UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES AO GRUPO DA FEBRE DOS FLEBÓTOMOS (BUNYAVIRIDAE: PHLEBOVIRUS) ISOLADOS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA JOAQUIM PINTO NUNES NETO Belém-Pará 2013 JOAQUIM PINTO NUNES NETO CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES AO GRUPO DA FEBRE DOS FLEBÓTOMOS (BUNYAVIRIDAE: PHLEBOVIRUS) ISOLADOS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientador: Prof. Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos Belém-Pará 2013 1 JOAQUIM PINTO NUNES NETO CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE VÍRUS PERTENCENTES AO GRUPO DA FEBRE DOS FLEBÓTOMOS (BUNYAVIRIDAE: PHLEBOVIRUS) ISOLADOS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, como requisito para a obtenção do grau de Doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientador: Prof. Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos Instituto Evandro Chagas / MS Banca examinadora: Profa. Dra. Conceição de M. Almeida Vieira Universidade Federal Rural da Amazônia Dra. Daniele Barbosa de Almeida Medeiros Instituto Evandro Chagas / MS Prof. Dr.Márcio Roberto Teixeira Nunes Instituto Evandro Chagas / MS Prof. Dr.Ricardo Israk Universidade Federal do Pará Suplente: Dra. Jannifer Oliveira Chiang Instituto Evandro Chagas / MS Belém 17 de dezembro de 2013. 2 Dedico esta Tese aos meus familiares e amigos 3 "O MAIOR INIMIGO DO CONHECIMENTO NÃO É A IGNORÂNCIA É A ILUSÃO DE CONHECIMENTO" (Stephen Hawking) 4 AGRADECIMENTOS A Deus, por tudo de bom que aconteceu em minha vida. Aos meus pais, José Antônio Bitencourt Nunes e Júlia Faial Nunes pelo amor e compreensão que sempre me dedicaram. Aos meus irmãos, Cristiano Augusto Faial Nunes e Luciano Augusto Fayal Nunes, pelo incentivo e amizade. À minhas tias, Maria de Nazaré Bittencourt Nunes e Maria Emília Bittencourt Nunes (in memoriam), pelo amor que sempre demonstraram por mim. A meu orientador, Dr. Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pelos ensinamentos, incentivos e sobre tudo pela paciência demonstrada ao longo desse trabalho. Ao Dr. Márcio Roberto Teixeira Nunes pelo grande apoio na realização das técnicas de biologia molecular, e leitura crítica dos originais. À Dra. Daniele Medeiros, Dr.Sandro Patroca, MSc. Jedson Cardoso e MSc. João Lídio, pela ajuda inestimável nas análises em bioinformática. À Dra. Eliana Vieira e Dra.Valéria Carvalho, pela amizade e colaboração nas técnicas de cultivo celular. Ao MSc. Clayton, Dra. Daisy Elaine, e a Bióloga Keley Nunes, pela ajuda na realização do sequenciamento das amostras. Á Dra. Lívia Martins, Dra. Jannifer Chiang, MSc. Milene Silveira, Dra.Lívia Casseb e Dra.Taciana Barbosa, pela ajuda nas etapas de sorologia,preparação de amostras e biotério. 5 Aos meus amigos do laboratório de entomologia, Hamilton Monteiro, Hélio Saraiva, Francisco Castro, Orlando Vaz e Nazaré Segura, pela amizade e ensinamentos ao longo dos anos. Ao Dr. Gustavo Palacios e Dra. Ámélia Travassos da Rosa, pelo trabalho colaborativo de sequenciamento das amostras. À Dra. Elisabeth Santos, diretora do Instituto Evandro Chagas, por ter proporcionado condições para a realização desse trabalho. Aos funcionários da biblioteca do IEC, pelo envio dos artigos solicitados. Aos meus amigos da SAARB e CIT, José Wilson, Edivaldo Jr, Davi Toshiu, Samir Casseb, Helena Baldez, Sílvia Mendoça, Aguinaldo Borges, pela disponibilidade de ajuda. Aos membros da banca examinadora Dra. Conceição de M. Almeida Vieira, Dra. Daniele Barbosa de Almeida Medeiros, Dr. Márcio Roberto Teixeira Nunes, Dr.Ricardo Israk e Dra. Jannifer Oliveira Chiang, que aceitaram o convite para participarem da banca de avaliação. A todos que desenvolvem seus trabalhos na Secção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas, pois todos direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará , pelo apoio ao longo desses anos. À CAPES, pelo suporte financeiro, que contribuiu para a minha permanência no doutorado. 6 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... 8 LISTA DE TABELAS E QUADROS ......................................................................... 10 RESUMO................................................................................................................... 12 ABSTRACT............................................................................................................... 13 1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ARBOVÍRUS .................................... 14 1.1.1. Arbovírus no Brasil .................................................................................... 17 1.1.2. Propriedades Físico – Químicas dos Arbovírus ...................................... 17 1.1.3. Características Epidemiológicas dos Arbovírus ..................................... 19 1.2. FAMÍLIA BUNYAVIRIDAE............................................................................ 21 1.2.1. Propriedades Físico – Químicas dos Vírus da Família Bunyaviridae .... 22 1.2.2. Replicação Viral dos Membros da Família Bunyaviridae ....................... 25 1.3. GÊNERO PHLEBOVIRUS ........................................................................... 27 1.3.1. Propriedades Físico - Químicas dos Membros do Gênero Phlebovirus29 1.3.2. Organização Genômica ............................................................................. 31 1.3.3. Membros do Gênero Phlebovirus Isolados na Amazônia Brasileira ..... 32 1.4. OBJETIVOS ................................................................................................. 35 1.4.1. Objetivo Geral ............................................................................................. 35 1.4.2. Objetivos Específicos ................................................................................ 35 2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................ 36 2.1. MATERIAL ................................................................................................... 36 2.1.1. Amostras Virais .......................................................................................... 36 2.2. MÉTODO ..................................................................................................... 38 2.2.1. Vírus em Estudo ......................................................................................... 38 2.2.2. Tratamento das Amostras com Nuclease ................................................ 39 2.2.3. Extração do RNA Viral ............................................................................... 39 2.2.4. Quantificação do RNA ............................................................................... 39 2.2.5. Obtenção das Sequências Nucleotídicas no GS FLX Genome Sequencer 454™ ..................................................................................................... 40 2.2.6. Preparação da Biblioteca Genômica ........................................................ 40 2.2.7. PCR emulsão (emPCR) .............................................................................. 41 2.2.8. emPCR para titulação ................................................................................ 41 2.2.9. Sequenciamento das Amostras por Pirosequenciamento ..................... 42 7 2.2.10. Análise Computacional.............................................................................. 43 2.2.10.1. Montagem dos Genomas obtidos pelo GS FLX Genome Sequencer 454™ (Roche Applied Science) ................................................................................ 43 2.2.10.2. Genômica Descritiva: Análises e Identificações ...................................... 44 2.2.10.3. Identificação de possíveis rearranjos genéticos ...................................... 45 2.2.10.4. Análise Filogenética ................................................................................ 46 3. RESULTADOS ............................................................................................ 47 3.1. OBTENÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS NUCLEOTÍDICAS .. 47 3.2. ORGANIZAÇÃO GENÔMICA ...................................................................... 49 3.2.1. Segmento SRNA ......................................................................................... 49 3.2.2. Segmento MRNA ........................................................................................ 51 3.2.3. Segmento L ................................................................................................. 53 3.3. PROTEÍNAS VIRAIS .................................................................................... 55 3.3.1. Análise dos Domínios e Subdomínios Protéicos .................................... 55 3.3.2. Sítios de Clivagem para a Poliproteína M ................................................ 57 3.3.3. Identificação de Motivos Conservados .................................................... 58 3.3.3.1. Proteína N .................................................................................................... 58 3.3.3.2. Proteínas NSm, Gn e Gc.............................................................................. 59 3.3.3.3. Polimerase Viral ........................................................................................... 62 3.3.4. Determinação dos Resíduos de Cisteína ................................................. 63 3.3.5. Determinação dos sítios de glicosilação ................................................. 64 3.4. RELAÇÃO GENÉTICA ENTRE O COMPLEXO CANDIRU E OUTROS MEMBROS DO GÊNERO PHLEBOVIRUS............................................................... 69 3.4.1. Similaridade Genética Nucleotídica e Aminoacídica .............................. 69 3.5. RELAÇÃO FILOGENÉTICA ......................................................................... 74 3.6. MODELO HIPOTÉTICO DE REARRANJO GENÉTICO DOS VÍRUS DO COMPLEXO CANDIRU. ............................................................................................ 83 4. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 85 5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 92 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 94 ANEXOS ................................................................................................................. 107 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Exemplo de ciclo de manutenção dos Arbovírus em natureza. ................ 16 Figura 2 - Representação esquemática da partícula viral dos membros da família Bunyaviridae.............................................................................................................. 23 Figura 3 - Organização genômica e estratégias de codificação das proteínas dos vírus pertencentes a diferentes gêneros da família Bunyaviridae..............................25 Figura 4 - Estratégia de replicação dos membros da família Bunyaviridae. ............. 26 Figura 5 - Partículas do Virus Rift Valley fever e Virus Uukuniemi. A barra representa 50 nm. ....................................................................................................................... 30 Figura 6 - Local de coleta das amostras estudadas. ................................................ 37 Figura 7 - Representação esquemática dos genomas dos segmentos SRNA (sentido 3’->5’) obtidos para os 14 isolados virais identificados como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. ............................................................................ 50 Figura 8 – Representação esquemática dos genomas dos segmentos MRNA (sentido 3’-> 5’) obtidos para os 14 isolados virais identificados como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. ................................................................ 52 Figura 9 - Representação esquemática dos genomas dos segmentos LRNA (sentido 3’-> 5’), obtidos para as 14 cepas virais identificadas como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. ............................................................................ 54 Figura 10 - Domínios e subdomínios das proteínas virais evidenciadas ao longo dos segmentos SRNA (a), MRNA (b) e LRNA (c) dos 10 vírus do Complexo Candiru, bem como para os Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri. ... 56 Figura 11 - Alinhamento múltiplo da proteína de nucleocapsideo (N) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiu), Virus Anhanga, Virus Punta Toro, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Uukuniemi. ........................... 59 Figura 12 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína NSm (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples_Poona. .................................................................................................................................. 60 Figura 13 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína Gn (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples Poona, Virus Uukuniemi e Virus Bhanja. ............................................................................... 61 Figura 14 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína Gc (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples Poona, Virus Uukuniemi e Virus Bhanja. ............................................................................... 62 Figura 15 - Alinhamento múltiplo da proteína L (polimerase viral) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Palma, Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Uukuniemi. ...................................................... 63 Figura 16 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína N (média de 244 aminoácidos) dos phlebovírus. .......................................................... 74 Figura 17 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína NSs (média de 277 aminoácidos) dos phlebovírus. .......................................................... 75 Figura 18 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína M (média de 1326 aminoácidos) dos phlebovírus. ........................................................ 76 Figura 19 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína L (média de 2091 aminoácidos) dos phlebovírus. ........................................................ 77 9 Figura 20 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento SRNA do Virus Ariquemes e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus)....................................................................................... 78 Figura 21 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento SRNA do Virus Itaituba e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus)....................................................................................... 79 Figura 22 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento MRNA do Virus Itaituba e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus)....................................................................................... 80 Figura 23 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento MRNA do Virus Ariquemes e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). ........................................................................ 81 Figura 24 - Análise de rearranjo genético para os membros do Complexo Candiru empregando o método de Kishino Hasegawa. .......................................................... 82 Figura 25 - Possível padrão de rearranjo genético para os vírus do Complexo Candiru com base no relacionamento genético dos vírus para os segmentos genômicos SRNA, MRNA e LRNA. ........................................................................... 84 10 LISTA DE TABELAS E QUADROS Tabela 1 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento SRNA dos phlebovirus segundo os tamanhos dos genes N e NSs, posição nucleotídica, percentual de adenina-uracila (AU), região intergênica, e tamanhos das regiões não codificantes (NCR). ................................................................................................... 51 Tabela 2 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento MRNA dos Phlebovirus segundo os tamanhos das poliproteínas, genes NSm, Gn e GC em nucleotídeos (nt) e aminoácidos (aa), peso molecular em KDa, posição aminoacídica de cada proteína, tamanho das regiões não codificantes (NCR) em nucleotídeos (nt) percentual de adenina - uracila (AU). ........................................................................ 53 Tabela 3 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento LRNA dos membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo, segundo os tamanhos das poliproteínas codificadoras da polimerase viral em nucleotídeos (nt) e aminoácidos, peso molecular em KDa, posição nucleotídica , sentido da cadeia de leitura, tamanho das regiões não codificantes (NCR) em nucleotídeos (nt) percentual de Adenina-Uracila (AU). ............................................................................................... 55 Tabela 4 - Valores de PFAM gerados pelo programa Interproscan segundo o segmento genômico, proteínas e domínios protéicos dos membros do gênero Phlebovirus................................................................................................................ 57 Tabela 5 - Sítios de clivagem para as poliproteínas NSM, Gn e Gc codificadas pelo segmento MRNA dos membros do gênero phlebovirus do Complexo Candiru, Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri, preditos pelo programa Signal P v.4.1 e Interproscan. ................................................................................... 58 Tabela 6 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5........................................................................................................... 65 Tabela 7 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5........................................................................................................... 66 Tabela 8 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento MRNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5........................................................................................................... 67 Tabela 9 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5........................................................................................................... 