poluição atmosférica: as consequências da

Propaganda
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
Fundação Universidade Estadual de Maringá
ARTIGO CIENTIFÍCO
ÁREA: Ciências/Biologia
NOME DA PROFESSORA PDE: Marlene Alexandre Serenini
PROFESSOR (a) ORIENTADOR (a): Celso João Rubin Filho
MARINGÁ
2012 / 2013
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA: AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEIMA DA
PALHA DA CANA-DE-AÇÚCAR NA SAÚDE E NO AMBIENTE
Marlene Alexandre Serenini1
Celso João Rubin Filho2
RESUMO: Na atualidade muito se tem discutido sobre os problemas ambientais, principalmente a
poluição do ar, devido os prejuízos ocasionados. Este trabalho baseou-se em um levantamento
bibliográfico e pesquisas de campo sobre os efeitos da poluição do ar relacionados às queimadas em
canaviais e suas consequências sobre o homem e o ambiente. Com esses dados foram realizadas
palestras com os alunos, pais de alunos e sociedade, passeata ecológica e exposição de folders com
a finalidade de conscientizar a todos quanto aos problemas relacionados às queimadas. Ao
propiciarmos a leitura de textos sobre o tema em questão, como músicas e recursos que tratam de
poluição, a intenção foi de promover mudanças conceituais nos alunos. Neste intuito, os mesmos
estudaram textos referentes à poluição atmosférica, se apropriando dos recursos propostos onde o
estudo se tornou interessante. Enfim, o trabalho envolveu a escolha do tema, da revisão bibliográfica,
a pesquisa de campo, a seleção dos entrevistados, análises e interpretação dos dados. A escolha do
tema baseou-se na preocupação com certa quantidade de alunos faltarem às aulas, cuja justificativa
eram os problemas respiratórios, irritação nos olhos, causados pela poluição do ar em época da
queima dos canaviais nesta época do ano.
Palavras-chave: Poluição atmosférica. Meio ambiente. Cana-de-açúcar.
1. INTRODUÇÃO
Com a revolução industrial e junto seu processo de industrialização fica visível
que o homem consegue provocar ao meio ambientes danos e desequilíbrios
ecológicos. Além de serem responsáveis pela emissão de poluentes, as indústrias
transmitem uma poluição fixa ou estacionária no ambiente. Já as fontes móveis
(como o próprio termo já diz) são os veículos automotores, trens, aviões, entre
outros, sendo os automóveis o maior poluidor atmosférico das grandes cidades.
Então, alcançar a qualidade do ar saudável deve-se ao controle das fontes
emissoras de poluentes atmosféricos.
1
Professora PDE: Área Ciência/Biologia no Colégio Estadual Pedro Fecchio no município de São
Tomé PR. Núcleo de Cianorte.
2
Professor (a) Orientador (a): Doutor: Celso João Rubin Filho
FERREIRA et al (2002), apontam que entre as fontes emissoras de poluentes
da atmosfera está a queima da palha da cana-de-açúcar, uma combustão
incompleta ao ar livre que depende do tipo de matéria vegetal que está sendo
queimada,
de
sua
densidade,
umidade,
além
de
condições
ambientais,
principalmente a velocidade do vento. O resultado dessa emissão constitui-se
inicialmente em monóxido de carbono (CO) e matéria particulada (fuligem), além de
cinza de granulometria variada.
Nessa perspectiva o aluno deve compreender como a poluição do ar, nos
dias atuais, vem causando danos à saúde das pessoas, dos animais e das plantas e
constituindo um dos maiores problemas de Saúde Publica. Este fator pode ser
compreendido porque o mundo moderno trouxe consigo um elevado acréscimo na
quantidade e na variedade de poluentes estabelecidos na atmosfera, deixando ainda
mais complicada a qualidade de vida no planeta.
No presente trabalho objetivamos avaliar o conhecimento dos efeitos da
poluição atmosférica e investigar alguns aspectos referentes à queima da palha da
cana-de-açúcar aos quais os alunos tiveram acesso, bem como pesquisas em
laboratório de informática e questionários, entre outras atividades. Portanto, os
resultados dessa pesquisa poderão contribuir para a orientação de professores do
ensino Fundamental e Médio no planejamento e adequação de aulas e atividades
que envolvam conceitos relativos à poluição atmosférica e temas afins.
