Uma História Natural Os rios são cursos de água permanentes que reúnem três troços principais: 1) o troço ou curso superior, no qual predomina a ação de erosão; 2) o troço ou curso médio, onde o transporte é o principal agente atuante; 3) o troço ou curso inferior caracterizado pelo predomínio da sedimentação de que resultam os depósitos aluviais ou aluviões. Inês Paulino_Fundão_2009 Assim, nos terrenos calcários dispostos em camadas horizontais os vales têm paredes quase verticais, por vezes muito profundas – as gargantas ou canhões – em resultado da pouca ação de erosão das vertentes por nestas rochas a infiltração ser máxima e a escorrência ser, por isso, praticamente nula. Por outro lado, a elevada coerência do calcário favorece o carácter abrupto das vertentes, facto que pode ser acentuado pela horizontalidade das camadas. Por outro lado, nas rochas de natureza argilosa (em que se incluem os xistos) a escorrência ao longo das vertentes é muito acentuada devido à sua grande impermeabilidade. Quase toda a água das chuvas que não evapora, escorre em superfície. E são também rochas que facilmente são erodidas. Neste caso o recuo e o rebaixamento das vertentes é muito intenso pelo que os vales tendem para superfícies largas limitadas por vertentes pouco abruptas. Nos granitos, que são mais permeáveis do que as rochas argilosas e também mais resistentes à erosão, os vales apresentam perfis transversais mais vigorosos. Na exposição “Minerais: identificar, classificar” procure alguns exemplos de minerais constituintes de vários tipos de rochas que um rio encontra frequentemente ao longo do seu percurso… Esta observação será complementada com a observação de amostras de mão das rochas a que os minerais se referem. Como constituintes de rochas carbonatadas Calcite Composição química: carbonato de cálcio (CaCO3). A calcite cristaliza no sistema trigonal e é um polimorfo da aragonite. Hábito: frequentemente romboédrico embora apresente variabilidade de hábitos incluindo romboedros agudos a obtusos, formas tabulares, prismas ou vários escalenoedros. São conhecidos vários tipos de maclas. Pode ocorrer na forma fibrosa, granular, lamelar ou compacta. A clivagem desenvolve-se em três direcções paralelas às faces do romboedro. Dureza: 3 na escala de Mohs. Densidade: 2,71 Brilho/Cor: apresenta brilho vítreo nas variedade cristalinas. Incolor ou de cor branca embora possa apresentar tonalidades cinzenta, vermelha, laranja, amarela, verde, azul, violeta, castanha e até preta quando o mineral contém impurezas. A calcite é transparente a opaca. Curiosidade/utilização: a variedade transparente chamada Espato de Islândia é usada em óptica. Os cristais escalenoédricos agudos são por vezes chamados “dente de cão”. Alguns cristais de calcite apresentam uma propriedade óptica chamada birrefrangência (dupla refracção) que permite ver em duplicado objectos quando observados através dos cristais. Dolomite Composição química: a dolomite é um carbonato, mas de cálcio e magnésio CaMg(CO3)2. O termo também é usado para descrever a rocha sedimentar que a contém. Hábito: a dolomite cristaliza no sistema trigonal , geralmente em romboedros. Dureza: 3,5 e 4,0 na escala de Mohs. Densidade: varia entre 2,86 e 3,10. Brilho/Cor: apresenta brilho vítreo. Os cristais são brancos, cinzentos, rosa e frequentemente têm uma forma curva. Curiosidade/utilização: a dolomite é geralmente maciça. A dolomite é um carbonato duplo com um arranjo estrutural diferente da calcite pelo que não se dissolve facilmente (nem produz efervescência) em ácido clorídrico, a menos que esteja reduzida a pó. Como constituintes dos granitos e outras rochas ígneas Quartzo Composição química: possui estrutura cristalina trigonal composta por tetraedros de sílica (dióxido de silício, SiO2) e pertence ao grupo dos tectossilicatos. Hábito: apresenta-se sob a forma de um prisma de seis lados que termina em pirâmides de seis lados, embora frequentemente distorcidas. Pode surgir em agregados paralelos, em formas maciças (compacta, fibrosa, granular, criptocristalina). Apresenta maclas diversas. Dureza: 7 na escala de Mohs. Densidade: 2,65 Brilho/Cor: conhece-se nas mais diversas cores (alocromático). Sem clivagem, apresenta fractura concoidal. Curiosidade/utilização: o quartzo é o segundo mineral mais abundante da Terra (aproximadamente 