68 Tabela 10 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoácidica ,determinados por alinhamento múltiplo para o gene N (segmento SRNA) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. ......... 70 Tabela 11 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoacídica , determinados por alinhamento múltiplo para o gene NSs (segmento SRNA) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. ......... 71 Tabela 12- Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoacídica (determinados por alinhamento múltiplo para a poliproteína M (genes NSm, Gn e Gc) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus. ...................................................... 72 Tabela 13 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto) determinados por alinhamento múltiplo para sequências parciais do gene da polimerase presente no segmento LRNA dos diferentes membros do gênero Phlebovirus................................................................................................................ 73 11 Quadro 1 - Características gerais das famílias com arbovírus segundo algumas características físico-químicas. ................................................................................. 18 Quadro 2 - Arbovírus patogênicos para humanos isolados no Brasil, 1954 -2013. .. 20 Quadro 3 - Os cinco gêneros da família Bunyaviridae. ............................................ 22 Quadro 4 - Tamanho em nucleotídeos (nt), da sequência completa dos três segmentos de alguns membros da família Bunyaviridae. ......................................... 24 Quadro 5 - Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. ........................................ 33 Quadro 6 - Amostras Virais. ..................................................................................... 36 Quadro 7 - Sequências nucleotídicas obtidas para o genoma das 14 cepas virais incluídas no estudo evidenciando o total de nucleotídeos recuperados por segmento genômico (SRNA, MRNA e LRNA). .......................................................................... 48 Quadro 8 - Número de resíduos de Cisteínas determinadas para as diferentes proteínas dos phlebovirus do grupo Candiru, Virus Uriarana, Virus Urucuri e Virus Tapara. ...................................................................................................................... 64 Quadro 9 - Grupos genéticos observados entre os vírus do Complexo Candiru conforme as topologias das árvores geradas para os segmentos SRNA (gene N), MRNA (poliproteína) e LRNA (polimerase viral).........................................................83 12 RESUMO A Amazônia Brasileira é considerada um dos mais ricos ecossistemas do mundo em termos de biodiversidade. De fato, a grande variedade de vertebrados e insetos hematófagos (mosquitos, culicoides, flebotomineos, carrapatos etc...) existentes na Amazônia têm sido associados à manutenção de um grande número de arbovírus e virus zoonóticos. A destruição desse ecossistema naturalmente estável pode resultar na emergencia de novos arbovírus na região Amazônica. Os membros do gênero Phlebovirus (família Bunyaviridae), dentre as centenas de arbovírus isolados na Amazônia brasileira, constituem um grupo viral antigenicamente relacionado, de considerável importância médica, cuja manutenção em natureza está basicamente relacionada á interação entre vertebrados silvestres e flebotomíneos. Na Amazônia brasileira, já foram isolados até o momento 22 tipos diferentes de phlebovírus, dos quais nove vírus ainda não se encontram registrados no ICTV, quatro são vírus registrados, porém não agrupados em complexos sorológicos: Virus Anhanga, Virus Itaporanga, Virus Uriurana e Virus Urucuri. Este estudo objetivou caracterizar geneticamente e avaliar os aspectos evolutivos de 14 membros do gênero Phlebovirus (Bunyaviridae), isolados na Amazônia brasilera. As sequências nucleotídicas completas de cada um dos segmentos genômicos de RNA (SRNA, MRNA e LRNA) foram obtidas para 12 dos 14 phlebovírus estudados (exceto para os Virus Anhanga e Virus Urucuri). A organização genômica e caracteres genéticos (motivos conservados, sítios de glicosilação, resíduos de cisteína) foram compatíveis com o observado nos demias membros do gênero Phlebovirus previamente estudados. A análise de relacionamento genético, bem como a avaliação evolutiva empregando a reconstrução filogenética e análise de permutação de segmentos genômicos evidenciou que os phlebovírus incluídos no estudo, em especial os membros do Complexo Candiru, utilizam o mecanismo de rearranjo genético como mecanismo de geração de biodiversidade viral. Os resultados obtidos nesse estudo contribuirão para estudos futuros ao nível de epidemiologia molecular e evolução, bem como para o desenvolvimento de métodos moleculares para detecção rápida do genoma de phlebovírus associados a doença em humanos. Palavra-chaves: Amazônia Brasileira, Phlebovírus, caracterização genética 13 ABSTRACT The Brazilian Amazon is considered one of the richest ecosystems in the world in terms of biodiversity. Indeed, the wide variety of vertebrates and hematophagous insects ( mosquitoes , Culicoides , phlebotomineos ,ticks etc… ) have been associated with natural maintainance of a large number of arbovirus and zoonotic virus . Destruction of this naturally stable ecosystem can result in emergence of new arboviruses in the Amazon region . Members of the genus Phlebovirus (family Bunyaviridae), contitute an antigenically related group of viruses, which has a considerable medical importance. These viruses are basically mainteined in nature by wild vertebrates and phlebotominae sandflies. In the Brazilian Amazon , 22 phleboviruses have been isolated, whose nine of them have not been recognized by the ICTV, and four not grouped into serological complexes : Anhanga virus, Itaporanga virus, Uriurana virus and Urucuri virus. This study aimed to genetically characterize and evaluate the evolutionary aspects of 14 members of the genus Phlebovirus (Family Bunyaviridae ) isolated in Brazilian Amazon region. Nearly complete nucleotide sequences for each of the genomic RNA segments (SRNA, MRNA and LRNA) were obtained for 12 of the 14 studied except for Anhanga virus and Urucuri viruses that were only partially sequenced. Genomic organization and genetic characteristics (conserved motifs, glycosylation sites end cysteine residues ) were consistent with those observed for members of Phlebovirus genus previously characterized . The analysis of genetic relationship, as well as the evolutionary aspects using the phylogenetic analysis and evaluation of genomic segment permutation showed that the studied phleboviruses, particularly the members of the Candiru virus complex, use the genetic reassortment as a mechanism to generate viral biodiversity. The results of this study contribute to further studies on genetic evolution and molecular epidemiology of phleboviruses, and for the development of molecular methods for rapid genome detection of phleboviruses associated with human disease. Key word : Brazilian Amazon , Phleboviruses , genetic characterization 14 INTRODUÇÃO 1.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ARBOVÍRUS Os vírus são considerados biossistemas elementares que apresentam algumas características encontradas em seres vivos, como genoma e capacidade de adaptarem-se as mudanças do microambiente em que se encontram. Entretanto, não podem captar ou armazenar energia e não são funcionalmente ativos fora da célula hospedeira (Van Regenmortel & Mahy, 2004). O vírus só se torna parte de um sistema vivo, quando seu genoma é interiorizado na célula hospedeira e a produção de novas partículas torna-se possível, por meio da utilização do metabolismo celular. Durante esse processo de replicação podem ocorrer alterações genômicas, proporcionando ao vírus uma variabilidade genética intrínseca, que permite sua adaptação por meio da seleção natural, o que garante sua sobrevivência (Van Regenmortel, 2000). Os vírus são constituídos por apenas um tipo de ácido nucléico: o ácido desoxirribonucléico (DNA) ou ácido ribonucléico (RNA), o qual está envolvido por uma estrutura de natureza protéica, o capsídeo, composta de unidades denominadas capsômeros. Ao conjunto de capsídeo e ácido nucléico denomina-se nucleocapsídeo, que pode ser circundado ou não por um envelope lípidico. Os vírus com envelope possuem ainda glicoproteínas sob a forma de projeções (Oliveira, 1994; Pelczar Jr et al., 1997). De acordo com análises ultraestruturais, os capsídeos virais podem apresentar simetria cúbica (icosaédrica), helicoidal ou ainda estruturas complexas (Harrison et al., 1996). O termo Arbovírus refere-se ao principal mecanismo biológico pelo qual os vírus transmitidos por insetos hematófagos são mantidos em natureza. Os arbovírus são mantidos em ciclos entre artrópodes hematófagos – vertebrados suscetíveis e artrópodes hematófagos (Figura 1), ciclos esses que, geralmente não resultam no envolvimento de seres humanos. Na maioria das vezes, a transmissão envolve uma complexa interação entre vírus, vetor artrópode e hospedeiro vertebrado. A competência do vetor, que é a sua habilidade de tornar-se infectado e de transmitir o vírus a um hospedeiro vertebrado, é determinada por diversos fatores, incluindo o próprio vírus, fatores genéticos, concentração viral no hospedeiro vertebrado 15 infectado, meio ambiente, temperatura, barreiras intestinais dos vetores e outros não bem compreendidos (Calisher, 1998). Artrópodes hematófagos de muitas espécies podem servir como vetores de manutenção ou de disseminação. Vetores que amplificam o vírus podem ter altas taxas de infecção e baixas taxas de transmissão, o que muitas vezes é compensada por uma grande densidade populacional e grande propensão para alimentar-se sobre uma eclética variedade de espécies de hospedeiros vertebrados (Calisher, 1998). Os hospedeiros vertebrados dos arbovírus também tem um papel crítico na manutenção e amplificação viral. Nestes, a replicação deverá ser suficiente para que possa servir como fonte de infecção para o hospedeiro invertebrado no momento do repasto sanguíneo, ou seja, o título viral tem que ser elevado o suficiente para garantir a infecção dos vetores artrópodes. Além disso, o tamanho populacional dos vertebrados suscetíveis deverá, também, ser grande o suficiente para que promova um contato com outros artrópodes. Um único hospedeiro vertebrado infectado poderá servir como fonte de infecção para muitos artrópodes, de tal maneira que esses artrópodes possam tornar-se uma fonte de amplificação viral em situações epidêmicas (Figura 1). (Calisher, 1998). 16 Figura 1 - Exemplo de ciclo de manutenção dos Arbovírus em natureza. Fonte: Azevedo et al., 2007. A distribuição geográfica dos arbovírus é ampla. Com efeito, esses vírus têm sido isolados em todos os continentes tanto nas regiões tropicais quanto nas temperadas, com exceção da Antártida. Todavia, observa-se uma nítida predominância dos arbovírus nas regiões tropicais, que oferecerem condições ecológicas mais favoráveis. Isso ocorre devido, nos trópicos, existir maior biodiversidade o que favorece a coexistência de grande diversidade de vetores e hospedeiros vertebrados em todas as épocas do ano, ao passo que nos países de clima temperado, o ciclo é diminuido durante o inverno, reiniciando-se na primavera ou verão (Dégallier et al., 1990). A distribuição dos 537 arbovírus isolados e registrados no Catálogo Internacional de Arbovírus, incluindo outros vírus de vertebrados (Karabatsos,1985) de acordo com os continentes inclui : África com 135, Ásia com 78, Austrália e ilhas do Pacifico 60, Europa 35, América do Norte 91 e América do Sul 138 (Karabatsos, 2002). 17 1.1.1. Arbovírus no Brasil No Brasil já foram isolados pelo menos 210 cepas diferentes de arbovírus e outros vírus de vertebrados. A Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SAARB) do Instituto Evandro Chagas (IEC) no período de 1954 a 2010 obteve cerca de 14.000 isolamentos virais (Castro , 2012). Neste período, 200 tipos diferentes de arbovírus e outros vírus de vertebrados foram identificados e caracterizados, representando mais de um terço dos 537 vírus registrados no Catálogo Internacional de Arbovírus Incluindo outros Vírus de Vertebrados. Entre eles, 37 são patogênicos para o homem, 170 foram isolados pela primeira vez no Brasil; e pelo menos 110, foram confirmados como novos vírus para a ciência (Vasconcelos et al., 1998; Vasconcelos ,comunicação pessoal). Na Amazônia brasileira, esses vírus estão distribuídos em cinco famílias e em 20 grupos sorológicos com 134 sorotipos diferentes, 34 estão associados com infecções em humanos e mais um número significativo de vírus ainda não foram agrupados ou classificados (Travassos da Rosa, et. al., 1997; 2000; Vasconcelos, et. al., 1998; Azevedo et al., 2007; Martins et al., 2007). A floresta Amazônica é uma das maiores reservas de arbovírus do mundo. Tal fato ocorre não só devido às condições climáticas que favorecem a existência da grande diversidade de fauna e flora, mas também a abundante variedade de artrópodes hematófagos e animais silvestres, que constituem os elementos essenciais para a manutenção desses vírus (Travassos da Rosa et al., 1997). 1.1.2. Propriedades Físico – Químicas dos Arbovírus A classificação dos arbovírus pode ser feita de acordo com suas propriedades antigênicas ou segundo suas características físico-químicas (Karabatsos, 1985). As propriedades antigênicas classificam esses agentes em grupos antigênicos, com base nos resultados de testes sorológicos, como: Fixação do Complemento (FC); Inibição de Hemaglutinação (IH) e Teste de Neutralização (TN) (Casals, 1967). Quando dois ou mais vírus apresentam cruzamento sorológico, passam a constituir um grupo antigênico; os três primeiros grupos constituídos foram 18 designados pelas letras: A, B e C, os demais receberam o nome do primeiro vírus isolado no respectivo grupo (Casals, 1957). Com base em suas propriedades físico-químicas, a maioria dos arbovírus está distribuída em cinco famílias: Bunyaviridae, Flaviviridae, Reoviridae, Rhabdoviridae e Togaviridae (Van Regenmortel, 2000; King et al., 2012). Os arbovírus possuem genoma constituído por RNA, exceto o vírus da peste suína africana, que apresenta DNA (king et al., 2012). O RNA dos arbovírus pode ser segmentado ou não, e apresentar-se com uma ou duas fitas nucleotídicas. Os arbovírus com genomas não segmentados estão incluídos nas famílias Flaviviridae (flavivirus), Rhabdoviridae (vesiculovirus) e Togaviridae (alfavirus) enquanto aqueles com genomas segmentados incluem-se nas famílias Bunyaviridae (phlebovirus e orthobunyavirus) e Reoviridae (orbivirus e coltivirus) (Quadro 1) ( Karabatsos, 1985; Beaty et al., 1988: king et al., 2012). Quadro 1 - Características gerais das famílias com arbovírus segundo algumas características físico-químicas. Fonte: Adaptado de Van Regenmortel, 2000. Os arbovírus das famílias Bunyaviridae, Flaviviridae, Rhabdoviridae e Togaviridae apresentam acentuada sensibilidade aos solventes lipídicos (éter e clorofórmio), e a detergentes (desoxicolato de sódio) enquanto que, os membros da família Reoviridae, são pouco sensíveis (ou resistentes) aos mesmos. Essa sensibilidade ou resistência deve-se a presença ou ausência do envelope lípidico, 19 respectivamente. Via de regra, os arbovírus são lábeis em pH ácido e estáveis em pH alcalino. São rapidamente inativados a 56ºC, mas preservam-se bem quando mantidos à temperatura de -70ºC ou, se liofilizados e mantidos à temperatura de 20ºC (Pinheiro et al., 1997). 1.1.3. Características Epidemiológicas dos Arbovírus As arboviroses podem constituir importantes problemas de saúde pública e econômico-financeiro em todos os continentes, com exceção da Antártida. De fato mais de 100 espécies de arbovírus são conhecidos por causar doenças em humanos, 40 deles infectam animais domésticos e, pelo menos, 20 foram responsáveis por epidemias (Karabastsos, 1985). Entre os arbovírus conhecidos no Brasil, 34 têm sido incriminados como causadores de doença humana (Quadro 2), dentre estes, cinco destacam-se por estarem associados a epidemias em humanos : Virus dengue (VDEN) , Virus da febre amarela ( VFA) , Virus Mayaro (VMAY) , Virus Oropouche (VORO) e Virus Rocio (VROC) (Vasconcelos et al., 1992; Travassos da Rosa et al., 1997; 2000). 20 Quadro 2 - Arbovírus patogênicos para humanos isolados no Brasil, 1954 -2013. * EEE (Encefalite Equina Leste), EEV (Encefalite Equina Venezuelana), EEO (Encefalite Equina Oeste) e ESL (Encefalite Saint Louis). Fonte: Modificado de Vasconcelos et al., 2001. A natureza da doença produzida em seres humanos varia conforme o tipo de arbovírus responsável pela infecção. A maioria provoca uma síndrome febril, por vezes acompanhada de exantema, que cursa sem causar morte ou incapacitação; enquanto outros determinam quadros hemorrágicos (VDEN e VFA) ou encefalite (VROC e VESL), observando-se significativa letalidade (Pinheiro et al., 1997; 21 Travassos da Rosa et al., 1997; 1998). É oportuno frisar que o mesmo arbovírus é capaz de causar diferentes síndromes clínicas e, por outro lado, a mesma sintomatologia pode ser determinada por diferentes arbovírus (Travassos da Rosa et al., 2000). Com exceção do VDEN, todos os demais arbovírus isolados pela Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas (SAARB) do IEC, mostram-se patogênicos para camundongos albinos suíços recém-nascidos, ocasionando, sobretudo quadro de encefalite fatal. Depois do sistema nervoso central (snc), o fígado parece ser o órgão alvo mais comum de agressão desses vírus nos referidos animais (Araújo, 1980; Dias, 1986). 