.~ '~ 4. No século XVI, as expansões inglesa e francesa foram menos significativas. Sua importância maior estaria no século XVII. a) b) Vocabulário 28 A demora da Inglaterra e da França para entrar na corrida colonial deveu-se a problemas políticos internos e externos: Guerra dos Cem Anos, Guerra das Duas Rosas. O interesse franco-britânico concentrou-se na América do Norte e Canadá. Astrolábio: instrumento para medir a longitude e latitude., Atividade mercantil: atividade comercial (compra, venda, troca etc.). Concessão (comercia!): direito de explorar comercialmente determinado ramo ou região. Crise de desenvolvimento: crise que se dá em momento" de expansão por causa do aparecimento de elementos que: impedem a continuidade dessa expansão. Crise de estagnação: diminuição da procura (de bens e serviços) . Crise de mercado: desequilíbrio entre a oferta e a procura. Economia: conjunto das atividades econômicas (agricultura, indústria, comércio); preocupação em poupar e, assim, capitalizar. Entreposto: estabelecimento, feitoria. Estado: território administrado por um governo soberano e dotado de leis próprias. Feitoria: estabelecimento comercial, em geral situado no litoral. Hegemonia: supremacia, poder de maior influência. Inflacionar: emitir moedas em quantidade exagerada, provocando a sua desvalorização. Intermediário: comerciante. Investir: empregar dinheiro. Mercado: conjunto dos compradores e produtores. Mercado abastecedor: produtores. Mercado consumidor: compradores. Monções: época ou ventos favoráveis à navegêção. Monopólio: direito exclusivo sobre a produção ou comércio. Início dos Tempos Modernos/O Renascimento Introdução o Renascimento marcou o início dos Tempos Modernos no plano cultural. Começou nos fins da Idade Média e atingiu a plenitude entre os séculos XV e XVI. A denominação Renascimento foi resultado da preocupação dos homens que viveram esta evolução cultural, em aproximar a sua época da Antigüidade. Consideravam, portanto, que a sua época via renascer a cultura antiga, a partir da qual se orientavam, em oposição à cultura medieval, que desprezavam. Origens do Renascimento o Renascimento começou na Itália e seu desenvolvimento e difusão foram possíveis graças a uma série de circunstâncias da história italiana. Com o progresso das cidades e do comércio, muita gente enriqueceu a ponto de ficar em condições de proteger os artistas e gastar bastante com a Arte; os protetores dos artistas eram chamados mecenas. Estes acabavam .conhecidos e respeitados por todos. A Arte os ajudava a conseguir créditos e a divulgar as atividades das suas empresas, contribuindo para o seu progresso. 29 ,I!. i-Ib'; }IJxNJff:j.l ~A '~fI't· y:( _~I~'; •• Desde o século XIV, a Itália conheceu obras literárias de características já renascentistas, mas ainda mescladas de elementos medievais (A Divina Comédia, de Dante; Decamerão, de Boccaccio; África, de Petrarca); seu período de maior produção artística foi entre 1450 e 1550. No restante da Europa foi principalmente durante o século XVI que o Renascimento produziu suas melhores obras. Características .•. do Renascimento •••• •••• Os homens que viveram durante o Renascimento tiveram consciência de que sua época era bem diferente da Idade Média. Consideravam a cultura medieval muito inferior à da Antigüidade e opunham uma à outra, como se não houvesse continuidade entre elas. Julgavam viver um período de luzes depois das "trevas" medievais. EUROPA .'iJ ÁFRICA f!iiI L:J Renascimento civil Renascimento cortesão . -- --P--"l,icipais ~entros do RenasCímerito·-itatiaf.t-;;-;--~';a difu~são. Os príncipes, cada vez mais poderosos, desejando legalizar sua autoridade, recorriam aos humanistas que justificavam e divulgavam seus atos e idéias. ')1'\ 1'( Como o fato de ser mecenas era sinal de prestígio, o interesse social uniu-se ao econômico e ao político em benefício do Renascimento. A produção artística foi favoreci da pelo equilíbrio existente entre as forças universais representadas pelo Papado e pelo Império, que se empenhavam numa luta para o controle político da Itália. Além disso tudo, a Itália tinha sempre diante dos olhos os monumentos, construções e obras de arte da Antigüidade greco-romana. Foi só bem mais tarde, por ocasião das guerras da Itália com países, que o Renascimento atingiu o resto da Europa. Em nenhum outros países, no entanto, foi tão "completo" quanto na Itália ~ se riu características próprias em cada um deles, só um aspecto do mento (o intelectual ou o artístico) mereceu destaque. 