1.2 HISTÓRICO DA CANA DE AÇÚCAR NO BRASIL
A cana-de-açúcar (Saccharum ssp) é originária do arquipélago malaio e seu
cultivo já era comum na Índia para fabricação de açúcar há mais de dois mil anos,
porém, parece ter sido conhecida pelo homem há cerca de três mil anos. Arbex
(2002) fez uma excelente revisão da trajetória de sua cultura desde a entrada no
Brasil, no ano de em 1526, em Pernambuco. De acordo com o autor, o primeiro
engenho de moagem foi instalado por Martim Afonso de Sousa em 1553 na cidade
de São Vicente e, apesar das condições favoráveis, sua produção no Brasil tardou a
se desenvolver, pois os investimentos estavam dirigidos para a expansão da
produção nas ilhas próximas à costa africana, de onde vinham os escravos.
Com a passagem de Portugal para os domínios da casa espanhola reinante,
em 1580 e, esgotadas as possibilidades de expansão da produção açucareira nas
ilhas portuguesas, os capitalistas flamengos e holandeses começaram a fomentar a
expansão no Brasil, quando ocorreu grande desenvolvimento do setor canavieiro no
nordeste brasileiro. Entretanto, Amaral (1958) ressalta que, no período de 1580 a
1822, o Brasil exportou mercadorias num total de 536 milhões de libras esterlinas. O
açúcar, sozinho, rendeu 300 milhões de libras esterlinas, mais do que todos os
outros produtos, incluindo os decorrentes da mineração.
1.3 FULIGEM
A queima da palha da cana-de-açúcar, por ser uma combustão incompleta ao
ar livre, resulta na emissão de monóxido de carbono (CO) e matéria particulada,
conhecida por fuligem. Esta é responsável pela cor escura da fumaça que sai das
chaminés das fábricas, dos escapamentos dos carros etc. Aliás, a coloração pode
variar dependendo da composição química e das características da fonte emissora,
conforme afirma Cançado (2003).
A presença na atmosfera de resíduos grosseiros (fuligem) resultantes da
combustão da palha da cana-de-açúcar aparece, para a população em
geral, como uma evidência marcante de que os sintomas respiratórios
dependem da poluição ambiental gerada pelas queimadas, ou são
agravadas por ela (p. 59).
A fuligem provocada pela queima dos canaviais produz, além da poluição
atmosférica, vários inconvenientes para a população, tais como a sujeira
que acarreta aumento do trabalho e do gasto com água para a limpeza em
geral (p. 60).
O autor afirma ainda que é nítida, durante a época das queimadas dos
canaviais, a piora na qualidade do ar na região, causando mais doenças na
população. Entre os principais efeitos causados na saúde pela poluição atmosférica
estão
os
problemas
oftálmicos,
doenças
dermatológicas,
gastrintestinais,
cardiovasculares e pulmonares, além de alguns tipos de câncer, podendo também
atingir o sistema nervoso quando exposto a altos níveis de monóxido de carbono
(CO) no ar.
1.4 POLUENTES E RISCOS À SAÚDE PÚBLICA
Vários poluentes clássicos são emitidos nas queimadas, dentre eles NOx, CO,
HC e material particulado, bem como substâncias altamente tóxicas. Em geral, o
efeito agudo à saúde da população, fica restrito às pessoas bem mais próximas à
área da queimada, principalmente aquelas que estejam atuando no seu combate.
Devido à redução da concentração de oxigênio em níveis críticos e pela elevação no
nível de monóxido de carbono que compete com o oxigênio na ligação com a
hemoglobina, o efeito pode variar de intoxicação até a morte por asfixia.
Por outro lado as concentrações dos poluentes clássicos, exceto material
particulado, não têm atingido níveis que excedam os limites recomendados pela
Organização Mundial da Saúde e aqueles adotados no Brasil como padrões de
qualidade do ar. A quantidade de calor gerada nas queimadas faz com que a
densidade dos gases se torne menor do que a do ar, causando a elevação dos
gases resultantes e de partículas, que atingem alturas consideráveis durante o
processo de dispersão da fumaça na atmosfera.