1.2. FAMÍLIA BUNYAVIRIDAE Os vírus da família Bunyaviridae são encontrados, em todo mundo. A maioria deles é constituída por arbovírus mantidos em natureza por transmissão biológica entre hospedeiros vertebrados susceptíveis e artrópodes hematófagos, tais como: mosquitos, flebotomíneos, maruins e carrapatos. Os hospedeiros são principalmente primatas, roedores, marsupiais e aves. Mais de 60 membros desta família tem sido reconhecidos por causarem doença em humanos ou animais; alguns, inclusive,causam doenças em aves marinhas (Calisher, 1996). Segundo o nono relatório do Comitê Internacional de Taxonomia Viral (ICTV), a família Bunyaviridae registra 288 tipos diferentes de vírus, distribuídos em cinco gêneros de acordo com suas propriedades físico químicas e antigênicas. Existem atualmente, 148 vírus no gênero Orthobunyavirus; 42 no gênero Hantavirus; 31 no gênero Nairovirus; 53 no gênero Phlebovirus e 14 no gênero Tospovirus. Dezenove vírus adicionais têm características da família Bunyaviridae e foram colocados em grupos sorológicos, mas não foram assinalados em nenhum gênero, além destes existem 21 vírus não grupados e não classificados, com morfologia similar a dos membros da família Bunyaviridae, para a maioria dos quais nenhuma caracterização bioquímica tem sido informada para determinar seu “Status” taxonômico (king et al., 2012). Entre os membros desta família, alguns, são reconhecidamente patogênicos para humanos, vertebrados silvestres ou plantas, por comprometerem simultaneamente diversos órgãos ou tecidos, entre os quais temos: Orthobunyavirus 22 (Virus La Crosse, Virus Oropouche, Virus Akabane); Nairovirus (Virus CrimeanCongo hemorrhagic fever, Virus Nairobi sheep disease); Phlebovirus (Virus Rift Valley fever, Sandfly Fever virus); Hantavirus (Virus Hantaan, Virus Puumala, Virus Sin nombre) e Tospovirus (Virus tomato spotted wilt), sendo que os dois últimos gêneros, não incluem arbovírus como membros. Outros Bunyaviridae ocasionam doenças febris ou encefalites em humanos (Quadro 3) (Brés, 1988). Quadro 3 - Os cinco gêneros da família Bunyaviridae. Família Gênero Bunyaviridae Orthobunyavirus Espécie Tipo Hospedeiros Classificação Virus Bunyamwera Vertebrados Arbovírus Phlebovirus Virus Sandfly fever Sicilian Vertebrados Arbovírus Nairovirus Virus Nairobi sheep disease Vertebrados Arbovírus Hantavirus Virus Hantaan Vertebrados Não Arbovírus Tospovirus Virus tomato spotted wilt Plantas Não Arbovírus Fonte: Modificado de http://www-micro.msb.le.ac.uk/3035/Bunyaviruses.html. 1.2.1. Propriedades Físico – Químicas dos Vírus da Família Bunyaviridae Os membros da família Bunyaviridae são vírus de RNA, esféricos e envelopados, medindo de 80 a 120 nm de diâmetro, que possuem projeções glicoprotéicas na superfície de 5 a 10 nm, e que estão fixadas em uma matriz lipídica de 5 nm de espessura. O envelope viral é normalmente derivado das membranas do Complexo de Golgi ou da própria membrana celular citoplasmática da célula hospedeira (Figura 2) (King et al., 2012). 23 Figura 2 - Representação esquemática da partícula viral dos membros da família Bunyaviridae. Legenda: Gc glicoproteína de superfície carboxiterminal; Gn glicoproteína aminoterminal; SRNA, MRNA e LRNA. Fonte: Adaptado de King et al., 2012. Esses vírus possuem composição química aproximada de 2 % de RNA, 58 % de proteínas, 33 % de lipídeos, e 7 % de carboidratos (Virus Uukuniemi) (Schmaljohn,1996; trissegmentado, Mertz,1997). dois segmentos Apresentam têm RNA polaridade de fita simples que negativa (RNAc) e é são denominados grande (L), com 6.875 nucleotídeos (Virus Bunyamwera) e médio (M), com 4.458 nucleotídeos (Virus Bunyamwera). O terceiro segmento, denominado pequeno (S), possui 961 nucleotídeos (Virus Bunyamwera) e pode apresentar-se ambisenso em alguns membros da família (Lees et al., 1986; Elliott, 1989 a; 1989 b; King et al., 2012; Mertz, 1997). 24 Os tamanhos dos três segmentos genômicos variam entre os cinco diferentes gêneros da família Bunyaviridae (Quadro 4), e as sequências complementares 3’ e 5’ terminais oferecem ligações estáveis, não covalentes, com pareamento de bases, o que permite aos segmentos apresentar-se em forma circular. O vírus apresenta, também, uma RNA polimerase (dependente de RNA), de 240 a 260 kDa, denominada L. As extremidades dos segmentos de RNA servem como sítio de reconhecimento para a polimerase viral (Schmaljohn, 1996). Quadro 4 - Tamanho em nucleotídeos (nt), da sequência completa dos três segmentos de alguns membros da família Bunyaviridae. L Fonte: Adaptado de King et al., 2012. As proteínas estruturais dos vírus da família Bunyaviridae são a ribonucleoproteina N, com 26,5 kDa, que é codificada no segmento S do RNA viral e as glicoproteínas Gn e Gc do envelope viral, que são proteínas estruturais, codificadas no segmento M. A proteína L, que possui atividade de RNA polimerase dependente de RNA é codificada no segmento L. O segmento S é ambisenso em vários membros da família, sendo a cadeia aberta de leitura da nucleoproteína N, localizada na primeira metade do segmento, próximo à extremidade 3’ e à proteína NSs sobreposta à proteina N ,na segunda metade (Pekosz & Gonzáles- Scarano,1996; Schmaljohn,1996; King et al., 2012). Além das proteínas estruturais, existem proteínas não estruturais, NSs e NSm, nos segmentos SRNA e MRNA,respectivamente . A proteína NSs de 7,5 kDa atua como um fator de virulência, ajudando o vírus a desviar a síntese protéica da célula hospedeira e inibindo a síntese de interferon (Bridgen et al., 2001), além de controlar a atividade da polimerase no processo de replicação viral (Weber et al., 25 2001). A proteína NSm de 11 kDa, provavelmente está envolvida no processo de montagem da partícula viral (Figura 3) (Nakitare & Elliott,1993). Figura 3 - Organização genômica e estratégias de codificação das proteínas dos vírus pertencentes a diferentes gêneros da família Bunyaviridae Fonte: Modificado de King et al., 2012. 1.2.2. Replicação Viral dos Membros da Família Bunyaviridae A infecção causada por vírus da família Bunyaviridae inicia-se pela ligação viral à membrana celular, sendo ligantes a proteína Gc para células de vertebrados e a proteína Gn para células de artrópodes (Mertz, 1997). Os vírus invadem a célula, por endocitose, e fundem seu envelope a membranas endossômicas, o que permite ao nucleocapsideo viral atingir o citoplasma. Caracteristicamente, o genoma viral permanece como ribonucleoproteína, sem desnudamento total do capsídeo, que se apresenta com formato circular, associado às numerosas cópias de proteína N e poucas cópias de Proteína L (RNA polimerase) (Schmaljohn,1996; King et al ., 2012). Primeiramente, utilizando a polimerase viral, ocorre uma transcrição primária de RNA (-) do vírus para RNA (+) mensageiro (RNAm) e uma replicação a RNA (+) complementar. Em seguida, em ribossomos livres, inicia-se uma rápida tradução dos 26 RNAm dos segmentos L e S. As proteínas N e NSs de membros do gênero Phlebovirus estão presentes no citoplasma da célula infectada duas horas após a infecção. A Tradução também ocorre com o RNAm do segmento M, o qual se liga a ribossomos de membrana do retículo endoplasmático rugoso e ali ocorre a síntese de uma poliproteina. Em determinado momento, a polimerase viral muda sua função de transcrição primária de RNAm do genoma viral para a replicação do genoma da progênie (Schmaljohn,1996 ). Inicia-se a transcrição do RNA (+) complementar, a partir do terminal 3’, produzindo-se um RNA (-) encapsulado na progênie viral. A poliproteína codificada pelo segmento M é clivada, formando as proteínas Gn e Gc, as quais são, em seguida, glicosiladas no complexo de Golgi (Schmaljohn,1996; King et al., 2012). A montagem viral ocorre após o acúmulo das glicoproteínas no complexo de Golgi, em seguida a partícula viral brota através de vesículas do complexo de Golgi. Finalmente, a progênie viral é liberada por exocitose com fusão das membranas das vesículas citoplasmáticas à membrana celular (Figura 4) (Schmaljohn, 1996; King et al., 2012). Figura 4 - Estratégia de replicação dos membros da família Bunyaviridae. Fonte: Fonte: Adaptado de Schmaljohn & Nichol, 2007. 27 1.3. GÊNERO PHLEBOVIRUS Os vírus do gênero Phlebovirus, são de considerável importância em saúde pública, porque podem causar uma variedade de síndromes clínicas, que variam de uma doença febril autolimitada, com ou sem exantema, até retinites, encefalites, meningoencefalites e febre hemorrágica fatal (Bartelloni & Tesh 1976; Laughlin et al., 1979; Meegan et al., 1979; Peters & Slone, 1982, Tesh, 1988; Nicoletti et al. 1991; Braito et al. 1998; Charrel et al.,2009; Moureau et al., 2010). Os vírus do grupo da febre dos flebótomos são transmitidos por flebotomíneos, culicídeos e ceratopogonídeos, já os vírus do grupo Uukuniemi são transmitidos por carrapatos (Elliott et al., 2000; King et al., 2012). Historicamente, os Phebovirus causaram doenças de importância militar, tendo ocorrido em tropas austríacas estacionadas no mar Adriático, e foi um problema persistente entre as tropas coloniais britânicas na Índia e no Paquistão no início do século 20 (Anderson et al., 1941). Durante a segunda guerra mundial, grande número de soldados americanos, britânicos e germânicos ficaram doentes no norte da África e na região do Mediterrâneo, doenças essas causadas por Phlebovirus (Walker, 1941). Epidemias causadas por Phlebovirus são comuns na Europa Central e em regiões da antiga União Soviética, nos meses de verão, ocorrendo também entre turistas que visitam o mar Negro, tendo ocorrido uma epidemia na Sérvia em 1948, onde mais de um milhão de pessoas ficaram doentes (Pavlovsky, 1947; Guelmino & Jevtic, 1955; Tesh & Papaevangelou, 1977). Ainda no Velho Mundo, a ocorrência de epidemias e casos isolados de doença são observadas em áreas endêmicas da Europa, da África e da Ásia, onde nativos, turistas e militares, tornam-se alvos dessas arboviroses (Laughlin et al., 1979; Ehrnst et al., 1985; Moureau et al., 2010 ). O Virus Toscana é endêmico na Itália, onde causa quadros de meningites em adultos e crianças, tendo casos confirmados na Espanha e Portugal, e ocorrência em outros países banhados pelo mediterrâneo (Santos et al.,2007). No Novo Mundo, durante as décadas de 1960 e 1970, arbovírus desse gênero foram identificados, inicialmente nas Américas do Sul e Central e posteriormente na América do Norte (Mclean, 1972; Srihongse & Johnson, 1974; Calisher et al., 1977;Travassos da Rosa et al., 1983). 28 O gênero Phlebovirus (Bunyaviridae) contém aproximadamente 53 tipos virais conhecidos e registrados pelo ICTV, que são divididos em dois grupos antigênicos : O grupo da febre dos flebótomos (Sandfly Fever), 40 membros , e o grupo Uukuniemi com 13 membros ; e mais dezesseis vírus do gênero não agrupados. O grupo Uukuniemi apresenta-se com somente um sorocomplexo com o mesmo nome, já o grupo da febre dos flebótomos é dividido em oito sorocomplexos (Bujaru, Candiru, Chilibre, Frijoles, Punta Toro, Rift Valley fever, Salehebad e Sandfly fever Naples), listados no nono relatório do Comitê Internacional de Taxonomia Viral,nos últimos anos novos sorocomplexos foram criados ,mas ainda não constam no relatório do ICTV, como: Aguacate,Joa, Salobo,Bhanja,Murre, Heartland, Precarious Point , Grand Arbaud e SFTSV (Xu et al., 2007 a;2007 b ; King et al., 2012; Palacios et al.,2011a, 2011b;Matsuno et al.,2013). Entre os vírus do grupo da febre dos flebótomos registrados, oito destacam-se por sua importância médica: Virus Sandfly fever Sicilian, Virus Sandfly fever Naples, Virus Toscana, Virus Rift Valley fever, Virus Chagres, Virus Punta Toro, Virus Candiru e Virus Alenquer, todos isolados de pessoas com quadro clínico de doença febril aguda (Karabatsos,1985). Podemos incluir a esses outros dois vírus também isolados de humanos, mas ainda não registrados no Catálogo Internacional de Arbovírus, incluindo outros Vírus de Vertebrados, a saber: Virus Morumbi e Virus Serra Norte, isolados de pacientes apresentando quadro febril agudo autolimitado (Rodrigues et al.,1998). Existem evidências sorológicas que outros vírus do grupo causam infecção em humanos, são eles: Virus Arumowot, Virus Bujaru, Virus Itaporanga, Virus Gabek forest, Virus Gordil, Virus Karinabad e Virus Saint Floris (Tesh et al., 1982). O Virus Rift Valley fever é o único que produz doença em humanos e animais domésticos, sendo que em humanos, esse vírus causa desde um quadro febril autolimitado até encefalites, e hepatites fatais acompanhadas de hemorragias (Tesh, 1988). Crianças tem sido afetadas com mais severidade. Quadros não usuais como retinites são descritos com certa frequência e costumam ser graves. Entre animais jovens, bezerros e cordeiros, a maioria morre por hepatite aguda, vale ressaltar que abortos são frequentes entre animais infectados por esse vírus (Vialat et al., 2000). O grupo Uukuniemi, foi considerado no passado um gênero isolado, mas atualmente está incluído no gênero Phlebovirus, por apresentar significativas relações antigênicas e sequências nucleotidícas homólogas com os vírus desse 29 gênero, quando comparado com outros gêneros (Murphy et al., 1995; King et al.,2012). Diversos vírus do grupo da febre dos flebótomos, mas nenhum do grupo Uukuniemi foi associados a doenças em humanos, embora anticorpos para vírus deste grupo tenham sido detectados em populações humanas no Velho Mundo (Tesh, 1988; Beaty & Calisher, 1991). Os vírus do grupo Uukuniemi tem sido utilizados há muitos anos como modelo para estudar a estrutura e replicação da família Bunyaviridae (Simons et al., 1990; Overby et al., 2006). 1.3.1. Propriedades Físico - Químicas dos Membros do Gênero Phlebovirus As primeiras observações sobre a morfologia dos membros do gênero Phlebovirus foram feitas por microscopia eletrônica, mediante a técnica de contrastação negativa do Virus Uukuniemi. Esse vírus apresenta partículas esféricas, com diâmetro variando entre 80 e 120 nm; superfície com arranjo hexagonal regular de subunidades, que parecem capsômeros ocos, com projeção medindo em torno de 9 nm (Figura 5) (Saikku & Von Bonsdorff, 1968; Saikku et al.,1970; King et al.,2012). 30 Figura 5 - Partículas do Virus Rift Valley fever e Virus Uukuniemi. A barra representa 50 nm. Fonte: King et al., 2012. A classificação atual dos membros do gênero Phlebovirus é insatisfatória, por causa da pouca informação genética sobre os mesmos, e por existirem ainda 16 vírus não agrupados (Liu et al., 2003 ; King et al.,2012) . Os vírus desse gênero foram classificados por seus relacionamentos sorológicos, sendo as relações antigênicas entre eles determinadas pelo teste de IH (usado para determinar gênero), enquanto o teste de FC se presta para determinar o sorogrupo e a classificação dentro de um complexo. O Teste de neutralização e o teste de neutralização com redução de placa (TNRP) são usados para a diferenciação do sorotipo e do subtipo, sendo o TNRP o método sorológico mais sensível para a classificação, e por todos esses testes, os Phlebovirus apresentam variados graus de reação cruzada, sendo normalmente reações fracas (Tesh et al., 1976, 1982; Travassos da Rosa et al., 1983; Liu et al., 2003; Xu et al.,2007 a). 31 1.3.2. Organização Genômica O genoma dos membros do gênero Phlebovirus, como ocorre em outros gêneros da família Bunyaviridae, compreende três segmentos de RNA de fita simples, helicoidais e suplementares, denominados, L (Grande), M (Médio) e S (Pequeno), e cada um dos segmentos contribui de forma diferente para a patogênese viral (King et al.,2012) . Os segmentos L e M são de polaridade negativa. O segmento L codifica a proteína L, uma proteína com função de RNA polimerase dependente de RNA, enquanto o segmento MRNA codifica as glicoproteínas de superfície Gn e Gc e a proteína não estrutural NSm ; por outro lado, nos Phlebovirus o segmento SRNA utiliza uma estratégia ambisenso e produz duas proteínas, a nucleoproteína estrutural N no sentido anti-senso e a não estrutural NSs na direção senso, já tendo sido demonstrado que essas duas proteínas são as principais determinantes para a patogênese neste gênero. Internamente cada segmento parece conter uma única sequência primária sem sobreposição entre os mesmos (Petterson et al., 1977, Roberson et al., 1979; King et al., 2012, Nichol et al., 2005., Nunes et al., 2005, Perrone et al., 2007). Pouco se sabe sobre as propriedades do segmento LRNA em Phlebovirus; a proteína L, presumivelmente possui função de transcriptase viral, porém são necessários mais estudos para elucidar a estratégia de expressão desse segmento, assim como as propriedades funcionais de seu produto gênico com maior exatidão (Bishop, 1990). O segmento MRNA já foi bastante estudado, para os seguintes vírus; Virus Rift Valley fever, Virus Toscana, Virus Punta Toro e Virus Uukuniemi (Collet et al.,1985 ; Ihara et al.,1985; Ronnholm & Pettersson, 1987; Suzich et al.,1990; Di Bonito et al.,1997; Liu et al., 2003). As glicoproteínas Gn e Gc são importantes para a infecção, patogênese e imunidade virais, e são alvos dos anticorpos produzidos (Keegan & Collet,1986; Pifat et al.,1988). A atividade biológica é depende da estrutura terciária dessas glicoproteinas e mesmo uma única substituição de amino ácido pode comprometer essa atividade (Schmaljohn et al., 1990). Como estão expostas na superfície dos vírus, as glicoproteínas devem sofrer pressão seletiva de hospedeiro, e é provável que elas variem de cepa para cepa, particularmente os epítopos que entram em contato com os anticorpos. Consequentemente, a análise do segmento MRNA pode fornecer uma aproximação 32 mais sensível à classificação dos phlebovírus (Liu et al., 2003, Nunes-Neto, 2007). Assim como seu estudo é importante para uma futura e eventual produção de vacina recombinante (Bishop, 1990), enquanto que o estudo do segmento SRNA é importante tanto para o entendimento dos mecanismos de patogênese, como para auxiliar nos estudos de rearranjo viral dentro do gênero Phlebovirus (Bishop,1990; Nunes et al., 2005;Perrone et al.,2007; Xu et al., 2007b, Nunes-Neto, 2007). 1.3.3. Membros do Gênero Phlebovirus Isolados na Amazônia Brasileira Na Amazônia brasileira, já foram isolados até o momento 22 membros do gênero Phlebovirus (quadro 5), dos quais nove vírus ainda não se encontram registrados no ICTV e cinco vírus registrados, mas ainda não agrupados em complexos sorológicos:Virus Anhanga, Virus Itaporanga, Virus Uriurana e Virus Urucuri ( Rodrigues et al.,1998; King et al.,2012). 33 Quadro 5 - Membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. Fonte: Modificado de Rodrigues et al., 1998. 