12% vol.), seguindo-se aos feldspatos. O nome "quartzo" é de origem incerta, sendo a mais provável a palavra alemã "quarz", que por sua vez será de origem eslava. Há muitas variedade de quartzo, algumas das quais semipreciosas, como a amestista. Desde a antiguidade têm sido usadas em joalharia diversas variedades de quartzo. Feldspatos Composição química: os feldspatos são tectossilicatos (KAlSi3O8 – NaAlSi3O8 – CaAl2Si2O8) e compõem um grupo de minerais constituintes das rochas que formam cerca de 60% da crosta terrestre. Hábito: cristalizam nos sistemas triclínico ou monoclínico. Dureza: 6 a 6,5 na escala de Mohs. Brilho/Cor: apresenta brilho vítreo. A ortoclase é incolor ou apresenta cores brancas, cinzentas, vermelhas. A microclina apresenta cores branca a amarelopálido, verde, raramente vermelho. As plagioclases podem ser incolores ou apresentar cores branca, cinzenta, raramente esverdeada, amarelada e vermelha. Curiosidade/utilização: feldspato vem do alemão feld, campo; e spat, uma rocha que não contém minério. Os feldspatos encontram-se em rochas ígneas tanto intrusivas como extrusivas e em muitos tipos de rochas metamórficas. Também podem ser encontrados em algumas rochas sedimentares. Micas Composição química: o grupo das micas inclui diversos minerais do grupo dos filossilicatos, com clivagem basal perfeita e composição química semelhante traduzida na fórmula geral: X2Y4–6Z8O20(OH,F)4 na qual X pode ser K, Na, ou Ca e mais raramente Ba, Rb, ou Cs; Y pode ser Al, Mg ou Fe e mais raramente Mn, Cr, Ti, Li, etc.; Z é sobretudo Si ou Al, mas também pode incluir Fe3+ ou Ti. Hábito: os cristais de todas as variedades são monoclínicos, pseudo-hexagonais. É a disposição hexagonal dos seus átomos ao longo de planos paralelos, que permite a clivagem perfeita, aspecto mais característico da mica. Dureza: a sua dureza na escala de Mohs é 1,0. Brilho/Cor: é alocromático por apresentar uma ampla variedade de cores (branco, preto, castanho, roxo, verde). Curiosidade/utilização: as variedades mais conhecidas são a moscovite, biotite, lepidolite, flogopite, entre outras. Pensa-se que "mica” deriva da palavra latina "micare", que significa brilho, devido à aparência brilhante deste mineral. Como elementos constituintes dos basaltos Olivina (Forsterite) Composição química: são nesossilicatos constituídos por magnésio e ferro, (Mg,Fe)2SiO4. Constituem uma série em que a percentagem de ferro e magnésio varia entre os termos extremos forsterite (Mg2SiO4) e a faialite (Fe2SiO4). Hábito: têm fractura concoidal, sendo bastante friáveis. Cristalizam no sistema ortorrômbico. O hábito das olivinas é geralmente granular e maciço. Dureza: 6,5-7 na escala de Mohs. Densidade: 3,27-3,37 Brilho/Cor: o brilho é vítreo. A olivina apresenta-se normalmente com cor verde-azeitona (daí o nome) ou amarelo-claro, apesar de poder apresentar uma cor avermelhada devido à oxidação do ferro. Pensa-se que a cor verde seja devida à presença de pequenas quantidades de níquel. Curiosidade/utilização: é um dos minerais mais comuns na Terra, tendo também sido encontrada em rochas lunares, em meteoritos e, inclusive, em rochas de Marte. A olivina ocorre em rochas ígneas e ainda como mineral primário em algumas rochas metamórficas pois cristaliza a partir de magma rico em magnésio e pobre em sílica, que dá origem à formação de rochas máficas e ultramáficas, como gabro, basalto, peridotito e dunito. A olivina (ou as suas variantes estruturais de alta pressão) constituem cerca de 50% do manto superior, o que faz deste mineral um dos mais comuns do planeta. Como elementos constituintes das rochas metamórficas xistosas Granadas Composição química: são nesossilicatos de fórmula geral, A3B2(SiO4)3, sendo o “A” ocupado por Ca, Mg ou Fe3+ e o “B” por Al, Fe2+ e Cr. A incorporação de diferentes elementos químicos na sua estrutura, principalmente cálcio, magnésio, alumínio, ferro2+, ferro3+, crómio, manganês e titânio, dá origem a diversas variedades de granada . Hábito: cristalino constituído por dodecaedros e trapezoedros. As granadas não apresentam clivagem, mas evidenciam partição dodecaédrica. A fractura é concoidal a desigual. Dureza: 6,5-7,5 na escala de Mohs. Densidade: 3,1 e 4,3 Brilho/Cor: o brilho pode ser vítreo e resinoso. São transparentes ou opacas, conforme a presença ou ausência de inclusões. As granadas