30 outros desses adquimovi- i 1.( ! :I ~ 11 :,:j ~.'j.- ::I ~r Houve, por isso, um retorno à cultura greco-romana, tanto no plano artístico como na maneira de pensar. Isso trouxe a redescoberta do valor e das possibilidades do homem, que passou a ser considerado o centro de tudo. Na Idade Média, o centro era Deus . Foi também acentuada a importância do estudo da natureza (em vez dos ensinamentos dos mestres e da tradição, como na Idade Média). A característica mais marcante do Renascimento foi o seu profundo racionalismo, isto é, a convicção de que tudo pode ser explicado pela razão do homem e pela ciência, a recusa de acreditar em qualquer coisa que não tenha sido provada. Os métodos experimentais, a observação científica, o desenvolvimento da contabilidade, a organização política racional, que começaram no Renascimento, são exemplos desse racionalismo. O Renascimento teve dois aspectos: o civil, ligado às cidades dirigidas pela alta burguesia e pela nobreza ligada ao comércio, e o cortesão, relativo aos príncipes e nobres da corte. Foi o Renascimento cortesão que se difundiu pela maioria dos países europeus, pois os temas do Renascimento civil só poderiam penetrar em regiões onde as condições sociais e econômicas fossem semelhantes às da Itália, como foi o caso dos Países Baixos (Bélgica e Holanda). o Renascimento intelectual ou Humanismo A revolução científica-e literária que se deu durante o Renascimento foi chamada Humanismo. Os humanistas eram geralmente homens da Igreja ou professores protegidos por mecenas. Eram individualistas, isto é, davam maior importância ao valor e aos direitos de cada indivíduo do que 31 ;}. i. à sociedade. Muito cultos e grandes admiradores da cultura antiga, via.•., javam à procura de manuscritos que copiavam, corrigiam e comentavam.' I Para entendê-los, aprenderam grego, hebraico e outras línguas antigas; expressavam-se no mais puro latim. Seus trabalhos trouxeram um desenvolvimento extraordinário à literatura de muitos países da Europa. Os humanistas acreditavam 110 progresso e na capacidade humanas;.,.., tinham uma sede imensa de aprender tudo o que fosse possível. Suas idéias tornaram-se conhecidas e aceitas graças à invenção da imprensa, que tornou mais fácil a reprodução das obras literárias (os livros podiam assim ser obtidos em quantidade muito maior do que até então, a preços mais acessíveis e com grande rapidez). O principal centro humanista foi a Itália, nos fins do século XV. Os estudos começados por Dante, Petrarca e Boccaccio foram estimulados pela chegada de homens cultos vindos de Constantinopla - um dos principais centros culturais do Oriente - tomada pelos turcos em 1453. Na cidade italiana de Florença, Lourenço de Médicis fundou uma academia onde pensadores ilustres tentaram estabelecer um acordo entre o pensamento antigo (pagão) e o ideal cristão; foi também ali que Maquiavei renovou os estudos de história e de política, estabelecendo em O Príncipe as bases para a organização política do Estado moderno. Os humanistas cristãos procuraram conciliar a filosofia platônica e o Cristianismo, principalmente Marcílio Ficino e Pico della Mirandola. Os humanistas pagãos desenvolveram estudos históricos da Antigüidade com a finalidade de criticar os livros sagrados, como .o caso de Lourenço Valia. Fora da Itália, o maior humanista foi o holandês Erasmo de Roterdam, que criticou a sociedade do seu tempo em Elogio da Loucura. Na França o Hurnanismo triunfou graças à proteção de Francisco I, fundador .do Colégio de França, onde se ensinava grego, hebraico, filosofia, matemática, geografia e medicina. François Rabelais satirizou a Filosofia Escolástica e a Igreja nas obras Gargântua e Pantagroel. O cinismo de Michel Montaigne, em Ensaios, abalou os dogmas da fé. Na Inglaterra Sir Thomas Morus escreveu a Utopia, onde preconizou uma sociedade igualitária, criticando o capitalismo nascente. Sir Francis Bacon desenvolveu seu método da experimentação - Novum Organum - de grande importância para o conhecimento .científico. A produção humanista na literatura e no teatro foi fecunda. Na Espanha, Miguel de Cervantes em Dom Quixote satirizou o feudalismo e os costumes da cavalaria medieval. A mesma crítica e mais o fervor religioso' aparecem em Lope de Vega, Tirso de Molina e Calderón de Ia Barca que produziram numerosas peças de teatro. Em Portugal sobressaíram-se Gil Vicente no teatro e Luís. Vaz de Camões na epopéia. Mas William