34 Desse total de 22 Phlebovirus, quatro foram obtidos de amostras de sangue e soro de seres humanos com doença febril aguda autolimitada e os demais foram isolados de marsupiais, roedores, flebotomíneos (Lutzomyia) e mosquitos (Culex e Coquillettidia);o isolamento desses vírus está ligado à implantação de grandes projetos na região, como construção de estradas, hidrelétricas e projetos minerais ao longo das décadas de 1960 à 1990 (Aitken et al., 1975, Rodrigues et al.,1998;Travassos da Rosa et al., 1998). Um fato importante é que todos os vírus isolados de seres humanos até o momento, quais sejam Virus Candiru, Virus Alenquer, Virus Serra Norte e Virus Morumbi pertencem ao mesmo complexo antigênico, o Complexo Candiru (Vasconcelos et al.,1992; Nunes-Neto, 2007). Pouco se sabe sobre os relacionamentos genéticos dos Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira, já que tem sido realizados, principalmente, estudos de sequenciamento nucleotídeo parcial de alguns vírus e estudos de relação antigênica através de testes sorológicos (Tesh et al.,1982; Travassos da Rosa et al.,1983; Bishop,1990; Rodrigues et al.,1998; Xu et al., 2007a; 2007 b; Nunes-Neto, 2007). 35 1.4. OBJETIVOS 1.4.1. Objetivo Geral Caracterizar molecularmente de vírus pertencentes ao gênero Phlebovirus, grupo da febre dos flebótomos isolados na Amazônia brasileira. 1.4.2. Objetivos Específicos Obter sequências nucleotídicas completas para os segmentos SRNA, MRNA e LRNA dos membros do gênero Phlebovirus incluídos no estudo; Caracterizar geneticamente os segmentos SRNA, MRNA e LRNA; Identificar os domínios e os motivos conservados das proteínas dos membros do gênero phlebovirus incluidos no estudo; Identificar os sítios de clivagem, resíduos de cisteína e sítio de glicosilação nas sequências de aminoácidos dos vírus em estudo; Realizar análise filogenética comparativa e evolutiva; Avaliar a possibilidade de rearranjo genético em natureza. 36 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. MATERIAL 2.1.1. Amostras Virais Nesse estudo foram utilizados 14 vírus do gênero Phlebovirus (família: Bunyaviridae), isoladas na Amazônia brasileira. As informações referentes o seu registro, abreviatura, hospedeiro, ano de isolamento e localização geografica da coleta da amostra original, encontram-se assinaladas no quadro 6 e figura 6. As amostras virais foram obtidas da coleção de vírus da Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do IEC / SVS / MS, Ananindeua - Pará. Quadro 6 - Amostras Virais. Vírus Virus Alenquer Virus Anhanga Virus Ariquemes Virus Candiru Virus Itaituba Virus Jacunda Virus Morumbi Virus Mucura Virus Oriximina Virus Serra Norte Virus Tapara Virus Turuna Vrus Uriurana Virus Urucuri Abreviatura VALE VANH VARQ VCDU VITA VJAN VMRB VMRA VORX VSRN VTAP VTUA VURI VURU Registro BEH301101 BEAN46852 BEAR485678 BEH22511 BEAN213452 BEAN428329 BEH475236 BEAR455230 BEAR385309 BEH505240 BEAR413570 BEAR352492 BEAR479776 BEAN100049 Hospedeiro Homo sapiens Choleopus brasiliensis Luztzomyia sp. Homo sapiens Didelphis marsupialis Myoprocta agouci Homo sapiens Anophleles triannulatus Luztzomyia spp. Homo sapiens Phlebotominae sp. Luztzomyia sp. Phlebotominae sp. Proechimys guyannensis Ano de isolamento 31-05-1976 01-10-1962 30-12-1988 27-09-1960 08-12-1971 31-10-1984 12-04-1988 30-05-1985 07-03-1980 01-03-1991 04-02-1983 26-07-1978 16-12-1985 19-04-1966 37 Figura 6 - Local de coleta das amostras estudadas. 38 2.2. MÉTODO 2.2.1. Vírus em Estudo Os 19 vírus do grupo da febre dos flebótomos utilizados neste estudo foram obtidos a partir do estoque viral da SAARB-IEC, utilizando cérebros de camundongos suíços recém-nascidos (Mus musculus) infectados com esses vírus. Foi preparada suspensão de cérebro de camundongo diluída em 1 mL de água livre de RNAse e DNAse para cada um dos vírus, sendo essa suspensão utilizada para todas as demais etapas que envolvam o sequenciamento desses agentes virais. 2.2.1.1 Preparo de estoque viral A partir dos cérebros de camundongos recém-nascidos infectados obtidos foi preparada suspensão, macerando-se os cérebros de camundongos com auxílio de gral e pistilo, e diluindo-se em 1,5 mL de água livre de RNAse e DNAse. A suspensão preparada foi centrifugada em centrífuga refrigerada (Thermo Scientific) por 5 minutos à 5.000 rpm e, em seguida, foi filtrada com auxilio de filtro de 0,22 µm acoplado em seringa. Posteriomente, cada suspensão foi inoculada em sua respectiva garrafa de 150 cm 2 contendo células VERO oriundas de macaco verde africano (Cercopithecus aethiops) (ATCC: CCL-81) (RHIM et al., 1962). Para a inoculação, o meio de crescimento (meio 199 com 5% de soro bovino fetal) das garrafas foi substituído pelo meio de manutenção (meio 199 com 2% de soro bovino fetal) e, em seguida o volume de 1 mL da suspensão filtrada foi diluído em 4 mL de meio de cultura de manutenção. Esses 5 mL foram inoculados utilizando o método de adsorção, pelo qual as garrafas, após inoculação, foram incubadas em estufa a 37 ºC com 5% de CO2 durante 1 hora, realizando homogeneização manual das garrafas para espalhamento da suspensão por toda a área. Imediatamente após o intervalo de incubação de 1 hora, as garrafas foram retiradas da estufa e foram então, acrescentados 45 mL de meio de manutenção em cada uma delas. Seguidamente, as garrafas contendo as células infectadas foram incubadas novamente em estufa, conforme especificações descritas anteriormente, e visualizadas diariamente em 39 microscópio invertido (Zeiss) para detecção de efeito citopático (ECP), sendo estas garrafas coletadas (congeladas a -70ºC) quando obsevou-se aproximadamente 90 % de ECP. 2.2.2. Tratamento das Amostras com Nuclease Objetivando reduzir a quantidade de DNA e RNA contaminante (ácidos nucléicos provenientes da célula hospedeira), cada amostra (165,7 µL) foi tratada com 20 U de DNAse Turbo (Ambion, Austin, TX), 36 U de benzonase (Novagen, Damstadt, Germany) e 28 U de RNAse One (Promega, Madson, WI). As amostras foram ajustadas para o volume final de 200 µL usando o tampão DNAse 10X (Ambion, Austin, TX) e incubadas a 37 ºC por duas horas. Após o período de incubação, as amostras foram imediatamente utilizadas para a extração do RNA viral. 2.2.3. Extração do RNA Viral Para a obtenção do RNA genômico serão utilizados 200 µL da amostra viral previamente tratada, sendo, o RNA genômico, extraído pelo equipamento MagNA Pure LC 2.0 (Roche, Alemanha) utilizando o kit MagNA Pure LC Total Nucleic Acid Isolation, seguindo as instruções do fabricante, ao final o RNA foi eluído em 50 µL de tampão disponível no referido kit. 2.2.4. Quantificação do RNA A quantificação do RNA foi realizada no espectrofotômetro NanoDrop 2000 (Thermo Fisher Scientific, EUA), de acordo com as instruções do fabricante. Este procedimento foi realizado para averiguar a concentração do RNA viral após a extração, no qual esta concentração é medida em nanogramas por microlitro (ng/ µL). Para tal, foi utilizado 1 µL da solução contendo o RNA viral. Além disso, a qualidade do RNA obtido na extração também foi avaliada no NanoDrop 2000, a qual foi determinada através da razão 260/280 nm, cujo resultado, ficou entre 1,8 a 2,0 nm. 40 2.2.5. Obtenção das Sequências Nucleotídicas no GS FLX Genome Sequencer 454™ Para a obtenção das sequências nucleotídicas completas foi utilizada a plataforma de sequenciamento: GS FLX Genome Sequencer 454™ (Roche Applied Science). A obtenção das sequências nucleotídicas utilizando a plataforma de sequenciamento GS FLX Genome Sequencer 454™ (Roche Applied Science) incluiu três etapas: I) Preparação de biblioteca genômica; II) Amplificação clonal da biblioteca genômica utilizando micro - esferas de captura; III) sequenciamento. 2.2.6. Preparação da Biblioteca Genômica Partindo-se de um genoma de RNA, o primeiro passo foi realizar a preparação de uma biblioteca a partir de DNA complementar fita dupla (dscDNA) ao RNA viral previamente fragmentado. A fragmentação do RNA foi realizada pelo método de fragmentação química pela exposição ao cloreto de zinco (ZnCl2) a 5% e Tris-HCl (1M - PH 7,0), durante cinco minutos à temperatura ambiente (±25°C). A fragmentação do RNA foi avaliada utilizando o RNA 6000 Pico chip (Agilent Technologies, Alemanha) sendo gerados fragmentos com tamanho entre 200 a 700 pares de bases (pb) , sendo utilizado para a leitura o equipamento Bioanalyzer 2100 (Agilent Tecnologies, Alemanha) , conforme instruções do fabricante. Após uma fragmentação bem sucedida, foi realizada a construção da dupla fita de cDNA, onde a síntese da primeira e da segunda fita de cDNA ocorre em momentos distintos, utilizando-se para tal o kit cDNA Synthesis System (Roche,Alemanha). Em seguida, foi realizada a purificação da dupla fita do cDNA com o intuito de eliminar produtos inespecíficos que possam interferir nas próximas etapas. Posteriormente, realizou- se o reparo das extremidades dos fragmentos gerados com a síntese do cDNA. Após a realização do reparo das extremidades, dois diferentes adaptadores universais foram ligados a extremidades das fitas de cDNA (adaptador A e adaptador B), sendo que o adaptador A promove a ligação da polimerase para a amplificação clonal de um único fragmento ao redor da 41 microesfera (bead), e o adaptador B confere a propriedade de ligação desse fragmento à microesfera, as bibliotecas foram construídas empregando o kit de preparação de bibliotecas genômicas (fragment cDNA library kit, Roche). 2.2.7. PCR emulsão (emPCR) Por meio do processo de amplificação clonal baseada em emulsão (emPCR), a biblioteca contendo os fragmentos genômicos (cDNAs contendo os adaptadores) foram postas em contato com esferas magnéticas de captura requeridas durante a etapa de sequenciamento mediante o processo de criação de microreatores (emulsão). Este processo foi realizado pelo kit emPCR (Roche) levando aproximadamente oito horas de processamento. 2.2.8. emPCR para titulação Antes de realizar o emPCR para sequenciamento propriamente dito, torna-se necessário conhecer o número de cópias de cDNA por microesfera de captura ideal para obtenção do rendimento máximo do sequenciador (100.000.000 de leituras para uma região; 40.000.000 de leituras para duas regiões; 15.000.000 de leituras para oito regiões). Este processo denomina-se emPCR de titulação. A titulação foi realizada para cada amostra previamente amplificada pelo PCR em emulsão empregando o kit Small Volume (Roche Applied Science) seguindo a recomendação do protocolo do fabricante que submete cada amostra a quatro diluições distintas que representam: 2, 4, 8 e 16 cópias de cDNA por microesfera de captura. Inicialmente tubos de 2 mL contendo, emulsão oleosa foram submetidos à vigorosa agitação no equipamento Tissuelyser II (Qiagen) ajustado para 50 Hz durante cinco minutos. Após a homogeneização da emulsão oleosa, as amostras foram adicionadas aos respectivos tubos juntamente com as enzimas, iniciadores complementares aos adaptadores e tampão de emPCR, sendo novamente submetidos à vigorosa agitação 50 Hz durante cinco minutos, objetivando a formação de microreatores. 42 Em geral, cada microrreator (gotícula emulsão oleosa), contém somente um fragmento de cDNA ligado a uma única micro-esfera pelo adaptador B (microreator clonal). O fragmento de cDNA contido em cada microreator foi amplificado isoladamente produzindo milhões de cópias clonais. Ao final da reação de PCR em emulsão, o processo de enriquecimento foi realizado. Esta etapa consiste na recuperação de microesferas que contenham fragmentos de DNA e eliminação das que não contenham DNA amplificado. A seleção das microesferas com amplificação clonal foi realizado pelo processo de ligação de sondas complementares ao DNA amplificado capazes de se hibridizarem a microesferas de captura. A quantificação e determinação da melhor relação cópias de DNA/microesferas de captura foram verificadas para o sequenciamento no GS FLX Genome Sequencer 454™ (Roche Applied Science), pelo emprego do equipamento CASY DT (Roche Innovatis). Após a obtenção das informações referentes à quantidade de cópias de DNA / microesferas de capturas, realizouse o emPCR para sequenciamento de forma semelhante ao descrito acima, apenas substituindo-se o kit small Volume , pelo kit Large Volume (Roche Applied Science). 2.2.9. Sequenciamento das Amostras por Pirosequenciamento O primeiro quesito a ser observado para que se tenha um bom sequenciamento é a realização da limpeza do sistema (pre-wash) GS FLX Genome Sequencer 454™. Posteriormente, seleciona-se a placa com a apropriada quantidade de regiões, na qual foram depositadas as amostras. De modo que existem placas para 2, 4 e 8 regiões, as quais permitem, individualmente, o depósito de, respectivamente, 2, 4 e 8 amostras. A escolha da placa para o sequenciamento depende: (1º) diretamente do tamanho do organismo que se pretende sequenciar; (2º) da cobertura do sequenciamento, a qual se refere à confirmação da veracidade da posição das bases nucleotídicas. Assim, dependendo da placa escolhida, será depositada uma quantidade diferente de microesferas de bibliotecas de cDNA por região, o que resulta em uma quantidade de fragmentos de leitura diferentes para análise. Desta forma, a placa com duas regiões proporciona o depósito de mais 43 microesferas, e a placa com oito regiões resulta no depósito de menos microesferas. Consequentemente, a placa com duas regiões fornecerá mais fragmentos de leitura de oito regiões gerará menos fragmentos de leitura. O processo de confecção da placa envolve o depósito de quatro camadas de microesferas, com o auxílio de um suporte para deposição. A primeira camada corresponde ao depósito de microesferas enzimáticas (précamada), a segunda camada a microesferas que contém a biblioteca de cDNA, a terceira camada a microesferas enzimáticas (pós-camada), e a quarta camada a microesferas com PPiase. Após o depósito da última camada, a placa foi levada ao GS FLX 454 e o equipamento promoveu, dentro de aproximadamente 8 horas, o sequenciamento completo do genoma viral. A leitura da sequência nesse sistema é realizada a partir de uma combinação de reações enzimáticas que se inicia com a liberação de um pirofosfato, oriundo da adição de um ou mais desoxinucleotídeos complementares ao DNA alvo. Em seguida, esse pirofosfato é convertido em ATP, pela ATP sulfurilase, sendo este utilizado pela luciferase para oxidar a luciferina, produzindo um sinal de luz capturado por uma câmera CCD (chargecoupled device) acoplada ao sistema. 2.2.10. Análise Computacional 2.2.10.1. Montagem dos Genomas obtidos pelo GS FLX Genome Sequencer 454™ (Roche Applied Science) Para montagem das sequências obtidas pelo sistema de pirosequenciamento foi utilizado o pipeline desenvolvido laboratório de Bioinformática do Centro de Inovações Tecnológicas do Instituto Evandro Chagas, o qual corresponde à etapa de pré-processo utilizando-se o modulo GS De Novo Assembler (www.454.com/products-solutions/analysis-tools/gs-denovo assembler) foi usado para a montagem propriamente dita, disponível no pacote de programas Newbler versão 2.0 (Roche Applied Science) como algoritmo de montagem. Inicialmente, as sequências foram submetidas a um prévio processo de montagem onde as reads (pequenas sequências de DNA geradas pelo sequenciador) foram confrontadas contra um banco de dados do 44 Genbank que contém sequências de hospedeiros (mosquitos, humanos e vertebrados silvestres). Esta estratégia tem como objetivo a retirada de sequências inespecíficas (sequências do hospedeiro). Este pré-processo favorecerá a montagem mais rápida e efetiva computacionalmente (Gordon, 2004). A validação do genoma foi feita mediante comparação entre os contigs (conjunto de reads) montados, sendo escolhida como a montagem mais correta aquela que obteve o maior valor de confiabilidade do programa Newbler e com a maior incorporação de leituras (reads) no contig. O genoma final obtido foi visualizado pelo programa Geneious versão 7 (Biomatters, Nova Zelândia), o mesmo foi utilizado nas etapas de fechamento de gaps e curadoria, e posteriormente o contigs foram confrontados com sequências disponíveis no banco de dados do National Center for Biotechnology Information (NCBI) (www.ncbi.nlm.nih.gov/) para identificação empregando o programa BLASTP e BLASTN (www.blast.ncbi.nlm. nih.gov/Blast). 2.2.10.2. Genômica Descritiva: Análises e Identificações Para geração de dados descritivos, inicialmente as sequências nucleotídicas completas obtidas dos segmentos SRNA, MRNA e LRNA foram identificadas pelo programa BLAST (Basic Local Aligning Search Toll) disponível no portal do NCBI (www.nchi.nhi.org) (Altschul et al., 1996). Neste mesmo programa foi possível selecionar as sequências disponíveis no GenBank de outros Phlebovirus. Posteriormente, as sequências nucleotídicas foram comparadas entre si e com outras sequências de membros do gênero Phlebovirus disponíveis no GenBank utilizando o programa Geneious e Clustal X (Thompson, 1998). Em seguida, o pacote de programas DNAstar lasergene® (DNAstar, Mega Align, Seqman, Genequest, Protean) foi utilizado para avaliar as sequências quanto ao tamanho, predição de ORF´s, regiões não codificantes (RNC), presença de substituições nucleotídicas (nt) e de aminoácidos (aa). Para efeito de comparações de divergência e homologia nucleotídica e aminoacídica foram usadas as regiões codificantes e o produto protéico desses sítios, respectivamente. 45 As análises de divergência nucleotídica e aminoacídica foram realizadas usando os programas Geneious para alinhamento e Mega 5.1 (Kumar et al., 2004; Tamura et al., 2011) para construção das matrizes. A determinação de sítios de clivagem foi obtida por comparação com outros phlebovirus no banco de dados de família de proteínas PFAM (http://pfam.sanger.ac.uk/), InterProScan (www.ebi.ac.uk/Tools/pfa/iprscan/) e Signal P versão 4.1 (http://www.cbs.dtu.dk/services/SignalP/) (Petersen et al., 2011). Para determinar a previsão de sítios de glicosilação foi utilizado o programa NetNGlyc 1.0 (http://www.cbs.dtu.dk/ services/NetNGlyc/). Os motivos conservados das proteínas dos phlebovirus estudados foram verifiados no alinhamento das sequências aminoacídicas entre os vírus estudados e outros phlebovirus, de acordo com os achados da literatura, atraves do programa Geneious versão 7 (Biomatters, Nova Zelândia). 