, cuja equação é apresentada pela equação 2. EVI2= 2,5 [(N-R) / (N + 2,4R+1)] (2) Onde: N, R são as Reflectâncias de superfície medidas na faixa do infravermelho próximo e do vermelho, respectivamente. Segundo os autores citados, a banda do azul utilizada no EVI não fornece informações adicionais sobre as propriedades biofísicas da vegetação, tendo a finalidade de reduzir o ruído e as incertezas associadas à alta variabilidade dos aerossóis atmosféricos, razão pela qual o novo índice proposto poderá ser um substituto aceitável para o EVI quando a imagem for de boa qualidade e quando for feita a correção atmosférica. 2 OBJETIVOS C.K. Albuquerque, C.B. M. Cruz, R.S. Barros Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 002 - 004 O objetivo deste trabalho foi comparar o comportamento do novo índice de vegetação EVI2 com o comportamento de NDVI utilizando dados do sensor HRG e com isso investigar o seu potencial para a discriminação de diferentes alvos. Iniciou-se, ainda, o estudo do efeito da correção atmosférica no processo. III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação 3 ÁREA DE ESTUDO A área de estudo do presente trabalho abrange parte da região das Baixadas Litorâneas do Estado do Rio de Janeiro, e sua delimitação consta na figura 1. Recife - PE, 27-30 de Julho de 2010 p. 003 - 004 mais favorecido pela correção atmosférica, tendo distinguindo melhor as diferenças entre gramínea em ambiente de várzea e floresta. O EVI2 também evidenciou melhor as diferenças entre solo exposto e gramínea no morro, que possui comportamento espectral fortemente influenciado pelo componente solo devido ao baixo recobrimento por causa do estresse hídrico. Isto foi evidenciado pelos acentuados ângulos de inflexão nestas regiões do gráfico, conforme demonstrado na figura 3. Figura 1 – Localização da área de estudo em relação ao estado do Rio de Janeiro 4 MATERIAIS E MÉTODOS A comparação entre o comportamento do NDVI e do EVI2 foi feita através da interpretação de gráficos elaborados a partir da média das leituras dos valores destes índices referentes a amostras de diferentes tipos de coberturas do solo presentes na área de estudo. Foram obtidas amostras de um hectare com três repetições das seguintes coberturas: floresta, solo exposto, gramínea em morro, gramínea em várzea e área urbana. Foram estudadas duas situações: índices de vegetação produzidos a partir da imagem apenas convertida para valores de reflectância e índices de vegetação obtidos a partir da imagem em reflectância e corrigida atmosfericamente. A correção atmosférica da imagem Spot 5 que abrange a área de estudo foi efetuada, nesta fase da pesquisa, apenas através do aplicativo Atcor 2, disponível no software PCI Geomatics. Foram escolhidos os modelos de atmosfera e de aerossóis que mais se adaptavam à área de estudo dentre os existentes no aplicativo. Da mesma forma, foram informados diversos parâmetros requisitados e que constam dos metadados das imagens. O processo de conversão de número digital para valores de reflectância foi executado através da função álgebra de imagens do Software Idrisi utilizando as equações disponibilizadas pela Spot Image. 5 RESULTADOS As formas dos gráficos produzidos revelaram que na condição sem correção atmosférica o comportamento do EVI2 foi semelhante ao do NDVI (figura 2). A correção atmosférica aumentou a amplitude dos valores alcançados por ambos os índices de vegetação, favorecendo a capacidade de discriminação. O EVI2 teve o desempenho C.K. Albuquerque, C.B. M. Cruz, R.S. Barros Figura 2 - Comportamento dos índices de vegetação obtidos a partir de imagens em reflectância. Figura 3 - Comportamento dos índices de vegetação obtidos a partir de imagens em reflectância corrigidas atmosfericamente. 6 CONCLUSÕES Os resultados obtidos são apenas exploratórios mas permitem afirmar que o potencial do EVI2 deverá ser investigado com maior profundidade dada a sua aparente capacidade de não sofrer os efeitos da saturação aos quais está sujeito o NDVI. Desta forma, podemos levantar a hipótese de que este novo índice de vegetação seja mais eficiente do que o NDVI para fazer a distinção de formações vegetais com elevada biomassa. Por ser um índice que não emprega a banda azul, seu uso aumenta as possibilidades de análise efetuadas com dados do sensor HRG, desde que seja realizada a correção atmosférica das imagens. Neste sentido novos estudos encontram-se em andamento para que se chegue à melhor metodologia para tal correção. III Simpósio Brasileiro de Ciências Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação REFERÊNCIAS Antunes, M. A. H., Freire, R. M. B., Botelho, A. 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