1.5 POLUIÇÃO E IMPACTO AMBIENTAL
Compreende-se que a natureza não deve ser vista apenas como fonte de
matéria-prima ou mesmo um lugar de despejo da sucata industrial, pois em tempos
passados, esta mentalidade resultou em desequilíbrio ambiental que, na atualidade,
ocorre em diferentes maneiras, tais como poluição hídrica, poluição atmosférica,
chuva ácida e destruição da camada de ozônio, entre outros. Além disso, um dos
problemas ambientais que comprometem a qualidade de vida são os processos
erosivos (CUNHA et al., 2007).
Tais definições deixam claro que o desequilíbrio ambiental afeta a qualidade
de vida no planeta. Então, o fato de podermos colaborar para fazer a diferença
necessita de conscientização e mobilização por parte de todos, principalmente na
escola, desenvolvendo trabalhos educativos com crianças, jovens e adolescentes,
visando um futuro com qualidade de vida melhor.
1.6 REVISÃO DA LITERATURA
Aprender sobre a poluição atmosférica é de suma importância, pois requer a
interiorização, além da reflexão e mudança de comportamento para a participação
ativa no processo de ensino-aprendizagem, permitindo que o aluno tenha
consciência sobre a merecida qualidade de vida dos seres vivos em seu ambiente e
sua devida preservação.
Diversos estudos sobre a poluição atmosférica nos remetem ao fato de que
quando o homem passou a substituir os processos naturais na agricultura por
métodos artificiais, como a utilização do fogo para queimar matas para o plantio e a
devastação das florestas para a obtenção de combustível, começaram-se os
problemas entre o ser humano e o ambiente (TAKAYANAGUI, 1993). Nos dias
atuais, mesmo ciente das consequências para si e para o ambiente em que vive, o
homem já não consegue se desvincular das técnicas passadas.
No caso da cana-de-açúcar, a utilização do fogo é um agravante muito sério,
conforme retrata Roseiro & Takayanagui (2004):
O fogo é, também, amplamente utilizado na plantação de cana-de-açúcar,
para a queima das palhas e promoção da limpeza do canavial, facilitando
para o trabalhador rural o corte dessa vegetação. Normalmente, essa
prática ocorre ao entardecer por ser um horário em que a temperatura e a
umidade do canavial são menores, os ventos são mais fracos e mantém a
direção constante. O fogo é intenso, porém, dura pouco tempo,
especialmente se o clima estiver seco e com baixa umidade, o que é
característico do clima de inverno no interior paulista. A duração do fogo é
de cerca de 20 a 30 minutos, dependendo do tamanho do talhão, e cessa
após a queima total da palha seca (p. 80).
Segundo ainda os autores, esse processo de queima da palha da cana-deaçúcar é o mais utilizado nos canaviais, pois o rendimento obtido com essa
modalidade é muito maior do que aquele feito através do corte manual da cana-deaçúcar não queimada, mas:
[...] este processo acaba interferindo diretamente na saúde da população,
pois a combustão da palha da cana-de-açúcar libera poluente e o principal
dano é o prejuízo à qualidade do ar, e, conseqüentemente, da saúde, pela
excessiva emissão de monóxido de carbono e ozônio, trazendo, também,
danos ao solo, às plantas naturais e cultivadas, à fauna e à população.
(ROSEIRO; TAKAYANAGUI, 2004, p. 80).
Todos estes danos causados pela prática da queima da palha comprometem,
não somente a condição do solo e do ar e até mesmo da água, mas também a
saúde humana. A questão que se coloca não é ser contra a cultura da cana e sim à
prática de sua colheita utilizando queimadas que, além de poluir o ar, deteriora o
solo.
Por isso, a lei nº. 9.605 de 1998 prevê, no art. 54, que comete crime
ambiental quem “causar poluição de qualquer natureza em níveis que resultem ou
possam resultar danos à saúde pública ou que provoquem a mortandade de animais
ou a destruição significativa da flora”.
O Decreto 2.661/98 focaliza, em 28 de seus artigos, a questão da queima
controlada, as medidas de precaução, o ordenamento territorial do emprego do fogo,
a suspensão temporária e a redução gradativa do emprego do fogo. Cançado (2003)
define assim:
O Decreto define queima controlada como o emprego do fogo como fator
de produção e manejo em atividades agropastoris ou florestais, e para fins
de pesquisa científica e tecnológica, em áreas com limites físicos
previamente definidos e conceitua incêndio florestal como o fogo não
controlado em floresta ou qualquer outra forma de vegetação (p. 85).
