64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 VARIABILIDADE GENÉTICA EM POPULAÇÕES DE HANDROANTHUS OCHRACEUS (BIGNONIACEAE) COM SISTEMAS REPRODUTIVOS DISTINTOS 1 2 2 3 1 Mariana G. Mendes , Andressa B. V. Zardini *, Paulo E. Oliveira , Eduardo L. Borba , Ana M. Bonetti , Diana 2,4 S. Sampaio . 1 2 Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG; Instituto de Biologia, 3 Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG; Centro de Ciências Naturais e Humanas, Universidade Federal 4 do ABC Bolsista CAPES/PNPD no Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal *[email protected] Introdução Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos é um ipê amarelo típico do Cerrado [1]. Esta espécie apresenta ampla distribuição e uma importância relevante para as indústrias madeireira e farmacêutica [1]. Apresenta populações apomíticas e sexuadas [2] ao longo de sua distribuição geográfica. Estudos sobre a diversidade genética das populações de ipê amarelo são fundamentais para compreender sua ecologia e evolução, bem como para projetos de conservação da espécie. Assim, o presente estudo teve por objetivo avaliar a variabilidade genética de diferentes populações de H. ochraceus, comparar os parâmetros de diversidade genética destas populações e ainda analisar as possíveis relações entre elas. Metodologia Foram analisadas sete populações de H. ochraceus, sendo quatro sexuadas e três apomíticas. Amostras de folhas de 20 indivíduos de cada população foram coletadas. A extração de DNA foi realizada utilizando o kit de extração DNeasy® Plant mini (Qiagen) seguindo recomendações do fabricante. Para a reação em cadeia da polimerase (PCR) o DNA foi diluído em água ultrapura Mili-Q (1:50) e dez primers ISSR foram utilizados nas reações. Os produtos de amplificação passaram por eletroforese em gel de agarose ultra-pura 1,5%. A partir da análise das bandas amplificadas na PCR foi elaborada uma matriz binária, onde presença de banda foi representada por 1 e ausência de banda por 0. Utilizando o programa GenAlEx 6.41 [3] foram realizadas análises para a obtenção dos valores dos parâmetros de diversidade genética (P, I e He), análise de variância molecular (AMOVA) e análise de coordenadas principais (PCO). A distância genética não enviesada de Nei [4] foi calculada utilizando o programa GenAlEx 6.41 [3] e foi utilizada para elaboração de um dendrograma com auxílio do programa MEGA 5.1 utilizando o algoritmo de agrupamento neighborjoining. Resultados e Discussão Os parâmetros de diversidade genética apresentaram uma média elevada para as populações de H. ochraceus avaliadas (P=64,49%; I=0,336; He=0,224). A heterozigozidade média esperada para as populações apomíticas (He=0,205) foi menor que a encontrada para as populações sexuadas (He=0,242). O cálculo da AMOVA demonstrou que existe uma maior diversidade dentro das populações (58%, ФST=0,39), semelhante ao que já foi observado para populações com sistema reprodutivo misto e forma de vida perene [5]. Na análise de ordenação (PCO), as populações não apomíticas foram ordenadas separadamente das apomíticas. Entretanto, a população não apomítica de Uberlândia foi ordenada juntamente com as populações apomíticas. Este resultado também foi observado na análise de agrupamento utilizando algoritmo neighborjoining. Esta relação entre a população autoestéril de Uberlândia e as populações apomíticas permite inferir que as populações não apomíticas avaliadas devem apresentar origens distintas. Além disso, os indivíduos não apomíticos dessa população podem apresentar a mesma constituição genética de uma possível população ancestral das populações apomíticas. Figura 1: Análises baseadas em 105 bandas polimórficas de ISSR dos 137 indivíduos de Handroanthus ochraceus. A. Representação dos pontos nos dois primeiros eixos da análise de coordenadas principais (PCO). B. Dendrograma neighborjoining, elaborado a partir da matriz de distância genética. Conclusões As populações apomíticas e não apomíticas de H. ochraceus apresentaram valores de heterozigozidade esperada distintos, correspondentes aos diferentes mecanismos reprodutivos. Mesmo em populações apomíticas, a diversidade genética foi maior dentro das populações, refletindo a ocorrência concomitante de reprodução sexuada. Uma das populações não apomíticas analisadas compartilha uma estrutura genética semelhante à das populações apomíticas, podendo fazer parte de uma mesma linhagem. Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/PNPD) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Referências Bibliográficas [1] Gentry, A. H. 1992. Bignoniaceae - Part. II. (Tribe Tecomae). Flora Neotropica Monog. 25(II): 1-370. [2] Sampaio, D. S. 2010. Biologia reprodutiva de espécies de Bignoniaceae ocorrentes no Cerrado e variações no sistema de autoincompatibilidade. Tese (Doutorado em Ecologia e Conservação dos Recursos Naturais). Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil. [3] Peakall, R. & Smouse, P. 2011. GenAlEx 6.41. The Australian National University, Caberra, Australia. [4] Nei, M. 1978. Estimation of average heterozygosity and genetic distance from a small number of individuals. Genetics 89:583–590. [5] Nybom, H. 2004. Comparison of different nuclear DNA markers for estimating intraspecific genetic diversity in plants. Molecular ecology 13:1143-1155.