2.2.10.3. Identificação de possíveis rearranjos genéticos As regiões codificantes dos membros do gênero Phlebovirus foram identificadas utilizando o programa ORF finder (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/projects/gorf/) e posteriormente para analise de genetica nucleotidica e aminoacidica foi utilizado o programa Mega 5 (Tamura et al.,2011). Posteriormente, o programa Simplot versão 3.5.1 (Lole et al., 1999) foi empregado para determinar a similaridade, utilizando as sequências nucleotídicas, dos vírus em estudo ao longo da cadei aberta de leitura (CAL) para uma análise intragrupo, bem como, para uma análise intergrupo, comparando-se sequências do grupo Guamá com as de outros orthobunyavirus. Em todas as análises execultadas foi utilizado um vírus ou um grupo de vírus como referência (query) O ponto de corte foi de 50% (enviar rearanjo). Foi realizado alinhamento, bem como geração de árvores filogenéticas pelo método de Neighbour Joining (NJ), das sequências completas dos segmentos SRNA, MRNA e LRNA dos phlebovirus do Complexo Candiru, análise de bootstrap (1000 réplicas) foi realizada para gerar maior confiabilidade nos valores dos grupamentos obtidos. A Análise de rearranjo 46 genético para os membros do Complexo Candiru foi empregando o método de Kishino Hasegawa. 2.2.10.4. Análise Filogenética As análises filogenéticas foram realizadas basicamente pelo programa, PHYML (Guindon et al., 2010), utilizando os métodos de máxima verossimilhança (Saitou & Nei, 1987). As árvores filogenéticas foram construídas usando os métodos de Máxima Verossimilhança (MV) utilizando o programa PHYML devido à melhor performance deste programa para a análise de máxima verossimilhança (rápido processamento). O programa jMoldest v. 3.6 (Posada, 2008) foi utilizados para determinar o melhor modelo de substituição nucleotídica a ser usado baseado no critério de informação Akaike (AIC). Para a análise pelo método NJ, a matriz de distância foi calculada a partir das sequências alinhadas usando o modelo de substituição nucleotídica indicado pelo Modeltest (kimura 2 parâmetros, Tamura-3, parâmetro de distribuição gama). A análise de bootstrap (1000 réplicas) foi realizada para gerar maior confiabilidade nos valores dos grupamentos obtidos (Felsenstein, 1985) para os métodos de MV. 47 3. RESULTADOS 3.1. OBTENÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS SEQUÊNCIAS NUCLEOTÍDICAS O total de 14 isolados virais tiveram os seus genomas completamente (ORF- open reading frame ou cadeia aberta para leitura) ou parcialmente sequenciados. O total de 171.137 nucleotídeos foram obtidos sendo 100% das sequências identificadas como genomas de vírus pertencentes ao gênero Phlebovirus (segmentos SRNA, MRNA e LRNA). Identificação das sequências pelo site do NCBI (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/), valor de probabilidade (e), máxima identidade, cobertura do genoma com vírus de maior similaridade e seu respectivo número de acesso ao GenBank. (Quadro 7) 48 Quadro 7 - Sequências nucleotídicas obtidas para o genoma das 14 cepas virais incluídas no estudo evidenciando o total de nucleotídeos recuperados por segmento genômico (SRNA, MRNA e LRNA). VALE VANH VARQ VCDU VITA VJAN VMRB VMRA VORX VSRN VTAP VTUA VURI VURU 49 3.2. ORGANIZAÇÃO GENÔMICA A organização genômica dos membros do gênero Phlebovirus em estudo é similar à observada para os demais vírus do gênero, revelando a presença de três segmentos de RNA e seus produtos gênicos principais: o segmento SRNA que codifica as proteínas N e NSs; segmento MRNA que codifica a poliproteína que é pos-traducionamente clivada em NSm-Gn-Gc para os membros do grupo da febre dos flebótomus e clivadas em Gn-Gc para os representantes do grupo Uukuniemi ( não incluidos neste estudo); e o segmento LRNA que codifica a polimerase dependente de RNA (proteína L). As ORF's dos três segmentos são flanqueadas pelas RNC 3’ e 5’. Das 14 amostras virais identificadas como membros do gênero Phlebovirus, 12 foram sequenciadas completamente (ORF e parte das regiões não codificantes 3’ e 5’) e duas,Virus Urucuri e Virus Anhanga, tiveram 62,7% e 97,3% dos seus genomas recuperados, respectivamente. Das amostras com ORF's e parte das regiões não traduzidas sequenciadas, observou-se variação no tamanho genômico de 1519 nt a 1894 nt (segmento SRNA), de 3963 nt a 4579 nt (segmento MRNA) e 6137 nt a 6844 nt (segmento LRNA). A análise dos genomas utilizando o programa Geneious identificou a presença de ORF's em cada um dos três segmentos genômicos, como mostrado a seguir. 3.2.1. Segmento SRNA Para o segmento SRNA, o programa computacional revelou a presença de duas ORF's de sentidos opostos localizadas na mesma cadeia (frame) de leitura ou em cadeias diferentes. O tamanho das ORFs do gene N variou de 735 nt a 753 nt , enquanto que a ORF para o gene NSs variou entre 750 nt a 885 nt (Figura 7). 50 Figura 7 - Representação esquemática dos genomas dos segmentos SRNA (sentido 3’->5’) obtidos para os 14 isolados virais identificados como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. Legenda: Observar a presença de regiões não codificantes completas (linhas pretas contínuas nas extremidades 3’ e 5’) e incompletas (linhas pretas tracejadas nas extremidades) flanqueando as regiões codificantes para as proteínas NSs (amarelo) e N (azul claro). Notar a presença entre genes de regiões não codificantes (linhas pretas contínuas entre os genes NSs e N). A linha tracejada em azul representa a região do genoma (gene N) não sequenciada. ORF1; ORF2; - Frame 1(cadeia): cadeia negativa 1; - Frame 2: cadeia negativa 2; + Frame 1: cadeia positiva 1; + Frame 2: cadeia positiva 2; + Frame 3: cadeia positiva 3. Os tamanhos das ORFs encontram-se em nucleotídeos (nt). Os valores abaixo da barra correspondem às posições nucleotídicas estimadas com base no tamanho médio das sequências obtidas. A descrição dos genomas sequenciados no que tange o tamanho, percentual de A+U (Adenina + Uracila), posição nucleotídica, tamanho das proteínas codificadas (em aminoácidos; aa) e peso molecular em KDa encontra-se apresentada na Tabela 1. 51 Tabela 1 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento SRNA dos phlebovirus segundo os tamanhos dos genes N e NSs, posição nucleotídica, percentual de adenina-uracila (AU), região intergênica, e tamanhos das regiões não codificantes (NCR). ****** Dados não obtidos. (+) sentido positivo; (-) sentido negativo; 3.2.2. Segmento MRNA Em relação ao segmento MRNA, uma única e longa cadeia aberta de leitura (ORF) foi observada, sendo todas com sentido negativo (-). As ORF's apresentaram tamanhos que variaram de 3.909 nt (Virus Uriurana e Virus 52 Urucuri) a 4.080 nt (Virus Anhanga), sendo em geral flanqueadas por regiões não traduzidas (3’ e 5’ NCR ) ao nível dos términos dos segmentos genômicos. Para o Virus Jacunda, somente a ORF foi obtida, enquanto que para o Virus Tapara e Virus Mucura, parte da ORF permaneceu incompleta ao nível da região terminal 5’ (Figura 8). Figura 8 – Representação esquemática dos genomas dos segmentos MRNA (sentido 3’-> 5’) obtidos para os 14 isolados virais identificados como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. Legenda : Observar a presença de regiões não codificantes completas (linhas pretas contínuas nas extremidades 3’ e 5’) e incompletas (linhas pretas tracejadas nas extremidades) flanqueando as regiões codificantes para a poliproteína (alaranjado). Blocos azuis com linha tracejada em preto representam a região do genoma não sequenciado. ORF1: open reading frame 1; Frame 1(cadeia): cadeia negativa 1; Frame 2: cadeia negativa 2; Frame 3: cadeia negativa 3. Os tamanhos das ORF's,encontram-se em nucleotídeos (nt). Os valores abaixo da barra correspondem às posições nucleotídicas estimadas com base no tamanho médio das sequências obtidas. As características dos genomas sequenciados para o segmento M, segundo o tamanho, percentual de A+U (Adenina + Uracila), posição aminoacídica, tamanho das proteínas codificadas (em aminoácidos; aa) e peso molecular em KDa encontram-se descritas na Tabela 2. 53 Tabela 2 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento MRNA dos Phlebovirus segundo os tamanhos das poliproteínas, genes NSm, Gn e GC em nucleotídeos (nt) e aminoácidos (aa), peso molecular em KDa, posição aminoacídica de cada proteína, tamanho das regiões não codificantes (NCR) em nucleotídeos (nt) percentual de adenina - uracila (AU). * referente à poliproteína --------: dados não obtidos. 3.2.3. Segmento L Para o segmento LRNA, dos 14 isolados utilizadas no estudo, 12 tiveram suas ORFs totalmente sequenciadas. O Virus Anhanga em relação aos genomas dos demais vírus sequenciados apresentou duas regiões de gaps, uma de 81 nucleotídeos entre a região entrre a posição nucleotídica 4992 e 5072 e outra de 68 nucleotídeos na posição 3' terminal . Para o Virus Jacunda, conseguiu-se apenas a sequência completa para a região codificante, enquanto que para o Virus Mucura, obteve-se a sequência completa para a ORF e para a região 3’ NCR. No caso do Virus Urucuri, apenas parte do 54 segmento LRNA foi recuperado entre as posições nucleotídicas 284 e 1.335 (1.052 nt) e 2.779 e 3.627 (849 nt) , (Figura 9). Figura 9 - Representação esquemática dos genomas dos segmentos LRNA (sentido 3’-> 5’), obtidos para as 14 cepas virais identificadas como membros da família Bunyaviridae, gênero Phlebovirus. Legenda: Observar a presença de regiões não codificantes incompletas (linhas pretas tracejadas nas extremidades) flanqueando as regiões codificantes para a poliproteína (alaranjado). Blocos com linha tracejada em azul claro representam a região do genoma não sequenciado. ORF1; Frame 1(cadeia): cadeia negativa 1; Frame 2: cadeia negativa 2; Frame 3: cadeia negativa 3. Os tamanhos das ORF's encontram-se em nucleotídeos (nt). Os valores abaixo da barra correspondem as posições nucleotídicas estimadas com base no tamanho médio das sequências obtidas. A descrição dos genomas sequenciados para o segmento L, segundo o tamanho, percentual de A+U (Adenina + Uracila), posição aminoacídica, tamanho das proteínas codificadas (em aminoácidos; aa) e peso molecular em KDa encontra-se descrita na Tabela 3. 55 Tabela 3 - Organização dos genomas correspondentes ao segmento LRNA dos membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo, segundo os tamanhos das poliproteínas codificadoras da polimerase viral em nucleotídeos (nt) e aminoácidos, peso molecular em KDa, posição nucleotídica , sentido da cadeia de leitura, tamanho das regiões não codificantes (NCR) em nucleotídeos (nt) percentual de Adenina-Uracila (AU). Gene L Tamanho da RNC (nt) 5’ 3’ VÍRUS CAL N (nt) Posição (nt)/ Sentido A/U (%) Tamanho aa Peso molecular VALE 6267 23 - 6289 (+) 60,5 2088 238 kDa 22 129 VANH* 6092 ****** ****** ****** ****** 8 ****** VARQ 6270 15 - 6284 (+) 61 2089 237 kDa 14 125 VCDU 6291 1- 6291 (+) 60,8 2096 238 kDa ****** 36 VITA 6267 61-6327(+) 60.4 2088 237 kDa 60 121 VJAN 6267 1 - 6267 (+) 60,4 2088 237 kDa ****** ****** VMRB 6267 23 - 6289 (+) 60,8 2088 237 kDa 22 121 VMRA 6336 1 - 6336 (+) 60,9 2111 240 kDa ****** 124 VORX 6267 20 - 6286 (+) 61 2088 238 kDa 19 122 VSRN 6267 20 - 6286 (+) 61 2088 237 kDa 19 126 VTAP 6270 57,4 2089 238 kDa 110 103 VTUA 6267 20 - 6286 (+) 59,7 2088 237 kDa 19 119 VURI 6300 1 - 6300 (+) 59,8 2099 239 kDa ****** 103 VURU* 2274 ****** ******* ****** ****** ****** ****** Média 6278 24 - 6293 60,2 2091 237 kDa 32 111 111 - 6380 (+) (+) Sentido positivo * Sequencia incompleta ****** Dados não gerados. 3.3. PROTEÍNAS VIRAIS 3.3.1. Análise dos Domínios e Subdomínios Protéicos A avaliação dos domínios e subdomínios protéicos empregando a combinação de análises pelos programas Blast tx e Interproscan evidenciou as 56 assinaturas protéicas para diferentes grupos de proteínas dos phlebovirus identificadas como nucleoproteína e proteína não estrutural NSs (segmento SRNA), proteína não estrutural NSm e glicoproteínas de superfície Gn e Gc (segmento MRNA), bem como para a polimerase viral L (segmento LRNA). Para a polimerase viral, subdomínios foram identificados: domínio catalítico, domínio RdRp (RNA-dependente de RNA polimerase) dos bunyavirus e o subdomínio DUF 3770. A figura 10 ilustra os domínios e subdomínios referentes as proteínas virais evidenciadas em cada segmento genômico dos Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri. Os valores de PFAM para cada proteína podem ser observados na tabela 4. Figura 10 - Domínios e subdomínios das proteínas virais evidenciadas ao longo dos segmentos SRNA (a), MRNA (b) e LRNA (c) dos 10 vírus do Complexo Candiru, bem como para os Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri. Legenda: Em (a), blocos em rosa e em lilás correspondem as proteínas N e NSs, respectivamente. Em (b) e (c), observar os blocos em azul escuro e alaranjado representando proteínas virais com função conhecida e 57 desconhecidas. Quadrados coloridos representam diferentes bancos de dados de proteinas aos quais as sequências de aminoácidos das regiões codificantes de cada segmento genômico foram submetidos. Quadrados multicores representam as diferentes bases de dados para proteínas. Tabela 4 - Valores de PFAM gerados pelo programa Interproscan segundo o segmento genômico, proteínas e domínios protéicos dos membros do gênero Phlebovirus. SRNA VÍRUS N MRNA NSs NSm LRNA Gn Gc L Cat RdRp DUF 3770 Virus Alenquer 1.6E-71 2.3E-69 1.9E-24 0.0 0.0 0.0 0.0 1.2 E - 61 Virus Anhanga 7.2E-75 5.3E-26 1.0E-10 6.1E-185 3.4E-231 **** **** **** Virus Ariquemes 1.2E-72 1.0E-64 5.6E-26 1.3E-193 5.7E-235 0.0 0.0 5.0E - 56 Virus Candiru 3.3E-72 7.5E-65 1.9-E-32 0.0 0.0 0.0 0.0 3.0E - 55 Virus Itaituba 5.5E-72 2.3E-65 5.0E-24 0.0 0.0 0.0 0.0 9.0E - 57 Virus Jacunda 7.9E-73 5.9E-65 8.1E-23 0.0 0.0 6.4E 29.9 3.1E - 55 Virus Morumbi 7.9E-73 5.9E-65 4.2E-24 0.0 0.0 0.0 0.0 2.9E - 55 Virus Mucura 1.0E-72 7.9E-65 2.4E-22 0.0 0.0 1.1E-187 29.9 9.1E- 54 Virus Oriximina 9.6E-74 2.0E-65 8.1E-22 0.0 0.0 0.0 0.0 5.4 E- 56 Virus Serra Norte 7.9E-73 2.9E-66 3.0E-27 0.0 0.0 0.0 0.0 3.6 E - 55 Virus Tapara 1.6E-68 2.9E-60 1.47E-04 * 7.10E-174* 0.0* 1.0E-187 30.0 2.3E- 66 Virus Turuna 4.6E-73 2.5E-66 7.0E-23 0.0 0.0 0.0 0.0 2.5E- 51 Virus Urucuri **** 4.3E-52 2.9E-14 3.4E--188 1.8E-221 **** **** **** Virus Uriurana 1.2E-75 8.0E-52 2.9E-14 3.4E-188 1.8E-221 3.9E-189 30.9 8.1E- 66 * Foi utilizado o programa BLASTP para realização dos cálculos 3.3.2. Sítios de Clivagem para a Poliproteína M A análise combinatória dos programas Interproscan e Signal P evidenciou a presença de diferentes sítios potenciais de clivagem ao longo da poliproteína M levando a subdivisão da mesma em três porções básicas: NSm, Gn e Gc. A tabela 5 sumariza as junções e sequências de clivagem que origina cada proteína viral. 58 Tabela 5 - Sítios de clivagem para as poliproteínas NSM, Gn e Gc codificadas pelo segmento MRNA dos membros do gênero phlebovirus do Complexo Candiru, Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri, preditos pelo programa Signal P v.4.1 e Interproscan. Vírus Regiões de junção gênica Met--/NSM Escore NSM/GN Escore Gn/Gc Escore Gc/--TAG(A) Escore VTAP VDA / TF 0,615 LAI/DL 0,632 ASS/CS 0,534 KAI/GL 0,194 VALE ALA / AY 0,693 ADA/ST 0,267 GLS/CS 0,741 AAV/MK 0,165 VMRB MAS / AY 0,65 DKM/AV 0,239 CLG/CS 0,883 TAI/LK 0,244 VTUA ALA / AY 0,674 VHP/VF 0,237 VLC/CS 0,874 TAI/LK 0,200 VCDU ALG / AY 0,61 SLA/AT 0,637 ALA/CS 0,84 MAV/LK 0,238 VITA AYA / AY 0,698 SNQ/VN 0,345 ALS/CS 0,829 SGI/LK 0,245 VARQ TMS/ AY 0,589 DKM/AV 0,329 CLG/CS 0,815 LAI/LK 0,285 VSRN AYA / AY 0,631 SNQ/VN 0,315 ALS/CS 0,845 TGV/LK 0,232 VJAN ANA / AY 0,607 TAQ/IN 0,32 VLG/CS 0,857 TAI/LK 0,217 VORX ANA / AY 0,618 TAH/IN 0,28 ALG/CS 0,875 MAV/LK 0,224 VMRA AHA / AY 0,631 TAH/KN 0,32 TLS/CS 0,84 AAI/LK 0,203 VURI AYC / SY 0,604 SMA/EL 0,512 ASG/CS 0,8 KTI/LL 0,247 VANH SES / LI 0,671 ASA/ME 0,618 TDA/CS 0,545 KAI/LM 0,267 - - ALA/AR 0,651 AES /CS 0,729 KTI/VV 0,264 VURU Média dos escores Cutoff 0,638 0,389 0,805 0,228 0,450 0,200 0,200 0,100 Met: metionina=códon de inicialização da poliproteína; TAG(A): códons alternativos de parada da poliproteína do seguimento MRNA. ( / ): região de clivagem. 3.3.3. Identificação de Motivos Conservados 3.3.3.1. Proteína N A análise do alinhamento múltiplo das sequências aminoacídicas da nucleoproteína dos Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri revelou a presença de aminoácidos conservados (D63, I67, S85 e G88), bem como de um bloco constituído por seis aminoácidos 71-LTRGNK-76. Observou-se a presença de aminoácidos associados com a atividade de ligação da proteina N ao RNA viral (R73, K76 e K/R 83) (Figura 11). 59 Figura 11 - Alinhamento múltiplo da proteína de nucleocapsideo (N) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiu), Virus Anhanga, Virus Punta Toro, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Uukuniemi. Legenda: Blocos em cinza representam as regiões hiperconservadas. Asteriscos localizados abaixo das sequências representam os aminoácidos cruciais para a ligação da nucleoproteína ao RNA viral que se encontram conservados entre os diferentes membros do gênero Phlebovirus. * resíduos aminoacídicos associados à interação da proteína N ao RNA viral. 3.3.3.2. Proteínas NSm, Gn e Gc Em relação às proteínas NSm, Gn e Gc, regiões conservadas reconhecidas como domínios transmembrana, foram observadas nas posições C terminais de cada uma das proteínas dos phlebovírus estudados (Figuras 12, 13, 14). 60 Figura 12 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína NSm (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples_Poona. Legenda: Região em azul claro representa o domínio transmembrana conservado entre os diferentes membros do gênero Phlebovirus. Setas em vermelho representam os domínios específicos para cada vírus. Números acima da barra representam a posição aminoacídica aproximada dos domínios, as setas em vermelho indicam o domínio transmembrana. 