Logo, os danos ambientais produzidos pela queima da palha da cana-deaçúcar, além dos efeitos na saúde, são também visíveis na flora, com a devastação
da cobertura vegetal; na fauna, com o massacre dos animais engolidos pelo fogo; na
atmosfera, com o aumento da poluição, resultado do efeito estufa e ocorrência do
aquecimento global e, ainda, na agropecuária, que depende das condições
climáticas e do solo, degradadas com a queima da palha da cana-de-açúcar
(BONILHA; BUGALHO, 2008).
Sendo assim, a questão que se coloca está relacionada com a queima
controlada, pois o uso repetitivo do fogo num mesmo local é inaceitável para uma
sociedade que respeite a saúde das pessoas e que queira conservar o meio
ambiente.
1.7 METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho, foi necessário realizar uma pesquisa
bibliográfica visando a elaboração de um plano de trabalho com objetivos
determinados. Artigos científicos publicados em livros, revistas e sites que tratam
acerca da poluição atmosférica foram utilizados para esclarecimento sobre alguns
conceitos básicos e como leitura exploratória sobre o assunto.
Segundo Lakatos e Marconi (1992), a pesquisa bibliográfica dá a
oportunidade para que o pesquisador entre em contado direto com tudo aquilo que
foi escrito sobre determinado assunto, possibilitando o reconhecimento dos aspectos
importantes que cercam o tema que, no caso especifico deste estudo, é a poluição
atmosférica.
Após essa parte teórica, teve início o procedimento de estudo de caso,
observando a importância da pesquisa utilizada para obtenção de informações e/ou
conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta, de
uma hipótese que se queira comprovar ou, ainda, descobrir novos fenômenos e se
as relações entre eles estão voltadas para o estudo de indivíduos, grupos,
comunidades, instituições e outros campos, visando a compreensão de vários
aspectos existentes na sociedade, especificamente neste estudo a poluição
atmosférica.
Sobre o estudo de caso, Gil (2002, p.54) afirma:
[...] é uma modalidade de pesquisa amplamente nas ciências biomédicas e
sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos,
de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa
praticamente impossível mediante delineamentos já considerados.
Quanto a sua natureza, o estudo de caso é pesquisa aplicada pois, segundo
Silva e Menezes (2001), “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática
dirigidos à solução de problemas específicos” que, nesse caso se dá ao tema A
poluição atmosférica: as consequências da queima da palha da cana-de-açúcar na
saúde e no ambiente.
Com esse enfoque, foi realizado um estudo descritivo de abordagem
quantitativa no município de São Tomé, localizado no noroeste do Estado do
Paraná, desenvolvido com alunos do 6º Ano “C” no Colégio Estadual Pedro Fecchio
Ensino Fundamental e Médio. Mesmo não fazendo parte do projeto, a turma “D” fez
questão de participar na produção de cartazes desenvolvidos com a turma prevista
no projeto de intervenção.
Estes instrumentos detectaram os níveis de conhecimento dos pesquisados
acerca do tema proposto no projeto de intervenção pedagógica.
Após a coleta dos dados foi realizada a análise estatística descritiva com
cálculos de porcentagem. O objetivo de trabalhar com estes participantes foi a
proximidade dos mesmos com a usina instalada no município, donde os efeitos da
poluição são sentidos com maior frequência.
1.8 RESULTADOS
Participaram deste estudo 50 entrevistados, sendo 28 alunos; 15 pais e 7
membros da sociedade, na faixa etária de 10 a 60 anos, que responderam sobre
itens referentes à poluição do ar, observados na tabela a seguir.
TABELA 1. Distribuição dos sujeitos pesquisados.