Shakespeare, na Inglaterra, foi o representante máximo da criação artística no teatro; escreveu mais de 40 peças e algumas de suas obras são representadas até hoje, como Romeu e lulieta, Hamlet, Macbeth, Rei Lear, lúlio César e outras. A Ciência no Renascimento O racionalismo característico do Renascimento fez com que essa época conhecesse um notável progresso científico. O grande artista itãliano Leonardo da Vinci descobriu como deveriam funcionar o avião, o submarino, o moinho de vento, a roda de água etc. O polonês Copérnico descobriu que não é o Sol que gira em torno da Terra, como se pensava, mas a Terra que gira em torno do Sol. Ga1i1eu Galilei foi o mais importante cientista do Renascimento, sendo considerado o fundador da Física moderna. O alemão Johannes Kepler demonstrou a órbita elíptica dos astros. No campo da. Medicina, o médico alemão Paracelso estudou as drogas medicinais, e na Espanha Miguel Servet descobriu a pequena circulação do sangue. O médico francês Ambroise Paré inventou uma nova maneira de estancar o sanguy. Houve ainda muitos cientistas ilustres no Renascimento. Sua mentalidade ainda não era perfeitamente "científica", de acordo com as idéias de hoje, pois eles confundiam superstição e ciência (acreditavam em bruxas e fantasmas, por exemplo). o Renascimento é p i \ 1 \ ; " I, 32 ---!: !~. artístico Também na Arte o Renascimento rompeu com as idéias e costumes da Idade Média e procurou imitar a Antigüidade. Na Pintura, maior atenção passou a ser dada à natureza, ao homem, ao movimento, à perspectiva. A Arquitetur!\ progrediu muito com os esforços para adaptar as técnicas antigas às necessidades da época; foram construídos palácios, casas, monumentos e a Basílica de São Pedro, em Roma. O Renascimento renovou também a Música: Palestrina (italiano) adaptou a música religiosa aos sentimentos e às formas de expressão da época. Durante o século XIV, somente Giotto destacou-se na Pintura. f!. famosa sua tela São Francisco pregando aos pássaros. No século XV, em Florença, sob a proteção dos .Médicis e, em Roma, sob o mecenato papal, as Artes sofreram notável desenvolvimento. O corpo humano ganhou realismo, mesmo nas pinturas religiosas, graças aos estudos da forma e melhor aplicação da cor. Nesta fase predomina a escola florentina e são seus expoentes: Masaccio com Expulsão de Adão e Eva do Paraíso, Fra Filippo Líppi com Adoração, Sandro Botticelli com Alegoria da Primavera. O maior de todos foi Leonardo da Vinci, que fez estudos científicos da naturezá e do corpo humano; notabilizou-se pelo jogo de cores, luz e sombra. Suas obras principais: Virgem das Rochas, 'última Ceia e o retrato de Gioconda (Mona Lisa). 33 .'t~" ",;.] :~ ,,,, No campo da Escultura sobressaiu-se Donatello que procurou glorificar o nu: Davi e a estátua do Condottiere Gattamelata, esculpidas em bronze, são suas obras máximas. Na Arquitetura, Brunelleschi utilizou as linhas horizontais e elementos decorativos de influência romana. No século XVI, o Renascimento atingiu seu apogeu que vai até meados desse século, quando então inicia a fase de sua decadência. O centro artístico passa de Florença para Roma, e a escola veneziana começa a produzir para a burguesia consumidora. ticas. Hans Holbein fez retratos de Erasmo e Henrique VIII. Na Espanha, Murillo desenvolveu o tema da religiosidade em Imaculada Conceição. El Greco destacou-se por sua pintura emocional, impregnada de realismo místico e aspectos sobrenaturais; suas obras mais famosas: Pentecostes e O Enterro do Conde de Orgaz. Documento básico A poesia épica desenvolveu-se com Ludovico Ariosto em Orlando Furioso e com Torquato Tasso em Jerusalém Libertada. Os pintores da Escola de Veneza retrataram a vida mundana e aperfeiçoaram a utilização das cores vivas e do movimento. A técnica do retrato foi desenvolvida. São exemplos dessa fase: Ticiano com Descida da Cruz, Tintoretto com A Crucificação, e Rafael com Madona Sistina, Retrato de Leão X e Os Cardeais. 