61 Figura 13 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína Gn (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples Poona, Virus Uukuniemi e Virus Bhanja. Legenda: Região em azul claro representa o domínio transmembrana conservado entre os diferentes membros do gênero Phlebovirus. Setas em vermelho representam os domínios específicos para cada vírus. Números acima da barra representam a posição aminoacídica aproximada dos domínios. 62 Figura 14 - Alinhamento múltiplo da poliproteína M, região da proteína Gc (azul escuro) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Sandfly fever Naples Poona, Virus Uukuniemi e Virus Bhanja. Legenda: A região em azul claro representa o domínio transmembrana conservado entre os diferentes membros do gênero Phlebovirus. Setas em vermelho representam os domínios específicos para cada vírus. Números acima da barra representam a posição aminoacídica aproximada dos domínios. O aminoácido lisina (K) conservado em todos os phlebovirus ao nível da terceira posição a partir do terminal C da glicoproteína foi evidenciado no interior do boco vertical. 3.3.3.3. Polimerase Viral A análise pelo programa Geneious 7.0, evidenciou a presença de diferentes motivos conservados ao longo da sequência nucleotídica da polimerase viral dos membros representantes do Complexo Candiru, Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri denominados de Motivo 1 (89-LVHDF-93), Motivo 2 (123-LTPDM-127), Motivo 3 (716-IQRYI-727), Motivo pré A (975-KAQHGGLREIYVLRLEERMIQFGIEL-1000), Motivo A (1039TMITLCSSNDART WNQGHY-1057), Motivo B (1137- ILTETGMMnQGILHLTSSLYHA - 1157) , Motivo C (1183-VLIDVIEGSDDSAIII1189), Motivo D (1228-YAGIYMSPKSTIG-1240) LDVCEYNSEF-1251) (Figura 15). , Motivo E (1242- 63 M1 M2 pMA M3 MA MD MC ME MB Figura 15 - Alinhamento múltiplo da proteína L (polimerase viral) do Virus Candiru (representante do Complexo Candiru), Virus Palma, Virus Anhanga, Virus Rift Valley, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Uukuniemi. Legenda:Blocos em cinza representam as regiões hiperconservadas reconhecidas como motivos(M). M1: motivo 1; M2: motivo 2; M3: motivo 3; pMA: pré motivo A; MA: motivo A; MB: motivo B; MC: motivo C; MD: motivo D; ME: motivo E. 3.3.4. Determinação dos Resíduos de Cisteína De acordo com o tipo de vírus e proteína avaliada, o número de resíduos de cisteína foi distinto variando de 7 (proteínas N e NSs; segmento SRNA) a 62 (proteínas NSm, Gn e Gc). O número de resíduos de cisteína para cada membro do gênero Phlebovirus estudado, segundo suas proteínas específicas encontra-se no quatro 8. 64 Quadro 8 - Número de resíduos de Cisteínas determinadas para as diferentes proteínas dos phlebovirus do grupo Candiru, Virus Uriarana, Virus Urucuri e Virus Tapara. VÍRUS N NSs Poliproteína NSm Gn Gc Polimerase VANH 1 7 58 4 28 26 ****** VTAP 1 7 59 4 32 23 30 VURI 1 6 62 5 30 27 41 VURU ****** 5 56 4 28 24 ****** VCDU 3 4 58 4 29 25 42 VARQ 3 4 57 4 29 24 45 VJAN 3 4 57 3 30 24 42 VMRB 3 4 57 4 29 24 42 VMRA 3 4 57 5 28 24 42 VSRN 3 4 56 4 28 24 42 VITA 3 4 57 4 29 24 42 VORX 3 4 57 4 29 24 42 VALE 2 4 57 4 29 24 45 VTUA 2 6 57 4 29 24 44 **** não determinado. 3.3.5. Determinação dos sítios de glicosilação Foram identificados 41 sítios de glicosilação diferentes, pelo programa NetNglyc (www.cbs.dtu.dk/services/NetNGlyc/) para os phlebovirus incluídos no estudo variando de 11 para o VJCN; 10 para VALE,VITA e VORX; 9 VCDU, VSRN e VTUA; 8 VARQ,VMRB,VMRA;6 VURU;4 VANH e VURI ; 3 VTAP.As tabelas 6, 7 ,8 e 9 sumarizam os sítios encontrados e seus respectivos valores. 65 Tabela 6 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5. Sítio Vírus VALE VANH VARQ VCDU VITA VJAN VMRB VMRA VORX VSRN VTAP VTUA VURI VURU P1 {34} N34 (0,59) P2 {58} N55 (0,56) N55 (0,55) - P3 {60} N 57 (0,65) P4 {81} N78 (0,59) N73 (0,75) N74 (0,76) N73 (0,75) N73 (0,73) N73 (0,76) N73 (0,73) N73 (0,73) N73 (0,76) N73 (0,68) N74 (0,70) - P5 {108} N100 (0,6) - P6 {169} N151 (0,55) N147 (0,59) N146 (0,57) N146 (0,63) N146 (0,67) N146 (0,57) N 146 (0,65) - Legenda: Nxx ( posição na sequência de determinado vírus); P{ xx P7 {228} N 202(0,76) N197 (0,76) N198 (0,70) N197 (0,73) N197 (0,77) N197 (0,71) N197 (0,77) N197 (0,76) N197(0,54) N197 (0,72) - P8 {237} N 211 (0,51) N 206 (0,68) N 206 (0,54) N 207 (0,64) N 206 (0,58) N 206 (0,60) N 206 (0,67) N 206 (0,54) N 206 (0,64) - P9 {254} N220 (0,56) N220 (0,57) - P10 {270} N221(0,73) - P11 (276) N240 (0,52) - P12 {277} N243(0,56) - P13 {279} N245(0,6) - }: posição comum em relação ao alinhamento; (xx) : Indica o valor do potencial do sítio de glicosilação determinado pelo programa NetNglyc. 66 Tabela 7 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5. Sítio Vírus VALE VANH VARQ VCDU VITA VJAN VMRB VMRA VORX VSRN VTAP VTUA VURI VURU P14 {285} N256 (0,61) - P15 {290} N261 (0,71) - P16 {296} N279 (0,51) - P17 {299} N263(0,65) P18 {407} N352 (0,52) N350 (0,51) N351 (0,57) N 350 (0,52) - P19 {475} N419 (0,67) - Legenda: Nxx ( posição na sequência de determinado vírus); P{ xx P20 {497} N437 (0,53) - P21 {546} N499 (0,65) - P22 {556} N498 (0,54) N499 (0,63) N498 (0,53) N499 (0,66) N499 (0,62) N497 (0,63) N497 (0,63) - P23 {574} N512 (0,68) N510 (0,66) - P24 {593} N547 (0,65) - P25 {595} N533 (0,66) N532 (0,58) N553 (053) N530(0,65) - N 533 (0,68) - P26 {606} N555 (068) - }: posição comum em relação ao alinhamento; (xx) : Indica o valor do potencial do sítio de glicosilação determinado pelo programa NetNglyc. 67 Tabela 8 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento MRNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5. Sítio Vírus VALE VANH VARQ VCDU VITA VJAN VMRB VMRA VORX VSRN VTAP VTUA VURI VURU P27 {616} P28 {660} N553 (0,63) N555 (0,66) - - N616 (0,74) - P29 {835} P30 {871} P31 {880} N773 (054) N800 (0,61) - - - - P32 {998} P33 {1000} P34 {1026} P35 {1035} P36 {1125} N954 (0,55) - N972 (0,55) N991 (0,59) - - - N952 (0,55) N954 (0,55) N953 (0,54) N952 (0,55) N951 (0,62) N954 (0,54) - - - - - N797(0,61) - - N898 (0,72) - - N951 (0,54) N954 (0,58) Legenda: Nxx (posição na sequência de determinado vírus); P{ xx N951 (0,55) N933 (0,54) N985 (0,61) N1075 (0,56) P37 {1232} N1160 (0.51) - P38 {1241} P39 {1331} - - - - N1159 (0,50) - - N1259 (0,54) - N1181 (0,55) N1157 (0,52) N1191 (0,51) }: posição comum em relação ao alinhamento; (xx) : Indica o valor do potencial do sítio de glicosilação determinado pelo programa NetNglyc. - 68 Tabela 9 - Sítios de glicosilação encontrados na poliproteína do segmento M-RNA para os diferentes membros do gênero Phlebovirus utilizados no estudo com valor limítrofe de 0,5. Sítio Vírus VALE VANH VARQ VCDU VITA VJAN VMRB VMRA VORX VSRN VTAP VTUA VURI VURU P40 {1340} P41 {1347} N1277 (0,55) N1296 (0,54) N1259 (0,51) N1259 (0,51) 1256 (0,50) - N1284 (0,56) - Legenda: Nxx (posição na sequência de determinado vírus); P{ xx }: posição comum em relação ao alinhamento; (xx) : Indica o valor do potencial do sítio de glicosilação determinado pelo programa NetNglyc. 69 3.4. RELAÇÃO GENÉTICA ENTRE O COMPLEXO CANDIRU E OUTROS MEMBROS DO GÊNERO PHLEBOVIRUS 3.4.1. Similaridade Genética Nucleotídica e Aminoacídica A análise de similaridade genética nucleotídica e aminoacídica para o gene N com relação aos integrantes do grupo da febre dos phlebotomos isolados na Amazônia brasileira evidenciou maior similaridade entre os vírus do Complexo Candiru, onde, o VMRB apresentou 100% de similaridade aminoacídica com os vírus VJAN e VSRN, sendo a similaridade nucleotídica de 99,4% e 88,3% respectivamente; os mesmos vírus apresentam 99,6% de similaridade aminoacídica com o vírus VCDU, sendo a similaridade nucleotídica de 92,8%, 93% e 89,1% respectivamente.O vírus VANH possui maior similaridade com o vírus VALE (54,9% aa e 61 % nt ), e menor com VARQ (52% aa) e VTUA (57,4%nt); o VTAP , possui maior similaridade com o vírus VORX (54,3% aa e 60,1% nt) e menor com VTUA (48,4% aa e 56,1% nt) ; o vírus VURI_ IEC (passagem original), possui maior similaridade com os vírus VURI (98,8% aa e 99,2% nt) e VORX (58,8% aa e 64,8% nt) e menor com VTUA (57,8% aa) e VARQ (60,1% nt) (Tabela 10). 70 Tabela 10 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoácidica ,determinados por alinhamento múltiplo para o gene N (segmento SRNA) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. VÍRUS VANH VTAP VURI_IEC VURI VCHG VCDU VARQ VMLO VJAN VMRB VMRA VSRN VITA VORX VESC VALE VNIQ VTUA VPT VSFN VTOS VAGU VIXC VSFS VCFU VSBO VRVF VANH *** 52,4 51,8 52 48,6 52,5 52 52,5 52,9 52,9 52,5 52,9 53,3 54,1 52,9 54,9 54,5 54,3 55,6 45,1 45,9 55,5 55,5 50,6 52,2 54,3 57,1 VTAP 60,8 *** 48,6 49 50,2 51,4 52,7 52,7 51,8 51,8 51,4 51,8 53,1 54,3 49,8 50,6 49,4 48,4 52,5 45,8 47,4 51,6 50,4 45,1 45,5 50,8 49,6 VURI_IEC 57,7 56,3 *** 98,8 72,9 56,7 56,3 55,9 57,1 57,1 57,1 57,1 56,7 58,8 56,7 58,4 56,7 55,7 57,8 44,1 44,1 56,1 54,9 54,1 56,5 51,6 54,1 VURI 58,2 56,8 99,2 *** 72,7 57 56,6 56,1 57,4 57,4 57,4 57,4 57 59,4 57,4 58,2 56,6 56,3 58,2 44,5 44,5 56,3 55,5 53,9 56,3 51,8 53,9 VCHG 55,5 59,3 70,4 69,9 *** 56,7 56,7 56,3 57,1 57,1 57,1 57,1 57,1 57,1 54,7 55,5 56,3 58,1 57,8 43,3 42,5 56,1 55,3 52 53,7 53,3 54,9 VCDU 58,5 59,4 61,1 61,2 62,1 *** 96,3 96,3 99,6 99,6 99,2 99,6 98 90,2 80,8 77,1 79,6 80,4 60,2 47,8 49,4 55,5 55,5 51 52,7 52,7 58 VARQ 59,2 57,7 60,1 60,2 62,5 83,9 *** 99,2 96,7 96,7 96,3 96,7 98 91,4 82,9 77,6 81,2 80 61,1 46,9 49 55,1 55,1 50,6 51,8 51,4 58 VMLO 59 57,7 62 62,1 62,4 84,9 90,2 *** 96,7 96,7 96,3 96,7 98 91 82 77,6 80,8 79,6 61,1 46,9 49 55,1 55,1 50,2 51,8 51,8 58 VJAN 60,4 59,1 62,1 62,2 62,4 93 85,2 85,4 *** 100 99,6 100 98,4 90,6 81,2 77,6 80 80,8 60,7 47,8 49,4 55,9 55,9 51,4 53,1 53,1 58,4 VMRB 60,3 59,1 62,4 62,5 62,1 92,8 85,4 85,3 99,4 *** 99,6 100 98,4 90,6 81,2 77,6 80 80,8 60,7 47,8 49,4 55,9 55,9 51,4 53,1 53,1 58,4 VMRA 60,1 59,5 62 62,1 62,8 92,1 84,5 84,5 97,5 97,6 *** 99,6 98 90,2 81,2 77,6 80 80,8 60,7 47,8 49,4 56,3 56,3 51 52,7 53,5 58,4 VSRN 59,5 59,4 62,3 62,4 62,1 89,1 84,4 84,7 88,2 88,3 87,8 *** 99,6 98 90,2 81,2 77,6 80 80,8 60,7 47,8 49,4 56,3 56,3 50,6 52,7 53,5 VITA 59,5 59,6 62,3 62,4 63 88,1 85 84,4 87,4 87,8 87,3 88,2 *** 98,4 90,6 81,2 77,6 80 80,8 60,7 47,8 49,4 55,9 55,9 51 53,1 53,1 VORX 59,7 60,1 64,8 65,2 61,1 81,3 82,5 81,6 81,6 82 81,1 82 81,5 *** 91 82,4 78 81,2 80,8 61,1 47,3 49,4 55,9 55,9 51 53,1 52,2 VESC 58,7 56,4 62 62,4 58,7 74,3 76,1 74,2 74 73,8 73,1 73,8 74,8 74,5 *** 80 77,6 80,4 79,6 63,5 46,1 47,8 56,3 55,9 51 52,2 53,1 VALE 61 57,7 64 63,9 61,4 73,2 72,5 72,7 73,2 73,5 73,3 74,7 73,5 73,3 75,3 *** 88,6 82,4 62,7 45,3 46,9 56,3 55,1 50,6 51,4 53,9 58,8 VNIQ 58,9 54,8 60,8 60,7 60,3 71,6 76 74,1 73 73,2 72,8 74,6 74,3 73 76,1 79 *** 85,7 63,5 45,7 48,2 56,7 55,9 51 51,4 52,2 60 VTUA 57,4 56,1 62,8 63,3 61 74,7 73,1 73,6 76 76 75,5 74,2 73,2 74,3 78,1 74,7 75,8 *** 62,7 46,3 48,4 56,5 56,9 50,8 51,6 53,7 59,3 VPT 61,9 59,1 64,1 64,3 62,8 66,8 68,1 67,2 67,7 67,7 67,2 65,7 65 67,4 65,8 66,2 67,6 66 *** 51,6 52 54,9 54,1 50 51,6 57 53,7 VSFN 54,7 56,8 55,4 55,6 55,5 56,2 54,7 54 56,7 56,7 56,4 55,6 55,3 55,6 53,7 56 55,2 54,5 59,1 *** 90,2 45,9 45,1 43,7 42,1 49,2 50,4 VTOS 56,2 58,4 55,4 55,6 55 58 56,1 56,9 57,7 57,6 57,5 57,2 57,4 57,6 55,6 55,3 55,1 55,5 58 79,4 *** 46,7 45,5 42,9 42,5 52 50 VAGU 58,1 57,9 62,4 62,4 60,4 61,6 60,6 61,3 61,8 61,6 61,4 61,6 61,9 61,5 59 59,9 59,9 61,9 61,2 55,1 55,8 *** 97,6 50 53,3 57,3 60,6 VIXC 58,9 58,5 60,8 60,9 59,7 61,3 60 59 60,8 61 61,1 60,3 61,1 61 58,1 59,6 59,9 61,5 60,2 54,5 53,1 84,7 *** 50 52,4 56,9 61 VSFS 56 54,1 58,9 59 56,5 58,7 57,6 56,4 58,2 58,5 58,1 58,1 59,1 59,9 58,5 57,4 58,5 57,9 58,3 53,2 52,7 57,2 57,2 *** 85 52 53,3 VCFU 56,2 54,6 59,2 59,2 57,4 57,9 57,9 57,7 58,7 58,5 58,4 58,4 58,1 59,1 58,4 56,1 56,7 58,6 56,6 52,2 53,7 56,7 57,2 77,1 *** 50,8 53,3 VSBO 60,4 59 58,6 59 59,9 62,9 60,1 61,3 62,6 62,6 62 62,5 62,6 64,2 59,7 60,4 58,4 63,1 60,9 55,6 58,4 60,9 60,8 61,5 58,6 *** 58,1 Legenda: Virus Chagres (VCHG), Virus Maldonado (VMLO), Virus Escharate (VESC), Virus Nique (VNIQ),Virus Punta Toro (VPT), Virus Sandfly Fever Naples (VSFN),Virus Toscana (VTOS),Virus Aguacate (VAGU), Virus Ixcanal (VIXC), Virus Sandflay fever Sicilian (VFFS), Virus Corfou (VCFU), Virus Salobo (VSBO), Virus Rift Valley Fever (VRVF).Em amarelo vírus do Complexo Candiru; Verde: vírus estudados que não fazem parte do Complexo Candiru; Similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto). VRVF 60,5 57,5 58 57,7 61,3 62,4 60,1 60,6 61,8 61,8 61,8 61,8 61,1 63,3 61,9 63,5 61,1 62,1 63,1 54,1 54,7 63,1 64,3 61,6 61,5 63,4 *** 71 Comparando-se a similaridade aminoacídica / nucleotídica do Gene NSs dos Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira, observa-se que a maior similaridade é encontrada entre os vírus do Complexo Candiru, VMRMB com os vírus VJAN e VMRA (99,6% aa para ambos, 98,4% nt e 97,5% nt respectivamente) e a maior divergência entre o vírus VANH e os vírus VCDU,VARQ,VJAN, VMLO (20,1% aa) e entre VANH e os vírus VMLO e VARQ (36,1% nt e 36,4% nt respectivamente) (tabela 11). Tabela 11 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoacídica , determinados por alinhamento múltiplo para o gene NSs (segmento SRNA) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus isolados na Amazônia brasileira. Vírus VANH VTAP VURU VURI VCHG VCDU VARQ VJAN VMLO VMRB VMRA VORX VITA VSRN VALE VNIQ VTUA VESC VRVF VAGU VIXC VTOS VSFN VSFS VCFU VSBO VPT VANH *** 20.6 22.7 20.2 22.6 20.1 20.1 20.1 20.1 20.5 20.5 21.7 20.5 20.5 20.5 22.5 21.3 20.9 20.2 21.7 21.3 12.1 14.7 19.4 20.6 19.8 19.4 VTAP 39.5 *** 26.9 25.0 28.4 28.5 28.5 28.5 28.5 28.9 28.9 28.5 28.5 28.5 29.7 29.5 30.3 27.0 24.3 48.5 49.6 18.1 18.5 28.9 27.5 35.0 27.9 VURU 37.0 39.0 *** 39.5 39.5 26.8 26.8 26.4 26.4 26.8 26.8 26.0 26.8 26.8 27.7 25.7 26.3 24.5 25.2 28.7 27.5 19.0 21.6 25.2 28.1 28.5 29.6 VURI 36.6 37.4 53.0 *** 61.7 31.3 30.9 30.9 31.3 31.3 31.3 31.3 30.9 31.3 28.4 28.7 30.8 28.3 24.8 25.3 25.3 12.9 15.5 26.8 24.9 24.7 30.8 VCHG 39.7 39.1 52.2 63.8 *** 30.1 29.7 30.1 30.1 30.5 30.5 30.5 29.7 30.5 29.8 30.8 30.3 28.6 25.1 26.3 25.6 17.4 16.4 23.5 24.4 25.4 31.5 VCDU 36.6 39.1 39.9 42.2 41.3 *** 96.1 97.9 96.1 98.2 98.6 95.0 95.4 96.8 69.8 64.1 72.2 75.8 27.8 29.7 30.5 13.3 17.9 25.4 23.5 26.6 42.6 VARQ 36.4 40.8 41.6 44.5 43.5 82.1 *** 96.4 97.5 96.8 97.2 94.7 96.8 96.1 70.5 64.8 71.9 75.8 27.4 30.9 30.9 12.9 17.4 25.0 23.5 27.0 42.6 VJAN 37.0 40.8 40.3 43.8 42.1 90.3 82.4 *** 95.7 99.6 99.3 95.4 96.4 98.2 69.8 64.1 71.9 76.2 28.2 29.7 30.5 13.7 17.9 25.4 23.5 26.6 43.0 VMLO 36.1 38.9 42.1 43.9 43.1 83.0 87.2 83.6 *** 96.1 96.4 94.0 95.7 95.4 69.8 64.8 70.8 75.8 27.0 29.7 29.7 12.9 17.4 26.2 24.7 26.6 43.4 VMRB 37.8 40.5 40.3 44.4 42.1 90.0 82.6 98.4 83.9 *** 99.6 95.7 96.8 98.6 70.2 64.4 72.2 76.5 27.8 30.1 30.9 13.7 17.9 25.8 23.9 26.6 43.0 VMRA 36.9 40.5 40.3 43.7 42.3 90.7 82.7 97.1 84.1 97.5 *** 96.1 96.4 98.2 70.2 64.4 72.6 76.2 27.8 30.1 30.9 13.7 17.9 25.8 23.9 26.6 43.0 VORX 38.8 38.9 40.2 44.1 42.1 82.0 82.1 81.8 80.9 81.9 82.1 *** 95.0 95.0 71.6 66.3 70.8 76.9 27.8 29.4 30.1 14.0 17.9 25.8 23.1 26.6 43.8 VITA 37.6 39.1 40.5 43.3 42.0 81.2 83.0 82.7 81.9 82.7 82.4 81.7 *** 97.5 70.2 64.8 71.2 76.5 27.8 30.1 30.1 13.7 17.9 25.8 23.9 26.6 43.4 VSRN 36.5 39.7 41.0 44.2 43.5 83.9 83.2 84.6 83.0 84.9 85.1 80.9 83.3 *** 70.2 64.4 71.9 76.2 27.8 29.7 30.5 14.0 18.3 25.8 23.9 26.6 43.8 VALE 37.0 40.4 43.3 43.5 42.1 66.7 67.7 67.1 66.0 67.2 66.4 67.5 66.6 66.9 *** 69.0 66.2 69.8 28.7 29.9 31.1 14.7 18.7 30.1 25.1 27.9 43.0 VNIQ 35.7 39.1 40.8 44.4 43.3 61.9 62.6 63.5 63.3 63.0 62.7 64.2 63.7 63.4 65.2 *** 64.8 65.6 25.9 30.5 30.1 15.0 17.4 26.6 23.1 26.2 45.4 VTUA 36.9 39.0 41.6 44.0 42.2 67.8 66.4 66.9 66.0 67.3 66.9 66.6 68.3 66.7 64.2 61.2 *** 70.7 27.4 29.3 30.0 13.0 17.9 25.8 24.7 28.0 42.2 VESC 38.3 39.0 40.5 42.8 42.7 *** 96.2 97.10 96.2 98.2 98.6 95.0 95.4 96.6 69.9 64.1 72.3 *** 26.3 28.6 29.0 13.7 17.4 26.6 23.5 25.9 43.8 VRVF 35.7 39.5 36.9 37.0 38.2 35.5 36.3 36.9 36.3 36.0 35.7 36.4 36.9 37.0 36.1 37.6 38.2 36.7 *** 28.3 28.3 14.9 19.9 25.5 23.6 29.5 23.6 VAGU 35.6 53.0 38.3 39.4 38.9 41.4 41.1 39.8 39.8 39.3 40.3 39.9 40.1 40.6 39.3 40.3 40.3 39.1 41.7 *** 93.1 16.9 17.7 27.2 27.3 38.0 27.4 VIXC 36.1 56.1 40.0 40.7 39.5 41.1 41.2 40.7 39.8 40.4 40.1 40.0 40.0 40.7 40.5 38.1 39.7 39.8 41.1 81.5 *** 15.8 16.9 26.8 26.9 35.1 27.4 VTOS 32.1 34.7 30.8 30.0 32.7 31.3 30.4 31.4 31.5 31.9 32.1 33.2 31.1 31.5 31.4 30.6 32.2 32.8 30.0 31.0 31.1 *** 53.7 13.6 13.3 17.6 12.1 VSFN 31.3 31.9 34.8 30.9 33.1 33.7 33.9 34.4 34.3 34.4 34.5 33.5 34.5 34.7 33.6 33.6 34.7 34.7 32.5 30.8 31.5 56.9 *** 16.6 16.6 16.9 13.2 VSFS 35.0 41.8 39.6 41.3 38.8 39.2 37.5 38.7 38.0 39.2 39.5 38.7 38.5 37.4 40.9 39.1 38.5 37.4 39.7 40.7 41.1 33.3 33.3 *** 62.8 26.6 23.1 VCFU 35.2 42.2 38.8 42.0 40.3 36.9 37.5 37.4 39.5 37.9 37.3 37.0 38.2 36.5 37.9 36.5 37.5 36.4 37.7 40.1 41.4 32.2 32.8 61.6 *** 26.0 22.0 VSBO 38.5 47.5 38.6 37.5 40.0 38.2 37.1 36.7 36.7 37.1 37.1 37.1 37.9 37.7 36.2 35.4 39.0 36.8 41.3 47.3 47.4 34.3 32.9 42.8 40.6 *** 25.9 Legenda: Em amarelo, vírus do Complexo Candiru; Verde, vírus estudados que não fazem parte do Complexo Candiru; Similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto). VPT 35.1 41.6 42.3 44.5 44.9 51.2 51.1 50.8 50.4 50.6 51.1 52.7 52.0 52.0 52.2 54.5 51.1 52.0 35.7 39.5 40.1 31.3 28.9 39.0 38.1 39.5 *** 72 Com relação ao M-RNA (poliproteína), na análise intragrupo, observou-se maior similaridade entre os vírus VARQ e VESC (100% nt / 100% aa), e entre os vírus VITA e VSRN (78,8%nt e 88,5% aa ), o VTAP foi o que apresentou menor similaridade com os demais phlebovírus estudados, sendo a média de similaridade nucleotídica com os demais vírus desse estudo foi de 50,6 %, e a aminoacídica de 38,7 % (Tabela 12). Tabela 12- Valores percentuais de similaridade nucleotídica e aminoacídica (determinados por alinhamento múltiplo para a poliproteína M (genes NSm, Gn e Gc) dos diferentes membros do gênero Phlebovirus. Vírus VANH VTAP VURU VURI_IEC VURI VCHG VCDU VARQ VALE VESC VITA VIXC VJAN VMLO VMRB VMRA VNIQ VSRN VORX VTUA VRVF_67 VSBO VSFN_Poona VAGU VANH *** 38.0 40.2 41.3 41.3 42.6 42.3 39.8 41.4 39.8 40.8 37.1 41.0 41.0 41.2 41.3 40.1 41.4 40.4 41.3 41.1 35.5 34.8 38.3 VTAP 49.9 *** 38.1 39.9 39.9 38.0 38.9 38.7 38.8 38.7 37.0 44.3 38.4 36.3 39.5 37.8 37.8 37.2 38.2 39.7 