DESCRIÇÃO
1 - Entrevistados que apresentam problemas:
Respiratório
Oftalmológico
Dermatológico
Nenhum
Distribuição
dos sujeitos
(n= 50)
%
22
15
3
10
44%
30%
6%
20%
46
2
2
92%
4%
4%
24
14
6
4
2
48%
28%
12%
8%
4%
44
6
88%
12%
17
33
34%
66%
13
37
26%
74%
7 - Fonte de aquisição do conhecimento:
Não conheço
Internet/ Amigos
34
16
68%
32%
8 – Conhecimento da área de plantação de cana no município:
Sim
Não
2
48
4%
96%
2 - Conhecimento de que os problemas ambientais estão
prejudicando a saúde das pessoas:
Sim
Não
Não quis responder
3 - Problemas ambientais que afetam a região:
Alterações no clima
Contaminação do ar
Desmatamento
Nenhuma das alternativas
Não quis responder
4 – Ciência de que a queima da palha da cana-de-açúcar é uma
importante fonte de poluição atmosfera:
Sim
Não
5 – Concordância com a queima da cana da palha da cana-deaçúcar:
Favor
Contra
6 – Conhecimento de maneiras de evitar as queimadas em
canaviais sem causar prejuízos à saúde:
Sim
Não
9 - Instrumentos conhecidos para evitar a poluição atmosférica:
Não sei
32
Chaminé
12
Caldeira
6
Fonte: Dados adaptados do Projeto de Intervenção Pedagógica PDE –2012 a 2013
64%
24%
12%
Dos 50 entrevistados, com relação ao item nº 1 a maioria (80%) declarou
possuir algum problema devido à poluição do ar. Contudo, 20% referiram não
apresentar nenhum tipo de doença em se tratando da poluição do ar.
No item 2, dos 50 entrevistados (92%) relataram possuir conhecimento de que
os problemas ambientais estão afetando a saúde das pessoas porém, (4%)
referiram-se não ter conhecimento e (4%) optaram por não responder.
Dos problemas ambientais que afetam diretamente a região, item 3, 48% dos
entrevistados disseram considerar que as alterações no clima influenciam muito na
saúde, ocasionando problemas respiratórios. Por outro lado, 28% alegaram ser a
contaminação do ar que gera irritações nos olhos dentre outras. Já 12% citaram ser
o desmatamento. Dos demais entrevistados, 8% optaram em responder que não
concordam com nenhuma das alternativas e 4% não quiserem responder.
Outro dado importante está mencionado no item 4, em que 88% dos
entrevistados concordam que a queima da palha da cana-de-açúcar é uma
importante fonte de poluição atmosfera e somente 12% afirmam não concordar.
Referente ao item 5, quando os entrevistados foram questionados se eram
favoráveis ou contrários à queima da palha da cana-de-açúcar, somente 34%
disseram ser a favor, mesmo poluindo o ar e 66% disseram ser contra, embora
alegando que, se acabar com a queima, como ficará a situação das famílias que
dependem dessa renda para seu sustento. Disseram ainda conhecer sobre os danos
provocados a saúde, mas que a maior fonte de renda na região é decorrente do
trabalho de corte e queima dos canaviais.
No quesito 6, apenas 26% responderam conhecer algumas maneiras de evitar
as queimadas em canaviais sem prejudicar a saúde, no entanto, 74% disseram que
não tem conhecimento de nenhum meio.
No item 7, 68% dos entrevistados alegaram não conhecer alguma fonte de
conhecimento sobre o tema mostrando, assim, que realmente se faz necessário
conscientizar a população sobre os danos causados à saúde através da poluição do
ar. Porém, apenas 32% disseram que a fonte onde adquiriram conhecimentos sobre
a poluição do ar foi através da internet e de amigos.
Conforme observado no item 8, somente 4% dos entrevistados disseram
conhecer a porcentagem da área de plantação de cana no município. Assim, fica
claro que a escola ainda continua sendo a maior fonte de transmissão de
conhecimentos para a sociedade, pois quando um tema de tamanha importância é
bem trabalhado, os alunos passam informações aos pais e estes aos amigos e
sucessivamente. Neste estudo predominou entre os entrevistados (96%) o
desconhecimento referente à área de plantio no município.
No que diz respeito ao item 9, a maioria (64%)
disse desconhecer
Instrumentos para evitar a poluição atmosférica. Entretanto, 24% alegaram conhecer
a “Chaminé” e 12% conhecer a “Caldeira”.