34 sobre o ideal "O mundo todo está cheio de pessoas sábias, de preceptores eruditos, de grandes bibliotecas; parece-me que nem no tempo de Pia tão ou de Cícero havia condições de estudo como agora ... Os bandidos, os carrascos, os aventureiros e os cocheiros de agora são mais educados que os eruditos, os doutores e os teólogos do meu tempo. .. Por isso, meu filho, deves empregar a tua juventude na dedicação ao estudo e às virtudes. Estás em Paris t: tens como preceptores Epistemon, de grande instrução, e outro mestre: a própria cidade de Paris, que te dará muitos exemplos. Vejo que aprendes as línguas perfeitamente. Grego, latim, hebraico, para as santas leituras, caldeu e árabe paralelamente; e que formas teu estilo na imitação de Platão e de Cícero ( ... ); que tens toda a história na memória ( ... ). As artes liberais, geometria, aritmética e música, eu te fiz apreciar quando tinhas ainda cinco anos; sabes astronomia e direito canônico. Quanto ao direito civil, conheces de cor belos textos e os criticas com filosofia. Em relação ao conhecimento dos fatos da natureza, por fiz'U, vejo que te entregas a ele com curiosidade: não há mar, rio ou fonte dos quais não conheças os peixes; de' todos os pássaros, de todas as árvores, arbustos e frutas das florestas, de todas as ervas da terra e de todos os metais escondidos no ventre dos abismos, mesmo as pedrarias do Oriente edo Sul, nada te é desconhecido." Sob a proteção do papa destacou-se nessa época Miguel Angelo, pintor e escultor, um dos maiores nomes do Renascimento italiano. Pintou uma parede e o teto da Capela Sistina (Deus Criando o Mundo, Criação de Adão, O Dilúvio e Juízo Final). Nas suas esculturas usou da deformação para obter efeito trágico como em Escravo Acorrentado, Moisés e Pietà. Fora da Itália, foi nos Países Baixos que a Pintura adquiriu maior importância. Na escola flamenga a Arte refletia o luxo dos comerciantes e as telas eram feitas a óleo com cores vivas. Peter Breughel fez pintura de caráter social, retratando homens comuns, como no Danças Camponesas; Van Eyck, em Adoração do Cordeiro, explora tema religioso; Rembrandt, na Lição de Anatomia do Dr. Tulp, mostra a vida européia da época. Na Alemanha, Albrecht Dürer com Adoração dos Magos, Cristo Crucificado, Os Quatro Apóstolos, salienta-se pelas tendências mís- Gargântua escreve a seu filho Pantagruel educacional do Renascimento: Rabelais, Pantagruel, in L. Gothier e A. Troux. Recueils de Textes d'Histoire, tomo lII, págs. 47 e 49. Moisés, de Miguel Ângelo (detalhe). Datas e fatos essenciais 1350-1450: Pré-Renascimento, 1450-1550: Período máximo do Renascimento. 35 .. ' Resumo 1. o mecenato constituiu um fator importante do Renascimento, ocorrido entre os séculos XV e XVI: a) b) c) d) 2. 3. Foram protegidos por Lourenço de Médicis, em Florença. Dos humanistas destacaram-se Maquiavel com a obra O Príncipe e Erasmo de Roterdam com O Elogio da Loucura. O Renascimento científico legou-nos descobertas importantíssimas de Leonardo da Vinci, Copérnico, Galileu Galilei e Iohannes Kepler, O Renascimento artístico produziu obras excepcionais: a) b) c) Vocabulário Reforma Religiosa Os humanistas eram eruditos preocupados com a condição humana: b) 5. Início dos Tempos Modernos IA As características básicas do Renascimento foram: retorno à cultura greco-romana; antropocentrismo: descoberta do mundo; racionalismo; caráter' civil e cortesão da produção artística. a) 4. Os humanistas foram protegidos pelos príncipes interessados na centralização do poder. A preocupação maior dos mecenas era o prestígio social que a proteção das Artes lhes conferia; A estabilidade política da Itália criou condições para o progresso artístico. Dante, Boccaccio e Petrarca foram os representantes do pré-Renascímento, Pintura: Leonardo da Vinci, a Gioconda. Escultura: Miguel Ângelo, Moisés. Música: Palestrina. Mecenas: protetor dos artistas. Sacro Império: Império fundado por Oto I, em 962. l'" 1i I Introdução Nos fins da Idade Média, a palavra reforma era usada com o significado de purificação interior do crente e de busca da regeneração da Igreja Católica. Os reformadores religiosos que com ela romperam, passaram a empregar Reforma para designar o movimento geral de transformação religiosa. Não só na Igreja Católica como também - e até principalmente - fora dela. O termo hoje em dia abrange tanto a Reforma Protestante como a Católica, se bem que a Católica tenha sido, de certo modo, uma Contra-Reforma, uma reação contra a Reforma Protestante. Os católicos procuram evitar o uso da expressão Contra-Reforma. Argumentam que o movimento reformista já existia na sua Igreja bem antes da Reforma Protestante. Relações .entre e Tempos Modernos Assim como os descobrimentos marítimos representaram uma revolução econômica e .0 Renascimento, uma revolução intelectual e artística, a Reforma correspondeu a uma revolução no terreno religioso. Da Idade Média até o Renascimento, a importância da Igreja Católica na vida econô- ; I ! Reforma ! i I 36 37