41.2 34.7 32.7 43.2 VURU 50.1 49.4 *** 46.2 46.3 44.1 40.6 41.5 42.1 41.5 40.6 38.1 41.0 41.4 42.7 40.9 41.3 40.4 40.3 40.6 40.9 34.4 33.0 37.7 VURI_IEC 52.6 51.3 53.8 *** 99.8 59.8 42.5 42.5 42.0 42.5 43.8 37.2 42.6 43.4 43.0 42.4 42.9 43.7 42.5 42.9 43.0 35.2 34.5 37.5 VURI 52.6 51.3 53.8 100.0 *** 59.8 42.5 42.5 42.1 42.5 43.8 37.2 42.6 43.4 43.0 42.4 42.9 43.7 42.5 42.9 43.0 35.2 34.5 37.4 VCHG 52.5 50.5 52.7 65.0 65.0 *** 39.8 40.7 39.5 40.7 40.2 36.9 40.4 39.9 41.4 39.2 38.2 39.5 39.2 40.8 42.4 37.2 31.5 36.7 VCDU 51.6 51.7 52.2 54.1 54.1 52.9 *** 62.7 62.9 62.7 59.1 36.9 60.8 60.0 63.7 61.1 62.2 59.5 61.4 63.1 40.1 37.2 33.8 37.2 VARQ 50.4 49.9 51.8 54.0 54.0 52.6 66.0 *** 61.5 100.0 61.3 37.7 61.9 60.9 87.6 60.9 62.3 60.4 61.7 65.2 40.8 36.5 32.8 37.7 VALE 50.7 50.1 51.6 53.0 53.0 52.3 64.5 65.0 *** 61.5 58.1 38.3 60.1 58.1 61.4 61.3 65.4 58.8 60.0 63.8 41.0 35.9 34.5 37.9 VESC 50.4 49.9 51.8 54.0 54.0 52.6 66.0 100.0 65.0 *** 61.3 37.7 61.9 60.9 87.6 60.9 62.3 60.4 61.7 65.2 40.8 36.5 32.8 37.7 VITA 52.3 50.2 52.1 54.9 54.9 52.9 63.5 64.4 62.8 64.4 *** 36.4 66.4 88.6 60.5 65.3 57.8 88.5 65.9 61.2 39.3 34.3 33.5 35.3 VIXC 49.2 53.9 50.6 50.5 50.4 49.4 51.0 50.6 48.9 50.6 50.0 *** 36.0 37.2 37.8 35.8 37.3 36.9 35.7 37.7 38.6 34.7 32.2 66.9 VJAN 52.0 51.0 52.7 54.3 54.3 52.6 65.0 64.5 63.8 64.5 68.0 50.3 *** 65.6 61.5 73.3 59.8 66.6 83.8 62.7 40.0 35.5 34.0 37.0 VMLO 50.7 49.8 51.7 54.4 54.4 52.3 63.3 63.0 62.5 63.0 78.2 49.4 66.9 *** 60.5 64.4 58.1 85.9 65.9 60.8 38.8 34.3 34.2 35.7 VMRB 51.6 50.2 52.4 53.8 53.8 53.3 66.3 79.0 64.8 79.0 64.1 50.6 64.4 63.5 *** 60.8 61.8 60.1 61.3 66.7 40.8 37.4 33.1 38.5 VMRA 52.6 50.6 51.8 54.2 54.2 53.5 64.5 65.2 64.0 65.2 68.2 50.1 72.4 67.7 65.1 *** 59.5 65.3 72.7 63.7 38.4 34.2 34.3 37.1 VNIQ 50.8 50.3 51.1 53.4 53.4 50.8 64.6 64.7 65.8 64.7 61.8 49.0 63.0 61.7 63.9 63.2 *** 57.9 60.3 63.1 39.1 35.0 33.6 38.1 VSRN 52.0 50.6 51.6 54.7 54.7 52.3 63.2 63.5 63.0 63.5 78.8 50.1 67.7 76.9 63.7 68.0 62.3 *** 67.5 60.9 40.4 34.9 33.4 36.2 VORX 51.2 50.8 52.1 53.3 53.3 51.7 64.9 65.0 63.5 65.0 68.1 50.2 76.8 66.4 65.1 70.8 63.0 68.0 *** 62.2 40.2 35.5 34.4 36.6 VTUA 51.0 51.5 51.6 54.1 54.1 53.6 66.3 67.7 65.8 67.7 63.7 50.4 65.5 63.5 66.8 66.6 65.0 63.6 65.3 *** 40.6 36.5 34.0 37.7 VRVFV_67 46.9 48.7 47.3 50.8 50.8 51.2 47.8 48.6 47.0 48.6 47.5 47.8 48.4 47.2 48.1 47.6 46.6 48.0 48.3 47.8 *** 38.9 35.9 39.6 VSBO 46.5 48.3 47.9 47.7 47.7 47.2 47.6 47.7 46.7 47.7 46.7 46.6 47.8 45.9 47.1 47.2 47.2 46.7 47.8 48.6 45.6 *** 33.6 34.3 VSFN_Poona 48.0 48.4 45.7 48.4 48.4 46.7 47.9 46.8 47.4 46.8 48.5 47.0 49.0 47.8 46.6 49.3 47.4 48.3 48.7 48.2 44.3 46.6 *** 31.1 VAGU 49.3 51.7 50.6 51.1 51.1 50.3 50.3 50.8 49.4 50.8 49.5 67.8 49.6 48.8 50.7 50.8 49.1 49.5 50.3 49.9 46.7 46.6 46.1 *** Legenda: Em amarelo vírus do Complexo Candiru; Verde, vírus estudados que não fazem parte do Complexo Candiru; Similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto) 73 Quanto a determinação da similaridade para o gene L (L-RNA) observou-se que, dentre os vírus estudados, a maior similaridade encontrada ocorreu entre o VMRB e o VJAN (96,7 % nt e 99,3 % aa), e entre o vírus VCDU e os vírus, VMRB, VJCN e VMRA (90,5% , 90,8% e 89,8% nt , respectivamente e 96,8% aa para todos), sendo novamente o VTAP o mais divergente entre eles,com média para os demais vírus estudados de 50,1 % nt e 41,6 % aa (Tabela 13). Tabela 13 - Valores percentuais de similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto) determinados por alinhamento múltiplo para sequências parciais do gene da polimerase presente no segmento LRNA dos diferentes membros do gênero Phlebovirus. VÍRUS VANH VTAP VURU VURI_IEC VURI VCHG VCDU VMRB VARQ VMLO VJAN VMRA VSRN VITA VORX VNIQ VALE VESC VTUA VSBO VSFN_Poona VRVF VAGU VIXC VANH *** 42.3 46.2 47.8 47.8 48.3 46.6 46.6 47.0 47.2 46.1 45.9 45.6 46.1 45.6 45.4 45.4 43.9 47.0 46.3 41.8 44.3 45.3 45.1 VTAP 50.9 *** 45.7 45.9 45.9 45.9 41.7 41.1 40.4 40.6 41.1 41.1 41.3 41.3 40.4 38.3 39.2 39.1 38.5 46.6 45.1 42.7 49.1 48.2 VURU 54.1 54.4 *** 53.0 53.0 51.8 45.2 44.5 43.6 43.3 44.5 44.7 44.7 43.6 42.9 41.7 44.0 44.4 44.5 42.5 40.6 42.3 45.6 44.7 VURI_IEC 54.8 54.5 57.7 *** 100.0 76.3 43.6 43.3 43.8 43.3 43.3 43.1 43.1 43.3 43.6 41.1 44.3 42.6 43.6 47.8 40.1 44.9 44.3 45.0 VURI 52.9 52.4 54.9 95.2 *** 76.3 43.6 43.3 43.8 43.3 43.3 43.1 43.1 43.3 43.6 41.1 44.3 42.6 43.6 47.8 40.1 44.9 44.3 45.0 VCHG 52.8 51.2 54.0 65.2 69.0 *** 45.2 45.0 44.7 45.0 44.7 45.2 44.3 44.3 44.7 43.3 45.4 43.0 43.6 48.3 43.1 43.2 45.9 45.4 VCDU 52.4 49.5 51.1 51.4 52.9 54.7 *** 96.8 89.2 88.8 96.8 96.8 94.5 89.2 86.3 65.0 68.4 71.9 71.2 43.9 40.1 42.3 43.8 43.8 VMRB 52.6 49.4 50.6 51.7 53.0 53.9 90.5 *** 89.9 89.9 99.3 96.8 94.5 90.2 87.4 65.0 68.2 71.9 71.4 43.6 41.0 42.5 43.3 43.3 VARQ 51.6 49.7 50.9 50.6 52.0 53.9 79.3 78.6 *** 95.9 89.5 89.5 88.8 90.2 88.1 64.5 68.2 73.0 72.3 43.9 40.3 43.2 42.9 43.5 VMLO 52.7 49.1 50.7 50.9 52.2 53.2 77.9 78.6 84.6 *** 89.5 88.8 88.8 89.9 88.3 63.4 67.5 73.2 71.9 43.9 39.9 43.2 42.6 43.5 VJAN 52.1 49.3 50.5 51.6 52.9 54.0 90.8 96.7 78.5 78.7 *** 97.3 94.7 89.9 87.0 65.0 68.2 71.9 71.4 43.4 40.3 42.5 43.3 43.3 VMRA 51.0 49.5 51.5 50.6 52.1 54.1 89.8 89.5 79.2 77.8 89.7 *** 94.1 89.2 86.5 65.2 68.0 72.1 71.4 43.9 40.3 41.8 43.3 43.3 VSRN 51.8 50.2 51.1 52.2 53.6 54.6 81.5 81.5 79.2 78.4 81.7 81.7 *** 88.8 86.3 63.4 66.6 72.3 71.4 43.2 39.9 42.5 42.6 43.1 VITA 51.4 47.9 50.3 52.8 54.6 53.3 77.9 78.9 78.3 78.3 78.2 78.6 78.8 *** 87.6 63.6 69.6 72.8 71.6 44.6 41.0 41.8 42.4 43.5 VORX 49.5 48.9 50.6 50.1 52.0 51.7 75.8 76.6 77.1 77.1 76.5 77.3 75.3 76.5 *** 64.8 67.0 74.6 70.9 43.2 40.1 40.5 42.2 42.9 VNIQ 52.5 48.0 48.6 50.0 52.3 53.2 65.4 65.4 64.9 63.7 65.6 66.1 64.3 65.6 65.0 *** 68.0 65.7 67.5 44.1 39.4 43.0 42.9 42.9 VALE 51.4 46.5 50.6 50.0 51.8 53.2 66.0 65.1 64.8 65.6 65.5 66.1 65.1 66.1 64.4 66.5 *** 68.4 69.3 44.8 40.6 43.7 44.0 42.9 VESC 51.4 49.4 51.6 50.9 52.7 53.7 67.9 68.2 69.3 68.3 68.3 67.6 68.7 68.1 68.2 64.9 66.0 *** 77.3 44.2 38.9 42.4 43.2 44.8 VTUA 52.3 48.4 50.2 50.8 52.7 52.7 69.9 69.4 70.7 69.1 69.9 70.0 68.1 69.5 67.3 67.5 67.9 71.5 *** 43.2 39.6 41.1 42.6 42.9 VSBO 49.7 53.2 50.1 51.9 54.3 54.4 52.2 52.0 51.8 52.0 52.9 52.3 52.2 52.6 51.1 51.9 53.2 53.5 51.5 *** 40.5 48.6 46.0 47.3 VSFN_Poona 47.4 50.4 48.3 48.7 50.1 51.3 50.2 50.5 49.1 49.1 50.7 50.9 50.0 49.7 49.8 48.1 48.4 49.0 49.4 49.4 *** 40.3 44.7 43.1 VRVF 51.2 51.6 51.5 52.7 55.0 53.1 52.6 53.5 51.9 53.6 53.1 52.9 52.6 52.7 51.8 52.6 52.4 52.9 51.7 55.3 49.8 *** 45.5 44.4 VAGU 52.8 51.4 50.9 50.3 52.0 53.2 52.6 53.2 52.2 51.8 53.2 53.2 51.8 52.0 51.7 52.6 51.7 51.0 52.8 54.3 53.0 53.4 *** 87.8 VIXC 51.7 52.9 50.9 50.9 53.0 54.0 53.1 52.9 52.9 52.9 53.3 53.7 53.1 51.2 53.2 51.9 51.3 53.1 52.1 55.2 52.8 54.0 79.4 *** Legenda: Em amarelo vírus do Complexo Candiru; Verde, vírus estudados que não fazem parte do Complexo Candiru; Similaridade nucleotídica (triângulo superior com números em azul) e aminoacídica (triângulo inferior com números em preto). 3.5. RELAÇÃO FILOGENÉTICA As árvores filogenéticas construídas através do método de de Máxima Verissimilhança , para as regiões codificantes dos segmentos S, M e L (aminoácido) que codificam as proteínas N, NSs e as poliproteínas M e L evidenciaram a formação de diferentes grupos filogenéticos (Figuras 16 e 17, 18 e 19). Em relação ao segmento SRNA (Figuras 16 e 17), a análise filogenética das proteínas N dos phlebovírus evidenciou a formação de dois grupos (clados) polifiléticos principais identificados como grupo dos phlebovírus transmitidos por mosquitos e transmitidos por carrapatos que incluíram 17 subgrupamentos (subclados) filogenéticos suportados por valores de bootstrap acima de 800. Chagres Figura 16 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína N (média de 244 aminoácidos) dos phlebovírus. Legenda: Observar a presença de dois grandes grupos denominados de Grupo dos Mosquitos e Grupo dos Carrapatos bem como a definição de diferentes subgrupos. 75 Valores de bootstrap encontram-se acima de cada nó principal dos ramos da árvore filogenética. As chaves em vermelho indicam a presença de amostras virais sequenciadas no presente estudo. O valor indicado abaixo da barra (0,4) corresponde à divergência aminoacídica entre as sequências das proteínas. O Virus Gouleako foi utilizado como grupo-externo. Em relação a proteína NSs (Figura 17), obteve-se também a mesma organização filogenética evidenciando-se dois grandes grupos polifiléticos (Grupo dos Mosquitos e Grupo dos Carrapatos), sendo também observada a presença de diferentes subgrupos (Salobo, Aguacate, Chagres, Punta Toro, Naples, I, II, III, Candiru, Sandfly fever Sicilian, Rift Valley, Heartland, SFTVS, Bhanja, Grand Arbaud, Uukuniemi, Precarious point e Murre) com valores de bootstrap acima de 900. Os Virus Tapara ,Virus Anhanga e Virus Urucuri foram incluídos nos subgrupos I, II e III, respectivamente. Figura 17 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína NSs (média de 277 aminoácidos) dos phlebovírus. Legenda: Observar a presença de dois grandes grupos denominados de Grupo (clado) dos Mosquitos e Grupo (clado) dos Carrapatos bem como a definição de diferentes subgrupos. Valores de bootstrap encontram-se acima de cada nó principal 76 dos ramos da árvore filogenética. As chaves em vermelho indicam a presença de amostras virais sequenciadas no presente estudo. O valor indicado abaixo da barra (0,5) corresponde à divergência aminoacídica entre as sequências das proteínas. Para as poliproteínas codificadas pelas ORF's dos segmentos M (proteína M) e LRNA (polimerase viral), a mesma conformação filogenética em termos de grupos e subgrupos foi observada. Valores de bootstrap acima de 900 também foram observados para a maioria dos principais agrupamentos filogenéticos. Independente da proteína analisada (M ou L) os grupos I, II e III incluíram os Virus Tapara, Virus Anhanga e Virus Urucuri (Figuras 18 e 19). Chagres Figura 18 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína M (média de 1326 aminoácidos) dos phlebovírus. Legenda: Observar a presença de dois grandes grupos denominados de Grupo (clado) dos Mosquitos e Grupo (clado) dos Carrapatos bem como a definição de diferentes subgrupos. Valores de bootstrap encontram-se acima de cada nó principal dos ramos da árvore filogenética. As chaves em vermelho indicam a presença de amostras virais sequenciadas no presente estudo. O valor indicado abaixo da barra (0,8) corresponde à divergência aminoacídica entre as sequências das proteínas. O Virus Gouleako foi utilizado como grupo externo. 77 Figura 19 - Árvore filogenética construída pelo método de MV para a proteína L (média de 2091 aminoácidos) dos phlebovírus. Legnda: Observar a presença de dois grandes grupos denominados de Grupo (clado) dos Mosquitos e Grupo (clado) dos Carrapatos bem como a definição de diferentes subgrupos. Valores de bootstrap encontram-se acima de cada nó principal dos ramos da árvore filogenética. As chaves em vermelho indicam a presença de amostras virais sequenciadas no presente estudo. O valor indicado abaixo da barra (0,5) corresponde à divergência aminoacídica entre as sequências das proteínas. O Virus Gouleako foi utilizado como grupo externo. 3.6. REARRANJO GENÉTICO Os resultados obtidos pela análise de Bootscan realizada pelo programa Simplot, revelou existência de rearranjo genético entre os membros do Complexo Candiru. Em relação ao segmento SRNA, o Virus Ariquemes mostrou maior percentual de permutação (média de 80%; Intervalo: 5%-95%) com maior parte de seu genoma relacionado com o Virus Maldonado em especial para os terços terminais do genoma que codificam o gene N e terminal-posterior da região que codifica para a proteína NSs (Figura 20). 78 Figura 20 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento SRNA do Virus Ariquemes e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). Legenda: Observar regiões de interseção ao longo das regiões que codificam os genes N e NSs entre o Virus Ariquemes e os Virus Echarate, Virus Maldonado e Virus Itaituba. Valores plotados no eixo das ordenadas correspondem aos percentuais de permutação entre os segmentos genômicos, enquanto que os valores no eixo das abcissas representam a posição nucleotídica ao longo do genoma. As setas em azul e vermelho correspondem aos genes N e NSs. Por outro lado, utilizando o segmento SRNA do Virus Itaituba como alvo, observou-se maior similaridade com o Virus Serra Norte com alto percentual de permutação (100%) ao longo de toda a região genômica responsável pela codificação da proteína N e valores percentuais reduzidos (média de 10%; Intervalo = 0% e 35%) ao longo da região correspondente a proteína NSs (Figura 21). 79 Figura 21 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento SRNA do Virus Itaituba e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). Legenda: Observar regiões de interseção ao longo das regiões que codificam os genes N e NSs entre o Virus Itaituba e os Virus Jacunda, Virus Morumbi e Virus Serra Norte. Valores plotados no eixo das ordenadas correspondem aos percentuais de permutação entre os segmentos genômicos, enquanto que os valores no eixo das abcissas representam a posição nucleotídica ao longo do genoma. As setas em azul e vermelho correspondem aos genes N e NSs. Em relação ao segmento MRNA, a análise pelo método de bootscan evidenciou maior similaridade cruzada entre os vírus do Complexo Candiru com valores de permutação que variaram entre 5% - 75% e 5% - 85%, quando utilizados os Virus Itaituba e Virus Ariquemes, respectivamente (Figura 22 e Figura 23). 80 Figura 22 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento MRNA do Virus Itaituba e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). Legenda: Observar áreas de interseção ao longo das regiões que codificam os genes NSm, Gn e Gc entre o Virus Itaituba os Virus Jacunda, Virus Morumbi e Virus Serra Norte. Valores plotados no eixo das ordenadas correspondem aos percentuais de permutação entre os segmentos genômicos, enquanto que os valores no eixo das abcissas representam a posição nucleotídica ao longo do genoma. Setas em azul, vermelho e amarelo correspondem aos genes NSm, Gn e Gc. 81 Figura 23 - Análise de rearranjo genético pelo método de bootscan utilizando o segmento MRNA do Virus Ariquemes e membros selecionados do Complexo Candiru (Bunyaviridae: Phlebovirus). Legenda: Observar regiões de interseção ao longo das regiões que codificam os genes NSm, Gn e Gc entre o Virus Itaituba os Virus Jacunda, Virus Morumbi e Virus Serra Norte. Valores plotados no eixo das ordenadas correspondem aos percentuais de permutação entre os segmentos genômicos, enquanto que os valores no eixo das abcissas representam a posição nucleotídica ao longo do genoma. As setas em azul, vermelho e amarelo correspondem aos genes NSm, Gn e Gc. Os resultados obtidos pela análise das sequências nucleotídicas completas para os genes N (segmento SRNA), poliproteína M (NSm, Gn e Gc) e polimerase viral (segmento LRNA) para os dez vírus do Complexo Candiru, evidenciou diferenças topológicas entre as árvores filogenéticas construídas para os segmentos S (gene N) e M (poliproteína) . A troca de pares genéticos foi claramente observada entre os VJCN e VORI, VARQ e VESC, VITA e VMLO. A análise pelo método de MV mostrou que, independente do modelo evolutivo selecionado, as topologias geradas pelos métodos de NJ e MP para um determinado segmento genômico foram significativamente mais prováveis do que a topologia competitiva utilizando o outro segmento (P<0.001). Tais resultados indicaram que as topologias obtidas para os segmentos SRNA (gene N) e M (poliproteína) foram diferentes, sugerindo ainda que cada segmento de RNA apresenta uma história evolutiva distinta (Figura 24). 82 S (N) Figura 24 - Análise de rearranjo genético para os membros do Complexo Candiru empregando o método de Kishino Hasegawa. Legenda: Árvores filogenéticas construídas pelo método de NJ para o gene de Nucleocapsídeo (N; 735 nt), gene codificador da poliproteína M (M: 3973 nt) e gene codificador da polimerase viral (L: 6278 nt). Valores de boostrap encontram-se acima de cada nó dos braços das árvores. Valores abaixo das escalas representam a divergência genética entre os segmentos genômicos dos phlebovirus. O relacionamento genético provável entre os membros do Complexo Candiru de acordo com a similaridade nucleotídica entre os três segmentos de RNA viral (S, M e L) (Quadro 9) 83 Quadro 9 - Grupos genéticos observados entre os vírus do Complexo Candiru conforme as topologias das árvores geradas para os segmentos SRNA (gene N), MRNA (poliproteína) e LRNA (polimerase viral). Segmento Grupos SRNA MRNA LRNA p VJAN-VMRB VJAN - VORX VJAN-VMRB 0.00025 VARQ - VMLO VARQ - VESC VARQ-VMLO 0.000135 VESC - VTUA VITA - VMLO VESC-VTUA 0.000214 p: valor de probabilidade obtida para as topologias das árvores; VJAN (Virus Jacunda); VMRB (Virus Morumbi); VARQ (Virus Ariquemes); VITA: (Virus Itaituba); VESC (Virus Escharate); VORX (Virus Oriximina); VMLO (Virus Maldonado); VTUA (Virus Turuna). 3.6. MODELO HIPOTÉTICO DE REARRANJO GENÉTICO DOS VÍRUS DO COMPLEXO CANDIRU. Com base nos resultados obtidos pelo Bootscan e Kishino Hasegawa, estabeleceu-se um modelo hipotético que sugere a geração de progenies virais após o rearranjo de segmentos genômicos a partir de vírus parentais. Os vírus resultantes correspondem às progênies com material genético oriundo de ambos os vírus parentais. No caso dos vírus do Complexo Candiru, observou-se evidências de padrão de rearranjo genético do tipo rS1M2L1 em relação aos prováveis vírus parentais que cederam seus segmentos de RNA (Figura 25). 84 Figura 25 - Possível padrão de rearranjo genético para os vírus do Complexo Candiru com base no relacionamento genético dos vírus para os segmentos genômicos SRNA, MRNA e LRNA. Legenda: Padrão de rearranjo S1M2L1. P1: parental 1 (em azul); P2: parental 2 (em vermelho); r: vírus rearranjado (em verde). Fonte: Adaptado de Nunes et al., 2005. 