Enfim, ao avaliar a opinião dos entrevistados sobre dados referentes à
“Poluição Atmosférica: As consequências da queima da palha da cana-de-açúcar na
saúde e no ambiente”, a maioria apresentou falta de conhecimento. Vale salientar
que ainda há um porcentual razoável de pessoas que conhecem os efeitos da
poluição do ar causada pelas queimadas sobre a saúde e que vários são os fatores
que devem ser considerados, como: as características dos poluentes, o grau de
exposição e a suscetibilidade da população exposta.
1.9 DISCUSSÃO
Considerando os resultados deste estudo observa-se que o mesmo
possibilitou, de forma ampla, a aprendizagem e o aumento do conhecimento
acadêmico em relação à poluição do ar e seus malefícios para a vida dos
organismos e ao meio ambiente de modo geral. De acordo com resultado de estudo
semelhante CANÇADO (2003) considera importante que:
A presença na atmosfera de resíduos grosseiros (fuligem) resultantes da
combustão da palha da cana-de-açúcar aparece, para a população em
geral, como uma evidência marcante de que os sintomas respiratórios
dependem da poluição ambiental gerada pelas queimadas, ou são
agravadas por ela (p. 59).
Assim, a reflexão e o confronto de ideias pode ser o caminho para melhorar
as condições de vida da população afetada, pois esse trabalho com certeza foi o
primeiro passo para uma melhor aprendizagem sobre o assunto abordado e para o
relacionamento dentro da escola entre professores e alunos de outras disciplinas,
secretários, diretores, pedagogas e todos os envolvidos. Assim, diante do tema
trabalhado e da interação dos alunos nas discussões, suas atitudes e
comportamentos em sala de aula, ficou claro que, num futuro próximo, esse
aprendizado possa ajudá-lo na tomada de decisões sobre situações cotidianas, ou
seja, acontecimentos também da sociedade.
Para realização deste feito, inicialmente, foi realizada a exposição oral do tema
aos alunos, a respeito do trabalho a ser realizado e sondagem do conhecimento
prévio que estes possuem sobre o assunto. Neste momento foi aberto um espaço
para a interação professor e aluno (diálogo) em que cada grupo falou sobre o que
aprendeu referente às diferentes atividades como, por exemplo: passeata ecológica,
confecções de cartazes, palestra com os pais e com a comunidade escolar,
exposição dos trabalhos no corredor da escola, realização de trabalhos como a
produção textual e confecção de cartazes dos alunos na disciplina de geografia que
se uniram ao projeto.
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tema Poluição Atmosférica não se esgota visto que a sociedade vive em
constantes mudanças em virtude do crescimento da população mundial, gerando
consumo e, assim o ambiente deverá sofrer sucessivas alterações em consequência
de esse consumo tornar-se mais numeroso.
Vale lembrar que o fato de os pais, os alunos e a sociedade considerarem que
as queimadas dos canaviais é a principal fonte de gases poluentes em nossa região,
ocasionando problemas de saúde, como problemas respiratórios, oftalmológicos e
dermatológicos nas pessoas, ainda se faz necessário, que a atividade açucareira
esteja mais presente no cotidiano escolar. Essa necessidade está relacionada ao
fato de que a produção de cana de açúcar é uma das maiores fontes de renda para
a população de baixo nível de instrução e, assim, temos que conscientizá-los das
agressões que faz não só ao ambiente, mas também, para a saúde de todos os
seres vivos.
Faz-se necessário que as escolas desenvolvem mais projetos sobre poluição
e ambiente e ao mesmo tempo trabalhar pela qualificação de mão-de-obra para
outros tipos de serviços que, num outro momento, poderá precisar. Trabalhar
atividades de leituras, entrevistas, discussões, produção textual, pesquisas em
laboratórios de informática, levando o aluno a uma melhor reflexão sobre o conteúdo
estudado, pode garantir uma ação de ensino que colabora para a formação de
cidadãos conscientes, capazes de trabalhar no cotidiano escolar problemas locais,
como no caso desse estudo, a queima dos canaviais que gera a poluição do ar.
Enfim, a sala de aula não é somente um lugar e um momento em que o aluno
vem para adquirir conhecimento. É também um contexto de relações e de emoções,
em cujo interior, o aluno vai desenvolver interações e trocas que o conduzirão ao
engajamento em atividades diversas, podendo desenvolver sua pessoa e aumentar
seu conhecimento.