podem ser vermelhas, amarelas, castanhas, pretas, verdes, ou incolores. Curiosidade/utilização: a designação granada vem do latim granatus, que significa grão. Algumas variedades têm sido utilizadas em joalharia desde a idade do Bronze, outras são muito resistentes e, por isso, utilizadas como abrasivos. As principais variedades de granadas são o piropo, almandina, espessartite, grossulária, uvarovite e andradite. No Jardim Botânico e na exposição “Coleções de Naturalista” no edifício do museu, podem ser encontradas espécies representativas dos ecossistemas considerados ao longo do percurso de um rio, desde a nascente numa montanha até à foz. Visita ao Jardim Botânico 6 11 1 2 4 5 3 7 12 10 8 9 1. Erica arborea L; 2. Iris pseudacorus L.; 3. Cynara humilis L.; 4. Calendula suffruticosa Cahl ssp. algarbiensis (Bss)P. Cout.; 5. Rosmarinus officinalis L; 6. Fraxinus angustifolia Vahl ssp; 7. Pinus pinea L; 8. Fagus sylvatica L; 9. Taxus baccata L.; 10. Quercus faginea Lam; 11. Ilex aquifolium L; 12. Salix atrocinerea Brot. (Salix cinerea var. atrocinerea (Brot.) O. Bolòs & Vigo ) Montanha Nome cientifico: Taxus baccata L. Nome comum: Teixo Família: Taxaceae Distribuição: Nativa de quase toda a Europa, América do Norte e do Sul, Norte de África, Ásia e Austrália Altura: 15m Característica: Típica de bosques mistos sombrios. Espécie nativa de Portugal. No Parque Natural da Serra da Estrela e no Parque Nacional da Peneda-Gerês existem alguns exemplares em estado natural. Encontra-se em vias de extinção em Portugal devido á destruição de habitat. Nome cientifico: Ilex aquifolium L. Família: Aquifoliaceae Nome comum: Azevinho Distribuição: S e W Europa, N África e W Ásia Altura: 3-15m Características: O Azevinho é outro exemplo de espécie em vias de extinção em Portugal, devido à destruição de habitat (existe ainda no Parque Nacional da Peneda-Gerês). Apesar da ampla utilização no Natal está protegida por lei e o seu corte é proibido. Nome cientifico: Erica arborea L. Família: Ericaceae Nome comum: Urze-branca Distribuição: Região Mediterrânea, Macaronésia, N e E de áfrica. Altura: 1-4m Características: Arbusto típico de florestas mediterrânicas. Floresce entre Fevereiro-Agosto. Floresta temperada Nome cientifico: Quercus faginea Lam. Nome comum: Carvalho – português; Carvalho -cerquinho Família: Fagaceae Distribuição: Nativa da Península Ibérica e N África Altura: 20m Característica: Espécie marcescente (algumas folhas permanecem até à primavera seguinte enquanto as restantes caem no outono). Floresce entre Abril – Maio; Nome cientifico: Fagus sylvatica L. Nome comum: Faia Família: Fagaceae Distribuição: Grande parte Europa, de Espanha até Cáucaso e W Ásia (Irão e Turquia) Altura: 25-35 m Característica: Árvore caducifólia; na região do Mediterrâneo só cresce em altitudes entre 600-1800m; Floresce entre Abril – Junho. Nome científico: Rosmarinus officinalis L. Nome comum: Alecrim Família: Labiatae (Lamiaceae) Distribuição: Região do Mediterrâneo Altura: 2 m Característica: Arbusto perene; floresce durante quase todo ano (com maior incidência entre Janeiro - Maio) ; habita matos, matagais, terrenos incultos. Zona Ribeirinha Nome cientifico: Fraxinus angustifolia Vahl ssp. angustifolia Nome comum: Freixo Família: Oleaceae Distribuição: Sul e Centro-Este da Europa; NW África Altura: 25m Característica: Espécie típica de bosques caducifólios e margens de cursos de água. Floresce de Fevereiro a Março. Nome científico: Iris pseudacorus L. Nome comum: Lírio-amarelo-dos-pântanos Família: Iridaceae Distribuição: Grande parte Europa, Cáucaso, Sibéria, W Ásia, N África e Macaronésia (Canárias e Madeira); Altura: 1m Característica: Herbácea anual que floresce entre Abril e Junho; típica de locais húmidos e encharcados; tolera solos anóxicos e pH baixos. Nome científico: Salix atrocinerea Brot. (Salix cinerea var. atrocinerea (Brot.) O. Bolòs & Vigo ) Nome comum: Borrazeira-preta; Salgueiro-preto Família: Salicaceae Distribuição: Europa atlântica e W Região Mediterrânica Altura: 15m Característica: Pequena árvore caducifólia típica de charnecas e margens de rios (entre os 01800m altitude); floresce entre Fevereiro e Março. Zona Dunar Nome científico: Pinus pinea L. Nome comum: Pinheiro-Manso Família: Pinaceae Distribuição: Nativa de S Europa e W Ásia Altura: 12-20m Característica: Espécie