85 4. DISCUSSÃO Os vírus pertencentes ao gênero Phlebovirus, apresentam-se geneticamente distintos e dispersos em diferentes grupos antigenicamente e geneticamente relacionados, conforme os resultados sorológicos e de biologia molecular, obtidos respectivamente (TESH et al., 1989;BEATY; CALISHER, 1991; LIU et al., 2003; PALACIOS et al., 2011a, 2011b; PAPA; VELO; BINO, 2011). Os vírus do Complexo Candiru ,bem como os Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Urucuri e Virus Uriurana, incluídos no presente estudo, mostraram consistência com a organização genômica e características genéticas comuns aos membros do gênero Phlebovirus descritos até o momento (KING et al., 2012), apresentando um genoma tri-segmentado, incluindo o segmento maior (Large, LRNA) que codifica a RNA polimerase, o segmento médio (Medium, MRNA) que codifica a proteína não estrutural NSm e ambas as glicoproteínas de superfície Gn e Gc, bem como o segmento menor (Small; SRNA) que codifica as proteínas N e NSs em orientações genômicas contrárias (Figura 3). A diferença em tamanho evidenciada para cada um dos segmentos genômicos dos membros do gênero Phlebovirus do estudo (Quadro 7) reflete a existência de uma grande variabilidade genética entre vírus distintos dentro de um mesmo gênero. As funções biológicas de um agente viral encontram-se associadas a diferentes fatores, dentre os quais determinadas características genéticas mostramse determinantes para que funções como adesão celular, replicação e infectividade viral possam ocorrer com sucesso. Tais características envolvem as estruturas não codificadoras e codificadoras do RNA viral, produtos gênicos (proteínas virais), presença de sítios de glicosilação na proteína viral (CLEREX-VAN HAASTER et al., 1982; EIFAN et al., 2013; GOUY; GUINDON; GASCUEL, 2010; MURRELL; YAREMA; LEVCHENKO, 2004; PETTERSSON, 1975) e motivos conservados que permitem a identificação de regiões gênicas homologas para Orthobunyavirus e Phlebovirus (HOFFMANN et al., 2012; MORES et al., 2009; SAVJI et al., 2011; YANDOKO et al., 2007). Neste contexto, a análise das características genômicas dos membros do gênero Phlebovirus em estudo, evidenciou, que os mesmos apresentam todas as proteínas virais, bem como os motivos conservados ao longo das proteínas N , Gn, Gc e polimerase viral, confirmando que os 10 vírus do Complexo Candiru, mais o 86 Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri como agentes virais pertencem ao gênero Phlebovirus. Para cada segmento genômico em particular, observou-se a presença de características genéticas marcantes tais como a presença dos resíduos aminoacídicos R (Arg) – K (Lys) – R (Arg) associados à interação da proteína N ao RNA viral (Figura 10), domínios transmembranas ao nível das regiões terminais das proteínas NSm, Gn e Gc (Figuras 11, 12 e 13), além da evidência de todos os motivos da polimerase conservados entre os membros do gênero Phlebovirus estudados (M1, M2, M3, pMA, MA ,MB, MC, MD, ME ,Figura 14) sugerindo que as proteínas dos vírus incluídos no estudo apresentam-se funcionalmente conservadas. Ainda sob o aspecto estrutural da molécula de RNA dos membros do Complexo Candiru, Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Urucuri e Virus Uriurana, sabe-se que resíduos de cisteina (Cys) são essenciais para a conservação e manutenção da estrutura primária e secundária das proteínas virais, fatores diretamente associados à função protéica (LIPTON et al., 2002). Neste contexto, os dados obtidos para o número de resíduos de cisteina por proteína viral para cada vírus estudado, revelou que a variação numérica de resíduos Cys parece estar em geral associada a um determinado grupo viral ou vírus em especial (ex: número de resíduos Cys contidos na proteína N dos vírus do Complexo Candiru entre 2 e 3; Quadro 8 ). Tal observação sugere que a conservação estrutural e funcional da proteína em cada grupo viral ou vírus em específico pode estar relacionada ao número de resíduos de Cys existentes ao longo da proteína. Em diferentes agentes virais, tais como os vírus influenza, Hendra, SARSCoV, Hepatites virais, Virus West Nile, Virus Bunyamwera e membros do gênero Phlebovirus, o estudo do processo de N-glicosilação de glicoproteínas tem despertado um grande interesse à comunidade científica devido às implicações relacionadas às funções biológicas cruciais dos vírus, tais como adsorção em células hospedeiras (host cell entry), ligação viral aos receptores celulares (hospedeiro), fusão viral ao nível da membrana celular do hospedeiro, processamento proteolítico, transporte de proteínas, empacotamento, montagem da partícula viral, replicação e virulência (BAO et al., 2011; DENG et al., 1994; ITO et al., 2010; MURRELL; YAREMA; LEVCHENKO, 2004; PANDA et al., 2004; PERSSON; PETTERSSON, 1991; RUSU et al., 2012). 87 Para os vírus incluídos no presente estudo, a variabilidade no número de sítios potenciais de glicosilação, inclusive entre membros do Complexo Candiru (Tabelas,6, 7, 8 e 9), sugere que, independente de serem antigenicamente ou geneticamente relacionados, esses vírus apresentam propriedades biológicas distintas quanto as suas capacidades fusogênicas e replicativas, tendo sido os sítios P4, P7,8 e P35 os mais comuns entre os membros do Complexo Candiru,demostrando serem sítios de grande importância biológica para esse grupo, os Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri , apresentaram sítios diversos e alguns não coincidentes com os demais phlebovírus. Sabe-se que os vírus do gênero Phlebovirus compõem um grupo viral diverso que infecta artropodes (flebotomineos, mosquitos e carrapatos) e vertebrados (ruminantes,roedores, marsupiais e humanos) (KING et al., 2012; TRAVASSOS DA ROSA et al., 1983). A Amazônia brasileira, no que tange a sua complexa biodiversidade viral e de hospedeiros, bem como por incluir diferentes nichos ecológicos, favorece a manutenção de agentes virais em natureza, e a emergência de novos agentes virais diretamente associados a troca de segmentos genômicos ou ao fenômeno de rearranjo genético ( NUNES-NETO ,2007 , PALACIOS et al.,2011). Nas ultimas décadas, dentro da família Bunyaviridae, alguns exemplos de vírus rearranjados foram descritos, tais como o Virus Ngari (GERRARD et al., 2004), os vírus do Grupo C (NUNES et al., 2005), Virus Iquitos (AGUILAR et al., 2011), e mais recentemente o Virus schmallenberg, reconhecido como um possível ancestral do Virus Shamoda, ou vírus parental que cedeu os segmentos S e L para este último (BEER; CONRATHS; POEL, 2012; GARIGLIANY et al., 2012; YANASE et al., 2005). De fato, o rearranjo genético em natureza parece ser um fato mais comum do que se parece, e acredita-se que este é o mecanismo mais utilizado para geração de biodiversidade entre os membros da família Bunyaviridae (GERRARD et al., 2004; HOFFMANN et al., 2012; NUNES et al., 2005). As análises de alinhamento múltiplo, simplot e filogenia foram conduzidas objetivando estabelecer o relacionamento genético entre os vírus do Complexo Candiru e demais membros do gênero Phlebovirus incluídos no estudo, bem como avaliar a possibilidade de rearranjo genético em natureza. As reconstruções filogenéticas, associadas a dados de alinhamento múltiplo e plotagem gráfica (Simplot) vêm demonstrando serem ótimas ferramentas em conjunto com testes estatísticos (Kishino Hasegawa) para a determinação da 88 existência ou não de rearranjos naturais entre agentes virais (GARIGLIANY et al., 2012; GERRARD et al., 2004; NUNES et al., 2005). No caso dos phlebovírus do Complexo Candiru, e os Virus Anhanga, Virus Tapara, Virus Urucuri e Virus Uriurana, tais ferramentas mostraram que a reconstrução filogenética para os segmentos S, M e LRNA, foram consistentes com dados prévios indicando que vírus pertencentes a um mesmo complexo permanecem agrupados em uma única clade genética (CLARKE; CASALS, 1958; COLLAO et al., 2009) O rearranjo genômico em natureza ocorrido entre membros da família Bunyaviridae, mais especificamente entre membros dos gêneros Orthobunyavirus e Phlebovirus tem sido frequentemente comprovado (AGUILAR et al., 2011; BRIESE; KAPOOR; LIPKIN, 2007; BRIESE et al., 2006; COLLAO et al., 2010; GERRARD et al., 2004; NUNES et al., 2005) . No entanto, a extensão desse evento evolutivo em termos de ocorrência entre os membros do gênero Phlebovirus não é conhecida. Muitas análises têm sido realizadas com base em poucas sequências completas ou muitos dados genômicos parciais ( LIU et al., 2003; NUNES-NETO,2007;COLLAO et al., 2009, 2010; MATSUNO et al., 2013). Com os dados genômicos para sequências completas para os vírus do Complexo Candiru, e os Virus Anhanga, VirusTapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri, pode-se observar que esse evento não se restringe ao gênero Orthobunyavirus, sendo encontradas evidências de permutação (rearranjo) de pelo menos um dos segmentos genômicos em seis dos 10 phlebovírus do Complexo Candiru incluidos no estudo (Quadro 9, Figura 20, 21, 22, 23 e 24). Com o uso sistemático da biologia molecular, e mais recentimente a utilização do sequenciamento de última geração (NGS) para a obtenção de genomas completos, foi possível ser evidenciado mais eventos de rearranjo em natureza envolvendo outros membros do gênero Phlebovirus isolados no Brasil ou em outras regiões do mundo. Curiosamente, todos os vírus rearranjados descritos até o presente envolvem a troca do segmento M (BLITVICH et al., 2012; BOWEN et al., 2001; BRIESE; KAPOOR; LIPKIN, 2007; BRIESE et al., 2006; CHOWDHARY et al., 2012; COLLAO et al., 2010; NUNES et al., 2005). O mesmo fato foi observado para os membros do Complexo Candiru que evidenciaram eventos de troca de segmento genômico envolvendo o segmento M (Figura 25). Apesar do segmento MRNA ser o segmento genômico mais envolvido em processos de rearranjo genético tanto nos 89 orthobunyavírus quanto nos phlebovírus, a razão pela qual tal segmento é preferido permanece não esclarecido. O segmento M dos membros do gênero Phlebovirus codifica duas glicoproteínas denominadas de Gn e Gc, e uma proteína não-estrutural , NSm (KING et al., 2012; PETTERSSON, 1975). Tal como acontece com outros membros da família Bunyaviridae, as glicoproteínas do envelope dos membros do gênero Phlebovirus são importantes para a infecção viral, patogênese e imunidade. Essas proteínas servem como alvos de anticorpos neutralizantes e de inibição da hemaglutinina e são expostas a uma pressão seletiva (BATTLES; DALRYMPLE, 1988; BEATY; CALISHER, 1991). Epítopos neutralizantes tipicamente dependem da estrutura terciária de proteínas, e até mesmo uma única substituição de aminoácidos pode influenciar a atividade biológica (HÖRLING; LUNDKVIST, 1997; SCHMALJOHN et al., 1990). O ICTV atualmente distingue as espécies do gênero Phlebovirus com base numa diferença de 4 vezes nos títulos de neutralização. Embora ensaios de neutralização sejam métodos bem estabelecidos para diferenciar os membros do gênero Phlebovirus no que tange uma análise taxonômica, a alta taxa de rearranjo genético do segmento M demonstrada neste estudo para os vírus do Complexo Candiru, sugere o risco potencial de se utilizar unicamente o teste de neutralização ou ensaios de inibição da hemaglutinação (IH) para identificação. Apesar de não ser um membro do gênero Phlebovirus, o Virus Ngari (NRIV) é um caso em questão. Este vírus foi associado com doença febril grave e febre hemorrágica em humanos na África Oriental (BRIESE et al., 2006; GERRARD et al., 2004). A caracterização genética do NRIV evidenciou que esse vírus é um rearranjo genético que recebeu os segmentos S e L RNA do Virus Bunyamwera (BUNV) e um segmento de MRNA do Virus Batai (BATV) (BRIESE et al., 2006). Em testes de PRNT ou com sequenciamento parcial de apenas um dos segmentos genômicos, no caso o segmento MRNA, o NRIV foi identificado como BATV, no entanto testes de FC, que detectam a proteína N (proteína da nucleocapsídeo) codificada pelo segmento de SRNA, o NRIV mostrou-se geneticamente similar ao BUNV. Testes de Fixação de Complemento (FC) são ensaios extremamente úteis na identificação de membros de um dado complexo antigênico. No entanto, é menos provável que os títulos recíprocos de FC sejam suficientes para determinar o exato relacionamento antigênico entre os membros de um grupo sorológico. Embora não 90 tenhamos encontrado nenhuma correlação entre distância genética e títulos FC ao nível de espécie viral (dados não mostrados), verificou-se uma boa correlação entre os resultados sorológicos com a formação das clades filogenéticas evidenciadas pelo agrupamento dos vírus antigenicamente caracterizados como membros do Complexo Candiru (Virus Alenquer, Virus Turuna, Virus Serra Norte, Virus Jacunda, Virus Morumbi, Virus Candiru, Virus Mucura, Virus Oriximina, Virus Ariquemes e Virus Itaituba), o que corrobora com dados encontrados por Travassos da Rosa e colaboradores (1983), Guerreiro e colaboradores (1998), Nunes-Neto (2007) e Palacios e colaboradores (2011a), os Virus Anhanga, Virus Tapara e Virus Urucuri, agruparan-se em clados distintos formando os grupos I, ll e ll, pouca informação se têm quanto a sorologia destes vírus com os demais membros do gênero Phlebovirus ,no entanto os achados corroboram os estudos realizados por Travassos da Rosa e colaboradores (1983) e Tesh e colaboradores (1982) onde se observou um relacionamento sorologico muito fraco ou até inexistente entre esses vírus e os demais membros do gênero Phlebovirus , o VURI agrupou com o Virus Chagres com valor de Bootstrap de 1000, indicando que os mesmo fazem parte de um mesmo complexo, o Complexo Chagres . A neutralização, por outro lado, não parece correlacionar-se com a distância evolutiva. Dada a baixa correlação entre os títulos de fixação de complemento e distância genética, pode ser prudente adotar um sistema de classificação para os membros do gênero Phlebovirus que também leve em consideração os dados genéticos. O atual sistema de taxonomia, que se baseia exclusivamente na classificação antigênica, pode ser enganoso, dado o fenômeno de rearranjo genético. Neste contexto, é válido ressaltar que 4 dos 10 membros do Complexo Candiru foram isolados a partir de pacientes febris (KARABATSOS, 1985; TRAVASSOS DA ROSA et al., 1998). As manifestações clínicas da doença nesses indivíduos foram semelhantes caracterizadas como uma doença febril auto- limitada e indistinguíveis de outras doenças causadas por outros arbovírus menos (TESH, 2006). Com base na frequência de isolados virais (a maioria isolada uma única vez), pode-se sugerir que os vírus do Complexo Candiru não constituem uma causa comum de doença humana em regiões tropicais das Américas. No entanto, a escassez desses isolados pode ser um reflexo da distribuição geográfica desses agentes virais (regiões de florestas tropicais), bem como do método de identificação (todos foram isolados e identificados em Centros de Pesquisa e Diagnóstico para Arbovírus). Devido à 91 limitação laboratorial da maioria das unidades médicas localizadas em áreas tropicais, além da natureza inespecífica da doença causada pelos membros do gênero Phlebovirus, os casos humanos esporádicos podem ser não diagnosticados corretamente ou simplesmente não reconhecidos. Levando em consideração os dados genéticos evidenciados neste trabalho, no que tange o sequenciamento completo de diferentes membros do Complexo Candiru e dos Virus Anhanga, VirusTapara, Virus Uriurana e Virus Urucuri , bem como a evidência de evento de rearranjo genético entre membros de um mesmo complexo antigênico (neste caso o Complexo Candiru), ressalte-se a importância da obtenção de dados genéticos para este importante gênero viral objetivando o melhor conhecimento da estrutura genômica, características genéticas e regiões do genoma que possam ser usadas para o desenvolvimento de métodos rápidos, sensíveis e específicos para o diagnóstico das doenças associadas aos membros do gênero Phlebovirus de interesse médico e veterinário. 92 5. CONCLUSÕES - As 14 amostras virais utilizadas no estudo mostraram organização genômica e caracteristicas genéticas semelhantes com outros membros do gênero Phlebovirus; - Os phlebovírus incluídos no estudo mostraram domínios conservados ao nível dos tês segmentos de RNA genômico (SRNA, MRNA e LRNA) todos relacionados aos phlebovírus previamente sequenciados; - No segmento LRNA, além dos domínios característicos presentes na polimerase dos phlebovírus (domínio catalítico, domínio RdRp (RNA-dependente de RNA polimerase), detectou-se a presença de um subdomínio (DUF 3770) de função desconhecida; - Foi observado maior conservação dos motivos aminoacídicos em membros de um mesmo complexo antigênico em comparação com phlebovírus de outros complexos ou não agrupados; - Foi evidênciado, no segmento MRNA a presença de diferentes sítios de clivagem ao longo da Poliproteína M, resultando na subdivisão da mesma em três proteínas, Gn e Gc (proteínas estruturais) e NSm (proteína não estrutural); - Foi revelado uma variação numérica de resíduos de cisteina para cada vírus estudado,sugerindo que a conservação estrutural e funcional da proteína em cada Complexo viral ou vírus específico pode estar relacionada ao número de resíduos de Cisteina existentes ao longo da proteína ; - A variabilidade no número de sítios potenciais de glicosilação, sugere que, independente de serem antigenicamente ou geneticamente relacionados, esses phlebovírus apresentam propriedades biológicas distintas quanto as capacidades fusogênicas e replicativas; - A análise filogenética comparativa e evolutiva para os três segmentos genômicos dos phlebovírus estudados, sugere que os mesmos, fazem parte de cinco 93 Complexos: Complexo Candiru (Virus Alenquer, Virus Ariquemes, Virus Turuna, Virus Serra Norte, Virus Jacunda, Virus Morumbi, Virus Candiru, Virus Mucura, Virus Oriximina e Virus Itaituba), Complexo Chagres (Virus Uriurana), Complexo I (Virus Tapara), Complexo II (Virus Anhanga) e Complexo III (Virus Urucuri); - Foi observado em seis dos quatorze phlebovírus estudados (Virus Ariquemes, Virus Itaituba, Virus Jacunda, Virus Morumbi, Virus Oriximina e Virus Turuna), evidências de padrão de rearranjo genético do tipo rS1M2L1. 94 REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUILAR, P.V.; BARRETE, A.D.; SAEED,M. 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