2.1. REFERÊNCIAS
AMARAL, L. A cana-de-açúcar. In: História Geral da Agricultura Brasileira. 2a ed.
São Paulo, Companhia Editora Nacional, cap. 2, p. 326-407, 1958.
ARBEX M.A. Avaliação dos efeitos do material particulado proveniente da
queima da plantação da cana-de-açúcar sobre a morbidade respiratória na
população de Araraquara – SP. São Paulo. Tese (Doutorado) - Faculdade de
Medicina, Universidade de São Paulo, 188 p. 2002.
BONILHA, R.P.; BUGALHO, W.R. Queima da palha da cana-de-açúcar: questões
jurídicas e sócio-economicas. Rev. Intertem@S. ISSN 1677-1281, vol 15, n. 15,
2008. Disponível em: <http://intertemas.unitoledo.br/revista/index>. Acesso em: 15
Mai. 2012.
CANÇADO, J.E.D. A poluição atmosférica e sua relação com a saúde humana
na região canavieira de Piracicaba – SP. 201p. Tese (doutorado em Ciências) –
Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2003.
CASTRO, H.A. Questões metodológicas para a investigação dos efeitos da poluição
do ar na saúde. Rev. Brasileira Epidemiologia. Vol. 6, Nº 2, 2003.
CUNHA, S.B.; GUERRA, A. J. T (org.). Avaliação e perícia ambiental. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. 294p.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia do Trabalho Científico. 4 ed.
São Paulo: Atlas, 1992.
RIBEIRO, H; ASSUNÇAO, J V. Efeitos da queimada na saúde humana. Estud. Av.
Vol. 16 no. 44 São Paulo Jan/Apr. 2002. Disponível em <<
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40142002000100008&script=sci_arttext>.
Acesso em: 08 Ago. 2013.
ROSEIRO, Maria N. V.; TAKAYANAGU, Ângela M. M. Meio ambiente e poluição
atmosférica: o caso da cana-de-açúcar. Revista do Centro de Ciências da Saúde.
Vol. 30 – N°.1 e 2, 2004. Disponível em < http://cascavel.ufsm.br/revistas>. Acesso
em 08 de Ago. de 2013.
SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e
elaboração de dissertação. 3. ed. Florianópolis: Laboratório de Ensino à Distância
da UFSC, 2001.
TAKAYANAGUI, A.M.M. Trabalho de Saúde e meio ambiente: ação educativa do
enfermeiro na conscientização para gerenciamento de resíduos sólidos. 1993. 178 f.
Tese (doutorado em Enfermagem em Saúde Pública) – Escola de Enfermagem de
Ribeirão preto, Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, 1993.
ANEXO 1
APÊNDICE A – Trabalhos realizados com alunos do 6º Ano “C”
Os alunos do 6º Ano “C” desenharam, pesquisaram na internet e produziram
textos, contando com a participação do 6º Ano “D” na produção de cartazes sobre a
poluição do ar, do solo e dos rios devido à queima da palha da cana-de-açúcar. Este
trabalho foi realizado na disciplina de Ciências, juntamente com a professora da
disciplina de Geografia. Nesse estudo o tema desenvolveu nos alunos interesse pelo
assunto, em que os mesmos, cada vez mais, buscavam informações a respeito, o
que muito me deixou satisfeita, pois presenciei, passo a passo, o meu objetivo, tão
almejado, sendo concretizado.
Durante o desenvolvimento da proposta, alunos de outras disciplinas
demonstraram curiosidade em saber o que estava sendo trabalhado e o interesse
em participar. Enfim, meus alunos e os alunos da professora de Geografia,
superaram minha expectativa, principalmente pelo empenho e retorno nas atividades
propostas, como nas exposições, para as quais os pais foram convidados e
participaram em número significativo.
ANEXO 2
APÊNDICE B - Atividades realizadas nas aulas de Geografia, ministradas pela
professora Rita de Cássia Travassos Raddi.
A confecção de cartazes foi realizada nas aulas de Geografia, pois a
professora, ao ler o meu projeto sobre “Poluição Atmosférica: As Consequências da
queima da palha da cana-de-açúcar na Saúde e no Meio Ambiente” considerou
importantíssimo e propôs trabalhar a interdisciplinaridade enfocando a poluição do
solo, dos rios e dos lagos.
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