de folhas perenes, em forma de agulha para evitar perda de calor no inverno e água no verão. É uma espécie típica de solos arenosos. Os pinhões são comestíveis. Nome científico: Calendula suffruticosa Cahl ssp. algarbiensis (Bss)P. Cout. Família: Asteraceae Distribuição: Endémica da Península Ibérica Característica: Herbácea anual. Nome cientifico: Cynara humilis L. Família: Compositae (Asteraceae) Nome comum: Alcachofra-de-são-joão Distribuição: C e S Península Ibérica Características: Floresce de Maio-Agosto. Espécie que vive em solos áridos de natureza basáltica e calcária. Visita à exposição “Coleções de Naturalista” Iberolacerta monticola; Hieraetus pennatus ; Canis lupus; Barbus comizo; Rana perezi; Galemys pyrenaicus ; Lutra lutra; Vulpes vulpes; Hemorrhois hippocrepis; Bubo bubo; Erinaceus europaeus; Bufo bufo; Podarcis ocagei; Larus cachinnans; Herpestes ichneumon Montanha Nome científico: Hieraetus pennatus Nome comum: Águia calçada Família : Accipitridae Distribuição: Espécie migradora. França, Península Ibérica e noroeste de África; Grécia, Balcãs; Cáucaso e Ásia menor Características: Nidificante estival; Típica das zonas de montado de sobro e azinho denso. Podendo também ser vista em zonas de coníferas. Nome científico: Canis lupus Nome comum: lobo-ibérico Família : Canidae Distribuição: Ásia, América do Norte e Europa oriental. Características: Espécie Vulnerável (IUCN). Em Portugal existe uma das populações da Península Ibérica a norte do rio douro. Ocorre em matos e florestas temperadas, longe dos grandes aglomerados populacionais, estão restringidos ás zonas montanhosas. Nome científico: Iberolacerta monticola Nome comum: Lagartixa-da-montanha Família: Lacertidae Distribuição: Portugal e norte de Espanha Características: Endémica da Península Ibérica. Espécie considerada Vulnerável (IUCN), típica de zonas montanhosas de substrato rochoso, associado a matos de urze e giestas entre os 1400-1993m. Floresta temperada Nome científico: Vulpes vulpes Nome comum: Raposa Família: Canidae Distribuição: América do Norte, Norte de África, Eurásia Características: Carnívoro oportunista, com preferência por áreas heterogéneas com bosques, matos fechados e/ou campos agrícolas, para viver. Nome científico: Bubo bubo Nome comum: Bufo real Família: Strigidae Distribuição: Cosmopolita Características: Espécie residente em Portugal. Está classificada como quase ameaçada (IUCN); Típica de vales e grandes rios e ribeiros, mas também em escarpas de zonas rochosas. Nome científico: Erinaceus europaeus Nome comum: Ouriço Família: Erinaceidae Distribuição: Europa Características: Típico de floresta, campos agrícolas e áreas suburbanas. É um animal noturno, quando ameaçado defende-se enrolando-se numa bola de espinhos. Zona ribeirinha Nome científico: Barbus comizo Nome comum: Cumba Família : Cyprinidae Distribuição: Bacia hidrográfica do Tejo, Hugo Gante Guadiana e Ebro(Espanha). Características: Endémica da Península Ibérica. Ocorre em rios ou ribeiras em zonas mais profundas. Considerado em Perigo (IUCN) Nome científico: Lutra lutra Nome comum: Lontra Distribuição: Norte de Évora e Euroásia Características: Espécie piscívora e prefere viver em ambientes dulciaquícolas diversos, zonas estuarinas e costa litoral. Nome científico: Rana perezi Nome comum: Rã - verde Família: Ranidae Distribuição: Zona ocidental da Península ibérica Características: Espécie endémica da Península Ibérica, típica de zonas montanhosas junto a ribeiros com vegetação abundante nas margens, podendo existir nas imediações bosques caducifólios, até a 1900m de altitude. Zona dunar Nome científico: Chamaeleo chamaeleon Nome comum: Camaleão comum Família: Chamaeleonidae Distribuição: Região Mediterrânica Características: Espécie insectívora, que pode atingir 40cm. Altera a sua pigmentação como forma de camuflagem ao seu ambiente. Nome científico: Acantodactylus erythrurus Nome comum: Lagartixa-de-dedos-denteados Família: Lacertidae Distribuição: Noroeste de África e Península Ibérica Características: Réptil com estatuto de conservação, NT (quase ameaçado) devido a alterações do habitat. Nome científico : Larus cachinnans Nome comum: Gaivota-de-patas-amarelas Família: Laridae Distribuição: Europa, noroeste de África e Ásia central Características: Pode habitar em zonas junto à costa bem como em terra.